Apostila de Eletricidade CC & CA

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GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

SECRETARIA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA


FUNDAÇÃO DE APOIO Á ESCOLA TÉCNICA

ESCOLA TÉCNICA VISCONDE DE MAUÁ

CURSO DE ELETROTÉCNICA

APOSTILA DE ELETRICIDADE

CORRENTE CONTÍNUA E CORRENTE ALTERNADA

PROFESSOR ENGENHEIRO MOISÉS PITANGUI MAIA

RIO DE JANEIRO
2010
ENERGIA E TRANSFERÊNCIA DE ENERGIA

Trabalho: Realiza-se trabalho quando algo é movido contra uma força resistiva. Por
exemplo, realizamos trabalho quando um peso é levantado contra a atração da gravidade (figura 1),
ou quando empurramos um engradado a uma determinada distância (figura 2).

Figura 1 - Halterofilista realiza trabalho enquanto ergue o peso.

Figura 2 - Realização de trabalho ao deslocar a caixa.

O trabalho realizado é obtido através do produto da força aplicada pela distância através da
qual a força se move, isto é:

Trabalho = força x distância

A unidade de trabalho no sistema internacional de medidas (SI) é o joule usualmente


abreviado por J. O joule representa o trabalho realizado quando uma força de um newton age
através de uma distância de um metro (1 J = 1 N.m).

Energia: Energia é a capacidade de realizar trabalho; o trabalho também pode ser visto
como uma transferência de energia. A energia mecânica é medida nas mesmas unidades que o
trabalho. Por exemplo, quando um peso é levantado, o corpo humano ou o dispositivo de içamento
que o moveu despende energia. O peso, por outro lado, adquire energia potencial, em virtude de
haver sido elevado acima do chão. Essa energia potencial armazenada no peso levando pode ser
utilizada, por exemplo, para levantar outro peso através de um sistema de polias ou pode ser

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deixado cair como em um bate-estaca transferindo a sua energia para a estaca no momento do
impacto.

Figura 3 - Transferência de energia através de polias. Figura 4 - Transferência de energia em um bate-estaca.

Um princípio geral aplicável a todos o sistemas físicos é o princípio da conservação de


energia, o qual estabelece que a energia não é criada nem destruída, apenas muda de forma. A
energia pode ser transformada em calor, em luz ou em som; ela pode ser energia mecânica de
posição ou de movimento, pode ser armazenada numa bateria ou em uma mola; mas não pode ser
criada nem destruída.

Potência: Para propósitos práticos, existe muito interesse na velocidade de realização de


trabalho ou liberação de energia. Esta velocidade é chamada potência. No sistema internacional de
medidas, a potência é medida em watts (abreviatura W), sendo um watt igual a um joule por
segundo. Então, a partir da definição de potência, se W é o trabalho realizado ou a energia dissipada
ou liberada no tempo t, a potência média neste período é:

W
P =
t

Devida à íntima relação entre potência e energia, encontramos freqüentemente a energia


expressa em tais unidades como watt-segundo (W.s) ou quilowatt-horas (kW⋅⋅h)(1kW⋅h=1000 x
3600)

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CARGA ELÉTRICA

A grandeza elétrica mais elementar é a carga elétrica. Um dos primeiros fatos ao


estudarmos os efeitos das cargas elétricas é que estas cargas são de dois tipos diferentes. Estes tipos
são arbitrariamente chamados positivo (+) e negativo (-). O elétron, por exemplo, é uma partícula
carregada negativamente. Um corpo descarregado possui o mesmo número de cargas positivas e
negativas. Um corpo está carregado positivamente quando existe uma deficiência de elétrons e uma
carga negativa significa um excesso de elétrons.
A carga elétrica é representada pela letra Q e medida em Coulombs (abreviado C).
A carga de um elétron é –1,6 x 10-19 C, ou seja, um Coulomb equivale à carga aproximada de
6,25 x 1018 elétrons.
Um dos efeitos mais significativos de uma carga elétrica é que ela pode produzir uma força.
Especificamente, uma carga repelirá outras cargas de mesmo sinal e atrairá cargas de sinal contrário
como apresenta a figura 5. Deve-se notar que a força de atração ou de repulsão é sentida de modo
igual pelos dois corpos ou partículas carregados.

Figura 5 - Força entre cargas.

Campo Elétrico

Existe uma região de influência em torno de uma carga elétrica tal que uma força tornar-se-á
tanto menor quanto mais afastada estiver a carga. Uma região de influência como está é chamada r
Campo. O campo estabelecido pela presença de cargas elétricas é chamado de Campo Elétrico E e
quando as cargas elétricas estão em repouso esse campo será chamado de Campo Eletrostático.
O campo elétrico pode ser representado por linhas de campo radias orientadas e a sua
unidade é o newton/coulomb [N/C]. Se a carga for positiva, o campo é divergente, isto é, as linhas
de campo saem da carga e se a carga for negativa, o campo é convergente, isto é, as linhas de
campo chegam à carga conforme mostra a figura 6.

Figura 6 - Linhas de campo.

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Quando duas cargas de sinais contrários estão próximas, as linhas de campos convergem da
carga positiva para a carga negativa conforme a figura 7. Em cargas próximas de mesmo sinal as
linhas de campo se repelem, figuras 8 e 9.

Figura 7 - Linhas de campo entre cargas de sinais contrários.

Figura 8 - Linhas de campo entre cargas positivas. Figura 9 - Linhas de campo entra cargas negativas.

Quando duas placas paralelas são eletrizadas com cargas de sinais contrários, surge entre
elas um campo elétrico uniforme, caracterizado por linhas de campo paralelas.

Figura 10 - Linhas de campo entre duas placas paralelas eletrizadas com cargas contrárias.

K ⋅Q
A expressão matemática do campo elétrico é dada por: E =
d2
9 2 2
onde: K = constante dielétrica = 9x10 N.m / C (no vácuo e no ar)
Q = módulo da carga elétrica, em Coulomb [C]
d = distância, em metro [m]

Força Elétrica
r
Um carga Q colocada em um campo elétrico uniforme, ficará sujeita a uma força F , cuja
unidade de medida é newton [N] e cujo módulo é:

F = Q⋅E

onde: Q = módulo da carga elétrica, em Coulomb [C]


E = módulo do campo elétrico, em Newton/Coulomb [N/C]

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A amplitude da força entre duas partículas carregadas é proporcional ao produto das cargas e
inversamente proporcional ao quadrado da distância entre elas. Isto é, a força F entre duas
partículas carregadas com cargas Q1 e Q2 é dada por:

Q1 .Q 2
F =k
d2

onde d é a distância entre as cargas e k é uma constante que depende das unidades usadas e do meio
que envolve as cargas. Esta equação é conhecida como Lei de Coulomb ou Lei do Inverso do
Quadrado

Figura 11 - Força entre cargas de sinais contrários.

Figura 12 - Força entre cargas de sinais opostos.

Potencial Elétrico

Dizer que uma carga elétrica fica sujeita a uma força quando esta numa região submetida a
um campo elétrico, significa dizer que, em cada ponto dessa região existe um potencial para a
realização de trabalho. O potencial elétrico (V) é expresso em volts e é dado pela expressão:

K ⋅Q
V =
d

O potencial elétrico é uma grandeza escalar, podendo ser positivo ou negativo, dependendo
do sinal da caga elétrica. Pela expressão acima, podemos verificar que o potencial em uma
superfície onde todos os pontos estão a uma mesma distância da carga geradora, possui sempre o
mesmo valor. Essas superfícies são denominadas de superfícies equipotenciais.

Figura 13 - Superfícies equipotenciais.

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Diferença de Potencial - ddp

Seja uma região submetida a um campo elétrico E criado por uma carga Q positiva
conforme mostra a figura 14. Colocando um elétron –q no ponto A, situado a uma distância dA da
carga Q, ele se movimentará no sentido contrário do campo, devido à força F que surge no elétron,
indo em direção ao ponto B, situado a uma distância dB da carga Q.

Figura 14 - Carga -q colocada no ponto A de uma região submetida a um campo E.

Como dA > dB, o potencial do ponto A é menor que o do ponto B, uma vez que o potencial é
K ⋅Q
dado pela expressão V = . Assim podemos escrever que VA < VB.
d

Figura 15 - Potencial no ponto A é menor que no ponto B.

Conclui-se, então, que uma carga negativa move-se do potencial menor para o maior. Se
uma carga positiva +q fosse colocada no ponto B, ela se movimentaria na mesma direção do campo
elétrico, indo do potencial maior para o menor.

Figura 16 - Carga +q colocada no ponto B de uma região submetida a um campo E.

Assim, para que uma carga se movimente, isto é, para que haja condução de eletricidade, é
necessário que ela esteja submetida a uma diferença de potencial ou ddp.

Agora já estamos em condições de relacionar trabalho e transferência de energia com forças


elétricas. Suponha que movamos uma partícula carregada positivamente em sentido contrário ao de
um campo elétrico no qual esteja mergulhada, isto é, contra a força exercida sobre elas por outras
cargas elétricas. Se por exemplo, o campo fosse devido à presença de uma carga negativa próxima,
afastaríamos a carga positiva dela. Com isto, ao mover-se a carga contra forças que atuam sobre ela,
seria realizado um trabalho equivalente ao levantar-se um peso no campo gravitacional terrestre.
Além disso, seria aplicável a lei da conservação da energia; isto é, a partícula estaria agora em uma
posição potencial mais elevada, do mesmo modo que um peso levantado possui maior energia
potencial. Já estamos familiarizados com os dispositivos para realização de trabalho útil através de
pesos que passam a posições de potencial mais baixo no campo gravitacional da terra. Talvez o

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dispositivo que melhor exemplifique este estudo seja uma roda hidráulica obtendo trabalho a partir
de uma queda d’água. De um modo mais ou menos análogo, podemos obter trabalho de um fluxo de
cargas que se movam sob a influência de forças elétrica para uma posição de potencial mais baixo.

Figura 17 - Roda hidráulica.

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CORRENTE ELÉTRICA

Usualmente estamos mais interessados em cargas em movimento do que cargas em repouso,


devido à transferência de energia que pode estar associada às cargas móveis. Estamos
particularmente, interessados nos casos em que o movimento de cargas esteja confinado a um
caminho definido formado de materiais como cobre, alumínio, etc, devido a serem bons condutores
de eletricidade. Em contraste, podemos utilizar materiais mal condutores de eletricidade, chamados
de isoladores, para confinar a eletricidade a caminhos específicos formando barreiras que evitam a
fuga das cargas elétrica. Os caminhos por onde circulam as cargas elétricas são chamados de
circuitos.
Aplicando uma diferença de potencial num condutor metálico, os seus elétrons livres
movimentam-se de forma ordenada no sentido contrário ao do campo elétrico. O movimento da
carga elétrica é chamado de corrente elétrica. A intensidade I da corrente elétrica é a medida da
quantidade de carga elétrica Q (em coulombs) que atravessa a seção transversal de um condutor por
unidade de tempo t (em segundos). A corrente tem um valor constante dado pela expressão:

carga em coulombs Q
I = =
tempo t

A unidade de corrente é o ampère (abreviado por A). Existe um ampère de corrente quando
as cargas fluem na razão de um coulomb por segundo. Devemos especificar tanto a intensidade
quanto o sentido da corrente.

Exemplo: Se a carga que passa pela lâmpada do circuito da figura 21 é de 14 coulombs por
segundo, qual será a corrente:

Q 14 coulonbs
I = = = 14A
t 1 segundo

Em uma corrente contínua, o fluxo de cargas é unidirecional para o período de tempo em


consideração. A figura 18, por exemplo, mostra o gráfico de uma corrente contínua em função do
tempo; mais especificamente, mostra uma corrente contínua constante, pois sua intensidade é
constante, de valor I.
Em uma corrente alternada as cargas fluem ora num sentido, ora noutro, repetindo este ciclo
com uma freqüência definida como mostra a figura 19.

Figura 18 - Corrente contínua.


Figura 19 - Corrente alternada.

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A utilidade prática de uma corrente continua ou alternada é o resultado dos efeitos por ela
causados. Os principais fenômenos que apresentam uma grande importância prática e econômica
são:

1. Efeito Térmico (Joule): Quando flui corrente através de um condutor, há produção de


calor. Este fenômeno será estudado na Lei de Ohm.
Aplicações: chuveiro elétrico, ferro elétrico.

2. Efeito Magnético (Oersted): Nas vizinhanças de um condutor que carrega uma corrente
elétrica, forma-se um segundo tipo de campo de força, que fará as forças serem exercidas
sobre outros elementos condutores de corrente ou sobre peças de ferro. Este campo,
chamado de Campo Magnético coexiste com o Campo Elétrico causado pelas cargas. Este
fenômeno é o mesmo que ocorre na vizinhança de um imã permanente.
Aplicações: telégrafo, relé, disjuntor.

3. Efeito Químico: Quando a corrente elétrica passa por soluções eletrolíticas ela pode separar
os íons.
Aplicações: Galvanoplastia (banhos metálicos).

4. Efeito Fisiológico: Efeito produzido pela corrente elétrica ao passar por organismos vivos

Corrente Elétrica Convencional: nos condutores metálicos, a corrente elétrica é formada


apenas por cargas negativas (elétrons) que se deslocam do potencial menor para o maior. Assim,
para evitar o uso freqüente de valor negativo para corrente, utiliza-se um sentido convencional
para ela, isto é, considera-se que a corrente elétrica num condutor metálico seja formada por cargas
positivas, indo, porém do potencial maior para o menor.
Em um circuito, indica-se a corrente convencional por uma seta, no sentido do potencial
maior para o menor como mostra a figura, em que a corrente sai do pólo positivo da fonte (maior
potencial) e retorna ao seu pólo negativo (menor potencial).

Figura 20 – Sentido da corrente convencional.

Exemplos:

1. Qual a intensidade da corrente elétrica que passa pela seção transversal de um fio condutor,
sabendo-se que uma carga de 3600 µC leva 12 segundos para atravessá-la?

Q 3600 ⋅ 10 −6 C
I = = = 300µA
t 12s

2. Pela seção transversal de um fio condutor passou uma corrente de 2mA durante 45 segundos.
Quantos elétrons atravessaram essa seção nesse intervalo de tempo?

10
Q
I = ⇒ Q = I ⋅ t = 2.10 −3 A ∗ 45s = 90mC = 90 ⋅ 10 −3 C
t
carga de 1 elétron é dada por q = -1,6⋅10-19C, utilizando somente o módulo de q e uma simples
regra de 3, temos

1 elétron = 1,6⋅10-19
N elétrons = 90⋅10-3

Fazendo o produto cruzado, temos: 1,6⋅10-19⋅N(elétrons) = 90⋅10-3⋅1(elétron)

90 ⋅ 10 −3
N= ⇒ N = 562,5 ⋅ 1015 elétrons
1,6 ⋅ 10 −19

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DIFERENÇA DE POTENCIAL ELÉTRICO OU TENSÃO ELÉTRICA

A figura 21 apresenta o diagrama de um circuito elétrico simples. O objetivo desse circuito é


conduzir energia elétrica da bateria para uma lâmpada distante. Isto é realizado através da conexão
de fios para levar e trazer a corrente I da bateria até a lâmpada, uma chave e um fusível de proteção
para o circuito. Assim, quando a chave esta fechada, um caminho completo de condução é
proporcionado e obtém-se um circuito completo ou circuito fechado.

Figura 22 - Diagrama esquemático.

Figura 21 - Diagrama descritivo.

Por outro lado, se um dos fios fosse desligado, ou a chave estiver aberta, teríamos um
circuito aberto, sendo nula a corrente I, e, portanto, não havendo transferência de energia. Um outro
caso ocorreria se ligássemos um fio entre os pontos c e d da lâmpada ou entre os pontos a e b da
bateria. Neste caso, teríamos um curto-circuito. A corrente de saída da fonte seria elevada
(freqüentemente destrutivamente elevada), mas somente uma porção insignificante passaria pela
lâmpada e não haveria uma transferência eficiente de energia para a lâmpada. Usualmente é feita
uma proteção contra esses problemas, inserindo fusíveis ou disjuntores que abrem automaticamente
quando ocorrem tais falhas.
No circuito da figura utilizou-se o símbolo padrão para uma bateria, com linhas paralelas
mais longas indicando o terminal positivo ou aquele pelo qual a corrente sai da bateria ao fornecer
energia ao circuito. A figura 23 mostram outros tipos de simbologias padrões para representar
fontes de tensão CC.

Figura 23 - Simbologias para fontes de tensão CC.

Considerando que o circuito da figura 21 não possua nenhum tipo de problema de curto-
circuito ou circuito aberto. Para que se mantenha a corrente I no circuito é necessário gastar energia
da mesma forma que para manter o fluxo de água através de um sistema de tubulações. Deve-se
realizar trabalho para dar às cargas elétricas a energia que elas entregam ao fluir através dos fios e
das lâmpadas. Este trabalho ou energia deve, é claro, ser obtido da fonte por conversão de energia
química em energia elétrica na bateria da figura 21, por exemplo, ou conversão de energia mecânica
em elétrica no caso de um gerador.

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O trabalho realizado ao movimentar-se uma carga positiva unitária entre dois pontos de um
circuito é chamado de diferença de potencial ou tensão entre dois pontos. Em outras palavras,
tensão é o trabalho por unidade de carga. Deve-se especificar dois pontos no circuito, uma vez que
o trabalho é realizado ao mover-se a carga de um ponto para outro. Se o trabalho realizado ao
mover-se uma carga de 1 C de um ponto a outro for de 1 J, a diferença de potencial entre esses
pontos será de 1 Volt (abrevia-se V). O trabalho, ou energia total W associado com o movimento de
Q coulombs entre dois pontos, é;
W = E ⋅Q

quando a diferença de potencial entre dois pontos for de E volts.


Quando essa diferença de potencial é fornecida por uma fonte de energia elétrica, ela é
freqüentemente chamada de força eletromotris (abreviada FEM). Como os circuitos contêm fontes e
consumidores de energia elétrica, devemos considerar cuidadosamente se o trabalho é realizado
sobre a carga unitária, ou pela carga unitária ao mover-se do primeiro até o segundo ponto. No
primeiro caso, a energia potencial da carga é aumentada; no outro caso, é diminuída. Se o trabalho
for realizado sobre a carga positiva e sua energia potencial é aumentada ao ir do ponto a para o
ponto b de um circuito, existe uma subida de tensão no sentido de a para b. Inversamente, existe
uma queda de tensão no sentido de b para a, porque a carga perderia energia se fosse de b para a.
Do ponto de vista de ganho ou de perda de energia, subidas de tensão são grandezas opostas a
queda de tensão.
O circuito da figura 22 ilustra estas declarações. Devido à bateria existe uma subida de
tensão de a para b e haverá uma queda de tensão de c para d.

Observação: Freqüentemente utilizamos uma nomenclatura do tipo VAB, para indicar um


valor de tensão entre dois pontos, por isso, é importante saber o seu significado. Na figura 24 a
tensão VA encontra-se no potencial de maior valor (+) e a tensão VB no potencial de menor
valor (-).

Figura 24 - Diferença de potencial.

A fonte de tensão E se encontra entre os dois potenciais VA e VB, portanto, essa fonte
representa a diferença entre estes dois potenciais. Matematicamente temos:

E = VA - VB = VAB

Fontes de Alimentação

O dispositivo que fornece tensão para um circuito é chamado genericamente de fonte de


tensão ou fonte de alimentação. Exemplos de fontes de tensão são as pilhas e as baterias. Uma
pilha comum, quando nova, possui tensão de 1,5V. Estas podem ser associadas em série, para

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aumentar a tensão, como por exemplo, 3 pilhas de 1,5V cada fornecem 4,5V juntas. Tanto as
baterias como as pilhas produzem energia elétrica a partir de energia liberada por reações químicas.
Com o tempo de uso, as reações químicas dessas baterias ou pilhas liberam cada vez menos
energia, fazendo com que a tensão disponível seja cada vez menor. Hoje em dia, existem muitos
tipos de baterias que podem ser recarregados por aparelhos apropriados, inclusive as pilhas comuns,
o que é um avanço importante, sobretudo no que se refere ao meio ambiente.
Outro tipo de fonte de tensão são as fontes de alimentação eletrônicas que utilizam um
circuito eletrônico para converter a tensão alternada da rede elétrica em tensão contínua. Esses
dispositivos são conhecidos por eliminadores de bateria, e são amplamente utilizados em
equipamentos portáteis como aparelhos de som, vídeo games, etc.
Outro tipo de fonte de tensão muito utilizado em laboratórios e oficinas de eletrônicas, são
as fontes de tensão variáveis (ou ajustáveis). Este tipo de fonte tem a vantagem de fornecer tensão
contínua e constante, cujo valor pode ser ajustado manualmente, conforme a necessidade. Nas
fontes variáveis mais simples, o único tipo de controle é o ajuste de tensão. Nas mais sofisticadas,
existem ainda os controles de ajuste fino de tensão e de limite de corrente.

Terra (GND = Ground) ou Potencial de Referência

Em circuitos elétricos, deve-se sempre estabelecer um ponto cujo potencial elétrico servirá
de referência para medidas das tensões. Em geral, a referência é o pólo negativo da fonte de
alimentação, que pode ser considerado um ponto de potencial zero, fazendo com que a tensão
entre qualquer outro ponto do circuito e essa referência seja o próprio potencial elétrico do ponto
considerado.
Assim, se VB é a referência do circuito da figura 24, a tensão VAB entre os pontos A e B é
dada por:
VAB = VA – VB = VA - 0 = VA

A essa referência, damos o nome de terra, massa ou GND (ground), cujos símbolos mais
utilizados são mostrado na figura 25.

Figura 25 - Simbologia do terra (GND).

Em um circuito podemos substituir a linha do potencial de referência por símbolos de terra,


simplificando o seu circuito para um dos seguintes diagramas mostrados na figura 27.

Em muitos equipamentos, o potencial de referência do circuito é ligado à sua carcaça


(quando esta é metálica) e a um terceiro pino do plug que vai ligado à tomada da rede elétrica. Esse
terceiro pino para conectar o terra do circuito à malha de aterramento da instalação elétrica, com o
objetivo de proteger o equipamento e o usuário de uma sobrecarga elétrica.

Exemplo: Dado o circuito da figura 26, represente seus dois diagramas elétricos equivalentes
utilizando o símbolo de terra.

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Figura 26 - Circuito elétrico.

ou

Figura 27 – Outras formas de representações de circuitos.

Fonte de Corrente

A fonte de corrente, ao contrário da fonte de tensão, não é um equipamento vastamente


utilizado, mas seu estudo é importante para a compreensão futura de determinados dispositivos e
circuitos eletrônicos.
O símbolo para a fonte de corrente é um círculo com uma seta dentro, que indica o sentido
da corrente. Este sentido deve ser o mesmo que o da corrente produzida pela polaridade da fonte de
tensão correspondente. Lembre-se de que uma fonte produz um fluxo de corrente que sai do
terminal positivo. A fonte de corrente ideal é aquela que fornece uma corrente I sempre constante,
independente da carga alimentada, isto é, para qualquer tensão V na saída. A figura 28 mostra a
simbologia utilizada para indicar uma fonte de corrente e a sua curva característica.

Figura 28 - Fonte de corrente e sua curva característica.

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POTÊNCIA E ENERGIA ELÉTRICA

A expressão W = E⋅Q exprime o trabalho realizado ou a energia transferida num circuito ou


numa parte de um circuito elétrico, pelo produto da tensão pela carga.
Se o trabalho é realizado a uma velocidade constante e a carga total Q sofre uma variação de
potencial de E volts, em t segundos, então a potência, ou o trabalho por unidade de tempo é:

W E .Q
P = = watts ou joule/segundo
t t

Do ponto de vista prático, interessa-nos mais a corrente do que a carga. Utilizando a equação
I = Q/t, obtém-se uma forma mais útil para a equação P = (E⋅Q)/t , que é

Como I =
Q
t
, ⇒ P = E .I watts

Se E e I são constantes num intervalo de tempo de t segundos, a energia total eliminada ou


absorvida é

W = E .I .t watt-segundo ou joules

Até agora já foram introduzidas as grandezas elétricas principais com as quais estaremos
tratando. Um resumo delas está apresentado na tabela 1, juntamente com suas unidades de medida e
abreviaturas mais usadas. Para alguns propósitos, estas unidades são inconvenientemente pequenas
ou grandes. Para expressar unidades maiores ou menores, usa-se uma série de prefixos juntamente
com o nome da unidade básica, evitando-se assim uma aglomeração de zeros antes ou depois da
vírgula decimal. Esses prefixos, com suas abreviaturas, são apresentados na tabela-2.

Tabela 1 - Resumo das principais grandezas elétricas


Grandeza Unidades Equação de Análogo Análogo
Símbolo
elétrica (Sistema SI) definição mecânico hidráulico
Carga Q Coulomb (C) . . . . . Posição Volume
Q
Corrente I Ampère (A) I = Velocidade Fluxo
t
W Altura ou
Tensão E ou V Volt (V) E = Força
Q pressão
Potência P Watt (W) P = E .I Potência Potência
Energia ou Joule (J) ou Energia ou Energia ou
W W = P .t
trabalho Watt-segundo (W.s) trabalho trabalho

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Tabela 2 - Prefixos usados com unidades elétricas
Para grandezas Para grandezas
maiores que a unidade menores que a unidade
Quilo (K) 103 unidades Mili (m) 10-3 unidades
Mega (M) 106 unidades Micro (µ) 10-6 unidades
Giba (G) 109 unidades Nano (n) 10-9 unidades
Tera (T) 1012 unidades Pico (p) 10-12 unidades

Exemplo: A lâmpada do circuito da figura 21 está sujeita a uma tensão de 115 V. A corrente
I do circuito é 2,61 A. Qual é a potência consumida pela lâmpada? Quanto se gasta ao manter acesa
por 10 horas, se a energia elétrica custa 2 centavos por kWh?

P = E.I = (115).(2,61) = 300 W

W = E.I.t = P.t = (300).(10) = 3000 Wh = 3,0 kWh

Custo = (3,0) x (2,0) = 6 centavos

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MULTÍMETRO – VOLTÍMETRO, AMPERÍMETRO E OHMÍMETRO

Multímetro: este instrumento é muito utilizado em laboratórios e oficinas de eletrônica, e


tem por finalidade medir grandezas elétricas como tensão, corrente, resistência e outras funções.
O multímetro possui dois terminais nos quais são ligadas as pontas de prova ou pontas de
teste. A ponta de prova vermelha deve ser ligada ao terminal positivo do multímetro (vermelho ou
marcado com sinal +) e a ponta de prova preta deve ser ligada ao terminal negativo do multímetro
(preto ou marcado com sinal -).
Os multímetros possuem alguns controles, sendo que o principal é a chave rotativa ou
conjunto de teclas para seleção da grandeza a ser medida (tensão, corrente ou resistência) com os
respectivos valores de fundo de escala.

Fundo de escala é o máximo valor medido, por exemplo, quando giramos a chave seletora
do multímetro da figura 29 até a posição de 20 DC V, o fundo de escala é de 20 volts. Em
multímetros analógicos o fundo de escala é a máxima deflexão do ponteiro.

Figura 30 - Multímetro analógico.

Figura 29 - Multímetro digital.

Generalidades:

• Em qualquer valor medido está associado um erro. O valor estimado para esse erro pode
ou não ser significante dependendo da aplicação;
• erro depende não somente do equipamento, como também do procedimento de medida;
• Qualquer aparelho de medida interfere no circuito que está sendo medido.

Os termos voltímetro, amperímetro e ohmímetro correspondem ao multímetro operando,


respectivamente, nas escalas de tensão, corrente e resistência.

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Voltímetro: É o instrumento utilizado para medir a tensão (diferença de potencial) entre
dois pontos de um circuito elétrico. Para que o multímetro funcione basta selecionar uma das
escalas para medida de tensão (CC ou CA). A simbologia utilizada para voltímetro é mostrada na
figura 31.

Figura 31 - Simbologia do voltímetro.

Para medir uma tensão, as ponteiras do voltímetro devem ser ligadas aos dois pontos do
circuito em que se deseja conhecer a diferença de potencial, isto é, em paralelo, podendo envolver
um ou mais dispositivos, como mostra a figura 32.
Se a tensão a ser medida for contínua (CC), o pólo positivo do voltímetro deve ser ligado no
ponto de maior potencial e o pólo negativo no ponto de menor potencial. Assim, o voltímetro
indicará um valor positivo de tensão.

Figura 32 - Exemplo de uso do voltímetro.

Cuidado! Estando a ligação dos terminais do voltímetro invertida, sendo digital, o display
indicará valor negativo; sendo analógico, o ponteiro tentará defletir no sentido contrário, o que
poderá danificá-lo.

Figura 33 - Ponteiras do voltímetro ligadas invertidas.

Se a tensão a ser medida for alternada (CA), os pólos positivo e negativo do voltímetro
podem ser ligados ao circuito sem levar em conta a polaridade, resultando numa medida sempre
positiva.

Observação: Um voltímetro ideal tem resistência interna infinita. Isto para que a corrente
do circuito não circule pelo voltímetro e este não interfira no comportamento do circuito. Um
voltímetro real possui uma resistência interna muito alta, mas não infinita, que causa um pequeno
erro. Porém, esse erro, normalmente, pode ser desprezado, pois geralmente é menor que as
tolerâncias dos componentes do circuito.
Amperímetro: Este instrumento é utilizado para medir a corrente elétrica que atravessa
um condutor ou um dispositivo. Para que o multímetro funcione como um amperímetro, basta

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selecionar uma das escalas para medida de corrente (CC ou CA). A simbologia utilizada para
amperímetro é mostrada na figura 34.

Figura 34 - Simbologia do amperímetro.

Para medir uma corrente, o circuito deve ser aberto no ponto desejado, ligando o
amperímetro em série, para que a corrente elétrica passe por ele. A corrente que passa por um
dispositivo pode ser medida antes ou depois dele, já que a corrente que entra num bipolo é a mesma
que sai.
Se a corrente a ser medida for contínua (CC), o pólo positivo do amperímetro deve ser
ligado ao ponto pelo qual a corrente convencional entra, e o pólo negativo ao ponto pelo qual ela
sai.

Figura 35 - Exemplo de uso do amperímetro.

Cuidado! Se a ligação dos terminais do amperímetro for invertida, sendo digital, o display
indicará valor negativo; sendo analógico, o ponteiro tentará defletir no sentido contrário, podendo
danificá-lo.

Cuidado! Caso a corrente a ser medida for alternada (CA), os pólos positivo e negativo do
amperímetro podem ser ligados ao circuito sem levar em conta a polaridade, resultando numa
medida sempre positiva.

Observação: Um amperímetro ideal tem resistência interna zero. Isto para que o
amperímetro não forneça resistência à passagem de corrente do circuito e este não interfira no
comportamento do circuito. Um amperímetro real possui uma resistência interna muito baixa, mas
não zero, que causa um pequeno erro. Porém, esse erro, normalmente, pode ser desprezado, pois
geralmente é menor que as tolerâncias dos componentes do circuito.

ATENÇÃO! NUNCA UTILIZE A ESCALA DE CORRENTE DO MULTÍMETRO


PARA MEDIDAS DE TENSÃO! ISSO DANIFICARÁ O APARELHO.

Ohmímetro: O instrumento que mede resistência elétrica é chamado de ohmímetro. Os


multímetros possuem escalas apropriadas para a medida de resistência elétrica.
Para medir a resistência elétrica de uma resistência fixa ou variável, ou ainda, de um
conjunto de resistores interligados, é preciso que eles não estejam submetidos a qualquer tensão,
pois isso poderia acarretar em erro de medida ou até danificar o instrumento. Por isso, é necessário
desconectar o dispositivo do circuito para a medida de sua resistência.

20
Para a medida, os terminais do ohmímetro devem ser ligados em paralelo com o dispositivo
ou circuito a ser medido, sem importar-se com a polaridade dos terminais do ohmímetro.

Cuidado! Nunca segure os dois terminais do dispositivo a ser medido com as mãos, pois a
resistência do corpo humano pode interferir na medida, causando um erro.

O ohmímetro analógico é bem diferente do digital, tanto no procedimento quanto na leitura


de uma medida. No ohmímetro digital, após a escolha do valor de fundo de escala adequado, a
leitura da resistência é feita diretamente no display.
No ohmímetro analógico, a escala graduada é invertida e não linear, iniciando com
resistência infinita (R = ∞) na extremidade esquerda (correspondendo aos terminais do ohmímetro
em aberto e ponteiro na posição de repouso) e terminando com resistência nula (R = 0) na
extremidade direita (correspondendo aos terminais do ohmímetro em curto e ponteiro totalmente
defletido).
Assim sendo, o procedimento para a realização da medida com o ohmímetro analógico
deve ser:

1. Escolhe-se a escala desejada, que é um múltiplo dos valores da escala graduada: x1, x10,
x100, x10k e x 100k.
2. Curto-circuitam-se os terminais do ohmímetro, provocando a deflexão total do ponteiro.
3. Ajusta-se o potenciômetro de ajuste de zero até que o ponteiro indique R = 0.
4. Abram-se os terminais e mede-se resistência.
5. A leitura é feita multiplicando-se o valor indicado pelo ponteiro pelo múltiplo da escala
selecionada.

Observações:

• Por causa da não-linearidade da escala, as leituras mais precisas no ohmímetro analógico


são feitas na região central da escala graduada.
• No procedimento de ajuste de zero (item 3), caso o ponteiro não atinja o ponto zero,
significa que a bateria do multímetro está fraca, devendo ser substituída.
• O procedimento de ajuste de zero deve ser repetido a cada mudança de escala.

CUIDADOS!

1. Atenção ao medir tensões elevadas:


- Maiores escalas do aparelho de medição (1000VDC 750VAC);
- Não tocar na parte metálica;
- Verificar AC ou DC.
2. Nunca medir circuitos com alta tensão.
- Equipamentos e treinamentos especiais
3. Colocação correta dos conectores e ponteiras.
4. Não colocar os dedos (ou qualquer outra parte do corpo) nas partes metálicas.
5. JAMAIS MEDIR A RESISTÊNCIA DA REDE ELÉTRICA.
6. Na dúvida, iniciar pelas maiores escalas.

RESISTORES E CÓDIGOS DE CORES

21
Os resistores são componentes que tem por finalidade oferecer uma oposição (resistência) à
passagem de corrente elétrica, através de seu material. A essa oposição damos o nome de resistência
elétrica, que possui como unidade o ohm (Ω).
A resistência de um condutor qualquer depende da sua resistividade do material, do seu
comprimento e da sua área da seção transversal, de acordo com a fórmula:

l
R = ρ⋅ (2ª Lei de Ohm)
A

onde, R = resistência do condutor, ohm [Ω]


l = comprimento do condutor, metro [m]
A = área da seção transversal, m2
ρ = resistividade, m⋅Ω

Outro fator que influencia na resistência de um material é a temperatura. Quanto maior a


temperatura do material, maior é a sua agitação molecular. Devido a essa maior agitação molecular
os elétrons terão mais dificuldade para passarem pelo condutor.
Os resistores são classificamos em dois tipos: fixos e variáreis. Os resistores fixos são
aqueles cujo valor da resistência não pode ser alterada, enquanto que os variáveis podem ter sua
resistência modificada dentro de uma faixa de valores, através de um cursor móvel.
Os resistores fixos são especificados por três parâmetros:

1. O valor nominal da resistência elétrica.


2. A tolerância, ou seja, a máxima variação em porcentagem do valor nominal.
3. A sua máxima potência elétrica dissipada.

Exemplo: Tomemos um resistor 100Ω ± 5% - 0,33 W.


1. O seu valor nominal é de 100 Ω.
2. A sua tolerância é de 5%, isso é, o seu valor pode ter uma diferença de até 5% para
mais ou para menos do seu valor nominal. Como 5% de 100Ω é igual a 5 Ω, o menor
valor que este resistor pode ter é 95 Ω, e o maior valor é 105 Ω.
3. Esse componente pode dissipar uma potência de até 0,33 watts.

Nomenclatura usual para resistores: 2500 = 2,5k = 2k5

Dentre os tipos de resistores fixos, destacamos os de fio, de filme de carbono e o de filme


metálico.

Resistor de fio: Consiste basicamente em um tubo cerâmico, que servirá de suporte para
enrolarmos um determinado comprimento de fio, de liga especial para obter-se o valor de
resistência desejado. Os terminais desse fio são conectados às braçadeiras presas ao tubo. Além
desse, existem outros tipos construtivos, conforme mostra a figura 36.

22
Figura 36 - Resistores de fio.

Os resistores de fio são encontrados com valores de resistência de alguns ohms até alguns
kilo-ohms, e são aplicados onde se exige altos valores de potência, acima de 5 W, sendo suas
especificações impressas no próprio corpo.

Resistor de filme de carbono (de carvão): Consiste de um cilindro de porcelana recoberto


por um filme (película) de carbono. O valor da resistência é obtido mediante a formação de um
sulco, transformando a película em uma fita helicoidal. Sobre esta fita é depositada uma resina
protetora que funciona como revestimento externo. Geralmente esses resistores são pequenos, não
havendo espaço para impressão das suas especificações, por isso são impressas faixas coloridas
sobre o revestimento para a identificação do seu valor nominal e da sua tolerância. A sua dimensão
física identifica a máxima potência dissipada.

Figura 37 - Resistor de filme de carbono.

Resistor de filme metálico: Sua estrutura é idêntica ao de filme de carbono. A diferença é


que este utiliza liga metálica (níquel-cromo) para formar a película, obtendo valores mais precisos
de resistência, com tolerâncias de 1% a 2%.

O custo dos resistores está associado a sua tolerância, sendo que resistores com menores
tolerâncias têm custo mais elevado. Um bom projeto eletrônico deve considerar a tolerância dos
resistores a fim de diminuir o seu custo final.
O código de cores utilizado nos resistores de película, é visto na tabela 3.

23
1ª Faixa 2ª Faixa 3ª Faixa 4ª Faixa
Cor
1ª Algarismo 2ª Algarismo Fator Multiplicador Tolerância
0
preto 0 0 x 10 
± 1%
1
marrom 1 1 x 10
± 2%
2
vermelho 2 2 x 10
3
laranja 3 3 x 10 
4
amarelo 4 4 x 10 
5
verde 5 5 x 10 
6
azul 6 6 x 10 
violeta 7 7  
cinza 8 8  
branco 9 9  
  ± 5%
-1
ouro x 10
  ±10%
-2
prata x 10
Tabela 3 - Código de cores

Observação:
1. A ausência da faixa de tolerância indica que esta é de ± 20%
2. Para os resistores de precisão encontramos cinco faixas, onde as três primeiras
representam o primeiro, segundo o terceiro algarismo significativos e as demais,
respectivamente, fator multiplicativo e tolerância.

Valores padronizados para resistores de película.

1 – Série: 5%, 10% e 20% de tolerância


10 12 15 18 22 27 33 39 47 56 68 82

2 – Série: 2% e 5% de tolerância
10 11 12 13 15 16 18 20 22 24 27 30
33 36 39 43 47 51 56 62 68 75 82 91

3 – Série: 1% de tolerância
100 102 105 107 110 113 115 118 121 124 127 130
133 137 140 143 147 150 154 158 162 165 169 174
178 182 187 191 196 200 205 210 215 221 226 232
237 243 249 255 261 267 274 280 287 294 301 309
316 324 332 340 348 357 365 374 383 392 402 412
422 432 442 453 464 475 487 499 511 523 536 549
562 576 590 604 619 634 649 665 681 698 715 732
750 768 787 806 825 845 866 887 909 931 953 976

24
A seguir, são apresentados alguns exemplos de leitura, utilizando o código de cores:

1)
ouro
vermelho
violeta 47 x 100 ± 5% = 4,7kΩ ± 5% = 4k7Ω ± 5%
amarelo

2)
prata
preto
preto 10 x 1 ± 10% = 10Ω ± 10%
marrom

3)
ouro
ouro
vermelho 22 x 0,1 ± 5% = 2,2Ω ± 5%
vermelho

4)
ouro
verde
azul 56 x 105 ± 5% = 5,6MΩ ± 5% = 5M6Ω ± 5%
verde

5)

marrom
preto
cinza 348 x 1 ± 1% = 348Ω ± 1%
amarelo
laranja

Além da resistência e da tolerância, o resistor recebe uma capacidade nominal em watts. Isto
irá indicar quanto calor este resistor pode suportar em uso normal sem queimar. A figura 38 mostra
a capacidade em watts de resistores de carbono. Observe que a capacidade é determinada pelo
tamanho físico.

Figura 38 - Tamanho físico dos resistores de carbono em relação a sua potência nominal.

25
Simbologia:

Os símbolos de resistência elétrica utilizados em circuitos são mostrados na figura 39.

Figura 39 - Simbologia para resistores fixos.

Resistências Variáveis: A resistência variável é aquela que possui uma haste variável para
o ajuste manual da resistência. Comercialmente, podem ser encontrados diversos tipos de
resistências variáveis, tais como os potenciômetros de fio e de carbono (com controle rotativo e
deslizante), trimpot, potenciômetro multivoltas (de precisão), reostado (para altas correntes) e a
década resistiva (instrumento de laboratório).
Os símbolos usuais para essas resistências variáveis estão mostrados na figura 40.

Figura 40 - Simbologia para resistores variáveis.

As resistências variáveis possuem três terminais. A resistência entre as duas extremidades é


o seu valor nominal (RN) ou resistência máxima, sendo que a resistência ajustada é obtida entre uma
das extremidades e o terminal central, que é acoplado mecanicamente à haste de ajuste, conforme
mostra a figura 41.

Figura 41 - Resistência variável.

A resistência variável, embora possua três terminais, é também um bipolo, pois, após o
ajuste, ele se comporta com um resistor de dois terminais como o valor desejado.
Uma resistência variável pode ser linear, logarítmica, exponencial ou outra conforme a
variação de seu valor em função da haste de ajuste.
Os gráficos da figura 42 mostram a diferença de comportamento da resistência entre um
potenciômetro rotativo linear e um potenciômetro rotativo logarítmico.

Figura 42 - Curvas de um potenciômetro linear e um logaritmo.

26
Exercícios:

1. Determine a seqüência de cores para os resistores abaixo:


a) 10kΩ ± 5%
b) 390Ω ± 10%
c) 5,6Ω ± 2%
d) 715Ω ± 1%
e) 0,82Ω ± 2%

2. O que determina o valor ôhmico em um resistor de filme de carbono?

3. Qual é o parâmetro que é definido através das dimensões físicas de um resistor?

4. Cite um exemplo de aplicação que você conhece do resistor de fio.

27
LEIS DE OHM

A primeira Lei de Ohm diz: “A tensão aplicada através de um bipolo ôhmico é igual ao
produto da corrente pela resistência”. Esta afirmação resulta em três importantes equações que
podem ser utilizadas para calcular qualquer um dos três parâmetros – tensão, corrente e resistência –
a partir de dois parâmetros. Essa lei é representada pela expressão:

V = R .I (1ª Lei de Ohm)

onde, V = tensão aplicada, volts [V]


R = resistência elétrica, ohm [Ω]
I = intensidade de corrente, ampère [A]

Levantando-se, experimentalmente, a curva da tensão em função da corrente para um bipolo


ôhmico, teremos uma característica linear, conforme a figura 43.

Figura 43 - Curva característica de um bipolo ôhmico.

Dessa curva, temos tg α = ∆V/∆I, onde concluímos que a tangente do ângulo α representa a
resistência elétrica do bipolo, portanto, podemos escrever que: tg α = R. Notar que o bipolo ôhmico
é aquele que segue esta característica linear, sendo que qualquer outra não linear, corresponde a um
bipolo não ôhmico.
Para levantar a curva característica de um bipolo, precisamos medir a intensidade de
corrente que o percorre e a tensão aplicada aos seus terminais, para isso montamos o circuito da
figura 44, onde utilizamos como bipolo um resistor R.

Figura 44 - Circuito para levantar a característica de um bipolo ôhmico.

28
O circuito consiste de uma fonte variável, alimentando o resistor R. Para cada valor de
tensão ajustado, teremos um respectivo valor de corrente, que colocamos numa tabela,
possibilitando o levantamento da curva conforme mostra a figura 45.

V(V) I(mA)

0 0

2 20

4 40

6 60

8 80
10 100

Figura 45 - Tabela e curva característica do bipolo ôhmico.

Da curva temos:

∆V 10 − 6
tgα = R = = = 100Ω
∆I (100 − 60) ⋅ 10 −3

Condutância

1
Chama-se de condutância (G) o inverso da resistência (R): G =
R
G = condutância, siemens [S] ou mho [Ω-1]
R = resistência [Ω]

Exercícios:

1. Qual é a intensidade da corrente elétrica que passa por uma resistência de 1kΩ submetida a uma
tensão de 12 V?

2. Por uma resistência de 150 Ω passa uma corrente elétrica de 60 mA. Qual é a queda de tensão
que ela provoca no circuito?

3. Por uma resistência passa uma corrente de 150 µA, provocando uma queda de tensão de 1,8 V.
Qual é o valor dessa resistência?

29
POTÊNCIA ELÉTRICA

Aplicando-se uma tensão aos terminais de um resistor, estabelecer-se-á uma corrente que é o
movimento de cargas elétricas através deste. O trabalho realizado pelas cargas elétricas, em um
determinado intervalo de tempo, gera uma energia que é transformada em calor por Efeito Joule e é
definida como Potência Elétrica. Numericamente, a potência é igual ao produto da tensão e da
corrente, resultando em uma grandeza cuja unidade é o watt (W). Assim sendo, podemos escrever:

τ
= P =V ⋅ I
∆t

onde: τ = trabalho
∆t = intervalo de tempo (s)
P = potência elétrica (W)

Utilizando a definição da potência elétrica juntamente com a Lei de Ohm, obtemos outras
relações usuais:

P =V ⋅I V = R⋅I

Substituindo, temos:

P = R⋅I ⋅I ∴ P = R⋅I2

Analogamente:

V V V2
I = ⇒ P =V ⋅ ∴ P=
R R R

O efeito térmico, produzido pela geração de potência, é aproveitado por inúmeros


dispositivos, tais como: chuveiro, secador, ferro elétrico, soldador, etc. Esses dispositivos são
construídos basicamente por resistências, que alimentadas por tensões e conseqüentemente
percorridas por correntes elétricas, transformam energia elétrica em térmica.

Exercícios:

1. No circuito da figura abaixo, sabendo que a lâmpada está especificada para uma potência de 900
mW quando alimentada por uma tensão de 4,5 V, determine:

a) A corrente consumida pela lâmpada.

30
b) A resistência da lâmpada nessa condição de operação.

2. Considere um resistor com as seguintes especificações: 1kΩ - ½ W

a) Qual é a corrente Imáx e a tensão Vmáx que ele pode suportar?


b) Que potência P’ ele dissipa caso a tensão aplicada V’ fosse metade de Vmáx?
c) Quanto vale a relação Pmás/P’ e qual conclusão pode ser tirada?

31
LEIS DE KIRCHHOFF

As Leis de Kirchhoff também são conhecidas como Leis Fundamentais dos Circuitos. Estas
fornecem um método direto para o estudo sistemático de circuitos elétricos. Antes de apresentar as
leis, vejamos algumas definições relacionadas aos circuitos elétricos.

Ramo: Qualquer parte de um circuito elétrico composto por um ou mais dispositivos ligados
em série.

Figura 46 - Exemplo de um ramo.

Nó: Qualquer ponto no circuito elétrico no qual há a conexão de três ou mais ramos.

Figura 47 - Exemplo de nó.

Malha: Qualquer parte de um circuito elétrico cujos ramos formam um caminho fechado
para a corrente.

Figura 48 - Exemplo de malha.

A primeira lei é conhecida como Lei de Kirchhoff das Correntes (LKC) ou Lei dos Nós ou
Lei das Correntes e esta diz que:

1.“A soma algébricas de todas as correntes em um nó deve ser Zero”.

32
Quando esta lei é utilizada, adota-se, arbitrariamente, as correntes que entram no nó como
positivas e as correntes que saem do nó como negativas (ou vice-versa, desde que se seja
consistente). Na figura 49 a equação para o nó a é:

Figura 49 – Correntes entrando e saindo de um nó.

+ I1 + I2 - I3 - I4 = 0 ⇒ I1 + I2 = I3 + I4

Exemplo: No circuito da figura 50, são conhecidos os valores de I1, I2 e I4. Determine I3, I5 e I6.

Figura 50 – Circuito exemplo para LKC.

I1 + I3 - I2 = 0 ⇒ 2 + I3 - 6 = 0 ⇒ I3 = 4 A

I2 - I4 - I5 = 0 ⇒ 6 - 3 - I5 = 0 ⇒ I5 = 3 A

I5 - I1 - I6 = 0 ⇒ 3 - 2 - I6 = 0 ⇒ I6 = 1 A

Receptores ativos

A segunda lei é conhecida como Lei de Kirchhoff das Tensões (LKT) ou simplesmente, Lei
das Tensões, porém, antes de enunciar essa lei é necessário analisar um outro comportamento
possível para as fontes de tensão num circuito elétrico.
Num circuito elétrico formado por mais de uma fonte de alimentação, é possível que em
alguma fonte a corrente entre pelo pólo positivo e saia pelo pólo negativo. Nesse caso, ao invés de
elevar o potencial do circuito, a fonte estaria provocando a sua queda, isto é, ao invés de gerador,
ela estaria funcionando como um receptor ativo.

33
A Lei de Kirchhoff das Tensões diz que:

2. "A soma algébrica de todas as tensões tomadas num sentido determinado, em torno de
um caminho fechado, deve ser nula".

A segunda lei é uma conseqüência do princípio de conversação da energia e equivale igualar


a energia de entrada à de saída. Ao escrever as equações LKT, podemos seguir o caminho em
qualquer sentido (horário ou anti-horário) e somar as subidas ou as quedas de tensão (considerando
positivas as que vão de - para + ou vice-versa desde que se seja consistente).

Figura 51 - Lei de Kirchhoff das Tensões.

+ E2 + E3 - V2 - V3 - E1 - V1 = 0 ⇒ E2 + E3 = V2 + V3 + E1 + V1

Exemplo:

1- No circuito abaixo, são conhecimentos os valores de E1, E2, V3 e V4. Determine V1 e V2.

Figura 52 - Circuito exemplo para LKT.

Equações:

+ E1 – V2 – V1= 0 (I)
+ E1 + V3 – E2 + V4 – V1 = 0 (II)
+ V3 – E2 + V4 + V2 = 0 (III)

Substituindo os valores em (II), temos: + 10 + 5 – 20 + 8 – V1 = 0 ⇒ V1 = 3 V

Substituindo os valores em (I), temos: + 10 – V2 – V1 = 0 ⇒ V2 = 7 V

34
- Fazendo uma confirmação de resultados

Substituindo os valores em (III), temos: + 5 – 20 + 8 + V2 = 0 ⇒ V2 = 7 V

2 – No circuito abaixo são conhecidos os valores de E1, E3, V1, V2 e V4. Determine E2 e V3 para que
a Lei de Kirchhoff para Tensões seja válida.

Figura 53 - Circuito exemplo.

Obs. As polaridades de V1, V2 e V4 não são conhecidas.

Equações:

+ E1 - V1 – V2 + E2 = 0 (I)
- E3 + V3 - E2 + V2 + V4 = 0 (II)
- E1 – V3 + E3 – V4 + V1 = 0 (III)

Substituindo os valores em (I), temos: + 15 – 17 - 8 + E2 = 0 ➨ E2 = 10V

Substituindo os valores em (II), temos: - 25 + V3 - 10 + 8 + 5 = 0 ➨ V3 = 22 V

35
ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES

Associação Série: Neste tipo de associação os resistores estão ligados de forma que a
corrente que passa por eles seja a mesma, e a tensão total aplicada aos resistores se subdivida entre
eles proporcionalmente aos seus valores. Pela Lei de Kirchhoff das Tensões, a soma das tensões nos
resistores é igual à tensão total aplicada E, conforme mostra a figura 54.

Figura 54 - Associação série de resistores.

E = V1 + V2 + ... + Vn

Substituindo as tensões nos resistores pela Lei de Ohm (V = R.I), tem-se:

E = R1⋅I + R2⋅I + … + Rn⋅I ⇒ E = I⋅(R1 + R2 + … + Rn)

E
Dividindo a tensão E pela corrente I, chega-se a: = R1 + R 2 + K + R n
I
O resultado E/I corresponde à resistência equivalente Req da associação série, isto é, a
resistência que a fonte de alimentação entende como sendo a sua carga.

Req = R1 + R2 + … + Rn

Caso particular: Se os n resistores da associação série forem todos iguais a R, a resistência


equivalente pode ser calculada por:
Req = n⋅R

Em um circuito série, a potência total PE fornecida pela fonte ao circuito é igual à soma das
potências dissipadas pelos resistores. Portanto, a potência total PE = E ⋅ I fornecida pela fonte é
igual à potência dissipada pela resistência equivalente Peq = Req ⋅ I2

PE = P1 + P2 + … + Pn = E ⋅ I = Req ⋅ I2

Exemplo:

1) Considerando o circuito da figura abaixo, formado por quatro resistores ligados em série,
determine:

36
a) A resistência equivalente do circuito série.

Req = R1 + R2 + R3 + R4 = 1k + 2k2 + 560 + 1k5 ⇒ Req = 5260 = 5k26Ω

b) A corrente I fornecida pela fonte E ao circuito.

E 24
I = = = 0,00456 = 4,56 ⋅ 10 −3 = 4,56mA
R eq 5260

c) A queda de tensão provocada por cada resistor.

ER1 = R1 ⋅ I = 1k ⋅ 4,56⋅10-3 ⇒ ER1 ≈ 4,56 V


ER2 = R2 ⋅ I = 2k2 ⋅ 4,56⋅10-3 ⇒ ER2 ≈ 10,03 V
ER3 = R3 ⋅ I = 560 ⋅ 4,56⋅10-3 ⇒ ER3 ≈ 2,55 V
ER4 = R4 ⋅ I = 1k5 ⋅ 4,56⋅10-3 ⇒ ER4 ≈ 6,84 V

2) Verifique pela Lei de Kirchhoff das Tensões (LKT) se os resultados do item 1c estão corretos.

LKT: A soma algébrica das tensões que elevam o potencial do circuito é igual à soma das
tensões que causam a queda de potencial, logo:

E = ER1 + ER2 + ER3 + ER4 = 4,56 + 10 + 2,55 + 6,84 = 23,98

3) Mostre que: PE = P1+ P2 + P3 + P4 = PReq.

PE = E ⋅ I = 24 ⋅ 4,56 ⋅ 10-3 = 109,44 mW

PReq = Req ⋅ I2 = 5260 ⋅ (4,56 ⋅ 10-3)2 = 109,37 mW

ΣPi = P1 + P2 + P3 + P4 = R1 ⋅ IR12 + R2 ⋅ IR22 + R3 ⋅ IR32 + R4 ⋅ IR42

ΣPi = 1k⋅(4,56 ⋅ 10-3)2 + 2k2⋅(4,56 ⋅ 10-3)2 + 560⋅(4,56 ⋅ 10-3)2 + 1k5⋅(4,56 ⋅ 10-3)2=

Logo, PE ≅ PReq ≅ ΣPi

37
Associação Paralela: Neste tipo de associação os resistores estão ligados de forma que a
tensão total E aplicada ao circuito seja a mesma em todos os resistores, e a corrente total do circuito
se subdivida entre eles de forma inversamente proporcional aos seus valores.
Pela Lei de Kirchhoff para Correntes, a soma das correntes nos resistores é igual à corrente
total I fornecida pela fonte:

Figura 55 - Associação paralela de resistores.

I = I1 + I2 + … + In

Substituindo as correntes nos resistores pela Lei de Ohm (I = E/R), tem-se:

E E E  1 1 1 
I = + +K+ ⇒I =E ⋅  + +L+ 

R1 R 2 Rn R
 1 R 2 R n 

I 1 1 1
Dividindo a corrente I pela tensão E, chega-se a: = + +K+
E R1 R 2 Rn

1
Chama-se de condutância o inverso da resistência: G =
R

O resultado I/E corresponde à condutância equivalente da associação paralela. Invertendo


esse valor, obtém-se, portanto, a resistência equivalente REQ que a fonte de alimentação entende
como sendo a sua carga.

1 1 1 1
= + +K+
R eq R1 R 2 Rn

Isso significa que, se todos os resistores dessa associação forem substituídos por uma única
resistência de valor Req, a fonte de alimentação E fornecerá a mesma corrente ao circuito.

Assim, a relação entre as potências envolvidas é: PE = P1 + P2 + … + Pn = PReq

Casos particulares:

1 - Se os n resistores da associação paralela forem todos iguais a R, a resistência equivalente


pode ser calculada por:

R
R eq =
n

38
2 – No caso específico de dois resistores ligados em paralelo, a resistência equivalente pode
ser calculada por uma equação mais simples:

1 1 1 R1 ⋅ R 2
= + ⇒ R eq =
R eq R1 R 2 R1 + R 2

Observação: Em textos sobre circuitos elétrico, é comum representar dois resistores em


paralelos por: R1//R2.

Exemplo:

1) Considerando o circuito da figura abaixo, formado por três resistores ligados em paralelo,
determine:

a) A resistência equivalente do circuito paralelo.

1 1 1 1 1 1 1 1
= + + ⇒ = + + ⇒ R eq = 659,72Ω
R eq R1 R 2 R n R Eq 3k 3 1k 4k 7

b) A corrente I fornecida pela fonte E ao circuito.

E 12
I = = = 0,01819 = 18,19mA
R eq 659,72

c) A corrente que passa por cada resistor:

E 12
I R1 = = = 0,00364 = 3,64mA
R1 3k 3

E 12
I R2 = = = 0,012 = 12mA
R 2 1k

E 12
I R3 = = = 0,00255 = 2,55mA
R3 4k 7

2) Verifique pela Lei de Kirchhoff das Correntes (LKC) se os resultados do item 1c estão corretos.

LKT: A soma algébrica das correntes que chegam a um nó é igual à soma das correntes que
saem desse nó, logo:

I = I1 + I2 + I3

39
12 12 12
I = + + = 3,6 ⋅ 10 −3 + 12 ⋅ 10 −3 + 2,5 ⋅ 10 −3 ⇒ I = 18,1mA
3k 3 1k 4k 7

3) Mostre que: PE = P1 + P2 + P3 = PReq

PE = E ⋅ I = 12 ⋅ 18,19 ⋅ 10-3 = 218,28 mW

PReq = Req ⋅ I2 = 659,72 ⋅ (18,19 ⋅ 10-3)2 = 218,28 mW

V 2 V 2 V 2 12 2 12 2 12 2
ΣPi = P1 + P2 + P3 = + + = + + =
R1 R 2 R 3 3k 3 1k 4k 7

Logo, PE ≅ PReq ≅ ΣPi

Associação mista: Este tipo de associação é formado por resistores ligados em série e em
paralelo, não existindo uma equação geral para a resistência equivalente, pois ela depende da
configuração do circuito. Assim, o cálculo deve ser feito por etapas, conforme as ligações entre os
resistores.

Exemplo:

Considerando o circuito da figura abaixo, formado por diversos resistores ligados em série e
em paralelo, resolva os itens seguintes:

1) Determine RA = R6 // R7:

2) Determine RB = R4 + R5 + RA:

3) Determine RC = R3 // RB:

4) Determine RD = R2 + RC:

5) Determine Req = R1 // RD:

40
CONFIGURAÇÕES ESTRELA E TRIÂNGULO (Y-∆)

Existem certas configurações de circuitos que não podem ser resolvidas somente pelas
combinações série-paralela. Estas configurações podem ser freqüentemente manuseadas pelo uso de
uma transformação Y-∆. Esta transformação permite que três resistores que formam uma
configuração Y sejam substituídos por outros três em configuração ∆, ou vice-versa. Os circuitos
das figuras 56 e 57 são redes ∆ e Y, respectivamente.

Figura 56 - Configuração estrela. Figura 57 - Configuração triângulo.

Se estas redes são equivalentes, a resistência entre qualquer par de terminais deve ser a
mesma, tanto em Y como em ∆. Três equações simultâneas podem ser escritas expressando estas
equivalências de resistências terminais, conforme mostra a tabela abaixo.

Conversão Y-∆ Conversão ∆-Y


R1 ⋅ R2 + R1 ⋅ R3 + R2 ⋅ R3 R12 ⋅ R13
R12 = R1 =
R3 R12 + R13 + R23

R1 ⋅ R2 + R1 ⋅ R3 + R2 ⋅ R3 R12 ⋅ R23
R13 = R2 =
R2 R12 + R13 + R23

R1 ⋅ R2 + R1 ⋅ R3 + R2 ⋅ R3 R13 ⋅ R23
R23 = R3 =
R1 R12 + R13 + R23

Exemplos:

1. Converter a configuração abaixo de estrela para triângulo:

41
2. Determine a resistência equivalente única que substituirá a rede da figura abaixo entre os
terminais b e d.

Solução: No circuito da figura acima, nenhuma resistência está diretamente em paralelo ou


diretamente em série. Observe, todavia, que as seções bac e dac formam ambas uma rede ∆;
qualquer uma delas pode ser convertida, numa equivalente Y, mostrada, na figura, por resistências
cinzas para o caso da seção bac. Os valores equivalentes são:

4∗8
R1 = = 2Ω
4+4+8

4∗4
R2 = = 1Ω
4+4+8

8∗4
R3 = = 2Ω
4+4+8

A rede que resulta da substituição da rede bac por uma equivalente Y é mostrada na figura
abaixo. Nesta rede, Rea e Rad estão ligadas em série, como também as resistências Rec e Rcd. Logo,

Read = 1 + 5 = 6Ω e Recd = 2 + 10 = 12Ω

As resistências Read e Recd estão ligadas em paralelo, logo;

42
6 ∗ 12
R ed = = 4Ω
6 + 12

A resistência de b para d é uma combinação série de Rbe e Red, portanto;

Rbd = 2 + 4 = 6Ω

43
DIVISORES DE TENSÃO E DE CORRENTE

Na associação série de resistores, vimos que a tensão da fonte de alimentação se subdivide


entre os resistores, formando um divisor de tensão.
Podemos deduzir uma equação geral para calcular a tensão Vi no resistor Ri é dada por:

Vi = Ri ⋅ I (I)

Mas a corrente I que passa pelos resistores em série vale:

E
I = (II)
R eq

Substituindo a equação (II) na equação (I), obtém-se a equação geral do divisor de tensão:
Ri
Vi = ⋅E
R eq

No caso de um divisor de tensão formado por dois resistores, conforme a figura 58, as
expressões de V1 e V2 são:

Figura 58 - Circuito divisor de tensão.

R1 R2
V1 = ⋅E e V2 = ⋅E
R1 + R 2 R1 + R 2

Em uma associação paralela de resistores, vimos que a corrente fornecida pela fonte de
alimentação se subdivide entre os resistores, formando um divisor de corrente.

Figura 59 – Circuito divisor de corrente.

Podemos deduzir uma equação geral para calcular a corrente Ii num determinado resistor Ri
da associação em função da corrente total I ou da tensão E aplicada. Como os resistores estão em
paralelo, a tensão E da fonte de alimentação é aplicada diretamente em cada resistor. Assim, a
equação geral do divisor de corrente em função de E é:

44
E
Ii = (I)
Ri

Mas a tensão E aplicada à associação paralela vale:

E = R eq ⋅ I (II)

Substituindo a equação (II) na equação (I), obtém-se a equação geral do divisor de


corrente em função de I:

R eq
Ii = .I
Ri

No caso de um divisor de corrente formado por dois resistores, podem-se deduzir facilmente
as equações de I1 e I2, que ficam como segue:

Figura 60 – Circuito divisor de corrente formado por 2 resistores.

R2 R1
I1 = ⋅I e I2 = ⋅I
R1 + R 2 R1 + R 2

45
PONTE DE WHEATSTONE

A Ponte de Wheatstone é um circuito muito utilizado em instrumentação eletrônica, pois por


meio dela é possível medir diversas grandezas físicas como temperatura, força, pressão, etc. Para
isto, basta utilizar um transdutor que converta as grandezas a serem medidas em resistência elétrica.
O circuito que compõe a ponte é composto por resistores arranjados de tal forma, a obter-se
em um determinado ramo uma corrente nula, ou seja, o equilíbrio da ponte. O desequilíbrio da
ponte causa um fluxo de corrente e por conseqüência uma diferença de potencial que representa
uma grandeza física.
O circuito básico da Ponte de Wheatstone é mostrado na figura 61. Ele é formado por dois
divisores de tensão ligados em paralelo. Na ponte o interesse recai sobre a tensão VAB entre as
extremidades que não estão ligadas à fonte de alimentação.

Figura 61 - Ponte de Wheatstone.

Para equacionar a Ponte, podemos dividi-la em duas partes, cada uma formando um divisor
de tensão, conforme é mostrado na figura 62. As tensões VA e VB de cada ponte são dadas por:

R2 R4
VA = .E e VB = .E
R1 + R 2 R3 + R4

Figura 62 - Ponte de Wheaststone desmembrada.

Quando VAB = VA – VB = 0, dizemos que a ponte encontra-se em equilíbrio. Para que VAB
seja nulo, é necessário que VA = VB, ou seja:

R2 R4
⋅E = ⋅ E ⇒ R 2 ⋅ (R 3 + R 4 ) = R 4 ⋅ (R1 + R 2 ) ⇒
R1 + R 2 R3 + R4

R 2 ⋅ R 3 + R 2 ⋅ R 4 = R1 ⋅ R 4 + R 2 ⋅ R 4 ⇒ R 2 .R 3 = R1 ⋅ R 4

46
Logo, a condição de equilíbrio da ponte é dada pela igualdade entre os produtos das suas
resistências opostas.

Ohmímetro em Ponte

A Ponte de Wheatstone pode ser utilizada para medir, com razoável precisão, resistências
elétricas desconhecidas, adotando o seguinte procedimento:

1. Liga-se um milivoltímetro de zero central entre os pontos A e B;


2. Substitui-se um dos resistores da ponte pela resistência desconhecida RX como, por exemplo, o
resistor R1;
3. Substitui-se um outro resistor por uma década resistiva RD como, por exemplo, o resistor R3;
4. Ajusta-se a década resistiva até que a ponte entre em equilíbrio, isto é, até que o milivoltímetro
indique tensão zero (VAB = 0), anotando o valor de RD;
5. Calcula-se RX pela expressão de equilíbrio da ponte, ou seja:

RX⋅R3 = R2⋅RD

6. Se R2 = R3, a expressão de RX se resume a: RX =RD.

Figura 63 - Medida de uma resistência desconhecida através de uma ponte.

Exercício: Na ponte de Wheatstone da figura 63, E = 10V, R2 = 10kΩ, R4 = 20kΩ. Qual é o valor
de Rx, sabendo que no seu equilíbrio RD = 18kΩ?

10k ⋅ R D 10k ⋅ 18k


R X ⋅ 20k = 10k ⋅ R D ⇒ Rx = = ⇒ R X = 9kΩ
20k 20k

Instrumento de Medida de uma Grandeza Qualquer

Este tópico é a grande aplicação da Ponte de Wheatstone. Considere que a resistência


desconhecida do exemplo anterior seja um sensor cuja resistência varie proporcionalmente a uma
grandeza física qualquer, como por exemplo, um sensor de temperatura do tipo PT100 utilizado
para medir a temperatura de um forno.
Por meio da ponte, podemos relacionar o desequilíbrio causado pela resistência do sensor,
medir a diferença de potencial elétrico causado pelo desequilíbrio e converter este valor para uma
escala de temperatura.

47
TEOREMA THEVENIN

O teorema de Thevenin consiste num método usado para transformar um circuito complexo
num circuito simples equivalente. Esse teorema afirma que qualquer rede linear de fontes de tensão
e resistências, se considerarmos dois pontos quaisquer da rede, pode ser substituída por uma
resistência equivalente RTh em série com uma fonte equivalente VTh. A figura 64a mostra a rede
linear original com os terminais a e b; a figura 64b mostra o equivalente Thevenin RTh e VTh, que
pode ser substituído na rede linear nos terminais a e b. A polaridade de VTh é escolhida de modo a
produzir uma corrente de a para b no mesmo sentido que na rede original. RTh é a resistência
Thevenin vista através dos terminais a e b da rede com cada fonte de tensão interna curto-circuitada
(se existirem fontes de correntes, estas são consideradas como circuitos abertos). VTh é a tensão
Thevenin que apareceria através dos terminais a e b com as fontes de tensão (e/ou corrente) no
lugar e sem nenhuma carga ligada através de a e b.

Figura 64 - Equivalente Thevenin.

Exemplo: Calcule o equivalente Thevenin visto dos terminais a e b do circuito da figura 65.

Figura 65 - Circuito linear.

Solução: Para o cálculo de RTh devemos curto-circuitar a fonte de tensão e calcular o


resistência equivalente vista dos terminais a e b.

Figura 66 - Cálculo de RTh.

48
A tensão equivalente Thevenin é a tensão vista a partir dos terminais a e b. Portanto;

10k
V Th = 10 ⋅ ≅ 8,7V
10k + 1k 5

Figura 67 - Circuito linear e seu equivalente Thevenin.

49
TEOREMA NORTON

O teorema Norton é usado para simplificar uma rede em termos de corrente em vez de
tensão. Para a análise de correntes, este teorema pode ser usado para reduzir uma rede a um circuito
simples em paralelo com uma fonte de corrente, que fornece uma corrente de linha total que pode
ser subdividida em ramos paralelos.
O teorema de Norton afirma que qualquer rede ligada aos terminais a e b da figura 68a pode
ser substiuída por uma única fonte de corrente IN em paralelo com uma única resistência RN, figura
68b. IN é igual a corrente de curto-circuito através dos terminais ab (a corrente que a rede produziria
através de a e b com um curto-circuito entre esses dois terminais). RN é a resistência nos terminais a
e b, olhando por trás, a partir dos terminais abertos ab. O valor desse resistor único é o mesmo para
os dois circuitos equivalentes: Norton e Thevenin.

Figura 68 - Equivalente Norton.

Exemplo: Calcule o equivalente Norton visto dos terminais a e b do circuito da figura 69.

O primeiro passo para a solução do problema é fazer um curto-circuito entre os terminais a e


b e após calcular a corrente que passa por esse curto. Observe pela figura que a resistência R2 foi
curto-circuitada.

Figura 69 - Curto-circuito entre os terminais a e b.

O circuito fica reduzido a uma fonte de tensão e um resistor. Logo, a corrente IN é dada por:

10V
IN = ⇒ I N = 6,67mA
1k 5

A resistência RN é calculada da mesma forma que no teorema Thevenin, logo:

50
Figura 70 - Cálculo de RN.

O equivalente Norton é apresentado na figura 71.

Figura 71 - Circuito linear e seu equivalente Norton.

Exercício: Acrescente uma carga de 4k7Ω entre os terminas ab do circuito do equivalente Thevenin
(figura 72) e calcule a corrente IL que passa pela carga. Repita o exercício para o circuito do
equivalente Norton (figura 73).

8,7V 8,7
IL = = ⇒ I L = 1,45mA
1K 3 + 4k 7 6000

Figura 72 - Equivalente Thevenin.

RN 1k 3
IL = ⋅IN = ⋅ 6,67 ⋅ 10 −3 ⇒
RN + RL 1k 3 + 4k 7

I L = 1,45mA

Figura 73 - Equivalente Norton.

Observando os resultados do exercício acima (mesma corrente IL em ambos casos),


concluímos que o circuito equivalente Thevenin (figura 72) corresponde ao circuito Norton
equivalente (figura 73). Logo, uma fonte de tensão qualquer com uma resistência em série pode ser
transformada em uma fonte de corrente equivalente com a mesma resistência em paralelo e vice-
versa, como mostra a figura 74.

51
Figura 74 - Circuitos equivalentes.

Para transformar um circuito formado por uma fonte de tensão em série com uma resistência
em um circuito equivalente com uma fonte de corrente em paralelo com uma resistência, devemos
dividir a fonte de tensão pela resistência. O inverso é conseguido multiplicando-se a fonte de
corrente pela resistência, conforme mostra a figura 75.

Figura 75 - Transformação de circuitos equivalentes.

52
TEOREMA DA SUPERPOSIÇÃO

O teorema da superposição afirma que, numa rede com duas ou mais fontes, a corrente ou a
tensão para qualquer componente é a soma algébrica dos efeitos produzidos por cada fonte atuando
independentemente. A fim de se usar uma fonte de cada vez, todas as outras fontes são retiradas do
circuito. Ao se retirar uma fonte de tensão, faz-se no seu lugar um curto-circuito. Quando se retira
uma fonte de corrente, ela é substituída por um circuito aberto.

Figura 76 - Para eliminar o efeito causado num circuito por uma fonte de tensão, ela deve ser substituída por um
curto-circuito.

Figura 77 - Para eliminar o efeito causado num circuito por uma fonte de corrente, ela deve ser substituída por
um curto aberto.

Exemplo 1: No circuito da figura 78, determine a corrente e a tensão no resistor RX:

Figura 78 - Circuito.

Solução: Primeiramente, eliminaremos o efeito causado pela fonte de tensão E2 por meio da
sua substituição por um curto-circuito e determinaremos a tensão VX1 e a corrente IX1 em RX

53
Figura 79 - Fonte de tensão E2 curto-circuitada.

 220 ⋅ 100 
 
(R 2 // R X )  220 + 100  (68,75)
V X1 = E1 ⋅ = 10 ⋅ = 10 ⋅ ⇒ V X 1 = 4,07V
R1 + (R 2 // R X )  220 ⋅ 100  100 + 68,5
100 +  
 220 + 100 
logo:

V X 1 4,07
I X1 = = ⇒ I X 1 = 40,70mA
RX 100

Em seguida, eliminaremos o efeito causado pela fonte de tensão E1 e determinaremos a


tensão VX2 e a corrente IX2 em RX, por efeito de E2.

Figura 80 - Fonte de tensão E1 curto-circuitada.

 100 ⋅ 100 
 
(R1 // R X )  100 + 100  (50)
VX2 = E2 ⋅ = 20 ⋅ = 20 ⋅ ⇒ V X 2 = 3,70V
R 2 + (R1 // R X )  100 ⋅ 100  220 + 50
220 +  
 100 + 100 

VX2 3,7
I X2 = = ⇒ I X 2 = 37mA
RX 100

Finalmente, podemos calcular a tensão VX e a corrente IX pela soma algébrica dos efeitos de
E1 e E2 .

VX = VX1 – VX2 = 4,07 – 3,7 ⇒ VX = 0,37V

IX = IX1 – IX2 = 40,70⋅10-3 - 37⋅10-3 ⇒ IX = 3,7mA

54
Exemplo 2: Calcule as correntes nos ramos I1, I2 e I3 do circuito da figura 81, através do teorema da
superposição.

Figura 81 - Circuito.

Solução: Primeiramente calculamos o valor da corrente I1,E1, I2,E1 e I3,E1, produzidas pela
fonte somente pela fonte E1.

Figura 82 - Fonte de tensão E2 curto-circuitada.

Para calcular as correntes, primeiramente calculamos a tensão no ponto a.

Va = E1 ⋅
(R2 // R3 ) = 3⋅
(0,5) = 1V
(
R1 + R2 // R 3 ) 1 + 0,5

Cálculo das correntes:

Va 1
I 3,E1 = = ⇒ I 3,E1 = 1A
R3 1

−Va −1
I 2,E1 = = ⇒ I 2,E1 = −1A
R2 1

Observação: O sinal negativo é usado para mostrar que I2,E1 na verdade sai do ponto a e não
entra no pontoa como foi convencionado.

I 1,E1 = − I 2,E1 + I 3,E1 = −(−1) + 1 ⇒ I 1,E1 = 2A

Após, eliminamos a fonte E1 e calculamos as correntes I1,E2, I2,E2 e I3,E2 produzidas somente
pela fonte E2.

55
Figura 83 - Fonte de tensão E1 curto-circuitada.

Cálculo de Va:

(R1 // R 3 ) (0,5)
Va = E 2 ⋅ = 4,5 ⋅ = 1,5V
(
R 2 + R1 // R 3 ) 1 + 0,5

Cálculo das correntes produzidas somente fonte E2:

−Va −1,5
I 1,E 2 = = ⇒ I 1,E 2 = −1,5 A
R1 1

Va 1,5
I 3,E 2 = = ⇒ I 3,E 2 = 1,5 A
R2 1

I 2,E 2 = −I 1,E 2 + I 3,E 2 = −(−1,5) + 1,5 ⇒ I 2,E 2 = 3A

Para encontrar os valores das correntes I1, I2 e I3 produzidas pelas duas fontes, devemos
somar as correntes individuais.

I1 = I1,E1 + I1,E2 = 2 + (-1,5) ⇒ I1 = 0,5A


I2 = I2,E1 + I2,E2 = -1 + 3 ⇒ I2 = 2A
I3 = I3,E1 + I3,E2 = 1 + 1,5 ⇒ I3 = 2,5A

56
DISPOSITIVOS REATIVOS - CAPACITOR

Um dispositivo resistivo como, por exemplo, o resistor, é aquele que resiste à passagem de
corrente, mantendo o seu valor ôhmico constante tanto para a corrente contínua como para a
corrente alternada.
Já, o dispositivo reativo, reage às variações de corrente, sendo que seu valor ôhmico muda
conforme a velocidade da variação da corrente nele aplicada. Essa reação às variações de corrente é
denominada reatância capacitiva XC (Ω), no caso do capacitor e reatância indutiva XL (Ω), para
o caso de um indutor.

Representação de Grandeza Elétrica Variantes no Tempo

Uma nomenclatura geralmente utilizada em eletricidade e eletrônica, para grandezas


elétricas, como por exemplo: tensão, corrente e potência, quando analisadas em corrente contínua,
são representadas por letras maiúsculas, respectivamente, V, I e P. Porém, quando tais grandezas
variam no tempo, suas representações são feitas com letras minúsculas, a saber: tensão = v ou
v(t); corrente = i ou i(t); potência = p ou p(t).

Capacitor e Conceito de Capacitância

Um dispositivo muito usado em circuitos elétricos é denominado capacitor. Este dispositivo


é destinado a armazenar cargas elétricas e é constituído por dois condutores separados por um
isolante: os condutores são chamados armaduras (ou placas) do capacitor e o isolante é o dielétrico
do capacitor. O dielétrico pode ser um isolante qualquer como o vidro, a parafina, o papel e muitas
vezes o próprio ar. O isolante dificulta a passagem das cargas de uma placa à outra, o que
descarregaria o capacitor. Dessa forma, para uma mesma diferença de potencial, o capacitor pode
armazenar uma quantidade maior de carga.

armadura

dielétrico

Figura 84 - Capacitor de placas paralelas.

Considere o circuito da figura 85. Quando aplicamos uma diferença de potencial entre as
placas que formam um capacitor, causamos um fluxo de elétrons representado pela corrente I. A
placa positiva (+) do capacitor começa a ceder elétrons para o pólo positivo da fonte, carregando-se
positivamente, simultaneamente a placa negativa (-) começa a atrair elétrons do pólo negativo da
fonte, carregando-se negativamente. Uma vez que existe um material isolante entre as placas, não
existe fluxo de elétrons entre as placas, fazendo com que as cargas fiquem armazenadas nas placas.

57
Figura 85 - Capacitor armazenando cargas.

A medida em que for aumentando a quantidade de cargas armazenadas nas placas, a


diferença de potencial entre as placas também aumenta, fazendo com que o fluxo de elétrons
diminua. Esse fluxo de elétrons diminui progressivamente até o momento em que a diferença de
potencial sobre o capacitor se iguale à tensão da fonte (E = VC) fazendo com que o fluxo de elétrons
cesse (I = 0).

Figura 86 - Circuito com capacitor.

A quantidade de cargas armazenadas entre as placas de um capacitor é diretamente


proporcional à diferença de potencial aplicado nas placas. O quociente entre carga (Q) e diferença
de potencial (E) é então uma constante para um determinado capacitor e recebe o nome de
capacitância (C). Matematicamente a capacitância é dada por:

Q
C= ⇒ Q = E.C
E

onde, C = capacitância, Faraday [F]


Q = carga elétrica, Coulumb [C]
E = tensão elétrica, volt [V]

As simbologias mais utilizadas para representar um capacitor em circuitos elétricos são


apresentadas na figura 87.

Figura 87 - Simbologia para capacitores.

Na prática, encontramos diferentes tipos de capacitores, com aplicações específicas,


dependendo de aspectos construtivos, tais como material utilizado como dielétrico, tipo de
armadura e o tipo de encapsulamento. Dentre os vários tipos de capacitores, podemos destacar:

1. Capacitores plásticos (poliestireno, poliéster): são formados por um material plástico


como dielétrico, recoberto por folhas de alumínio ou por uma fina camada de óxido de
alumínio vaporizado sobre ambas as faces do material plástico (metalização). O conjunto
é bobinado e encapsulado formando um bloco compacto.

58
2. Capacitores eletrolíticos: constituem-se em uma folha de alumínio anodizada como
armadura positiva, onde por um processo eletrolítico, forma-se uma camada de óxido de
alumínio que serve como dielétrico, e um fluído condutor, o eletrólito que impregnado
em um papel poroso, é colocado em contato com outra folha de alumínio de maneira a
formar a armadura negativa. O conjunto é bobinado, sendo a folha de alumínio
anodizada, ligada ao terminal positivo e a outra ligada a uma caneca tubular,
encapsulamento do conjunto, e ao terminal negativo. Os capacitores eletrolíticos, por
apresentarem o dielétrico como uma fina camada de óxido de alumínio e em uma das
armaduras um fluido, constituem uma série de altos valores de capacitância, mas com
valores limitados de tensão de isolação e terminais polarizados. De forma idêntica,
encontramos os capacitores eletrolíticos de tântalo, onde o dielétrico é formado por
óxido de tântalo.

3. Capacitores cerâmicos: este tipo de capacitor apresenta como dielétrico um material


cerâmico, que é revestido por uma camada de tinta, que contém elemento condutor,
formando as armaduras.

Características físicas de um Capacitor

A capacitância de um capacitor formado por placas paralelas depende da área A [m2] das
placas, da distância d [m] entre as placas e do material dietétrico, que é caracterizado pela sua
permissividade absoluta, representada pela grega ε (epsílon), cuja unidade é o farad/metro [F/m].
Matematicamente:

A
c = ε.
d

No vácuo, o valor de ε é dado por εo = 8,9x10-12 F/m. Para os demais materiais, essa
características pode ser dada em relação à permissividade do vácuo, conforme a tabela:

Dielétrico Permissividade - ε (F/m)


Ar εo
Polietileno 2,3⋅εo
Papel 3,5⋅εo
baquelite 4,8⋅εo
mica 6⋅εo
porcelana 6,5⋅εo

59
Comportamento Elétrico do Capacitor

Figura 88 - Circuito de carga de um capacitor.

Considere o circuito da figura 88. Inicialmente a chave S está aberta e o capacitor


descarregado. No instante t = t0 = 0, a chave S é fechada e o capacitor começa a ser carregado. A
tensão sobre o capacitor cresce exponencialmente, até atingir o seu valor máximo no instante t = tc,
isto é Vc = E.
O comportamento da corrente é o contrário da tensão, ou seja, inicialmente as placas estão
descarregadas e o fluxo de corrente não encontra nenhuma resistência a sua passagem no instante
inicial em que a chave S é fechada, i(t0) = I. A media em que o capacitor vai acumulando cargas a
resistência a passagem da corrente vai aumentando e o seu valor vai decaindo exponencialmente até
cessar, i(tc) = 0. O período entre o início da carga e a estabilização da tensão é chamado de
transitório. O comportamento de carga de um capacitor pode ser visto na figura 89.

Figura 89 - Característica da tensão e corrente de carga de um capacitor.

60
Figura 90 - Comportamento de um capacitor em DC.

O comportamento de um capacitor é apresentado na figura 90 e pode ser resumido em:

1. No instante inicial o capacitor está totalmente descarregado e ele é visto pela fonte com um
curto-circuito, ou seja, a sua reatância capacitiva é zero, XC = 0 e a corrente i(t) = I;
2. A medida em que o capacitor vai armazenando cargas, a tensão sobre ele aumenta e a sua
reatância XC também cresce, fazendo com que a corrente i(t) diminua;
3. Quando o capacitor estiver totalmente carregado, a tensão sobre o capacitor se iguala a tensão
da fonte fazendo com que a reatância capacitiva seja muita alta, próxima ao infinito, XC = ∞ e a
corrente i(t) = 0.

Especificações dos Capacitores

Os fabricantes de capacitores, além de seus valores nominais, fornecem várias outras


especificações em seus catálogos e manuais, das quais destacamos as seguintes:

Tolerância: Dependendo da tecnologia de fabricação e do material dielétrico empregado, a


tolerância dos capacitores pode variar. Em geral, ela está entre ±1% e ±20%.

Tensão de Isolação: É a máxima tensão que pode ser aplicada continuamente ao capacitor.
A máxima tensão de isolação está relacionada, principalmente, com o dielétrico utilizado na
fabricação do capacitor. Uma tensão muito elevada pode gerar um campo elétrico entre as placas
suficiente para romper o dielétrico, abrindo um caminho de baixa resistência para a corrente.
Quando isso ocorre, dizemos que o capacitor possui uma resistência de fuga, podendo, inclusive,
entrar em curto-circuito.

Valores Comerciais dos Capacitores

Os valores comerciais de capacitores são diversos, porém, os mais comuns são de múltiplos
e submúltiplos das décadas mostradas na tabela:

Décadas de Valores Comerciais de Capacitores


10 12 15 18 22 27 33 47 56 68 75 82 91

Códigos de Especificações de Capacitores

Em geral, os capacitores não trazem as suas especificações no próprio encapsulamento. Por


isso, existem três códigos para expressá-las: o código alfabético (tolerância) é usado em diversos
tipos de capacitores, o código de cores (capacitância nominal, tolerância e tensão de isolação) é

61
usado principalmente nos capacitores de poliéster metalizado e o código numérico (capacitância
nominal e tensão de isolação) é usado principalmente nos capacitores cerâmicos.

Código Alfabético para Tolerância de Capacitores


C D F G J K M
±0,25%
±0,25pF ±0,5pF ±2% ±5% ±10% ±20%
±1pF

Código de Cores Código Alfanumérico

1ª 2ª
Cores Múltiplo Tolerância Tensão Nº(x) Múltiplo Tensão Tolerância
Dígito Dígito
Preto 0 ± 20% 0 C ± 0,25pF
Marrom 1 1 x 10 pF 100 a 250 V 1 x 10 pF 100 V D ± 0,25pF
2 2
Vermelho 2 2 x 10 pF 200 a 250 V 2 x 10 pF 25 V E ± 1pF
3 3
Laranja 3 3 x 10 pF 300 a 350 V 3 x 10 pF F ± 1%
4 4
Amarelo 4 4 x 10 pF 400 a 450 V 4 x 10 pF G ± 2%
5 5
Verde 5 5 x 10 pF 500 a 550 V 5 x 10 pF 50V J ± 5%
6
Azul 6 6 600 a 650 V 6 x 10 pF K ± 10%
7
Violeta 7 7 7 x 10 pF L ± 20%
-2 -2
Cinza 8 8 x 10 pF 8 x 10 pF
-1
Branco 9 9 x 10 pF ± 10% 9 x 10-1 pF

62
Associação de Capacitores

Da mesma forma que os resistores, os capacitores podem ser associados em série, em


paralelo ou de modo misto para formarem valores diferentes daqueles valores encontrados
comercialmente.

Associação Série: Nesta associação, figura 91, os capacitores estão ligados de forma que a
tensão total E aplicada aos capacitores se subdivida entre eles de forma inversamente proporcional
aos seus valores, e a carga Q armazenada em cada em deles seja a mesma.

Figura 91 - Associação série de capacitores.

Podemos encontrar a expressão para o valor da capacitância equivalente em uma associação


série aplicando a Lei de Kirchhoff para as Tensões. A lei diz que a soma das tensões nos capacitores
é igual à tensão total E aplicada, portanto:

E = VC1 + VC2 + … + VCn.

Q Q Q Q E 1 1 1
Como V i = , tem-se: E = + +L+ ⇒ = + +L+
Ci C1 C 2 Cn Q C1 C 2 Cn

O termo E/Q corresponde ao inverso da capacitância equivalente vista pela fonte de


alimentação. Assim:

1 1 1 1
= + +L+
C eq C1 C 2 Cn

Isso significa que, se todos os capacitores dessa associação forem substituídos por uma
única capacitância de valor Ceq, a fonte de alimentação E fornecerá a mesma carga Q ao circuito.

C
No caso de n capacitores iguais a C ligados em série, tem-se: C eq =
n

C1 ⋅ C 2
Para dois capacitores em série, tem-se: C eq =
C1 + C 2

Associação Paralela: Neste tipo de associação, todos os capacitores estão submetidos à


mesma tensão E, e a carga total do circuito se subdivide entre os capacitores proporcionalmente aos
seus valores.

63
Figura 92 - Associação paralela de capacitores.

Podemos encontrar a expressão para o valor da capacitância equivalente em uma associação


paralela aplicando a Lei de Kirchhoff para as Correntes. A lei diz que a soma das correntes que
entram em um nó deve ser igual a soma das correntes que saem desse nó, portanto:

i = iC1 + iC2 + … + iCn

Qn Q Q1 Q 2 Q
Como i n = , tem-se: = + +L+ n ⇒ Q = Q1 + Q 2 + L + Q n
t t t t t

Qn
Como C n = ⇒ Q n = C n ⋅ E , tem-se:
E

Q
Q = C1 ⋅ E + C 2 ⋅ E + L + C n ⋅ E ⇒ Q = E (C1 + C 2 + L + C n ) ⇒ = C1 + C 2 + L + C n
E

O resultado Q/E corresponde à capacitância equivalente Ceq da associação paralela, isto é, a


capacitância que a fonte de alimentação entende como sendo a sua carga. Assim:

Ceq = C1 + C2 + … + Cn

Isso significa que, se todos os capacitores dessa associação forem substituídos por uma
única capacitância de valor Ceq, a fonte de alimentação E fornecerá a mesma carga Q ao circuito.
No caso de n capacitores iguais a C ligados em paralelo, tem-se: Ceq = n⋅C

64
CIRCUITOS RC

A seguir, vamos estudar o comportamento do capacitor em regime DC, na situação de carga


e descarga.
Como vimos anteriormente, um capacitor ligado em paralelo com uma fonte de tensão
necessita de um tempo para que seja carregado completamente. Podemos retardar esse tempo de
carga inserindo um resistor em série com o capacitor. Este resistor serve para limitar a corrente que
circula pelo circuito, fazendo com que a tensão no capacitor cresça mais lentamente.

Figura 93 - Comportamento de um circuito RC série.

Vamos analisar dimensionalmente o produto entre resistência e capacitância [R⋅C],


considerando as seguintes unidades de medida das grandezas envolvidas:

• [R] = Ω (ohm) = V/A (volt/ampère)


• [C] = F (farad) = C/V (coulomb/volt)
• [I] = A (ampère) = C/s (coulomb/segundo)

C
C⋅s
V C C
[R ⋅ C] = Ω ⋅ F = ⋅ = = 1 = ⇒ [R ⋅ C] = s = segundo
A V A C C
s

Portanto, o produto R⋅C resulta na grandeza tempo [segundo]. Esse produto é denominado
constante de tempo, representado pela letra grega τ (tau). Matematicamente:

τ = R⋅C

Em um circuito RC, quanto maior a constante de tempo, maior é o tempo necessário para
que o capacitor se carregue.

Figura 94 - Comportamento do circuito RC série em regime DC.

65
Considere o circuito RC da figura 94a. Pela Lei de Kirchhoff para as Tensões, a equação
geral desse circuito com S fechado é:

E = vr(t) + vc(t)

No instante inicial em que a chave S é fechada (t = 0), o capacitor se comporta como um


curto-circuito, figura 94b, e toda a tensão da fonte está sobre o resistor R. Logo, a corrente máxima
que flui pelo circuito pode ser determinada aplicando-se a Primeira Lei de Ohm no resistor, ou seja:

v r (t) E
i( t ) = =
R R

A partir deste momento, o capacitor inicia um processo de carga com aumento gradativo da
tensão entre os terminais de vc e, conseqüentemente, teremos uma diminuição da corrente,
obedecendo a uma função exponencial, até atingir o valor zero, quando este estiver totalmente
carregado comportando-se com um circuito aberto conforme mostra a figura 94c. A figura 95
mostra a variação da corrente em função do tempo.

Figura 95 - Característica da corrente de carga de um capacitor.

A partir desta característica, podemos equacionar a corrente em função do tempo e dos


componentes do circuito:

−t E −t
i (t ) = I máx ⋅ e τ ou i (t ) = ⋅e τ
R

onde: i(t) = valor da corrente num determinado instante


Imáx = valor inicial da corrente no circuito
e = base do logaritmo neperiano (e ≅ 2,72)
τ = constante de tempo do circuito (τ = R⋅C)

Para calcular a tensão sobre o capacitor utilizamos a expressão: E = vr(t) + vc(t)

Como se deseja calcular a tensão sobre o capacitor, substituímos a tensão vr(t) pela primeira
Lei de Ohm:

E = R ⋅ i( t ) + v c ( t )

66
Isolando vc(t) e substituindo i(t), temos:

E −t −t
v c (t ) = E − R ⋅ ⋅ e τ ⇒ v c (t ) = E ⋅ (1 − e τ )
R

A expressão vc(t) é denominada de equação de carga do capacitor. Através desta equação,


pode-se levantar a curva característica do capacitor, ou seja, a tensão entre seus terminais em função
do tempo, conforme mostra a figura 96.

Figura 96 - Característica da tensão de carga de um capacitor.

Exemplo: Calcule a tensão do capacitor nos pontos: t = 0s, t = τ e t = 5τ

Para t = 0, temos:

−t −0
v c (t ) = E ⋅ (1 − e τ ) ⇒ v c (t ) = E ⋅ (1 − e τ ) ∴ v c (t ) = 0

Para t = τ, temos:

v c (t ) = E ⋅ (1 − e
−t
τ ) ⇒ v c (t ) = E ⋅ (1 − e
−τ
τ ( )
) ⇒ v c (t ) = E ⋅ 1 − e −1 ∴ v c (t ) = 0,632 ⋅ E

Este valor indica que, com o intervalo de tempo de uma constante de tempo (τ), o capacitor
é carregado com o valor percentual de 63,2% da tensão da fonte.

Para t = 5τ, temos:

v c (t ) = E ⋅ (1 − e
−t
τ ) ⇒ v c (t ) = E ⋅ (1 − e
−5 τ
τ ( )
) ⇒ v c (t ) = E ⋅ 1 − e −5 ∴ v c (t ) = 0,99 ⋅ E ou v c (t ) ≅ E

Ou seja, o capacitor para se carregar totalmente, necessita de um intervalo de tempo, maior


que 5 vezes a sua constante de tempo. A figura 97 mostra a curva de carga de um capacitor com os
pontos calculados:

67
Figura 97 - Carga de um capacitor

Da mesma forma que calculamos a expressão para a carga do capacitor, podemos calcular a
tensão sobre o resistor R do circuito. Pela primeira Lei de Ohm, temos que:

vr(t) = R⋅i(t)

Substituindo i(t):

E −t −t
v r (t ) = R ⋅ ⋅e τ ⇒ v r (t ) = E ⋅ e τ
R

Figura 98 - Característica da tensão sobre o resistor.

68
Descarga do Capacitor

Considere o circuito da figura 99. Quando a chave S encontra-se na posição 1 a fonte de


tensão é conectada ao circuito carregando o capacitor C, figura 99b.

Figura 99 - (a) Circuito para carga e descarga do capacitor através da chave S. (b) Carga do capacitor.
(c) Descarga do capacitor.

Depois de transcorrido o tempo de carga, no instante t = 0, a chave S é colocada na posição


2 e o capacitor inicia a sua descarga através do resistor R. Neste instante, o capacitor comporta-se
como uma fonte de tensão fornecendo corrente para o circuito. Essa corrente será máxima no
instante inicial e a partir daí diminui, obedecendo a função exponencial, até atingir o valor zero,
quando o capacitor estiver totalmente descarregado. A figura 100 mostra a curva característica de
descarga da corrente do capacitor.
Observe que, agora, a corrente flui no sentido contrário, decrescendo exponencialmente
desde -Imáx até zero, devido à descarga do capacitor.

Figura 100 - Característica da corrente de descarga de um capacitor.

Equacionando a corrente em função do tempo, temos:

−t
i( t ) = Imáx ⋅ e τ

No circuito da figura 99c, temos que: vc(t) = vr(t)

onde: v c (t ) = R ⋅ i (t )

 −t  −t
substituindo i(t), temos: v c (t ) = R ⋅  I máx ⋅ e τ  = v cmáx .e τ
 

69
onde: R⋅Imáx = vcmáx, representa a tensão atingida pelo capacitor durante o processo de
carga. Em alguns casos a tensão máxima pode ser a mesma tensão da fonte, vcmáx = E.

A expressão vc(t) = vcmáx⋅e-t/τ é denominada equação de descarga do capacitor. Através


dessa equação, pode-se levantar a característica do capacitor durante a descarga, conforme mostra a
figura 101.

Figura 101 - Característica da tensão de descarga de um capacitor.

Exemplo: Calcule a tensão o capacitor nos tempos: t = 0, t = τ e t = 5τ.

Para t = 0, temos:

−t −0
v c = v cmáx ⋅ e τ = v cmáx ⋅ e τ ∴ v c = v cmáx

Para t = τ, temos:

−t −τ
v c = v cmáx ⋅ e τ = v cmáx ⋅ e τ ∴ v c = 0,368 ⋅ v cmáx ou v c = 36,8% de v cmáx

Para t = 5τ

−t −5 τ
v c = v cmáx ⋅ e τ = v cmáx ⋅ e τ = v cmáx ⋅ e −5 ∴ v c ≅ 0

Um capacitor para se descarregar, necessita de um intervalo de tempo maior que 5 vezes a


sua constante de tempo. A figura 102 mostra a curva de descarga do capacitor para os pontos
calculados.

Figura 102 - Descarga de um capacitor.

70
INDUTOR

Um fio condutor ao ser percorrido por uma corrente elétrica, cria ao redor de si um campo
magnético. Para potencializar o efeito do campo, o fio condutor é enrolado, em formas de espiras,
ao redor de um núcleo, constituindo o componente chamado de indutor.
Lei de Lenz : A corrente elétrica induzida tem um sentido tal que cria um outro campo
magnético que se opõe à variação do campo magnético que a produziu.
A indutância [L] é o parâmetro que relaciona esse efeito do campo magnético com a
corrente que a produziu e sua unidade é o Henry [H].

Figura 103 - Indutor.

Os núcleos de um indutor são compostos, geralmente, por ar, ferro, ferrite, etc. No interior
desses núcleos, as linhas de campo de somam, criando uma concentração do fluxo magnético. Os
núcleos de ferro e ferrite têm como objetivo reduzir a dispersão das linhas de campo, pois esses
materiais apresentam baixa resistência à passagem do fluxo magnético.
Pelo sentido das linhas de campo, o indutor fica polarizado magneticamente, isto é, cria um
pólo norte por onde sai o fluxo magnético e um pólo sul por onde entra o fluxo magnético,
comportando-se como um imã artificial, denominado eletroimã.

Indutor em Regime DC

O comportamento do indutor em regime DC pode ser explicado utilizando-se a figura 104.


Ao aplicarmos a um indutor uma tensão contínua, este armazenará energia magnética, pois a
corrente criará um campo magnético no indutor.

Figura 104 - Comportamento do indutor em regime DC.

Estando o indutor inicialmente desenergizado, em t = 0 fechamos a chave S do circuito. A


corrente inicial é nula, pois o indutor se opõe às variações bruscas de corrente. Essa oposição se
deve porque a corrente ao passar por uma espira cria um campo magnético ao seu redor. As linhas
de campo criadas por essa corrente, cortam as espiras seguintes, induzindo uma outra corrente que,
segundo a Lei de Lenz, irá se opor à causa que a originou.
Após essa oposição inicial, a corrente aumenta gradativamente obedecendo a uma função
exponencial, até atingir o valor máximo. O tempo que a corrente leva para atingir o valor máximo é
denominado transitório conforme mostra o gráfico da figura 105.

71
Figura 105 - Característica da corrente de energização de um indutor.

A oposição às variações de corrente no indutor é denominada reatância indutiva XL [Ω],


que em corrente contínua, apresenta as seguintes características:

1. Quando o indutor está totalmente desenergizado, a corrente i(t) é igual a zero, isto é, a
fonte o “enxerga” como um circuito aberto (XL = ∝).

2. Quando o indutor está totalmente energizado, a corrente atinge o seu valor máximo I,
estabilizando-se. Assim, não havendo mais variação nessa corrente, deixa de existir a
corrente induzida, de forma que a fonte “enxerga” o indutor como uma resistência muito
baixa (apenas a resistência do fio), como se fosse um curto-circuito (XL = 0).

Comercialmente existem diversos tipos de indutores fixos e variáveis. Os fabricantes


fornecem, entre outros parâmetros, valores nominais, a tolerância que pode variar ente ±1% e ±20%
e a sua resistência ôhmica do enrolamento do indutor.
Os indutores variáveis são, geralmente, formados por um núcleo móvel, cuja posição pode
ser ajustada externamente através de um sistema de rosca. Quanto mais o núcleo penetra no indutor,
maior é a sua indutância.

Associação de Indutores

Associação série: Nesta associação, os indutores estão ligados de forma que a corrente seja
a mesma em todos eles, sendo a indutância equivalente dada pela soma das indutâncias:

L eq = L1 + L 2 + K + L n

Associação paralela: Nesta associação, os indutores estão ligados de forma que a tensão
seja a mesma em todos eles, sendo que o inverso da indutância equivalente dada pela soma dos
inversos das indutâncias:

1 1 1 1
= + +L+
L eq L1 L 2 Ln

72
CIRCUITO RL

A seguir, vamos estudar o comportamento do indutor em regime DC, na situação de carga e


descarga. Exatamente como vimos no caso de um capacitor, podemos retardar o tempo de carga e
descarga do indutor inserindo um resistor em série com o mesmo.

Figura 106 - (a) Circuito de carga e descarga de um indutor. (b) Carga do indutor. (c) Descarga do indutor.

Situação de carga: considere o circuito RL série mostrado na figura 106a com o indutor
completamente desenergizado. Nos instante t = 0s a chave S é colocada na posição 1, e a corrente
começa a crescer exponencialmente até o valor máximo I, conforme mostra a figura 105. A partir da
curva característica mostrada na figura 105, podemos equacionar a corrente em função do tempo e
dos componentes do circuito.
 −t 
i (t ) = Im áx ⋅ 1 − e τ 
 

onde τ é a constante de tempo do circuito e é igual a relação entre o valor da indutância e o valor da
resistência.
L
τ=
R

Para o circuito da figura (a) e pela Lei de Kirchhoff para as Tensões, podemos escrever que:

E = v r ( t ) + v L ( t ) = R ⋅ i( t ) + v L ( t )

Substituindo a expressão da corrente, temos:

 −t 
E = R ⋅ I máx ⋅ 1 − e τ  + v L
 

E  −t 
onde v L = E − R ⋅ ⋅ 1 − e τ 
R  

−t
portanto: v L = E ⋅ e τ

Está expressão, é denominada equação da carga do indutor. Podemos, através desta


equação, levantar a característica do indutor em regime DC, conforme mostra a figura 107.

73
Figura 107 - Característica da tensão de carga de um indutor.

Exemplo: Calcule a tensão nos pontos notáveis t = 0s, t = τ e t = 5τ.

−0
Para t = 0s: vL = E ⋅e τ ⇒ vL = E

−τ
Para t = τ: vL = E ⋅e τ ⇒ v L = 0,368 ⋅ E ou v L = 36,8% de E

−5 τ
Para t = 5τ: vL = E ⋅e τ ⇒ vL ≅ 0

Portanto, temos que, o indutor se energiza totalmente em um intervalo de tempo superior a 5


vezes a sua constante de tempo, como mostra a figura 108.

Figura 108 - Energização de um indutor.

Situação de descarga: na figura 106b, considere o indutor completamente energizado. No


instante t = 0s a chave S é colocada na posição 2 e o indutor inicia o processo de desenergização
através do resistor R, figura 106c. Neste instante, a corrente no circuito será máxima, decrescendo
exponencialmente até atingir o valor zero, quando o indutor estiver totalmente desenergizado. Essa
característica é mostrada na figura 109.

74
Figura 109 - Característica da corrente de desenergização de um indutor.

Equacionando a corrente em função do tempo, temos:

−t
i (t ) = I máx ⋅ e τ

A partir do circuito da figura (c), notamos que: vL = vR

−t
onde: v L = R ⋅ i (t ) ⇒ v L = R ⋅ I máx ⋅ e τ

onde: R ⋅ I máx = v Lmáx (tensão atingida pelo indutor durante o processo de energização)

−t
logo∴ v L = v Lmáx ⋅ e τ a qual é denominada equação de descarga do indutor.

Através dessa equação, podemos levantar a característica do indutor durante a sua


desenergização, conforme mostra a figura 110.

Figura 110 - Característica da tensão de descarga de um indutor.

Exemplo: Calcule a tensão do indutor nos pontos notáveis t = 0s, t = τ e t = 5τ.

−0
Para t = 0s: v L = v Lmáx ⋅ e τ ⇒ v L = v Lma ´x

−τ
Para t = τ: v L = v Lmáx ⋅ e τ ⇒ v L = 0,368 ⋅ v Lma ´x ou v L = 36,8% de v Lmáx

75
−5 τ
Para t = 5τ: v L = v Lmáx ⋅ e τ ⇒ vL ≅ 0

O indutor para se desenergizar necessita de um intervalo de tempo maior que 5 vezes a sua
constante de tempo. A figura 11 mostra a curva da descarga do indutor com os pontos calculados.

Figura 111 - Desenergização de um indutor.

ATENÇÃO! Quando a chave S da figura 112 está aberta, esta chave representa uma
resistência infinita para o circuito, de forma que a sua constante de tempo τ deste circuito muda de
L/R para L/∞, isto é, τ é praticamente zero. Como no exato momento da abertura da chave a
corrente no indutor é máxima, e sendo a constante de tempo τ = 0, pela Lei de Lenz, a tensão
induzida e’ tende a ser um valor elevado para se opor à queda da corrente num intervalo de tempo
pequeno. Portanto, ao abrir a chave de um circuito indutivo, poderá surgir uma tensão induzida e’
tão elevada (da ordem de milhares de volts) que seria suficiente para produzir um arco-voltaico
entre os terminais da chave, podendo até mesmo causar a morte do seu operador. É por isso, que os
sistemas elétricos altamente indutivos possuem circuitos de proteção que entram em ação durante o
seu desligamento.

Figura 112 - Arco-voltáico.

76
Tabela 4 - Comparação entre o comportamento do capacitor e o indutor.

Comportamento Capacitor Indutor


Armazena energia eletrostática Armazena energia magnética
Energia
(campo elétrico) (campo magnético)
Atraso Provoca atraso na tensão Provoca atraso na corrente
Baixa reatância para variações Alta reatância para variações
Reatância bruscas de tensão ou de bruscas de tensão ou de
corrente corrente
Constante de tempo Ampla faixa de valores Baixos valores
1 1 1 1
Associação série = + +L+ L eq = L 1 + L 2 + L + L N
C eq C1 C 2 Cn
1 1 1 1
Associação paralela C eq = C1 + C 2 + L + C N = + +L+
L eq L 1 L 2 Ln

77
OSCILOSCÓPIO

O osciloscópio é um instrumento cuja finalidade básica é visualizar fenômenos elétricos,


possibilitando medir tensões contínuas, alternadas, períodos, freqüências e defasagens com elevado
grau de precisão. Os fenômenos elétricos são visualizados através de um Tubo de Raios Catódicos.
A figura 113 mostra o painel frontal de um modelo padrão, onde será descrita a finalidade
dos principais controles e conectores de entradas e saídas.

Figura 113 - Vista do painel frontal do osciloscópio.

N°° Descrição

1 Liga/Desliga: Liga o osciloscópio.

Cal.: Saída de um sinal interno de freqüência e amplitude definidas, utilizando para


2
referência e calibração.

3 Intensidade: Possibilita o ajuste de intensidade de brilhos.

4 Foco: Possibilita o ajuste do foco do feixe eletrônico.

5 Rotação do traço: Possibilita o ajuste do traço da linha.

6 Luminosidade: Possibilita mudar a intensidade luminosa do display.

7 Posição vertical (↕): Posiciona verticalmente o feixe.

78
Chave AC-GND-DC: Na posição AC, permite a leitura de sinais alternados, na posição DC
8 níveis DC ou contínuos, e na posição GND, aterra a entrada da amplificação vertical,
desligamento a entrada vertical.
9 CH1: Conector de entrada do canal 1.

Volts/div: Atenuador vertical que gradua cada divisão na tela, na direção vertical, em valores
10
específicos de tensão.

11 Volts/div: Ajuste fino para atenuação vertical.


Posição vertical: Permite a visualização de apenas um canal ou ambos simultaneamente.
CH 1: aparece apenas o sinal aplicado no canal 1.
12
CH 2: aparece apenas o sinal aplicado no canal 2.
Dual: aparecem os sinais de ambos canais.
13 : Conector do terra do instrumento.

14 CH2: Conector de entrada do canal 2.

15 Posição vertical (↕): Posiciona verticalmente o feixe, se puxado a imagem é invertida.

17 Entrada externa: Conector para entrada externa do sinal de sincronismo.

Controle de nível: Permite o controle manual do ajuste do sincronismo quando não se


18
consegue um sincronismo automático.
Seletor de fonte:
CH 1: sincronismo é controlado pelo sinal aplicado ao canal 1.
CH 2: sincronismo é controlado pelo sinal aplicado ao canal 2.
19 Rede: realiza o sincronismo com base na freqüência da rede de alimentação do
osciloscópio.
Externo: o sincronismo é obtido à partir de outro equipamento externo conectado ao
osciloscópio.
Chave seletora de acoplamento:
AC: os sinais de sincronismo são capacitivamente acoplados ao sincronismo do circuito.
HF REF:
20
TV: para ser usado na observação de sinais de TV.
DC: todos os sinais de sincronismo são diretamente acoplados ao sincronismo do
circuito.
21 Chave + - : Permite selecionar a polaridade de sincronismo da figura na tela.
Tempo/div: Varredura ou base de tempo que gradua cada divisão na tela, na direção
22 horizontal, em valores específicos de tempo, além disso, possibilita desligar o estágio, dando
acesso à entrada vertical.
Chave de modo de sincronismo:
Auto: nesta posição o osciloscópio realiza o sincronismo automaticamente, com base no
23
sinal selecionado pela chave seletora da fonte de sincronismo.
Normal: o sincronismo é ajustado manualmente pelo controle de nível de sincronismo.
24 ↔
Posição horizontal (↔
): Posiciona horizontalmente o feixe.

79
PRINCÍPIOS DA CORRENTE ALTERNADA

Vimos que a tensão (VDC) é aquela que não muda sua polaridade com o tempo. Essa tensão
pode ser contínua constante ou contínua variável. Uma tensão continua constante é aquela que
mantém o seu valor em função do tempo, enquanto a tensão contínua variável varia seu valor, mas
sem mudar a sua polaridade. Nas figuras abaixo são mostradas, como exemplos, as características
de uma tensão contínua constante e tensões contínuas variáveis.

Figura 114 - Tensão contínua constante. Figura 115 - Tensão contínua variável.

Figura 116 - Tensão contínua variável. Figura 117 - Tensão contínua variável.

A tensão contínua variável pode ser repetitiva ou periódica, ou seja, repetir um ciclo com as
mesmas características em cada intervalo de tempo. Para toda função periódica em um intervalo de
tempo, é definido período (T) como sendo o tempo de duração de um ciclo completo, e freqüência
(f) como sendo o número de ciclos em um intervalo de tempo igual a 1 segundo. A unidade do
período é dada em segundos [s] e a de freqüência em Hertz [Hz]. Como temos 1 ciclo completo da
função em um tempo igual a 1 período e f ciclos em 1 segundo, podemos estabelecer uma regra de
três e obter a relação:

1 → T 1 1
∴ f = ou T=
f → 1 T f

Para uma tensão com características periódicas existe a necessidade de estabelecer um valor
que indique a componente DC da forma da onda. Esse valor é denominado valor DC ou valor
médio e representa a relação entre a área resultante da figura, em um intervalo de tempo igual a um
período e o próprio período. O valor DC é medido por um voltímetro nas escalas VDC.

Geração da Corrente Alternada

A tensão alternada (VCA) é aquela que muda de polaridade periodicamente com o tempo.
Uma tensão VCA pode ser produzida por um gerador, chamado de alternador. No gerador,
simplificado, que aparece na figura 118, a espira condutora gira através do campo magnético e

80
intercepta linhas de força para gerar uma tensão VCA induzida através dos seus terminais. Uma
rotação completa da espira é chamada de ciclo.

Figura 118 - Uma espira girando num campo magnético produz uma tensão CA.

Analise a posição da espira em cada quarto de volta durante um ciclo completo, figura 119.
Na posição A, a espira gira paralelamente ao fluxo magnético e conseqüentemente não intercepta
nenhuma linha de força. A tensão induzida é igual a zero. Na posição B, a espira intercepta o campo
num ângulo de 90º, produzindo uma tensão máxima. Quando ela atinge C, o condutor está se
deslocando novamente paralelamente ao campo e novamente não intercepta o fluxo. Em D, a espira
intercepta o fluxo novamente gerando uma tensão máxima, mas aqui o fluxo é interceptado no
sentido oposto (da esquerda para direita) ao de B (da direita para a esquerda). Assim, a polaridade
em D é negativa. A espira gira mais um quarto de volta e retornando à posição A, ponto de partida
do ciclo. O ciclo de valores de tensão se repete nas posições A’B’C’D’A’’ à medida que a espira
continua a girar. Um ciclo inclui as variações entre dois pontos sucessivos que apresentam o mesmo
valor e variam no mesmo sentido. Por exemplo, 1 ciclo pode ser evidenciado também entre os
pontos B e B’ da figura 119.

Figura 119 - Dois ciclos de tensão alternada gerados pela rotação de um espira.

81
Medição Angular

Pelo fato de os ciclos de tensão corresponderem à rotação da espira em torno de um circulo,


os trechos desse círculo são expressos em ângulos. Um círculo completo tem 360º ou o equivalente
em radianos a 2π rad. Matematicamente:

360º 180º
360º = 2π rad → 1rad = → 1rad =
2π π

Onda Co-senoidal

A tensão alternada que nos é fornecida, através da rede elétrica, é por questões de geração e
distribuição senoidal (co-senoidal), ou seja, obedece a uma função do tipo:

v(t) = vp⋅cos(ωt + θ)

onde: v(t) é o valor instantâneo da tensão.

vp é o máximo valor que a tensão pode atingir, também denominada de amplitude ou


tensão de pico.


ω é a velocidade angular ( ω = 2πf ou ω= ).
T

t é um instante qualquer.

θ é o ângulo de defasagem inicial.

A unidade de tensão é expressa em volts [V], a da velocidade angular em radianos por


segundo [rad/s], a de tempo em segundos [s] e a de ângulo de defasagem em radianos [rad]. Para
exemplificar, a figura 120 mostra uma tensão; alternada co-senoidal cuja função é:

v(t) = 20⋅cos(500⋅π⋅t - 3π/4)

Nota-se, através da função, que a tensão de pico (vp) é igual a 20V, a velocidade angular (ω)
é 500⋅π rad/s e o ângulo de defasagem inicial é -3π/4 rad ou 135º. O período dessa função é igual a
4ms e a freqüência igual a 250Hz.

Além do valor de pico (vp), temos o valor pico-a-pico (vpp) que é igual à variação máxima
entre o ciclo positivo e o ciclo negativo, e o valor eficaz (vef) ou RMS (vRMS), que corresponde ao
valor de uma tensão alternada que, se fosse aplicada a uma resistência, dissiparia uma potência
média, em watts, de mesmo valor numérico de uma tensão contínua aplicada à mesma resistência.
Para a tensão alternada co-senoidal, o valor eficaz é calculado através da expressão matemática:

vp
v ef =
2

82
No gráfico da figura 120, temos que:

20
v p = 20V, v pp = 40V e v ef = = 14,14V
2

O valor eficaz de um sinal alternado é, em termos de amplitude, o mais importante do ponto


de vista prático, pois a tensão e a corrente eficazes podem ser medidas diretamente,
respectivamente, pelos voltímetros e amperímetros CA.

Figura 120 - Tensão alternada co-senoidal.

83
FASORES

Na comparação de ângulos de fase ou simplesmente fases de correntes e tensões alternadas,


é conveniente a utilização de diagrama de fasores correspondentes às formas de onda da tensão e da
corrente. Um fasor é um segmento linear orientado que gira no sentido anti-horário com velocidade
angular constante ω (rad/s) e que produz uma projeção horizontal que é uma função co-seno, como
mostra a figura 121. Os termos fasor e vetor são utilizados para representar quantidades que
possuem um sentido. Entretanto, o fasor varia com o tempo, enquanto o vetor tem um sentido no
espaço. O comprimento da seta que representa o fasor num diagrama indica o módulo da tensão
alternada (amplitude da curva co-seno), e o ângulo entre as duas posições do fasor é a diferença de
fase entre as duas curvas co-seno. Os fasores são definidos a partir da função co-seno.

Figura 121 - Representação por fasor.

Quando se deseja representar sinais por meio de fasores, primeiramente escolhe-se uma
forma de onda como referência e então comparasse as demais ondas através do ângulo entre as setas
que representam os fasores. No exemplo da figura 122 o fasor VA representa a onda de tensão A
com um ângulo de fase de 0º, figura 122a. O fasor VB é vertical para mostrar o ângulo de fase de
90º com relação ao fasor VA, que serve como referência. Como os ângulos de avanço de fase então
representados no sentido anti-horário a partir do fasor de referência, VB está adiantado de VA de 90º
conforme mostra a figura 122a .
Geralmente, o fasor de referência é horizontal, correspondendo a 0º. Porém, nada impede
que possamos utilizar outra referência. Se VB fosse representado como a referência, conforme
mostra a figura 122b, VA teria que estar a 90º horários, a fim de ter o mesmo ângulo de fase. Neste

84
caso, VA está atrasada com relação à VB de 90º. Não há nenhuma diferença fundamental no fato de
VB estar adiantada de VA de 90º ou de VA estar atrás de VB de 90º.

Figura 122 - (a) VB está adiante de VA de 90º (b) VA está atrasado com relação a VB de 90º.

Quando duas ondas então em fase, o ângulo de fase é zero. As amplitudes se somam.
Quando as duas ondas estão exatamente fora de fase (ou oposição de fase) o ângulo de fase é de
180º. Suas amplitudes são opostas e a resultante é a diferença entre os seus módulos. Para valores
iguais as fases se cancelam.
Quando o eixo horizontal é identificado como o eixo real do plano complexo os fasores
tornam-se números complexos.

Relações de Fase

Um sinal senoidal (tensão ou corrente) não precisa ter, necessariamente, amplitude máxima
no instante t = 0s. Isso significa que ele pode iniciar o seu ciclo adiantado ou atrasado de um
intervalo de tempo ∆t ou de uma fase inicial θ.
Se o sinal está adiantado, a fase inicial θ é positiva na expressão do valor instantâneo e no
respectivo diagrama fasorial, conforme mostra a figura 123.

Figura 123 - Sinal co-senoidal adiantado e sua representação fasorial.

Se o sinal está atrasado, a fase inicial θ é negativa na expressão do valor instantâneo e no


respectivo diagrama fasorial, conforme mostra a figura 124.

85
Figura 124 - Sinal co-senoidal atrasado e sua representação fasorial.

O ângulo de fase entre duas formas de onda de mesma freqüência é a diferença angular num
dado instante. Por exemplo, o ângulo de fase entre as ondas B e A da figura 125 é de 90º. O eixo
horizontal da figura 125 que mostra as formas de onda, representa as unidades de tempo em
ângulos. A onda B começa com seu valor máximo e cai para zero em 90º, enquanto a onda A
começa em zero e cresce até o seu valor máximo em 90º. A onda B atinge o seu valor máximo 90º
na frente da onda A; logo, a onda B está adiantada relativamente à onda A de 90º. Este ângulo de
fase de 90º entre as ondas B e A é mantido durante o ciclo completo e todos os ciclos sucessivos.
Em qualquer instante, a onda B passa pelo valor que a onda A terá 90º mais tarde. As duas formas
de onda são chamadas de senóides.

Figura 125 - A onda B está adiantada da onda A de um ângulo de fase de 90°°.

Representação Temporal, Fasorial e Complexa do Sinal CA.

Um sinal alternado co-senoidal pode ser convertido diretamente nas representações fasorial
e complexa equivalentes. Mas, se a sua expressão for um seno, ela deve ser modificada para co-
seno por meio da identidade trigonométrica sen θ = cos (θ - 90º) antes de efetivar as conversões.

86
Figura 126 - Representação temporal.
Figura 128 - Representação complexa.
Figura 127 - Representação fasorial.

Observe que nos modos de representação instantânea e fasorial, tanto analítica quanto
gráfica, aparecem pelo menos três parâmetros básicos: uma amplitude, uma freqüência e a fase,
com os quais podem ser determinados todos os demais parâmetros. Já, na representação complexa,
a freqüência deve ser fornecida à parte para completar esse conjunto de parâmetros básicos.

Adição e Subtração entre Sinais CA

Considere os sinais de mesma freqüência:

v1 (t) = 141 ⋅ cos(377t − π/4)[V] ≡ V1 = 100V; θ1 = −45º ≡ & = 100∠ − 45º [V]
V 1

v 2 (t) = 99 ⋅ cos(377t + π/3)[V] ≡ V2 = 70V; θ1 = 60º ≡ V2 = 70∠60º [V]


&

Resolução Temporal: Para realizar graficamente as operações adição e subtração, é


necessário que os gráficos estejam em escala para que as formas de onda resultantes possam ser
obtidas pela adição e pela subtração de diversas amplitudes instantâneas, conforme mostram as
figuras 129 e 130:

Adição gráfica: vA(t) = v1(t) + v2(t) Subtração gráfica: vB(t) = v1(t) - v2(t)

Figura 129 - Adição temporal de duas co-senóides.


Figura 130 - Subtração temporal de duas co-senóides.

Para realizar essas mesmas operações analiticamente, é necessário utilizar algumas


identidades trigonométricas, tornando os cálculos muito trabalhosos.

87
Adição analítica: vA(t) = v1(t) + v2(t) Adição analítica: vB(t) = v1(t) - v2(t)
vA(t) = v1(t) + v2(t) ⇒ vB(t) = v1(t) - v2(t) ⇒
vA(t) = 141⋅cos(377t - π/4) + 99⋅cos(377t - π/3) ⇒ vA(t) = 141⋅cos(377t - π/4) - 99⋅cos(377t - π/3) ⇒
vA(t) = 150,2⋅cos(377t – 0,1) [V] vA(t) = 192,5⋅cos(377t – 1,3) [V]

Resolução Fasorial: Para realizar graficamente as operações adição e subtração, é


necessário que os diagramas estejam em escalas lineares e angulares. A adição é feita diretamente
pela regra do paralelogramo. Na subtração, o fasor negativo deve ser defasado em 180º e somado ao
fasor positivo pela regra do paralelogramo. As figuras abaixo ilustram essas operações
graficamente.

Adição gráfica: & =V


V & +V
& Subtração gráfica: & =V
V & −V
&
A 1 2 B 1 2

Figura 131 -Adição gráfica de fasores.


Figura 132 - Subtração gráfica de fasores.

Para realizar essas mesmas operações analiticamente, é necessário utilizar as relações


trigonométricas do triângulo retângulo para decompor os fasores nos eixos x (referência) e y
(perpendicular) e o Teorema de Pitágoras (este teorema diz que a hipotenusa de um triângulo
retângulo é igual à raiz quadrada da soma dos quadrados dos catetos) para calcular o módulo do
fasor resultante. Porém, tais operações devem ser, pelo menos, acompanhadas de um esboço do
diagrama fasorial, sem o qual pode-se incorrer facilmente em erros.

Adição analítica: & =V


V & +V
& Subtração analítica: & =V
V & +V
&
A 1 2 B 1 2

VAx = V1x + V2x = 100⋅cos(-45°) + 70⋅cos(60°) ⇒ VBx = V1x - V2x = 100⋅cos(-45°) - 70⋅cos(60°) ⇒
VAx = 70,7 + 35 ⇒ VAx = 105,7V VBx = 70,7 - 35 ⇒ VBx = 35,7V
VAy = V1y + V2y = 100⋅sen(-45°) + 70⋅sen(60°) ⇒ VBy = V1y - V2y = 100⋅sen(-45°) - 70⋅sen(60°) ⇒
VAy = -70,7 + 60,6 ⇒ VAx = -10,1V VBy = -70,7 - 60,6 ⇒ VBx = -131,3V

VA = VAx + VAy ⇒ VA = 105,7 2 + 10,12 ⇒ VB = VBx + VBy ⇒ VB = 35,7 2 + 131,3 2 ⇒


2 2 2 2

VA = 106,2V VB = 136,1V

Fasor VA → 4° quadrante, θA é dado por: Fasor VB → 4° quadrante, θB é dado por:

88
VAy 10,1 VBy 131,3
θ A = −arctg = −arctg ⇒ θ A = −5,5° θ A = −arctg = −arctg ⇒ θ A = −74,8°
VAx 105,7 VBx 35,7

Convertendo a tensão VA em vA(t): Convertendo a tensão VB em vB(t):


VAP = 106,2⋅ 2 = 150,2V VBP = 136,1⋅ 2 = 192,5V
- 5,5 ⋅ π - 74,8 ⋅ π
θ A [rad] = = −0,1rad θ B [rad] = = −1,3rad
180 180
Portanto: Portanto:
VA(t) = 150,2⋅cos(377t – 0,1)[V] VB(t) = 192,5⋅cos(377t – 1,3)[V]

89
CONCEITO DE IMPEDÂNCIA

A impedância é uma extensão do conceito de resistência. Ela é representada por um número


complexo que caracteriza tanto a oposição total que o dispositivo impõe a passagem da corrente
alternada como também a defasagem total entre a tensão e a corrente causada pelo mesmo
dispositivo. A unidade da impedância é o ohm [Ω], e ela é composta por uma componente real
denominada de resistência R e por uma componente imaginária denominada reatância X. Este tipo
de representação de um número que possui uma parte real e uma parte imaginária é chamada de
número complexo.
Um número complexo pode ser representado em 4 modos distintos. Aqui serão apresentados
dois modos que são: a forma retangular ou cartesiana e a forma polar conforme mostra a figura 133.

ϕ) no plano complexo.
Figura 133 - Representação do número complexo Z = R + jX = (Z,ϕ

A forma retangular é formada pelas coordenadas que correspondem a projeção do vetor


complexo Ż nos eixos real (Re) e imaginário (In), ou seja Ż = R + jX. Já a forma polar é formada
pela representação do número pela sua magnitude Z e pelo ângulo ϕ formado com o eixo
horizontal, ou seja, Ż = Z∠ϕ = (Z,ϕ).

Conversão Forma Polar/Forma Retangular.

Dado um número complexo na forma polar Ż = Z∠ϕ, podemos transformá-lo na forma


retangular aplicando as relações trigonométricas de um triângulo retângulo:

cateto adjacente R
cosϕ = ⇒ cosϕ = ∴ R = Z ⋅ cosϕ
hipotenusa Z

cateto oposto X
senϕ = ⇒ senϕ = ∴ X = Z ⋅ sen ϕ
hipotenusa Z

Conversão Forma Retangular/Forma Polar.

Dado um número complexo na forma retangular Ż = R + jX, podemos transformá-lo na


forma polar também aplicando as propriedades do triângulo retângulo. O módulo pode ser calculado
através da expressão matemática:
(hipotenusa)2 = (cateto adjacente)2 + (cateto oposto)2 ⇒ (Z)2 = (R)2 + (X)2 ∴ Z = R2 + X2
e o ângulo através da expressão que relaciona a tangente de ϕ, ou seja:

cateto oposto X X
tagϕ = ⇒ tagϕ = ∴ ϕ = arctg
cateto adjacente R R

90
OPERAÇÕES MATEMÁTICAS COM NÚMEROS COMPLEXOS

Pode-se realizar operações matemáticas com qualquer tipo de representação de números


complexos. Porém, em determinadas operações os cálculos se tornam mais simples para uma
determinada forma de representação em comparação com as outras. Por exemplo, é mais simples
utilizar a forma retangular para as operações de soma e subtração e a forma polar para as operações
de multiplicação e divisão.
Para operações de soma ou subtração de números complexos que estão na forma retangular,
basta somar (ou subtrair), separadamente, as partes reais e as partes imaginárias, como mostra os
exemplos abaixo:

Z& 1 = R 1 + jX1
⇒ Z& = Z& 1 + Z& 2 ⇒ Z& = (R 1 + R 2 ) + j(X1 + X 2 )
Z& 2 = R 2 + jX 2

Z& 1 = R 1 + jX1
⇒ Z& = Z& 1 − Z& 2 ⇒ Z& = Z1 + (− Z 2 ) ⇒ Z& = (R 1 − R 2 ) + j(X1 − X 2 )
Z& 2 = R 2 + jX 2

Para as operações de multiplicação e divisão é mais conveniente utilizar a forma polar, onde
no caso de uma multiplicação, multiplica-se os módulos e soma-se os ângulos e para a divisão
dividi-se os módulos e subtrai-se os ângulos, como mostram os exemplos abaixo:

Z& 1 = Z 1∠θ1
⇒ Z& = Z& 1 ∗ Z& 2 ⇒ Z& = Z1 ∗ Z 2 ∠(θ1 + θ 2 )
Z& 2 = Z 2 ∠θ 2

Z& 1 = Z 1∠θ1 Z& Z


⇒ Z& = 1 ⇒ Z& = 1 ∠(θ1 - θ 2 )
&Z = Z ∠θ &Z Z2
2 2 2 2

Observação: Como mostra a tabela, as Leis de Ohm, de Kirchhoff, às relações de


associações de resistores e de divisores de tensão e corrente continuam valendo para circuitos com
corrente alternada. A única mudança é que neste caso, deve-se considerar o sinal com o seu módulo
e a sua fase.

Tabela 5 - Comparativo entre circuitos CC e CA


Relação Circuito CC Circuito CA
V V&
Lei de Ohm R = Z& =
I I&
A soma algébrica das A soma algébrica das
Lei Kirchhoff para as correntes correntes em um nó é igual a correntes complexas em um
zero. nó é igual a zero.
A soma das tensões
A soma das tensões em uma
Lei Kirchhoff para tensões complexas em uma malha
malhada fechada é zero.
fechada é zero.
Associação série Req = R1 + R2 + … +Rn Ż eq = Ż 1 + Ż 2 + … + Ż n
1 1 1 1 1 1 1 1
Associação paralela = + +K+ = + +K+
R eq R1 R 2 Rn &Z &Z &Z &Z
eq 1 2 n

91
Divisores de tensão

Divisores de corrente

92
RESISTÊNCIA EM CIRCUITOS CA

Em um circuito CA, formado somente por resistências, as variações na corrente ocorrem em


fase com a tensão aplicada. Isso ocorre porque as resistências possuem apenas um comportamento
ôhmico resistivo e não reativo, pois a sua resistência é uma constante R independente da freqüência,
conforme mostram as figuras abaixo.

Figura 134 - Resistor em corrente alternada.

Figura 137 - Representação complexa.

Figura 136 - Representação fasorial.

Figura 135 - Representação temporal.

93
COMPORTAMENTO DO CAPACITOR IDEAL EM CA E REATÂNCIA CAPACITIVA

Dedução Matemática do Comportamento do Capacitor Ideal em CA e Reatância Capacitiva

A relação entre a tensão vc(t) e a corrente ic(t) no capacitor pode ser dada matematicamente
por meio das expressões:

t
1 dv c
v c (t ) = ∫
C
o
i.dt + v c0 e i c (t ) = C.
dt

onde vc0 é o valor inicial do capacitor no tempo t = 0s.

Considerando que o capacitor esteja submetido a uma tensão CA co-senoidal com fase
inicial nula, isto é:

vc(t) = Vcp⋅cos ωt ou Vc = Vc∠0º ,onde Vc é a tensão eficaz.

A expressão ic(t) da corrente no capacitor pode ser deduzida da forma seguinte:

dv c (t) d
i c (t) = C ⋅ = C⋅ (Vcp ⋅ cos ωt) ⇒ i c (t) = −ω ⋅ C ⋅ Vcp ⋅ sen ωt
dt dt

Da trigonometria, sabe-se que: -sen θ = sen (-θ) = cos (θ + 90º).

Assim: ic(t) = ω⋅C⋅Vcp⋅cos (ωt + π/2) ou İc = Ic∠90º, onde ω⋅C⋅Vcp é a corrente eficaz.

Portanto, como mostra a figura 138, no capacitor a corrente está 90º adiantada em relação à
tensão ou a tensão está 90º atrasada em relação à corrente, correspondendo a uma defasagem
negativa, isto é, ϕ = -90º.

94
Figura 138 - Comportamento do capacitor em CA.

Aplicando a Lei de Ohm ao capacitor, obtemos:

V & V ∠0º Vc
∠(0º−90º )
1 1
Z& = c = c = ⇒ Z& = ∠ − 90º ou Z& = -j
I& c I c ∠90º ω ⋅ C ⋅ Vc ω⋅C ω⋅C

A impedância do capacitor ideal é uma reatância pura, ou seja, ela é composta somente pelo
valor imaginário.
A reatância capacitiva XC é a oposição à passagem da corrente elétrica alternada (CA)
devido à capacitância no circuito e a sua unidade é o ohm [Ω]. Pode-se calcular a reatância
capacitiva através do módulo da impedância:

1 1
Z = R2 + X2 = X2 = X ⇒ Z = ⇒ XC = (reatância capacitiva)
ω⋅C ω⋅C

1
Como ω = 2⋅π⋅f, temos que: X C =
2⋅π⋅f ⋅C

onde: XC = Reatância capacitiva, em [Ω]


C = Capacitância, em [F]
ω = Freqüência angular, em [rad/s]
f = freqüência, em [Hz].

95
COMPORTAMENTO DO INDUTOR IDEAL EM CA E REATÂNCIA INDUTIVA

Aplicando o mesmo raciocínio matemático, que foi aplicado no capacitor, ao indutor,


chegamos as seguintes conclusões:
No indutor, como mostra a figura 139, a corrente está 90º atrasada em relação à tensão ou a
tensão está 90º adiantada em relação a corrente, correspondendo a uma defasagem positiva, isto é, ϕ
= +90º.

Figura 139 - Comportamento do indutor em CA.

Aplicando a Lei de Ohm ao indutor, obtemos:

V& VL ∠0º
Z& = L = = ⇒ Z& = ω ⋅ L∠ + 90º ou Z& = j ω ⋅ L
&I
c
Ic ∠ − 90º

A impedância do indutor ideal também é uma reatância pura, ou seja, ela é composta
somente pelo valor imaginário.
Um indutor, quando é percorrido por uma corrente elétrica alternada, oferece oposição à
passagem desta corrente, imposta por um campo magnético, denominada reatância indutiva XL. A
unidade da reatância indutiva é o ohm [Ω]. Pode-se calcular a reatância indutiva através do módulo
da impedância:

Z = R 2 + XL = XL = XL Z = ω⋅L X L = ω ⋅ L (reatância indutiva)


2 2
⇒ ⇒

96
Como ω = 2⋅π⋅f, temos que: X L = 2 ⋅ π ⋅ f ⋅ L

onde: XL = Reatância indutiva, em [Ω]


L = Indutância, em [H]
ω = Freqüência angular, em [rad/s]
f = freqüência, em [Hz]

97
CIRCUITOS RL

Análise de impedância de um circuito RL série

Para as análises seguintes de circuitos RL e RC, R será considerado como um impedância


resistiva pura e XL e XC como impedâncias reativas puras.
Quando um indutor L está em série com uma resistência R, como mostra o circuito da figura
140a, a corrente I é limitada tanto por R como por XL. Por isso, a impedância (Ż) do circuito é dada
pela adição dos fasores R e XL, figura 140b.

Figura 140 - Circuito RL série e sua impedância.

O valor da impedância Ż pode ser encontrada através da soma vetorial de R e de XL, ou


seja:

O módulo de é Ż dado por: Z = R 2 + X L 2

XL
A fase é calculada por: ϕ = arctg
R

R = Z⋅cos ϕ e XL = Z⋅sen ϕ

Exemplo: Para o circuito da figura, se R for igual a 500Ω e XL for 800Ω, calcule a impedância
(módulo e fase).

Z = R 2 + X L 2 = 500 2 + 800 2 = 250000 + 640000 = 890000 ⇒ Z ≅ 943 Ω

XL 80
ϕ = arctg = arctg = arctg 1,6 ⇒ ϕ ≅ 58º
R 50

Análise de tensão e corrente de um circuito RL série

No circuito da figura 141 o valor da corrente I é o mesmo em XL e em R, uma vez que os


dois elementos estão em série. Pela Lei de Ohm, sabemos que a queda de tensão em R deve ser
V& = R ⋅ &I , e a queda de tensão em XL deve ser V & = X ⋅ &I . Como estudamos anteriormente, a
R L L

98
corrente İ através de XL deve estar 90º atrasada em relação à V& L , pois este é o ângulo de fase entre
a corrente através da indutância e a sua tensão auto-induzida, figura 141b. A corrente İ através de R
e a sua queda de tensão İ ⋅R estão em fase, portanto o ângulo de fase é 0º.

Figura 141 -Circuito RL série e seu diagrama fasorial.

Pela Lei de Kirchhoff das Tensões, sabemos que V& = V& R + V& L . Porém, deve-se tomar alguns
cuidados, pois agora estamos tratando com valores que podem diferenciar em módulo e/ou em fase.
Neste caso, temos que realizar uma soma fasorial.
Para associar duas formas de onda fora de fase, somamos seus fasores equivalentes através
da regra do paralelogramo. O método consiste em se acrescentar à extremidade de um fasor à ponta
da seta do outro, utilizando o ângulo para indicar a sua fase relativa. A soma dos fasores produz um
fasor resultante que parte da base de um fasor e vai até a extremidade da seta do outro, como mostra
a figura.
Quando os valores estão em quadratura, ou seja, a diferença angular for de 90º, os módulos
da tensão podem ser relacionados através do Teorema de Pitágoras caso contrário, deve-se utilizar
outro método de soma fasorial, como por exemplo, o método gráfico ou através da representação de
números complexos.

Figura 142 - Triângulo de impedâncias para o circuito RL série.

Como o ângulo entre as duas tensões é de 90º, temos:

Módulos de V& igual a: V= VR 2 + VL 2

VL
E fase de V& igual a: ϕ = arctg
VR

99
Análise de impedância de um circuito RL paralelo

A impedância total Ż de um circuito RL paralelo pode ser obtida pela fórmula geral de
impedâncias em paralelo. Assim, para o circuito da figura 143 temos:

1 1 1 1 1 1 jR ⋅ X L
= + ⇒ = −j ou Z& =
&
Z R jX L &
Z R XL R + jX L

Figura 143 – Circuito RL paralelo e sua impedância equivalente.

Atenção: A impedância total de um circuito RL paralelo não é igual à do circuito RL série,


isto é Z ≠ R 2 + X L 2 , porque a resistência e a reatância indutiva se combinam para apresentar uma
condição de carga diferente com relação à fonte de tensão.
A impedância total do circuito também pode ser obtida pela primeira Lei de Ohm.

&
V
& = Z& ⋅ I&
V ⇒ Z& =
&I

Análise de tensão e corrente de um circuito RL paralelo

Em um circuito RL paralelo, como mostra a figura 144, a mesma tensão V& é aplicada em R
e em XL. Neste caso não há diferença de fase entre as tensões. Portanto, a tensão V& será utilizada
como referência.
Pela Lei de Ohm, sabe-se que a corrente sobre o resistor R deve ser &I R = V& R e esta deve
estar em fase com a tensão V& . A corrente sobre o indutor deve ser &I L = V& X L atrasada de 90º em
relação a V& . E o fasor soma de İR e İL é igual à corrente total İ, figura 144c.
Como a defasagem é de exatos 90º, podemos utilizar o Teorema de Pitágoras para encontrar
o módulo e a fase a corrente total İ.

Módulo: I = IR 2 + IL 2

−I 
Fase: ϕ = arctg L 
 IR 

Atenção: O vetor İL está apontando para baixo, por isso deve ter sinal negativo.

100
Figura 144 -Circuito RL paralelo e seu diagrama de fasores.

101
CIRCUITOS RC EM CORRENTE ALTERNADA.

Análise de impedância de um circuito RC série

Exatamente como no caso do circuito RL série, a impedância (Ż) de um circuito RC série é


dada pela adição dos fasores R e XC, figura 145b.

Figura 145 - Circuito RC série e sua impedância.

O valor da impedância Ż pode ser encontrada através da soma vetorial de R e de XC, ou seja:

O módulo de Ż é: Z = R2 + XC2

 − XC 
A fase de Ż é: ϕ = arctg 
 R 

R = Z⋅cos ϕ e XC = -Z⋅sen ϕ

Atenção: A reatância capacitiva está atrasada de 90º, logo o ângulo ϕ deve ser negativo.

Exemplo: Para o circuito da figura 145a, se R for igual a 500 Ω e XC for 800 Ω, calcule a
impedância (módulo e fase).

Z = R 2 + X L 2 = 500 2 + 800 2 = 250000 + 640000 = 890000 ⇒ Z ≅ 943 Ω

 − XC   − 80 
ϕ = arctg  = arctg  = arctg (− 1,6) ⇒ ϕ ≅ −58º
 R   50 

Análise de tensão e corrente de um circuito RC série

No circuito da figura 146 a queda de tensão em R é V& R = R ⋅ &I , e a queda de tensão em XC é


V& = X ⋅ &I . A tensão através de XC segue a corrente que passa por XC atrasada de 90º. A tensão
C C

através de R está em fase com İ uma vez que a resistência não produz desvio de fase.

102
Figura 146 - Circuito RC série.

Pela Lei de Kirchhoff das Tensões, sabemos que V& = V& R + V& C . Como os fasores V& R e V& C
formam um triângulo retângulo, podemos encontrar o módulo e a fase através das expressões:

Módulos de V& igual a: V= VR 2 + VC 2

 − VC 
E fase de V& igual a: ϕ = arctg 
 VR 

Figura 147 - Triângulo dos fasores de tensão.

Análise de impedância de um circuito RC paralelo

A impedância total Ż de um circuito RC paralelo pode ser obtida pela fórmula geral de
impedâncias em paralelo. Assim, para o circuito da figura 148 temos:

1 1  1  1 1 1 - jR ⋅ X L
= +  ⇒
 = +j ou Z& =
Z& R  − jX C 
&
Z R X L R − jX L

Figura 148 - Circuito RC paralelo.

103
Atenção! A impedância total do circuito também pode ser calculada através da primeira Lei
de Ohm:
&
V
& = Z& ⋅ I&
V ⇒ Z& =
&I

Análise de tensão e corrente de um circuito RC paralelo

Em um circuito RC paralelo, como mostra a figura 149a, a mesma tensão V& é aplicada em
R e em XC. Neste caso, não há diferença de fase entre as tensões. Portanto, a tensão V& será
utilizada como referência.

Pela Lei de Kirchhoff sabemos que: İ = İR + İC, logo:

Módulo de İ: I = I R 2 + I C 2

I 
Fase de İ: ϕ = arctg C 
 IR 

Figura 149 - Circuito RC paralelo.

104
CIRCUITOS RLC

Circuito RLC Série

Figura 150 - Circuito RLC série.

A queda de tensão na resistência está em fase com a corrente que passa pela resistência. A
tensão através da indutância está adiante da corrente que passa pela indutância de 90º e a tensão no
capacitor está atrasada relativamente à corrente que passa pela capacitância de 90º. Como V& L e V& C
estão exatamente em fase 180º fora de fase agem em sentidos opostos e se somam algebricamente
podendo gerar 3 situações distintas:

Circuito Indutivo (ϕ > 0º) Circuito Capacitivo (ϕ < 0º) Circuito Resistivo (ϕ = 0º)

VL > VC VC > VL VC = VL (ressonância)


XL > XC XC > XL XC = XL (ressonância)

Observe que, na ressonância em série, a impedância do circuito é igual à resistência do


circuito. Este é o valor mínimo da impedância para o circuito. Portanto, na ressonância passará a
maior corrente possível.

A tensão total V& deve ser igual à soma fasorial de todas as tensões, logo:

& =V
V & +V
& +V
&
R L C

O módulo de V& é: V= VR 2 + (VL − VC )2

V L − VC
A fase de V& é: ϕ = arctg
VR

A impedância Ż do circuito é a soma complexa da resistência R com as reatâncias indutivas


jXL e capacitiva –jXC, matematicamente:

105
Ż = R + j(XL - XC) ou Ż = Z∠ϕ

O módulo de Ż é: Z = R 2 + (X L − X C )2

(X L − XC )
A fase de Ż é: ϕ = arctg
R

Circuito RLC Paralelo

Figura 151 - Circuito RLC paralelo.

Utilizando a tensão V& como referência. A corrente total İ é o fasor soma de İR, İL e İC. A
corrente na indutância İL segue 90º atrás da tensão V& . A corrente no capacitor İC está 90º adiante da
tensão V& . İL e İC estão exatamente 180º fora de fase e agem, portanto, em sentidos opostos gerando
3 situações distintas:

Circuito Indutivo (ϕ > 0º) Circuito Capacitivo (ϕ < 0º) Circuito Resistivo (ϕ = 0º)

IL > IC IC > IL IC = IL (ressonância)


XC > XL XL > XC XC = XL (ressonância)

A corrente total İ deve ser igual a soma fasorial de todas as correntes, logo:

İ = İR + İL + İC

I = IR + (IC − IL )
2 2
O módulo de İ é:

I C − IL
A fase de İ é: ϕ = arctg
IR

Em um circuito RLC paralelo, o inverso da impedância Ż do circuito é a soma complexa do


inverso da resistência R com o inverso das reatâncias indutivas jXL e capacitiva –jXC, ou seja:

106
1 1  1 1 
= + j − 
 ou Z& = Z∠ϕ
&Z R X X
 C L 

Logo:
2
1 12  1 1 
O módulo de 1/Ż é: = 2
+  − 

Z R  XC X L 

R ⋅ (X C − X L )
A fase de Ż é: ϕ = arctg
XL ⋅ X C

107
RESSONÂNCIA

Uma das características mais importantes dos circuitos RLC é que é possível fazê-lo
responder a uma única freqüência dada, com maior eficácia. Ao funcionar nestas condições, diz-se
que o circuito está em ressonância ou ressoa na freqüência de operação. Um circuito RLC série ou
paralelo trabalhando em ressonância apresenta certas propriedades que permitem que ele responda
seletivamente a certas freqüências rejeitando outras. Um circuito que funciona de modo a fornecer
uma seletividade de freqüência é chamado de circuito sintonizado. Os circuitos sintonizados são
usados no “casamento” de impedâncias, em filtros de passagem de faixa e em osciladores.
Um circuito entra em ressonância quando a reatância capacitiva XC for igual à reatância
indutiva XL, onde:
1
XL = 2 ⋅ π ⋅ f ⋅ L e XC =
2⋅π⋅f ⋅C

Portanto, na ressonância:

1
XL = XC → 2⋅π ⋅f ⋅L =
2⋅π⋅f ⋅C

Tirando o valor de f,

1 1 0,159
f2 = ⇒ f = f0 = =
(2 ⋅ π )
2
⋅L ⋅C 2 ⋅ π ⋅ L ⋅C L ⋅C

1
Como ω0 = 2⋅π⋅f0, podemos escrever: ω 0 =
L ⋅C

onde f0 = freqüência de ressonância, [Hz]


ω0 = freqüência angular de ressonância, [rad/s]
L = indutância, [H]
C = capacitância, [F]

Figura 152 - Ponto de ressonância nas curvas de XC e XL.

O gráfico da figura 152 mostra as curvas de XC e XL e o ponto onde elas se cruzam. Para
qualquer produto LC, existe somente uma freqüência de ressonância. A partir de uma freqüência f0
qualquer, pode-se calcular o valor de L ou C para formar um circuito ressonante.

108
FILTROS PASSIVOS

Filtros são dispositivos eletrônicos que permitem ou rejeitam a passagem de uma faixa
específica de freqüências impondo uma forte atenuação às freqüências rejeitadas e nenhuma
atenuação às freqüências permitidas. Os filtros a serem aqui analisados são todos filtros passivos,
assim chamados porque são constituídos apenas por elementos passivos: resistores, indutores e
capacitores. Dessa forma, os filtros passivos não podem amplificar o sinal de entrada e o sinal na
sua saída terá uma amplitude máxima igual à do sinal de entrada.

Os tipos de filtros mais utilizados são:

Curva de Resposta em
Filtro Característica
Freqüência

Permite a passagem de todas as freqüências


Passa Baixas abaixo da freqüência de corte fC, rejeitando as
demais.

Permite a passagem de todas as freqüências


Passa Altas acima da freqüência de corte fC, rejeitando as
demais.

Permite a passagem de todas as freqüências


acima da freqüência de corte inferior fCi e abaixo
Passa Faixa
da freqüência de corte superior fCs, rejeitando as
demais.

Rejeita a passagem de todas as freqüências


acima da freqüência de corte inferior fCi e abaixo
Rejeita Faixa
da freqüência de corte superior fCs, rejeitando as
demais.

A fórmula da freqüência de corte de um filtro pode ser deduzida a partir da expressão do seu
ganho. O dois métodos mais simples são:

1ª Método: Na freqüência de corte fC, o módulo AVc do ganho vale AVc= -3dB ou AVc = 1/√2. Neste
caso, a freqüência de corte é determinada igualando a expressão do módulo do ganho ao valor AVc.

2ª Método: Na freqüência de corte fC, a fase θAc do ganho vale θAc = ±45º. O sinal da fase depende
do tipo de filtro. Neste caso, a freqüência de corte é determinada igualando a expressão da fase do
ganho ao valor de θAc.

109
Função de transferência ou Ganho: A função de transferência, chamada também de
ganho, é definida como a razão entre o sinal de saída e o sinal de entrada. Quando o circuito possui
mais de uma fonte independente, podemos determinar a função de transferência para cada fonte e
usar o teorema da superposição para obter a resposta global. A função de transferência é um
conceito genérico e não se aplica apenas a filtros, mas em qualquer circuito. Ainda pelo fato de ser
um conceito genérico, os sinais de entrada utilizados para defini-la podem ser as tensões ou as
correntes de entrada e saída ou mesmo outros parâmetros, de acordo com o tipo de comportamento
do circuito que se deseja analisar. Por exemplo, no circuito eletrônico genérico da figura podemos
encontrar a seguintes relações de ganhos (funções transferências):

VS
Ganho de tensão: AV = ,[V/V]
VE
IS
Ganho de Corrente: AI = ,[A/A]
IE
PS
Ganho de Potência: AP = ,[W/W]
PE

Decibel [dB]: É uma unidade básica de medida de relação entre potências, criada por
engenheiros da Bell Telephone System. Esta unidade baseia-se no logaritmo de uma relação, tendo
como característica a compressão do resultado da relação.

O ganho de potência em decibel AP[dB] é dado pelas fórmulas:

PS
A P (dB) = 10 ⋅ log ou A P (dB) = 10 ⋅ logA P
PE

Podemos definir o ganho de tensão em decibéis através das relações:

VS 2
P RS  V  RE 
2
V 
2
R
A P (dB ) = 10 ⋅ log S = 10 ⋅ log = 10 ⋅ log  S  .  = 10 ⋅ log  S  + 10 ⋅ log E ⇒
PE VE 2  V E  R S 
V
 E  RS

RE

VS R
A P (dB ) = 20 ⋅ log + 10 ⋅ log E
VE RS

Nesta expressão, podemos destacar o ganho de tensão dado em decibel, isto é:

VS
AV (dB ) = 20 ⋅ log ou A V (dB ) = 20 ⋅ log AV
VE

Diagrama de Bode ou gráfico logarítmico: É o gráfico que relaciona o ganho de tensão de


um circuito em função da freqüência de operação. A característica do ganho a ser representada pode
se tanto o módulo quanto a sua fase. O módulo do ganho informa o quanto à tensão de saída é maior

110
ou menor do que a tensão de entrada. A fase do ganho informa o quanto à tensão de saída é
defasada em relação à tensão de entrada.
No Diagrama de bode, é utilizado a escala logarítmica para representar as freqüências (eixo
horizontal) e a escala linear tanto para o módulo (em dB), como para o ângulo de fase (em graus).
Observe na figura 153 que mostra o diagrama de bode para um filtro passa baixas, a freqüência de
corte a -3dBs no gráfico da amplitude (magnitude) e a 45° no gráfico da fase.

Figura 153 - Diagrama de bode de um filtro passa baixas passivo.

Filtros Passa Baixas

A forma mais simples de construir filtros passivos é através do uso de circuitos RC e RL.

Filtro Passa Baixas – RC

1
XC =
2⋅π⋅f ⋅C

Figura 154 - Filtro RC passa baixas.

Pela expressão da reatância capacitiva, podemos verificar que esta varia inversamente com a
freqüência. A medida em que a freqüência, do sinal de entrada, tente a infinito (f → ∝), a reatância
do capacitor tende a zero (XC → 0). Em baixas freqüências (f → 0), o valor de XC tende a ser
elevado (XC → ∝).

111
A tensão de saída, que é dada por VS = İ⋅XC, acompanha está variação de XC, sendo igual ao
sinal de entrada (VS → VE) quando a freqüência deste sinal tender a zero (f → 0). A tensão de saída
vai diminuindo progressivamente (VS → 0) com o aumento da freqüência até tender a zero no
infinito (f → ∝).

Cálculo do ganho:

& = − jX C .V
& ⇒ VS = − jX C ⇒ VS = X C ∠ − 90º X C ∠ − 90º
& &
VS E =
R − jX C &
VE R − jX C &
VE  − XC  X 
R 2 + X C 2 ∠arctg  R 2 + X C 2 ∠ − arctg C 
 R   R 
& = XC XC XC X
A V ∠ − 90º-(-arctg ) ⇒ & =
A V ∠ − 90º+arctg C
R + XC
2 2 R R + XC
2 2 R

Substituindo XC por 1/(2πf⋅C) temos a expressão do ganho (módulo e fase) em função dos
parâmetros R e C:

1 1 1
2πf ⋅ C 2πf ⋅ C 2πf ⋅ C 1
Av = = = ⇒ Av =
 1 
2
R ⋅ (2πf ⋅ C ) + 1
2 2
R ⋅ (2πf ⋅ C ) + 1
2 2
(2πf ⋅ R ⋅ C )2 + 1
R + 
2

 2πf ⋅ C  (2πf ⋅ C )2 2πf ⋅ C
 1 
 
2πf ⋅ C  = −90º+arctg  
= −90º+arctg 
1
θA   2πf ⋅ C ⋅ R  ⇒ θ A = −arctg (2πf ⋅ R ⋅ C )
R  
 
 

Sabendo que o módulo do ganho AV, na freqüência de corte vale 1/√2, podemos encontrar a
expressão de fC:

2
   1 
2
1 1  1   ⇒ (2πf C ⋅ R ⋅ C )2 + 1 = 2 ⇒ 2πf C ⋅ R ⋅ C = 1
= ⇒  =  
(2πf C ⋅ R ⋅ C )2 + 1 2 
 (2πf C ⋅ R ⋅ C )2 
+1   2 

1
fC =
2π ⋅ R ⋅ C

Substituindo 2π⋅R⋅C por 1/fC encontramos a expressão do ganho (módulo e fase) em função
de f e fC.
1  f 
AV = e θ A = −arctg  

 f 
2  fC 

 f  +1

 C 

Filtro Passa Baixas – RL

112
X C = 2πf ⋅ L

Figura 155 - Filtro RL passa baixas.

Pela expressão da reatância indutiva, podemos verificar que esta varia diretamente com a
freqüência. A tensão de saída, que se encontra sobre o resistor R, acompanha está variação. A
medida em que a freqüência, do sinal de entrada, tente a infinito (f → ∝), a reatância do indutor
também tende a infinito (XL → ∝) fazendo com que a tensão de saída, que está sobre o resistor R,
tenda a zero (V → 0). Em baixas freqüências (f → 0), o valor de XL tende a ser baixo (XC → 0) e a
tensão sobre o resistor é alta (VS → ∝).

Cálculo do ganho:

& & R∠0º


& =
V
R & ⇒ VS =
.V
R

V S
= =
R
∠0º-(arctg
XL
)
S E
R + jX L &
V R + jX &
V X  R2 + XL2 R
E L E
R 2 + X L 2 ∠arctg L 
 R 
& = R X
A V ∠ − arctg L
R +X
2 2 R
L

Substituindo XL por 2πf⋅L temos a expressão do ganho (módulo e fase) em função dos
parâmetros R e L:

R
R R 1 1
Av = = = ⇒ Av =
R 2 + (2πf ⋅ L )2 R 2 + (2πf ⋅ L )2 R 2 + (2πf ⋅ L )2 2
 2πf ⋅ L 
  +1
R2 R2  R 
 2πf ⋅ L 
θ A = −arctg  
 R 

Sabendo que o módulo do ganho AV, na freqüência de corte vale 1/√2, podemos encontrar a
expressão de fC:
2
 
 
  2 2
1
=
1
⇒
1  =  1  ⇒  2πf C ⋅ L  + 1 = 2 ⇒ 2πf C ⋅ L = 1 ⇒
   2  
 2πf C ⋅ L 
2 2  2πf C ⋅ L 
2
   R  R
  +1    +1 
 R    R  
 

R
fC =
2π ⋅ L

113
Substituindo 2π⋅L/R por 1/fC encontramos a expressão do ganho (módulo e fase) em função
de f e fC.
1  f 
AV = e θ A = −arctg  

 f 
2
 fC 
 
 f  +1
 C

Curvas de Respostas em Freqüências dos Filtros Passa Baixas

Por meio dos diagramas de Bode, podemos representar graficamente o comportamento do


ganho e da fase dos filtros passa baixas RC e RL.

Figura 156 - Comportamento do ganho e da fase do filtro passa baixas.

Filtros Passa Altas – RC e RL

Da mesma forma que os filtros passa baixas, podemos utilizar os parâmetros reativos XC e
XL para a construção simples de filtros passa baixas, conforme mostram as figuras 157 e 158.

RC: RL:

Figura 157 - Filtro RC passa altas. Figura 158 – Filtro RL passa altas.

Comportamento: Comportamento:

114
(f → 0) ⇒ (XC → ∝) ⇒ (VS → 0) (f → 0) ⇒ (XL → 0) ⇒ (VS → 0)
(f → ∝) ⇒ (XC → 0) ⇒ (VS → ∝) (f → ∝) ⇒ (XC → ∝) ⇒ (VS → ∝)

Ganho: Ganho:

V&S R V&S jX L
= =
&
VE R − jX C &
VE R + jX L

R XC XL XL
A& V = ∠arctg A& V = ∠ + 90º−arctg
R + XC
2 2 R R + XL
2 2 R

Ganho em função de f, R e C: Ganho em função de f, R e L:

1 1
AV = AV =
2 2
 1   R 
  + 1   + 1
 2πf ⋅ R ⋅ C   2πf ⋅ L 

1 R
θ A = arctg θ A = arctg
2πf ⋅ R ⋅ C 2πf ⋅ L

Freqüência de corte fC: AV = 1/√2 Freqüência de corte fC: AV = 1/√2

1 R
fC = fC =
2π ⋅ R ⋅ C 2π ⋅ L

Expressões Gerais do Módulo e da Fase do ganho:

1 f 
AV = e θ A = −arctg  C 
 fC 
2  f 
  + 1
 f 

115
Diagrama de Bode:

Figura 159 - Comportamento do ganho e da fase do filtro passa altas passivo.

Filtro Passa Faixa

Os filtros passa faixa, também chamados de filtros de banda de passagem, são aqueles que
deixam passar os sinais cujas freqüências estejam dentro de uma certa faixa e rejeitam os sinais com
freqüências fora dessa faixa. Esses filtros são um pouco mais complexos do que os vistos
anteriormente (passa baixas e passa altas).
Conforme visto na introdução sobre filtros passivos, um filtro passa faixa ideal tem duas
freqüências de corte, fci e fcs, que identificam a banda de passagem. Existem três outros parâmetros
importantes que caracterizam um filtro passa-faixa:

1. A freqüência central ou freqüência de ressonância, ω0, definida como a freqüência para a


qual a função de transferência do circuito é um número real. A freqüência central é a média
natural das freqüências de corte, ou seja, ω 0 = ω ci ∗ ω cs ;
2. A banda passante, ωB, definida como a largura da banda de passagem: ωB = ωci – ωcs ;
3. E o fator de qualidade, Q, que é a razão entre a freqüência central e a banda passante:
Q = ω 0 ω B . O fator de qualidade é uma medida da largura da banda passante que não
depende da posição absoluta das freqüências de corte. Ele também descreve a forma do
gráfico do módulo da função de transferência em função da freqüência, independentemente
do valor da freqüência central. Embora um filtro passa-faixa possa ser descrito por cinco
parâmetros, ωci, ωcs, ω0, ωB e Q, apenas dois desses parâmetros podem ser especificados
livremente, ou seja, uma vez conhecidos dois desses parâmetros, os outros três podem ser
calculados a partir deles.

116
O circuito RLC em série pode se comportar como um filtro passa-faixa se a saída do filtro for
definida como a tensão entre os terminais do resistor, como mostra a figura 160.

Figura 160 - Filtro passa faixa passivo.

Efetuando a análise do circuito:

- A impedância equivalente do circuito em série:

Zeq = jωL +1/(jωC) + R → Zeq = R + j(ωL – 1/ωC)

- A tensão de entrada é dada por: V& E = Z eq ⋅ &I

- A tensão de saída é dada por: V& s = R ⋅ &I

- Dessa forma, temos que o ganho é:

R 1
A& V = ⇒ A&V =
 1  ω⋅L 1 
R + j ⋅ ω ⋅ L −  1+ j ⋅ − 
 ω⋅C   R ω⋅C ⋅ R 

- A freqüência central ou de ressonância é aquela onde ganho é um número real, dessa forma:

ω0 ⋅ L 1 ω0 ⋅ L 1 1
− =0 ⇒ = ⇒ ω0 =
R ω0 ⋅ R ⋅ C R ω0 ⋅ R ⋅ C L⋅C

- Desenvolvendo AV, chegamos a:

1 ω0 R
AV = ; onde Q = e ωB =
 ω ω0  ωB L
1 + j ⋅ Q ⋅  − 
 ω0 ω 

- A amplitude (magnitude) e a fase são dados por:

1 ω ω0 
AV = θ A = −arctgQ ⋅  − 
 ω ω0 
2
 ω0 ω 
1 + Q 2 ⋅  − 
 ω0 ω 

117
2
ω ω0 
2
- Quando AV = 1 2 , temos que: Q  −  = 1 . Essa é uma equação de quarta ordem, cujas
 ω0 ω 
soluções de interesse (freqüências de corte) são:

1 ω0 1 ω0
ω ci = ω 0 ⋅ 2
− e ω cs = ω 0 ⋅ 2
+
1  2Q 1  2Q
 2Q   2Q 
   

- Demonstrando ωB:

ω0 ω0 ω0
ω cs − ω ci = + = =ωB
2Q 2Q Q

- Fórmula de Q:

1
ω LC L
Q= 0 = =
ωB R CR 2
L

• Um circuito com alto fator de qualidade Q possui uma largura de banda estreita: ωB = ω0/Q.
• Para um fator de qualidade Q > 10, temos: ωci = ω0 – ωB/Q e ωcs = ω0 + ωB/Q.
• Neste caso, a curva de magnitude de AV é aproximadamente simétrica em torno de ω0.

A seguir temos na figura 161 o gráfico da magnitude e da fase de AV em função da variação


da freqüência angular:

Figura 161 - Diagrama de bode para um filtro passa faixa passivo.

Filtro Rejeita Faixa

118
Os filtros rejeita faixa, também chamados de filtros de banda de rejeição, são aqueles que
deixam passar os sinais cujas freqüências estejam fora de uma certa faixa, definida por duas
freqüências de corte (similarmente aos filtros passa faixa) e rejeitam os sinais com freqüências
dentro dessa faixa. Esses filtros possuem complexidade igual à dos filtros passa-faixa e estes dois
filtros desempenham papéis complementares no domínio da freqüência.
Os filtros rejeita faixa são caracterizados por parâmetros semelhantes aos dos filtros passa
faixa: duas freqüências de corte, a freqüência central, a banda rejeitada, e o fator de qualidade.
Também neste caso, apenas dois dos parâmetros podem ser especificados livremente.
O circuito RLC em série pode se comportar como um filtro passa faixa se a saída do filtro
for definida como a tensão entre os terminais do resistor como mostra a figura 162.

Figura 162 - Filtro rejeita faixa passivo.

Efetuando a análise desse circuito:

- A impedância equivalente do circuito em série:

Zeq = jωL +1/(jωC) + R → Zeq = R + j(ωL – 1/ωC)

- A tensão de entrada é dada por: V& E = Z eq ⋅ &I

 1  &
- A tensão de saída é dada por: V& s = j ⋅  ω ⋅ L − ⋅I
 ω ⋅C 

- Dessa forma, temos:

A& V =
(
j⋅ ω⋅L− 1
ω⋅L ) A& V =
(1 L ⋅ C − ω )
2

(
R+ j⋅ ω⋅L− 1
ω ⋅C ) ⇒
1
 L⋅C −ω +
2 j ⋅ω ⋅ R 
L 

- Lembrando que a freqüência central ou de ressonância é aquela onde a soma das impedâncias do
indutor e do capacitor são iguais a zero:

ω0 ⋅ L 1 1
− =0 ⇒ ω0 =
R ω0 ⋅ R ⋅ C L⋅C

119
- Desenvolvendo AV, chegamos a:

A& V =
(ω 0
2
−ω2 ) ; onde Q =
ω0
e ωB =
R
 2  ωB
ω 0 − ω 2 + j ω ⋅ ω 0
2 L

 Q 
 

- A amplitude (magnitude) e a fase são dados por:

 ω ⋅ω0
AV =
(ω 2
−ω2 ) 
θ A = −arctg  2
Q


( ) 
0

 ω 0 − ω 2
(ω 0
2
−ω2 )
2
+
ω 2 ⋅ω02
Q2



- Igualando AV = 1 2 podemos obter as duas freqüências de corte:

1 ω0 1 ω0
ω ci = ω 0 ⋅ 2
− e ω cs = ω 0 ⋅ 2
+
1  2Q 1  2Q
 2Q   2Q 
   

A seguir temos na figura 163 o gráfico da magnitude e da fase de A em função da variação


da freqüência angular:

Figura 163 - Diagrama de bode para um filtro rejeita faixa passivo.

120
POTÊNCIA E FATOR DE POTÊNCIA

A potência instantânea é dada pela fórmula: p= v⋅i


Quando v e i forem ambos positivos ou ambos negativos, o seu produto p será sempre
positivo. Portanto, está sendo gasta uma potência através do ciclo, figura. Se i for positivo e v
negativo em qualquer parte do ciclo, ou se v for positivo e i negativo em qualquer parte do ciclo o
seu produto será negativo. Está “potência negativa” não está disponível para a realização de
trabalho; é a potência que volta para a linha.

Figura 164 - Diagrama temporal de potência quando a tensão Figura 165 - Diagrama temporal de potência num circuito RL
e a corrente estiverem em fase. série quando a corrente segue a tensão pelo
ângulo de fase θ.

O produto da tensão/corrente em uma resistência é sempre positivo e é chamado de potência


real. Esta potência real pode ser considerada como a potência resistiva dissipada na forma de calor.
Como a tensão através de uma reatância está sempre 90º fora de fase em relação a corrente
que passa por esta reatância, o produto px = vx⋅ix é sempre negativo. Este produto é chamado de
potência reativa e é devido à reatância do circuito.
O produto da tensão/correte da linha é conhecido como potência aparente.
A potência real, a potência reativa e a potência aparente podem ser representadas por um
triângulo, figura 166. Desse triângulo tira-se as fórmulas para a potência:

Figura 166 -Triângulo de potência.

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Potência real: P = VR⋅IR = V⋅I⋅cos θ ,[W,Watts]

Potência reativa: PQ = VX⋅IX = V⋅I⋅sen θ ,[VAR, Volt-Ampère Reativo]

Potência aparente: PS = V⋅I ,[VA, Volt-Ampère]

Tendo a tensão da linha (real) como referência, num circuito indutivo, a potência aparente
(PS) segue atrás da potência real (P), como mostra a figura 167; enquanto num circuito capacitivo a
potência aparente (PS) segue adiante da potência real (P).

Figura 167 - Triângulos de potência indutivo e capacitivo.

A razão ente a potência real e a potência aparente é chamada de fator de potência (FP):

potência real V ⋅I V ⋅ I ⋅ cos θ


FP = = R R = ⇒ FP = cos θ
potência aparente V ⋅I V ⋅I

O fator de potência é um valor positivo entre 0 e 1 que reflete o quanto da potência aparente
fornecida pelo gerador é efetivamente consumido pelo circuito ou pela impedância.

Exemplos:

- Uma corrente de 7A segue uma tensão de 220V formando um ângulo de 30º. Qual é o FP e a
potência real consumida pela carga?

FP = cos θ = cos 30º = 0,866 ∴Resp.

P = V⋅I⋅cos θ = 220⋅7⋅0,866 = 1334W ∴Resp.

- Um motor com a especificação 240V, 8A consome 1536W com carga máxima. Qual é o seu
FP?

P P 1536
FP = = = = 0,8 ou 80% ∴ Resp.
PS V ⋅ I 240 ⋅ 8

- Num circuito CA com RLC série a corrente da linha de 2A segue a tensão aplicada de 17V
formando um ângulo de 61,9º. Calcule FP, P, PQ e PS. Desenhe o triângulo de potência.

FP = cos θ = cos 61,9º = 0,471 ou 47,1% indutivo ∴Resp.

122
P = V⋅I⋅cos θ = 17⋅2⋅0,471 = 16 W ∴Resp.

PQ = V⋅I⋅sen θ = 17⋅2⋅sen 61,9º = 30 VAR indutivo ∴Resp.

PS = V⋅I = 17⋅2 = 34 VA ∴Resp.

Correção do Fator de Potência

Em nível industrial podemos encontrar três tipo de cargas:

 Cargas resistivas que tem um FP = 1. Exemplo, lâmpadas incandescentes e aquecedores


elétricos.
 Cargas Indutivas que tem um FP < 1. Exemplo, lâmpadas fluorescentes, motes CA,
transformadores e qualquer máquina que opere por meio de motores e transformadores.
 Cargas capacitivas com FP < 1. Essas cargas não são muito comuns, como exemplo
podemos citar o motor síncrono subexcitado.

A grande maioria das instalações industriais têm corrente total da linha atrasada, já que a
maioria das cargas são indutivas ou resistivas. No entanto, a energia cobrada da concessionária
refere-se à potência ativa (P) e não à potência aparente (PS). Do ponto de vista técnico e econômico,
para a concessionária isso não é bom, pois ela é obrigada a gerar mais energia do que o necessário.
Por isso, ela sobretaxa os consumidores industriais cujas instalações elétricas operam com fator de
potência FP < 0,92.Outros problemas do baixo fator de potência é o sobre dimensionamento da rede
elétrica.
A solução para este problema é a correção do fator de potência que pode ser realizada
através da inserção de um capacitor ou banco de capacitores em paralelo com as cargas. A função
dessa capacitância é compensar o atraso da corrente.

123
TRANSFORMADORES

O transformador é constituído basicamente por duas bobinas isoladas eletricamente e


enroladas em torno de um núcleo comum. Para se transferir a energia elétrica de uma bobina para a
outra usa-se o acoplamento magnético que converte a energia elétrica da primeira bobina e
magnéticas e a seguir converte essa energia magnética em energia elétrica na segunda bobina. A
figura 168 mostra o esquema básico de um transformador.

Figura 168 - Transformador.

O enrolamento onde é aplicada a tensão a ser convertida (Vp) é chamado de enrolamento


primário e o enrolamento onde é retirada a tensão (Vs) é chamado de enrolamento secundário.
A tensão nas bobinas de um transformador é diretamente proporcional ao número de espiras
das bobinas, matemática:

VP N
= P
VS NS

onde, VP = tensão na bobina do primária, [V]


VS = tensão na bobina do secundário, [V]
NP = número de espiras da bobina do primário
NS = número de espiras da bobina do secundário

Quando a tensão do secundário é maior do que a tensão do primário, o transformador é


chamado de transformador elevador e quando a tensão no secundário for menor do que a tensão no
primário, o transformador é chamado de transformador abaixador.

Exemplo: Um transformador com núcleo de ferro funcionando numa linha de 120V possui 500
espiras no primário e 100 espiras no secundário. Calcule a tensão no secundário.

VP N NS 100
= P ⇒ VS = VP ⋅ ⇒ VS = 120 ⋅ ∴ VS = 24V
VS NS NP 500

Em um transformador ideal a potência obtida no secundário é igual à potência aplicada ao


primário, não existindo perdas. Efetuando-se essa igualdade, temos:

VP I
PP = PS ou V P⋅I P = V S ⋅ I S ∴ = S
VS IP

124
onde, PP = potência do primário
PS = potência do secundário
IP = corrente do primário
IS = corrente que circula no secundário quando for ligada uma carga

Igualando-se as equações da relação de corrente com a do número de espiras, podemos


escrever:
VP N I
= P = S
VS NS IP

Em um transformador real a potência obtida no secundário é menor que a potência aplicada


ao primário, existindo perdas, logo: PP = PS + Pd

onde: Pd = potência perdida

As principais perdas num transformador ocorrem nos enrolamentos e no núcleo. Nos


enrolamentos, devido à resistência ôhmica do fio, parte da energia é convertida em calor por Efeito
Joule, causando perdas denominadas perdas no cobre.
As perdas no núcleo têm origem em dois fatores: perdas por histerese e perdas por corrente
parasitas. A perda por histerese se refere à energia perdida pela inversão do campo magnético no
núcleo à medida que a corrente alternada de magnetização aumenta e diminui mudando de sentido.

Figura 169 - Curva de histerese.

A figura 169 mostra como o magnetismo no núcleo muda quando a corrente alternada flui
no enrolamento primário. Esta figura mostra que, quando o primeiro meio ciclo de corrente atingir
seu valor máximo, o magnetismo atingirá também seu valor máximo. Quando o primeiro ciclo é
completado o valor da corrente cai novamente a zero, porém o valor do magnetismo não cai a zero.

125
A quantidade de magnetismo que permanece no ferro é marcada na curva da figura 169, com
a letra a. O magnetismo remanescente é chamado remanência. A figura mostra que a corrente na
bobina primária deve fluir na direção inversa para reduzir o fluxo magnético à zero. Isso significa
que parte da onda é utilizada para desmagnetizar o ferro. Esta corrente provoca uma força
magnetizante marcada com a letra b na figura. A força magnetizante necessária para remover o
magnetismo é chamada força coersiva. A figura mostra que o fluxo atinge o valor máximo quando
a corrente está no máximo e a figura mostra a curva característica para vários ciclos de uma entrada
com corrente alternada. Quanto maior os valores de a e b, maiores serão as perdas por histerese. A
curva da figura é chamada curva de histerese. Essa curva é característica para cada tipo de material.
O ideal em núcleos de transformadores é o uso de materiais que apresentem baixas perdas por
histerese.

A perda por correntes parasitas ou correntes de Foucault resulta das correntes induzidas
que circulam no material do núcleo.
Para minimizar as perdas pelas correntes parasitas, o núcleo é constituído por chapas
laminadas de aço-silício, isoladas por um verniz e solidamente agrupadas.
Também podem ocorrer pela dispersão de fluxo magnético. Para reduzir este tipo de perdas,
todo o conjunto tem um formato apropriado, onde os enrolamentos primário e secundário são,
através de um carretel, colocados na parte central, concentrando dessa maneira as linhas de campo
magnético. A figura 170 mostra um transformador com as suas características construtivas.

Figura 170 - (a) Aspectos construtivos de um transformador. (b) Transformador.

O rendimento do transformador pode ser calculado através da expressão matemática:

PS potência de saída potência de saída


η= = =
PP potência de entrada potência de saída + perda no cobre + perda no núcleo

126
ou, em porcentagem:

PP
η% = ⋅ 100
PS

Encontramos diversos tipos de transformadores, que de acordo com a aplicação a qual se


destinam, possuem aspectos construtivos apropriados. Como, por exemplo, temos o transformador
de alta tensão muito utilizado em televisores conhecido como Fly-back, cujo núcleo, de ferrite, e os
enrolamentos, possuem características apropriadas para trabalhar como elevador de tensão em
freqüências altas.
Uma outra característica importante é a do tipo de enrolamento, que pode ser: simples,
múltiplo ou com derivação. A figura 171 ilustra alguns tipos de enrolamentos.

Figura 171 - Tipos de enrolamentos.

O autotransformador constitui um tipo especial de transformador de potência. Ele é


formado por um único enrolamento, como mostra a figura 172. Ao longo do comprimento deste
enrolamento é colocada uma terminação de onde sai um fio que forma um outro terminal. A
simplicidade do autotransformador o torna mais econômico e de dimensões mais compactas.
Entretanto, ele não fornece isolação elétrica entre os circuitos do primário e do secundário.

Figura 172 - Autotransformador.

127
O símbolo utilizado para transformador não dá indicação sobre a fase da tensão através do
secundário, uma vez que a fase dessa tensão na verdade depende do sentido dos enrolamentos em
volta do núcleo. Para resolver este problema são usados pontos de polaridade para indicar a fase dos
sinais do primário e do secundário. As tensões estão ou em fase (figura 173a) ou 180º fora de fase
com relação à tensão do primário (figura 173b).

Figura 173 - Notação da polaridade das bobinas dos transformadores.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

- Eduardo Cesar A. Cruz. Praticando Eletricidade – Circuitos em Corrente Contínua. São


Paulo: Érica.
- Eletrônica para Eletricistas. Sabe Eletrônica. 1ª Edição.
- Fitzgerald. Engenharia Elétrica. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1981.
- Francisco Gabriel Capuano. Laboratório de Eletricidade e Eletrônica. São Paulo: Érica,
1988.
- João Michel Andrey. Eletrônica Básica: teoria e prática. São Paulo: Rideel, 1999.
- Marco Cipelli e Otávio Markus. Circuitos Elétricos: Corrente Contínua e Corrente
Alternada. São Paulo: Érica, 2001.
- Marco Cipelli e Otávio Markus. Ensino Modular – Eletricidade – Circuitos em Corrente
Contínua. São Paulo: Érica.
- Milton Gussow,. Eletricidade Básica. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1985.
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- Rômulo Oliveira Albuquerque.: Análise de Circuitos em Corrente Contínua. São Paulo:
Érica.

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