Apostila de Eletricidade CC & CA
Apostila de Eletricidade CC & CA
Apostila de Eletricidade CC & CA
CURSO DE ELETROTÉCNICA
APOSTILA DE ELETRICIDADE
RIO DE JANEIRO
2010
ENERGIA E TRANSFERÊNCIA DE ENERGIA
Trabalho: Realiza-se trabalho quando algo é movido contra uma força resistiva. Por
exemplo, realizamos trabalho quando um peso é levantado contra a atração da gravidade (figura 1),
ou quando empurramos um engradado a uma determinada distância (figura 2).
O trabalho realizado é obtido através do produto da força aplicada pela distância através da
qual a força se move, isto é:
Energia: Energia é a capacidade de realizar trabalho; o trabalho também pode ser visto
como uma transferência de energia. A energia mecânica é medida nas mesmas unidades que o
trabalho. Por exemplo, quando um peso é levantado, o corpo humano ou o dispositivo de içamento
que o moveu despende energia. O peso, por outro lado, adquire energia potencial, em virtude de
haver sido elevado acima do chão. Essa energia potencial armazenada no peso levando pode ser
utilizada, por exemplo, para levantar outro peso através de um sistema de polias ou pode ser
2
deixado cair como em um bate-estaca transferindo a sua energia para a estaca no momento do
impacto.
W
P =
t
3
CARGA ELÉTRICA
Campo Elétrico
Existe uma região de influência em torno de uma carga elétrica tal que uma força tornar-se-á
tanto menor quanto mais afastada estiver a carga. Uma região de influência como está é chamada r
Campo. O campo estabelecido pela presença de cargas elétricas é chamado de Campo Elétrico E e
quando as cargas elétricas estão em repouso esse campo será chamado de Campo Eletrostático.
O campo elétrico pode ser representado por linhas de campo radias orientadas e a sua
unidade é o newton/coulomb [N/C]. Se a carga for positiva, o campo é divergente, isto é, as linhas
de campo saem da carga e se a carga for negativa, o campo é convergente, isto é, as linhas de
campo chegam à carga conforme mostra a figura 6.
4
Quando duas cargas de sinais contrários estão próximas, as linhas de campos convergem da
carga positiva para a carga negativa conforme a figura 7. Em cargas próximas de mesmo sinal as
linhas de campo se repelem, figuras 8 e 9.
Figura 8 - Linhas de campo entre cargas positivas. Figura 9 - Linhas de campo entra cargas negativas.
Quando duas placas paralelas são eletrizadas com cargas de sinais contrários, surge entre
elas um campo elétrico uniforme, caracterizado por linhas de campo paralelas.
Figura 10 - Linhas de campo entre duas placas paralelas eletrizadas com cargas contrárias.
K ⋅Q
A expressão matemática do campo elétrico é dada por: E =
d2
9 2 2
onde: K = constante dielétrica = 9x10 N.m / C (no vácuo e no ar)
Q = módulo da carga elétrica, em Coulomb [C]
d = distância, em metro [m]
Força Elétrica
r
Um carga Q colocada em um campo elétrico uniforme, ficará sujeita a uma força F , cuja
unidade de medida é newton [N] e cujo módulo é:
F = Q⋅E
5
A amplitude da força entre duas partículas carregadas é proporcional ao produto das cargas e
inversamente proporcional ao quadrado da distância entre elas. Isto é, a força F entre duas
partículas carregadas com cargas Q1 e Q2 é dada por:
Q1 .Q 2
F =k
d2
onde d é a distância entre as cargas e k é uma constante que depende das unidades usadas e do meio
que envolve as cargas. Esta equação é conhecida como Lei de Coulomb ou Lei do Inverso do
Quadrado
Potencial Elétrico
Dizer que uma carga elétrica fica sujeita a uma força quando esta numa região submetida a
um campo elétrico, significa dizer que, em cada ponto dessa região existe um potencial para a
realização de trabalho. O potencial elétrico (V) é expresso em volts e é dado pela expressão:
K ⋅Q
V =
d
O potencial elétrico é uma grandeza escalar, podendo ser positivo ou negativo, dependendo
do sinal da caga elétrica. Pela expressão acima, podemos verificar que o potencial em uma
superfície onde todos os pontos estão a uma mesma distância da carga geradora, possui sempre o
mesmo valor. Essas superfícies são denominadas de superfícies equipotenciais.
6
Diferença de Potencial - ddp
Seja uma região submetida a um campo elétrico E criado por uma carga Q positiva
conforme mostra a figura 14. Colocando um elétron –q no ponto A, situado a uma distância dA da
carga Q, ele se movimentará no sentido contrário do campo, devido à força F que surge no elétron,
indo em direção ao ponto B, situado a uma distância dB da carga Q.
Como dA > dB, o potencial do ponto A é menor que o do ponto B, uma vez que o potencial é
K ⋅Q
dado pela expressão V = . Assim podemos escrever que VA < VB.
d
Conclui-se, então, que uma carga negativa move-se do potencial menor para o maior. Se
uma carga positiva +q fosse colocada no ponto B, ela se movimentaria na mesma direção do campo
elétrico, indo do potencial maior para o menor.
Assim, para que uma carga se movimente, isto é, para que haja condução de eletricidade, é
necessário que ela esteja submetida a uma diferença de potencial ou ddp.
7
dispositivo que melhor exemplifique este estudo seja uma roda hidráulica obtendo trabalho a partir
de uma queda d’água. De um modo mais ou menos análogo, podemos obter trabalho de um fluxo de
cargas que se movam sob a influência de forças elétrica para uma posição de potencial mais baixo.
8
CORRENTE ELÉTRICA
carga em coulombs Q
I = =
tempo t
A unidade de corrente é o ampère (abreviado por A). Existe um ampère de corrente quando
as cargas fluem na razão de um coulomb por segundo. Devemos especificar tanto a intensidade
quanto o sentido da corrente.
Exemplo: Se a carga que passa pela lâmpada do circuito da figura 21 é de 14 coulombs por
segundo, qual será a corrente:
Q 14 coulonbs
I = = = 14A
t 1 segundo
9
A utilidade prática de uma corrente continua ou alternada é o resultado dos efeitos por ela
causados. Os principais fenômenos que apresentam uma grande importância prática e econômica
são:
2. Efeito Magnético (Oersted): Nas vizinhanças de um condutor que carrega uma corrente
elétrica, forma-se um segundo tipo de campo de força, que fará as forças serem exercidas
sobre outros elementos condutores de corrente ou sobre peças de ferro. Este campo,
chamado de Campo Magnético coexiste com o Campo Elétrico causado pelas cargas. Este
fenômeno é o mesmo que ocorre na vizinhança de um imã permanente.
Aplicações: telégrafo, relé, disjuntor.
3. Efeito Químico: Quando a corrente elétrica passa por soluções eletrolíticas ela pode separar
os íons.
Aplicações: Galvanoplastia (banhos metálicos).
4. Efeito Fisiológico: Efeito produzido pela corrente elétrica ao passar por organismos vivos
Exemplos:
1. Qual a intensidade da corrente elétrica que passa pela seção transversal de um fio condutor,
sabendo-se que uma carga de 3600 µC leva 12 segundos para atravessá-la?
Q 3600 ⋅ 10 −6 C
I = = = 300µA
t 12s
2. Pela seção transversal de um fio condutor passou uma corrente de 2mA durante 45 segundos.
Quantos elétrons atravessaram essa seção nesse intervalo de tempo?
10
Q
I = ⇒ Q = I ⋅ t = 2.10 −3 A ∗ 45s = 90mC = 90 ⋅ 10 −3 C
t
carga de 1 elétron é dada por q = -1,6⋅10-19C, utilizando somente o módulo de q e uma simples
regra de 3, temos
1 elétron = 1,6⋅10-19
N elétrons = 90⋅10-3
90 ⋅ 10 −3
N= ⇒ N = 562,5 ⋅ 1015 elétrons
1,6 ⋅ 10 −19
11
DIFERENÇA DE POTENCIAL ELÉTRICO OU TENSÃO ELÉTRICA
Por outro lado, se um dos fios fosse desligado, ou a chave estiver aberta, teríamos um
circuito aberto, sendo nula a corrente I, e, portanto, não havendo transferência de energia. Um outro
caso ocorreria se ligássemos um fio entre os pontos c e d da lâmpada ou entre os pontos a e b da
bateria. Neste caso, teríamos um curto-circuito. A corrente de saída da fonte seria elevada
(freqüentemente destrutivamente elevada), mas somente uma porção insignificante passaria pela
lâmpada e não haveria uma transferência eficiente de energia para a lâmpada. Usualmente é feita
uma proteção contra esses problemas, inserindo fusíveis ou disjuntores que abrem automaticamente
quando ocorrem tais falhas.
No circuito da figura utilizou-se o símbolo padrão para uma bateria, com linhas paralelas
mais longas indicando o terminal positivo ou aquele pelo qual a corrente sai da bateria ao fornecer
energia ao circuito. A figura 23 mostram outros tipos de simbologias padrões para representar
fontes de tensão CC.
Considerando que o circuito da figura 21 não possua nenhum tipo de problema de curto-
circuito ou circuito aberto. Para que se mantenha a corrente I no circuito é necessário gastar energia
da mesma forma que para manter o fluxo de água através de um sistema de tubulações. Deve-se
realizar trabalho para dar às cargas elétricas a energia que elas entregam ao fluir através dos fios e
das lâmpadas. Este trabalho ou energia deve, é claro, ser obtido da fonte por conversão de energia
química em energia elétrica na bateria da figura 21, por exemplo, ou conversão de energia mecânica
em elétrica no caso de um gerador.
12
O trabalho realizado ao movimentar-se uma carga positiva unitária entre dois pontos de um
circuito é chamado de diferença de potencial ou tensão entre dois pontos. Em outras palavras,
tensão é o trabalho por unidade de carga. Deve-se especificar dois pontos no circuito, uma vez que
o trabalho é realizado ao mover-se a carga de um ponto para outro. Se o trabalho realizado ao
mover-se uma carga de 1 C de um ponto a outro for de 1 J, a diferença de potencial entre esses
pontos será de 1 Volt (abrevia-se V). O trabalho, ou energia total W associado com o movimento de
Q coulombs entre dois pontos, é;
W = E ⋅Q
A fonte de tensão E se encontra entre os dois potenciais VA e VB, portanto, essa fonte
representa a diferença entre estes dois potenciais. Matematicamente temos:
E = VA - VB = VAB
Fontes de Alimentação
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aumentar a tensão, como por exemplo, 3 pilhas de 1,5V cada fornecem 4,5V juntas. Tanto as
baterias como as pilhas produzem energia elétrica a partir de energia liberada por reações químicas.
Com o tempo de uso, as reações químicas dessas baterias ou pilhas liberam cada vez menos
energia, fazendo com que a tensão disponível seja cada vez menor. Hoje em dia, existem muitos
tipos de baterias que podem ser recarregados por aparelhos apropriados, inclusive as pilhas comuns,
o que é um avanço importante, sobretudo no que se refere ao meio ambiente.
Outro tipo de fonte de tensão são as fontes de alimentação eletrônicas que utilizam um
circuito eletrônico para converter a tensão alternada da rede elétrica em tensão contínua. Esses
dispositivos são conhecidos por eliminadores de bateria, e são amplamente utilizados em
equipamentos portáteis como aparelhos de som, vídeo games, etc.
Outro tipo de fonte de tensão muito utilizado em laboratórios e oficinas de eletrônicas, são
as fontes de tensão variáveis (ou ajustáveis). Este tipo de fonte tem a vantagem de fornecer tensão
contínua e constante, cujo valor pode ser ajustado manualmente, conforme a necessidade. Nas
fontes variáveis mais simples, o único tipo de controle é o ajuste de tensão. Nas mais sofisticadas,
existem ainda os controles de ajuste fino de tensão e de limite de corrente.
Em circuitos elétricos, deve-se sempre estabelecer um ponto cujo potencial elétrico servirá
de referência para medidas das tensões. Em geral, a referência é o pólo negativo da fonte de
alimentação, que pode ser considerado um ponto de potencial zero, fazendo com que a tensão
entre qualquer outro ponto do circuito e essa referência seja o próprio potencial elétrico do ponto
considerado.
Assim, se VB é a referência do circuito da figura 24, a tensão VAB entre os pontos A e B é
dada por:
VAB = VA – VB = VA - 0 = VA
A essa referência, damos o nome de terra, massa ou GND (ground), cujos símbolos mais
utilizados são mostrado na figura 25.
Exemplo: Dado o circuito da figura 26, represente seus dois diagramas elétricos equivalentes
utilizando o símbolo de terra.
14
Figura 26 - Circuito elétrico.
ou
Fonte de Corrente
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POTÊNCIA E ENERGIA ELÉTRICA
W E .Q
P = = watts ou joule/segundo
t t
Do ponto de vista prático, interessa-nos mais a corrente do que a carga. Utilizando a equação
I = Q/t, obtém-se uma forma mais útil para a equação P = (E⋅Q)/t , que é
Como I =
Q
t
, ⇒ P = E .I watts
W = E .I .t watt-segundo ou joules
Até agora já foram introduzidas as grandezas elétricas principais com as quais estaremos
tratando. Um resumo delas está apresentado na tabela 1, juntamente com suas unidades de medida e
abreviaturas mais usadas. Para alguns propósitos, estas unidades são inconvenientemente pequenas
ou grandes. Para expressar unidades maiores ou menores, usa-se uma série de prefixos juntamente
com o nome da unidade básica, evitando-se assim uma aglomeração de zeros antes ou depois da
vírgula decimal. Esses prefixos, com suas abreviaturas, são apresentados na tabela-2.
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Tabela 2 - Prefixos usados com unidades elétricas
Para grandezas Para grandezas
maiores que a unidade menores que a unidade
Quilo (K) 103 unidades Mili (m) 10-3 unidades
Mega (M) 106 unidades Micro (µ) 10-6 unidades
Giba (G) 109 unidades Nano (n) 10-9 unidades
Tera (T) 1012 unidades Pico (p) 10-12 unidades
Exemplo: A lâmpada do circuito da figura 21 está sujeita a uma tensão de 115 V. A corrente
I do circuito é 2,61 A. Qual é a potência consumida pela lâmpada? Quanto se gasta ao manter acesa
por 10 horas, se a energia elétrica custa 2 centavos por kWh?
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MULTÍMETRO – VOLTÍMETRO, AMPERÍMETRO E OHMÍMETRO
Fundo de escala é o máximo valor medido, por exemplo, quando giramos a chave seletora
do multímetro da figura 29 até a posição de 20 DC V, o fundo de escala é de 20 volts. Em
multímetros analógicos o fundo de escala é a máxima deflexão do ponteiro.
Generalidades:
• Em qualquer valor medido está associado um erro. O valor estimado para esse erro pode
ou não ser significante dependendo da aplicação;
• erro depende não somente do equipamento, como também do procedimento de medida;
• Qualquer aparelho de medida interfere no circuito que está sendo medido.
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Voltímetro: É o instrumento utilizado para medir a tensão (diferença de potencial) entre
dois pontos de um circuito elétrico. Para que o multímetro funcione basta selecionar uma das
escalas para medida de tensão (CC ou CA). A simbologia utilizada para voltímetro é mostrada na
figura 31.
Para medir uma tensão, as ponteiras do voltímetro devem ser ligadas aos dois pontos do
circuito em que se deseja conhecer a diferença de potencial, isto é, em paralelo, podendo envolver
um ou mais dispositivos, como mostra a figura 32.
Se a tensão a ser medida for contínua (CC), o pólo positivo do voltímetro deve ser ligado no
ponto de maior potencial e o pólo negativo no ponto de menor potencial. Assim, o voltímetro
indicará um valor positivo de tensão.
Cuidado! Estando a ligação dos terminais do voltímetro invertida, sendo digital, o display
indicará valor negativo; sendo analógico, o ponteiro tentará defletir no sentido contrário, o que
poderá danificá-lo.
Se a tensão a ser medida for alternada (CA), os pólos positivo e negativo do voltímetro
podem ser ligados ao circuito sem levar em conta a polaridade, resultando numa medida sempre
positiva.
Observação: Um voltímetro ideal tem resistência interna infinita. Isto para que a corrente
do circuito não circule pelo voltímetro e este não interfira no comportamento do circuito. Um
voltímetro real possui uma resistência interna muito alta, mas não infinita, que causa um pequeno
erro. Porém, esse erro, normalmente, pode ser desprezado, pois geralmente é menor que as
tolerâncias dos componentes do circuito.
Amperímetro: Este instrumento é utilizado para medir a corrente elétrica que atravessa
um condutor ou um dispositivo. Para que o multímetro funcione como um amperímetro, basta
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selecionar uma das escalas para medida de corrente (CC ou CA). A simbologia utilizada para
amperímetro é mostrada na figura 34.
Para medir uma corrente, o circuito deve ser aberto no ponto desejado, ligando o
amperímetro em série, para que a corrente elétrica passe por ele. A corrente que passa por um
dispositivo pode ser medida antes ou depois dele, já que a corrente que entra num bipolo é a mesma
que sai.
Se a corrente a ser medida for contínua (CC), o pólo positivo do amperímetro deve ser
ligado ao ponto pelo qual a corrente convencional entra, e o pólo negativo ao ponto pelo qual ela
sai.
Cuidado! Se a ligação dos terminais do amperímetro for invertida, sendo digital, o display
indicará valor negativo; sendo analógico, o ponteiro tentará defletir no sentido contrário, podendo
danificá-lo.
Cuidado! Caso a corrente a ser medida for alternada (CA), os pólos positivo e negativo do
amperímetro podem ser ligados ao circuito sem levar em conta a polaridade, resultando numa
medida sempre positiva.
Observação: Um amperímetro ideal tem resistência interna zero. Isto para que o
amperímetro não forneça resistência à passagem de corrente do circuito e este não interfira no
comportamento do circuito. Um amperímetro real possui uma resistência interna muito baixa, mas
não zero, que causa um pequeno erro. Porém, esse erro, normalmente, pode ser desprezado, pois
geralmente é menor que as tolerâncias dos componentes do circuito.
20
Para a medida, os terminais do ohmímetro devem ser ligados em paralelo com o dispositivo
ou circuito a ser medido, sem importar-se com a polaridade dos terminais do ohmímetro.
Cuidado! Nunca segure os dois terminais do dispositivo a ser medido com as mãos, pois a
resistência do corpo humano pode interferir na medida, causando um erro.
1. Escolhe-se a escala desejada, que é um múltiplo dos valores da escala graduada: x1, x10,
x100, x10k e x 100k.
2. Curto-circuitam-se os terminais do ohmímetro, provocando a deflexão total do ponteiro.
3. Ajusta-se o potenciômetro de ajuste de zero até que o ponteiro indique R = 0.
4. Abram-se os terminais e mede-se resistência.
5. A leitura é feita multiplicando-se o valor indicado pelo ponteiro pelo múltiplo da escala
selecionada.
Observações:
CUIDADOS!
21
Os resistores são componentes que tem por finalidade oferecer uma oposição (resistência) à
passagem de corrente elétrica, através de seu material. A essa oposição damos o nome de resistência
elétrica, que possui como unidade o ohm (Ω).
A resistência de um condutor qualquer depende da sua resistividade do material, do seu
comprimento e da sua área da seção transversal, de acordo com a fórmula:
l
R = ρ⋅ (2ª Lei de Ohm)
A
Resistor de fio: Consiste basicamente em um tubo cerâmico, que servirá de suporte para
enrolarmos um determinado comprimento de fio, de liga especial para obter-se o valor de
resistência desejado. Os terminais desse fio são conectados às braçadeiras presas ao tubo. Além
desse, existem outros tipos construtivos, conforme mostra a figura 36.
22
Figura 36 - Resistores de fio.
Os resistores de fio são encontrados com valores de resistência de alguns ohms até alguns
kilo-ohms, e são aplicados onde se exige altos valores de potência, acima de 5 W, sendo suas
especificações impressas no próprio corpo.
O custo dos resistores está associado a sua tolerância, sendo que resistores com menores
tolerâncias têm custo mais elevado. Um bom projeto eletrônico deve considerar a tolerância dos
resistores a fim de diminuir o seu custo final.
O código de cores utilizado nos resistores de película, é visto na tabela 3.
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1ª Faixa 2ª Faixa 3ª Faixa 4ª Faixa
Cor
1ª Algarismo 2ª Algarismo Fator Multiplicador Tolerância
0
preto 0 0 x 10
± 1%
1
marrom 1 1 x 10
± 2%
2
vermelho 2 2 x 10
3
laranja 3 3 x 10
4
amarelo 4 4 x 10
5
verde 5 5 x 10
6
azul 6 6 x 10
violeta 7 7
cinza 8 8
branco 9 9
± 5%
-1
ouro x 10
±10%
-2
prata x 10
Tabela 3 - Código de cores
Observação:
1. A ausência da faixa de tolerância indica que esta é de ± 20%
2. Para os resistores de precisão encontramos cinco faixas, onde as três primeiras
representam o primeiro, segundo o terceiro algarismo significativos e as demais,
respectivamente, fator multiplicativo e tolerância.
2 – Série: 2% e 5% de tolerância
10 11 12 13 15 16 18 20 22 24 27 30
33 36 39 43 47 51 56 62 68 75 82 91
3 – Série: 1% de tolerância
100 102 105 107 110 113 115 118 121 124 127 130
133 137 140 143 147 150 154 158 162 165 169 174
178 182 187 191 196 200 205 210 215 221 226 232
237 243 249 255 261 267 274 280 287 294 301 309
316 324 332 340 348 357 365 374 383 392 402 412
422 432 442 453 464 475 487 499 511 523 536 549
562 576 590 604 619 634 649 665 681 698 715 732
750 768 787 806 825 845 866 887 909 931 953 976
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A seguir, são apresentados alguns exemplos de leitura, utilizando o código de cores:
1)
ouro
vermelho
violeta 47 x 100 ± 5% = 4,7kΩ ± 5% = 4k7Ω ± 5%
amarelo
2)
prata
preto
preto 10 x 1 ± 10% = 10Ω ± 10%
marrom
3)
ouro
ouro
vermelho 22 x 0,1 ± 5% = 2,2Ω ± 5%
vermelho
4)
ouro
verde
azul 56 x 105 ± 5% = 5,6MΩ ± 5% = 5M6Ω ± 5%
verde
5)
marrom
preto
cinza 348 x 1 ± 1% = 348Ω ± 1%
amarelo
laranja
Além da resistência e da tolerância, o resistor recebe uma capacidade nominal em watts. Isto
irá indicar quanto calor este resistor pode suportar em uso normal sem queimar. A figura 38 mostra
a capacidade em watts de resistores de carbono. Observe que a capacidade é determinada pelo
tamanho físico.
Figura 38 - Tamanho físico dos resistores de carbono em relação a sua potência nominal.
25
Simbologia:
Resistências Variáveis: A resistência variável é aquela que possui uma haste variável para
o ajuste manual da resistência. Comercialmente, podem ser encontrados diversos tipos de
resistências variáveis, tais como os potenciômetros de fio e de carbono (com controle rotativo e
deslizante), trimpot, potenciômetro multivoltas (de precisão), reostado (para altas correntes) e a
década resistiva (instrumento de laboratório).
Os símbolos usuais para essas resistências variáveis estão mostrados na figura 40.
A resistência variável, embora possua três terminais, é também um bipolo, pois, após o
ajuste, ele se comporta com um resistor de dois terminais como o valor desejado.
Uma resistência variável pode ser linear, logarítmica, exponencial ou outra conforme a
variação de seu valor em função da haste de ajuste.
Os gráficos da figura 42 mostram a diferença de comportamento da resistência entre um
potenciômetro rotativo linear e um potenciômetro rotativo logarítmico.
26
Exercícios:
27
LEIS DE OHM
A primeira Lei de Ohm diz: “A tensão aplicada através de um bipolo ôhmico é igual ao
produto da corrente pela resistência”. Esta afirmação resulta em três importantes equações que
podem ser utilizadas para calcular qualquer um dos três parâmetros – tensão, corrente e resistência –
a partir de dois parâmetros. Essa lei é representada pela expressão:
Dessa curva, temos tg α = ∆V/∆I, onde concluímos que a tangente do ângulo α representa a
resistência elétrica do bipolo, portanto, podemos escrever que: tg α = R. Notar que o bipolo ôhmico
é aquele que segue esta característica linear, sendo que qualquer outra não linear, corresponde a um
bipolo não ôhmico.
Para levantar a curva característica de um bipolo, precisamos medir a intensidade de
corrente que o percorre e a tensão aplicada aos seus terminais, para isso montamos o circuito da
figura 44, onde utilizamos como bipolo um resistor R.
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O circuito consiste de uma fonte variável, alimentando o resistor R. Para cada valor de
tensão ajustado, teremos um respectivo valor de corrente, que colocamos numa tabela,
possibilitando o levantamento da curva conforme mostra a figura 45.
V(V) I(mA)
0 0
2 20
4 40
6 60
8 80
10 100
Da curva temos:
∆V 10 − 6
tgα = R = = = 100Ω
∆I (100 − 60) ⋅ 10 −3
Condutância
1
Chama-se de condutância (G) o inverso da resistência (R): G =
R
G = condutância, siemens [S] ou mho [Ω-1]
R = resistência [Ω]
Exercícios:
1. Qual é a intensidade da corrente elétrica que passa por uma resistência de 1kΩ submetida a uma
tensão de 12 V?
2. Por uma resistência de 150 Ω passa uma corrente elétrica de 60 mA. Qual é a queda de tensão
que ela provoca no circuito?
3. Por uma resistência passa uma corrente de 150 µA, provocando uma queda de tensão de 1,8 V.
Qual é o valor dessa resistência?
29
POTÊNCIA ELÉTRICA
Aplicando-se uma tensão aos terminais de um resistor, estabelecer-se-á uma corrente que é o
movimento de cargas elétricas através deste. O trabalho realizado pelas cargas elétricas, em um
determinado intervalo de tempo, gera uma energia que é transformada em calor por Efeito Joule e é
definida como Potência Elétrica. Numericamente, a potência é igual ao produto da tensão e da
corrente, resultando em uma grandeza cuja unidade é o watt (W). Assim sendo, podemos escrever:
τ
= P =V ⋅ I
∆t
onde: τ = trabalho
∆t = intervalo de tempo (s)
P = potência elétrica (W)
Utilizando a definição da potência elétrica juntamente com a Lei de Ohm, obtemos outras
relações usuais:
P =V ⋅I V = R⋅I
Substituindo, temos:
P = R⋅I ⋅I ∴ P = R⋅I2
Analogamente:
V V V2
I = ⇒ P =V ⋅ ∴ P=
R R R
Exercícios:
1. No circuito da figura abaixo, sabendo que a lâmpada está especificada para uma potência de 900
mW quando alimentada por uma tensão de 4,5 V, determine:
30
b) A resistência da lâmpada nessa condição de operação.
31
LEIS DE KIRCHHOFF
As Leis de Kirchhoff também são conhecidas como Leis Fundamentais dos Circuitos. Estas
fornecem um método direto para o estudo sistemático de circuitos elétricos. Antes de apresentar as
leis, vejamos algumas definições relacionadas aos circuitos elétricos.
Ramo: Qualquer parte de um circuito elétrico composto por um ou mais dispositivos ligados
em série.
Nó: Qualquer ponto no circuito elétrico no qual há a conexão de três ou mais ramos.
Malha: Qualquer parte de um circuito elétrico cujos ramos formam um caminho fechado
para a corrente.
A primeira lei é conhecida como Lei de Kirchhoff das Correntes (LKC) ou Lei dos Nós ou
Lei das Correntes e esta diz que:
32
Quando esta lei é utilizada, adota-se, arbitrariamente, as correntes que entram no nó como
positivas e as correntes que saem do nó como negativas (ou vice-versa, desde que se seja
consistente). Na figura 49 a equação para o nó a é:
+ I1 + I2 - I3 - I4 = 0 ⇒ I1 + I2 = I3 + I4
Exemplo: No circuito da figura 50, são conhecidos os valores de I1, I2 e I4. Determine I3, I5 e I6.
I1 + I3 - I2 = 0 ⇒ 2 + I3 - 6 = 0 ⇒ I3 = 4 A
I2 - I4 - I5 = 0 ⇒ 6 - 3 - I5 = 0 ⇒ I5 = 3 A
I5 - I1 - I6 = 0 ⇒ 3 - 2 - I6 = 0 ⇒ I6 = 1 A
Receptores ativos
A segunda lei é conhecida como Lei de Kirchhoff das Tensões (LKT) ou simplesmente, Lei
das Tensões, porém, antes de enunciar essa lei é necessário analisar um outro comportamento
possível para as fontes de tensão num circuito elétrico.
Num circuito elétrico formado por mais de uma fonte de alimentação, é possível que em
alguma fonte a corrente entre pelo pólo positivo e saia pelo pólo negativo. Nesse caso, ao invés de
elevar o potencial do circuito, a fonte estaria provocando a sua queda, isto é, ao invés de gerador,
ela estaria funcionando como um receptor ativo.
33
A Lei de Kirchhoff das Tensões diz que:
2. "A soma algébrica de todas as tensões tomadas num sentido determinado, em torno de
um caminho fechado, deve ser nula".
+ E2 + E3 - V2 - V3 - E1 - V1 = 0 ⇒ E2 + E3 = V2 + V3 + E1 + V1
Exemplo:
1- No circuito abaixo, são conhecimentos os valores de E1, E2, V3 e V4. Determine V1 e V2.
Equações:
+ E1 – V2 – V1= 0 (I)
+ E1 + V3 – E2 + V4 – V1 = 0 (II)
+ V3 – E2 + V4 + V2 = 0 (III)
34
- Fazendo uma confirmação de resultados
2 – No circuito abaixo são conhecidos os valores de E1, E3, V1, V2 e V4. Determine E2 e V3 para que
a Lei de Kirchhoff para Tensões seja válida.
Equações:
+ E1 - V1 – V2 + E2 = 0 (I)
- E3 + V3 - E2 + V2 + V4 = 0 (II)
- E1 – V3 + E3 – V4 + V1 = 0 (III)
35
ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES
Associação Série: Neste tipo de associação os resistores estão ligados de forma que a
corrente que passa por eles seja a mesma, e a tensão total aplicada aos resistores se subdivida entre
eles proporcionalmente aos seus valores. Pela Lei de Kirchhoff das Tensões, a soma das tensões nos
resistores é igual à tensão total aplicada E, conforme mostra a figura 54.
E = V1 + V2 + ... + Vn
E
Dividindo a tensão E pela corrente I, chega-se a: = R1 + R 2 + K + R n
I
O resultado E/I corresponde à resistência equivalente Req da associação série, isto é, a
resistência que a fonte de alimentação entende como sendo a sua carga.
Req = R1 + R2 + … + Rn
Em um circuito série, a potência total PE fornecida pela fonte ao circuito é igual à soma das
potências dissipadas pelos resistores. Portanto, a potência total PE = E ⋅ I fornecida pela fonte é
igual à potência dissipada pela resistência equivalente Peq = Req ⋅ I2
PE = P1 + P2 + … + Pn = E ⋅ I = Req ⋅ I2
Exemplo:
1) Considerando o circuito da figura abaixo, formado por quatro resistores ligados em série,
determine:
36
a) A resistência equivalente do circuito série.
E 24
I = = = 0,00456 = 4,56 ⋅ 10 −3 = 4,56mA
R eq 5260
2) Verifique pela Lei de Kirchhoff das Tensões (LKT) se os resultados do item 1c estão corretos.
LKT: A soma algébrica das tensões que elevam o potencial do circuito é igual à soma das
tensões que causam a queda de potencial, logo:
37
Associação Paralela: Neste tipo de associação os resistores estão ligados de forma que a
tensão total E aplicada ao circuito seja a mesma em todos os resistores, e a corrente total do circuito
se subdivida entre eles de forma inversamente proporcional aos seus valores.
Pela Lei de Kirchhoff para Correntes, a soma das correntes nos resistores é igual à corrente
total I fornecida pela fonte:
I = I1 + I2 + … + In
E E E 1 1 1
I = + +K+ ⇒I =E ⋅ + +L+
R1 R 2 Rn R
1 R 2 R n
I 1 1 1
Dividindo a corrente I pela tensão E, chega-se a: = + +K+
E R1 R 2 Rn
1
Chama-se de condutância o inverso da resistência: G =
R
1 1 1 1
= + +K+
R eq R1 R 2 Rn
Isso significa que, se todos os resistores dessa associação forem substituídos por uma única
resistência de valor Req, a fonte de alimentação E fornecerá a mesma corrente ao circuito.
Casos particulares:
R
R eq =
n
38
2 – No caso específico de dois resistores ligados em paralelo, a resistência equivalente pode
ser calculada por uma equação mais simples:
1 1 1 R1 ⋅ R 2
= + ⇒ R eq =
R eq R1 R 2 R1 + R 2
Exemplo:
1) Considerando o circuito da figura abaixo, formado por três resistores ligados em paralelo,
determine:
1 1 1 1 1 1 1 1
= + + ⇒ = + + ⇒ R eq = 659,72Ω
R eq R1 R 2 R n R Eq 3k 3 1k 4k 7
E 12
I = = = 0,01819 = 18,19mA
R eq 659,72
E 12
I R1 = = = 0,00364 = 3,64mA
R1 3k 3
E 12
I R2 = = = 0,012 = 12mA
R 2 1k
E 12
I R3 = = = 0,00255 = 2,55mA
R3 4k 7
2) Verifique pela Lei de Kirchhoff das Correntes (LKC) se os resultados do item 1c estão corretos.
LKT: A soma algébrica das correntes que chegam a um nó é igual à soma das correntes que
saem desse nó, logo:
I = I1 + I2 + I3
39
12 12 12
I = + + = 3,6 ⋅ 10 −3 + 12 ⋅ 10 −3 + 2,5 ⋅ 10 −3 ⇒ I = 18,1mA
3k 3 1k 4k 7
V 2 V 2 V 2 12 2 12 2 12 2
ΣPi = P1 + P2 + P3 = + + = + + =
R1 R 2 R 3 3k 3 1k 4k 7
Associação mista: Este tipo de associação é formado por resistores ligados em série e em
paralelo, não existindo uma equação geral para a resistência equivalente, pois ela depende da
configuração do circuito. Assim, o cálculo deve ser feito por etapas, conforme as ligações entre os
resistores.
Exemplo:
Considerando o circuito da figura abaixo, formado por diversos resistores ligados em série e
em paralelo, resolva os itens seguintes:
1) Determine RA = R6 // R7:
2) Determine RB = R4 + R5 + RA:
3) Determine RC = R3 // RB:
4) Determine RD = R2 + RC:
40
CONFIGURAÇÕES ESTRELA E TRIÂNGULO (Y-∆)
Existem certas configurações de circuitos que não podem ser resolvidas somente pelas
combinações série-paralela. Estas configurações podem ser freqüentemente manuseadas pelo uso de
uma transformação Y-∆. Esta transformação permite que três resistores que formam uma
configuração Y sejam substituídos por outros três em configuração ∆, ou vice-versa. Os circuitos
das figuras 56 e 57 são redes ∆ e Y, respectivamente.
Se estas redes são equivalentes, a resistência entre qualquer par de terminais deve ser a
mesma, tanto em Y como em ∆. Três equações simultâneas podem ser escritas expressando estas
equivalências de resistências terminais, conforme mostra a tabela abaixo.
R1 ⋅ R2 + R1 ⋅ R3 + R2 ⋅ R3 R12 ⋅ R23
R13 = R2 =
R2 R12 + R13 + R23
R1 ⋅ R2 + R1 ⋅ R3 + R2 ⋅ R3 R13 ⋅ R23
R23 = R3 =
R1 R12 + R13 + R23
Exemplos:
41
2. Determine a resistência equivalente única que substituirá a rede da figura abaixo entre os
terminais b e d.
4∗8
R1 = = 2Ω
4+4+8
4∗4
R2 = = 1Ω
4+4+8
8∗4
R3 = = 2Ω
4+4+8
A rede que resulta da substituição da rede bac por uma equivalente Y é mostrada na figura
abaixo. Nesta rede, Rea e Rad estão ligadas em série, como também as resistências Rec e Rcd. Logo,
42
6 ∗ 12
R ed = = 4Ω
6 + 12
Rbd = 2 + 4 = 6Ω
43
DIVISORES DE TENSÃO E DE CORRENTE
Vi = Ri ⋅ I (I)
E
I = (II)
R eq
Substituindo a equação (II) na equação (I), obtém-se a equação geral do divisor de tensão:
Ri
Vi = ⋅E
R eq
No caso de um divisor de tensão formado por dois resistores, conforme a figura 58, as
expressões de V1 e V2 são:
R1 R2
V1 = ⋅E e V2 = ⋅E
R1 + R 2 R1 + R 2
Em uma associação paralela de resistores, vimos que a corrente fornecida pela fonte de
alimentação se subdivide entre os resistores, formando um divisor de corrente.
Podemos deduzir uma equação geral para calcular a corrente Ii num determinado resistor Ri
da associação em função da corrente total I ou da tensão E aplicada. Como os resistores estão em
paralelo, a tensão E da fonte de alimentação é aplicada diretamente em cada resistor. Assim, a
equação geral do divisor de corrente em função de E é:
44
E
Ii = (I)
Ri
E = R eq ⋅ I (II)
R eq
Ii = .I
Ri
No caso de um divisor de corrente formado por dois resistores, podem-se deduzir facilmente
as equações de I1 e I2, que ficam como segue:
R2 R1
I1 = ⋅I e I2 = ⋅I
R1 + R 2 R1 + R 2
45
PONTE DE WHEATSTONE
Para equacionar a Ponte, podemos dividi-la em duas partes, cada uma formando um divisor
de tensão, conforme é mostrado na figura 62. As tensões VA e VB de cada ponte são dadas por:
R2 R4
VA = .E e VB = .E
R1 + R 2 R3 + R4
Quando VAB = VA – VB = 0, dizemos que a ponte encontra-se em equilíbrio. Para que VAB
seja nulo, é necessário que VA = VB, ou seja:
R2 R4
⋅E = ⋅ E ⇒ R 2 ⋅ (R 3 + R 4 ) = R 4 ⋅ (R1 + R 2 ) ⇒
R1 + R 2 R3 + R4
R 2 ⋅ R 3 + R 2 ⋅ R 4 = R1 ⋅ R 4 + R 2 ⋅ R 4 ⇒ R 2 .R 3 = R1 ⋅ R 4
46
Logo, a condição de equilíbrio da ponte é dada pela igualdade entre os produtos das suas
resistências opostas.
Ohmímetro em Ponte
A Ponte de Wheatstone pode ser utilizada para medir, com razoável precisão, resistências
elétricas desconhecidas, adotando o seguinte procedimento:
RX⋅R3 = R2⋅RD
Exercício: Na ponte de Wheatstone da figura 63, E = 10V, R2 = 10kΩ, R4 = 20kΩ. Qual é o valor
de Rx, sabendo que no seu equilíbrio RD = 18kΩ?
47
TEOREMA THEVENIN
O teorema de Thevenin consiste num método usado para transformar um circuito complexo
num circuito simples equivalente. Esse teorema afirma que qualquer rede linear de fontes de tensão
e resistências, se considerarmos dois pontos quaisquer da rede, pode ser substituída por uma
resistência equivalente RTh em série com uma fonte equivalente VTh. A figura 64a mostra a rede
linear original com os terminais a e b; a figura 64b mostra o equivalente Thevenin RTh e VTh, que
pode ser substituído na rede linear nos terminais a e b. A polaridade de VTh é escolhida de modo a
produzir uma corrente de a para b no mesmo sentido que na rede original. RTh é a resistência
Thevenin vista através dos terminais a e b da rede com cada fonte de tensão interna curto-circuitada
(se existirem fontes de correntes, estas são consideradas como circuitos abertos). VTh é a tensão
Thevenin que apareceria através dos terminais a e b com as fontes de tensão (e/ou corrente) no
lugar e sem nenhuma carga ligada através de a e b.
Exemplo: Calcule o equivalente Thevenin visto dos terminais a e b do circuito da figura 65.
48
A tensão equivalente Thevenin é a tensão vista a partir dos terminais a e b. Portanto;
10k
V Th = 10 ⋅ ≅ 8,7V
10k + 1k 5
49
TEOREMA NORTON
O teorema Norton é usado para simplificar uma rede em termos de corrente em vez de
tensão. Para a análise de correntes, este teorema pode ser usado para reduzir uma rede a um circuito
simples em paralelo com uma fonte de corrente, que fornece uma corrente de linha total que pode
ser subdividida em ramos paralelos.
O teorema de Norton afirma que qualquer rede ligada aos terminais a e b da figura 68a pode
ser substiuída por uma única fonte de corrente IN em paralelo com uma única resistência RN, figura
68b. IN é igual a corrente de curto-circuito através dos terminais ab (a corrente que a rede produziria
através de a e b com um curto-circuito entre esses dois terminais). RN é a resistência nos terminais a
e b, olhando por trás, a partir dos terminais abertos ab. O valor desse resistor único é o mesmo para
os dois circuitos equivalentes: Norton e Thevenin.
Exemplo: Calcule o equivalente Norton visto dos terminais a e b do circuito da figura 69.
O circuito fica reduzido a uma fonte de tensão e um resistor. Logo, a corrente IN é dada por:
10V
IN = ⇒ I N = 6,67mA
1k 5
50
Figura 70 - Cálculo de RN.
Exercício: Acrescente uma carga de 4k7Ω entre os terminas ab do circuito do equivalente Thevenin
(figura 72) e calcule a corrente IL que passa pela carga. Repita o exercício para o circuito do
equivalente Norton (figura 73).
8,7V 8,7
IL = = ⇒ I L = 1,45mA
1K 3 + 4k 7 6000
RN 1k 3
IL = ⋅IN = ⋅ 6,67 ⋅ 10 −3 ⇒
RN + RL 1k 3 + 4k 7
I L = 1,45mA
51
Figura 74 - Circuitos equivalentes.
Para transformar um circuito formado por uma fonte de tensão em série com uma resistência
em um circuito equivalente com uma fonte de corrente em paralelo com uma resistência, devemos
dividir a fonte de tensão pela resistência. O inverso é conseguido multiplicando-se a fonte de
corrente pela resistência, conforme mostra a figura 75.
52
TEOREMA DA SUPERPOSIÇÃO
O teorema da superposição afirma que, numa rede com duas ou mais fontes, a corrente ou a
tensão para qualquer componente é a soma algébrica dos efeitos produzidos por cada fonte atuando
independentemente. A fim de se usar uma fonte de cada vez, todas as outras fontes são retiradas do
circuito. Ao se retirar uma fonte de tensão, faz-se no seu lugar um curto-circuito. Quando se retira
uma fonte de corrente, ela é substituída por um circuito aberto.
Figura 76 - Para eliminar o efeito causado num circuito por uma fonte de tensão, ela deve ser substituída por um
curto-circuito.
Figura 77 - Para eliminar o efeito causado num circuito por uma fonte de corrente, ela deve ser substituída por
um curto aberto.
Figura 78 - Circuito.
Solução: Primeiramente, eliminaremos o efeito causado pela fonte de tensão E2 por meio da
sua substituição por um curto-circuito e determinaremos a tensão VX1 e a corrente IX1 em RX
53
Figura 79 - Fonte de tensão E2 curto-circuitada.
220 ⋅ 100
(R 2 // R X ) 220 + 100 (68,75)
V X1 = E1 ⋅ = 10 ⋅ = 10 ⋅ ⇒ V X 1 = 4,07V
R1 + (R 2 // R X ) 220 ⋅ 100 100 + 68,5
100 +
220 + 100
logo:
V X 1 4,07
I X1 = = ⇒ I X 1 = 40,70mA
RX 100
100 ⋅ 100
(R1 // R X ) 100 + 100 (50)
VX2 = E2 ⋅ = 20 ⋅ = 20 ⋅ ⇒ V X 2 = 3,70V
R 2 + (R1 // R X ) 100 ⋅ 100 220 + 50
220 +
100 + 100
VX2 3,7
I X2 = = ⇒ I X 2 = 37mA
RX 100
Finalmente, podemos calcular a tensão VX e a corrente IX pela soma algébrica dos efeitos de
E1 e E2 .
54
Exemplo 2: Calcule as correntes nos ramos I1, I2 e I3 do circuito da figura 81, através do teorema da
superposição.
Figura 81 - Circuito.
Solução: Primeiramente calculamos o valor da corrente I1,E1, I2,E1 e I3,E1, produzidas pela
fonte somente pela fonte E1.
Va = E1 ⋅
(R2 // R3 ) = 3⋅
(0,5) = 1V
(
R1 + R2 // R 3 ) 1 + 0,5
Va 1
I 3,E1 = = ⇒ I 3,E1 = 1A
R3 1
−Va −1
I 2,E1 = = ⇒ I 2,E1 = −1A
R2 1
Observação: O sinal negativo é usado para mostrar que I2,E1 na verdade sai do ponto a e não
entra no pontoa como foi convencionado.
Após, eliminamos a fonte E1 e calculamos as correntes I1,E2, I2,E2 e I3,E2 produzidas somente
pela fonte E2.
55
Figura 83 - Fonte de tensão E1 curto-circuitada.
Cálculo de Va:
(R1 // R 3 ) (0,5)
Va = E 2 ⋅ = 4,5 ⋅ = 1,5V
(
R 2 + R1 // R 3 ) 1 + 0,5
−Va −1,5
I 1,E 2 = = ⇒ I 1,E 2 = −1,5 A
R1 1
Va 1,5
I 3,E 2 = = ⇒ I 3,E 2 = 1,5 A
R2 1
Para encontrar os valores das correntes I1, I2 e I3 produzidas pelas duas fontes, devemos
somar as correntes individuais.
56
DISPOSITIVOS REATIVOS - CAPACITOR
Um dispositivo resistivo como, por exemplo, o resistor, é aquele que resiste à passagem de
corrente, mantendo o seu valor ôhmico constante tanto para a corrente contínua como para a
corrente alternada.
Já, o dispositivo reativo, reage às variações de corrente, sendo que seu valor ôhmico muda
conforme a velocidade da variação da corrente nele aplicada. Essa reação às variações de corrente é
denominada reatância capacitiva XC (Ω), no caso do capacitor e reatância indutiva XL (Ω), para
o caso de um indutor.
armadura
dielétrico
Considere o circuito da figura 85. Quando aplicamos uma diferença de potencial entre as
placas que formam um capacitor, causamos um fluxo de elétrons representado pela corrente I. A
placa positiva (+) do capacitor começa a ceder elétrons para o pólo positivo da fonte, carregando-se
positivamente, simultaneamente a placa negativa (-) começa a atrair elétrons do pólo negativo da
fonte, carregando-se negativamente. Uma vez que existe um material isolante entre as placas, não
existe fluxo de elétrons entre as placas, fazendo com que as cargas fiquem armazenadas nas placas.
57
Figura 85 - Capacitor armazenando cargas.
Q
C= ⇒ Q = E.C
E
58
2. Capacitores eletrolíticos: constituem-se em uma folha de alumínio anodizada como
armadura positiva, onde por um processo eletrolítico, forma-se uma camada de óxido de
alumínio que serve como dielétrico, e um fluído condutor, o eletrólito que impregnado
em um papel poroso, é colocado em contato com outra folha de alumínio de maneira a
formar a armadura negativa. O conjunto é bobinado, sendo a folha de alumínio
anodizada, ligada ao terminal positivo e a outra ligada a uma caneca tubular,
encapsulamento do conjunto, e ao terminal negativo. Os capacitores eletrolíticos, por
apresentarem o dielétrico como uma fina camada de óxido de alumínio e em uma das
armaduras um fluido, constituem uma série de altos valores de capacitância, mas com
valores limitados de tensão de isolação e terminais polarizados. De forma idêntica,
encontramos os capacitores eletrolíticos de tântalo, onde o dielétrico é formado por
óxido de tântalo.
A capacitância de um capacitor formado por placas paralelas depende da área A [m2] das
placas, da distância d [m] entre as placas e do material dietétrico, que é caracterizado pela sua
permissividade absoluta, representada pela grega ε (epsílon), cuja unidade é o farad/metro [F/m].
Matematicamente:
A
c = ε.
d
No vácuo, o valor de ε é dado por εo = 8,9x10-12 F/m. Para os demais materiais, essa
características pode ser dada em relação à permissividade do vácuo, conforme a tabela:
59
Comportamento Elétrico do Capacitor
60
Figura 90 - Comportamento de um capacitor em DC.
1. No instante inicial o capacitor está totalmente descarregado e ele é visto pela fonte com um
curto-circuito, ou seja, a sua reatância capacitiva é zero, XC = 0 e a corrente i(t) = I;
2. A medida em que o capacitor vai armazenando cargas, a tensão sobre ele aumenta e a sua
reatância XC também cresce, fazendo com que a corrente i(t) diminua;
3. Quando o capacitor estiver totalmente carregado, a tensão sobre o capacitor se iguala a tensão
da fonte fazendo com que a reatância capacitiva seja muita alta, próxima ao infinito, XC = ∞ e a
corrente i(t) = 0.
Tensão de Isolação: É a máxima tensão que pode ser aplicada continuamente ao capacitor.
A máxima tensão de isolação está relacionada, principalmente, com o dielétrico utilizado na
fabricação do capacitor. Uma tensão muito elevada pode gerar um campo elétrico entre as placas
suficiente para romper o dielétrico, abrindo um caminho de baixa resistência para a corrente.
Quando isso ocorre, dizemos que o capacitor possui uma resistência de fuga, podendo, inclusive,
entrar em curto-circuito.
Os valores comerciais de capacitores são diversos, porém, os mais comuns são de múltiplos
e submúltiplos das décadas mostradas na tabela:
61
usado principalmente nos capacitores de poliéster metalizado e o código numérico (capacitância
nominal e tensão de isolação) é usado principalmente nos capacitores cerâmicos.
1ª 2ª
Cores Múltiplo Tolerância Tensão Nº(x) Múltiplo Tensão Tolerância
Dígito Dígito
Preto 0 ± 20% 0 C ± 0,25pF
Marrom 1 1 x 10 pF 100 a 250 V 1 x 10 pF 100 V D ± 0,25pF
2 2
Vermelho 2 2 x 10 pF 200 a 250 V 2 x 10 pF 25 V E ± 1pF
3 3
Laranja 3 3 x 10 pF 300 a 350 V 3 x 10 pF F ± 1%
4 4
Amarelo 4 4 x 10 pF 400 a 450 V 4 x 10 pF G ± 2%
5 5
Verde 5 5 x 10 pF 500 a 550 V 5 x 10 pF 50V J ± 5%
6
Azul 6 6 600 a 650 V 6 x 10 pF K ± 10%
7
Violeta 7 7 7 x 10 pF L ± 20%
-2 -2
Cinza 8 8 x 10 pF 8 x 10 pF
-1
Branco 9 9 x 10 pF ± 10% 9 x 10-1 pF
62
Associação de Capacitores
Associação Série: Nesta associação, figura 91, os capacitores estão ligados de forma que a
tensão total E aplicada aos capacitores se subdivida entre eles de forma inversamente proporcional
aos seus valores, e a carga Q armazenada em cada em deles seja a mesma.
Q Q Q Q E 1 1 1
Como V i = , tem-se: E = + +L+ ⇒ = + +L+
Ci C1 C 2 Cn Q C1 C 2 Cn
1 1 1 1
= + +L+
C eq C1 C 2 Cn
Isso significa que, se todos os capacitores dessa associação forem substituídos por uma
única capacitância de valor Ceq, a fonte de alimentação E fornecerá a mesma carga Q ao circuito.
C
No caso de n capacitores iguais a C ligados em série, tem-se: C eq =
n
C1 ⋅ C 2
Para dois capacitores em série, tem-se: C eq =
C1 + C 2
63
Figura 92 - Associação paralela de capacitores.
Qn Q Q1 Q 2 Q
Como i n = , tem-se: = + +L+ n ⇒ Q = Q1 + Q 2 + L + Q n
t t t t t
Qn
Como C n = ⇒ Q n = C n ⋅ E , tem-se:
E
Q
Q = C1 ⋅ E + C 2 ⋅ E + L + C n ⋅ E ⇒ Q = E (C1 + C 2 + L + C n ) ⇒ = C1 + C 2 + L + C n
E
Ceq = C1 + C2 + … + Cn
Isso significa que, se todos os capacitores dessa associação forem substituídos por uma
única capacitância de valor Ceq, a fonte de alimentação E fornecerá a mesma carga Q ao circuito.
No caso de n capacitores iguais a C ligados em paralelo, tem-se: Ceq = n⋅C
64
CIRCUITOS RC
C
C⋅s
V C C
[R ⋅ C] = Ω ⋅ F = ⋅ = = 1 = ⇒ [R ⋅ C] = s = segundo
A V A C C
s
Portanto, o produto R⋅C resulta na grandeza tempo [segundo]. Esse produto é denominado
constante de tempo, representado pela letra grega τ (tau). Matematicamente:
τ = R⋅C
Em um circuito RC, quanto maior a constante de tempo, maior é o tempo necessário para
que o capacitor se carregue.
65
Considere o circuito RC da figura 94a. Pela Lei de Kirchhoff para as Tensões, a equação
geral desse circuito com S fechado é:
E = vr(t) + vc(t)
v r (t) E
i( t ) = =
R R
A partir deste momento, o capacitor inicia um processo de carga com aumento gradativo da
tensão entre os terminais de vc e, conseqüentemente, teremos uma diminuição da corrente,
obedecendo a uma função exponencial, até atingir o valor zero, quando este estiver totalmente
carregado comportando-se com um circuito aberto conforme mostra a figura 94c. A figura 95
mostra a variação da corrente em função do tempo.
−t E −t
i (t ) = I máx ⋅ e τ ou i (t ) = ⋅e τ
R
Como se deseja calcular a tensão sobre o capacitor, substituímos a tensão vr(t) pela primeira
Lei de Ohm:
E = R ⋅ i( t ) + v c ( t )
66
Isolando vc(t) e substituindo i(t), temos:
E −t −t
v c (t ) = E − R ⋅ ⋅ e τ ⇒ v c (t ) = E ⋅ (1 − e τ )
R
Para t = 0, temos:
−t −0
v c (t ) = E ⋅ (1 − e τ ) ⇒ v c (t ) = E ⋅ (1 − e τ ) ∴ v c (t ) = 0
Para t = τ, temos:
v c (t ) = E ⋅ (1 − e
−t
τ ) ⇒ v c (t ) = E ⋅ (1 − e
−τ
τ ( )
) ⇒ v c (t ) = E ⋅ 1 − e −1 ∴ v c (t ) = 0,632 ⋅ E
Este valor indica que, com o intervalo de tempo de uma constante de tempo (τ), o capacitor
é carregado com o valor percentual de 63,2% da tensão da fonte.
v c (t ) = E ⋅ (1 − e
−t
τ ) ⇒ v c (t ) = E ⋅ (1 − e
−5 τ
τ ( )
) ⇒ v c (t ) = E ⋅ 1 − e −5 ∴ v c (t ) = 0,99 ⋅ E ou v c (t ) ≅ E
67
Figura 97 - Carga de um capacitor
Da mesma forma que calculamos a expressão para a carga do capacitor, podemos calcular a
tensão sobre o resistor R do circuito. Pela primeira Lei de Ohm, temos que:
vr(t) = R⋅i(t)
Substituindo i(t):
E −t −t
v r (t ) = R ⋅ ⋅e τ ⇒ v r (t ) = E ⋅ e τ
R
68
Descarga do Capacitor
Figura 99 - (a) Circuito para carga e descarga do capacitor através da chave S. (b) Carga do capacitor.
(c) Descarga do capacitor.
−t
i( t ) = Imáx ⋅ e τ
onde: v c (t ) = R ⋅ i (t )
−t −t
substituindo i(t), temos: v c (t ) = R ⋅ I máx ⋅ e τ = v cmáx .e τ
69
onde: R⋅Imáx = vcmáx, representa a tensão atingida pelo capacitor durante o processo de
carga. Em alguns casos a tensão máxima pode ser a mesma tensão da fonte, vcmáx = E.
Para t = 0, temos:
−t −0
v c = v cmáx ⋅ e τ = v cmáx ⋅ e τ ∴ v c = v cmáx
Para t = τ, temos:
−t −τ
v c = v cmáx ⋅ e τ = v cmáx ⋅ e τ ∴ v c = 0,368 ⋅ v cmáx ou v c = 36,8% de v cmáx
Para t = 5τ
−t −5 τ
v c = v cmáx ⋅ e τ = v cmáx ⋅ e τ = v cmáx ⋅ e −5 ∴ v c ≅ 0
70
INDUTOR
Um fio condutor ao ser percorrido por uma corrente elétrica, cria ao redor de si um campo
magnético. Para potencializar o efeito do campo, o fio condutor é enrolado, em formas de espiras,
ao redor de um núcleo, constituindo o componente chamado de indutor.
Lei de Lenz : A corrente elétrica induzida tem um sentido tal que cria um outro campo
magnético que se opõe à variação do campo magnético que a produziu.
A indutância [L] é o parâmetro que relaciona esse efeito do campo magnético com a
corrente que a produziu e sua unidade é o Henry [H].
Os núcleos de um indutor são compostos, geralmente, por ar, ferro, ferrite, etc. No interior
desses núcleos, as linhas de campo de somam, criando uma concentração do fluxo magnético. Os
núcleos de ferro e ferrite têm como objetivo reduzir a dispersão das linhas de campo, pois esses
materiais apresentam baixa resistência à passagem do fluxo magnético.
Pelo sentido das linhas de campo, o indutor fica polarizado magneticamente, isto é, cria um
pólo norte por onde sai o fluxo magnético e um pólo sul por onde entra o fluxo magnético,
comportando-se como um imã artificial, denominado eletroimã.
Indutor em Regime DC
71
Figura 105 - Característica da corrente de energização de um indutor.
1. Quando o indutor está totalmente desenergizado, a corrente i(t) é igual a zero, isto é, a
fonte o “enxerga” como um circuito aberto (XL = ∝).
2. Quando o indutor está totalmente energizado, a corrente atinge o seu valor máximo I,
estabilizando-se. Assim, não havendo mais variação nessa corrente, deixa de existir a
corrente induzida, de forma que a fonte “enxerga” o indutor como uma resistência muito
baixa (apenas a resistência do fio), como se fosse um curto-circuito (XL = 0).
Associação de Indutores
Associação série: Nesta associação, os indutores estão ligados de forma que a corrente seja
a mesma em todos eles, sendo a indutância equivalente dada pela soma das indutâncias:
L eq = L1 + L 2 + K + L n
Associação paralela: Nesta associação, os indutores estão ligados de forma que a tensão
seja a mesma em todos eles, sendo que o inverso da indutância equivalente dada pela soma dos
inversos das indutâncias:
1 1 1 1
= + +L+
L eq L1 L 2 Ln
72
CIRCUITO RL
Figura 106 - (a) Circuito de carga e descarga de um indutor. (b) Carga do indutor. (c) Descarga do indutor.
Situação de carga: considere o circuito RL série mostrado na figura 106a com o indutor
completamente desenergizado. Nos instante t = 0s a chave S é colocada na posição 1, e a corrente
começa a crescer exponencialmente até o valor máximo I, conforme mostra a figura 105. A partir da
curva característica mostrada na figura 105, podemos equacionar a corrente em função do tempo e
dos componentes do circuito.
−t
i (t ) = Im áx ⋅ 1 − e τ
onde τ é a constante de tempo do circuito e é igual a relação entre o valor da indutância e o valor da
resistência.
L
τ=
R
Para o circuito da figura (a) e pela Lei de Kirchhoff para as Tensões, podemos escrever que:
E = v r ( t ) + v L ( t ) = R ⋅ i( t ) + v L ( t )
−t
E = R ⋅ I máx ⋅ 1 − e τ + v L
E −t
onde v L = E − R ⋅ ⋅ 1 − e τ
R
−t
portanto: v L = E ⋅ e τ
73
Figura 107 - Característica da tensão de carga de um indutor.
−0
Para t = 0s: vL = E ⋅e τ ⇒ vL = E
−τ
Para t = τ: vL = E ⋅e τ ⇒ v L = 0,368 ⋅ E ou v L = 36,8% de E
−5 τ
Para t = 5τ: vL = E ⋅e τ ⇒ vL ≅ 0
74
Figura 109 - Característica da corrente de desenergização de um indutor.
−t
i (t ) = I máx ⋅ e τ
−t
onde: v L = R ⋅ i (t ) ⇒ v L = R ⋅ I máx ⋅ e τ
onde: R ⋅ I máx = v Lmáx (tensão atingida pelo indutor durante o processo de energização)
−t
logo∴ v L = v Lmáx ⋅ e τ a qual é denominada equação de descarga do indutor.
−0
Para t = 0s: v L = v Lmáx ⋅ e τ ⇒ v L = v Lma ´x
−τ
Para t = τ: v L = v Lmáx ⋅ e τ ⇒ v L = 0,368 ⋅ v Lma ´x ou v L = 36,8% de v Lmáx
75
−5 τ
Para t = 5τ: v L = v Lmáx ⋅ e τ ⇒ vL ≅ 0
O indutor para se desenergizar necessita de um intervalo de tempo maior que 5 vezes a sua
constante de tempo. A figura 11 mostra a curva da descarga do indutor com os pontos calculados.
ATENÇÃO! Quando a chave S da figura 112 está aberta, esta chave representa uma
resistência infinita para o circuito, de forma que a sua constante de tempo τ deste circuito muda de
L/R para L/∞, isto é, τ é praticamente zero. Como no exato momento da abertura da chave a
corrente no indutor é máxima, e sendo a constante de tempo τ = 0, pela Lei de Lenz, a tensão
induzida e’ tende a ser um valor elevado para se opor à queda da corrente num intervalo de tempo
pequeno. Portanto, ao abrir a chave de um circuito indutivo, poderá surgir uma tensão induzida e’
tão elevada (da ordem de milhares de volts) que seria suficiente para produzir um arco-voltaico
entre os terminais da chave, podendo até mesmo causar a morte do seu operador. É por isso, que os
sistemas elétricos altamente indutivos possuem circuitos de proteção que entram em ação durante o
seu desligamento.
76
Tabela 4 - Comparação entre o comportamento do capacitor e o indutor.
77
OSCILOSCÓPIO
N°° Descrição
78
Chave AC-GND-DC: Na posição AC, permite a leitura de sinais alternados, na posição DC
8 níveis DC ou contínuos, e na posição GND, aterra a entrada da amplificação vertical,
desligamento a entrada vertical.
9 CH1: Conector de entrada do canal 1.
Volts/div: Atenuador vertical que gradua cada divisão na tela, na direção vertical, em valores
10
específicos de tensão.
79
PRINCÍPIOS DA CORRENTE ALTERNADA
Vimos que a tensão (VDC) é aquela que não muda sua polaridade com o tempo. Essa tensão
pode ser contínua constante ou contínua variável. Uma tensão continua constante é aquela que
mantém o seu valor em função do tempo, enquanto a tensão contínua variável varia seu valor, mas
sem mudar a sua polaridade. Nas figuras abaixo são mostradas, como exemplos, as características
de uma tensão contínua constante e tensões contínuas variáveis.
Figura 114 - Tensão contínua constante. Figura 115 - Tensão contínua variável.
Figura 116 - Tensão contínua variável. Figura 117 - Tensão contínua variável.
A tensão contínua variável pode ser repetitiva ou periódica, ou seja, repetir um ciclo com as
mesmas características em cada intervalo de tempo. Para toda função periódica em um intervalo de
tempo, é definido período (T) como sendo o tempo de duração de um ciclo completo, e freqüência
(f) como sendo o número de ciclos em um intervalo de tempo igual a 1 segundo. A unidade do
período é dada em segundos [s] e a de freqüência em Hertz [Hz]. Como temos 1 ciclo completo da
função em um tempo igual a 1 período e f ciclos em 1 segundo, podemos estabelecer uma regra de
três e obter a relação:
1 → T 1 1
∴ f = ou T=
f → 1 T f
Para uma tensão com características periódicas existe a necessidade de estabelecer um valor
que indique a componente DC da forma da onda. Esse valor é denominado valor DC ou valor
médio e representa a relação entre a área resultante da figura, em um intervalo de tempo igual a um
período e o próprio período. O valor DC é medido por um voltímetro nas escalas VDC.
A tensão alternada (VCA) é aquela que muda de polaridade periodicamente com o tempo.
Uma tensão VCA pode ser produzida por um gerador, chamado de alternador. No gerador,
simplificado, que aparece na figura 118, a espira condutora gira através do campo magnético e
80
intercepta linhas de força para gerar uma tensão VCA induzida através dos seus terminais. Uma
rotação completa da espira é chamada de ciclo.
Figura 118 - Uma espira girando num campo magnético produz uma tensão CA.
Analise a posição da espira em cada quarto de volta durante um ciclo completo, figura 119.
Na posição A, a espira gira paralelamente ao fluxo magnético e conseqüentemente não intercepta
nenhuma linha de força. A tensão induzida é igual a zero. Na posição B, a espira intercepta o campo
num ângulo de 90º, produzindo uma tensão máxima. Quando ela atinge C, o condutor está se
deslocando novamente paralelamente ao campo e novamente não intercepta o fluxo. Em D, a espira
intercepta o fluxo novamente gerando uma tensão máxima, mas aqui o fluxo é interceptado no
sentido oposto (da esquerda para direita) ao de B (da direita para a esquerda). Assim, a polaridade
em D é negativa. A espira gira mais um quarto de volta e retornando à posição A, ponto de partida
do ciclo. O ciclo de valores de tensão se repete nas posições A’B’C’D’A’’ à medida que a espira
continua a girar. Um ciclo inclui as variações entre dois pontos sucessivos que apresentam o mesmo
valor e variam no mesmo sentido. Por exemplo, 1 ciclo pode ser evidenciado também entre os
pontos B e B’ da figura 119.
Figura 119 - Dois ciclos de tensão alternada gerados pela rotação de um espira.
81
Medição Angular
360º 180º
360º = 2π rad → 1rad = → 1rad =
2π π
Onda Co-senoidal
A tensão alternada que nos é fornecida, através da rede elétrica, é por questões de geração e
distribuição senoidal (co-senoidal), ou seja, obedece a uma função do tipo:
v(t) = vp⋅cos(ωt + θ)
2π
ω é a velocidade angular ( ω = 2πf ou ω= ).
T
t é um instante qualquer.
Nota-se, através da função, que a tensão de pico (vp) é igual a 20V, a velocidade angular (ω)
é 500⋅π rad/s e o ângulo de defasagem inicial é -3π/4 rad ou 135º. O período dessa função é igual a
4ms e a freqüência igual a 250Hz.
Além do valor de pico (vp), temos o valor pico-a-pico (vpp) que é igual à variação máxima
entre o ciclo positivo e o ciclo negativo, e o valor eficaz (vef) ou RMS (vRMS), que corresponde ao
valor de uma tensão alternada que, se fosse aplicada a uma resistência, dissiparia uma potência
média, em watts, de mesmo valor numérico de uma tensão contínua aplicada à mesma resistência.
Para a tensão alternada co-senoidal, o valor eficaz é calculado através da expressão matemática:
vp
v ef =
2
82
No gráfico da figura 120, temos que:
20
v p = 20V, v pp = 40V e v ef = = 14,14V
2
83
FASORES
Quando se deseja representar sinais por meio de fasores, primeiramente escolhe-se uma
forma de onda como referência e então comparasse as demais ondas através do ângulo entre as setas
que representam os fasores. No exemplo da figura 122 o fasor VA representa a onda de tensão A
com um ângulo de fase de 0º, figura 122a. O fasor VB é vertical para mostrar o ângulo de fase de
90º com relação ao fasor VA, que serve como referência. Como os ângulos de avanço de fase então
representados no sentido anti-horário a partir do fasor de referência, VB está adiantado de VA de 90º
conforme mostra a figura 122a .
Geralmente, o fasor de referência é horizontal, correspondendo a 0º. Porém, nada impede
que possamos utilizar outra referência. Se VB fosse representado como a referência, conforme
mostra a figura 122b, VA teria que estar a 90º horários, a fim de ter o mesmo ângulo de fase. Neste
84
caso, VA está atrasada com relação à VB de 90º. Não há nenhuma diferença fundamental no fato de
VB estar adiantada de VA de 90º ou de VA estar atrás de VB de 90º.
Figura 122 - (a) VB está adiante de VA de 90º (b) VA está atrasado com relação a VB de 90º.
Quando duas ondas então em fase, o ângulo de fase é zero. As amplitudes se somam.
Quando as duas ondas estão exatamente fora de fase (ou oposição de fase) o ângulo de fase é de
180º. Suas amplitudes são opostas e a resultante é a diferença entre os seus módulos. Para valores
iguais as fases se cancelam.
Quando o eixo horizontal é identificado como o eixo real do plano complexo os fasores
tornam-se números complexos.
Relações de Fase
Um sinal senoidal (tensão ou corrente) não precisa ter, necessariamente, amplitude máxima
no instante t = 0s. Isso significa que ele pode iniciar o seu ciclo adiantado ou atrasado de um
intervalo de tempo ∆t ou de uma fase inicial θ.
Se o sinal está adiantado, a fase inicial θ é positiva na expressão do valor instantâneo e no
respectivo diagrama fasorial, conforme mostra a figura 123.
85
Figura 124 - Sinal co-senoidal atrasado e sua representação fasorial.
O ângulo de fase entre duas formas de onda de mesma freqüência é a diferença angular num
dado instante. Por exemplo, o ângulo de fase entre as ondas B e A da figura 125 é de 90º. O eixo
horizontal da figura 125 que mostra as formas de onda, representa as unidades de tempo em
ângulos. A onda B começa com seu valor máximo e cai para zero em 90º, enquanto a onda A
começa em zero e cresce até o seu valor máximo em 90º. A onda B atinge o seu valor máximo 90º
na frente da onda A; logo, a onda B está adiantada relativamente à onda A de 90º. Este ângulo de
fase de 90º entre as ondas B e A é mantido durante o ciclo completo e todos os ciclos sucessivos.
Em qualquer instante, a onda B passa pelo valor que a onda A terá 90º mais tarde. As duas formas
de onda são chamadas de senóides.
Um sinal alternado co-senoidal pode ser convertido diretamente nas representações fasorial
e complexa equivalentes. Mas, se a sua expressão for um seno, ela deve ser modificada para co-
seno por meio da identidade trigonométrica sen θ = cos (θ - 90º) antes de efetivar as conversões.
86
Figura 126 - Representação temporal.
Figura 128 - Representação complexa.
Figura 127 - Representação fasorial.
Observe que nos modos de representação instantânea e fasorial, tanto analítica quanto
gráfica, aparecem pelo menos três parâmetros básicos: uma amplitude, uma freqüência e a fase,
com os quais podem ser determinados todos os demais parâmetros. Já, na representação complexa,
a freqüência deve ser fornecida à parte para completar esse conjunto de parâmetros básicos.
v1 (t) = 141 ⋅ cos(377t − π/4)[V] ≡ V1 = 100V; θ1 = −45º ≡ & = 100∠ − 45º [V]
V 1
Adição gráfica: vA(t) = v1(t) + v2(t) Subtração gráfica: vB(t) = v1(t) - v2(t)
87
Adição analítica: vA(t) = v1(t) + v2(t) Adição analítica: vB(t) = v1(t) - v2(t)
vA(t) = v1(t) + v2(t) ⇒ vB(t) = v1(t) - v2(t) ⇒
vA(t) = 141⋅cos(377t - π/4) + 99⋅cos(377t - π/3) ⇒ vA(t) = 141⋅cos(377t - π/4) - 99⋅cos(377t - π/3) ⇒
vA(t) = 150,2⋅cos(377t – 0,1) [V] vA(t) = 192,5⋅cos(377t – 1,3) [V]
VAx = V1x + V2x = 100⋅cos(-45°) + 70⋅cos(60°) ⇒ VBx = V1x - V2x = 100⋅cos(-45°) - 70⋅cos(60°) ⇒
VAx = 70,7 + 35 ⇒ VAx = 105,7V VBx = 70,7 - 35 ⇒ VBx = 35,7V
VAy = V1y + V2y = 100⋅sen(-45°) + 70⋅sen(60°) ⇒ VBy = V1y - V2y = 100⋅sen(-45°) - 70⋅sen(60°) ⇒
VAy = -70,7 + 60,6 ⇒ VAx = -10,1V VBy = -70,7 - 60,6 ⇒ VBx = -131,3V
VA = 106,2V VB = 136,1V
88
VAy 10,1 VBy 131,3
θ A = −arctg = −arctg ⇒ θ A = −5,5° θ A = −arctg = −arctg ⇒ θ A = −74,8°
VAx 105,7 VBx 35,7
89
CONCEITO DE IMPEDÂNCIA
ϕ) no plano complexo.
Figura 133 - Representação do número complexo Z = R + jX = (Z,ϕ
cateto adjacente R
cosϕ = ⇒ cosϕ = ∴ R = Z ⋅ cosϕ
hipotenusa Z
cateto oposto X
senϕ = ⇒ senϕ = ∴ X = Z ⋅ sen ϕ
hipotenusa Z
cateto oposto X X
tagϕ = ⇒ tagϕ = ∴ ϕ = arctg
cateto adjacente R R
90
OPERAÇÕES MATEMÁTICAS COM NÚMEROS COMPLEXOS
Z& 1 = R 1 + jX1
⇒ Z& = Z& 1 + Z& 2 ⇒ Z& = (R 1 + R 2 ) + j(X1 + X 2 )
Z& 2 = R 2 + jX 2
Z& 1 = R 1 + jX1
⇒ Z& = Z& 1 − Z& 2 ⇒ Z& = Z1 + (− Z 2 ) ⇒ Z& = (R 1 − R 2 ) + j(X1 − X 2 )
Z& 2 = R 2 + jX 2
Para as operações de multiplicação e divisão é mais conveniente utilizar a forma polar, onde
no caso de uma multiplicação, multiplica-se os módulos e soma-se os ângulos e para a divisão
dividi-se os módulos e subtrai-se os ângulos, como mostram os exemplos abaixo:
Z& 1 = Z 1∠θ1
⇒ Z& = Z& 1 ∗ Z& 2 ⇒ Z& = Z1 ∗ Z 2 ∠(θ1 + θ 2 )
Z& 2 = Z 2 ∠θ 2
91
Divisores de tensão
Divisores de corrente
92
RESISTÊNCIA EM CIRCUITOS CA
93
COMPORTAMENTO DO CAPACITOR IDEAL EM CA E REATÂNCIA CAPACITIVA
A relação entre a tensão vc(t) e a corrente ic(t) no capacitor pode ser dada matematicamente
por meio das expressões:
t
1 dv c
v c (t ) = ∫
C
o
i.dt + v c0 e i c (t ) = C.
dt
Considerando que o capacitor esteja submetido a uma tensão CA co-senoidal com fase
inicial nula, isto é:
dv c (t) d
i c (t) = C ⋅ = C⋅ (Vcp ⋅ cos ωt) ⇒ i c (t) = −ω ⋅ C ⋅ Vcp ⋅ sen ωt
dt dt
Assim: ic(t) = ω⋅C⋅Vcp⋅cos (ωt + π/2) ou İc = Ic∠90º, onde ω⋅C⋅Vcp é a corrente eficaz.
Portanto, como mostra a figura 138, no capacitor a corrente está 90º adiantada em relação à
tensão ou a tensão está 90º atrasada em relação à corrente, correspondendo a uma defasagem
negativa, isto é, ϕ = -90º.
94
Figura 138 - Comportamento do capacitor em CA.
V & V ∠0º Vc
∠(0º−90º )
1 1
Z& = c = c = ⇒ Z& = ∠ − 90º ou Z& = -j
I& c I c ∠90º ω ⋅ C ⋅ Vc ω⋅C ω⋅C
A impedância do capacitor ideal é uma reatância pura, ou seja, ela é composta somente pelo
valor imaginário.
A reatância capacitiva XC é a oposição à passagem da corrente elétrica alternada (CA)
devido à capacitância no circuito e a sua unidade é o ohm [Ω]. Pode-se calcular a reatância
capacitiva através do módulo da impedância:
1 1
Z = R2 + X2 = X2 = X ⇒ Z = ⇒ XC = (reatância capacitiva)
ω⋅C ω⋅C
1
Como ω = 2⋅π⋅f, temos que: X C =
2⋅π⋅f ⋅C
95
COMPORTAMENTO DO INDUTOR IDEAL EM CA E REATÂNCIA INDUTIVA
V& VL ∠0º
Z& = L = = ⇒ Z& = ω ⋅ L∠ + 90º ou Z& = j ω ⋅ L
&I
c
Ic ∠ − 90º
A impedância do indutor ideal também é uma reatância pura, ou seja, ela é composta
somente pelo valor imaginário.
Um indutor, quando é percorrido por uma corrente elétrica alternada, oferece oposição à
passagem desta corrente, imposta por um campo magnético, denominada reatância indutiva XL. A
unidade da reatância indutiva é o ohm [Ω]. Pode-se calcular a reatância indutiva através do módulo
da impedância:
96
Como ω = 2⋅π⋅f, temos que: X L = 2 ⋅ π ⋅ f ⋅ L
97
CIRCUITOS RL
XL
A fase é calculada por: ϕ = arctg
R
R = Z⋅cos ϕ e XL = Z⋅sen ϕ
Exemplo: Para o circuito da figura, se R for igual a 500Ω e XL for 800Ω, calcule a impedância
(módulo e fase).
XL 80
ϕ = arctg = arctg = arctg 1,6 ⇒ ϕ ≅ 58º
R 50
98
corrente İ através de XL deve estar 90º atrasada em relação à V& L , pois este é o ângulo de fase entre
a corrente através da indutância e a sua tensão auto-induzida, figura 141b. A corrente İ através de R
e a sua queda de tensão İ ⋅R estão em fase, portanto o ângulo de fase é 0º.
Pela Lei de Kirchhoff das Tensões, sabemos que V& = V& R + V& L . Porém, deve-se tomar alguns
cuidados, pois agora estamos tratando com valores que podem diferenciar em módulo e/ou em fase.
Neste caso, temos que realizar uma soma fasorial.
Para associar duas formas de onda fora de fase, somamos seus fasores equivalentes através
da regra do paralelogramo. O método consiste em se acrescentar à extremidade de um fasor à ponta
da seta do outro, utilizando o ângulo para indicar a sua fase relativa. A soma dos fasores produz um
fasor resultante que parte da base de um fasor e vai até a extremidade da seta do outro, como mostra
a figura.
Quando os valores estão em quadratura, ou seja, a diferença angular for de 90º, os módulos
da tensão podem ser relacionados através do Teorema de Pitágoras caso contrário, deve-se utilizar
outro método de soma fasorial, como por exemplo, o método gráfico ou através da representação de
números complexos.
VL
E fase de V& igual a: ϕ = arctg
VR
99
Análise de impedância de um circuito RL paralelo
A impedância total Ż de um circuito RL paralelo pode ser obtida pela fórmula geral de
impedâncias em paralelo. Assim, para o circuito da figura 143 temos:
1 1 1 1 1 1 jR ⋅ X L
= + ⇒ = −j ou Z& =
&
Z R jX L &
Z R XL R + jX L
&
V
& = Z& ⋅ I&
V ⇒ Z& =
&I
Em um circuito RL paralelo, como mostra a figura 144, a mesma tensão V& é aplicada em R
e em XL. Neste caso não há diferença de fase entre as tensões. Portanto, a tensão V& será utilizada
como referência.
Pela Lei de Ohm, sabe-se que a corrente sobre o resistor R deve ser &I R = V& R e esta deve
estar em fase com a tensão V& . A corrente sobre o indutor deve ser &I L = V& X L atrasada de 90º em
relação a V& . E o fasor soma de İR e İL é igual à corrente total İ, figura 144c.
Como a defasagem é de exatos 90º, podemos utilizar o Teorema de Pitágoras para encontrar
o módulo e a fase a corrente total İ.
Módulo: I = IR 2 + IL 2
−I
Fase: ϕ = arctg L
IR
Atenção: O vetor İL está apontando para baixo, por isso deve ter sinal negativo.
100
Figura 144 -Circuito RL paralelo e seu diagrama de fasores.
101
CIRCUITOS RC EM CORRENTE ALTERNADA.
O valor da impedância Ż pode ser encontrada através da soma vetorial de R e de XC, ou seja:
O módulo de Ż é: Z = R2 + XC2
− XC
A fase de Ż é: ϕ = arctg
R
R = Z⋅cos ϕ e XC = -Z⋅sen ϕ
Atenção: A reatância capacitiva está atrasada de 90º, logo o ângulo ϕ deve ser negativo.
Exemplo: Para o circuito da figura 145a, se R for igual a 500 Ω e XC for 800 Ω, calcule a
impedância (módulo e fase).
− XC − 80
ϕ = arctg = arctg = arctg (− 1,6) ⇒ ϕ ≅ −58º
R 50
através de R está em fase com İ uma vez que a resistência não produz desvio de fase.
102
Figura 146 - Circuito RC série.
Pela Lei de Kirchhoff das Tensões, sabemos que V& = V& R + V& C . Como os fasores V& R e V& C
formam um triângulo retângulo, podemos encontrar o módulo e a fase através das expressões:
− VC
E fase de V& igual a: ϕ = arctg
VR
A impedância total Ż de um circuito RC paralelo pode ser obtida pela fórmula geral de
impedâncias em paralelo. Assim, para o circuito da figura 148 temos:
1 1 1 1 1 1 - jR ⋅ X L
= + ⇒
= +j ou Z& =
Z& R − jX C
&
Z R X L R − jX L
103
Atenção! A impedância total do circuito também pode ser calculada através da primeira Lei
de Ohm:
&
V
& = Z& ⋅ I&
V ⇒ Z& =
&I
Em um circuito RC paralelo, como mostra a figura 149a, a mesma tensão V& é aplicada em
R e em XC. Neste caso, não há diferença de fase entre as tensões. Portanto, a tensão V& será
utilizada como referência.
Módulo de İ: I = I R 2 + I C 2
I
Fase de İ: ϕ = arctg C
IR
104
CIRCUITOS RLC
A queda de tensão na resistência está em fase com a corrente que passa pela resistência. A
tensão através da indutância está adiante da corrente que passa pela indutância de 90º e a tensão no
capacitor está atrasada relativamente à corrente que passa pela capacitância de 90º. Como V& L e V& C
estão exatamente em fase 180º fora de fase agem em sentidos opostos e se somam algebricamente
podendo gerar 3 situações distintas:
Circuito Indutivo (ϕ > 0º) Circuito Capacitivo (ϕ < 0º) Circuito Resistivo (ϕ = 0º)
A tensão total V& deve ser igual à soma fasorial de todas as tensões, logo:
& =V
V & +V
& +V
&
R L C
V L − VC
A fase de V& é: ϕ = arctg
VR
105
Ż = R + j(XL - XC) ou Ż = Z∠ϕ
O módulo de Ż é: Z = R 2 + (X L − X C )2
(X L − XC )
A fase de Ż é: ϕ = arctg
R
Utilizando a tensão V& como referência. A corrente total İ é o fasor soma de İR, İL e İC. A
corrente na indutância İL segue 90º atrás da tensão V& . A corrente no capacitor İC está 90º adiante da
tensão V& . İL e İC estão exatamente 180º fora de fase e agem, portanto, em sentidos opostos gerando
3 situações distintas:
Circuito Indutivo (ϕ > 0º) Circuito Capacitivo (ϕ < 0º) Circuito Resistivo (ϕ = 0º)
A corrente total İ deve ser igual a soma fasorial de todas as correntes, logo:
İ = İR + İL + İC
I = IR + (IC − IL )
2 2
O módulo de İ é:
I C − IL
A fase de İ é: ϕ = arctg
IR
106
1 1 1 1
= + j −
ou Z& = Z∠ϕ
&Z R X X
C L
Logo:
2
1 12 1 1
O módulo de 1/Ż é: = 2
+ −
Z R XC X L
R ⋅ (X C − X L )
A fase de Ż é: ϕ = arctg
XL ⋅ X C
107
RESSONÂNCIA
Uma das características mais importantes dos circuitos RLC é que é possível fazê-lo
responder a uma única freqüência dada, com maior eficácia. Ao funcionar nestas condições, diz-se
que o circuito está em ressonância ou ressoa na freqüência de operação. Um circuito RLC série ou
paralelo trabalhando em ressonância apresenta certas propriedades que permitem que ele responda
seletivamente a certas freqüências rejeitando outras. Um circuito que funciona de modo a fornecer
uma seletividade de freqüência é chamado de circuito sintonizado. Os circuitos sintonizados são
usados no “casamento” de impedâncias, em filtros de passagem de faixa e em osciladores.
Um circuito entra em ressonância quando a reatância capacitiva XC for igual à reatância
indutiva XL, onde:
1
XL = 2 ⋅ π ⋅ f ⋅ L e XC =
2⋅π⋅f ⋅C
Portanto, na ressonância:
1
XL = XC → 2⋅π ⋅f ⋅L =
2⋅π⋅f ⋅C
Tirando o valor de f,
1 1 0,159
f2 = ⇒ f = f0 = =
(2 ⋅ π )
2
⋅L ⋅C 2 ⋅ π ⋅ L ⋅C L ⋅C
1
Como ω0 = 2⋅π⋅f0, podemos escrever: ω 0 =
L ⋅C
O gráfico da figura 152 mostra as curvas de XC e XL e o ponto onde elas se cruzam. Para
qualquer produto LC, existe somente uma freqüência de ressonância. A partir de uma freqüência f0
qualquer, pode-se calcular o valor de L ou C para formar um circuito ressonante.
108
FILTROS PASSIVOS
Filtros são dispositivos eletrônicos que permitem ou rejeitam a passagem de uma faixa
específica de freqüências impondo uma forte atenuação às freqüências rejeitadas e nenhuma
atenuação às freqüências permitidas. Os filtros a serem aqui analisados são todos filtros passivos,
assim chamados porque são constituídos apenas por elementos passivos: resistores, indutores e
capacitores. Dessa forma, os filtros passivos não podem amplificar o sinal de entrada e o sinal na
sua saída terá uma amplitude máxima igual à do sinal de entrada.
Curva de Resposta em
Filtro Característica
Freqüência
A fórmula da freqüência de corte de um filtro pode ser deduzida a partir da expressão do seu
ganho. O dois métodos mais simples são:
1ª Método: Na freqüência de corte fC, o módulo AVc do ganho vale AVc= -3dB ou AVc = 1/√2. Neste
caso, a freqüência de corte é determinada igualando a expressão do módulo do ganho ao valor AVc.
2ª Método: Na freqüência de corte fC, a fase θAc do ganho vale θAc = ±45º. O sinal da fase depende
do tipo de filtro. Neste caso, a freqüência de corte é determinada igualando a expressão da fase do
ganho ao valor de θAc.
109
Função de transferência ou Ganho: A função de transferência, chamada também de
ganho, é definida como a razão entre o sinal de saída e o sinal de entrada. Quando o circuito possui
mais de uma fonte independente, podemos determinar a função de transferência para cada fonte e
usar o teorema da superposição para obter a resposta global. A função de transferência é um
conceito genérico e não se aplica apenas a filtros, mas em qualquer circuito. Ainda pelo fato de ser
um conceito genérico, os sinais de entrada utilizados para defini-la podem ser as tensões ou as
correntes de entrada e saída ou mesmo outros parâmetros, de acordo com o tipo de comportamento
do circuito que se deseja analisar. Por exemplo, no circuito eletrônico genérico da figura podemos
encontrar a seguintes relações de ganhos (funções transferências):
VS
Ganho de tensão: AV = ,[V/V]
VE
IS
Ganho de Corrente: AI = ,[A/A]
IE
PS
Ganho de Potência: AP = ,[W/W]
PE
Decibel [dB]: É uma unidade básica de medida de relação entre potências, criada por
engenheiros da Bell Telephone System. Esta unidade baseia-se no logaritmo de uma relação, tendo
como característica a compressão do resultado da relação.
PS
A P (dB) = 10 ⋅ log ou A P (dB) = 10 ⋅ logA P
PE
VS 2
P RS V RE
2
V
2
R
A P (dB ) = 10 ⋅ log S = 10 ⋅ log = 10 ⋅ log S . = 10 ⋅ log S + 10 ⋅ log E ⇒
PE VE 2 V E R S
V
E RS
RE
VS R
A P (dB ) = 20 ⋅ log + 10 ⋅ log E
VE RS
VS
AV (dB ) = 20 ⋅ log ou A V (dB ) = 20 ⋅ log AV
VE
110
ou menor do que a tensão de entrada. A fase do ganho informa o quanto à tensão de saída é
defasada em relação à tensão de entrada.
No Diagrama de bode, é utilizado a escala logarítmica para representar as freqüências (eixo
horizontal) e a escala linear tanto para o módulo (em dB), como para o ângulo de fase (em graus).
Observe na figura 153 que mostra o diagrama de bode para um filtro passa baixas, a freqüência de
corte a -3dBs no gráfico da amplitude (magnitude) e a 45° no gráfico da fase.
A forma mais simples de construir filtros passivos é através do uso de circuitos RC e RL.
1
XC =
2⋅π⋅f ⋅C
Pela expressão da reatância capacitiva, podemos verificar que esta varia inversamente com a
freqüência. A medida em que a freqüência, do sinal de entrada, tente a infinito (f → ∝), a reatância
do capacitor tende a zero (XC → 0). Em baixas freqüências (f → 0), o valor de XC tende a ser
elevado (XC → ∝).
111
A tensão de saída, que é dada por VS = İ⋅XC, acompanha está variação de XC, sendo igual ao
sinal de entrada (VS → VE) quando a freqüência deste sinal tender a zero (f → 0). A tensão de saída
vai diminuindo progressivamente (VS → 0) com o aumento da freqüência até tender a zero no
infinito (f → ∝).
Cálculo do ganho:
& = − jX C .V
& ⇒ VS = − jX C ⇒ VS = X C ∠ − 90º X C ∠ − 90º
& &
VS E =
R − jX C &
VE R − jX C &
VE − XC X
R 2 + X C 2 ∠arctg R 2 + X C 2 ∠ − arctg C
R R
& = XC XC XC X
A V ∠ − 90º-(-arctg ) ⇒ & =
A V ∠ − 90º+arctg C
R + XC
2 2 R R + XC
2 2 R
Substituindo XC por 1/(2πf⋅C) temos a expressão do ganho (módulo e fase) em função dos
parâmetros R e C:
1 1 1
2πf ⋅ C 2πf ⋅ C 2πf ⋅ C 1
Av = = = ⇒ Av =
1
2
R ⋅ (2πf ⋅ C ) + 1
2 2
R ⋅ (2πf ⋅ C ) + 1
2 2
(2πf ⋅ R ⋅ C )2 + 1
R +
2
2πf ⋅ C (2πf ⋅ C )2 2πf ⋅ C
1
2πf ⋅ C = −90º+arctg
= −90º+arctg
1
θA 2πf ⋅ C ⋅ R ⇒ θ A = −arctg (2πf ⋅ R ⋅ C )
R
Sabendo que o módulo do ganho AV, na freqüência de corte vale 1/√2, podemos encontrar a
expressão de fC:
2
1
2
1 1 1 ⇒ (2πf C ⋅ R ⋅ C )2 + 1 = 2 ⇒ 2πf C ⋅ R ⋅ C = 1
= ⇒ =
(2πf C ⋅ R ⋅ C )2 + 1 2
(2πf C ⋅ R ⋅ C )2
+1 2
1
fC =
2π ⋅ R ⋅ C
Substituindo 2π⋅R⋅C por 1/fC encontramos a expressão do ganho (módulo e fase) em função
de f e fC.
1 f
AV = e θ A = −arctg
f
2 fC
f +1
C
112
X C = 2πf ⋅ L
Pela expressão da reatância indutiva, podemos verificar que esta varia diretamente com a
freqüência. A tensão de saída, que se encontra sobre o resistor R, acompanha está variação. A
medida em que a freqüência, do sinal de entrada, tente a infinito (f → ∝), a reatância do indutor
também tende a infinito (XL → ∝) fazendo com que a tensão de saída, que está sobre o resistor R,
tenda a zero (V → 0). Em baixas freqüências (f → 0), o valor de XL tende a ser baixo (XC → 0) e a
tensão sobre o resistor é alta (VS → ∝).
Cálculo do ganho:
Substituindo XL por 2πf⋅L temos a expressão do ganho (módulo e fase) em função dos
parâmetros R e L:
R
R R 1 1
Av = = = ⇒ Av =
R 2 + (2πf ⋅ L )2 R 2 + (2πf ⋅ L )2 R 2 + (2πf ⋅ L )2 2
2πf ⋅ L
+1
R2 R2 R
2πf ⋅ L
θ A = −arctg
R
Sabendo que o módulo do ganho AV, na freqüência de corte vale 1/√2, podemos encontrar a
expressão de fC:
2
2 2
1
=
1
⇒
1 = 1 ⇒ 2πf C ⋅ L + 1 = 2 ⇒ 2πf C ⋅ L = 1 ⇒
2
2πf C ⋅ L
2 2 2πf C ⋅ L
2
R R
+1 +1
R R
R
fC =
2π ⋅ L
113
Substituindo 2π⋅L/R por 1/fC encontramos a expressão do ganho (módulo e fase) em função
de f e fC.
1 f
AV = e θ A = −arctg
f
2
fC
f +1
C
Da mesma forma que os filtros passa baixas, podemos utilizar os parâmetros reativos XC e
XL para a construção simples de filtros passa baixas, conforme mostram as figuras 157 e 158.
RC: RL:
Figura 157 - Filtro RC passa altas. Figura 158 – Filtro RL passa altas.
Comportamento: Comportamento:
114
(f → 0) ⇒ (XC → ∝) ⇒ (VS → 0) (f → 0) ⇒ (XL → 0) ⇒ (VS → 0)
(f → ∝) ⇒ (XC → 0) ⇒ (VS → ∝) (f → ∝) ⇒ (XC → ∝) ⇒ (VS → ∝)
Ganho: Ganho:
V&S R V&S jX L
= =
&
VE R − jX C &
VE R + jX L
R XC XL XL
A& V = ∠arctg A& V = ∠ + 90º−arctg
R + XC
2 2 R R + XL
2 2 R
1 1
AV = AV =
2 2
1 R
+ 1 + 1
2πf ⋅ R ⋅ C 2πf ⋅ L
1 R
θ A = arctg θ A = arctg
2πf ⋅ R ⋅ C 2πf ⋅ L
1 R
fC = fC =
2π ⋅ R ⋅ C 2π ⋅ L
1 f
AV = e θ A = −arctg C
fC
2 f
+ 1
f
115
Diagrama de Bode:
Os filtros passa faixa, também chamados de filtros de banda de passagem, são aqueles que
deixam passar os sinais cujas freqüências estejam dentro de uma certa faixa e rejeitam os sinais com
freqüências fora dessa faixa. Esses filtros são um pouco mais complexos do que os vistos
anteriormente (passa baixas e passa altas).
Conforme visto na introdução sobre filtros passivos, um filtro passa faixa ideal tem duas
freqüências de corte, fci e fcs, que identificam a banda de passagem. Existem três outros parâmetros
importantes que caracterizam um filtro passa-faixa:
116
O circuito RLC em série pode se comportar como um filtro passa-faixa se a saída do filtro for
definida como a tensão entre os terminais do resistor, como mostra a figura 160.
R 1
A& V = ⇒ A&V =
1 ω⋅L 1
R + j ⋅ ω ⋅ L − 1+ j ⋅ −
ω⋅C R ω⋅C ⋅ R
- A freqüência central ou de ressonância é aquela onde ganho é um número real, dessa forma:
ω0 ⋅ L 1 ω0 ⋅ L 1 1
− =0 ⇒ = ⇒ ω0 =
R ω0 ⋅ R ⋅ C R ω0 ⋅ R ⋅ C L⋅C
1 ω0 R
AV = ; onde Q = e ωB =
ω ω0 ωB L
1 + j ⋅ Q ⋅ −
ω0 ω
1 ω ω0
AV = θ A = −arctgQ ⋅ −
ω ω0
2
ω0 ω
1 + Q 2 ⋅ −
ω0 ω
117
2
ω ω0
2
- Quando AV = 1 2 , temos que: Q − = 1 . Essa é uma equação de quarta ordem, cujas
ω0 ω
soluções de interesse (freqüências de corte) são:
1 ω0 1 ω0
ω ci = ω 0 ⋅ 2
− e ω cs = ω 0 ⋅ 2
+
1 2Q 1 2Q
2Q 2Q
- Demonstrando ωB:
ω0 ω0 ω0
ω cs − ω ci = + = =ωB
2Q 2Q Q
- Fórmula de Q:
1
ω LC L
Q= 0 = =
ωB R CR 2
L
• Um circuito com alto fator de qualidade Q possui uma largura de banda estreita: ωB = ω0/Q.
• Para um fator de qualidade Q > 10, temos: ωci = ω0 – ωB/Q e ωcs = ω0 + ωB/Q.
• Neste caso, a curva de magnitude de AV é aproximadamente simétrica em torno de ω0.
118
Os filtros rejeita faixa, também chamados de filtros de banda de rejeição, são aqueles que
deixam passar os sinais cujas freqüências estejam fora de uma certa faixa, definida por duas
freqüências de corte (similarmente aos filtros passa faixa) e rejeitam os sinais com freqüências
dentro dessa faixa. Esses filtros possuem complexidade igual à dos filtros passa-faixa e estes dois
filtros desempenham papéis complementares no domínio da freqüência.
Os filtros rejeita faixa são caracterizados por parâmetros semelhantes aos dos filtros passa
faixa: duas freqüências de corte, a freqüência central, a banda rejeitada, e o fator de qualidade.
Também neste caso, apenas dois dos parâmetros podem ser especificados livremente.
O circuito RLC em série pode se comportar como um filtro passa faixa se a saída do filtro
for definida como a tensão entre os terminais do resistor como mostra a figura 162.
1 &
- A tensão de saída é dada por: V& s = j ⋅ ω ⋅ L − ⋅I
ω ⋅C
A& V =
(
j⋅ ω⋅L− 1
ω⋅L ) A& V =
(1 L ⋅ C − ω )
2
(
R+ j⋅ ω⋅L− 1
ω ⋅C ) ⇒
1
L⋅C −ω +
2 j ⋅ω ⋅ R
L
- Lembrando que a freqüência central ou de ressonância é aquela onde a soma das impedâncias do
indutor e do capacitor são iguais a zero:
ω0 ⋅ L 1 1
− =0 ⇒ ω0 =
R ω0 ⋅ R ⋅ C L⋅C
119
- Desenvolvendo AV, chegamos a:
A& V =
(ω 0
2
−ω2 ) ; onde Q =
ω0
e ωB =
R
2 ωB
ω 0 − ω 2 + j ω ⋅ ω 0
2 L
Q
ω ⋅ω0
AV =
(ω 2
−ω2 )
θ A = −arctg 2
Q
( )
0
ω 0 − ω 2
(ω 0
2
−ω2 )
2
+
ω 2 ⋅ω02
Q2
1 ω0 1 ω0
ω ci = ω 0 ⋅ 2
− e ω cs = ω 0 ⋅ 2
+
1 2Q 1 2Q
2Q 2Q
120
POTÊNCIA E FATOR DE POTÊNCIA
Figura 164 - Diagrama temporal de potência quando a tensão Figura 165 - Diagrama temporal de potência num circuito RL
e a corrente estiverem em fase. série quando a corrente segue a tensão pelo
ângulo de fase θ.
121
Potência real: P = VR⋅IR = V⋅I⋅cos θ ,[W,Watts]
Tendo a tensão da linha (real) como referência, num circuito indutivo, a potência aparente
(PS) segue atrás da potência real (P), como mostra a figura 167; enquanto num circuito capacitivo a
potência aparente (PS) segue adiante da potência real (P).
A razão ente a potência real e a potência aparente é chamada de fator de potência (FP):
O fator de potência é um valor positivo entre 0 e 1 que reflete o quanto da potência aparente
fornecida pelo gerador é efetivamente consumido pelo circuito ou pela impedância.
Exemplos:
- Uma corrente de 7A segue uma tensão de 220V formando um ângulo de 30º. Qual é o FP e a
potência real consumida pela carga?
- Um motor com a especificação 240V, 8A consome 1536W com carga máxima. Qual é o seu
FP?
P P 1536
FP = = = = 0,8 ou 80% ∴ Resp.
PS V ⋅ I 240 ⋅ 8
- Num circuito CA com RLC série a corrente da linha de 2A segue a tensão aplicada de 17V
formando um ângulo de 61,9º. Calcule FP, P, PQ e PS. Desenhe o triângulo de potência.
122
P = V⋅I⋅cos θ = 17⋅2⋅0,471 = 16 W ∴Resp.
A grande maioria das instalações industriais têm corrente total da linha atrasada, já que a
maioria das cargas são indutivas ou resistivas. No entanto, a energia cobrada da concessionária
refere-se à potência ativa (P) e não à potência aparente (PS). Do ponto de vista técnico e econômico,
para a concessionária isso não é bom, pois ela é obrigada a gerar mais energia do que o necessário.
Por isso, ela sobretaxa os consumidores industriais cujas instalações elétricas operam com fator de
potência FP < 0,92.Outros problemas do baixo fator de potência é o sobre dimensionamento da rede
elétrica.
A solução para este problema é a correção do fator de potência que pode ser realizada
através da inserção de um capacitor ou banco de capacitores em paralelo com as cargas. A função
dessa capacitância é compensar o atraso da corrente.
123
TRANSFORMADORES
VP N
= P
VS NS
Exemplo: Um transformador com núcleo de ferro funcionando numa linha de 120V possui 500
espiras no primário e 100 espiras no secundário. Calcule a tensão no secundário.
VP N NS 100
= P ⇒ VS = VP ⋅ ⇒ VS = 120 ⋅ ∴ VS = 24V
VS NS NP 500
VP I
PP = PS ou V P⋅I P = V S ⋅ I S ∴ = S
VS IP
124
onde, PP = potência do primário
PS = potência do secundário
IP = corrente do primário
IS = corrente que circula no secundário quando for ligada uma carga
A figura 169 mostra como o magnetismo no núcleo muda quando a corrente alternada flui
no enrolamento primário. Esta figura mostra que, quando o primeiro meio ciclo de corrente atingir
seu valor máximo, o magnetismo atingirá também seu valor máximo. Quando o primeiro ciclo é
completado o valor da corrente cai novamente a zero, porém o valor do magnetismo não cai a zero.
125
A quantidade de magnetismo que permanece no ferro é marcada na curva da figura 169, com
a letra a. O magnetismo remanescente é chamado remanência. A figura mostra que a corrente na
bobina primária deve fluir na direção inversa para reduzir o fluxo magnético à zero. Isso significa
que parte da onda é utilizada para desmagnetizar o ferro. Esta corrente provoca uma força
magnetizante marcada com a letra b na figura. A força magnetizante necessária para remover o
magnetismo é chamada força coersiva. A figura mostra que o fluxo atinge o valor máximo quando
a corrente está no máximo e a figura mostra a curva característica para vários ciclos de uma entrada
com corrente alternada. Quanto maior os valores de a e b, maiores serão as perdas por histerese. A
curva da figura é chamada curva de histerese. Essa curva é característica para cada tipo de material.
O ideal em núcleos de transformadores é o uso de materiais que apresentem baixas perdas por
histerese.
A perda por correntes parasitas ou correntes de Foucault resulta das correntes induzidas
que circulam no material do núcleo.
Para minimizar as perdas pelas correntes parasitas, o núcleo é constituído por chapas
laminadas de aço-silício, isoladas por um verniz e solidamente agrupadas.
Também podem ocorrer pela dispersão de fluxo magnético. Para reduzir este tipo de perdas,
todo o conjunto tem um formato apropriado, onde os enrolamentos primário e secundário são,
através de um carretel, colocados na parte central, concentrando dessa maneira as linhas de campo
magnético. A figura 170 mostra um transformador com as suas características construtivas.
126
ou, em porcentagem:
PP
η% = ⋅ 100
PS
127
O símbolo utilizado para transformador não dá indicação sobre a fase da tensão através do
secundário, uma vez que a fase dessa tensão na verdade depende do sentido dos enrolamentos em
volta do núcleo. Para resolver este problema são usados pontos de polaridade para indicar a fase dos
sinais do primário e do secundário. As tensões estão ou em fase (figura 173a) ou 180º fora de fase
com relação à tensão do primário (figura 173b).
128
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
129