Geopolítica e Geo

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Geopolítica e Geo-estratégica

Poder marítimo
Ãlfred Thayer Mahan (1840 – 1914)
É uma das grandes referências teóricas do poder marítimo, sugeriu que o
poder militar americano devia basear-se na sua componente naval,
seguindo o exemplo britânico defendendo que “quem domina o mar
domina o globo”.

Mahan analisava a realidade internacional como “Um oceano contínuo e


não interrompido, com os seus vários braços unidos por mares de união;
um Estado transcontinental enorme, completamente cercado de terras – o
Império Russo – estendendo-se sem uma falha desde a calote do Ártico até
ao interior da Ásia e desde o Leste da Europa até a um ponto ainda mais a
leste que o Japão; os Estados marítimos da Europa continental e os das
costas marítimas da Ásia; e os Estados insulares UK e Japão, e ainda os
Estados Unidos, todos estes separados pela massa continental da Eurásia.”

Definia o poder marítimo como “A soma de forças e fatores,


instrumentos e circunstâncias geográficas, que cooperam para
conseguir o domínio do mar, garantir o seu uso e impedi-lo ao
adversário.”

Segundo Mahan, existem seis critérios que influenciavam o poder


marítimo:
→ Posição geográfica;
→ Configuração física do território;
→ Extensão do território;
→ Quantidade da população;
→ Carácter nacional;
→ Instituições.

As suas teses sofreram a influência do jornalista John Sullivan, que expôs


no Manifest Destiny (1845), que a expansão territorial dos Estados Unidos
na América do Norte seria o resultado da vontade divina, das qualidades
do povo americano e das virtudes das suas instituições.

→ Posteriormente, consolidada a expansão terrestre, o poder americano


deveria expandir-se para os oceanos.
→ Mahan considerava geoestrategicamente os Estados Unidos como uma
ilha entre a Europa e a Ásia.

Mahan seguia com atenção as estratégias das outras potências europeias,


nomeadamente as europeias, como a Alemanha e a Rússia. Também
entendeu a relevância do heartland russo, por isso, entendia que os Estados
Unidos deviam juntar-se a outras potências como o Japão, a Alemanha e o
Reino Unido, de modo a fazer frente à ameaça comum.

“As propostas de Mahan assentavam na projeção do mesmo tipo de poder


para os Estados Unidos, situados entre os oceanos Atlântico e Pacífico.

Para isso a potência deveria estabelecer três objetivos fundamentais:

→ Primeiro, projeção marítima para o Pacífico, para o que era


indispensável a ocupação do arquipélago do Hawai; é necessário ter
presente que o fim do século XIX é, à época da expansão japonesa.
→ Segundo, construção de um canal na América Central facultando uma
fácil e curta ligação entre as duas costas do subcontinente americano e
favorecendo o tráfico marítimo e comercial entre a Europa e a Ásia; a
França lançara-se nesse projecto em 1880 mas interrompeu o em 1888.
→ Terceiro, controlo dos arquipélagos das Caraíbas, como meio para
assegurar o domínio do mar interior do mesmo nome, e através desse
domínio, controlar os acessos e a navegação no canal;

Algumas vulnerabilidades apontadas à teoria de Mahan:

→ “Considerou a Inglaterra como potência preponderante, exclusivamente


baseada no seu poder marítimo;
→ Não atendeu ao facto de que o poder marítimo, para se opor ao poder
terrestre, procurou sempre aliar-se a outro poder terrestre;
→ Não considerou o aparecimento de novas armas, como o submarino e o
avião, embora ainda numa fase inicial de desenvolvimento (…)”.

Alguns pontos fortes da teoria de Mahan;


→ “Previu que a Rússia se converteria numa grande potência, com
apetências até à periferia da Eurásia, e concluiu que a sua expansão
poderia ser contida pelo emprego de um potencial transportado por mar;
→ Relevou a circulação marítima;
→ Enfatizou a necessidade de dominar algumas bases terrestres costeiras,
como premissa para o domínio dos mares (…)”.

Todas estas propostas de Mahan foram alcançadas pelo poder político


americano nas décadas posteriores. As suas teses influenciaram o
pensamento geoestratégico norte-americano contemporâneo.
As asserções de Mahan inspiraram a doutrina americana e a criação de
alianças militares durante a Guerra Fria – NATO, CENTO, SEATO.

“Não sendo possível ignorar o valor científico da reflexão de Mahan sobre


o poder marítimo, bem como o interesse analítico da sua abordagem
geopolítica baseada no espaço oceânico, a verdade é que o essencial da
teoria do almirante norte-americano é uma proposta geoestratégica,
visando os grandes interesses do seu país, os Estados Unidos, para se
tornarem uma potência marítima e, como tal, uma potência mundial.
A sua teoria mereceu um acolhimento integral da parte dos seus
governantes contemporâneos, nomeadamente Theodore Roosevelt, e viria
mesmo a influenciar a geoestratégia global durante o século XX.”

Também o francês Raul Castex (1878-1968) se distinguiu pela teorização


do poder marítimo e da sua relevância para a projeção do poder de uma
nação. e é considerado um seguidor de Mahan. Avançou com o conceito de
“potência perturbadora continental”.

Como definir “perturbador continental?

→ “Castex elaborou uma teoria do perturbador continental, assim


classificando uma potência, ou um bloco de potencias, jovem,
ambiciosa, poderosa, pelo número de habitantes, pelos seus recursos,
pelas suas armas, pela sua política, que busca hegemonia pela absorção
e esmagamento dos seus vizinhos. Define como ‘conjunto em pleno
desenvolvimento, com muitos recursos, ambiciosa e desejando dominar,
dispondo de populações jovens com vitalidade e excesso de potencial
humano’.”
Castex definiu as seguintes características da potência perturbadora:

→ Mítica e fanática.
→ Idealista sem escrúpulos.
→ Apologista de realizações materiais grandiosas.
→ Nacionalista ardente.
→ Racista.
→ Prepotente e atrabiliário.”

Castex considerou que a potência perturbadora seria sempre um poder


terrestre que teria uma grande capacidade militar, e o seu opositor seria um
poder marítimo, identificou a Alemanha nazi e a União Soviética como
ameaças antes da II Guerra Mundial.

Raoul Castex foi um crítico das estratégias seguidas pela França a nível
colonial e da ausência de uma estratégia coerente na componente naval.

A potência perturbadora continental teria como finalidade dominar o mar.

Segundo Castex, as potências perturbadoras dividiam-se em:


→ Regulares: Áustria de Carlos V, Espanha de Filipe II, França de Luís
XIV e Alemanha 1914;
→ Irregulares: Revolução Francesa e o período de Napoleão, Alemanha
nazi, Itália de Mussolini e a União Soviética.

Pontos fortes dos pressupostos teóricos de Castex:

→ A questão das posições geobloqueantes permanece actual;


→ A previsão acertada, à altura, dos futuros ‘perturbadores’.”

Algumas vulnerabilidades das teorias de Castex:

→ “O suposto equilíbrio existente na altura em que o perturbador inicia a


sua acção (também pode ser questionado), pode ser fruto de um
desequilíbrio existente;
→ Por vezes, foram as potências marítimas a funcionar como
perturbadoras (ex: Inglaterra e Japão);
→ Normalmente, a coligação marítima não funciona por adesão voluntária
e inequívoca dos poderes marítimos.”

Poder Terrestre
Harold John Mackinder (1861- 1947)
Os seus conceitos, Ilha Mundial e Hearthland, tiveram influencia na escola
de geopolítica Alemã (Munique).

Ideias chaves de Mackinder:


• A Ilha Mundial poderia vir a ser controlável a partir de um pivot a
Euroásia, sendo esta uma grande massa terrestre dominante e rica em
recursos.
• O conceito de Hearthland mudou de um campo de movimento para
um baseado em população, recursos e linhas interiores.
• A existência entre complementaridade entre componente marítimos e
terrestres presentes nas bases (terrestres)
• O poder marítimo poderia cair sobre ameaça de um poder terrestre,
Alemanha ou URSS, deveria ser evitada qualquer forma de aliança
entre as mesmas e seria através da criação de estados-tampão como
separadores ( a proposta Miedzymorze ou Intermarium)
• O permanente duelo entre o poder marítimo e o poder continental
• A importância de novas tecnologias na dinâmica do poder

Mackinder considera que a posição marítima não era, por si só, suficiente
para garantir o domínio dos mares e assim manter os benefícios económico
que lhe traria, por isso afirma a necessidade de bases terrestres para o
apoiar.

Mackinder diz que “as potências continentais dispõem de elevado


potencial em recursos naturais e humanos no interior do seu território,
geralmente protegido por fronteiras seguras e por grande espaço de recuo”.
Quando as potencias marítimas dispõem de recursos próprios, em regra
inferiores aos continentais, mas complementam pelo comercio marítimo.

O geógrafo revela 3 fatores que estão na origem das suas reflexões sobre
as ligações existentes entre geografia e a política internacional: o
crescimento rápido do poder naval Alemão, a guerra dos boers, Russo-
japonesa.
Ele considera a Rússia (Império e depois a URSS) com uma posição
central nas suas teorias devido há sua posição geográfica e dominar grande
parte do Hearthland, Mackinder também destaca a grande importância dos
caminhos ferroviários no centro euro-asiático, no seu futuro
desenvolvimento como um grande espaço económico, inacessível ao poder
marítimo, um exemplo é a rota transiberiano que liga o ocidente ao oriente
da Rússia.

Mackinder divide o mundo em 3 zonas, o já referido Hearthland que está


inscrito no território Russo e é de extrema importância para a hegemonia
do poder terrestre, segundo a Crescente interior que inclui maioria do
continente Europeu, China, Índia e a Turquia, terceiro a Crescente exterior
que engloba o continente Americano, África subsariana, Japão, Ilhas
Britânicas e a Oceânia, este ultimo é suscetível de ser dominado pelas
potencias marítimas, dando como exemplo os impérios coloniais Europeus
(Portugal , Espanha, França, Holanda e Inglaterra)

As 3 teorias de Mackinder

1ª Teoria: Pivot Geográfico da Historia

Esta situa-se ena constatação da existência de uma grande massa


continental dominante e da possibilidade de vir a ser controlada por uma
potência continental. Esta zona coincide com a planície do mundo
protegida a norte pelo Oceano Glacial Artico a Este e a sul por diversas
montanhas (Himalaias e Zagros), desertos (Gobi e Arabe) e vastas
planícies desérticas (Mongólia e Altai). Esta grande massa continental
tinha grandes possibilidades militares e económicas.

2ª teoria: O Hearthland e a Ilha Mundial

Ilha mundial é a área pivot + Africa


Mackinder disse na sua obra Democratic Ideals and Reality “Who rules
east europe commands the Heartland; who rules the Heartland commands
the World-Island; who rules the World-Island commands the world” e que
o domínio da Europa do leste ser o primeiro passo na busca da hegemonia
mundial. Assim sendo, após a 1ª guerra Mundial, Mackinder vira a sua
preocupações para Alemanha tendo este ambições de se expandir para a
Europa Oriental no contexto do Espaço Vital.
3ª teoria. Midland Ocean

Em 1943, Mackinder altera novamente a sua teoria, introduzindo o


conceito de Midland Ocean que dizia que o continente americano possuiria
potencialidades suficientes para poder equilibrar o domínio do Hearthland.

O Hearthland também sofreu um nova reconfiguração expandindo para


territórios entre os mares Báltico e Negro. Mackinder advertiu que se a
URSS no fim da IIGM como conquistador da Alemanha, transformar-se-ia
na maior potencia terrestre do mundo. Assim sendo a única maneira de
conter a Alemanha teria de haver cooperação entre os poderes marítimo
(USA, Império Britânico) e terrestres (URSS).

O cinturão, Mackinder verifica o facto geográfico da existência de um


cinturão localiza-se em torno do Polo Norte desde o Saara até há Lenaland.
E fora do cinturão, Mackinder refere os grandes oceanos (Índico, Atlântico
Sul e Pacífico).

Poder Aéreo
O uso do avião em cenário de combate revolucionou as estratégias
militares dos conflitos. Surgiram várias reflexões sobre a importância do
poder aéreo e comparações com o poder terrestre e marítimo.

Os primeiros inovadores na reflexão sobre o poder aéreo foram:


→ Giulio Douhet (1869-1930); William Mitchel (1879-1936);
→ John Cotesworth Slesser (1897-1979).

Douhet definiu o poder aéreo como o poder que desequilibraria o domínio


mundial. Deste modo, a estratégia adequada para derrotar o inimigo
deveria consistir no bombardeamento intenso dos alvos do inimigo e na
ofensiva aérea

Alexander De Seversky (1894-1974) é uma das grandes referências das


teorias do poder aéreo, trabalhou no ramo da aeronáutica e naturalizou-se
como americano.
VISÃO DO MUNDO DE SEVERSKY:

“Seversky visionou o mundo em dois hemisférios, mas cortados


longitudinalmente pelos meridianos e não pelo Equador, o novo mundo
(continente americano) e o velho mundo (ilha mundial de Mackinder).
Ele localiza, como fizera Mackinder em 1943 um heartland em cada um
dos hemisférios, que classifica como polos dos respetivos poderes, o russo
no heartland tradicional e o norte-americano no US industrial heartland.
Com base no raio de acção dos bombardeiros de então, 9000 Km, define
dois círculos centrados nos respetivos heartlands, que correspondem ao
que designa por respetivas áreas de influência.
À zona de intercepção das duas áreas de influência chama-lhe área de
decisão, que fica centrada no estreito de Bering e que envolve o Oceano
Ártico.
Às zonas remanescentes de cada área de influência que, no caso dos
Estados Unidos, engloba a América Central e a do Sul e, no caso da União
Soviética abrange a África subsariana e o sul e sudeste da Ásia, chama-
lhes áreas de hegemonia”.

Seversky analisou detalhadamente as consequências de alguns momentos


relevantes da II Guerra Mundial, nomeadamente as Campanhas da
Noruega e a Batalha de Inglaterra, bem como as suas consequências a
nível do poder aéreo.
Concluiu que o poder aéreo não foi debilitado pelo fracasso do uso dos
meios aéreos na Batalha de Inglaterra. Aliás, apontou os erros estratégicos
dos alemães no uso do poder aéreo contra os britânicos.
Seversky considerava que os Estados Unidos estavam em condições de
dominar o poder aéreo mundial.

Principais aspectos do pensamento de Alexander De Seversky:

→ O domínio do ar é uma condição necessária, mas não suficiente, quer


para vencer, quer para resistir;
→ bloqueio aéreo
→ insistência na ideia dos bombardeiros de grande raio de acção
→ sobre precisão
→ dicotomia defesa-ataque
→ linhas de orientação para o futuro
Assim, Seversky dividiu o mundo em duas áreas do poder aéreo: Estados
Unidos e a União Soviética.

A aérea de sobreposição entre os dois hemisférios, e que envolvia todo o


hemisfério norte, foi denominada por Seversky de “área de decisão,
segundo ele, os Estados Unidos deveriam dominar esta área de decisão por
razões de segurança e que o poder aéreo seria o mais importante: quem
tivesse uma maior capacidade aérea dominaria os poderes terrestre e
marítimo.

TEORIA DE NICHOLAS SPYKMAN


Nicholas John Spykman (1893-1943) é considerado a maior referência da
geopolítica norte-americana do pós II GM, foi Professor nas Universidades
americanas, onde lecionou Ciência Política e assumiu o cargo de
Presidente do Departamento de Relações Internacionais.

Spkyman publicou o livro America’s Strategic in World Politics, em 1942,


onde desenvolveu um pensamento geopolítico e geoestratégico global para
os Estados Unidos.

Rejeitou os princípios defendidos pelo determinismo alemão; no entanto,


apesar de se sentir mais próximo do possibilismo francês, não acolhia
todas as propostas teóricas da escola francesa.

No âmbito do seu pensamento geopolítico, Spykman destacou a existência


de cinco grandes ilhas:

→ América do Norte; América do Sul; África; Austrália; Eurásia

Spkyman conferiu ao Hemisfério Norte grande relevância nos diversos


domínios - militar, político e económico. Além disso, concedeu grande
importância à Eurásia (velho mundo) como zona de cobiça mundial.

Considerou que à América do Norte caberia o papel de grande poder


mundial no futuro.
Spykman analisou o pensamento teórico de Mahan, em especial no que se
refere à relevância do poder marítimo e desenvolveu, sobretudo, a sua
teoria, inspirando-se nas duas fases teóricas do pensamento teórico de
Mackinder – a teoria de 1904 e a de 1919.

PRINCIPAIS NOVIDADES DOS PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DE


SPYKMAN:

Spykman definiu o rimland como a zona pivô mundial.

Silogismo de Spyman: “Quem controla o rimland governa a Eurásia; quem


domina a Eurásia controla dos destinos do mundo.”

Spykman estabeleceu as seguintes regiões na Eurásia:

→ Heartland, teoria de 1919;


→ Rimland;
→ Off shore continente and islands;
→ Occean belt.

SPYKMAN: PODER TERRESTRE OU MARÍTIMO.

Existe uma controvérsia entre os que consideram a teoria de Spykman


dualista e os que entendem que Spykman deve ser incluído como um
defensor das teorias do poder marítimo.

Natureza do pensamento de Spykman:


→ poder marítimo tinha melhores condições para dominar o rimland;
→ mas seria em terra (rimland) que se decidiria o poder mundial.

Os seus pensamentos teóricos tiveram alguma influência nas opções


estratégicas da política externa norte-americana pós 1945.

Escola de Munique
A Escola de Munique poder ser dividir-se em três grandes momentos:

→ 1924-1933: período anterior à ascensão de Hitler ao poder;


→ 1933-1936: primeiros anos do regime nazi (Nacional-Socialista)
→ 1936-1945: período final que inclui já os anos de guerra.

A invasão da União Soviética pela Alemanha, em 1941, conduziria à


ruptura entre Haushofer e os líderes nazis.

Karl Haushofer (1869-1946) é considerado a grande referência da Escola


de Munique. Ele combateu na I GM no exército Alemão. Em 1924 formou,
juntamente com Ernest Obst, a revista Zeitschfrit für Geopolitik. Em 1944
foi aprisionado no campo de concentração de Dachau, no entanto foi
libertado em 1945 pelos aliados, no final após de ser questionado pelas
relações que ele tinha, no passado, com várias figuras do regime nazi, mas
acabou por não ser acusado de crimes e por fim em 1946 ele e a sua
mulher suicidaram-se.

Karl Haushofer conheceu a Rússia e o Japão no desempenho das suas


funções de conselheiro no exército bávaro.

A Escola de Munique tinha como fundamento debater o papel da


Alemanha no cenário internacional, depois da humilhação sofrida em
1918. Ela vai orientar as suas preocupações, querendo que a Alemanha
recupera-se a sua posição no mundo, como aconteceu após a era de
Bismarck (Unificação dos estados germânicos), no contexto internacional
o lugar a que pensava ter direito e assim competia a Alemanha
transformar-se numa grande potência

Os pensamentos de Ratzel, Kjellen e a doutrina terrestre de Mackinder


influenciaram os pressupostos teóricos de Haushofer.

O conceito de espaço vital de Rartzel e as noções de Ilha Mundial e


Heartland de Mackinder foram aproveitadas por Haushofer para
desenvolver a sua doutrina.

A Escola de Munique baseou-se em cinco pilares:

Espaço vital (Lebensraum) – Razel define como o território necessário à


completa e perfeita realização de um ser político, forte e respeitado mas
procedeu-se a uma revisão do conceito, que passou a ser o seguinte:
“capacidade de um determinado espaço geográfico necessitar para atender
às necessidades da sociedade humana que o habita” esta nova definição foi
aproveitada para justificar as políticas de expansão territorial da Alemanha.

Fronteira - Haushofer entendia que a noção de Fronteira ia além do


estabelecido e que este conceito deveria incluir as dimensões culturais.

Autarcia - Haushofer defendia que a Alemanha deveria potencializar todos


os seus recursos de modo a libertar-se dos constrangimentos económicos
que poderia ser um obstáculos aos objectivos delineados para o país.

Pan regiões - Haushofer propunha a divisão do mundo em 4 Pan Regiões:

Pan - América; Liderada pelos Estados Unidos


Pan Euro - África; Liderada pela Alemanha
Pan - Rússia; Liderada pela URSS
Pan Ásia–Oriental; Liderada pelo Japão (Esfera de Coprosperidade da
Grande Ásia Oriental).

Princípios para o domínio mundial da Alemanha:

Hegemonia Mundial: Haushofer defendia os seguintes eixos, privilegiando


o poder terrestre para dominar o mundo:
→ Eixo-Roma-Berlim;
→ EixoBerlim-Moscovo:
→ EixoBerlim-Tóquio.

Determinismo e Possibilismo
GEOGRAFIA

Geografia militar: “É a vertente da geografia, que, “tendo por objecto a


guerra e o meio onde se desenvolve, estuda a localização e distribuição dos
fenómenos militares e procura dar respostas aos problemas geográficos
colocados pela ciência militar

Geografia Política: “Pode ser definida, de acordo com Sanguin, como ‘a


disciplina que tenta explicar a formação e a acção das entidades
políticas no espaço, através do estudo dos poderes locais, capitais,
fronteiras, minorias, limites linguísticos, federalismo e unitarismo,
geografia eleitoral, etc.’

GEOESTRATÉGIA

Geoestratégia pode ser definida como o “estudo das constantes e variáveis


do espaço acessível ao homem, que, ao objectivar-se na construção de
modelos de avaliação e emprego, ou ameaça de emprego de formas de
coação, projecta o conhecimento geográfico na actividade estratégica”

Segundo Brezinski, pode definir-se geoestratégia como “gestão estratégica


dos interesses geopolíticos.”

Geoeconomia: “Com a finalidade de identificar e auferir a influência dos


factores do espaço na economia, a geoeconomia encontra campo de estudo
entre o próprio espaço e as actividades económicas e o espaço”.

História militar: “ é o estudo da guerra entendida esta como conflito


armado e assumindo que se assume como facto histórico (Santos 1979)”.

As duas primeiras concepções restritivas da geopolítica:

→ Determinismo de Rudolf Kjellen e Friedrich Ratzel;


→ Possibilismo de Paul Vidal de la Blache e Vicen Vives.

Friederich Ratzel (1844-1904) era adepto do colonialismo e membro do


comité colonial, o seu pensamento orientava-se para políticas
expansionistas e é uma das maiores referências da geopolítica clássica.

Na sua obra “Geografia Política” (1887), Ratzel definiu o Estado como um


organismo que reúne uma fracção da humanidade numa fracção de solo,
donde as suas propriedades decorrem das do povo.”

Segundo Ratzel, Poder era igual ao somatório do Espaço mais Posição:


→ Poder= Espaço (Raum) + Posição (Lage).

Deste modo, Ratzel considerava o Espaço como um elemento relevante do


Poder.
A concepção ratzliana de Estado incluía “componentes espirituais e
morais”.

Em 1901, Ratzel publicou o seu livro “Au sujet des lois d’expansion
spatiale des États”, onde pormenorizou o seu pensamento expansionista.
Ratzel enumerou as “seis leis geográficas do crescimento territorial dos
Estados:
→ “O primeiro impulso para o desenvolvimento territorial de um Estado
vem do exterior, duma civilização mais adiantada;
→ “A expansão de um Estado segue-se a outros sintomas de
desenvolvimento: ideias, produção industrial, actividade missionária, e
outras”;
→ “A expansão de um Estado inicia-se com a fusão e absorção de
unidades menores”;
→ “Um Estado à medida que cresce, tende a anexar regiões valiosas sob o
ponto de vista político e económico”;
→ A absorção reforça a tendência para a expansão, o que confere maiores
possibilidades para a subsequente conquista de mais espaço”;
→ “A fronteira como órgão periférico de um Estado, evidencia a sua
vitalidade ou dinamismo; as fronteiras são, portanto, variáveis e dinâmicas,
reflectindo a força expansiva dos Estados”.

Ratzel definiu o conceito de “Espaço Vital”: “território necessário à


completa e perfeita realização de um ‘ser político forte e respeitado”.

“Estas leis de Ratzel foram consideradas como justificativas do


expansionismo alemão, estando nelas também presente o conceito de
espaço vital. De resto, Ratzel era partidário da grande Alemanha e apoiava
o projeto da Mitteleuropa de Friederich Naumann (1860-1919), segundo o
qual a Alemanha deveria liderar uma grande Europa do Meio, tendo como
grande diagonal a linha que vai da foz do Reno à foz do Danúbio”.

Kjellen é o fundador do neologismo geopolítica, preconizou o conceito de


Estado mais organicista, concordou com tese germânica de superioridade
face a outros povos e neste âmbito, considerou “acidental” a derrota
sofrida pelo país na I Guerra Mundial.

Kjellen também concordava com o projecto Mitteleuropa.


Segundo Kjellen, o Estado era influenciado por cinco factores:

→ Povo; Estrutura social; Governo; Recursos patrimoniais; Território.

Kjellen relacionou estes factores com os Estados, definindo:


→ Etnopolítica;
→ Sociopolítica;
→ Craptopolítica;
→ Ecopolítica;
→ Geopolítica.

Paul Vidal de la Blache (1845-1918) é o fundador e uma das principais


referências da escola francesa. Em 1918, publicou o primeiro livro de
geopolítica francês, intitulado La France de L’ Est, onde defendeu as
reivindicações francesas sobre a Alsácia e Lorena, e propôs o conceito de
“possibilismo” em oposição ao determinismo germânico.

Recusa a ideia de que a natureza influencia as decisões humanas.

“Uma individualidade geográfica não resulta de simples considerações de


geologia e clima. Não foi fixada pela natureza com uma antecipação (…)
É um depósito onde dormem energias, cujo gérmen aí foi depositado pela
natureza, mas cuja utilização depende do homem, que é quem, adaptando-
as ao seu uso, ilumina essa individualidade (…)”. Por isso, definiu Estado
como “resultado do agrupamento de regionalismos geográficos,
justapostos por um interesse político comum”.

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