Resumo Psiquiatria
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Aula 3 – Depressão:
O transtorno depressivo maior consiste em uma doença mental caracterizada primariamente pela
alteração do humor. Este quadro geralmente é crônico, recorrente, com importante impacto sobre
a vida do paciente. Quando é a primeira manifestação de um quadro depressivo do paciente se
denomina episódio depressivo, entretanto, após o 2º quadro, este passa a ser chamado de
transtorno depressivo recorrente.
A depressão tem elevada prevalência na população, tendo incidência de 6-8% de novos casos por
ano, sendo mais comum em mulheres (2:1), ocorrendo geralmente entre os 30-40 anos.
Para diagnosticar a depressão maior devem haver a presença obrigatória de humor deprimido e
anedonia (perda de prazer/interesse em atividades antes interessantes), associado a pelo menos
3-4 dos seguintes sintomas: alteração do apetite ou do sono, agitação ou retardo psicomotor,
fadiga, sentimento de inutilidade ou culpa, redução da capacidade de pensar, de concentração e
maior indecisão. Outro importante sintoma que deve ser avaliado, sendo inclusive um fator de
alarme, são pensamentos sobre morte e/ou ideação suicida. Por fim, estes sintomas devem estar
presentes há pelo menos 2 semanas e impactar na vida do indivíduo para que seja considerado
um transtorno/episódio depressivo.
Quanto a intensidade, a depressão maior pode ser classificada em leve, moderada e grave. A
depressão leve é caracterizada pela presença de 2 sintomas típicos e 2 sintomas comuns, sem
grandes prejuízos à função psicossocial do indivíduo. Já a depressão moderada é determinada
por 2 sintomas típicos e pelo menos 3 sintomas comuns, havendo prejuízo claro à função do
paciente. Por fim, na depressão grave há a presença de 3 sintomas típicos e pelo menos 4 sintomas
comuns, havendo incapacidade psicossocial e frequentemente estando relacionado a ideação
suicida.
Outro fato relevante é que quanto maior a frequência de episódios depressivos, maior a
probabilidade de recorrência do quadro, mesmo em uso de medicamentos. Quanto aos impactos
em outras comorbidades associados a depressão, sabe-se que o paciente depressivo tem um
aumento da morbimortalidade de doenças cardiovasculares.
Acerca da comparação da com o luto, observa-se que no luto há mais um sentimento de vazio e
perda, enquanto no quadro depressivo, há predominância de humor deprimido e anedonia.
Somado a isso, o luto raramente evolui com quadros de depressão maior, exceto em quadro graves
(mais comuns em indivíduos predispostos a doenças mentais, que se beneficiam do uso de
antidepressivos).
Além do quadro depressivo propriamente dito, tem-se um quadro denominado distimia, sendo
essa um quadro de depressão recorrente, mais branda (menos sintomas e com menor
intensidade, de forma que não é possível fechar o diagnóstico de depressão) com duração de pelo
menos 2 anos.
Tratamento da depressão:
O tratamento da depressão é baseado em medidas farmacológicas e não farmacológicas. Dentre
as medidas não farmacológicas destacam-se as psicoterapias, neuromodulação (por ex, com
indução de coma por insulina, indução de quadros convulsivos por eletroestimulação,etc),
enquanto nas medidas farmacológicas se destacam o uso de antidepressivos.
Antidepressivos:
Tricíclicos:
Dentre os principais tricíclicos estão a amitriptilina, nortripitilina, imapramina,etc. Estes fármacos
atuam sobre as vias da dopamina, noradrenalina e serotonina, promovendo aumento da atividade
destes sistemas, e melhora do quadro depressivo.
Apesar de muito eficazes, acabam não sendo muito usadas dado o elevado número de efeitos
adversos relacionados ao seu uso, sendo os principais, sintomas gastrointestinais, como
constipação e xerostomia, hipotensão postural, sonolência, etc, decorrente da ação das drogas em
receptores M1, A1 e H1, respectivamente. Quando há intoxicação pode haver desencadeamento
de arritmias, palpitações e disfunção sexual.
Para utilização dos tricíclicos, é necessário iniciar o uso do medicamento em dosagens mais baixas
e aumenta-las progressivamente até atingir a faixa terapêutica.
Dose terapêutica:
OBS:
A maioria dos antidepressivos e antipsicóticos são metabolizados pela enzima 2D6 do CYP450,
de forma que pela quantidade e atividade desta enzima ser variável entre os indivíduos, há
diferenças nos padrões de metabolização destas drogas (metabolizador lento, onde há acumulo da
droga, metabolizador normal e metabolizador ultrarrápido, onde a dose torna-se sub terapêutica).
Somado a isso, algumas drogas, como a fluoxetina, podem inibir esta enzima, de forma que há
um acúmulo do fármaco no organismo, favorecendo a toxicidade e a ocorrência de efeitos
adversos.
Inibidor seletivo da receptação de serotonina e noradrenalina (ISRSN) – Duais:
Dentre as principais drogas estão a venlafaxina e a duloxetina. Estes fármacos são muito similares
aos tricíclicos, por aumentarem a atividade do sistema noradrenérgico e serotoninérgico, porém
por serem mais seletivos estão associados a menores efeitos adversos e portanto são mais bem
tolerados.
Dose terapêutica:
Fases do tratamento:
Conceitos:
Resposta: melhora parcial dos sintomas.
Remissão: melhora completa dos sintomas
Recidiva: Piora dos sintomas após remissão em um mesmo episódio depressivo
Recorrência: Ocorrência de um novo episódio depressivo após a cura do anterior.
Geral:
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Aula 4 – Suicídio:
Desde a antiguidade o suicídio era visto como algo aceitável, e em algumas culturas até louvável,
passando a ser visto como uma ação condenável somente no século V, partir da visão de Santo
Agostinho, que colocava tal prática como um pecado, condenando-a junto a igreja.
O suicídio é em regra um ato impulsivo e agressivo, estando muito relacionado a doenças mentais,
em especial depressão e bipolaridade.
Dentre os fatores de risco para o suicídio estão:
• Sexo, sendo homens mais susceptíveis (mulheres realizam mais tentativas de suicídio, no
entanto homens acabam sendo mais violentos e agressivos em suas tentativas, de forma
que estas tem sucesso na maior parte das vezes).
• Idade, sendo que tentativas cometidas por indivíduos mais velhos estão relacionadas a
maior letalidade. Nos últimos anos tem crescido o percentual de suicídios em jovens (15-
29 anos)
• Tentativa de suicídio prévia, dado que um indivíduo que tentou suicídio tem um risco
muito maior de repetir o ato, de forma que uma tentativa prévia é o maior preditor de uma
nova tentativa.
• Transtornos mentais são relacionados a quase 100% dos suicídios. Em especial
depressão, ainda mais quando grave (pelo maior contingente populacional com esta
condição, ela é o principal transtorno associado ao suicídio) e a bipolaridade (50% dos
pacientes bipolares vai realizar alguma tentativa de suicídio durante a vida, sendo que
destas, 20% é bem sucedida)
• O suicídio tende a ocorrer no 1º episódio depressivo, sendo muito relacionado ao grau de
impulsividade do quadro (fatores que aumentam a impulsividade aumentam
consequentemente o risco de suicídio, por ex uso de álcool).
• História de internação psiquiátrica, sendo maior o risco em até 1 semana da alta do
paciente, dado que este entrará em contato com os mesmos estressores que levaram a sua
internação, poderá não aderir corretamente ao uso da medicação, etc.
• Carência de laços sociais, dado que segundo Durkein quanto mais laços os indivíduos de
uma comunidade tiverem menores serão as taxas de suicídio.
Para avaliação do risco de um paciente cometer suicídio, se avalia os 3Ds, sendo eles os
sentimentos de desespero, desesperança e desamparo, de forma que quanto mais sentimentos
desse tipo o paciente tiver maior será seu risco de suicídio.
Estresses psicossociais agudos podem aumentar o risco ou desencadear uma tentativa de suicídio.
Somado a estes, quadros crônicos ou na infância, como abuso sexual, físico ou emocional, estão
muito relacionados a tentativas de suicídio.
Por fim, outro fator muito significativo no risco de uma tentativa de suicídio é a HF, dado que
determinados genes podem se associar a uma maior predisposição à impulsividade, aumentando
o risco de comportamento suicida.
OBS:
Suicídios na gestação são mais comuns entre o 3º e o 6º mês, tendo impactos significativos no
feto e em seu desenvolvimento intra e posteriormente extra uterino.
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Aula 5 – Transtorno afetivo Bipolar (TAB):
O TAB consiste em um transtorno do humor caracterizado pela variação do estado de humor,
desde episódios de humor depressivo até momentos de hipertimia, sendo um quadro crônico que
necessita de um tratamento contínuo. Este quadro é relativamente comum na população, tendo
prevalência de 1,5-2%, em especial em adultos jovens.
O TAB é dividido clinicamente em TAB tipo 1 e 2 e ciclotimia, de forma que a abordagem difere
entre eles.
- Episódio de mania:
Consiste em um humor elevado, ou irritabilidade, de forma persistente, presentes por pelo menos
7 dias, associado a outros sintomas como autoestima exageradamente alta, sentimento de
grandiosidade, diminuição da necessidade do sono, logorreia, aumento da distraibilidade,
envolvimento excessivo em atividades prazerosas com alto risco de consequências desastrosas,
por ex. hiperssexualidade ou compras. Somado a estes sintomas, em grade parte dos casos pode
haver a presença de delírios, geralmente de grandeza, ou alucinações, que por serem secundários
ao quadro de mania desaparecem após controle deste.
O diagnóstico deste quadro é clinico, sendo definido como presença de humor elevado, expansivo
ou irritabilidade, associado a pelo menos 3 dos sintomas abaixo, estando presentes há pelo menos
3 semanas.
Sintomas: autoestima exageradamente alta, sentimento de grandiosidade, diminuição da
necessidade do sono, logorreia, aumento da distraibilidade, fuga de ideias, atividade dirigida a um
objeto, envolvimento excessivo em atividades prazerosas
- Hipomania:
A hipomania consiste em um episódio de humor elevado mais brando quando comparado à mania,
devendo durar pelo menos 4 dias. Neste quadro nunca há a presença de sintomas psicóticos
(delírios e alucinações). Muitas vezes pode passar despercebido dada a menor intensidade dos
sintomas.
Os critérios diagnósticos são os mesmos da mania, entretanto a duração mínima é menor e a
intensidade dos sintomas também.
• TAB 1:
O TAB 1 é caracterizado pela ocorrência de pelo menos 1 episódio de mania e 1 episódio de
depressão, de forma que caso o paciente apresente mania ele já entra nesta classificação.
• TAB 2
O TAB 2 é caracterizado pela ocorrência de pelo menos 1 episódio de hipomania e 1 episódio de
depressão, sendo mais brando. Caso ocorra 1 episódio de mania, ele é alterado na classificação
para TAB 1.
• Ciclotimia:
A ciclotimia é definida pela ocorrência de oscilações do humor com sintomas depressivos e de
hipomania com duração total do quadro de no mínimo 2 anos, sem fechar critérios diagnósticos
para episódio depressivo e hipomania, ou seja, não é possível ser classificado como TAB.
Estes quadros tem prevalência de cerca de 1,2-1,6% durante a vida, atingindo ambos os sexos,
sendo mais comum a ocorrência de episódios depressivos em mulheres e episódios de mania em
homens. Geralmente se inicia ao final da adolescência e em caso de não tratamento ocorrem
frequentemente durante toda a vida (1 episódio de mania não tratado dura de 3-6 meses, ocorrendo
cerca de 9 durante a vida. Os intervalos entre os episódios diminui conforme o avançar da doença).
O paciente com TAB tem mais comorbidades quando comparado ao restante da população, em
especial abuso de álcool e outras drogas, mas sendo também relacionado ao TDAH, Transtorno
do pânico e ansiedade, TOC, etc.
- Tratamento:
O tratamento do TAB consiste basicamente no uso de lítio, podendo se associar a
anticonvulsivantes (carbamazepina e ác. Valproico), antidepressivos (usar com muito cuidado,
para não converter um paciente em fase de depressão para quadros de mania) e antipsicóticos
(como a quetiapina e olanzapina).
Quanto ao lítio, esta droga age nas 3 fases da doença, sendo um antidepressivo, antimaniaco e um
estabilizador de humor, de forma que é a base do tratamento. Apesar de muito eficaz, deve-se
tomar cuidado ao utilizar o lítio, dado que por ter a mesma via de excreção que o sódio, e não se
ligar a proteínas plasmáticas, seu índice terapêutico é muito baixo, sendo comum intoxicações.
Concentrações de 0,4-0,6 estão associadas a poucos colaterais, mas não são tão efetivas para
controle do TAB, tendo maior risco de crises. Por outro lado, concentrações entre 0,6-0,8 possuem
bom efeito controlador do humor, sem tantos adversos associados, enquanto concentrações de
0,8-1,1 tem muito pouco risco de novas crises, entretanto se associam a colaterais maiores e mais
frequentes.
Em casos de concentrações mais altas que estas há elevado risco de evolução com toxicidade.
Concentrações > 1,5 se associam a tremores, vertigem, alterações visuais, confusão mental,
vômitos, etc, enquanto concentrações >2,5 estão associadas a injúria renal e morte, sendo
necessária a realização de diálise de urgência para correção do quadro.
Tendo em vista estes riscos, antes de iniciar o uso do lítio deve-se solicitar hemograma, ECG,
TSH, Ur, Cr e B-HCG, repetindo estes exames a cada 6-12 meses para controle.
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Aula 6 – Esquizofrenia:
A esquizofrenia foi descrita pela primeira vez no século XX por Krepplin, sendo denominada
demência precoce, sendo um quadro crônico que envolve alterações do afeto e seno-
realidade/pensamento (delírios e alucinações), principalmente.
- Sintomatologia:
A sintomatologia da esquizofrenia é caracterizada pela presença de sintomas positivos, presentes
majoritariamente nos surtos psicóticos, e negativos, percebidos de forma mais importante
cronicamente.
Positivos: delírios, alucinações, alterações psicomotoras e incongruência do pensamento, e os
negativos
Negativos: Embotamento do afeto, isolamento social, pobreza do discurso e de seu conteúdo,
distraibilidade
- Diagnóstico:
O diagnóstico da esquizofrenia é clínico, sendo baseado nos seguintes critérios:
Presença de 2 ou + dos seguintes sintomas: Delírios, alucinações, discurso desorganizado,
comportamento desorganizado/catatônico e sintomas negativos (em caso de presença de delírios
bizarros, somente este sintoma já é suficiente para o diagnóstico), de forma que haja prejuízo
funcional em mais de 1 ambiente/círculo social, com início do quadro há pelo menos 6 meses, e
pelo menos 1 mês contínuo com a presença de sintomas. Somado a isso, deve-se excluir
transtornos do humor, transtorno esquizo-afetivo e uso de substâncias, que poderiam ser a causa
dos sintomas.
- Sintomatologia:
A esquizofrenia é clinicamente marcada pela presença dos sintomas positivos e negativos, além
de prejuízo cognitivo, a longo prazo (em especial em relação a memória e atenção) e prejuízos
funcionais e sociais importantes, em diversos ambientes/círculos sociais. Somado a isso, há
também a presença de diversas comorbidades associadas, dentre as quais destacam-se transtornos
do humor, abuso de substâncias e ansiedade.
- Epidemiologia:
A esquizofrenia acomete ambos os sexos, sendo geralmente de início mais precoce nos homens,
entre os 15-25 anos, enquanto nas mulheres se manifesta geralmente entre os 20-30 anos, de forma
que por surgir antes nos homens, essa se mostra mais grave nestes.
Após as primeiras manifestações da esquizofrenia, há uma queda progressiva da cognição do
indivíduo, reduzindo significativamente após cada surto psicótico, sendo estes mais frequentes, e
portanto a queda mais intensa, até os 60 anos. Após essa idade, há uma redução na frequência dos
surtos e nos sintomas em geral, de forma que o quadro se estabiliza e passa a ser chamado de
esquizofrenia residual
Esta doença tem grande cunho genético, de forma que o principal fator de risco é a HF +
(herdabilidade da condição gira em torno de 70-80%), sendo também influenciada por fatores
ambientais, como o consumo de canabis (a canabis está não somente associada a um maior risco
de desenvolvimento de esquizofrenia em pacientes predispostos, como também é associada a um
pior prognóstico em pacientes que já possuem a doença, aumentando o risco de desenvolvimento
de sintomas psicóticos. Os danos cerebrais são mais significativos, quanto mais jovem for o
indivíduo que a utiliza).
- Diagnósticos diferenciais:
Além da esquizofrenia, deve-se avaliar possíveis diagnósticos diferenciais, como os transtornos
esquizo-afetivos, o transtorno delirante persistente e o transtorno psicótico agudo e transitório.
Transtorno delirante persistente: Consiste em um quadro sem grande prejuízo funcional, no qual
se observa a ocorrência de 1 ideia ou grupo de ideias delirantes, que persistem por longos
períodos, ou até mesmo por toda a vida. Neste quadro também pode haver a presença de
alucinações auditivas, entretanto, os delírios jamais devem ser bizarros. Os principais delírios são
o erotomaniaco, grandeza, ciúme, persecutório e somático.
Transtorno psicótico agudo transitório: Consiste na ocorrência de sintomas psicóticos de forma
aguda, podendo ser desencadeado por estresse físico ou emocional, com melhora completa dos
sintomas em até 30 dias, sem haver prejuízo funcional posteriormente ao quadro.
Transtorno esquizo-afetivo: Consiste na ocorrência intercalada de sintomas psicóticos e sintomas
depressivos ou maníacos, de forma que não é possível determinar um diagnóstico especifico entre
transtorno do humor e esquizofrenia. Pode haver a presença de mania, depressão ou das 2
sintomatologias, além da psicose.
- Tratamento:
O tratamento da esquizofrenia consiste basicamente no uso de antipsicóticos. Esta classe de
fármacos é dividida em típicos, como o haloperidol e a clorpromazina, e atípicos, como a
olanzapina, qutiapina e risperidona.
Os antipsicóticos típicos consistem em inibidores D2, de forma que ao inibir o sistema
dopaminérgico nas vias mesolimbica e mesocortical, estes visam reduzir os sintomas positivos,
mas não tem grande efeito sobre os sintomas negativos. Somado a isso, estes fármacos acabam
por inibir também as vias nigroestriatal e tuberoinfundibular, levando a efeitos colaterais como
sintomas extrapiramidais (parksonismo, acatsia, distonia aguda e discinesia tardia com o uso
crônico), sedação, e hiperprolactinemia.
Já os antipsicóticos atípicos tem mecanismos de ação diversos, atuando não somente no sistema
dopaminérgico, como também nas vias serotoninérgicas e noradrenérgicas, tendo grande eficácia
ara tratamento tanto dos sintomas positivos quanto dos negativos, e menor incidência de efeitos
adversos. O colateral mais comum é ganho de peso.
OBS:
A clozapina (atípico) é o fármaco padrão ouro para o tratamento da esquizofrenia, entretanto é
utilizado somente em casos refratários, dado o risco de evolução com agranulocitose, efeito
colateral grave que traz risco a vida do paciente.
Existem antipsicóticos de depósito, os quais se aplica uma maior quantidade da droga. Por ex.
risperidona consta 25-75mg, sendo de aplicação semanal, e o decanoato de haloperidol 50-300mg
de aplicação mensal.
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Aula 7 – Transtornos de ansiedade:
- Conceitos básicos:
Ansiedade: antecipação apreensiva de evento futuro, sendo experienciada como uma sensação
desagradável/disfórica, associada a sintomas somáticos, como taquicardia e sudorese.
Medo: Sensação desagradável de temor quando há algum perigo real associado.
Fobia: Medo excessivo, persistente e irracional de objetos ou situações específicas.
A ansiedade nem sempre é patológica, sendo uma sensação/estado essencial para a sobrevivência.
A resposta normal ao medo envolve alguns passos, sendo eles a identificação do perigo, aumento
do estado de alerta, preparando o corpo para a situação e então a determinação do comportamento
de luta ou fuga.
A ansiedade passa a ser patológica quando ocorre de forma excessiva, generalizada ou
inapropriada, de forma que estímulos seguros passam a ser motivo de medo e sofrimento,
prejudicando a funcionalidade do indivíduo.
- Transtorno do pânico:
Ataque de pânico: Consiste em período de intenso medo ou desconforto, associado a pelo menos
4 dos seguintes sintomas: Taquicardia, palpitação, sudorese, temores, dispneia, sensação de
sufocamento, dor torácica ou abdominal, náusea, vertigem, tontura, medo de morrer ou
enlouquecer, sensação de calor, etc, que surgem de forma abrupta e tem pico em até 10 minutos
e em seguida desaparecem.
Transtorno do pânico: É classificado/definido como ataques de pânico recorrentes e inesperados,
ou 1 ataque de pânico seguido por pelo menos 1 mês de preocupação persistente em ter novos
ataques de pânico ou das consequências destes, não sendo estes ataques relacionados ao uso de
substâncias, nem melhores explicados por outras condições clínicas. Pode ou não se associar a
agorafobia.
Agorafobia: Quadro caracterizado pelo medo ou preocupação excessiva em ter um ataque de
pânico, sendo geralmente secundário ao transtorno do pânico. Gera importantes limitações ao
indivíduo, por ex. medo em sair de casa, medo de ter um ataque em público e ficar constrangido,
ou medo de ficar sozinho ter um ataque e não receber ajuda, etc. (Neste caso o paciente sabe que
seu medo é exagerado, mas não consegue controla-lo).
O tratamento destes quadros, em especial do transtorno de ansiedade, consiste no uso de
antidepressivos (mesmas doses das utilizadas na depressão), associada a psicoterapia do tipo
cognitivo-comportamental.
- Fobias:
• Fobia social:
Consiste em um medo significativo em situações em que o indivíduo possa ser avaliado ou
observado por outras pessoas, ou que possa se sentir embaraçado (medo do público). O paciente
reconhece que seu medo é exagerado, sendo em muitos casos relacionado a ansiedade. Nestes
casos, o paciente evita as situações que lhe causam medo, por ex. evitam ao máximo
apresentações de trabalho, etc.
A fobia social é um quadro relativamente comum, afetando 2-3% da população mundial, em
especial as mulheres, estando muito ligados ao abuso de álcool e a depressão.
A fobia social é dividida em 2 subtipos, sendo eles a forma generalizada, a qual envolve diversas
situações social, sendo mais grave e necessitando de tratamento, e a de desempenho, estando
restrita a falar em público, apresentar trabalho, etc, sendo mais branda e não sendo necessário
tratamento.
• Fobias especificas:
Consiste no medo persistente, exacerbado e irracional a determinados objetos. Por ex.
Aracnofobia, medo de cobrar, medo de aviões, etc.
Quadro muito comum, mas com pouca busca por auxílio médico. Como é específica para
determinado objeto, o paciente simplesmente o evita. Quando há busca por auxílio médico, o
tratamento é baseado na realização de psicoterapia do tipo cognitivo comportamental para
dessensibilização do medo quanto ao objeto especifico.
- Transtorno de ansiedade generalizada (TAG):
Quadro crônico, muito prevalente, 8% na atenção básica, sendo mais comum em mulheres, no
qual a ansiedade se relaciona a coisas e atividades diárias do indivíduo.
É definido como ansiedade ou preocupação excessiva, ocorrendo na maioria dos dias por pelo
menos 6 meses, associado a pelo menos 3 dos seguintes sintomas: inquietação, fadiga,
irritabilidade, alterações do sono, aumento da tensão muscular e desatenção.
O tratamento destes quadros, em especial do transtorno de ansiedade, consiste no uso de
antidepressivos (mesmas doses das utilizadas na depressão), associada a psicoterapia do tipo
cognitivo-comportamental.
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