Pontos Cantados Fundamentos

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 7

DOUTRINAÇÃO UMBANDISTA

Pontos Cantados

PONTOS CANTADOS DE UMBANDA

Ponto cantado é o nome de uma pequena cantiga usada em eventos culturais, e


religiosos, notadamente na Umbanda. Os pontos de umbanda são os cânticos sagrados
dessa religião afro-brasileira que têm diversas funções como, por exemplo, homenagear
uma entidade ou convidá-la ao convívio no centro. Quando os fiéis entoam os pontos de
umbanda, eles estão ao mesmo tempo fazendo uma prece e invocando as falanges,
chamando-as para fazer uma visita.

Os pontos de umbanda precisam ser cantados com cadência própria, em harmonia e


sem exageros, pois a harmonia do ponto é essencial para dar a luz necessária e equilibrar
a energia para a vinda dos guias e protetores espirituais, e também para que os trabalhos
realizados no terreiro sejam bem sucedidos. Os pontos cantados são uma das primeiras
coisas que afloram a quem vai a um terreiro de Umbanda pela primeira vez. Os pontos
cantados são, dentro dos rituais de Umbanda, um dos aspectos mais importantes para
se efetuar uma boa gira.

Uma das formas encontradas para a reaproximação do homem com o Divino foi a música,
onde se exprime o respeito, a obediência e o amor ao Pai Maior. Desta forma, os cânticos
tornaram-se um atributo socio-religioso, comum a todas as religiões, onde cada uma
delas, com suas características próprias, exteriorizavam sua adoração, devoção e
servidão aos desígnios do Plano Astral Superior. Os pontos cantados servem para
impregnar certas energias e desimpregnar outras, de acordo com o ponto, uma vez que
cada linha representa uma imagem, traduz um sentimento inerente à vibração daquela
entidade que o canta, ou que o trás, existindo por trás deles uma frequência toda
especial, que se modifica de acordo com a Linha Espiritual.

Os Pontos Cantados de Umbanda, ou seja, os cânticos entoados nos templos


umbandistas têm finalidades sequer imaginadas pelos consulentes, e mesmo por muitos
médiuns, estando longe de serem apenas para alegrar ou distrair pela música. São, na
verdade capazes de movimentar as forças sutis da Natureza e mesmo atrair certas
entidades espirituais. São cânticos invocando as Entidades, marcando o início de sua
incorporação ou desincorporação, para criar formas mágicas para determinados
trabalhos, para abrir e fechar sessões no Terreiro, para pedir forças espirituais, para
afastar espíritos maus, para pedir maleime (perdão) e outras diversas finalidades.

Expressam, de maneira sublime, uma mensagem, uma emoção, um sentimento, uma


imagem, um alerta, etc. Como podemos observar ao ouvi-los, além de ativarem o
misterioso fogo renovador da fé e do puro misticismo, movimentam uma linguagem
metafísica onde cada um entende, segundo seu alcance, várias mensagens. Os pontos
cantados são verdadeiras preces, quando bem cantados, em cujas letras realmente há
imagens positivas, que elevam o tônus vibracional (energético) de todos, facilitando a
atuação das Entidades Espirituais em determinados médiuns e mesmo nos consulentes.
Procure entoar os pontos cantados adequadamente, sentindo-os e não apenas cantando-
os. Sinta-os em sua alma e verá, surpreso, como você canta bem, como você está bem.
O ponto cantado é o caminho vibratório por onde "anda" a gira. É o verbo sagrado,
portanto entoe-os adequadamente, harmoniosamente.
DOUTRINAÇÃO UMBANDISTA

Pontos Cantados

Juntamente com o som dos atabaques, forma-se uma corrente magnética, e quando nos
concentramos para o início de uma incorporação, somos envolvidos por esses sons
mágicos, fazendo nosso corpo vibrar em sintonia, facilitando assim, este processo. Tanto
é verdade que médiuns que foram iniciados e condicionados a incorporar, mediante o
som dos atabaques e o canto, ficam "perdidos", quando necessitam incorporar em algum
local, onde haja completo silêncio. Outro ponto interessante a comentar, são os pontos,
normalmente curtos, que quando entoados de uma forma harmônica e repetitiva, torna-
se uma "oração mântrica". Tendo um efeito muito poderoso, quando vibrado do modo
correto.

OS PONTOS CANTADOS E SEUS FUNDAMENTOS

A Umbanda, nossa querida religião anunciada no plano físico em 15 de novembro de


1908, em Neves, Niterói – RJ, pelo espírito que se nominou Caboclo das Sete
Encruzilhadas, também recepcionou este processo místico, mítico e religioso da
expressão humana. Nos vários terreiros espalhados pelas Terras de Pindorama (nome
indígena do Brasil), observamos com fé, respeito e alegria os vários pontos cantados ou
curimbas, como queiram, sendo utilizados em labores de cunho religioso ou magístico.
Em realidade os Pontos Cantados são verdadeiros mantras, preces, rogativas, que
dinamizam forças da natureza e nos fazem entrar em contato íntimo com as Potências
Espirituais que nos regem. Existe toda uma magia e ciência por trás das curimbas que,
se entoadas com conhecimento, amor, fé e racionalidade, provoca, através das ondas
sonoras, a atração, coesão, harmonização e dinamização de forças astrais sempre
presentes em nossas vidas.

A Umbanda é capitaneada por sete Forças Cósmicas Inteligentes, que são as principais
e que, por influência dos Pretos-Velhos, receberam os nomes de Orixás, sendo que a
irradiação ou linha de Oxalá, precede todas as demais, razão pela qual as comanda.
Todas estas irradiações têm seus pontos cantados próprios, com palavras-chave
específicas e a justaposição de termos magísticos, de forma que o responsável pela
curimba deve ter conhecimento do fundamento esotérico (oculto) da canção.

Em algumas ocasiões determinadas pessoas até com boas intenções, mas sem
conhecimento, "puxam" pontos em horas não apropriadas e sem nenhuma afinidade com
o trabalho ora realizado. Tal fato pode causar transtornos à eficácia do que está sendo
feito, uma vez que podem atrair forças não afetas àquele labor, ou ainda despertar
energias contrárias ao trabalho espiritual.

Quanto à origem, os pontos cantados dividem-se em Pontos de Raiz (enviados pela


espiritualidade), e Pontos terrenos (elaborado por pessoas diretamente). Os Pontos de
Raiz ou espirituais jamais podem ser modificados, pois se constituem em termos
harmoniosa e metricamente organizados, ou seja, com palavras colocadas em correlação
exata, que fazem abrir determinados canais de interação físico-astral, direcionando
forças para os mais diversos fins (sempre positivos). No que concerne aos Pontos
cantados terrenos, a Espiritualidade os aceita, desde que pautados na razão, bom senso
e fé de quem os compõe. Os pontos cantados são divididos conforme suas caraterísticas,
pois cada tipo de ponto serve para um determinado fim.
DOUTRINAÇÃO UMBANDISTA

Pontos Cantados

FINALIDADE DOS PONTOS CANTADOS:

• Pontos de chegada e partida - São cantados para a incorporação e desincorporação


das entidades nos médiuns.

• Pontos de vibração - São cantados para atrair a vibração de um determinado Orixá


ou Guia para os trabalhos do terreiro.

• Pontos de defumação - Para serem usados apenas durante a defumação.

• Pontos de descarrego - São cantados quando se fazem descarregos.

• Pontos de fluidificação - São cantados durante os passes, ou em momentos em


que algum elemento esteja sendo energizado no terreiro.

• Pontos contra demandas - São cantados apenas quando solicitados pelo guia
incorporado, quando o mesmo julgue necessário.

• Ponto de abertura e fechamento de trabalhos - São cantados no início e no final


das sessões.

• Pontos de firmeza - São cantados com objetivo de fortalecer um trabalho que


esteja sendo realizado no terreiro.

• Pontos de doutrinação - São cantados quando um espírito sofredor está sendo


encaminhado.

• Pontos de segurança ou proteção (são cantados antes dos de firmeza) - São


cantados com objetivo de fortalecer a corrente contra as más influências antes de
algum trabalho a ser realizado.

• Pontos de cruzamento de linhas e Pontos de cruzamento de falanges - Servem


para atrair mais de uma vibração ao mesmo tempo, com objetivo de que
trabalhem em conjunto.

• Pontos de cruzamento de terreiro - São cantados no momento em que o terreiro


está sendo cruzado, para início da sessão.

• Pontos de consagração do Gongá - São cantados para homenagear os Orixás e


Guias responsáveis pela Direção da casa espiritual.

• Pontos de boas vindas - São cantados para saudar o dirigente de outra casa que
esteja presente à sessão, e para convidá-lo a adentrar o terreiro, caso deseje.

• Pontos de Homenagem - São cantados para homenagear os Orixás e Guias. E


outros mais, consoante a finalidade a que se destinam.
DOUTRINAÇÃO UMBANDISTA

Pontos Cantados

IMPORTANTE: O Ponto Cantado, nunca deve ser interrompido no meio, principalmente


por terceiras pessoas. Os comentários sobre o Ponto Riscado ou sobre a inconveniência
do Ponto Cantado, deverão ser postas ou comentadas por quem de direito, após o
término dos mesmos.

PODE-SE CANTAR PONTOS DE UMBANDA FORA DO CONTEXTO DO TERREIRO?

Os pontos de umbanda são entoados principalmente para entrar em sintonia com as


forças do astral, por isso não é recomendado que os umbandistas andem cantando os
pontos sem a devida intenção de invocar as falanges. Os pontos cantados fora do
terreiro, só devem ser utilizados no intuito do aprendizado e em condições previamente
autorizadas, defumações, limpezas e emergências.

Quando um ponto é – na linguagem do terreiro – mal tirado – ou seja, mal cantado,


cantado de maneira imprópria e fora do ambiente religioso, o cântico não alcançará o
efeito desejado, irá atrapalhar a aproximação das falanges e até perturbar a energia do
ambiente. Os pontos de umbanda são cantados para buscar as forças espirituais das
entidades, para atuarem diretamente sobre os trabalhos que estão sendo realizados,
portanto não devem ser cantados em vão.

QUEM PUXA OS PONTOS DE UMBANDA NO TERREIRO?

Os pontos Cantados são verdadeiras fontes de energia espiritual, sua melodia, vibração
e fundamentos devem ser bem entendidos para que sejam aplicados de forma a melhor
energizar os trabalhos e manter a corrente fluídica elevada, sendo assim é de extrema
responsabilidade a utilização dos mesmo, cabendo ao Dirigente da casa espiritual e aos
guias chefes do terreiro a organização e autorização das cantigas a serem utilizadas nas
giras de Umbanda. Dentro da Umbanda, a música em si, a musicalidade, é chamada de
Curimba e a Canção chamada de Ponto Cantado, ou apenas Ponto. Dentro da Jurema e
do Catimbó, existem também algo similar, mas lá é chamado de Linho ou Linha. O que
diferem são os instrumentos, alguns usam atabaques, maracás, tambores indígenas,
berimbaus, reco-recos e a famosa macumba (instrumento de percussão).

Para entoar as melodias dos pontos são formados os Ogãs e Curimbas, eles são os
responsáveis por reger os cânticos com harmonia e sabedoria. São eles também que
preparam o ambiente, tornando-o propício e harmonizado com o plano espiritual, através
da energia e vibração das melodias entoadas, mantendo a energia elevada e
concentrada, identificando a presença espiritual que se aproxima, auxiliando na
imantação do corpo mediúnico para uma incorporação harmoniosa e segura. A formação
da curimba pode variar de acordo com o terreiro, mas normalmente é composta por:

• Ogãs Curimbeiros (aqueles que somente cantam),


• Ogãs Atabaqueiros (aqueles que somente tocam percussão)
• Ogãs Curimbeiros e Atabaqueiros (quem canta e toca percussão ao mesmo
tempo).
DOUTRINAÇÃO UMBANDISTA

Pontos Cantados

Todos os componentes da curimba precisam ter a noção da importância que têm dentro
do terreiro, pois os pontos de umbanda são os guias dos trabalhos realizados dentro do
terreiro.

Os Pontos Cantados são cânticos ritualísticos acompanhados por percussão em


atabaques consagrados e entoados pelos sacerdotes músicos da Umbanda, os Ogans. A
curimba de um terreiro, exerce uma função de suma importância e, em razão disso, deve
desenvolver um trabalho altamente sério e bem intencionado, pois todo o andamento
dos trabalhos (gira), é ligado diretamente a curimba. Vale também lembrar, que a
palavra “Ogã”, é de origem Yoruba, que significa em nossa língua “Senhor da minha
casa”.

Portanto, a curimba deve ser encarada como uma função de grande honra e importância,
para quem dela participa diretamente. É obrigação de todo Ogã, conhecer os diversos
ritmos dos pontos e o momento certo de cantá-los. Devem também, saber o nome de
todas as entidades espirituais que trabalham em seu terreiro, saber distinguir
rapidamente uma entidade de outra, e saber sempre, na ponta da língua, todas as
saudações destinadas aos guias, protetores e orixás, da nossa querida Umbanda.

Os Ogãs devem tocar os instrumentos ritualísticos e não bater de forma desordenas.


Deve existir uma harmonia, uma simetria, uma afinação entre os instrumentos de couro,
os instrumentos de metal e a voz humana, dentro da curimba. Os instrumentos devem
ser afinados conforme as condições de tempo (temperatura) e espaço físico. Por
exemplo: no verão devemos deixar o couro dos atabaques um pouco mais folgados, pois
o calor agrupa as moléculas do couro, fazendo com que os mesmo fiquem mais
apertados, a medida em que são tocados, coisa que não acontece no inverno, onde o
frio faz com que o couro se torne úmido e mole.

Os instrumentos mais comuns dentro do ritual umbandista são os atabaques, em


conjunto de três, agogô, afoxé, pandeiro, maracas, triângulo, ganzá, adjá e o berimbau.

O conjunto dos atabaques são constituídos por três tamanhos diferentes: RUM -
atabaque de tamanho grande com som grave; RUMPI - atabaque de tamanho médio com
som grave/médio; LE - atabaque de tamanho pequeno com som agudo.

Os sons dos tambores ou atabaques proporcionam uma melhor manifestação do transe


mediúnico, isso sem dúvidas. Porém, os cânticos entoados pelos pontos, são os
verdadeiros agentes mágicos. São evocações repetidas com alegria e energia, que
trazem para o local de trabalho mediúnico e espiritual, aquelas falanges, mantem a
vibração de uma corrente, a sua coesão, mudam o ritmo da gira e “despacham” as
energias, nas despedidas ou subidas das entidades. É claro o impacto que um ponto tem
em trazer um clima especial para o trabalho, você por meio da música muda os padrões
de pensamento e levam todos a colocarem o pensamento na mesma frequência
vibratória.
DOUTRINAÇÃO UMBANDISTA

Pontos Cantados

Nem todos os instrumentos são utilizados nos terreiros e centros, o mais comum é a
utilização somente dos atabaques. As palmas, também estão incorporadas nos rituais
umbandistas, pois também é uma forma de comunicação com o plano astral, pois através
delas, podemos expressar nossas emoções e a satisfação em ver uma entidade espiritual
em terra.

É muito importante, que o ponto seja cantado de forma correta. Devemos analisar a
letra e a melodia, e cantar com muito respeito e emoção, sem gritaria e sem brincadeiras.
Afinal, o ponto é uma prece, portanto, vamos cantar com muito amor e devoção. A
curimba é responsável pela preparação do ambiente, tornando-o propício e harmonizado
com o plano espiritual.

É costume dizer que a curimba é responsável pela segurança do terreiro, pois é através
da firmeza dos responsáveis pela curimba que a gira transcorre normalmente ou pode
virar. Quando falamos em virar a gira, estamos dizendo que, é através do chamado dos
ogãs, que as entidades positivas ou negativas atuam diretamente sobre os rituais que
estão sendo realizados.

Os pontos cantados, por serem de grande importância e fundamento dentro de um ritual,


devem ser alvos de todo o cuidado, respeito e atenção por parte daqueles que às
utilizam, sendo ferramenta poderosa de auxílio aos orixás, aos mentores espirituais,
exus e demais espíritos que atuam dentro de um terreiro.

Por isso quem sabe manusear os pontos cantados, deve ensinar a quem não sabe e
deixar seu egoísmo, egocentrismo e estrelismo de lado, como se fossem a representação
viva do seu orixá na Terra! A palavra principal é . . . Humildade com Caridade!

Saber cantar corretamente um ponto, com todos irmãos de uma corrente, fortalece a
egrégora e também torna a evocação muito mais poderosa. A música, a curimba e tudo
que é musical dentro da Umbanda é uma magia! Uma das mais poderosas que podemos
encontrar dentro do trabalho litúrgico e é extremamente importante. Em alguns casos
as casas “calam” os atabaques, mas o cântico continua num ritmo mais ameno, como é
o caso do período de quaresma. Canta-se com mais “respeito”, pelo momento vibratório,
mas ainda assim se canta.
DOUTRINAÇÃO UMBANDISTA

Pontos Cantados

Você também pode gostar