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Universidade Federal do Paraná

Departamento de Ciências da Terra


Curso de Geografia
Disciplina de Cartografia

Tutorial: Cálculo de área no sistema UTM com QGIS

Objetivo: Demonstrar o efeito da deformação linear no sistema UTM e sua consequência para
o cálculo de área. Isso será alcançado calculando a área de polígonos em diferentes localizações
de um fuso UTM utilizando o software QGIS. Dessa forma, contribuindo para assimilar na
prática alguns dos conceitos teóricos sobre o sistema UTM.

1. Preparar pontos UTM


Como nesta atividade queremos verificar como se dá o cálculo de áreas em diferentes
regiões dentro de um fuso UTM, vamos criar três polígonos em diferentes posições do fuso 22
S (fuso número 22, ao sul da linha do Equador), como ilustrado na FIG. 1.

FIG. 1. LOCALIZAÇÃO DOS TRÊS POLÍGONOS NO GOOGLE EARTH, FORMADOS PELAS COORDENADAS DA TABELA 1,
DENTRO DO FUSO UTM 22 S.

Para isso, crie uma planilha eletrônica (no Microsoft Excel, por exemplo) com os dados
apresentados na TABELA 1. Não é necessário adicionar os dados da quarta coluna (‘Região no
fuso’), uma vez que eles servem apenas para ajudar na identificação dos diferentes polígonos.
Aqui temos 12 pares de coordenadas UTM, onde cada 4 pontos representam um polígono
quadrado (FIG. 1):
1) ‘Mer_Central’: na região do meridiano central;
2) ‘Mer_Secancia’: na região de secância (que é aproximadamente a 180 km de distância
do Meridiano Central);
3) ‘Borda’: na borda do fuso UTM.

TABELA 1. PONTOS COM COORDENADAS UTM. LOCALIZAÇÃO DADA NA FIG. 1.


V E N Região no fuso
1 499000 7200000
2 501000 7200000 Meridiano central
3 501000 7202000 (Mer_Central)
4 499000 7202000
5 319000 7200000
6 321000 7200000 Secância
7 321000 7202000 (Mer_Secancia)
8 319000 7202000
9 160000 7200000
10 162000 7200000 Borda do fuso
11 162000 7202000 (Borda)
12 160000 7202000

Observe que, no plano cartesiano, todos os três polígonos possuem as mesmas


dimensões, ou seja, 2 km de lado. Por exemplo, na FIG. 2 têm-se as coordenadas do polígono
‘Mer_Central’ desenhadas no sistema plano-cartesiano. Esse polígono tem 2 km de lado e está
deliberadamente posicionado no meio do Meridiano Central do fuso, ou seja, todos os quatro
pontos estão a 1 km de distância do Meridiano Central. A mesma lógica se aplica para o
polígono ‘Mer_Secancia’.

FIG. 2. COORDENADAS DO POLÍGONO ‘MER_CENTRAL’ LOCALIZADAS NO SISTEMA PLANO CARTESIANO. A LINHA


VERTICAL VERMELHA REPRESENTA O MERIDIANO CENTRAL DE UM FUSO UTM.
Uma vez criada a planilha eletrônica, salve o arquivo com o nome ‘PontosUTM’ (

), mas salve com o tipo ‘CSV (separado por vírgula)’.


Nota: Verifique que cada célula na planilha contenha somente um dado. De outra forma,
a coluna A deve conter os vértices ‘V’, a coluna B deve conter as coordenadas ‘E’ e a coluna
C deve conter as coordenadas ‘N’.

1. Instalando o QGIS
Nota: Se você está no laboratório de informática pode pular esse item. Ele é recomendado
para quem for instalar o QGIS em um computador pessoal.
Para quem ainda não tem o software QGIS, o primeiro passo é baixar o QGIS do site
https://qgis.org/en/site/forusers/download.html. Escolha o arquivo compatível com o sistema
operacional do seu computador.
Escolha a versão mais estável. Para esta atividade, utilizou-se a versão abaixo (mais
especificamente v. 3.16.7-Hannover)

Uma vez baixado, instale no seu computador.


Para quem nunca utilizou o QGIS, recomenda-se assistir ao vídeo do YouTube do Prof.
Tony Sampaio intitulado ‘QGIS Apresentação’ (https://youtu.be/SAQLhIbzuig) onde ele faz
uma apresentação inicial do software.

2. Criando os polígonos UTM


Abra o QGIS. Agora, vamos definir o Sistema de Referência Cartográfica (SRC) que
queremos trabalhar no nosso projeto. Acesse ‘Configurações’ > ‘Opções’ > ‘SRC’ > marque
‘usar um SRC padrão’ > e selecione SIRGAS 2000 / UTM zone 22 S (EPSG:31982) >OK. A
partir de agora o QGIS vai trabalhar com o EPSG selecionado nos novos projetos.
Clique em novo projeto ( ) e indique uma pasta no seu computador para salvar o Projeto
que iremos criar. Por exemplo, crie uma pasta chamada ‘Pratica_UTM’ ( ). Após,
clique em ‘Salvar Projeto’ ( ), e salve com o nome ‘Projeto_UTM’. No canto inferior direito
do QGIS, deve estar aparecendo o SRC selecionado anteriormente ( ).
Agora vamos importar a planilha que criamos acima, ‘PontosUTM’ (.csv), para dentro
do QGIS.
Verifique que a barra de ferramentas ‘Gerenciar Camadas’ esteja ativa.

Clique no ícone ‘Adicionar uma camada de texto delimitado’ ( ) e importe o arquivo


‘PontosUTM.csv’. Você deve estar visualizando uma janela similar a mostrada abaixo. Lembre
de definir o EPSG:31982. Clique em ‘Adicionar’.
Nota: Se por alguma razão, os dados não foram separados por vírgula, você terá

problemas ao importá-los da maneira descrita acima. Por exemplo .


Note que, nesse caso, os dados estão separados por ponto e vírgula (;) e não por vírgula (,).
Nesse caso, podemos consertar isso simplesmente indicando o separador correto no QGIS:

Essa operação criou um conjunto de pontos temporários ( ), que devem


agora estar visíveis no QGIS.

Clique com o botão direito sobre o arquivo recém criado > clicar em ‘Exportar’ > ‘Salvar
Feições como’ (ou ‘Guardar elementos como’) > em ‘Nome do arquivo’, escolha qual pasta
deseja salvar o arquivo > nomeie o arquivo como ‘Vertices_UTM’, usando o formato shapefile
(.shp) e EPSG:31982 > OK.
Remova a camada ‘PontosUTM’, clicando com o botão direito e ‘Remover camada’.
Essa função somente remove a camada, mas não deleta o arquivo original.

Se o arquivo recém criado ‘Vertices_UTM’ não tiver sido importado automaticamente


na aba de ‘Camadas’, você pode importa-lo manualmente. Clique em ‘Camadas’ > ‘Adicionar
camadas’ > ‘Adicionar camada vetorial’ e indique onde o arquivo foi salvo > ‘Adicionar’ >
‘Close’.
Nossos vértices UTM devem agora estar aparecendo no QGIS.

Agora vamos criar polígonos a partir de tais vértices. Clique em ‘Nova camada shapefile’
( ) para criar o arquivo que receberá/armazenará os polígonos. Selecione a pasta onde o
polígono será salvo e o nomeie como ‘Poligono_UTM’. Em ‘Tipo de geometria’, selecione
‘Polígono’. Selecione o SRC do Projeto: EPSG 31982.
No quadro ‘Novo campo’ > em ‘Nome’, escreva ‘Nome_pol’ (para podermos nomear os
polígonos). ‘Tipo’ > ‘Dados de texto’. Clique em ‘Adicionar campos à lista’. OK.
Você deve star visualizando agora essas duas camadas: .

Atenção: Antes de começar a desenhar, cerifique-se de que a opção ‘Habilitar


aderência’ esteja ativada, com 20 pixels de tolerância:

. Se você não habilitar essa opção,


os valores de área calculados serão diferentes dos valores esperados para essa atividade.

Agora, certifique-se que a camada ‘Poligonos_UTM’ esteja selecionada; isso pode ser

feito clicando na camada:

Ative o modo de edição, clicando no ícone do lápis ( ). Se as ferramentas de desenho


não se tornarem ativas (por ex. ), clique na camada
‘Vertices_UTM’ e clique novamente na camada ‘Poligono_UTM’; isso deve ativar as
ferramentas (por ex. )). Após clique em ‘Adicionar

polígono’ ( ).
Você pode começar a desenhar os polígonos. Comece com o polígono no Meridiano
Central; aquele mais à direita. Ao desenhar o quarto vértice, clique com o botão direito e na
janela que abrir, no campo ‘Nome_Pol’ escreva ‘Mer_Central’. Clique OK. Pronto, você criou
o primeiro polígono. Se você está tendo dificuldade nessa parte de edição vetorial, você pode
conferir o vídeo ‘QGIS 3 - Criando e editando polígonos’ (https://youtu.be/wfuuDO2jedo).

Repita o mesmo para os vértices no meridiano de secância (com ‘Nome_Pol’ =


‘Mer_Secancia’) e para os vértices na borda do fuso (com ‘Nome_Pol’ = ‘Borda’).
Ao terminar, salve a edição em . Após desabilite/pare a edição clicando novamente

no , e salve as mudanças quando perguntado: .

3. Calculando a área dos polígonos

Clique com o botão direito do mouse em ‘Poligono_UTM’ > ‘Abrir tabela de atributos’.
Você deve estar visualizando os três polígonos que acabamos de criar e nomear nesta tabela.

Clique em ‘Abrir calculadora de atributos’ ( ). Em ‘Nome de campo de saída’,


escreva ‘Pol_Area’ (para receber a área dos polígonos), em ‘Tipo de campo de saída’ selecione
‘Número decimal (real)’. No quadro vazio escreva ‘$area’ (a mesma função pode ser buscada
dentro do campo ‘busca’). Essa função calcula a área no elipsoide de referência. > OK
A área dos três polígonos foi calculada e aparece agora na tabela de atributos na coluna
‘Pol_Area’. Com base nos valores que você encontrou, responda à Questão proposta na Tarefa:
‘Na atividade prática sobre sistemas UTM com o software QGIS, calculou-se a área de
três polígonos chamados ‘Mer_Central’, ‘Mer_Secancia’ e ‘Borda’, os quais estavam
posicionados na região do Meridiano Central, do Meridiano de Secância e na borda do fuso
UTM 22 S, respectivamente. Qual foi a área elipsoidal (em m2) calculada dos três polígonos?
Essa resposta deve estar aparecendo na coluna ‘Pol_Area’ na tabela de atributos.
Desconsidere as casas decimais nas respostas.’

?
?
?

Se você fez seguiu os passos corretamente, os valores nas células da coluna ‘Pol_Area’
devem todos ser diferentes de 4.000.000 m2. Se estivéssemos calculando a área no sistema
plano-cartesiano (com na FIG. 2), poderíamos esperar uma área igual a 4.000.000 m2, já que
os polígonos têm 2.000 m de lado (2.000 m x 2.000 m). Inclusive, o Prof. Tony tem um vídeo
(https://youtu.be/L7MEYfKoJfY) (que foi a inspiração para esse tutorial) onde ele alerta que a
versão 2 do QGIS tem um problema com a ferramenta do cálculo de área ‘$area’, uma vez que
ela não calcula a área no elipsoide e, consequentemente, as áreas dos três polígonos são todas
iguais a 4.000.000 m2 – o que está errado.
Mas vamos calcular essa diferença das áreas encontradas nesse exercício.

Clique novamente em ‘Abrir calculadora de atributos’ ( ). Em ‘Nome de campo de


saída’, escreva ‘Diferenca’, em ‘Tipo de campo de saída’ selecione ‘Número decimal (real)’.
No quadro vazio escreva ‘Pol_area - 4000000’, ou seja, estamos calculando a diferença (ou
desvio) da área plano-cartesiana para a área calculada no elipsoide> OK.
Com base nos valores que você encontrou em ‘Diferenca’, responda à Questão proposta
na Tarefa:
‘Qual a diferença (em m2), ou desvio, da área plano-cartesiana para a área calculada
no elipsoide, para os três polígonos considerados (‘Mer_Central’, ‘Mer_Secancia’ e
‘Borda’)? Essa resposta deve estar aparecendo na coluna ‘Diferenca’ na tabela de atributos.
Desconsidere as casas decimais nas respostas.’

? ?
? ?
? ?

De maneira geral, você dever ter encontrado que os valores absolutos das diferenças em
áreas seguem a ordem ‘Mer_Secancia’ < ‘Mer_Central’ < ‘Borda’. Com as diferenças
calculadas, ficam evidente as distorções de área em diferentes localizações de um fuso UTM
(veja FIG. 1). E esses valores corroboram com a teoria, certo?
Na videoaula ‘Aula 6B Sistema de projeção UTM Universal Transversa de Mercator’
(https://www.youtube.com/watch?v=4nxjGn4rl0g), o Prof. Ivandro explica sobre essas
deformações. Observe a FIG. 3 retirada dessa videoaula (~24 min.). Entre os meridianos de
secância (K<1), a distância de dois pontos no Elipsoide (De) é maior que a distância no cilindro
secante (DTM); já nas regiões entre os meridianos de secância e as bordas dos fusos (K>1), a
distância De é menor que DTM. Esses conceitos, somado ao fato que a função do QGIS v.3
‘$area’ calcula a área no elipsoide, explicam os valores obtidos no campo ‘Diferenca’ da tabela
de atributos acima.

FIG. 3. EFEITO DA PROJEÇÃO UTM NO CÁLCULO DE DISTÂNCIA ELIPSOIDAL ENTRE DOIS PONTOS EM DIFERENTES
PARTES DE UM FUSO UTM (CILINDRO TANGENTE). LEMBRE QUE A PROJEÇÃO UTM PRESERVA A FORMA EM
DETRIMENTO DAS DISTÂNCIAS E ÁREAS.

Essas diferenças também ficam claras quando se usa a ferramenta de medir distância

no QGIS. Como exemplo, calculou-se a distância entre os dois pontos que formam o
lado esquerdo de cada um dos polígonos, como mostrado abaixo.

FIG. 4. A DISTÂNCIA LINEAR ENTRE OS DOIS PONTOS QUE FORMAM O LADO ESQUERDO DE CADA UM DOS
POLÍGONOS FOI CALCULADA. COORDENADAS DO POLÍGONO ‘MER_CENTRAL’ LOCALIZADAS NO SISTEMA PLANO
CARTESIANO. A LINHA VERTICAL VERMELHA REPRESENTA O MERIDIANO CENTRAL DE UM FUSO UTM.
As distâncias ( ) foram medidas usando a opção ‘Cartesiano’ e a opção ‘Elipsoidal’
e organizadas no quadro abaixo. Como era de esperar, as distâncias cartesianas são as mesmas
e iguais a 2.000 m. Contudo, observem como na linha próximo ao Meridiano Central há uma
ampliação da distância elipsoidal (0,8 m), enquanto que na Borda há uma redução na distância
elipsoidal (2,054 m). Na linha próximo ao meridiano de secância também houve uma pequena
redução (0,009 m), uma vez que o lado esquerdo do polígono está à oeste da secância.

Polígonos
Distância Mer_Central Mer_Secancia Borda

Cartesiano

Elipsoidal

Se você tiver o Google Earth instalado em seu computador, você pode importar os três
polígonos criados nessa atividade (‘Poligonos_UTM’), em formato shapefile, direto para o
Google Earth, ativar o grid UTM, e observar a localização deles nas diferentes porções do fuso,
com ilustrado na FIG. 1.

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