Relatório FINAL - Lucas Fernandes

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO


DEPARTAMENTO DE PESQUISA
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA - PIBIC
PROGRAMA DE APOIO À INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PAIC

RELATÓRIO FINAL

EDIÇÃO: PIBIC/PAIC 2020/2021


RECURSOS HUMANOS
Nome do(a) orientador(a): Edith Santos Corrêa

Nome do(a) aluno(a) Bolsa:


Lucas Fernandes Pinheiro ( ) CNPQ ( ) UFAM ( ) FAPEAM (X) VOLUNTÁRIO
IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO
Título: As habilidades linguísticas e a construção do significado nas Código do Projeto:
aulas de Inglês no Centro de Estudos de Línguas da Faculdade de Letras PIB- LLA/0099/2020
da UFAM
Área de Conhecimento:
( ) Exatas e da Terra ( ) Agrárias ( ) Biológicas ( ) Sociais Aplicadas ( ) Engenharias ( )
Saúde ( ) Ciências Humanas ( X ) Linguística, Letras e Artes ( ) Multidisciplinar

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA COM HUMANOS (CEP) OU ANIMAIS (CEUA)


( X ) Aprovado - Número do protocolo: 20003319.3.0000.5020
( ) Não se aplica
Caso o projeto ainda não esteja aprovado, justifique:

RESUMO

A presente pesquisa objetivou compreender a importância das habilidades


linguísticas, denominadas compreensão auditiva, expressão oral, leitura e escrita,
nas aulas de Inglês, tendo como território de pesquisa o Centro de Estudos de
Línguas (CEL) da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Amazonas
(FLET-UFAM), a partir do pressuposto de que a ideia de interlocução resulta da
construção de um conjunto de práticas de linguagem, em que a língua é o código da
interação, é o que faz o uso da comunicação de forma produtiva e receptiva. O
projeto norteia-se pelos princípios da abordagem comunicativa, com base nos
estudos de Douglas Brown (1994), Penny Ur (2006), Jeremy Harmer (2007), Almeida
Filho (2008), dentre outros especialistas da linguística aplicada ao ensino e
aprendizagem de línguas. Os objetivos específicos foram pautados na análise
descritiva da aplicação das habilidades linguísticas no contexto do ensino e
aprendizagem de línguas, mapear os parâmetros de integração das quatro
habilidades e formular um quadro sobre a aplicação das habilidades linguísticas a
partir das atividades desenvolvidas nas aulas de inglês do CEL. A pesquisa é de
natureza qualitativa e procedimento metodológico bibliográfico. A coleta de dados foi
realizada por meio do instrumento de pesquisa I com professores-estagiários do CEL
e os resultados obtidos sugerem que as aulas de inglês do CEL auxiliam a
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construção da competência comunicativa partindo do pressuposto de que a


construção do significado é um produto resultante do processo de integração das
quatro habilidades linguísticas.

Palavras-chave: Ensino de línguas; Abordagem comunicativa; Línguas estrangeiras;


Habilidades linguísticas; Ensino e aprendizagem.

INTRODUÇÃO (Contendo a fundamentação teórica do tema abordado, o


objeto do estudo e a justificativa para o estudo)

A interação professor e alunos na marcação de comandos em sala de aula


implica a forma de comunicação entre o mediador da aprendizagem e os que buscam
a aprendizagem. Mediar procedimentos, compreender e sinalizar essa forma de
comunicação verbal ou registro escrito é a manifestação do pensamento que não
foge ao uso de enunciar (ação produtiva) e receber (ação receptiva) enunciação, o
que implica o uso das habilidades linguísticas, sem exceção, nas aulas de línguas
estrangeiras. É nesse olhar sobre as modalidades de ensinar e aprender uma língua
estrangeira que nasceu a inquietação e o desejo de investigar como se apresentam
as habilidades linguísticas e suas correlações com o sistema de comunicação
confeccionado entre professor e aluno na sala de aula de Inglês no Centro de
Estudos de Línguas - CEL.

O desenho desta proposta de estudo surgiu em uma aula intitulada Teaching


Language Skills (Ensino das Habilidades Linguísticas) no âmbito da disciplina Prática
Curricular III, ministrada no terceiro período do Curso de Letras - Língua e Literatura
Inglesa em 2019/1, para a turma de 2018, da Universidade Federal do Amazonas -
UFAM, na ocasião de uma rica discussão em sala de aula motivada por
questionamentos (1.Can we teach languages with each skill in isolation?; 2) Are the
skills passive and/or active?; 3) Are there any skills most important than other?; 4) Do
we teach listening or we charge it from the learner?) que intensificaram indagações e
assertivas entre os colegas de turma. A situação que causou a manifestação de boa
parte da turma me fez pensar e refletir sobre a minha realidade enquanto professor
em formação do curso de Letras - Língua e Literatura Inglesa.

É o início de uma experiência em construção que dá seus primeiros passos


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por uma esteira um tanto desconhecida. Em pleno processo de formação docente,


atuo como professor-estagiário, tenho proficiência linguística e habilidade
pedagógica para gerir a de sala de aula. Entretanto, ainda me falta o arcabouço
teórico para compreender a complexidade que envolve a sala de aula. Nessa
perspectiva, Almeida Filho (2008) afirma que:

[...] com uma abordagem de ensinar apoiada no mínimo por uma


competência implícita e uma competência linguístico comunicativa, e a
presença de potenciais aprendizes (alunos) já se pode iniciar o
processo de ensino (ALMEIDA FILHO, 2008, p.21).

O posicionamento do professor Almeida Filho (2008) me fez refletir sobre o


que são habilidades, como elas devem ser utilizadas na sala de aula e como estou
utilizando essas vertentes linguísticas para atingir a necessidade dos meus alunos.
A situação que vivenciei durante a aula gerou controvérsia entre os colegas, mas
teve a mediação da professora, que à luz da Linguística Aplicada e com um relato de
experiência explicou e exemplificou a essência das perguntas. Então, pensei e
verbalizei: “são perguntas que merecem uma reflexão, professora, eu ainda não tinha
pensado nisso.” A partir daquela ocorrência, alguns elementos estavam postos e a
reflexão sobre as habilidades linguísticas passou a ter uma importância maior na
minha percepção - “são isoladas ou não?”. O tema tomou lugar de muitas indagações
na sala de aula, com relatos de situações até então vivenciadas e ou idealizações
sobre a aula de língua estrangeira, mais precisamente o contexto que envolve a
comunidade em geral no projeto CEL/UFAM. A partir dessas reflexões, o desafio foi
lançado, aluno e professora passaram a debater o tema e, desse exercício, surgiu a
motivação para elaborar o presente projeto de iniciação científica.

Compreender a importância das habilidades linguísticas exercidas na sala de


aula de língua inglesa como parte de um processo conjunto, na construção do
significado, sem a exclusão da compreensão auditiva, da expressão oral, da leitura
ou da escrita reivindica percorrer caminhos de criteriosa percepção desse ambiente e
das subjetividades que abrigam no geral professores experientes, professores em
formação e a elaboração de um quadro sobre a integração e aplicação das quatro
habilidades, visualizando ações no ensino de Inglês por professores em formação,
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orientados por professores de Língua Inglesa. A base teórica dessa proposta dialoga
com o postulado de Harmer (2007), para quem na construção da comunicação
significativa afirma que:

[...] as pessoas empregam um conjunto de habilidades e nunca uma


habilidade isoladamente, embora tenham presença forte nos
ambientes de aprendizagem as receitas de como ensinar o aluno a
ouvir, a falar, a ler e a escrever. A ação social no uso da língua exige a
integração dessas manifestações linguísticas para a realização da
mensagem (HARMER, 2007, p.259, tradução nossa).

Embora o postulado do senso comum imprima que nas aulas de línguas


estrangeiras o foco do discurso esteja voltado para a oralidade, muito se faz com a
compreensão auditiva, a leitura e a escrita como ferramenta que constitui exercícios
de consolidação da aprendizagem. A partir dessas reflexões, investigou-se as
nuances da sala de aula de língua Inglesa no Centro de Estudos de Línguas, para
compreender a importância da interlocução das habilidades linguísticas nas aulas de
Inglês, com base na participação de quem busca a aprendizagem e de quem ensina.
É preciso que o sujeito-professor não busque a verdade no material usado, mas na
construção do significado em consonância com a necessidade do seu público-alvo.

Os dados coletados foram obtidos a partir de entrevistas com a aplicação do


instrumento de pesquisa I, que registrou relatos de experiência da perspectiva dos
professores-estagiários do CEL, e reforçaram a hipótese de que as habilidades
linguísticas não edificam significado de forma isolada. É a integração entre ouvir e
falar, ler e escrever que subjaz a prática social da língua em prol da linguagem e da
comunicação. A coleta de dados foi realizada no formato de perguntas abertas e
fechadas e os resultados obtidos causaram convergência no entendimento do estudo
em relação à base teórica dessa pesquisa, facilitando a compreensão do tema e o
alcance dos objetivos propostos.

A crise sanitária mundial exige cumprimento de protocolo de distanciamento


mediante o decreto de estado de calamidade e veta a realização de aulas presenciais
na UFAM e no CEL, cujo território abrange o lócus da pesquisa empírica, com base
na análise descritiva de dados a partir das observações dirigidas.
Consequentemente, atendendo às condutas estabelecidas pela Pró-Reitoria de
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Pesquisa e Pós-Graduação – PROPESP, o presente estudo foi submetido à


renovação para adequar-se ao calendário 2020/2021 e dispor de tempo para a
realização da coleta de dados.

A suspensão das atividades presenciais na UFAM, sem previsão de retorno


por parte da Pró-Reitoria de Ensino de Graduação - PROEG, resultou no
cancelamento da aplicação do instrumento de pesquisa II correspondente às
observações de aulas presenciais. E, então, manteve-se a aplicação do instrumento
de pesquisa I, correspondente à entrevista para análise descritiva dos relatos de
experiência dos professores-estagiários do CEL, com apenas 4 (quatro)
participantes, e adequação às circunstâncias remotas.

OBJETIVOS

Objetivo Geral:

 Compreender a importância das habilidades linguísticas na sala de aula de


língua Inglesa.

Objetivos Específicos:

 Descrever as habilidades linguísticas e suas aplicações no contexto do ensino


e aprendizagem de línguas estrangeiras do Centro de Estudos de Línguas da
Faculdade de Letras da UFAM;

 Mapear os parâmetros de integração das quatro habilidades nas aulas de


inglês do nível 1 ao nível 8 no Centro de Estudos de Línguas da Faculdade de
Letras da UFAM;

 Formular um quadro sobre a aplicação das habilidades linguísticas nas turmas


de Inglês do nível 1 ao nível 8 do Centro de Estudos de Línguas da Faculdade
de Letras da UFAM.
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METODOLOGIA

O presente projeto buscou refletir sobre a importância das habilidades


linguísticas na sala de aula de Língua Inglesa no Centro de Línguas: compreender
como se estabelece a interlocução entre as habilidades produtivas, falar e escrever; e
as receptivas, ouvir e ler, no âmbito da abordagem comunicativa nas turmas de
Inglês do CEL. Para tanto, faz-se necessário descrever os procedimentos
metodológicos que guiaram todo o processo de atividades inter-relacionadas.

A pesquisa desenvolveu abordagem qualitativa e partiu do pressuposto de


que a interlocução professor e alunos é regida por um código de enunciação com as
habilidades produtivas e receptivas, sem exceção. Isto implica dizer que mesmo
quando a ênfase da aula é a oralidade, a audição, a leitura e ou a escrita também
estão presentes na construção do significado, de forma que uma única habilidade
não constrói a sustentabilidade da ação linguística. É necessária a integração entre
elas para a completude da comunicação, sem que haja o apagamento de quaisquer
que sejam essas habilidades. Diante dessa perspectiva, a assertiva de Richards and
Rogers esclarece que:

[...] toda abordagem linguística enfatiza a aprendizagem da leitura e da


escrita naturalmente com o foco na comunicação real. No ensino de
línguas esse fato parte do princípio da perspectiva filosófica e
estrutural do Ensino de Línguas Comunicativo, com ênfase na
importância e na criação do significado no ensino e aprendizagem de
línguas (RICHARDS; RODGERS, 2001, p.108, tradução nossa).

Para investigar os pontos propostos sobre a integração das quatro habilidades


linguísticas, compreensão auditiva, expressão oral, leitura e escrita, a pesquisa
buscou entrevistar professores-estagiários regentes de turmas no CEL e coletar
relatos a partir da vivência desses professores em formação. Para isto, foram
selecionados quatro professores-estagiários para a realização das entrevistas e
geração de dados empíricos que consubstanciaram a coerência e a validação desta
pesquisa.

As entrevistas foram realizadas com a aplicação do instrumento de pesquisa I,


mediante perguntas semiestruturadas, abertas e fechadas, cujas repostas foram
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analisadas de forma descritiva, para constituição de dados de verificação e


compreensão de como as quatro habilidades são utilizadas nas aulas de Inglês, no
CEL.

Os parâmetros de integração das quatro habilidades linguísticas foram


analisados a partir da descrição dos procedimentos de aplicação das atividades com
foco na habilidade de compressão auditiva e posteriormente atividades com foco na
leitura. O procedimento teve o propósito de apontar diretrizes em relação às
seguintes questões: como se dá a integração das habilidades linguísticas? O que
justifica a integração das habilidades na construção do significado, sem a exclusão
de ouvir, falar, ler e escrever?

A aplicação das entrevistas para coleta de dados ocorreu de forma remota e


assíncrona de acordo com o cronograma da pesquisa, em março e abril de 2021. O
trâmite do instrumento de coleta de dados foi feito por e-mail. O instrumento de
pesquisa possibilitou a inserção de dados a este estudo e o alcance de conclusões a
partir da maturidade experimental dos professores-estagiários.

Na presente proposta, o pesquisador teve a missão de estabelecer um


paralelo entre o discurso dos estagiários entrevistados e a base teórica deste estudo,
a fim de verificar os procedimentos das fases da aula estabelecidos por Almeida Filho
(2008) como, o clima de confiança que consiste no aquecimento da aula; a
apresentação breve sobre o tema; o ensaio e uso que se dá na explanação do tema;
o pano que se materializa na exposição do professor com a participação dos alunos.
E, por fim, o fechamento, a retomada à explicação exposta e verificação se o
conteúdo foi compreendido. São fases chaves para a construção do significado. Na
mesma linha de pensamento de Almeida Filho, destaca-se a citação a seguir:

[...] a aula pode não ser quantitativamente a maior porção do trabalho


de ensinar e aprender mas é certamente a mais impactante [...] a aula,
que é o contato face-a-face do professor e do aluno, se assemelha à
ponta do iceberg submerso [...] não é o único cenário onde deve se
dar o ensino comunicativo da nova língua mas os procedimentos aí
estabelecidos são chave para a construção de significados e ações
nessa língua que sem esse ambiente rico se construiriam para o
aprendiz com grande esforço e em condições afetivas especiais
(ALMEIDA FILHO, 2008, p.25).
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A aula, se levarmos em conta a sua importância, é o evento social que


segundo Ur (2006) varia em tema, tempo, atmosfera, lugar, mas tem a mesma
essência e o mesmo propósito: consolidar a aprendizagem sistemática. Diante dessa
perspectiva, o pesquisador analisou os relatos sobre as ações dos atores do evento,
partindo do princípio da percepção de que há delimitação e sequência nos
procedimentos da aula, desde o aquecimento, a explanação, a interação e a
produção do significado.

Para tornar possível a obtenção de dados empíricos, foram utilizados recursos


humanos, como professores-estagiários e alunos de língua inglesa do Projeto CEL.
Os recursos materiais utilizados foram provedor de internet para envio e recebimento
do Instrumento de pesquisa I, papel A4 para impressão do instrumento de coleta de
dados, das versões do projeto, da versão final e do material de apresentação em
Power point, caneta, computador, tonner para impressora.

As limitações deste estudo ocorreram na elaboração do instrumento da coleta


de dados, definição do processo de abordagem dos sujeitos da pesquisa,
professores em formação, enquanto estagiários do CEL na resistência da exposição.
Impossibilidade de observação dirigida no campo presencial do CEL para obtenção
de dados precisos no que se refere a proposta desta pesquisa. Instabilidade do
provedor de internet no contato entre pesquisadores e na aplicação do Instrumento
de pesquisa I para a realização da entrevista. Dentre estes, por ser uma pesquisa
que envolve recursos humanos, aponta-se também possível insegurança ou
desconforto durante o contato do pesquisador com os professores-estagiários.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Aprender efetivamente um idioma significa ser capaz de comunicar-se por meio


desse código. No que se refere ao contexto histórico do ensino e aprendizagem de
línguas estrangeiras, Almeida Filho (2007) nos elucida que os elementos que
compõem esse processo são ensinados, tradicionalmente, de forma segmentada
e o foco é voltado para o estudo gramatical. Tornar a aprendizagem eficiente é uma
inquietação que perpassa muitos anos de estudos e pesquisas na área do ensino de
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línguas. Com o surgimento do conceito de Abordagem Comunicativa, o ensino e


aprendizagem de línguas predispõe mudanças na sua orientação metodológica.

A partir do advento dos princípios da Abordagem Comunicativa, compreende-se


a importância das habilidades linguísticas de expressão oral, compreensão auditiva,
leitura e escrita exercidas no ensino e aprendizagem de línguas como um processo
de integração que resulta na construção do significado e no desenvolvimento da
competência comunicativa mediante a contextos reais. Reportando-nos à concepção
de Brown (1994) nos deparamos com o pensamento de que:

[...] apesar das habilidades serem vistas de forma isolada pelo senso
comum, tal abordagem pretende, por meio da integração das
habilidades, desenvolver a competência comunicativa nos estudantes,
tendo o foco na comunicação real (BROWN, 1994, p. 284, tradução
nossa).

Isto implica dizer que o alcance da competência comunicativa está


condicionado ao estudo das quatro habilidades linguísticas que na ação integrada
produzem sentido ou significado como em ambientes reais de comunicação de um
falante. É o conjunto dessas habilidades que dará ao aluno a condição ampla de
entender, falar, se comportar e se posicionar no âmbito social e cultural de uma
determinada língua.

Nesta linha de pensamento, Almeida Filho (2008) postula que a língua é um


sistema que serve para exprimir significado. Nesse olhar, entende-se que o conceito
de abordagem comunicativa foca o ensino de línguas embasado no sentido e na
interação entre os alunos, para que eles possam se comunicar como em situações
reais, a partir do resultado do dinamismo de integração das habilidades linguísticas
nas aulas de inglês.

Exposto o foco do ensino comunicativo de línguas, que segundo Littlewood


(1981) abre uma perspectiva mais ampla sobre o ensino de línguas, apresenta-se os
resultados registrados conforme as assertivas do corpus e da coleta de dados e
alterações descritas na introdução desta pesquisa. Para tanto, faz-se necessário
descrever o local de estudo pelo qual foi possível investigar como se apresentam as
habilidades linguísticas e suas correlações com o sistema de comunicação entre
professor e aluno nas aulas de Inglês.
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O Centro de Estudos de Línguas - CEL, criado em 1990 pelo Departamento de


Línguas e Literaturas Estrangeiras, é um projeto de extensão autossustentável que
tem como finalidade oportunizar a aprendizagem de línguas estrangeiras à
comunidade, propiciando aos alunos em formação do Curso de Letras, da
Universidade Federal do Amazonas (UFAM), um campo de estágio, com subsídios
linguístico e didático-pedagógico.

Com base na proposta do projeto, destaca-se que todos os participantes da


pesquisa afirmaram que o CEL proporciona uma contribuição necessária para a
formação de professores envolvendo teoria e prática, além de ser uma ação que
beneficia a comunidade com o ensino e aprendizagem da língua inglesa. Isto implica
dizer que o Centro de Estudos de Línguas cumpre com seu objetivo enquanto
suporte significativo no processo de formação de professores de línguas e alunos do
projeto.

Considerando a importância do professor em formação nesse processo,


ressalta-se que no desenvolvimento da competência comunicativa, o professor
assume a condição de facilitador da aprendizagem e, segundo Williams; Burden
(1997), torna-se consciente das complexidades existentes no processo de ensino e
aprendizagem para atuar de modo a capacitar os alunos dentro ou fora das situações
específicas da sala de aula.

Neste entendimento, a abordagem comunicativa conscientiza o professor de


que “ensinar o aluno a fazer uma manipulação das estruturas da língua estrangeira é
insuficiente para um aprendizado comunicativo na língua-alvo” (LITTLEWOOD, 1981,
p. 5, tradução nossa). Deste modo, é importante que o professor relacione essas
estruturas com suas funções comunicativas em situações reais, onde outras
habilidades estão entrelaçadas.

Seguindo esta lógica, Larsen-Freeman (2000) postula que o reconhecimento da


interdependência existente entre a língua e a comunicação possibilita um ensino
mais significativo ao aprendente, ao proporcionar o uso da língua como se estivesse
vivenciando uma situação real de comunicação. Deste modo, entende-se que a
abordagem comunicativa “busca ensinar aos alunos as habilidades básicas a fim de
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prepará-los para situações que normalmente encontram na vida diária” (RICHARDS,


2006, p. 81, tradução nossa). Considerando os princípios expostos, depreende-se
que o ensino de línguas à luz da abordagem comunicativa deve propor a prática de
leitura, a compreensão auditiva, a produção de textos orais e escritos em uma
perspectiva intercomunicativa e sistemática na aplicação das atividades
desenvolvidas nas aulas de Inglês.

No que concerne às atividades desenvolvidas pelos professores-estagiários do


Centro de Estudos de Línguas, buscou-se dos entrevistados qual o entendimento dos
mesmos sobre as fases das aulas de uma aprendizagem sistemática, partindo do
princípio de que há delimitação e sequência nos procedimentos da aula, conforme
postula Almeida Filho (2008), desde o aquecimento, a explanação, a interação e a
construção do significado.

Diante dessa perspectiva, um dos professores-estagiários enfatizou: “antes de


qualquer produção ou interação entre os alunos, procuro explicar e expor o conteúdo
a ser trabalhado” (professora-estagiária A, 24 anos). Nesta lógica, o segundo
entrevistado destacou:

[...] acho essencial porque faz a aula ter um começo, meio e fim. Os
alunos encontram sentido naquilo que estão estudando e no final, o
professor irá atingir o objetivo traçado em seu plano de aula e o aluno
terá um desempenho melhor no final daquela aula. (professor-
estagiário B, 24 anos).

Reforçando este pensamento, a professora-estagiária C relatou que:

[...] segundo meu treinamento como trainee no CEL e me baseando


nas aulas de prática oral que tive na faculdade, seguir a etapa de
introdução, apresentação, interação e conclusão é essencial para o
bom desenvolvimento da aula e ajuda o aluno a compreender o
assunto de forma mais eficaz. Sendo assim, tento ao máximo seguir
essas etapas para que minha aula possa ser tão proveitosa para o
aluno quanto para mim (professora-estagiária C, 22 anos).

Sob esse olhar, é possível compreender, a partir da perspectiva dos


professores-estagiários, a importância da aprendizagem sistemática como um
métodos fundamental para o ensino comunicativo de línguas. Isso porque a
interação entre professor e alunos na marcação de comandos em sala de aula, seja
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na apresentação, explanação ou produção, implica a forma de comunicação entre o


mediador da aprendizagem e os que buscam a aprendizagem.

Por esse viés, entende-se que mediar procedimentos, compreender e sinalizar


essa forma de comunicação verbal ou registro escrito é a manifestação do
pensamento que não foge ao uso de enunciar (ação produtiva) e receber (ação
receptiva) enunciação, o que implica o uso das habilidades linguísticas, sem
exceção, nas aulas de línguas estrangeiras.

Com base nesse fundamento, entende-se que o alcance da competência


comunicativa está condicionado ao desenvolvimento de atividades que proporcionam
a interligação das habilidades, às vezes até de forma inconsciente. Posto isso, faz-se
necessária uma análise descritiva dos pontos de integração das habilidades
linguísticas a partir dos procedimentos de aplicação das atividades desenvolvidas
com foco na compreensão auditiva e leitura nas aulas de inglês do CEL.

Com relação às atividades desenvolvidas com base nos princípios da


abordagem comunicativa no CEL, destacam-se as atividades com foco na habilidade
de compreensão auditiva. Os professores-estagiários entrevistados utilizam de 1)
recursos audiovisuais, 2) reprodução de diálogos, e 3) atividades do livro. No Gráfico
1 a seguir, é possível observar os dados obtidos.

GRÁFICO 1 – CORPUS DE LEVANTAMENTO

FONTE: Elaborado pelos autores da pesquisa, 2021.

O dados do Gráfico 1 representam as formas de aplicação da habilidade de


compreensão auditiva utilizadas nas aulas de inglês do CEL. A professora-estagiária
C faz uso de recursos audiovisuais para o desenvolvimento de atividades com foco
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na habilidade de compressão auditiva e afirma:

[...] sempre tento trazer para aula filmes ou séries que julgo que seja
do conhecimento geral [...] e peço aos alunos que escolham uma
música para tocar. Assim eles apresentam para a turma o
conhecimento deles sobre a cultura musical e o que eles vivenciam
(professora-estagiária C, 22 anos).

Diante do exposto, nos reportamos às assertivas de Ur (1996) sobre a


habilidade de compreensão auditiva:

[...] ao fornecer atividades em sala de aula, essas devem proporcionar


aos alunos a prática de lidar com algumas características das
situações cotidianas e prepará-los para um funcionamento eficaz (UR,
1996, p.145, tradução nossa).

Por esse viés, entende-se que as atividades audiovisuais desenvolvidas com


filmes e músicas, recursos que permeiam o cotidiano do público-alvo, contribuem
para a construção do significado nas aulas de inglês do CEL, uma vez que faz
sentido examinar o que é ouvir na realidade para ser capaz compreender diversas
situações que envolvem abreviações cotidianas, variedades de pronúncias,
vocabulários específicos e uso diferente da gramática.

No que tange à integração das habilidades linguísticas na utilização de


recursos audiovisuais, a professora-estagiária D descreve que:

[...] elas (atividades audiovisuais) irão instigar os alunos a praticar a


compreensão auditiva, a oralidade e alguns casos a escrita, já que
após a compreensão de algum vídeo com base no conteúdo, eu os
questiono sobre o que se trata. Então começamos a praticar a
oralidade com base no que foi visto e no final, os alunos podem
consolidar suas considerações em um parágrafo (professora-
estagiária D, 23 anos).

Nessa perspectiva, é possível analisar que a aplicação de atividades que


envolvem recursos audiovisuais auxilia no desenvolvimento da competência
comunicativa do aluno, visto que essas atividades proporcionam o uso ou
entrelaçamento de uma ou mais habilidades linguísticas, além da habilidade foco de
compreensão auditiva.

Seguindo esta lógica, observa-se os dados dos professores-estagiários B e D,


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que utilizam a reprodução de diálogos convergentes com outras habilidades. O


procedimento desta atividade funciona quando “O professor coloca o áudio do
diálogo para que os alunos prestem atenção e, em seguida, seja feito aquilo que se
pede na atividade” (professor-estagiário B, 24 anos). No entanto, segundo a
professora-estagiária D, antes da reprodução do diálogo:

[...] realizamos a leitura do texto e em seguida faço perguntas de


compreensão. Então, os diálogos que estão disponíveis em forma de
áudio são reproduzidos por uma caixa de som. Os alunos escutam a
conversação e depois preenchem alguns espaços em branco no livro
didático (professora-estagiária D, 23 anos).

Conforme os dados acima, nota-se que as atividades desenvolvidas


constituem um processo de integração das habilidades linguísticas. A professora-
estagiária D realiza a leitura do diálogo com os alunos, faz perguntas de
compreensão e os induz à oralidade. Reproduz o áudio para os alunos escutarem e,
por fim, os alunos escrevem nos espaços em branco do diálogo. Essa análise sobre
dados indica o uso da abordagem comunicativa, partindo do pressuposto de que há a
interlocução das habilidades linguísticas para a construção da competência
comunicativa dos alunos.

Das atividades com foco na compreensão auditiva, destaca-se também o relato


da professora-estagiária A, que descreve o uso de atividades do livro usado nas
aulas do CEL e afirma:

[...]sempre uso ferramentas que possam auxiliar os alunos no


momento de preparação das atividades de compreensão auditiva do
livro, como imagens, recortes, gráficos. Assim, eles não “ficam no
escuro” e podem discutir sobre o assunto antes de ouvir o áudio, ler o
que se pede e preencher o exercício escrito. (professora-estagiária A,
24 anos).

Partindo desta premissa, retornamos ao postulado de Ur (1996), que reforça as


questões do propósito de um ouvinte nas aulas de inglês e afirma que, evidenciar aos
alunos uma ideia do que irão ouvir e do que é pedido que façam com isso, os ajuda a
despertar interesse e a ter sucesso na tarefa. O foco visual pode fornecer insumos
para a compreensão do aprendiz, como o uso de imagens ou mapa que estejam
relacionados ao que será ouvido.
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Considerando as análises feitas previamente, no Gráfico 2 a seguir, é possível


observar os pontos de integração entre as habilidades linguísticas nas atividades
com foco na compreensão auditiva.

QUADRO 1 – CORPUS DE LEVANTAMENTO

Atividades Compreensão Expressão oral Leitura Escrita


desenvolvidas auditiva
1) Reprodução de X X X X
diálogos.
2) Atividades do livro X X X X
didático.
3) Recursos X X X X
audiovisuais.

FONTE: Elaborado pelos autores da pesquisa, 2021.

No quadro 1, observa-se as atividades desenvolvidas a partir de cada


habilidade exercida com a mediação do professor-estagiário. Cada exercício
realizado pressupõe o uso da função cognitiva do aprendiz predisposto a interiorizar
as funções comunicativas, processá-las e emitir respostas com evidência da
apreensão e compreensão da mensagem. O material utilizado em sala de aula é
parte secundária neste processo de desenvolvimento cognitivo do aprendiz, mas
exerce passo importante na visualização e registro do conteúdo, como um todo, e na
gradação das funções comunicativas, enquanto objetos marcados no
desenvolvimento da competência comunicativa do aprendiz.

Sob outra perspectiva, nas atividades desenvolvidas com foco na habilidade de


leitura nas aulas de inglês do CEL, destaca-se o uso predominante de textos com
atividades de compreensão. Para esta análise, nos reportamos novamente aos
estudos de Ur (1996), para quem a leitura não resulta do entendimento de todas as
palavras, mas da compreensão prévia de mundo que o indivíduo traz para o texto.

Nesse olhar, evidenciamos o relato da professora-estagiária C no que tange à


aplicação de atividades com foco na leitura, nas aulas de inglês do CEL:

[...] a leitura é uma ótima ferramenta para reflexão e serve de debate


em sala de aula. Muitas vezes, levo pequenos textos relacionados ao
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contexto dos alunos, ao assunto abordado e faço perguntas prévias


para instigar o conhecimento deles. Peço para que todos leiam comigo
e depois discutam em seus grupos sobre o assunto abordado
(impulsionando a habilidade oral). Algumas vezes, levo atividades
relacionadas com o texto (professora-estagiária C, 22 anos).

A descrição da professora-estagiária nos permite relacionar os procedimentos


descritos por Ur (1996), que sugere alguns pontos estratégicos de leitura para o
ensino e aprendizagem de línguas, com base nos princípios da abordagem
comunicativa. O uso de questões prévias relacionadas à leitura exige conhecimento
de mundo e experiência própria (de cada aluno) aplicada ao texto. O aluno se sentirá
mais motivado a ler devido ao desafio de descobrir as respostas do texto e a leitura
ganhará um propósito.

Dentre outros pontos, a autora aponta a necessidade dos tópicos e


vocabulários fornecidos estarem baseados no contexto em que os alunos estão
inseridos. Destaca-se também que atividades que proporcionam debates após a
leitura impulsionam interações e comparações dos resultados. Essa estratégia torna
a atividade efetiva e interessante, podendo servir, também, como um mecanismo
para que o professor possa conhecer melhor seus alunos através das respostas.

No que diz respeito à integração das habilidades linguísticas nas atividades


com foco na leitura e suas aplicações no contexto das aulas de inglês do CEL, um
dos professores-estagiários aponta que “as metodologias variam bastante em
relação aos níveis” e descreve que:

[...] nos níveis básicos ao treinar vocabulários em textos, os alunos


costumam pôr em prática três habilidades, compreensão auditiva,
expressão oral e leitura, pois ao ouvir a pronúncia, praticam em
seguida reproduzindo o que ouvem anteriormente, depois são
expostos ao “meaning” do vocabulário (mulher, professora-estagiária
A, 24 anos).

Por outro lado, no nível intermediário, a professora relata que:

[...] nas atividades de leitura que os conduziam a discussões em


grupo, bem como responderem as questões juntos, as quatro
habilidades eram postas em prática, porque ao debater possíveis
respostas os alunos utilizavam do compressão auditiva para entender
uns aos outros e a oralidade para expressar o que achavam. Por fim, a
escrita, que eram as conclusões do debate ali criado (mulher,
professora-estagiária A, 24 anos).
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Os relatos da professora-estagiária (A) nos reportam ao postulado de Brown


(1994, p. 284) para quem em um contexto de aplicação de uma atividade no ensino
de línguas (com base nos princípios da abordagem comunicativa), afirma que mesmo
quando a atividade tem como foco a leitura, por exemplo, essa ainda possibilita a
integração das outras habilidades. Mediante uma discussão oral de pré-leitura do
tema para ativar o conhecimento prévio do aluno, a escuta de informações
relacionadas ao texto a ser lido ou até mesmo a escrita para o desenvolvimento de
um resumo da leitura têm viabilidade pedagógica.

Seguindo esta linha de pensamento, a professora-estagiária D descreve sobre


as atividades com foco na leitura:

[...] algumas atividades realizadas em minhas aulas que proporcionam


a integração das habilidades automaticamente são as de leitura, pois
além de lerem o texto em voz alta, os alunos discutem sobre o tópico
trabalhado e também respondem as questões no livro didático,
relacionadas ao texto, ondem eles precisarão pôr a habilidade de
escrita em prática (professora-estagiária, 23 anos).

Para validar este pensamento, nos reportamos ao postulado de Harmer (2007)


para quem as habilidades linguísticas são interligadas naturalmente, uma reforça o
estudo da outra:
[...] o processo de integração das habilidades no ensino e
aprendizagem de línguas deve ser como em contextos reais de
comunicação do cotidiano do aluno, onde as habilidades linguísticas
são usadas simultaneamente. (HARMER, 2007, p.265, tradução
nossa).

O autor ressalta que quando o indivíduo está em uma situação de comunicação


(ouvir e falar) com outras pessoas ou em uma palestra que exige interação (ouvir,
escrever e falar) entre os envolvidos, o emprego de uma habilidade estimula
automaticamente a utilização de outras.

Nesse contexto, sobre a interação natural entre as habilidades, Harmer (2007)


revela que as habilidades de ouvir e falar possuem uma ligação natural, pois quando
você está desenvolvendo atividades orais, habilidades auditivas podem coincidir no
mesmo ato. Da mesma forma, o aluno aprende a escrever mediante aquilo que lê,
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pois a leitura fornece ao aluno subsídios para escrita, embora não seja um fator
decisivo para o aprimoramento do escritor.

No quadro a seguir, observa-se os pontos de interlocução das habilidades


linguísticas na atividade de compreensão de textos nas aulas de inglês do CEL.

QUADRO 2 - CORPUS DE LEVANTAMENTO

Atividade Compreensão Expressão oral Leitura Escrita


desenvolvida auditiva
1) Compreensão de X X X X
textos

FONTE: Elaborado pelos autores da pesquisa, 2021.

Compreende-se, a partir da análise dos dados e quadros 1 e 2 expostos


previamente, que a aplicabilidade isolada das habilidades não corresponde a um
desfecho significativo, visto que essas vertentes são complementares. Considerando
os aspectos descritos previamente, entende-se que não há motivos para que o
ensino das habilidades aconteça de forma isolada visto que a construção do
significado depende do processo de integração das habilidades linguísticas de
compreensão auditiva, expressão oral, leitura e escrita.

Os dados e relatos aqui apresentados partem de estudos teóricos que


permeiam nossa experiência, nas ações direcionadas ao processo de formação
inicial do professor de línguas estrangeiras, mais precisamente o de língua Inglesa,
foco desta pesquisa. Após análises descritivas dos dados obtidos, entende-se que as
aulas de inglês do CEL auxiliam a construção da competência comunicativa dos
alunos, partindo do pressuposto de que a construção do significado é um produto
resultante do processo de integração das quatro habilidades linguísticas.

Em consonância com os dados teóricos obtidos neste estudo, entende-se que a


aprendizagem é baseada na interação e assimilação natural da língua, processos
cultivados pela Abordagem Comunicativa. No dinamismo de interação das
habilidades é necessário o entrelaçamento das quatro habilidades comunicativas
para que os alunos aprendam não apenas por meio dos conteúdos linguísticos, mas
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também mediante contextos significativos, fazendo o uso da língua a partir da sua


própria experiência e do conhecimento de mundo.

CONCLUSÃO

A presente pesquisa intitulada As habilidades linguísticas e a construção do


significado nas aulas de inglês do Centro de Estudos de Línguas da Faculdade de
Letras da UFAM buscou como objetivo principal compreender a importância das
habilidades linguísticas nas aulas de inglês do Centro de Estudos de Línguas - CEL,
da Faculdade de Letras, da UFAM. A pesquisa investigou os parâmetros de
integração das habilidades linguísticas e suas aplicações no contexto do ensino e
aprendizagem de língua inglesa nas aulas do CEL, partindo do pressuposto de que a
construção do significado é um produto resultante do processo de integração das
habilidades linguísticas: compreensão auditiva, expressão oral, leitura e escrita.

Compreender a importância das habilidades linguísticas nas aulas de língua


inglesa, sem que haja o isolamento dessas, resulta no desenvolvimento da
competência comunicativa do aluno, que terá um funcionamento eficaz. Por esse
viés, entende-se que sem a integração das habilidades, o aluno ainda será capaz de
obter conhecimentos linguísticos, porém dificilmente conseguirá adequar-se em
contextos reais de comunicação. As unidades básicas da língua não se restringem a
meras características gramaticais e estruturais, mas são, conforme ressalta Richards;
Rodgers (2001, p.161), “categorias que possuem uma significação funcional-
comunicativa”.

Com base nos aspectos teórico-metodológicos e nos dados empíricos


coletados na presente pesquisa, observa-se que o isolamento das habilidades é
menos efetivo que a confluência dessas, visto que o processo de comunicação em
contextos reais não ocorre de forma segmentada. Diante do exposto, constata-se a
partir dos dados obtidos que as aulas de inglês do CEL auxiliam a construção da
competência comunicativa dos alunos, possibilitando o estudo da língua em suas
funções de comunicação e adequando os conteúdos propostos em sala ao contexto
de uso da língua.
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REFERÊNCIAS

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2ª ed. Campinas, SP: PontesEditores&Arte Língua, 2007.

______. Dimensões Comunicativas no Ensino de Línguas. 5ª ed. Campinas: Pontes Editores, 2008.

BORTONI-RICARDO, Stella MARIS. O professor pesquisador: introdução à pesquisa qualitativa.


São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

BROWN, H. Douglas. Teaching by Principles - an interactive approach to language pedagogy.


Prentice Hall Regents, 1994.

CHAGAS, VALNIR. Didática Especial de Línguas Modernas. São Paulo: Companhia Editora
Nacional, 1957.

CORRÊA, E.S. A Política de formação de professores de Língua Inglesa e os desafios da prática


cotidiana na Escola Pública (Tese de Doutoramento), 2018 -PPGSCA/UFAM.

DONNINI, Livia; PLATERO, Luciana; WEIGEL, Adriana. Ensino de língua inglesa. Coleção
Ideias em Ação. Anna Maria Pessoa de Carvalho (Org.). São Paulo: Cengage Learning, 2010.

HARMER, Jeremy. The practice of English language Teaching. Longman, 2007

_______. How to Teach English. Longman,1998


_______. Language teaching methodology – a textbook for teachers. Prentice-Hall, 1991.

LITTLEWOOD, William. Communicative language teaching: an introduction. Cambridge:


Cambridge University Press, 1981.

LARSEN- FREEMAN, Diane. Techniques and principles in language teaching. 2. ed. New York:
Oxford University Press, 2000.

RICHARDS, J. C. & RODGERS, T. S. Approaches and methods in Language Teaching: A


Description and Analysis. 2ªed. New York: Cambridge University Press, 2001.

RICHARDS, Jack C. O ensino comunicativo de línguas estrangeiras. Tradução de Rosana S. R.


Cruz Gouveia. São Paulo: SBS, 2006.
TERRA, Bruno. A formação do professor de Língua Estrangeira: o ensino, o sujeito e o possível.
Campinas, SP: Pontes Editores, 2019.

UR, P. A course in language teaching: practice and theory. Cambridge: Cambridge University
Press, 1.

WILLIAMS, Marion; BURDEN, Robert L. Psychology for language teachers: a social constructivist
approach. Cambridge: Cambridge University Press, 1997.

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