P.I Judicial - Pensão Por Morte Reconhecimento Ação Trab.

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D R A . D É B O R A P A T R Í C I A R . B O N E T T I O AB / S P N º 3 9 2 .

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA VARA DO GABINETE DO JUIZADO


ESPECIAL FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO-SP

... neste ato representado por sua bastante procuradora advogada, Dra. Débora
Patrícia Rosa Bonetti, inscrita na OAB sob nº ..., e-mail
[email protected], endereço comercial na ...., vem requerer:

AÇÃO DE CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE com RECONHECIMENTO DE


VÍNCULO EMPREGATÍCIO PÓS MORTEN cumulado COM PEDIDO LIMINAR URGENTE

com fundamento na Constituição Federal, art. 201, V, e na Lei 8213/91, art. 74,
em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, Autarquia Federal,
podendo ser citada na pessoa de um de seus representantes legais, pelos
motivos de fato e de direito a seguir articulado:

I.DOS FATOS

O Segurado ..., nascido em 11/11/1964 faleceu no dia 01/03/2017 (conforme


certidão de óbito anexa).
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O Segurado ao longo de sua vida, exerceu diversas atividades laborativas como


bem demonstrado por meio do CNIS e carteiras de trabalho, entre tanto no seu
último vinculo o Autor exerceu atividade de maneira informal por ser muito amigo
do Dono da empresa da qual ele possuía todos os requisitos exigidos pela legislação
trabalhista afim de ser caracterizado como EMPREGADO.

Porém, o Autor faleceu sem que fosse formalmente registrado na empresa.


Ingressando com ação trabalhista em 2018 tendo como representante seus
herdeiros, afim de reconhecer o vínculo, juntando para tanto fotos do Autor no
local, diversas notas tiradas na empresa, controle de ponto, dentre outras diversas
provas, já que o Autor laborou desde o dia 15/05/2013 até 01/03/2017 na empresa
Multimarcas comercio de veículo LTDA-ME, para obter o reconhecimento do
vínculo empregatício, tendo em vista que desempenhava a função de vendedor.

A ação trabalhista foi julgada procedente, reconhecendo o vínculo de emprego


durante todo o período pretendido pelo instituidor, tendo sido julgado após o óbito.
Com acordo homologado apenas para as verbas trabalhistas, mas sentença de
mérito constando na ATA DE AUDIÊNCIA COM O DEVIDO RECONHECIMENTO DO
VÍNCULO, com inúmeras provas contemporâneas anexo ao processo trabalhista.

As requerentes, são subsequentemente viúva e filha do Segurado, Marcos Aurélio


Ferreira, tendo contraído matrimonio em meados de 1985 nunca tendo se
separado.

Dois são os requisitos para obtenção da Pensão por Morte, qualidade de segurado
do instituidor na data do óbito e qualidade de dependente.

A Cônjuge conforme certidão de casamento que segue anexo, se casou com o de


cujus em 1985, estando casada de FATO e de DIREITO até o último dia de vida do
Segurado, restando comprovada a qualidade de dependente, do rol do art. 16,I da
Lei 8.213/91. NÃO TENDO EM QUE SE FALAR EM NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO
DE DEPEDÊNCIA ECONOMICA, UMA VEZ QUE A AUTORA ERA CASADA COM O
SEGURADO, sendo portanto de classe de dependência econômica presumida.

Quanto ao direito da filha de ter reconhecida a concessão da pensão por morte é


cristalino que o único documento necessário para fazer a juntada é a certidão de
nascimento, sabendo que até com o atingimento da maior idade não há que se
contar prescrição, vez que a inteligência da legislação previdenciária no art. 103
cumulado com o art. 79 da 8.213/91 excetua o menor e a proteção do menor no
CC e no ECA nos diz que é o atingimento da maior idade é dada aos 18 anos de
idade, não tendo que se falar em aplicação de parcelas prescritas quanto ao direito
da filha.

Na análise do pedido feito junto ao INSS a Cônjuge teve seu pedido por
faltar ao Segurado “qualidade de segurado”, foi tentando fazer provas
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no âmbito administrativo porém restou infrutífero. Diante da situação


ingressou os herdeiros do Segurado com a demanda judicial e no
presente momento recorrem ao poder judiciário federal afim de sanar
todas as injustiças sociais que a família vem enfrentando.

Para reconhecimento da ação trabalhista e, comprovação do vínculo


e consequentemente a qualidade de segurado; caso não seja do
entendimento desse Douto Juízo por conhecer como PROVA MATERIAL CAPAZ
DE POR SI SÓ RECONHECER O DIREITO, junta-se na presente demanda demais
documentos e rol testemunhal para que cumulativamente ao processo
trabalhista seja utilizado para reconhecimento do vinculo.

Diante de todo o narrado, restou comprovado o direito das Autoras na


percepção do benefício. Uma vez que o Segurado detinha a qualidade
de segurado, não podendo ser punido pela NÃO FISCALIZAÇÃO DO INSS,
e a falta de responsabilidade tributária da empresa a quem corre a
responsabilidade pelos encargos previdenciários, como bem dispõe a
Lei 8213/91 e 8212/91 (responsabilidade tributária de terceiros).

De acordo com a jurisprudência consolidada na TNU, é no seguinte


sentido:

Sentença trabalhista, e/ou anotação em CTPS dela


decorrente, serve como início de prova material de
tempo de serviço, ainda que no processo trabalhista não
tenha sido apresentado nenhum início de prova material.

►PEDILEF nº 2002.51.51.023535-4/RJ, Rel. Juiz Fed.


Mônica Jacqueline Sifuentes, DJ 04.08.2005

►PEDILEF nº 2002.71.01.005828-0/RS, Rel. Juiz Fed. Mônica


Jacqueline Sifuentes, DJ 05.08.2005

►PEDILEF nº 2006.38.00.737352-9/MG, Rel. Juiz Fed.


Joana Carolina Lins Pereira, DJ 11.12.2008

►PEDILEF nº 2007.72.95.008954-1/SC, Rel. Juiz Fed.


Sebastião Ogê Muniz, DJ 03.05.2009

►PEDILEF nº 2005.50.54.000208-7/ES, Rel. Juíza Fed. Rosana


Noya A. W. Kaufmann, DJ 13.10.2009
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►PEDILEF nº 2007.83.02.501224-7/PE, Rel. Juiz Fed. Otávio


Henrique Martins Port, DJ 13.11.2009

►PEDILEF nº 2004.50.50.003790-6/ES, Rel. Juiz Fed.


Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 23.04.2010

E sobre o mesmo tema:


Sentença trabalhista serve como prova do valor
de salários-de-contribuição, independentemente de
início de prova material.

►PEDILEF nº 2005.83.00.521323-8/PE, Rel. Juiz Fed. Otávio


Henrique Martins Port, DJ 15.03.2010

Portanto, considerando que está devidamente comprovado o vínculo


empregatício anterior ao óbito, inclusive com início de prova material,
é indefensável qualquer tese no sentido contrário ao de conceder o
benefício de Pensão por Morte da autora.

II. DO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS;

Passaremos a analisar inicialmente os requisitos de Segurado quanto ao direito à


deixar aos seus dependentes benefício:

O benefício ora requerido possui regulamentação no art. 199 e 364 e ss. da IN.
77/2015, conforme será ressaltado os diplomas necessários para a presente
demanda:

Art. 199. O valor mensal da pensão por morte e do auxílio-reclusão será


de 100% (cem por cento) do valor da aposentadoria que o segurado
recebia ou daquela a que teria direito se estivesse aposentado por
invalidez na data do óbito ou da prisão, conforme o caso.

Art. 364. A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes
do segurado que falecer, aposentado ou não, observando que:

II - para óbitos ocorridos a partir de 11 de novembro de 1997, data da


publicação da Medida Provisória nº 1596-14, de 10 de novembro de
1997, convertida na Lei nº 9.528, de 1997, a contar da data:

a) do óbito, quando requerida:


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2. pelo dependente menor até dezesseis anos, até trinta dias após
completar essa idade, devendo ser verificado se houve a ocorrência da
emancipação, conforme disciplinado no art. 128;

§ 2º Para efeito do disposto no caput, equiparam-se ao menor de


dezesseis anos os incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida
civil na forma do art. 3º do Código Civil, assim declarados judicialmente.

§ 4º Independentemente da data do óbito do instituidor, tendo em vista


o disposto no art. 79 e parágrafo único do art. 103 da Lei nº 8.213, de 1991,
combinado com o inciso I do art. 198 do Código Civil Brasileiro, para o
menor absolutamente incapaz, o termo inicial da prescrição, previsto
nos incisos I e II do art. 74 da Lei nº 8.213, de 1991, é o dia seguinte àquele
em que tenha alcançado dezesseis anos de idade ou àquele em que
tenha se emancipado, o que ocorrer primeiro, somente se consumando
a prescrição após o transcurso do prazo legalmente previsto.

§ 5º Por ocasião do requerimento de pensão do dependente menor de


vinte e um anos, far-se-á necessária a apresentação de declaração do
requerente ou do dependente no formulário denominado termo de
responsabilidade, no qual deverá constar se o dependente não incorreu
em uma das causas prevista no art. 131.

II.I DA QUALIDADE DE SEGURADO:

Para comprovação do vínculo e consequentemente a qualidade de segurado;


caso não seja do entendimento desse Douto Juízo, o por conhecer como PROVA
MATERIAL CAPAZ DE POR SI SÓ RECONHECER O DIREITO, junta-se na presente
demanda demais documentos e rol testemunhal para que cumulativamente ao
processo trabalhista seja utilizado para reconhecimento do vínculo.

O Segurado detinha a qualidade de segurado, não podendo ser punido pela NÃO
FISCALIZAÇÃO DO REQUERIDO, e a falta de responsabilidade tributária da empresa
a quem corre a responsabilidade pelos encargos previdenciários, como bem
dispõe a Lei 8213/91 e 8212/91 (responsabilidade tributária de terceiros).

II.II DAS PROVAS DE QUALIDADE DE SEGURADO:


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Processo contra o Segurado enquanto do exercício de sua atividade na empresa;

Fotos no meio ambiente laboral;

Comprovante de vendas de veículos;

Notas no nome do Segurado e da empresa;

Reclamação trabalhista com trânsito em julgado;

Prova testemunhal

II.III DO RECONHECIMENTO DA SENTENÇA TRABALHISTA:

Art. 55. O tempo de serviço

III - observado o inciso I deste artigo, os valores de remunerações


constantes da reclamatória trabalhista transitada em julgado,
salvo o disposto no § 3º deste artigo, serão computados,
independentemente de início de prova material, ainda que não
tenha havido o recolhimento das contribuições devidas à
Previdência Social, respeitados os limites máximo e mínimo de
contribuição; e

IV - tratando-se de reclamatória trabalhista transitada em julgado


envolvendo apenas a complementação de remuneração de
vínculo empregatício devidamente comprovado, não será exigido
início de prova material, independentemente de existência de
recolhimentos correspondentes.

§ 1º A apresentação pelo filiado da decisão judicial em inteiro teor,


com informação do trânsito em julgado e a planilha de cálculos
dos valores devidos homologada pelo Juízo que levaram a Justiça
do Trabalho a reconhecer o tempo de contribuição ou homologar
o acordo realizado, na forma do inciso I do caput, não exime o INSS
de confrontar tais informações com aquelas existentes nos sistemas
corporativos disponíveis na Previdência Social para fins de
validação do tempo de contribuição.

§ 2º O cálculo de recolhimento de contribuições devidas por


empregador doméstico em razão de determinação judicial em
reclamatória trabalhista não dispensa a obrigatoriedade do
requerimento de inclusão de vínculo com vistas à atualização de
informações no CNIS.
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§ 3º O disposto nos incisos III e IV do caput não se aplicam ao


contribuinte individual para competências anteriores a abril de
2003 e nem ao empregado doméstico, em qualquer data.

Art. 72. Tratando-se de reclamatória trabalhista que determine a


reintegração do empregado, para a contagem do tempo de
contribuição e o reconhecimento de direitos para os fins previstos
no RGPS, deverá ser observado:

I - apresentação de cópia do processo de reintegração com


trânsito em julgado ou certidão de inteiro teor emitida pelo órgão
onde tramitou o processo judicial; e

II - não será exigido início de prova material, caso comprovada a


existência do vínculo anteriormente.

Art. 74. Se com base no início de prova material, restar


comprovado exercício da atividade do trabalhador, o
reenquadramento deste em outra categoria de filiação, por força
de reclamatória trabalhista transitada em julgado, deverá ser
acatado pelo INSS, mesmo que os documentos evidenciem
categoria diferente.

Além do mais, não há que se falar em prejudicar o direito da Autora de ter


concedido sua pensão por morte por INEFICIÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL de
fiscalização das obrigações da empresa quanto aos recolhimentos tributários
previdenciários.

Conforme prescreve todos os institutos legislativos previdenciários que segue


abaixo:

LEI 8213/91 – LEI DE BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS:

Art. 34. No cálculo do valor da renda mensal do benefício, inclusive


o decorrente de acidente do trabalho, serão computados

I - para o segurado empregado, inclusive o doméstico, e o


trabalhador avulso, os salários de contribuição referentes aos
meses de contribuições devidas, ainda que não recolhidas pela
empresa ou pelo empregador doméstico, sem prejuízo da
respectiva cobrança e da aplicação das penalidades cabíveis,
observado o disposto no § 5o do art. 29-A;

LEI 8212/91- LEI DE CUSTEIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL:


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Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de


outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às
seguintes normas:

I - a empresa é obrigada a:

Art. 33. À Secretaria da Receita Federal do Brasil compete planejar,


executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à
tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao
recolhimento das contribuições sociais previstas no parágrafo
único do art. 11 desta Lei, das contribuições incidentes a título de
substituição e das devidas a outras entidades e fundos.

§ 5º O desconto de contribuição e de consignação legalmente


autorizadas sempre se presume feito oportuna e regularmente
pela empresa a isso obrigada, não lhe sendo lícito alegar omissão
para se eximir do recolhimento, ficando diretamente responsável
pela importância que deixou de receber ou arrecadou em
desacordo com o disposto nesta Lei.

ENUNCIADO 18/CRPS - SEGURIDADE SOCIAL. CRPS

Não se indefere sob fundamento de falta de recolhimento de


contribuição previdenciária quando esta obrigação for devida
pelo empregador.

II.IV DA COMPROVAÇÃO DA DEPENDÊNCIA DO ROL DE DEPENDENTES

Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na


condição de dependentes do segurado:

I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não


emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos
ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou
deficiência grave;

A requerente é cônjuge do Segurado, tinham à época do óbito 50 anos de idade.


Bem como pode ser identificado por meio do documento de identificação da outra
Requerente que ela é filha (de 17 anos na data do óbito) do Segurado.

Não tendo que se falar em inviabilidade do direito.


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Não tendo que se falar em impossibilidade de concessão por não preenchimento


do requisito de qualidade de dependente. Sabendo que aplica-se aos benefícios
previdenciários o principio do “TEMPUS REGIT ACTUM”, necessitando analisar os
requisitos à época do fato gerador.

II.V DA NÃO CAUSA DE EMANCIPAÇÃO DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

Conforme o rol de causas previdenciárias de emancipação


que seguirá abaixo, restou comprovado que não tem nenhuma delas que se
amolde no caso dos autos. Restando devidamente comprovado que a Autora
tem como anterior ao fato gerador o atingimento dos 21 anos.

Art. 128. A emancipação ocorrerá na forma do parágrafo único do


art. 5º do Código Civil Brasileiro:

I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro,


mediante instrumento público, independente de homologação
judicial ou por sentença de juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver
dezesseis anos completos;
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em ensino de curso superior; e
V - pelo estabelecimento civil ou comercial ou pela existência de
relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com
dezesseis anos completos tenha economia própria.

§ 1º A união estável do filho ou do irmão entre os dezesseis e antes


dos dezoito anos de idade não constitui causa de emancipação.

§ 2ºÉ assegurada a qualidade de dependente


perante a Previdência Social do filho e irmão inválido
maior de 21 (vinte e um) anos, que se emanciparem em
decorrência, unicamente, de colação de grau científico em curso
assim como para o menor de 21
de ensino superior,
(vinte e um) anos, durante o período de serviço militar,
obrigatório ou voluntário.

II.VI DA NÃO NECESSIDADE DE COMPROVAR A CARÊNCIA


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Instrução normativa, art.152. Independe de carência, a concessão


das seguintes prestações no RGPS:

(...)
III - pensão por morte e auxílio-reclusão; e
(...)

Não tendo que se falar em impossibilidade de concessão por faltar comprovação


de carência mínima, pois na época da reclusão não era requerido. Sabendo que
aplica-se aos benefícios previdenciários o princípio do “TEMPUS REGIT ACTUM”,
necessitando analisar os requisitos à época do fato gerador

II.VII DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA

O artigo 300 do Código de Processo Civil/2015


determina que a tutela de urgência poderá
ser concedida no seguinte caso:

“Art. 300. A tutela de urgência será concedida


quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano
ou o risco ao resultado útil do processo.”

No caso em análise, deve-se observar, como dito alhures,


o preceituado
no artigo 5.º da Lei
de Introdução às normas do Direito Brasileiro,
estabelecendo que o juiz deve aplicar a lei atendendo
aos fins sociais a que ela se dirige; e, como a finalidade do
direito previdenciário é propiciar, aos segurados e seus
dependentes, os meios indispensáveis à existência digna, a
atitude do INSS em cancelar o auxílio-doença, antes do
efetivo retorno da capacidade laborativa da Parte
Autora, fere frontalmente o sentido teleológico do Direito
Previdenciário.

Portanto, resta claro o dano que poderá sofrer a autora


sendo que a única remuneração do casal era advinda do
falecido e a autora vem acumulando dividas ao longo dos
meses.
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III. DO DIREITO AS PARCELAS DESDE A DATA DO FATO GERADOR PARA A FILHA:

Da aplicação do “tempus regit actum” da legislação vigente no fato gerador

Sabe-se que a MP convertida em Lei mas que não tem


ainda o texto final da lei, prevê o prazo prescricional das parcelas em 180 dias da
data do fato gerador, isso contando a partir de sua vigência ou seja, 18/01/2019.
Sabendo que o óbito é anterior a essa data, não tem que se falar em aplicação da
MP, mas sim a lei vigente a época conforme segue abaixo:

Lei nº 8.213/91- art. 79. Não se aplica o disposto no art. 103 desta
Lei ao pensionista menor, incapaz ou ausente, na forma da lei.

Art. 103. É de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer


direito ou ação do segurado ou beneficiário para a revisão do ato
de concessão de benefício, a contar do dia primeiro do mês
seguinte ao do recebimento da primeira prestação ou, quando for
o caso, do dia em que tomar conhecimento da decisão
indeferitória definitiva no âmbito administrativo

Parágrafo único. Prescreve em cinco anos, a contar da data em


que deveriam ter sido pagas, toda e qualquer ação para haver
prestações vencidas ou quaisquer restituições ou diferenças
devidas pela Previdência Social, salvo o direito dos menores,
incapazes e ausentes, na forma do Código Civil.

IV. DO DIREITO DE RECEBIMENTO DESDE A DATA DA FATO GERADOR

Art. 364. A pensão por morte será devida ao conjunto dos


dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não,
observando que:

II - para óbitos ocorridos a partir de 11 de novembro de 1997, data da


publicação da Medida Provisória nº 1596-14, de 10 de novembro de
1997, convertida na Lei nº 9.528, de 1997, a contar da data:

a) do óbito, quando requerida:

(...)
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2. pelo dependente menor até dezesseis anos, até trinta dias após
completar essa idade, devendo ser verificado se houve a ocorrência
da emancipação, conforme disciplinado no art. 128;

b) do requerimento do benefício protocolizado após o prazo de trinta


dias, ressalvada a habilitação para menor de dezesseis anos e trinta
dias, relativamente à cota parte;

(...)

§ 4º Independentemente da data do óbito do instituidor, tendo em


vista o disposto no art. 79 e parágrafo único do art. 103 da Lei nº 8.213,
de 1991, combinado com o inciso I do art. 198 do Código
CivilBrasileiro, para o menor absolutamente incapaz, o termo inicial
da prescrição, previsto nos incisos I e II do art. 74 da Lei nº 8.213, de
1991, é o dia seguinte àquele em que tenha alcançado dezesseis
anos de idade ou àquele em que tenha se emancipado, o que ocorrer
primeiro, somente se consumando a prescrição após o transcurso do
prazo legalmente previsto.

Restou devidamente comprovado que o direito das requerentes ora representado


em receber seu benefício desde o fato gerador é totalmente alcançado pela
legislação previdenciária do REGIME GERAL na época.

As Autoras conforme já narrado, possuem 52 (cinquenta e dois) anos e 20 (vinte)


anos, mas independente de já terem capacidade civil não decaiu o seu fundo de
direito e nem tão pouco o seu direito de reclamar parcelas vencidas. Merecendo
por direito além do recebimento do benefício uma vez que restou comprovado
todos os requisitos receber, as parcelas vencidas corrigidas monetariamente, com
juros e atualizações desde a reclusão.

V. DOS PEDIDOS

Ante todo o exposto, requer:

a) A total procedência da ação, culminando na concessão do benefício de


pensão por morte, retroagindo à data de 01/03/2017, quando houve o óbito
conforme certidão.

b) Seja concedida a tutela provisória de urgência, no sentido de que


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o órgão réu efetue imediatamente e mensalmente o pagamento do


valor da pensão por morte NB nº ... com DER 24/10/2019 desde o óbito
do Segurado, ou ainda desde 09/11/2017 ou data melhor que
coadune como direito ao melhor benefício garantido pelo enunciado
5 do CRPS e art. 690 da IN 77/2015 com o devido reconhecimento
junto ao Autarquia da condição de Empregado do Segurado pós
mortem;

c) Seja determinada a citação do INSS, no endereço indicado


preambularmente para contestar querendo a presente ação no
prazo legal, sob as penas do art. 359 do CPC;
d) Provar por todos os meios probatórios em direito permitido, tais
como, juntada de novos documentos, oitiva de testemunhas,
depoimento pessoal do requerente, sob pena de confissão e demais
provas em direito admitidas para o ora alegado;

e) Seja concedido as requerentes, o benefício da Justiça Gratuita,


nos termos da Lei nº. 1060/50, eis que o mesmo é pessoa pobre e não
possui condições financeiras de arcar com as despesas processuais e
os honorários advocatícios sem prejuízo do seu próprio sustento e dos
seus dependentes;

f) a condenação do Órgão Requerido, no pagamento dos


honorários advocatícios no percentual equivalente a 20% sobre a
condenação, conforme preleciona o art. 20 do Código de
Processo Civil.

g) Requer ainda, seja no final da presente demanda a devida


emissão de requisições de pagamento em apartado, no valor
devido da ação e os honorários sucumbênciais.

Termos em que,
pede deferimento.

São Paulo, 12 de novembro de 2019.


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DRA. DÉBORA PATRÍCIA ROSA BONETTI


OAB/SP

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