Planejamento Conservacionista FINAL - Mada

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLOGIA


CURSO DE AGRONOMIA

ALLAN VICTOR VICENTE DA SILVA


FERNANDO MILEK SIMÃO
GABRIEL HIAR MADALOZZO

PROJETO DE PLANEJAMENTO CONSERVACIONISTA

Trabalho solicitado pela Disciplina


de Conservação do Solo e da Água.

Prof° Dr° Fabrício Tondello Barbosa

PONTA GROSSA
2019
INTRODUÇÃO

O planejamento de uso racional das terras deve ser feito levando em


consideração as potencialidades e limitações do solo, sendo imprescindível para sua
conservação, proteção da biodiversidade, produção agrícola sustentável e controle da
erosão.
Entretanto, a utilização de maneira correta dos solos ainda é um desafio para a
sociedade moderna, de acordo com a FAO (2018), 30% dos solos do planeta possuem
certo nível de degradação, colocando em risco a produção mundial de alimentos. A
degradação do solo ocorre devido a execução de atividades em desacordo com sua
potencialidade e envolve uma série de processos, por exemplo, erosão, desertificação,
salinização, contaminação, entre outros.
A erosão hídrica pode ser considerada como a forma mais prejudicial de
degradação do solo e acarreta impactos na esfera ambiental, social e econômica. Além
das implicações às terras agricultáveis (perda de horizonte A e insumos), a erosão causa
o transporte de sedimentos para os corpos hídricos, causando impacto direto na
qualidade da água, podendo gerar eutrofização e o assoreamento de rios em casos mais
severos.
Dentre as metodologias desenvolvidas para a utilização racional dos solos,
destaca-se a metodologia de Capacidade de Uso das Terras, desenvolvida em 1961 nos
EUA e adaptada para as condições brasileiras por Lepsch. Tal método leva em
consideração as características do solo e do relevo para a identificação de classes
distintas utilizadas como diagnóstico para as melhores opções de uso e manejo do solo.
Neste sentido, o objetivo do trabalho foi aplicar a metodologia de Capacidade de
Uso das Terras em uma área utilizada para agricultura, visando a caracterização das
potencialidades de uso da terra e indicação da necessidade ou não de práticas
conservacionistas auxiliares.

MATERIAIS E MÉTODOS

O trabalho foi realizado em uma propriedade localizada no município de São


Mateus do Sul no estado do Paraná, dividida em 11 glebas que somam
aproximadamente 861,35 hectares.
Os dados fornecidos através do levantamento no meio físico foram classificados
de acordo com a metodologia e auxílio do quadro guia adaptado do manual de
conservação do solo e da água do RS (1985) e de Rampim. et.al. Foi levado em
consideração o maior valor de classe obtido na fórmula mínima (Figura 1) e que
corresponde ao principal fator limitante.

Figura 1 – Fonte: RIO GRANDE DO SUL, 1985

Após a obtenção dos valores de classe e subclasse em cada ponto, com o auxílio
do QGIS, foi feito todo o mapeamento das glebas e em cada uma delas colocada a
informação de tipo de solo, declividade, uso atual e área.

Com relação às áreas de preservação permanente foi feito buffer de 30 metros


nas margens dos cursos d’água e um buffer de 50 metros ao redor de nascente. Esses
valores foram obtidos através da legislação do código florestal. Para ter conhecimento
do módulo fiscal, foram utilizadas as coordenadas do centro da propriedade, ”-
25.856183, -50.665087”, em acordo com a legislação. Para calcular a área da APP em
cada gleba foi utilizada a ferramenta “medir” do software QGIS.

As especificações dos terraços foram obtidas com o software Terraço 4.1


desenvolvido pela Universidade Federal de Viçosa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO

A propriedade é composta por 11 glebas as quais foram discriminadas


individualmente, de acordo com a metodologia de planejamento conservacionista da
ADAPAR.

DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO ATUAL


1 – Meio Físico

Gleba 1 – 143,76 hectares


O uso dessa gleba é destinado à lavoura anual em desconformidade a sua capacidade de
uso pois somente permitido com práticas intensivas de conservação. Esta gleba apresenta
ausência de terraços e cultivo em área que deveria existir uma área de preservação
permanente, pois conta com uma nascente e curso d’água, área também apresenta erosão
laminar moderada devido a sua textura muito argilosa.

Gleba 2 – 55,52 hectares


O uso dessa gleba é destinado à lavoura anual em desconformidade a sua capacidade de
uso pois somente permitido com práticas intensivas de conservação. Esta gleba apresenta
ausência de terraços e por isso apresenta erosão em sulcos ocasionais devido ao seu
manejo com lavoura sem cobertura.

Gleba 3 – 132,13 hectares


O uso dessa gleba é destinado à lavoura anual em desconformidade a sua capacidade de
uso pois somente permitido com práticas intensivas de conservação. Esta gleba apresenta
ausência de terraços e cultivo em área que deveria existir uma área de preservação
permanente, pois conta com um curso d’água, área também apresenta erosão laminar
moderada devido a sua textura argilosa.

Gleba 4 – 67,86 hectares


O uso dessa gleba é destinado à lavoura anual em desconformidade a sua capacidade de
uso pois somente permitido com práticas intensivas de conservação. Esta gleba apresenta
ausência de terraços e cultivo em área que deveria existir uma área de preservação
permanente, pois conta com um curso d’água, área também apresenta erosão em sulcos
frequentes.

Gleba 5 – 152,61 hectares


O uso dessa gleba é destinado à lavoura anual em desconformidade a sua capacidade de
uso pois deveriam ocorrer práticas de conservação simples como uso do sistema plantio
direto, cultivo em nível e preservação permanente em um raio de 30 metros ao redor do
curso d´água.

Gleba 6 – 61,36 hectares


O uso dessa gleba é destinado à florestas, sendo assim, está de acordo com a sua
capacidade de uso.
Gleba 7 – 40,28 hectares
O uso dessa gleba é destinado à fruticultura em desconformidade com sua capacidade de
uso devido ausência de terraços e cobertura vegetal entrelinhas, pois necessita de práticas
intensivas de conservação.

Gleba 8 – 75,25 hectares


O uso dessa gleba é destinado à pecuária, estando em conformidade com a capacidade de
uso do solo. Para adequar a área é necessária a implantação das áreas de preservação
permanente nas margens dos rios.

Gleba 9 – 40,65 hectares


O uso dessa gleba é destinado à floresta nativa e por ter ocorrências de inundações
frequentes e organossolos, não deve ser destinado à nenhuma prática agropecuária.

Gleba 10 – 50,23 hectares


O uso dessa gleba é destinado à floresta nativa e por ter ocorrências de inundações
frequentes não deve ser destinado à nenhuma prática agropecuária.

Gleba 11 – 41,70 hectares


O uso dessa gleba é destinado à lavoura anual em desconformidade com a capacidade de
uso de solo da área sendo necessária a implantação de terraços para controle de erosão
laminar e em sulcos que são frequentes nessa área.

3 - Mapas
3.1 – Uso Atual do Solo
3.2 – Classificação do Solo

Latossolo: São normalmente muito profundos, sendo a espessura do solum


raramente inferior a 1 m. Têm sequência de horizontes A, B, C com pouca diferenciação
de sub-horizontes e transições usualmente difusas ou graduais. O incremento de argila do
A para o B é pouco expressivo ou inexistente, e a relação textural B/A não satisfaz aos
requisitos para B textural. De um modo geral, os teores da fração argila no solum
aumentam gradativamente com a profundidade ou permanecem constantes ao longo do
perfil. Esses solos são típicos das regiões equatoriais e tropicais, ocorrendo também em
zonas subtropicais, distribuídos, sobretudo, por amplas e antigas superfícies de erosão,
sedimentos ou terraços fluviais antigos, normalmente em relevo plano e suave ondulado,
embora possam ocorrer em áreas mais acidentadas, inclusive em relevo montanhoso. São
originados a partir das mais diversas espécies de rochas e sedimentos sob condições de
clima e tipos de vegetação os mais diversos.

Cambissolo: Devido à heterogeneidade do material de origem, das formas de


relevo e das condições climáticas, as características destes solos variam muito de um local
para outro. Assim, a classe comporta desde solos fortemente até imperfeitamente
drenados, de rasos a profundos, de cor bruna ou bruno-amarelada até vermelho- -escura,
de alta a baixa saturação por bases e atividade química da fração argila.

Neossolo: Compreendem solos constituídos por material mineral ou por material


orgânico pouco espesso que não apresenta alterações expressivas em relação ao material
originário devido à baixa intensidade de atuação dos processos pedogenéticos, seja em
razão de características inerentes ao próprio material de origem (como maior resistência
ao intemperismo ou composição químico-mineralógica), seja em razão da influência dos
demais fatores de formação (clima, relevo ou tempo), que podem impedir ou limitar a
evolução dos solos.

3.3 – Declividade
3.4 – Capacidade de Uso do Solo

4 – Dados Pluviométricos
A média pluviométrica do município de São Mateus do Sul, no estado do Paraná, é de
1600mm anuais de acordo com a Carta Climática do Paraná, fornecida pelo IAPAR.

PLANO TECNICO
1 - Caracterização das Obras e Práticas de Manejo e Conservação

Gleba 1: Requer praticas intensivas de conservação, pode-se manter as terras


cultiváveis porém com construção de terraços de base larga e adequação das áreas de
preservação permanente.

Gleba 2: Requer praticas intensivas de conservação, pode-se manter a lavoura anual


porém com construção de terraços de base larga.

Gleba 3: Requer praticas intensivas de conservação, pode-se manter as terras


cultiváveis porém com construção de terraços de base larga e adequação das áreas de
preservação permanente.

Gleba 4: Requer praticas intensivas de conservação, pode-se manter a lavoura anual


porém com construção de terraços de base larga e adequação das áreas de preservação
permanente.

Gleba 5: Requer praticas simples, pode-se manter a lavoura anual porém com
implementação do sistema plantio direto para que haja proteção de solo com cobertura
de solo não necessitando construção de terraços adequação mas sim de implementação
de áreas de preservação permanente nas margens dos rios.

Gleba 7: Requer praticas intensivas de conservação, a opção de manter a fruticultura


só é possível com construção de terraços de base larga.

Gleba 8: Para entrar em legalidade com o código florestal, é necessário a criação de


áreas de preservação permanente nas margens do curso d’água.

Gleba 11: Requer praticas intensivas de conservação, a opção de manter a lavoura


anual só é possível com construção de terraços de base larga.

* Glebas 6, 9 e 10: Estão em conformidade com as práticas conservacionistas

2 – Projetos Com Especificações Técnicas das Obras

Para as áreas de preservação permanente, deve-se implementar mata ciliar num raio de
50 metros da nascente e 30 metros na margem dos cursos d’água.
Gleba 1: O canal terá seção triangular, com declividade da parede do canal de 21,3% a
altura recomendada é de 42,35 centímetros com espaçamento horizontal de 47,32
metros e espaçamento vertical de 1,89 metros.

Gleba 2: O canal terá seção triangular, com declividade da parede do canal de 21,3% a
altura recomendada é de 40,41 centímetros com espaçamento horizontal de 32,21
metros e espaçamento vertical de 3,22 metros

Gleba 3: O canal terá seção triangular, com declividade da parede do canal de 21,3% a
altura recomendada é de 41,34 centímetros com espaçamento horizontal de 27,23
metros e espaçamento vertical de 3.00 metros.

Gleba 4: O canal terá seção triangular, com declividade da parede do canal de 21,3% a
altura recomendada é de 41,34 centímetros com espaçamento horizontal de 27,23
metros e espaçamento vertical de 3.00 metros.

Gleba 7: O canal terá seção triangular, com declividade da parede do canal de 21,3% a
altura recomendada é de 51,22 centímetros com espaçamento horizontal de 25,83
metros e espaçamento vertical de 4,65 metros.
Gleba 11: Os terraços devem ter canal de seção triangular com a parede do mesmo
com 21,3% de declividade, a altura recomendada é de 47,36 centímetros com
espaçamento horizontal de 26,25 metros e espaçamento vertical de 3,15 metros.

3 – Práticas Complementares Recomendadas

Glebas 1,2,3,4,11: Cultivo em nível, não fazer preparo primário, manter sempre restos
vegetais em cobertura do solo com o uso de rolo-faca e herbicidas
Gleba 7: Manter entrelinhas sempre com cobertura vegetal.

4. MAPA DA SITUAÇÃO PLANEJADA


CONCLUSÃO

Para ter um uso mais sustentável da propriedade, preservando ao máximo o solo


sem afetar o planejamento financeiro, terá de ser feito terraços de base larga nas glebas
1, 2, 3, 4, 7 e 11. Todas as glebas exceto 6, 8, 9 e 10 terão de ter práticas
conservacionistas relacionadas a cobertura vegetal, auxiliando na proteção do solo em
eventos físicos eólicos e hídricos.

Para entrar de acordo com o código florestal, 20% da propriedade não pode ser
utilizada para uso agrícola, as glebas 6, 9 e 10 sozinhas não cumprem esse papel, tendo
um déficit de 20,03 hectares. A nascente presente na propriedade deve ter uma área de
preservação permanente de 50 metros de raio e todo o curso d’água com área de
preservação de 30 metros de margem.

Com a introdução das áreas de preservação permanente irá ter um acréscimo de


27,44 hectares de área preservada, entrando em acordo com o Código Florestal.

REFERÊNCIAS

PARANÁ, Instituto Agrônomico do. Cartas climáticas do paraná. Disponível em:


http://sma.fundacaoabc.org/climatologia/cartas_climaticas/parana. Acesso em: 24 out.
2020.

HUMBERTO GONÇALVES DOS SANTOS. Sistema Brasileiro de Classificação de


Solos. Brasília, 2018.

ADAPAR. Legislação da Sanidade Vegetal. Disponível em:


http://www.adapar.pr.gov.br/FAQ/Legislacao-da-Sanidade-Vegetal. Acesso em: 24 out.
2020.

Sistema faep. Código Florestal. Disponível em:


http://codigoflorestal.sistemafaep.org.br/legislacao/. Acesso em: 21 out. 2020.

MACHADO, Pedro Luiz O. Almeida; WADT, Paulo Guilherme S.. Terraceamento.


Disponível em:
https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/arroz/arvore/CONT000fohgb6cq02wyiv8
065610dfrst1ws.html. Acesso em: 20 out. 2020

CAMPO, Sérgio. GEOPROCESSAMENTO APLICADO NA ESPACIALIZAÇÃO DA CAPACIDADE DE


USO DAS TERRAS DA MICROBACIA DO CÓRREGO SÃO CAETANO, BOTUCATU, SP, PARA FINS
DE PLANEJAMENTO CONSERVACIONISTA. Disponível em:
https://doaj.org/article/a659160a99dd4c53bf15e4927afe4545. Acesso em: 23 out. 2020.

MOMOLI, Renata Santos; COOPER, Miguel. Erosão hídrica em solos cultivados e sob mata
ciliar. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
204X2016000901295. Acesso em: 22 out. 2020.
AYER, Joaquim Ernesto Bernardes. Erosão hídrica em Latossolos Vermelhos distróficos.
Disponível em:
https://www.scielo.br/scielo.php?frbrVersion=2&script=sci_arttext&pid=S1983-
40632015000200002&lng=en&tlng=en. Acesso em: 26 out. 2020.

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