Resenha Critica Do Livro A Sala de Aula Inovadora

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Resenha Crítica do Livro

A sala de aula inovadora: estratégias pedagógicas para fomentar o aprendizado ativo


Fausto Camargo, Thuinie Daros. Porto Alegre: Penso, 2018. E-PUB.

Jandeson Dantas da Silva [email protected]


Wênyka Preston Leite Batista da Costa
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

Manoel Pereira da Rocha Neto


Universidade Potiguar

Recebido em: 19/12/2019 • Aprovado em: 12/04/2020


Avaliado pelo sistema double blind review
Editor Científico: Edson Sadao Iizuka
DOI 10.13058/raep.2020.v21n2.1725

O livro trata de assuntos vinculados às possibilidades de educação inovadora,


organizado pelos autores Fausto Camargo e Thuinie Daros, o objetivo dos autores é auxiliar no
aprendizado ativo, por meio de suas experiências.
Corroborando Mitre et al. (2008), Berbel (2011), Borges e Alencar (2014), Colares e
Oliveira (2018) enfatizam que as metodologias ativas são um conjunto de práticas utilizadas no
processo de aprendizagem, que visam desenvolver a formação crítica dos indivíduos, gerando
autonomia e influenciando-o para que opte pela melhor alternativa em qualquer situação,
tornando o aprendiz capaz de autogovernar seu processo de formação e ser instrumento de
transformação na resolução de problemas nas diversas práticas sociais que está inserido.
A obra trata da necessidade de mudança dos padrões tradicionais, bem como reconhece
a relevância do método tradicional, enfatizando que o acesso à informação transformou a
sociedade e a forma de se aprender e ensinar.
A imprevisibilidade, a impermanência e o estágio líquido das relações e das coisas
ganharam destaque na sociedade contemporânea, neste cenário encontra-se a educação com
seus processos e envolvidos expostos às mudanças (DIESEL, BALDEZ, MARTINS, 2017).
A evolução tecnológica ocorrida no final do século XX trouxe mudanças também no
âmbito educacional. As informações, conhecimento e a evolução tecnológica determinam a
maneira de organização em rede, o crescimento econômico, o padrão e modo de viver em
sociedade (CASTELLS, 2010). Neste sentido, Penof, Leonardo e Farina (2020) esclarecem que
é difícil compreender sob um ponto de vista único de conhecimento específico todos os
problemas do cotidiano das organizações.
A primeira parte retrata as insatisfações dos alunos e dos professores. Além de
apresentar dados de pesquisa sobre conhecimento e competências realizada pela Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, 2015) em que o Brasil ocupa a 60ª
posição entre os 76ª países, sendo necessário encontrar alternativa que contribua com a
melhoria desses indicadores.
Diante da constatação de necessidade de mudança os autores sugerem modificar a
prática e o desenvolvimento de estratégias como foco no aprendizado interativo, ligado às
situações reais, sendo a inovação ferramenta necessária para transformar a educação. O docente
deve conhecer seus alunos e criar um ambiente de confiança, promover debates, criatividade e
reflexão, proporcionando o estabelecimento de relações entre o que é ensinado/aprendido e as
situações práticas do cotidiano deixando aprendizagem significativa.
Neste sentido Dewey (2008) argumenta que a prática é uma forma simples de
compreender as doutrinas, seus objetivos, movimentos e evitar mal entendidos, ela possibilita

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descobertas úteis para sociedade e concede parâmetros para estabelecer a sobrevivência de
novas crenças. Para Dewey uma abordagem de educação deveria ser baseada na atividade para
resolver problemas, defendia que o ambiente de aprendizagem fosse um espaço democrático,
de descobertas, em que o aluno tivesse interesse em buscar o conhecimento em suas
experiências e compartilhasse com todos envolvidos, dessa forma a educação poderia atingir
inúmeros e imprevisíveis objetivos (CARON, SOUZA, SOUZA, 2016; D’AGNESE, 2019).
Já Kilpatrick desenvolveu atividades baseadas nos interesses dos alunos com a intenção
de torná-las significativas (BEYER, 1997). Na abordagem kilpatrickriana era atribuída à
educação a responsabilidade de aumentar a capacidade dos aprendizes de julgar e coordenar as
influências do ambiente, de forma a ampliar o processo de experiências do indivíduo, assim a
educação deveria fazer parte da própria vida, defendia a prática no contexto educacional,
expondo que era preciso aprender fazendo, ressaltando a experiência do aprendiz no processo
de aprendizagem (MARQUES, 2016).
Na intenção de tornar aprendizagem significativa, Ausubel, sugere que os
conhecimentos prévios dos aprendizes sejam valorizados para melhorar a eficácia no ensino e
satisfação com o conteúdo (PELIZZARI et al., 2002). Ausubel ainda sugere que o material
didático seja significativo para o aprendiz e que este manifeste interesse de aprender,
melhorando assim o desenvolvimento da aprendizagem (OSTERMANN, CAVALCANTI,
2011; SILVA, SCHIRLO, 2014). Moreira, (2000) expõe que esse tipo de aprendizagem
proporciona a consolidação do conhecimento existente e faz com ele permaneça por mais tempo
internalizado no aluno.
Este capítulo é relevante por demonstrar o contexto atual da educação brasileira em
relação ao resto do mundo, apresentar os anseios dos envolvidos e mostrar uma alternativa para
modificação do cenário. Apesar da consistente fundamentação teórica para busca de uma
alternativa inovadora no processo de aprendizagem, os autores poderiam apresentar resultados
mais robustos em relação aos benefícios oriundos da aplicação de sua proposta em outros
ambientes mundiais. Demonstrando de que forma aplicação das estratégias pedagógicas
melhoraram os resultados dos países que estão melhores posicionados no ranking citado e quais
estratégias eles têm utilizados.
O segundo capítulo, enfoca os aspectos históricos do início do século XX e desafios
atuais, apresentam as bases conceituais, relacionando a teoria e prática, com problemas do
cotidiano. Outra proposta de trabalho é a partir dos centros de interesses dos estudantes,
abordando a transdisciplinariedade, o ensino globalizado, centrado no aluno, valorizando os
seus conhecimentos prévios.
A proposta de aplicação de metodologias inovadoras visa tornar o sujeito crítico,
reflexivo, transformador e humanizado, melhorar a capacidade de resolução de problemas, por
meio de uma pedagogia centrada na criatividade, no autodidatismo e no protagonismo do aluno.
Neste sentido é perceptível a presença das características da teoria libertadora,
problematizadora e conscientizadora de Paulo Freire, podendo ser citado o princípio teórico da
busca pela autonomia do educando, bem como a busca por superar desafios, resolver problemas
e a utilização das experiências dos aprendizes para gerar novos conhecimentos capazes de
transformar a realidade social em que estão inseridos (MITRE et al., 2008; BERBEL, 2011;
CAMPOS, PARO, 2019).
Posteriormente os autores enfatizam a demanda da sociedade por trabalhadores
qualificados sendo necessário aprimorar os projetos educacionais, ressaltando o papel das
rápidas inovações tecnológicas, que modificarão a maneira como o conhecimento é
desenvolvido, inclusive alterando a função do docente na aprendizagem. Dessa forma as
metodologias ativas são uma alternativa para às demandas da educação e da sociedade.
Corroborando Paranhos e Mendes (2010), Prado et al., (2012) e Paiva et al., (2016)
expõem que há demandas internas e externas para aprimoramento de projetos pedagógicos com

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a inclusão de metodologia ativa e alinhado com a necessidade do mercado de trabalho,
aproximando teoria e prática, proporcionando aprendizagem significativa que irá contribuir
para formação de profissional com conhecimentos (saber), habilidades (saber fazer), atitudes
(saber ser e conviver), tornando os aprendizes autônomos, responsáveis e protagonistas de seu
aprendizado, crítico-reflexivo com condições de modificar a realidade social em que está
inserido.
Neste capítulo os autores estabelecem a fundamentação teórica para propositura das
metodologias ativas resgatando autores consolidados como Dewey, Ausubel e Paulo Freire
dentre outros, com a pura intenção de aproximar a teoria da prática e colocar o aprendiz como
responsável por sua própria formação. Entretanto acredita-se que seria possível aprofundar-se
na perspectiva da exigência da sociedade por um modelo de profissional alternativo, ressaltando
o perfil crítico-reflexivo e autônomo que os ambientes de ensino devem modelar.
O terceiro capítulo trata de “Por que usar metodologias ativas de aprendizagem?” são
demonstradas as modificações na sociedade em decorrência da tecnologia sendo necessário
modificar a educação e seus métodos de ensino. Outro motivo são os alunos desmotivados,
distraídos, com sonolência em relação ao modelo tradicional de ensino.
Os autores argumentam que a utilização das metodologias ativas permite ao aluno atuar
com autonomia e protagonismo, aprendendo e desenvolvendo de modo colaborativo e
interdisciplinar, desenvolvendo competências e habilidades. Proporcionando desenvolvimento
efetivo de competências para a vida profissional e pessoal, possibilitando uma visão
transdisciplinar do conhecimento, colocando o aluno como sujeito da aprendizagem.
Já na perspectiva do docente há o desenvolvimento de nova postura, agora ele irá agir
como facilitador e mediador da geração de conhecimento.
Este capítulo, apesar de curto, retrata as motivações para utilizar as metodologias ativas
com base em pesquisas científicas, por meio de distintas metodologias. Apesar de apresentarem
resultados consistentes, os autores optaram por deter-se argumentação sobre um grupo
específico de alunos pesquisados, pouco explorando os motivos para utilização das
metodologias ativas com outros públicos e outros ambientes. Adicionalmente poderia ter sido
ampliado as vantagens para os aspectos sociais, profissionais e acadêmicos da utilização das
metodologias ativas na formação dos indivíduos.
A segunda parte do livro trata das estratégias pedagógicas para o aprendizado ativo,
onde se destacam 43 estratégias, seguidas das competências e estratégias didáticas para
elaboração de cada estratégia, expostos ainda modelos de papéis de trabalho, recomendações
aos docentes, bem como o leiaute da sala de aula para realização da estratégia.
As estratégias elencadas pela obra iniciam com “atividade de contrato de
aprendizagem”, o objetivo é chamar atenção do aluno para sua responsabilidade no processo
de aprendizagem e de desenvolvimento das competências para exercício profissional, tendo
sido muito utilizada para gerar responsabilidade, conscientização e empatia no aluno. A
utilização dessa estratégia é capaz de desenvolver a capacidade de cooperação e socialização,
bem como promove a autonomia do aprendiz aspectos cada vez mais exigidos pelo mercado de
trabalho.
A segunda estratégia “análise de todos os fatores ou ideias” deve-se considerar os fatores
na tomada de decisão e no planejamento do tema da aula. Ela gera impacto na formação
profissional, na medida em que, possibilita o gerenciamento e troca de informações,
potencializa o trabalho em equipe, gera reflexão com foco em solucionar problemas e auxilia a
tomada de decisão.
Já a estratégia três trata da “aplicabilidade de um conceito por representação visual com
envolvimento de estudo de caso” trata-se de praticar algo existente no plano de ideias. Agrega
para formação do aprendiz no sentido de aplicabilidade da teoria no campo profissional, coloca

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o indivíduo em contato com um problema real do mercado articulado com a teoria, ampliando
a capacidade de expressão.
A estratégia quatro trata de “aplicativos na educação” utilizados de maneira criativa e
crítica. Têm sido amplamente utilizados como recurso pedagógico na educação por suas
inúmeras possibilidades de utilização. São capazes de gerar habilidades e conhecimentos úteis
para aplicação prática no mercado de trabalho, além de potencialmente ampliar a capacidade
de concentração e participação do aprendiz.
A quinta estratégia constitui-se da percepção individual, análise, comparação, debate
em dupla, por fim ampliação de conceitos, esclarecimentos de dúvidas e síntese em grupo sobre
determinado assunto, nomeada por aprendizagem em espiral. Caracteriza-se por ampliar a
capacidade de análise, síntese, sistematização de conhecimentos, comparação, associação de
ideias, melhora a comunicação e a capacidade de ouvir o outro.
Árvore de problemas é a sexta estratégia aborda pelos autores, visa à análise de
problemas, por meio de identificação das causas e consequências relativas a um problema.
Contribui para formação melhorando a forma de trabalhar em equipe, melhora a capacidade de
análise, amplia a reflexão e a tomada de decisão dos futuros profissionais.
Já a sétima estratégia é o brainstorm com post-its deve ser utilizada quando se
desconhece o problema busca mais informações sobre o tema, na tentativa de gerar ideias
espontaneamente, sem julgamentos ou críticas. Essa estratégia estimula a criatividade, favorece
a troca de informações, associação e desenvolvimento de ideias, facilita o trabalho em equipe,
leva à reflexão e melhora a tomada de decisão.
O brainwriting consiste em realizar o debate e discussão de ideias sobre determinado
tema ou problema, promovendo o protagonismo individual e coletivo do aluno fazendo-o
sugerir soluções ao grupo. Incentivando as habilidades ressaltadas no mercado de trabalho
como troca de informações, desenvolvimento de ideias, facilidade em trabalho em equipe e
possibilita tomar melhores decisões.
Construindo um muro é a nona estratégia ela permite que os alunos considerem quais
pontos são mais relevantes no desenvolvimento de uma questão ou na resolução de um
problema, devendo priorizar ideias e informações, bem como discutir e justificar suas escolhas.
Ajuda no desenvolvimento de ideias e consequente tomada de decisão e incentiva o trabalho
em equipe.
A décima estratégia é a construção de situações-problema devem ser situações que se
caracterizem como um problema para os alunos com início, meio e fim bem definidos. Essa
estratégia possui a capacidade de colocar o aluno como protagonista na resolução de problemas
desenvolvendo análise crítica.
A décima primeira estratégia trata da “construção de um estudo de caso” este visa
apresentar um problema a ser solucionado não possuindo solução pré-definida. Muito útil para
preparar o candidato para resolução de problemas, tomar decisões, melhorar argumentação e
quando aplicado em grupo facilita a capacidade de trabalhar em equipe.
Já a décima segunda estratégia “corrida intelectual gamificada” trata-se de um jogo em
grupo, de caráter competitivo. Essa estratégia garante o engajamento e a motivação dos
estudantes, podendo elevar a capacidade de trabalhar em equipe e comunicação.
O “Debate dois, quatro e todos”, é a décima terceira estratégia, possibilita a reflexão
sobre o conteúdo, debate e compartilhamento de ideias. Contribui para formação da capacidade
de argumentar dos aprendizes, amplia o modo de pensar e agir, com a inclusão de uma
percepção crítica, além de favorecer o trabalho em equipe.
A décima quarta estratégia é o “debate inteligente” os estudantes devem preparar os
argumentos, de maneira lógica e racional, para defesa do posicionamento. Por meio dela é
possível construir argumentos racionais com base em pesquisas científicas, agregar diferentes

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formas de pensar qualificado, contribuindo para formação profissional e para o meio social,
pois será possível ampliar a capacidade de tomar decisões fundamentadas.
A estratégia “desing thinking de curta duração” é criativa e prática com foco no trabalho
colaborativo, parte do entendimento das necessidades dos outros, por meio da geração rápida
de ideias, para criação de soluções inovadoras. Organizações e profissionais no mundo dos
negócios tem utilizado esta estratégia como forma resolver problemas. Ela contribui para
melhoria da comunicação, possibilita desenvolver ideias, amplia a capacidade de trabalhar em
equipe e promove espírito de liderança, colocando os aprendizes para solucionar problemas em
contextos determinados.
Já a décima sexta estratégia trata do “diagrama dos cinco porquês”, inicia-se com o
estabelecimento do problema e pergunta como o problema ocorreu e diante das causas cada
uma delas é novamente questionada. Muito útil para desenvolver o trabalho em equipe, criar
ambiente para novas ideias, um momento de reflexão e análise para tomada de decisão, são as
competências que se espera despertar nos aprendizes.
Posteriormente apresenta-se a décima sétima estratégia “diferentes perspectivas de um
texto” proporciona aos alunos ampliação de sua visão pessoal, complementando-a com olhar
dos outros colegas sobre o mesmo texto. Por meio dessa estratégia é possível compreender um
texto sob vários pontos de vista diferentes, estabelecer um posicionamento pessoal quanto ao
assunto estudado, realizar análise crítica, ampliar a capacidade de síntese e principalmente o
fortalecimento do trabalho em equipe por meio da cooperação.
A décima oitava estratégia é a “disputa argumentativa com flashcards” é a realização
de debate argumentativo, em formato de auditório, em que a plateia decide pela solução do
problema ou pelo produto. Muito útil para melhoria da argumentação, como também para
resolução de problemas, melhoria da tomada de decisão e a capacidade de trabalhar em equipe.
Já o “ensino híbrido” é o programa de educação formal em que o aluno aprende, pelo
menos em parte, por meio em on-line. Tal metodologia tem sido bastante utilizada motivada
pelo avanço da tecnologia, pelo baixo custo, considera-se também a elevada capacidade de
alcance de pessoas e a comodidade nos horários, que por vezes são flexíveis. Sua utilização foi
intensificada no período da pandemia (COVID-19), por instituições de ensino privadas e
públicas, bem como por organizações empresariais. Seu potencial consiste em fazer com que
ocorram aulas, troca de informações e experiências, promovendo debates que acaba
transformando-se em aprendizagem significativa, ao mesmo tempo em que prepara os alunos
para um ambiente corporativo interligado com a evolução tecnológica.
O “estudo de caso” possibilita confrontar realidades que possibilitam desafios e permite
a proposta de soluções ou a expressão de argumentos fundamentados. Os estudos de caso
concede autonomia ao aluno para analisar de maneira mais eficiente e eficaz os problemas,
proporcionando capacidade de resolvê-los, possibilita a vivência com problemas profissionais
do mundo corporativo, além de propiciar uma visão sistêmica e integradora da temática e
desenvolver argumentação crítica do aprendiz.
A vigésima primeira “geek” exige que os alunos resolvam cada questão juntos, utilizada
como avaliação diagnóstica ou atribuição de notas, é uma alternativa para trabalhar com
assuntos que necessitam de resoluções de muitos exercícios. Contribui para o processo de
formação do educando na medida em que possibilita a troca de informações, desenvolvimento
de novas ideias, cria um clima para reflexão em busca de resultado, favorece ao alcance da
melhor tomada de decisão e prioritariamente favorece a colaboração entre os participantes.
O “giro colaborativo”, coleta ideias, possibilita o compartilhamento de opiniões. Aqui
são enfatizadas as competências do trabalho em equipe, bem como gera espaço para reflexão
na busca de alcançar a melhor alternativa para tomada de decisão.
O “intercâmbio com o autor” estabelece diálogo entre o autor e o leitor, os aprendizes
são desafiados a discutir com o autor, reunindo pensamentos e ideias acerca do texto. Obriga o

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aprendiz a melhorar sua capacidade de síntese, por meio de leitura compreensiva do conteúdo
levando-o a reflexão e a consequente determinação de um posicionamento em relação ao texto.
O “jogo de cartas”, vigésima quarta estratégia, permite aos alunos aprenderem acerca
de um assunto por meio de um conjunto de cartas com questões sobre esse assunto. Relevantes
contribuições essa estratégia carrega para área de gerenciamento e troca de informações,
prioriza o trabalho em equipe, além de possibilitar a reflexão e facilitar a tomada de decisão.
Já o “jogo pedagógico verdadeiro, falso ou discussão” promovem situações de ensino-
aprendizagem desenvolvendo ação ativa e motivadora. Coloca o aprendiz para desenvolver a
empatia, a compreensão e a relacionar-se com outros colegas criando um ambiente de
cooperação, além de possibilitar a análise do cenário para utilizar as melhores informações
disponíveis para tomada de decisão.
A vigésima sexta consiste em “mapeamento de causas” contribui para pensar as causas
diretas e indiretas de um evento sobre um problema. Essa estratégia possui potencial para ser
utilizada nas organizações empresariais por poder ser aplicada na busca de solução de
problemas de qualquer espécie. Gerando benefícios para o gerenciamento de informações,
fortalecendo o trabalho em equipe, criando novos pensamentos e capacitando os aprendizes
para tomada de decisão.
A “matriz de problemas” possibilita classificar problemas conforme os critérios:
importantes e urgentes, urgentes, mas não importantes, importantes, mas não urgentes e sem
importância e sem urgência. Trata-se de outra possibilidade que pode ser útil não somente no
ambiente acadêmico, mas também no empresarial e governamental para construção de políticas
públicas mais eficazes e eficientes voltadas para atender às necessidades da sociedade. São
habilidades trabalhadas nessa atividade análise de cenários, síntese de conteúdos, a
comunicação, resolução de problemas e prioritariamente o trabalho em equipe.
Os “mapas mentais” são úteis para memorizar conteúdos e permite revisões rápidas e
resumidas dos conteúdos. O aprendiz é forçado a ampliar sua capacidade de sintetizar, organizar
e associar os pensamentos, tornando-se um profissional mais objetivo, sem perder a qualidade.
Já o “mural de fatos e notícias” proporciona o debate e discursão de assuntos,
proporciona uma visão maior a respeito do tema. Também pode ser aplicado em outros
ambientes além do educacional como forma de debater um assunto relevante. Essa estratégia
testa a capacidade de análise e comparação do aluno, amplia sua capacidade de comunicação e
argumentação que são, talvez, os principais legados dessa atividade, além de trocar
informações, associar e desenvolver ideias.
A “paleta de cores com uso de artigo científico” ensina a ver, auxiliando na iniciação da
produção científica, onde o aluno identifica com uma cor a parte do artigo trabalhada. Pode ser
trabalhada no intuito de facilitar habilidade com a escrita formal e científica, assim como a
associação de ideias, sendo muito útil para formação do aluno.
Já o “passa ou repassa acadêmico” é formado um quiz com perguntas e respostas sobre
conhecimentos de determinado assunto. É uma opção interessante para desenvolver o trabalho
em equipe, a comunicação e a tomada de decisão, mas sem dúvidas o foco consiste no
desenvolvimento de reflexão sobre o conteúdo e formação de novos pensamentos.
A “peer instruction com uso de flashcards ou aplicativos tipo clickers” se desenvolve
por meio da aplicação de testes conceituais que promovem o debate e exposição de ideias.
Trabalha a habilidade do cooperativismo na construção do conhecimento com foco em resolver
problema, logo desenvolve a competência de ler compreensivamente, domínio de múltiplas
formas de linguagens e trabalho em equipe, por ser uma atividade flexível pode ser adaptada
aos distintos ambientes e públicos que esta trabalhando.
A trigésima terceira estratégia é a “pirâmide de prioridades” permite que os alunos
considerem quais pontos são mais relevantes na construção de uma questão ou na resolução de
um problema. É mais um exemplo de atividade que pode ser adaptada para o ambiente

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empresarial e público na busca de resolver problema. Dentre as habilidades desenvolvidas em
seus envolvidos destaca-se ampliação da capacidade de trabalhar em equipe e desenvolvimento
de novos pensamentos, espaço para reflexão sobre os conteúdos e melhoria da tomada de
decisão.
O “planejamento de escrita científica por meio de diagrama” tem como objetivo auxiliar
os acadêmicos no processo de organização e de desencadeamento das ideias. Torna-se relevante
por contribuir para melhorar habilidade de organizar e planejar a escrita do educando.
A estratégia trigésima quinta estratégia é “problemas do cotidiano” que desperta o
envolvimento, interesse e criatividade, criando uma situação desafiadora e reflexiva remetendo
ao domínio de informações do conteúdo. Essa atividade pode ser adaptada para outros contextos
como o corporativo e pode ser potencial gerador de vantagem competitiva se bem utilizado.
Remete à autonomia do aprendiz no sentido de criar situações desafiadoras e reflexivas,
ampliando a habilidade de domínio e organização de informações, amplia a capacidade de
argumentação, eleva a inteligência para resolver problemas e aplicabilidade de conceitos
teóricos no campo profissional.
O “quadro sinóptico” é um resumo esquematizado das principais ideias, texto ou
documento, organiza um conteúdo. Por meio dele é possui ampliar a capacidade de síntese,
organização de pensamentos e memorização do conteúdo, exige do aprendiz ampliação da
capacidade de reflexão, ao mesmo tempo em que, possibilita liberdade de pensar para o mesmo,
tornando o aprendizado mais significativo.
A trigésima sétima estratégia é “quebra – cabeça” cada aluno ou grupo fica responsável
pela explicação de parte do conteúdo, cumprindo tarefas específicas para dominar os conceitos
de sua parte do conhecimento e ensinam o que aprendem para os demais colegas.
Por meio dessa estratégia o aprendiz pode aprimorar habilidade de leitura compreensiva e sua
capacidade de resolver problemas, logo o exercício de ensino possui característica
problematizador, também é possível perceber o potencial desenvolvimento reflexivo do aluno
sobre o conteúdo.
Já o “recordatório” permite que os alunos pensem, reflitam e registrem seu nível de
conhecimento, bem como a progressão após o estudo. Essa estratégia possui como base o
conhecimento prévio dos alunos, característico das teorias de Ausubel e Paulo Freire, além de
propiciar o trabalho em equipe, o gerenciamento de informações e o autodiagnóstico e
autoconhecimento típicos das exigências do mercado e alinhados com as teorias de
aprendizagem citadas.
No “relógio didático” o professor determina um tempo para responder cada questão e
ao termino de cada, apresenta um nova. Coloca o aprendiz em situação problematizadora
ampliando sua capacidade de resolver problema, amplia a capacidade analítica e torna o aluno
apto a trabalhar de modo colaborativo.
A “narração de história (storytelling)” consiste em contar uma história criando
personagens e enquadrando-os em determinadas situações, buscando as causas e resoluções,
proporcionando um ambiente criativo e colaborativo. Neste caso a habilidade de argumentação,
a criatividade, a cooperação e empatia se destacam, sendo reflexo direto no comportamento do
aprendiz tornando o aprendizado cada vez mais significativo.
A “team-based learning” é realizado em preparação (pré-classe), garantia de preparo
(na classe) e aplicação de conceitos (na classe), por meio do gerenciamento de equipe,
realização de tarefas aplicação de conceitos e avaliação. Baseado no estudo prévio e na
autonomia dos aprendizes possui característica das teorias de Ausubel e Paulo Freire, além de
ampliar a capacidade de tomada de decisões, resolver problemas, melhorar argumentação e
ampliar o senso crítico, contribui significativamente para torná-lo apto para o trabalho em
equipe.

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A “timeline” ou linha do tempo estimula a percepção da sucessão e da duração dos
acontecimentos. Muito utilizada para estimular a criatividade, argumentação, aptidão para
sintetizar e cooperar, mas sua principal característica consiste na interpretação da realidade
baseado em fatos passados e possibilitando transformações sociais, políticas e culturais, aqui
novamente percebe-se a presença dos alicerces básicos das teorias da aprendizagem citadas
anteriormente.
Por fim “zonas de relevância” permitem que os alunos considerem pontos mais e menos
importantes em relação a um assunto. As habilidades aprimoradas são o trabalho em equipe, o
desenvolvimento de pensamentos, ampliação da reflexão e melhoria na tomada de decisão.
A segunda parte do livro é a principal e ocupa em torno de 90% do conteúdo, resta
evidenciado que aborda inúmeras possibilidades de aplicação de metodologias ativas, também
é consenso sua facilidade de aplicação, e que a didática escolhida para apresentação induz aos
docentes sua utilização.
Os possíveis atributos que são ressaltados pela aplicabilidade das metodologias ativas
encontram-se alinhados com os anseios da academia, das organizações privadas e públicas e
principalmente com os desejos da sociedade. Corroborando com esse entendimento Macedo et
al., (2018) expõem que as metodologias ativas, por abordar características da educação crítica,
reflexiva possibilitando colocar o aprendiz como protagonista no processo de aprendizagem,
são sugeridas pelo ministério da educação, reconhecidas por sua eficiência pelas instituições de
ensino e necessárias pela sociedade por aproximar a teoria da prática em problemas reais do
cotidiano.
Entretanto os autores optaram por não apresentar os resultados de suas experiências em
sala de aula com a aplicabilidade das metodologias ativas. Este fato pode ser um inibidor de
sua aplicação, pois se houvesse esse feedback os docentes poderiam perceber como ocorreu
outras experiências e poderiam identificar potenciais problemas em outras ocasiões que ele
poderia evitar, bem como poderia sentir o clima da aplicabilidade daquela metodologia em
outro grupo e inclusive realizar comparações com seu grupo de trabalho em relação ao
desenvolvimento da atividade.
A obra de forma geral é relevante para academia na medida em que contribui para o
avanço da ciência em especial para área de educação, em específico para aprendizagem, mas
por tratar-se de tema de ensino acaba sendo transdisciplinar contribuindo para o processo de
ensino-aprendizagem nas mais diversas áreas do conhecimento científico, incluindo as ciências
sociais aplicadas, em destaque administração.
A capacitação é inerente ao meio empresarial, portanto o livro contribui para o aspecto
profissional, desde a criação do perfil de colaborador desejado, passando pela formação
esperada indo até a educação continuada. Desta forma percebem-se três estágios em que podem
ser aplicadas as metodologias ativas na formação dos profissionais esperados pelo mercado de
trabalho. Neste sentido espera-se do indivíduo, com base nas competências, habilidades e
atitudes adquiridas durante sua formação, que seja capaz gerar resultado para organização que
possibilite obter vantagem competitiva no mercado.
Já do ponto de vista social pode-se considerar a aprendizagem um processo contínuo,
logo o homem é um organismo em desenvolvimento, seus conhecimentos, habilidades e
atitudes adquiridos durante a vida irá possibilitar viver em sociedade e tomar as melhores
decisões nos aspectos sociais embasados nas suas características sobre autonomia e sua
capacidade de análise crítica-reflexiva. Assim sendo, se esses atributos podem ser
desenvolvidos durante o processo de aprendizagem por meio da utilização das metodologias
ativas, que eles sejam utilizados exaustivamente na busca pelo homem cada vez mais livre e
autônomo em suas tomadas de decisões.
Conclui-se que as propostas apresentadas pelos autores são relevantes para
pesquisadores, educadores, treinadores de equipes corporativos ou não, desenvolvedores de

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recursos humanos, gestores de pessoas, profissionais de inúmeras áreas e cidadãos de forma
geral, pois fomentam o aprendizado ativo, por meio da busca por uma sala de aula inovadora
capaz de influenciar o processo de ensino-aprendizado.
Ademais discute uma das mais frequentes queixas da comunidade: a permanência da
utilização de metodologia tradicional em sala de aula, mesmo diante da constatação de
necessidade de alteração em decorrência das mudanças sociais.

REFERÊNCIAS

BERBEL, N.A.N. As metodologias ativas e a promoção da autonomia de estudantes. Semina:


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CAMPOS, F.L.R.; PARO, C. A. Para o desenvolvimento de uma cultura de participação na


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