Terceiro Segredo de Fátima
Terceiro Segredo de Fátima
Terceiro Segredo de Fátima
Introdução
1 Cf. Memórias da Irmã Lúcia, I, Fátima: Vice Postulação 1997, 7.a edição,
pp. 72.104-115; Documentação Crítica de Fátima, I, Interrogatórios aos Videntes -
1917, Fátima: Santuário de Fátima 1992, pp. 58.61.62.69.90.92.; Doe. 4 dos Interro-
gatórios Oficiais de 28 de Setembro de 1923. In Documentação Crítica de Fátima, II,
Fátima: Santuário de Fátima 1999, pp. 67.76.82.
2 Congregação para a Doutrina da Fé - A Mensagem de Fátima. O Segredo,
Lisboa: Paulinas, Julho de 2000, 2.a edição, pp. 22-27.
3 Cf. Memórias da Irmã Lúcia, I, pp. 111-112.
7 Cf. ALVES, Ângelo - A Í Aparições de Fátima. Uma teofania cristã para o final
dos tempos modernos. In Actas do Congresso Internacional de Fátima. Fenomeno-
logia e Teologia das Aparições (9-12 de Outubro de 1997), Fátima: Santuário de Fátima
1998, pp. 507-516 (esp. 515-516).
8 Cf. BORGHESI, Massimo - Posmodernidad y Cristianismo. Una radical muta-
ción antropológica?, Madrid: Ediciones Encuentro 1997, pp. 48-81.154-166; VATTIMO,
Gianni - O Fim da Modernidade. Niilismo e Hermenêutica na cultura Pós-modema,
Lisboa: Presença 1987, pp. 21-45.
9 Cf. VANNI, Ugo - ÜApocalisse. Ermeneutica Esegesi Teologia [ = Supplementi
alia Rivista Bíblica 17], Bologna: EDB 1997, pp. 26-27 ( l . a edição de 1988); BEDRINAN,
Cláudio - La dimensión socio-polltica dei mensaje teológico dei Apocalipsis, Roma
1996, pp. 227-277; NOGUEZ, Armando - Bíblia, Ética y Apocalíptica, aportes para la
resistencia Cristiana, México: Ediciones Dabar 1999, pp. 202-217.
10 Para uma tentativa neste sentido já iniciada no Congresso Internacional de
Fátima em 1997, ver GARCÍA PAREDES, JOSE Cristo-Rey - O fundo teológico-apoca-
líptico da manifestação do coração de Maria no nosso tempo. In Actas do Congresso
Internacional de Fátima. Fenomenologia e Teologia das Aparições (9-12 de Outubro de
1997), Fátima: Santuário de Fátima 1998, pp. 279-302. Todavia, nesta altura faltava
ainda a revelação do até então terceiro segredo de Fátima.
11 GARCIA PAREDES, José Cristo-Rey - O fundo teológico-apocalíptico, p. 297.
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15 Cf. WOLFF, G. - Die Gemeinde des Christus in der Apokalypse des Johannes.
NTS 27 (1981) 186-197.
16 Cf. MARCONCINI, Benito - L'Apocalittica Biblica. In IDEM (a cura di) - Pro-
feti e Apocalittici, [ = Logos Corso di Studi Biblici 3], Leumann-Torino: Elle Di Ci
1995, pp. 200-206; DIANICH, Severino - Un "teatro del mondo"per la fede Cristiana. In
IDEM (a cura di) - Sempre Apocalisse. Un texto biblico e le sue risonanze storiche,
Casale Monferrato: Piemme 1998, pp. 17.22; DOGLIO, Claudio - L'Apocalisse di
Giovanni: linee di interpretazione. In IDEM, Ibidem, p. 46.
17 Cf. PRIGENT, P. - Au temps de l'Apocalypse. I - I I I : Domitien. Revue d'Histoire
et Philosophie Religieuse 54 (1974) 455-485; 55 (1975) 215-235.341-363; AUNE, D. E.
- The Social Matrix of the Apocalypse of John. Biblical Research 26 (1981) 16-32;
IDEM - The Influence of Roman Imperial Court Ceremonial on the Apocalypse of
John. Biblical Research 28 (1983) 5-26; YARBRO COLLINS, A. - The Revelation of John:
An Apocalyptic Response to a Social Crisis. Currents in Theology and Mission 8
(1981) 4-12; THOMPSON, Leonard L. - The Book of Revelation. Apocalypse and Empire,
N e w York-Oxford: Oxford University Press 1990, pp. 27.116-132.208.
18 Cf. VON RAD, Gerhard - oupavóç. TWNT, V, coll. 501-509.
19 C f . SOGGIN, A . - Shamaim. I n JENNI, E . - WESTERMANN, C . - THWAT, II,
München-Zürich 1976, coll. 965-970.
20 Da vastíssima literatura sobre esta que é seguramente uma das passagens
mais estudadas do N.T. salientamos apenas P. PRIGENT - Apocalypse 12. Histoire de
l'exégèse, Tübingen 1959; F. MONTAGNINI - La Chiesa alla ricerca di Cristo. Bibbia
e Oriente 15 (1973) 27-32; J. PIKAZA - Apocalipsis X I I : el nacimiento pascual del
Salvador. Salmanticensis 23 (1976) 217-256.
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algo já almejado e algo ainda não atingido, por uma espera, por
uma esperança. Ao olhar para a mulher o povo pode esperar um
futuro, fica diante de um tempo aberto, indeterminado, não fatí-
dico, e relê a imagem do chamado Apocalipse de Isaías: "como uma
mulher que está para dar à luz e se contorce de dores, assim nós
estamos diante de vós Senhor" (Is 26,17). O povo olha-se face a um
momento crítico, mas igualmente de anelo por um advento e uma
brisa de novidade. N o entanto, quer a figura feminina isaiana quer
a joanina são afectadas pela contorção da dor do parto, o que nos
distancia da leitura mariológica tradicional. De facto, tudo tem
vindo a orientar o leitor ouvinte para uma leitura identificativa
sobretudo messiânico-grupal 2 5 . O grupo, o povo é instado pela
figura ginecológica a actuar, e fazer advir os novos tempos messiâ-
nicos, um futuro diferente, mas em liberdade. Tem o espaço próprio
e necessário de responsabilidade e liberdade para encontrar a
forma de dar à luz o messias. Ao nível estrito da exegese bíblica e
da história da interpretação deste texto encontramos uma descodi-
ficação mariológica de Ap 12, que releu herodianamente a mulher
que teve de fugir para o deserto em virtude dos ataques e da perse-
guição (cf. Mt 2, 13-15) da zoologia do mal, descrita com a simbo-
logia teriomórfica do dragão. O autor, todavia, desvia-nos para
outra e por outra via descodificadora. Em 12,9 somos reenviados
mais uma vez com uma linguagem mito-poiética à tipologia gene-
síaca. O autor explicita que este dragão deve ser entendido como a
"serpente antiga, aquele que é chamado diabo ou satanás". Desta
forma, o autor descreve a adversidade, na sua essência divisória,
como uma força imanente à histórica, de carácter dessacralizante e
auto-divinizante 26, e por conseguinte blasfematória.
O vencedor desta força opositora será o filho (v. 5 a). Mas qual
filho? De quem? O ccpoev ou o uióv do v. 5? O filho que a comuni-
dade feminina de Deus deve dar à luz é o primeiro filialmente
encarnado no segundo. A comunidade feminina vê-se, por conse-
guinte, ela mesma envolvida na gestação histórica do filho. Assim se
compreende que o próprio autor distinga o primogénito dos irmãos.
O ccpoev tem consistência própria, mas curiosamente continua
dependente da própria comunidade que se vê como que forçada a
28 Como exemplos de alguns textos de rib ver Os 2,4-25; Jer 2,1-4,4; Ez 16;
Is 1; 5; Dt 32; SI 49; Miq 6,1-8; A m 3,9-4,9.
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A espada está, com efeito, no coração da Igreja que sente poder vir
a ser ferida de morte, foi colocada assim também no meio do mundo!
Mais uma vez, desta forma, o mesmo é dizer, por esta media-
ção e nesta simbologia, Deus faz um rib à sua amada, mas litiga
por amor, pune para corrigir e manter na vida, acusa para seduzir
e salvar o Seu casamento, castiga precisamente porque ama.
3. As figuras angélicas
4. O lugar montanhoso
5. O símbolo citadino
Conclusão
45 Cf. RIVA, F. - Babilónia la grande. Rivista dei Clero Italiano 73 (1992) 283-298.
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JOSÉ C A R L O S C A R V A L H O
49 U m dos sinais inéditos e de grande projecção neste Jubileu foi sem dúvida
o pedido de perdão por parte da Igreja dos erros e contra-testemunhos ao longo
da sua história bimilenar. Enquanto sacramento universal de salvação (L.G. 1) em
muitas ocasiões tornou-se um sinal ofuscado e ofuscante. Por isso, enquanto insti-
tuição a Igreja pede igualmente perdão devido ao mistério abissal do pecado dos
seus membros, isto é, invoca à grande comunidade da família humana o perdão
indulgente e reconciliador. Pede aquilo que só Deus pode dar e permitir pela
mediação da actuação do seu Espírito escondido no mundo - a purificação da
memória e a reintegração no convívio das criaturas: cf. Comissão Teológica Inter-
nacional - Memoria e Reconcilizione. La Chiesa chiede perdono (7 M a r z o 2000).
II Regno 45:854 (2000) 137-152; DUQUOC, Christian - La mémoire des victimes.
Lumière et Vie 243 (1999) 37-45.