Introdução Ao Estudo Do Direito

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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO

Aristóteles ensina que a justiça significa dar às pessoas o que elas


merecem. E para determinar quem merece o quê, devemos estabelecer
quais virtudes são dignas de honra e recompensa. Ele sustenta que não
podemos imaginar o que é uma Constituição justa sem antes refletir sobre a
forma de vida mais desejável.

Justiça e Liberdade

A abordagem de justiça que começa pela liberdade é uma ampla escola. Na


verdade, algumas das mais calorosas disputas políticas de nossa época
ocorrem entre dois campos rivais dentro dela – o laissez-faire e o da
equanimidade.

Liderando o campo laissez-faire, estão os libertários do livre mercado que


acreditam que ajustiça consiste em respeitar e preservar as escolhas feitas
por adultos conscientes. No campo da equanimidade estão teóricos de
tendências mais igualitárias. Eles argumentam que mercados sem restrições
não são justos nem livres. De acordo com seu ponto de vista, a justiça
requer diretrizes que corrijam as desvantagens sociais e econômicas e que
deem a todos oportunidades justas de sucesso.

Jeremy Bentham – Utilitarismo

1. Bentham desprezava profundamente a ideia dos direitos


naturais, considerando-os um “absurdo total”.
2. Fundamento do utilitarismo: o mais elevado objetivo da moral é
maximizar a felicidade, assegurando a hegemonia do prazer sobre a
dor.
3. Utilitarismo na prática: a coisa certa a se fazer é aquela que
maximiza a utilidade
4. Conceito de utilidade: qualquer coisa que produza prazer ou
felicidade, e que evite a dor ou o sofrimento.
5. Linha de raciocínio de Bentham:

 Todos somos governados pelos sentimentos de dor e prazer.

 Prazer e dor nos governam em tudo o que fazemos, e


determinam o que devemos fazer.

 O conceito de certo e errado advém deles.

 Todos gostamos do prazer e não da dor .

A filosofia utilitarista reconhece esse fato e faz dele a base da


vida moral e política, assim, maximizar a “utilidade”, é um
princípio não apenas para o cidadão comum, mas também para
os legisladores.

Filósofo moral e estudioso das leis, Bentham fundou a doutrina utilitarista.

De acordo com sua doutrina, o mais elevado objetivo da moral é maximizar


a felicidade, assegurando a hegemonia do prazer sobre a dor. De acordo
com Bentham, a coisa certa a fazer é aquela que maximiza a utilidade.
Como “utilidade” ele define qualquer coisa que produza prazer ou
felicidade e que evite a dor ou o sofrimento.

OBJEÇÕES AO UTILITARISMO

1. OS DIREITOS INDIVIDUAIS
A vulnerabilidade mais flagrante do utilitarismo é que ele não consegue
respeitar os direitos individuais. Ao considerar apenas a soma das
satisfações, pode ser muito cruel com o indivíduo isolado.

2. VALORES COMO MOEDA COMUM

a) O utilitarismo procura mostrar-se como uma ciência de


moralidade baseada na quantificação, na agregação e no cômputo
geral da felicidade.
b) O utilitarismo pesa as preferências sem julgar.
c) As preferências de todos tem o mesmo peso.
d) A proposta de não julgamento do utilitarismo é o que o torna tão
atrativo.
e) No entanto, para agregar valores é necessário pesá-los, todos,
numa mesma balança, como se todos tivessem a mesma natureza,
e a ideia de Bentham sobre a utilidade nos oferece essa moeda
comum.
f) Será possível traduzir todos os bens morais em uma única moeda
corrente sem perder algo na tradução?

De acordo com a segunda objeção ao utilitarismo, não é possível


transformar em moeda corrente valores de naturezas distintas.

RECAPITULANDO

Princípio da Maior Felicidade – Jeremy Benthan

1. Ele não atribui o devido valor à dignidade humana e aos direitos


individuais;
2. Ele reduz equivocadamente tudo que tem importância moral a uma
única escala de prazer e dor.

JOHN STUART MILL


Na esteira do pensamento de Jeremy Benthan, John Stuart Mill tentou
salvar o utilitarismo resolvendo as duas objeções que acusavam Benthan de
não atribuir o valor devido à dignidade humana e aos direitos individuais, e
ainda de reduzir tudo que tem importância moral a uma única escada de
prazer e dor. Assim, Mill reformula o utilitarismo, o apresentando como
uma doutrina mais humana e menos calculista.

Assim:

Os trabalhos de Mill são uma árdua tentativa de conciliar os direitos do


individuo com a filosofia utilitarista. Em sua obra On Liberty (1859) é a
clássica defesa da liberdade nos países de língua inglesa.

Princípio central:

As pessoas devem ser livres para fazerem o que quiserem, contanto que não
façam mal aos outros.

O governo não deve interferir na liberdade individual a fim de proteger


uma pessoa de si mesma ou impor as crenças da maioria no que concerne à
melhor maneira de viver.

Os únicos atos pelos quais uma pessoa deve explicações à sociedade,


segundo Mill, são aqueles que atingem os demais.

“Desde que eu não esteja prejudicando o próximo, minha independência é,


por direito, absoluta.”

“No que diz respeito a si mesmo, ao próprio corpo e à própria mente, o


indivíduo é soberano.”

A QUESTÃO DOS DIREITOS PARA KANT

Kant não se fundamenta na ideia de que somos donos de nós mesmos ou na


afirmação de que nossa vida e liberdade são presentes de Deus. Ao
contrário: parte da ideia de que somos seres racionais, merecedores de
dignidade e respeito.
Kant, criticando o utilitarismo, argumenta que a moral não diz respeito ao
aumento da felicidade ou a qualquer outra finalidade. Ele afirma, ao
contrário, que ela está fundamentada no respeito às pessoas como fins em si
mesmas. Kant publicou A Fundamentação depois da Revolução Americana
(1776) e antes da Revolução Francesa (1789). Em sintonia com o espírito e
com o impulso moral daquelas revoluções, ela fornece uma base
consistente para aquilo que os revolucionários do século XVIII
denominaram os direitos do homem, e nós, no início do XXI, chamamos de
direitos humanos.

KANT E O PROBLEMA COM A MAXIMIZAÇÃO DA


FELICIDADE

 Kant repudia o utilitarismo.


 Ao basear direitos em um cálculo sobre o que produzirá a maior
felicidade, argumenta ele, o utilitarismo deixa esses direitos
vulneráveis.
 Há ainda um problema mais grave: tentar tomar como base para os
princípios morais os desejos que porventura tivermos, é uma maneira
errada de abordar a moral: Só porque uma coisa proporciona prazer a
muitas pessoas, isso não significa que possa ser considerada correta.
 O simples fato de uma maioria, por maior que seja, concordar com
uma lei, ainda que com convicção, não faz com que ela seja uma lei
justa.
 A moralidade não deve ser baseada apenas em considerações
empíricas, como interesses, vontades, desejos e preferências que as
pessoas possam ter em um determinado momento. Tais fatores são
variáveis e contingentes, e dificilmente poderão servir como base
para princípios morais universais – como direitos humanos
universais.
 Basear os princípios morais em preferências e desejos – até
mesmo o desejo de felicidade – seria um entendimento
equivocado do que venha a ser moralidade.
 O princípio utilitarista da felicidade não traz nenhuma contribuição
para o estabelecimento da moralidade, visto que fazer um homem
feliz é muito diferente dele um homem bom. Torná-lo astuto não é
torna-lo virtuoso.
 Fundamentar a moralidade em interesses e preferências destrói sua
dignidade. Isso não nos ensina a distinguir o certo do errado mas
apenas a sermos mais espertos.

QUESTÃO: Mas se nossos desejos e nossas vontades não podem servir


de base para a moralidade, o que nos resta então?

Embora Cristão, Kant não fundamenta a moralidade na autoridade divina.


Em vez disso, argumenta que podemos atingir o princípio supremo da
moralidade por meio do exercício daquilo que ele denomina “pura razão
prática”.

Kant vê uma íntima ligação entre nossa capacidade de raciocínio e nossa


capacidade de liberdade.

Kant vai dizer que somos merecedores de respeito, não porque somos
donos de nós mesmos, mas porque somos seres racionais, capazes de
pensar. Somos também seres autônomos, capazes de agir e escolher
livremente. Kant reconhece que somos seres sencientes, bem como
racionais, e que respondemos aos nossos sentidos e aos nossos sentimentos.
Kant diz que Bentham estava certo ao observar que gostamos do prazer e
não da dor, mas estava errado ao insistir que prazer e dor são nossos
mestres soberanos. Kant diz que a razão pode ser soberana, pelo menos
parte do tempo.

Nossa capacidade de raciocinar está intimamente ligada


a nossa capacidade de sermos livres.

O que é liberdade para Kant?

Liberdade em Kant começa por compreender que não é livre aquele que
age em razão de fatores externos, mas tem autonomia no agir. Para a
construção do sentido ideal do que pretende com a palavra autonomia, ele
cria o conceito de “heteronomia”, em justa oposição à autonomia. Agir com
heteronomia seria agir por razões externas, outras e alheias ao agir por agir
simplesmente. Num diálogo:

- Por que você faz exercícios?

- Para ter um corpo bonito

- Pra que quer um corpo bonito?

- Pra conquistar mais pessoas.

- Pra que quer conquistar mais pessoas?

- Pra me sentir valorizado..

Demonstra bem o que Kant quer dizer com heteronomia. Assim, Kant diz
que quando agimos em busca do prazer ou evitando a dor, não estamos
agindo com liberdade, estamos agindo como escravos dos nossos desejos e
vontades, pois quando estamos em busca da satisfação dos nossos desejos,
tudo que fazemos é voltado para alguma finalidade além de nós. Para Kant,
para agir livremente é necessário agir com autonomia, e agir com
autonomia é agir de acordo com a lei que imponho a mim mesmo – e não
de acordo com os ditames da natureza ou das convenções sociais. Agir
livremente não é escolher as melhores formas para atingir determinado fim;
é escolher o fim em si.

- Agir de forma heteronômica é fazer algo por causa de outra coisa, por
causa de outra coisa, e assim por diante. Agimos em função de finalidades
externas. Nós somos os instrumentos, e não os autores, dos objetivos que
tentamos alcançar.

- Em Kant então, quando agimos com autonomia e obedecemos a uma lei


que estabelecemos a nós mesmos, estamos fazendo algo por fazer algo,
como uma finalidade em si mesma. Deixamos de ser instrumentos de
desígnios externos.

- Para Kant, o respeito à dignidade humana exige que tratemos as pessoas


como fins em si mesmas, e por isso é errado usar algumas pessoas em
prol do bem estar geral, como prega o utilitarismo.
A MORAL EM KANT: ENCONTRE O MOTIVO

Para Kant, o valor moral de uma ação não consiste em suas consequências,
mas na intenção com a qual é realizada. O que importa é o motivo. O que
importa é fazer a coisa certa porque é a coisa certa, e não por algum outro
motivo.

“Uma boa ação não é boa devido ao que dela resulta ou por aquilo que ela
realiza, ela é boa por si, quer prevaleça, quer não. Mesmo que essa ação
não consiga concretizar suas intenções; que apesar de todo o seu esforço
não seja bem sucedida, ainda assim continuará a brilhar como uma joia,
como algo cujo valor lhe seja inerente.”

Para que uma ação seja moralmente boa, não basta que ela se ajuste à lei
moral – ela deve ser praticada em prol da lei moral.

- O motivo que confere o valor moral a uma ação é o dever, o que para
Kant é fazer a coisa certa, pelo motivo certo.

Se agirmos por qualquer outro motivo que não seja o dever, como o
interesse próprio, por exemplo, nossa ação não terá valor moral.

- A penas as ações motivadas pelo dever têm valor moral.

--

Tudo na natureza obedece às leis da física;

Sendo seres naturais, isso nos inclui;

No entanto, se somos capazes de ser livres, devemos ser capazes de agir de


acordo com outro tipo de lei, leis que não as da física.

Kant argumenta que toda ação é governada por algum tipo de lei.

- Se nossas ações fossem governadas apenas pelas leis da física, não


seríamos diferentes de uma bola de bilhar.
- Sendo livres, devemos ser capazes de agir não apenas de acordo com uma
lei que nos tenha sido dada ou imposta, mas de acordo com uma lei que
outorgamos a nós mesmos. Mas de onde viria essa lei?

De acordo com Kant, essa lei viria da “razão”.

- Não somos apenas seres sencientes, que obedecem aos estímulos de


prazer e dor que recebemos dos nossos sentidos.

- Somos também seres racionais, capazes de pensar.

- E se a razão determina minha vontade, então a vontade torna-se o poder


de escolher independentemente dos ditames da natureza ou da inclinação.

O conceito de razão em Kant é o de razão prática, aquela que tem a ver


com moralidade – não é de uma razão instrumental, e sim “uma razão
pura, que cria suas leis a priori”, a despeito de quaisquer objetivos
empíricos.

IMPERATIVOS CATEGÓRIOS E IMPERATIVOS HIPOTÉTICOS

Imperativos hipotéticos usam a razão instrumental, e não a prática.

Os imperativos hipotéticos são sempre condicionais: se ação for boa apenas


como meio para atingir uma determinada coisa, o imperativo será
hipotético.

Se a ação for boa em si, e, portanto, necessária para uma vontade que, por
si só, esteja em sintonia com a razão, o imperativo será categórico.

Por categórico Kant entende por “incondicional”.

Assim, um direito ou dever categórico, é aquele que deve prevalecer em


quaisquer circunstâncias.

Para Kant, um imperativo categórico comanda categoricamente, sem


referência a nenhum outro propósito e sem depender de nenhum outro
propósito. Ele não está relacionado como objetivo da ação e seus supostos
resultados, e sim com sua forma e com o princípio do qual ele partiu. E o
que há de essencialmente positivo na ação é a disposição mental,
quaisquer que sejam as consequências. Somente um imperativo categórico,
segundo Kant pode ser considerado um imperativo da moralidade.

Para ser livre, no sentido de ser autônomo, é preciso que eu aja a


partir de um imperativo categórico, e não a partir de um
imperativo hipotético.

IMPERATIVO CATEGÓRICO I – UNIVERSALIZAÇÃO

Aja apenas segundo um determinado princípio que, na sua opinião

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