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Capitulo XI ( ABSOLUTO E A HISTORIA primordial nestas paginas € desenvolver uma refle- sso intento : xAo sobre 0 homem que nos permita conceituar adequadamente ia histérica, 0 processo histérico e a forma do processo hist6ri- e estabelecer um confronto de Jes alcancadas, com 0 a existénci: i co, ou seja, a cultura e suas ampliagoes, todos estes temas, e das posig6es tedricas sobre tema classico do Absoluto, isto é, com o tema de Deus. Iniciamos nossas consideragdes com uma andlise da nogao de cons- ciéncia, que nos parece 0 ponto de partida radical de uma filosofia do homem capaz de abrir-se & compreensao especifica de seu ser hist6rico. E necessério advertir, no entanto, que a nogao de consciéncia aqui utili- zada possui significago mais ampla e mais complexa do que aquela contida nas acepgdes habituais do termo. Com efeito, nao nos referimos — Aconsciéncia psicoldgica, & consciéncia moral ou & cons- ciéncia critica, embora estas trés fungdes da consciéncia sejam assumidas a seu contetido global, tal como aqui o tentamos concretizar. Nossa ae ae de consciéncia situa-se numa perspectiva dialética, isto isco mes a asia definir ° homem enquanto oposto ao mundo, e, por pemitenos pene hy dialeticamente com 0 mundo. Tal perspectiva oe a a num plano filos6fico diverso daquele em “nero proximo e a f fe 2 aa das categorias, ou seja, definindo-o pelo nal”), Tal linha de pons ae ul ima (por exemplo, como ‘animal racic adequada da histéria ela ento TAO alcanga, a nosso ver, uma inteligéncia ; ela nao ultrapassa as fronteiras de um pensamento 247 PeA REFLENAD SOBRE A TISTORIA 2 ordenago da realidade em quadros 7 S Th + Jégico limitado Pelo contririo, ao delinirmos o homem pela consciéncig HOS © ety sigdo ao mundo —, tentamos ume compreensio dinamica a EM Sua oy : a compreensio do movimento mesmo em que ele ¢ ¢ se 1 Sta essa ser histdrico. manifesta cont Embora a linguagem habitual dé ao termo “consciéncigr ficagdo abstrata, devemos conferirthe aqui um sentido emingrs lemente conereto: € 0 ser-consciente (Bewupi-sein), ou seja o sujeito q qual o ser existe como consciente. A consciéncia pode ser ao Pelo abstratamente, desde 0 nosso ponto de vista, como a forma do a homem enquanto sujeito; 0 ato de consciéncia € 0 exercicio oneey do existir de sujeito que encerra a acepgao compreensiva e concreta do fae consciéncia. a Entretanto, como sujeifo ou ser consciente — como consciéncia — o homem existe situado irredutivelmente em face de um mundo de objeto, A relacdo sujeito-objeto € um fato original, evidente por si mesmo. A perspectiva em que tentamos compreendé-la nao visa & possibilidade do objeto como tal — questo de critica do conhecimento que aqui nto levantamos —, mas a natureza do sujeito. Portanto, 0 sujeito nao se nos o primeira, como consciéncia pura. E conscién- 1, consciéncia-do-mundo. Nossa questo inicial da consciéncia como constitutiva do apresentaré, em sua posi¢: cia do objeto ou, em geral 6, pois, a seguinte: qual a estrutura sujeito e, portanto, como abertura para 0 mundo? A propria formulagao desta questao mostra que situamos nossa pro- blemética da consciéncia para além da querela entre idealismo e matetia- lismo, na qual duas concepgdes da consciéncia se defrontam inconciliavel- mente: de um lado, a consciéncia como interioridade pura, fechada em sua imanéncia; de outro, a consciéncia como puro reflexo ou produto do ob- jeto. Nossa concepgdo da consciéncia é decididamente realista, A cons- ciéncia é estruturalmente intencional: é sempre consciéncia de alguna coisa. E nenhuma dialética conseguird reduzir este horizonte da coisa * uma posicdo origindria da consciéncia: sua criagiio ou apenas Sua extero- Tizagao, Por outro lado, para que um objeto qualquer seja possivel os ciéncia deve afirmar-se consciéncia-de-si na oposigao ao objeto. esha dialética lograré fazer surgir a consciéncia de antecedentes pure objetivos: como um termo em continuidade linear com Um P! F rocesso 248 pacman© ABSOLUTO EA UIsTORIA sordo mundo, Apresentando como irredutivel a duatidade conscién- «rior d pointe gem fo, nao aceitamos um dado irracional nem fazemos da cons- ‘a entidade mitica. A relago entre a consciéncia eo mundo ciecia UM ligivel precisamente no exercicio concreto de compreensio tars pea consciéncia, isto é, na cultura, Trata-se de uma relagio do mun Peasigncia ndo deve ser pensada como um receptéculo vasie, caahite er um dado opaco. A consciéncia é um ato: o ato mesmo de aoe um objeto de compreensao € de definir 0 homem como ee face dos objetos do mundo. O objeto constitui-se como Ail es assumido no ato da consciéncia: € seu termo, sua especificacio. Podemos, assim, definir a estrutura da consciéncia na conjungao de : dois momentos dialéticos orientados respectivamente para 0 objeto e para o sujeito: dialéticos porque a posigao do momento objeto é assumida na posicao do momento sujeito, sendo que a consciéncia se constitui na sintese dinamica destes dois momentos: —o momento da intengdo € a posicao mesma do objeto. A conscién- cia € orientagdo para 0 objeto, € consciéncia de alguma coisa. Ela se abre para um horizonte de ser que, por definigdo, nao € 0 ser-af limitado, mas a universalidade do poder-ser. Pelo momento da intengio, a cons- ciéncia é, a um tempo, situada e universal: situada, enquanto se refere concretamente ao “aqui e agora” de determinado mundo de objetos; universal, enquanto capaz de transcender as determinagées objetivas no exercicio da critica da sua situagdo. — 0 momento de expresséo é a posigao do sujeito. A consciéncia é consciéncia-de-si, é auto-afirmagao. E a consciéncia é necessariamente expresso do sujeito. O sujeito exprime o objeto para-si. A consciéncia nao € uma simples placa sensfvel & impressio do objeto. Bla recria, em Cerla medida, 0 objeto, ao situd-lo no plano de um sentido que, embora objetivo, € um sentido para-a-consciéncia, O momento da expresso é 0 {undamento da universalidade da consciéncia que se manifesta na pré- Pria imlengao do objeto, Expresso pela consciéncia, 0 objeto & elevado 4 dimensio do Sentido, ou seja do universal relacionamento. Assim, intengdo e expressdo so momentos dialeticamente conjuga- Cuja sintese eee dindmica é a propria consciéncia como consciéncia-de- Consciéncia-do-objeto, tos, 249 a ont omenme aA REFLENAO SOBRE A UISTOWIA Se £ como sujeito — pela consciéneia — que 0 homem se situa dian undo como realidade objetiva, ou seja, como tealidade dotada de do m E € como tal que a realidade se apresenta ao homem na forma de a mundo humano, de um mundo para-o-homem. Logo, 86 0 sujeito tem diante de si um mundo a afrontar, ou seja, a compreender © transformar, Enquanto identificado ao contorno natural e submetido a Seus Condiciona. mentos e as suas determinagdes, 0 animal se soma aos objetos do mundo, Seu “mundo”, se assim se pode falar, é inteiramente exteriorizado, intej. ramente homogéneo aos elementos naturais que 0 constituem. O mundo humano & marcado precisamente pela ruptura das relagdes de exteriorida- de que envolvem os objetos entre si numa dependéncia reciproca, Ele assenta sobre a interioridade inobjetivavel do sujeito, sobre o eu que nunca pode ser pensado como uma “coisa” na série das “coisas”, mas se revela como centro unificador das coisas e suas relagdes num sentido que éa propria estrutura intencional do mundo humano. A consciéncia €, pois, sintética e unificadora. Mas, nao sendo cons- ciéncia pura — nao sendo o homem sujeito absoluto, solus ipse — a fungo unificadora da consciéncia é, sob certo aspecto, uma conquista gradual sobre a multiplicidade e a dispersio dos objetos. E certo que a mais t@nue franja de consciéncia no homem implica a auto-afirmagio do sujeito como centro unificador, aquela ruptura da exterioridade de que ja falamos. Entretanto, nfio sendo uma unidade dada, mas uma unidade con- quistada, a consciéncia se nos mostra através de uma multiplicidade de planos nos quais os momentos de inten¢do e expresséo conjugam-se se- gundo uma linha de crescente aprofundamento da expressio (e conse- qiiente emergéncia de uma unidade mais profunda do sujeito) e crescente universalizagao da intengao (e conseqiiente emergéncia de uma unidade mals rigorosa do mundo). O Corpo, enquanto intencionado pela conscién- cia sensivel, representa 0 primeiro plano e a primeira forma de unifica- £80 dos objetos © de unidade do sujeito no aqui e agora da percepsi0. Como Encamacao do sujeito, ele é, a um tempo, intengdo e expressividade. Mas a unidade da consciéncia sensivel é labil e precaria. Na consciénelt intelectual, 4 unidade do sujeito e a unificagéo do mundo elevam-s¢ * aaa Univeral ls Profundo. A consciéncia intelectual Bias cia de Eta cca ae = © intuigao. A raziio liberta o objeto da be a + @ Intuigao integra-o numa visio de totalidade, ™ 250 pacman© ABSOLUTO E A HISTORIA >= féncia. Podemos, assim, distinguir trés planos ou niveis aos quais smundividl iencia funci correspondem outras tantas formas de consciéncia funcionalmente distin- tas na unidade do mesmo sujeito: — nivel empirico: em que 0 ato fundamental é a preparacio, e a forma da consciéncia é a experiéncia sensfvel, a presenca do sujeito ao aqui e agora. Neste plano, o mundo dos objetos se estrutura por meio de cone- xGes puramente de fato: mundo da dispersao espacial ¢ do aleatério acontecer temporal. Perante 0 imediato empirico, 0 sujeito apenas emer- ge sobre a multiplicidade e o fluxo das coisas. Compde apenas e recom- poe sem cessar uma unidade precdria do mundo, e conquista uma iden- tidade consigo mesmo que o devir dos objetos da experiéncia permanen- temente ameaga. — nivel racional: em que 0 ato fundamental é 0 discurso da razao, ea forma da consciéncia é a compreensio racional, a presenga do sujeito a0 universal. O mundo dos objetos se estrutura aqui por meio de conexdes l6gicas: mundo das implicages necessarias e das conexdes inteligiveis em termos de causa e efeito, de conexéo funcional, de previsibilidade mate- matica calculdvel. Neste plano, 0 imediato empirico € mediatizado pelo Conceito, a inteng&o do objeto é formalmente universal, sua expressdo se refere & posigdo do sujeito como unidade inteligfvel. — nivel tedrico: em que 0 ato fundamental é a intuigao intelectual, e a forma da consciéncia é a visio unificante de todas as perspectivas par- Ciais, a presenca do sujeito ao todo da experiéncia e da razio. Aqui a estrutura do mundo dos objetos constitui propriamente uma totalidade de Sentido que confere, em tiltima instancia, especificidade & consciéncia humana e a seu mundo. O homem, como sujeito consciente, se define e se afirma em sua unidade de sujeito na medida em que pode unificar num Sentido global os objetos e as relagdes de seu mundo. Entretanto, a teoria "Ao significa aqui uma visio abstrata. Nds a compreendemos, em sua aie Original (a partir do verbo grego theoren), como Cae dos objotoe que um sentido unificador envolve ¢ penetra oe eel €o mundo eae que exprime para 0 homem a ne " ndo. » de si mesmo, e das implicagGes tiltimas do seu ser-no-mul A fi i aureci Presenga do nfvel te6rico assinala especificamente 0 aparecimento a ‘onscige <: i cléncia humana. Utilizando os elementos de conhecimento de que 251LEXAO SOBRE A HISTORIA $$ $$ sob as mais variadas formas de conexio, o homem constréi uma visto de totalidade, Ele ae sim ou impera. tivo radical de sua situagdo de ser con: iente. A percepgao igmentiria do real ow o simples mecanismo de repetigaio do comportamento instintivo nao ihe permitiriam emergir sobre o contorno limitado do mundo natural, com ‘0 qual se confunde a consciéncia animal. HA, € certo, uma linha de evolugio da consciéncia tedrica, no sentido de uma depuragio de seus elementos cognoscitivos, de uma complexificagio de seus planos, de uma diversifica- fo de suas formas. Da “mentalidade primitiva”, para usar a expressio de Lévy-Bruhl, as visdes do mundo elaboradas pelos homens das grandes civilizagdes hist6ricas, e o florescimento das ideologias altamente raciona- lizadas na nossa civilizagéo moderna, hd um longo percurso, uma flagrante e prodigiosa evolucao. Mas o fio de uma profunda continuidade confere um sentido fundamental ao desenrolar de suas fases. Ele se exprime como a exigéncia de uma significagio global a ser dada a totalidade dos aspectos © manifestagSes da existéncia humana, significado que permite ao homem reconhecer-se como tal e reconhecer 0 seu mundo: afirmar-se, em suma, como sujeito. Do primitivo, que se move com espontaneidade no interior de uma complexa rede de simbolos e que, com a transposicio animista, em- Presta movimento, vida e drama A sucesso dos fenémenos naturais, a0 homem modemo, que faz. da “redugio & razo” a operagio normal e neces- sétia que lhe permite integrar fatos e valores na sua mundividéncia, o que caracteriza 0 homem como ser consciente é a Projecao daquele que Julidn Marias chamou “el horizor nte de las ultimidades”, qualquer que seja o re- levo de sua paisagem (uma representago mitica, por exemplo, ou uma Construcdo metafisica) e qualquer que seja o Angulo cognoscitivo desde qual € divisado (0 simbolo, Por exemplo, ou o conceito). E precisamente Porque, como ser consciente, _ , © homem 6 capaz de algar-se a uma visio te6 ica da realidade, i : Seis ave ele se constitui como ser histérico e que sua a me a forma de existéncia historica. Com efeito, a consciéneia ma mais radical da consciéncia-de-si e, portanto, da Sujeito, € também o nivel da consciéncia que torna pos- sivel, por sua i oo *Ye2, 0 teconhecimento do outro como sujeito e o estabeleci- tre as consciéncias de uma re] oa. A consciéncia te6ri na relacio que seja propriamente histéri- at aqui a definimos, manilesta- pode dispor ¢ integrando-o' auto-afirmagio do ssi qe 0 possd sata polar, & apelO siotjeo manifesta a peda qual se articule Aniinia no se esp Sapeetdido — g que é “Retnincig ser ¢_ © ABSOLUTO LA HISTORIA cigs de uma andlise clara da relag levaram-no: Até aqui as ex | eda estrutura da consciéne! ’ a falar do suiclle pees face de seu mundo. Entretanto, tal isolamento do sujeito represe : ae yma abstragao vitil. Uma vez definida sua natureza, diet ey iia reintegrado em sua situagdo real, que é a de uma comunklite eee ve uma pluralidade de consciéncias. Esta comunidade 6 pai oe original, uma realidade primeira que nao se trata de demonstrar, per explicar. E possivel, entretanto, descobrir uma conexiio necesséria om a concepgio realista da consciéncia ea rejeicdo do solipsismo, da idéia da consciéncia fechada em si mesma. Com efeito, 0 momento da expresstio confere a0 objeto intencionado pela consciéncia no somente um sentido para-si, 1as também uma significagao, ou seja, a estrutura de um sinal que contém, a0 menos virtualmente, um sentido para-o-outro. O sentido que é expresso e, Como tal, de certo modo exteriorizado, dirige-se a uma outra consciéncia que 0 possa captar. Assim, toda expressio da consciéncia & também palavra, € apelo, invocagao © interpelago do outro. A relacio sujeito-objeto manifesta aqui uma face original, que € precisamente aquela a partir da qual se articulard a compreensao do homem como ser hist6rico. A consciéncia nao se especifica somente pelo mundo a ser transformado e compreendido — e que 6 assumido assim na linha do objeto —, mas pela outra consciéncia a ser conhecida. Este reconhecimento é possivel preci- samente em razo da estrutura de intengdio-expressio da consciéncia, que situa 0 objeto no plano do universal ¢ 0 torna assim palavra ¢ sinal inteligivel capaz de ser apreendido pelas consciéncias individuais. O ou tro, enquanto simplesmente conhecido, apresenta-Se apenas como hie (assim, 0 homem torna-se objeto das diversas ciéncias do homem)- Na realidade em que € reconhecido (0 que se dé na comunicagao social). ele se mostra irredutivel & condigéo de objeto. S6 pode ser reconhecido — sujeito, e este reconhecimento tem lugar precisamente no ato em ques Le mediagdo da palavra, eu estabelego com o outro relacaio oo dilieee ae se dialoga com objetos. O didlogo é uma relagtio especie! race de Por todo um aspecto do seu ser (fisico & pioldgico), ° ne ee conhecimento cientifico, participa da historia natural 2 mul Sane Mas, enquanto toda a sua atividade como Ser comscie ie valtrd, © significagdio-para-o-outro, OU seja, nto ela & criag’ homem se mostra irredutivel aos esque 3 2 Jjo que se aplicam2 REELEN a hist6ria natural. Isto nio significa que natureza © cultura sejam realidades justapostas no homem. A histéria cultural — que ¢ 4 jj, das especificamente humana — &a forma original que a hist6ria pas sume no plano do homem ser consciente. Eis, exatamente, a origem as. natureza da hist6ria humana: ela é a comunicagio das consciéncias, a tempo pela mediagdo da cultura. E eis por que a consciéncia teéricg es forma mais radical de consciéncia histérica: é no 4mbito de uma mun a vidéncia comum que a comunicagio das consciéncias se estabelece 7 plano de um sentido universal que penetra em maior ou menor medida todas as obras de cultura, ¢ que € apreendido, mais ou menos nitidamente pelas consciéncias que nele ¢ por ele se comunicam. E certo que este sentido universal, esta mundividéncia, ¢ também uma obra de cultura Nao resulta da imposigdo de categorias a priori da razio, mas surge a convergéncia de sentidos miltiplos das obras culturais que os homens integram imperiosamente num sentido de totalidade, pois s6 este sentido de totalidade permite que as consciéncias, abertas para o universal, se comuniquem entre si. Quando as formas de expressio da consciéncia se desenvolvem, a elaboragao do sentido de totalidade a ser dado ao processo cultural assume, em determinados individuos, um carter espe- cificamente técnico, o caréter de uma consciéncia te6rica reflexa e expli- cita. Tal o caso, por exemplo, do aparecimento de uma mundividéncia elaborada pela técnica racional de explicagdo, como a filosofia entre os gregos, e que ficou na tradigdo ocidental como a forma por exceléncia de consciéncia tedrica. Entretanto, a mundividéncia reflexa, sendo uma for- ma técnica de consciéncia tedrica, é uma expresso cultural relativamente recente. A consciéncia tedrica, como consciéncia histérica, se manifesta desde que grupos humanos se constituem, realizam uma tarefa comum — que se identifica como o seu proprio ser-em-comum — € comunicam entre si o sentido desta tarefa, que nfo € outro sendo 0 sentido de seu mundo humano tal como se deixa descobrir dentro das condigdes concre- tas de sua existéncia. Sem esta comunicagdo no € possivel falar em histéria, Sem ela 0 grupo humano nao ultrapassaria, em sua estrutura, @ forma puramente gregéria do grupo animal e de seus mecanismos de comportamento instintivo. Assim, podemos dizer que a possibilidade uk tima da histéria est dada na comunicagio das consciéncias, ¢ est por sua vez, se torna possivel em referéncia — implicita ou explicita — 254© ABSOLUTO EA HISTORIA a conscigneia tedrica, 8 aceitagao em comum de uma mundividénci ailidade coerente de explicaydes e valores ome plano d de uma tot E permitido interrogar-se se tal explicagdo nao representa uma con: ao idealismo, ¢ se cla nao faz da consciéneia o demiurgo cessiio decisiva da historia, privando de qualquer ignificagdo as causas e condigées ob: jetivas a que a agdo do homem — e¢ sua consciéncia mesma “ estio submetidos. Em particular, pergunta-se se o fator “trabalho” na compreen- sio da historia nao fica anulado nesta dialética da comunicagao das cons- ciéncias. Tentaremos mostrar que néo € assim: que nao se trata de uma con- cepgdo jdealista incapaz de integrar 0 momento “trabalho” numa articu- lagio dialética correta. E necessério, antes de tudo, manter sempre presente a definigao de “consciéncia” que constitui nosso ponto de partida: € a propria definicao dialética do homem em sua relagio ao mundo: uma relagao dialética por ser relagdo de oposi¢ao e de compreensdo-transformagao. Logo, a cons- ciéncia nao é uma entidade da qual a realidade procederia por uma espécie de operacao magica. Ela € 0 ato que define e especifica 0 homem enquan- to este no é uma simples “coisa da natureza” ou apenas um animal, mas éum sujeito. E sujeito quer significar, precisamente, 0 ser cujo ato espe- cifico € a compreensio do mundo e sua transformagiio como correlativa Aquela compreensao; ¢ a compreensio de si mesmo, como momento dialético oposto necessariamente a compreensiio do mundo. Em suma, 0 ser cujo ato especifico € 0 ato de consciéncia. Neste sentido amplo, 0 proprio trabalho (nao no seu produto, evidentemente, mas como ato de produg@o) € assumido na totalidade do ato de consciéncia enquanto especificativo do homem. O trabalho humano s6 € humano porque, en- quanto ato, ele nao é unicamente a causa eficiente que modifica e trans- forma a natureza material (como o fazem agentes naturais € como o fazem os animais, por exemplo, na busca do alimento), mas é a causa eficiente da transformagdo especificada pela forma humana, que 6 a estrutura de intengdio-expressiio da consciéncia. E esta é a razio pela qual a transfor. magio operada pelo trabalho humano na natureza € muito mais profunda em qualquer modificagdo devida a agentes naturais; € uma transfor finalizada por necessidades humanas especificas (desde as nocessidades de pura subsisténcia até as mais altas exigéncias espirituais), © por B80 255A REFLEXAO SOURE | nao é pura repeticao do instinto, mas processo de cria. nner ae ssultado do tr S80 © inven, inteligéncia. Assim sendo, 0 resultado do trabalho humano ¢ Uma? a cultura, e no simples objeto natural. E 0 trabalho me: : : : smo ¢ ade cultural. Como tal, ele é expressiio da consciéncia ou se insere is ato expressivo da consciéncia, € apresenta, portanto, a estrutura do “SPecta trabalho é também palavra, € interpretagao do outro, comunicagag na 0 outro, Nao hé trabalho humano voltado unicamente para a sims fagiio de necessidades biolégicas. Ato cultural, o trabalho tem sem ae significagdo compreendida socialmente. Esta significago tem ie Ultima andlise, no plano da consciéncia tedrica: ela se integra na eth mundo do grupo. Assim, a consciéncia histérica implica fundamentalmae te — enquanto a consciéncia € relagdo do homem com o mundo a mediatamente, com 0 outro homem — uma significagao a ser dada trabalho, significagdo que decorre das condigdes objetivas em que 0 tra- balho é realizado e da fungao social que exerce, enquanto ato e obra de cultura, para a comunicagiio das consciéncias. Logo, nao ha lugar para uma interpretagao idealista da consciéncia ¢ da histéria quando apresen- tamos a dialética da comunicagdo das consciéncias como a dialética fun- damental da hist6ria. Com efeito, as consciéncias nao comunicam entre si, num espago abstrato, idéias puras. Afrontam-se pela mediagio da realida- de, ao darem a esta realidade um sentido, a estrutura de um sinal, a articulagéo de uma palavra, a dimensao, em suma, da cultura. E a reali- dade mediadora das consciéncias nao é a coisa no seu ser-af, opaco € puramente natural. E a realidade compreendida e transformada, a realida- de humanizada pelo ato de consciéncia, indissoluvelmente significacao € trabalho, teoria e praxis. Tal realidade € que dé contetido objetivo 20 processo histérico, e ela o dd precisamente porque nela, e por ela, 0 mundo se torna para o homem uma tarefa e um sentido: a tarefa de sua praxis, de seu trabalho, e o sentido de seu ser-em-comum com os outtos homens. O sentido mesmo da histéria. Dentro desta perspectiva no hd como estabelecer, por outt do, uma prioridade causal entre o trabalho e a significagao, 0 trabi © a consciéncia. Tal seria, por exemplo, a relagao de prioridade impli ma que apresenta a consciéncia resultando do trabalho ¢ walt gundo um proceso de consecuctio a0 mesmo tempo temporal © Cal" ‘0 lar yalho cada no esque da palavra, - 256 _—_—
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