Aula 03
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Autor:
Renan Araujo
Aula 03
23 de Novembro de 2020
Sumário
2 Requisitos ............................................................................................................................... 4
3 Modalidades .......................................................................................................................... 9
GABARITO ..................................................................................................................................... 68
Na aula de hoje vamos estudar um tema muito importantes que está relacionado à própria figura
delituosa e sua caracterização, que é o concurso de agentes.
Bons estudos!
CONCURSO DE PESSOAS
O concurso de pessoas pode ser conceituado como a colaboração de dois ou mais agentes
para a prática de um delito ou contravenção penal.
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Circunstâncias incomunicáveis
Casos de impunibilidade
Mas como compreender a natureza jurídico-penal de uma conduta criminosa praticada por
diversas pessoas? Três teorias surgiram:
• Pluralista (ou pluralística) - Para esta teoria cada pessoa responderia por um crime
próprio, existindo tantos crimes quantos forem os participantes da conduta
delituosa, já que a cada um corresponde uma conduta própria, um elemento
psicológico próprio e um resultado igualmente particular1.
• Dualista (ou dualística) – Segundo esta teoria, há um crime para os autores, que
realizam a conduta típica emoldurada no ordenamento positivo, e outro crime para
os partícipes, que desenvolvem uma atividade secundária.
• Monista (ou monística ou unitária) – A codelinquência (concurso de agentes) deve ser
entendida, para esta teoria, como CRIME ÚNICO, devendo todos responderem pelo
mesmo crime. É a adotada pelo CP. Isso não significa que todos que respondem pelo
delito terão a mesma pena. A pena de cada um irá corresponder à valoração de cada
uma das condutas (cada um responde “na medida de sua culpabilidade). Em razão
desta diferenciação na pena de cada um dos infratores, diz-se que o CP adotou uma
espécie de teoria monista temperada (ou mitigada).
• EVENTUAL – Neste caso, o tipo penal não exige que o fato seja praticado por mais
de uma pessoa. Isso não impede, contudo, que eventual ele venha a ser praticado
por mais de uma pessoa (Ex.: Furto, roubo, homicídio).
• NECESSÁRIO – Nesta hipótese o tipo penal exige que a conduta seja praticada por
mais de uma pessoa. Divide-se em: a) condutas paralelas (crimes de conduta
unilateral): Aqui os agentes praticam condutas dirigidas à obtenção da mesma
finalidade criminosa (associação criminosa, art. 288 do CPP); b) condutas
convergentes (crimes de conduta bilateral ou de encontro): Nesta modalidade os
agentes praticam condutas que se encontram e produzem, juntas, o resultado
pretendido (ex. Bigamia); c) condutas contrapostas: Neste caso os agentes praticam
condutas uns contra os outros (ex. Crime de rixa)
1
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal – Parte Geral. Ed. Saraiva, São Paulo, 2015, p. 548
2 Requisitos
Mas quais são os requisitos para que se possa falar em concurso de pessoas? Cinco são os
requisitos para que seja caracterizado o concurso de pessoas. Vejamos:
Para que possamos falar em concurso de pessoas, é necessário que tenhamos mais de uma
pessoa a colaborar para o ato criminoso. É necessário que sejam agentes culpáveis? A doutrina se
divide, mas prevalece o entendimento de que todos os comparsas devem ter discernimento, de
maneira que a ausência de culpabilidade por doença mental, por exemplo, afastaria o concurso
de agentes, devendo ser reconhecida a autoria mediata.
Todavia, é bom ressaltar que, nos crimes plurissubjetivos3, se um dos colaboradores não é
culpável por qualquer razão, mesmo assim permanece o crime. Nos crimes eventualmente
plurissubjetivos (crime de furto, por exemplo, que eventualmente pode ser um crime qualificado
pelo concurso de pessoas, embora seja, em regra, unissubjetivo) também não é necessário que
todos os agentes sejam culpáveis, bastando que apenas um o seja para que reste configurado o
delito em sua forma qualificada.
2
WELZEL, Hans. Derecho Penal, parte general. Ed. Roque Depalma. Buenos Aires, 1956, p. 106
3
Aqueles em que necessariamente deve haver mais de um agente, como no crime de associação criminosa, por
exemplo – art. 288 do CP
4
Estatuto da Criança e do Adolescente.
Nessas duas últimas hipóteses, no entanto, não há propriamente concurso de pessoas, mas
o que a Doutrina chama de concurso impróprio, ou concurso aparente de pessoas. Contudo, essa
ressalva só se aplica ao caso de concurso entre culpável e “não culpável que possui
discernimento”. Assim, se o agente culpável se vale de alguém sem culpabilidade como mero
instrumento, sem que ele possua qualquer discernimento, teremos sempre autoria mediata.
A autoria mediata ocorre quando o agente (autor mediato) se vale de uma pessoa como
instrumento (autor imediato) para a prática do delito.
EXEMPLO: José, maior e capaz, entrega uma arma de fogo a uma criança de 05
anos, dizendo que ela deve colocar a arma na cabeça de Maria e fazer uma
brincadeira, pois ao apertar o gatilho, sairá água da arma. A criança aperta o
gatilho e Maria morre. Neste caso, temos autoria mediata, pois José (autor
mediato) se valeu da criança (executor) como mero instrumento para a prática do
delito.
Todavia, não basta que o executor seja um inimputável, ele deve ser um verdadeiro
INSTRUMENTO do mandante, ou seja, ele não deve ter qualquer discernimento no caso concreto.
Ex.: José e Pedro (este menor de idade, com 17 anos) combinam de matar Maria.
José arma o plano e entrega a arma a Pedro, que a executa. Neste caso, Pedro é
inimputável por ser menor de 18 anos, mas possui discernimento, não se pode
dizer que foi um mero “instrumento” de José. Assim, aqui não teremos autoria
mediata, mas concurso aparente de pessoas.
Ex.2: José, maior e capaz, entrega a Mauro (um doente mental sem nenhum
discernimento) uma arma e diz para ele atirar em Maria, que vem a óbito. Neste
5
Art. 157, §2º, II do CP.
caso há autoria mediata, pois Mauro (o inimputável) foi mero instrumento nas mãos
de José.
Mas esta é a única hipótese de autoria mediata? A resposta é negativa. A melhor Doutrina
divide a autoria mediata em três hipóteses, basicamente6:
1 – Autoria mediata por erro do executor – Neste caso, aquele que pratica a conduta foi induzido
a erro pelo mandante (erro de tipo ou erro de proibição). Ex.: Médico que entrega à enfermeira
uma injeção contendo determinada substância tóxica, e determina que esta aplique no paciente,
alegando que se trata de morfina, para aliviar a dor7. A enfermeira, aqui, não atua dolosamente
(do ponto de vista “finalístico”), pois apesar de dar causa à morte do paciente (causalidade física,
pois foi ela quem injetou a substância), não dirigiu sua conduta a este resultado. O domínio do
fato pertencia ao médico, o real infrator.
2 – Autoria mediata por coação do executor – Aqui o infrator coage uma terceira pessoa a praticar
um delito. Em se tratando de coação MORAL irresistível, teremos um agente não culpável (a
coação moral irresistível afasta a culpabilidade). Desta forma, aquele que executa o faz em situação
de não culpabilidade. A culpabilidade recai apenas sobre o coator, não sobre o coagido. Ex.:
Médico que determina à enfermeira que aplique sobre o paciente uma dose cavalar de veneno.
O médico, porém, não esconde da enfermeira que se trata de veneno, ao contrário deixa isso bem
claro. Porém, diz à enfermeira que se ela não fizer o que foi determinado, irá matar sua filha. Vejam
que, neste caso, a enfermeira sabe que está injetando o veneno, de forma que age dolosamente,
mas ainda assim sem culpabilidade, por inexigibilidade de conduta diversa.
3 – Autoria mediata por inimputabilidade do agente – Nesta hipótese o infrator se vale de uma
pessoa inimputável para a prática do delito. A inimputabilidade, aqui, pressupõe que o executor
(inimputável) não tenha discernimento necessário8. Caso o executor, mesmo inimputável, possua
discernimento, não haverá autoria mediata. Ex.: José, 20 anos, organiza um plano para furtar uma
loja de eletrônicos, e combina com Marcelo, de 17, a execução do plano. Neste caso, não há
autoria mediata, pois Marcelo, a despeito de sua inimputabilidade legal, tem discernimento para
não ser considerado como “objeto”. Por outro lado, no mesmo exemplo, imaginemos que
Marcelo tenha 30 anos, mas seja absolutamente incapaz de entender o que se passa (doente
mental completo). Neste caso, a inimputabilidade de Marcelo afasta o reconhecimento do
concurso de pessoas com José, que responderá como autor mediato do crime.
6
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 560
7
O exemplo é de Hans Welzel. (cf. WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p. 106)
8
WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p. 107-108
É cabível autoria mediata nos crimes próprios e de mão própria? Em relação aos crimes
próprios se admite a autoria mediata, desde que o autor MEDIATO reúna as condições especiais
exigidas pelo tipo penal.
Mas, e se Maria é quem fosse a servidora e Paulo fosse um particular? Poderia haver autoria
mediata? Não, neste caso não poderíamos falar em autoria mediata.
Contudo, se não há autoria mediata e não há concurso de pessoas (pois não há concurso de
pessoas entre coator e coagido), Paulo ficará impune? Não, a Doutrina desenvolveu, para tais
casos, a figura da AUTORIA POR DETERMINAÇÃO. Consiste, basicamente, em punir aquele que,
embora não sendo autor nem partícipe, exerce sobre a conduta domínio EQUIPARADO à figura
da autoria.9
Não se pode considerar o agente como autor por não reunir os elementos necessários para
tanto. Também não se pode considerá-lo como partícipe, eis que a participação pressupõe o crime
praticado por outro autor (e não há). Ele será punido, portanto, por ser o autor da determinação
para a conduta (ter sido o responsável por sua ocorrência).
Em relação aos crimes de mão própria, contudo, não se admite a figura da autoria mediata,
eis que o crime não pode ser realizado por interposta pessoa (Ex.: A testemunha, no crime de
falso testemunho, não pode coagir alguém a depor em seu lugar, prestando testemunho falso).
Neste caso, porém, exemplificativamente, se a testemunha for coagida por terceira pessoa,
esta terceira pessoa poderá ser considerada AUTOR por determinação, conforme explicado
anteriormente.
A participação do agente deve ser relevante para a produção do resultado, de forma que a
colaboração que em nada contribui para o resultado é um indiferente penal.
Além disso, a colaboração deve ser prévia ou concomitante à execução, ou seja, anterior à
consumação do delito. Se a colaboração for posterior à consumação do delito, como o fato já
9
PIERANGELI, José Henrique. ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Manual de Direito Penal Brasileiro. Ed. RT. São Paulo,
2008, p. 580/581
ocorreu, não há concurso de pessoas, podendo haver, no entanto, outro crime (favorecimento
real, receptação, etc.).
Também é conhecido como concurso de vontades. Assim, para que haja concurso de
pessoas, é necessário que a colaboração dos agentes tenha sido ajustada entre eles, ou pelo
menos tenha havido adesão de um à conduta do outro.
Deste modo, a colaboração meramente causal, sem que tenha havido combinação entre os
agentes, não caracteriza o concurso de pessoas. Trata-se do princípio da convergência. Caso haja
colaboração dos agentes para a conduta criminosa, mas sem vínculo subjetivo entre eles,
estaremos diante da autoria colateral, e não da coautoria.
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984).
Daí podemos perceber que, se 20 pessoas colaboram para a prática de um delito (homicídio,
por exemplo), todas elas respondem pelo homicídio, independentemente da conduta que tenham
praticado (um apenas conseguiu a arma, o outro dirigiu o veículo da fuga, outro atraiu a vítima,
etc.). As condutas dos agentes, portanto, devem constituir algo juridicamente unitário10.
10
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 553
Importante ressaltar que, em alguns casos, os atos preparatórios já configuram fato punível,
seja porque a lei assim expressamente determina, seja porque eles constituem tipo penal
autônomo.
3 Modalidades
3.1 Coautoria
O conceito extensivo de autor não diferencia autor e partícipe, considerando que todos
aqueles que concorrem para o crime são autores do delito. Esse conceito é baseado numa
premissa “causal-naturalista” de que todo aquele que dá causa ao delito (por qualquer forma),
deve ser considerado autor do crime.
Contudo, como pelo conceito extensivo de autor não era possível definir quem era autor e
quem era partícipe, surgiu a teoria subjetiva da participação, que considerava como autor aquele
que pratica o fato como próprio, que quer o crime “como próprio”, como seu, e partícipe aquele
que quer o fato como alheio, pratica uma conduta acessória ao “crime de outra pessoa”.11 Isso era
fundamental para a fixação da pena de cada um, já que aos autores deveriam ser aplicadas penas,
em tese, mais severas.
11
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 555
Como o conceito extensivo apresentou mais problemas que soluções, surgiu o conceito
restritivo de autor12. Para esta teoria restritiva13, autor e partícipe não se confundem. Autor será
aquele que praticar a conduta descrita no núcleo do tipo penal (subtrair, matar, roubar, etc.).
Todos os demais, que de alguma forma prestarem colaboração (material ou moral), serão
considerados partícipes. Esta foi a teoria adotada pelo CP.
Agora que já sabemos que o CP diferencia autor e partícipe, precisamos saber qual é o
critério para se diferenciar um do outro. Três teorias surgiram.
A primeira teoria, a teoria objetivo-formal, estabelece que autor é quem realiza a conduta
prevista no núcleo do tipo, sendo partícipes todos os outros que colaboraram para isso, mas não
realizaram a conduta descrita no núcleo do tipo. Para esta teoria, por exemplo, no crime de
homicídio, somente seria autor aquele que efetivamente praticasse a conduta de “matar” alguém.
Todos os outros colaboradores seriam partícipes. O grande problema desta teoria é considerar o
autor intelectual (mandante) como partícipe, e não como autor. Mais que isso: Essa teoria não
explica o fenômeno da autoria mediata (quando alguém se vale de um inimputável para cometer
um crime).
A segunda teoria, a teoria objetivo-material, entende que autor é quem colabora com
participação de maior importância para o crime, e partícipe é quem colabora com participação
reduzida, independentemente de quem pratica o núcleo do tipo (verbo que descreve a conduta
criminosa – matar, subtrair, etc.).
A terceira e última teoria, a teoria do domínio do fato, criada pelo pai do finalismo, Hans
Welzel14, e posteriormente desenvolvida por Claus Roxin, defende que autor é todo aquele que
possui o domínio da conduta criminosa, seja ele o executor (quem pratica a conduta prevista no
núcleo do tipo) ou não15. Para esta teoria, o autor seria aquele que decide o trâmite do crime, sua
prática ou não, etc. Essa teoria explica, satisfatoriamente, o caso do mandante, por exemplo, que
mesmo sem praticar o núcleo do tipo (“matar alguém”), possui o domínio do fato, pois tem o
poder de decidir sobre o rumo da prática delituosa.
Para esta teoria, o partícipe existe, e é aquele que contribui para a prática do delito16,
embora não tenha poder de direção sobre a conduta delituosa. O partícipe só controla a própria
vontade, mas a não a conduta criminosa em si, pois esta não lhe pertence.
12
PIERANGELI, José Henrique. ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Manual de Direito Penal Brasileiro. Ed. RT. São Paulo,
2008, p. 572.
13
Também chamada por alguns de teoria dualista ou objetiva.
14
WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p. 105
15
MUÑOZ CONDE, Francisco. Teoría general del delito. Ed. Temis Editorial. Bogotá, 1999, p. 155-156
16
WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p.117-119
A teoria do domínio do fato tem por finalidade estabelecer uma diferenciação entre autor e
partícipe a partir da noção de “controle da situação”. Aquele que, mesmo não executando a
conduta descrita no núcleo do tipo, possui todo o controle da situação, inclusive com a
possibilidade de intervir a qualquer momento para fazer cessar a conduta, deve ser considerado
autor, e não partícipe.
A teoria do domínio do fato, porém, não se aplica aos crimes culposos, pois neste não há
domínio final do fato, pois o fato final (resultado) não é buscado pelos agentes, que pretendiam
outro resultado18.
A teoria adotada pelo CP é a teoria objetivo-formal, considerando autor aquele que realiza
a conduta descrita no núcleo do tipo, já que denota sua “vontade de autor” (animus auctoris), em
contraposição à “vontade de colaboração” do partícipe (animus socii). Entretanto, considera-se
adotada a teoria do domínio do fato para os crimes em que há autoria mediata, autoria intelectual,
etc., de forma a complementar a teoria adotada.
17
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 557-558
18
Idem, p. 558
Desta maneira, após entendermos quem seria considerado autor do delito para o CP,
podemos definir a coautoria como a espécie de concurso de pessoas na qual duas ou mais pessoas
praticam a conduta descrita no núcleo do tipo penal. Assim, no crime de roubo, se duas ou mais
pessoas entram num banco, portando armas, e anunciam um assalto, todas elas praticaram a
conduta descrita no núcleo do tipo do art. 157, § 2°, I e II do CP (subtrair para si ou para outrem,
mediante violência ou grave ameaça...). Logo, todas são coautoras do delito. No mesmo exemplo,
porém, o dono do carro, que emprestou o veículo para a fuga, é mero partícipe.
Não confundam coautoria com autoria colateral. Na coautoria, deve haver vínculo subjetivo
ligando as condutas de ambos os autores. Na autoria colateral, ambos praticam o núcleo do tipo,
mas um não age em acordo de vontades com o outro. Imaginem que A e B, desafetos de C, sem
que um saiba da existência do outro, escondem-se atrás de árvores esperando a passagem de C,
a fim de matá-lo. Quando C passa, ambos atiram, e C vem a óbito. Nesse caso, não houve
coautoria, mas autoria colateral. Entretanto, aí vai mais uma informação: Imaginem que o laudo
identifique que apenas uma bala atingiu C, direto na cabeça, levando-o a óbito. Nesse caso, o
laudo não conseguiu apontar de qual arma saiu a bala que matou C. Nesse caso, como não se
pode definir quem efetuou o disparo fatal, ambos respondem pelo crime de homicídio TENTADO,
pois não se pode atribuir a nenhum deles o homicídio consumado, já que o laudo é inconclusivo
quanto a isto. Este é o fenômeno da autoria incerta. No entanto, se ambos estivessem agindo em
conluio, com vínculo subjetivo, ou seja, se houvesse concurso de pessoas, ambos responderiam
por crime de homicídio CONSUMADO, pois nesse caso seria irrelevante saber de qual arma partiu
a bala que levou C a óbito.
A coautoria pode ser funcional (ou parcial), que é aquela na qual a conduta dos agentes são
diversas e se somam, de forma a produzir o resultado. Assim, se Ricardo segura a vítima para que
Poliana a espanque, ambos são coautores do crime de lesão corporal, mediante coautoria
funcional.
Porém, a coautoria pode ser, ainda, material (direta), que é a hipótese em que ambos os
coautores realizam a mesma conduta. Assim, no exemplo acima, se Ricardo e Poliana espancassem
a vítima, ambos seriam coautores mediante coautoria material.
Abaixo vou mostrar para vocês algumas hipóteses polêmicas de aplicação do instituto da
coautoria:
➢ Admite-se a coautoria nos crimes próprios, desde que ambos os agentes possuam a
qualidade exigida pela lei, ou que, aqueles que não a possuem, ao menos tenham ciência
de que o outro agente age nessa qualidade.
➢ Não se admite a coautoria nos crimes de mão-própria, pois são considerados de conduta
infungível, só podendo ser praticados pelo sujeito especificamente descrito pela lei.
➢ A Doutrina se divide quanto à possibilidade de coautoria em crimes omissivos, da seguinte
forma:
➢ Na autoria mediata não há concurso de pessoas entre autor mediato autor imediato,
respondendo apenas o autor mediato, que se valeu de alguém sem culpabilidade para a
execução do delito.
➢ Entretanto, é possível coautoria e também participação na autoria mediata, desde que haja
colaboração entre os agentes mediatos. NUNCA HAVERÁ CONCURSO DE PESSOAS
ENTRE AUTOR MEDIATO E AUTOR IMEDIATO.
➢ CUIDADO! Na coação física irresistível, não há autoria mediata, mas autoria direta, pois o
agente que realiza a ação não possui conduta, já que não há vontade. Nesse caso, aquele
que pratica a coação física irresistível é autor direto, não mediato;
➢ Admite-se a autoria mediata nos crimes próprios, mas não nos crimes de mão própria (há
alguns doutrinadores que entendem ser possível).
3.2 Participação
Moral – É aquela na qual o agente não ajuda materialmente na prática do crime, mas instiga
ou induz alguém a praticar o crime. A instigação ocorre quando o partícipe age no
psicológico do autor do crime, reforçando a ideia criminosa, que já existe na mente deste.
O induzimento, por sua vez, ocorre quando o partícipe faz surgir a vontade criminosa na
mente do autor, que não tinha pensado no delito;
Material – A participação material é aquela na qual o partícipe presta auxílio ao autor, seja
fornecendo objeto para a prática do crime, seja fornecendo auxílio para a fuga, etc. É
também chamada de cumplicidade. Este auxílio não pode ser prestado após a consumação,
salvo se o auxílio foi previamente ajustado.
Já que o partícipe não pratica a conduta descrita no núcleo do tipo penal, como puni-lo?
A punibilidade do partícipe não pode ser realizada diretamente pela descrição do fato
típico. De fato, aquele que empresta uma arma para que alguém mate outra pessoa, não poderia
responder por homicídio, pois o art. 121 do CP diz: “matar alguém”. Aquele que empresta a arma
não está “matando”, por isso se diz que não há, aqui, adequação típica imediata.
• Teoria da acessoriedade mínima – Entende que a conduta principal deva ser um fato
típico, não importando se é ou não um fato ilícito. EXEMPLO: Imagine que Marcio e
João combinam de matar Paulo. Na data combinada para a execução, Marcio guia o
carro até o local e fica esperando do lado de fora. João se dirige até Paulo e, após
uma discussão, Paulo começa a agredir João, que na verdade mata Paulo em legítima
defesa. João matou Paulo em legítima defesa e não em razão do ajuste com Marcio
(não tendo praticado fato ilícito, mas apenas típico), mas por esta teoria, mesmo
assim Marcio responderia como partícipe do crime. Veja que João, de fato, matou
Paulo. Contudo, o fato não é ilícito, pois João agiu em legítima defesa. Porém, para
esta teoria, ainda que a conduta de João seja considerada apenas típica, mas não
19
A teoria da acessoriedade deriva de uma das teorias dos FUNDAMENTOS da punibilidade do partícipe, que
é a TEORIA DO FAVORECIMENTO (ou da CAUSAÇÃO), que diz que o partícipe deve ser punido por ter
coloborado para que o delito fosse realizado. Em contraposição a esta, havia a teoria da participação na
culpabilidade, que defendia que o partícipe deveria ser punido apenas por exercer “influência negativa” sobre
o autor. Esta última foi abandonada pela Doutrina há algumas décadas.
ilícita, Marcio deveria ser punido. O pior de tudo é que, neste caso, Márcio, que não
praticou a conduta seria punido, mas João seria absolvido pela legítima defesa.
• Teoria da acessoriedade limitada – Exige que o fato praticado (conduta principal)
seja pelo menos uma conduta típica e ilícita. Assim, no exemplo dado acima, a
conduta do partícipe Marcio não é punível, pois a conduta principal, apesar de típica,
não é ilícita. Veja que, para esta corrente Doutrinária, se o fato praticado pelo autor
NÃO FOR ILÍCITO (Ainda que seja um fato típico), em razão de legítima defesa, etc.,
o partícipe não deve ser punido.
• Teoria da acessoriedade máxima – Para esta teoria, o partícipe só será punido se o
fato for típico, ilícito e praticado por agente culpável. Essa teoria faz exigência
irrazoável, pois a culpabilidade é uma questão pessoal do agente, não guardando
relação com o fato. Assim, imagine que Carlos, maior de idade, seja partícipe de um
roubo praticado por Lucas, menor de idade. Para esta corrente, Carlos não poderia
responder pelo roubo praticado (na qualidade de partícipe), pois Lucas (o autor
principal) é inimputável (não tem culpabilidade), sendo o fato apenas típico e ilícito,
sem o complemento da culpabilidade.
• Teoria da hiperacessoriedade – Exige que, além de o fato ser típico e ilícito e o
agente culpável, o autor tenha sido efetivamente punido para que o partícipe
responda pelo crime. É ainda mais irrazoável que a última. Imagine que José seja
partícipe de um roubo praticado por Marcelo. No decorrer do processo, Marcelo
vem a falecer (o que gera a extinção da punibilidade de Marcelo, nos termos do CP).
Para esta corrente, como houve extinção da punibilidade em relação a Marcelo (o
autor do delito), o partícipe (José) não poderá mais ser punido.
O Nosso CP não adotou expressamente nenhuma das quatro teorias, mas com certeza não
adotou a teoria da acessoriedade mínima nem a teoria da hiperacessoriedade (as extremas).
A Doutrina entende que a teoria que mais se amolda ao nosso sistema é a teoria da
acessoriedade limitada20, exigindo que o fato seja somente típico e ilícito para que o partícipe
responda pelo crime.
20
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 565
➢ A lei admite a redução da pena de 1/6 a 1/3 se a participação é de menor importância (art.
29, § 1° do CP). Isto não se aplica às hipóteses de coautoria, mas apenas à participação;
➢ A Doutrina admite a participação nos crimes comissivos por omissão, quando o partícipe
devia e podia evitar o resultado (art. 13, § 2° do CP).
➢ A participação inócua não se pune. Assim, se A empresta uma faca a B, de forma a auxiliá-
lo a matar C, e B mata C usando seu revólver, a participação de A foi absolutamente inócua,
pois em nada auxiliou no resultado. Da mesma forma, se A instiga B a matar C, e B realiza
a conduta porque já estava determinado a isso, a instigação promovida por A não teve
qualquer eficácia, pois B já mataria C de qualquer forma.
➢ Participação em cadeia é possível: Assim, se A empresta uma arma a B, para que este a
empreste a C, a fim de que este último mate D, tanto A quanto B são partícipes do crime,
por prestarem auxílio material em cadeia.
➢ A participação em ação alheia ocorre quando o partícipe, sem qualquer liame subjetivo com
o autor, contribui de maneira culposa para a prática do delito. Assim, o funcionário público
que não tranca a porta da repartição ao final do expediente, e esta vem a ser furtada por
um particular na madrugada, responde por peculato culposo (art. 312, § 2° do CP),
enquanto o particular responde por furto. Não há concurso de pessoas pois falta o liame
subjetivo entre ambos (coerência de vontades).
Por sua vez, a mera circunstância não é indispensável à caracterização do crime, pois apenas
agregam um fato que, se presente, aumenta ou diminui a pena. Assim, o “motivo torpe” é uma
circunstância não-elementar, ou mera circunstância, pois caso o fato seja praticado sem essa
circunstância, continua a existir homicídio, no entanto, sem a qualificadora.
Podem ser subjetivas (de caráter pessoal), quando relativas à pessoa do agente. É o caso
da condição de funcionário público, que é pessoal, pois se refere ao agente.
Podem ser, ainda, objetivas (ou de caráter real), quando se referem ao fato criminoso em
si, seu modus operandi, etc. Assim, o emprego de violência, no crime de roubo (art. 157 do CP) é
uma elementar objetiva.
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
(...) § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-
lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese
de ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Camila não quis participar de um latrocínio (que foi o que efetivamente ocorreu), mas
apenas de um furto. Assim, segundo a primeira parte do § 2° do art. 29 do CP, responderá
somente pelo furto.
Entretanto, se ficar comprovado que Camila podia prever que o latrocínio era provável (se
soubesse, por exemplo, que Herval estava armado e que havia a possibilidade de ter seguranças
na casa), a pena do crime de furto (não a do latrocínio!!) será aumentada até a metade.
A lei diz “até a metade”, logo, o aumento pode não chegar a esse patamar. O aumento de
pena irá variar conforme o grau de previsibilidade do crime mais grave para o qual Camila não se
predispôs, mas era previsível.
CUIDADO MASTER! Existe uma questão muito controvertida no que se refere ao concurso de
pessoas. É a possibilidade (ou não) de concurso de pessoas em crimes CULPOSOS.
São muitas, MUITAS ideias diferentes. Cada autor inventa alguma coisa para vender seu livro,
certo? Bom, resumidamente, podemos definir a Doutrina majoritária da seguinte forma:
COAUTORIA EM CRIMES CULPOSO – É possível, pois é possível que duas pessoas, de comum
acordo, resolvam praticar uma conduta imprudente, por exemplo. Ex.: Dois rapazes resolvem
atirar um móvel do 10º andar de um prédio, sem intenção de atingir ninguém, mas acabam
lesionando uma pessoa.
DOLOSA – Não cabe participação dolosa em crime culposo, pois a Doutrina entende que não há
“unidade de vontades” entre os agentes (um quer o resultado a título de dolo, e o outro, executor,
é apenas um descuidado). Assim, não há “vínculo subjetivo” entre eles no que tange ao resultado.
Logo, cada um responde por sua conduta.
CULPOSA – É possível, pois é possível que alguém, por culpa, induza, instigue ou preste auxílio
ao executor de uma conduta também culposa, e haveria “unidade de vontades”.
CUIDADO: O STJ entende que NÃO cabe nenhum tipo de participação em crime culposo. Parte
da Doutrina também segue este entendimento.
6 Multidão delinquente
Também chamada de “multidão criminosa”21, são considerados pela doutrina como aqueles
atos em que inúmeras (incontáveis, uma multidão) pessoas praticam o mesmo delito, agindo em
concurso de pessoas, muitas vezes sem um acordo prévio, mas cada uma aderindo tacitamente à
conduta da outra. Ex.: Linchamentos, brigas de torcidas organizadas, saques a lojas ou a carretas
tombadas, etc.
A Doutrina sustenta que, mesmo nestes casos, têm-se CONCURSO DE PESSOAS, pois há
vínculo subjetivo entre estas pessoas, ainda que tácito (não explícito). O agente que praticar o
delito nestas condições, porém, deverá ter sua pena atenuada, nos termos do art. 65, e do CP, já
que se trata de situação em que há maior vulnerabilidade psicológica para que uma pessoa venha
a aderir a uma conduta criminosa. Por outro lado, os que promoverem, organizarem ou liderarem
a conduta criminosa terão suas penas agravadas (art. 62, I do CP).
21
O termo “multidão criminosa” é utilizado, dentre outros, por René Ariel Dotti (cf. DOTTI, René Ariel. Curso
de Direito Penal, Parte Geral. Ed. Revista dos Tribunais. 4º ed. São Paulo. 2012, p. 459)
CÓDIGO PENAL
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Circunstâncias incomunicáveis
Casos de impunibilidade
JURISPRUDÊNCIA CORRELATA
STJ - RESP 1306731/RJ – O STJ firmou entendimento no sentido de que não se pode condenar
um dos comparsas por homicídio culposo e outro por homicídio doloso, quando reconhecida a
ocorrência de concurso de agentes. Isso porque o concurso de pessoas, dada a adoção da teoria
(...)
Outrossim, não ficou demonstrado o liame subjetivo entre pai e filho no que
concerne à imprudência na direção do automóvel, não podendo, por conseguinte,
atribuir-se a pai e filho a mesma infração penal praticada pelo filho.
3. Não há qualquer elemento nos autos que demonstre que o pai efetivamente
autorizou o filho a pegar as chaves do carro na data dos fatos, ou seja, tem-se
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (FCC – 2018 – ALE-SE – ANALISTA LEGISLATIVO – PROCESSO LEGISLATIVO) É certo que
um crime pode ser praticado por uma ou mais pessoas. Quando isso acontece, está-se diante da
hipótese de concurso de pessoas, também conhecido como concurso de agentes. Nesse caso,
a) ainda que algum dos concorrentes tenha querido participar de crime menos grave, ser-lhe-á,
obrigatoriamente, aplicada a pena idêntica do crime praticado pelo seu comparsa, ante a adoção
pelo código penal da teoria monista.
b) em hipótese alguma se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal na
coautoria.
c) o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio são sempre puníveis, ainda que o crime não
venha a ser tentado.
d) os crimes plurissubjetivos não admitem a coautoria e a participação.
e) se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.
COMENTÁRIOS
a) ERRADA: Item errado, pois se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave,
ser-lhe-á aplicada a pena deste (crime menos grave). Todavia, essa pena será aumentada até
metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave, conforme art. 29, §2º do CP.
b) ERRADA: Item errado, pois, COMO REGRA, não se comunicam as circunstâncias e as condições
de caráter pessoal, SALVO quando elementares do crime, conforme art. 30 do CP.
c) ERRADA: Item errado, pois o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição
expressa em contrário, NÃO SÃO PUNÍVEIS, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado,
nos termos do art. 31 do CP.
d) ERRADA: Item errado, pois crimes plurissubjetivos são aqueles em que há a participação de
mais de um agente, podendo ser necessariamente plurissubjetivos (necessitam de mais de um
agente) ou eventualmente plurissubjetivos (podem ser praticados em concurso de agentes, mas
isso não é indispensável).
e) CORRETA: Item correto, pois esta é a exata previsão do art. 29, §1º do CP:
GABARITO: Letra E
COMENTÁRIOS
Neste caso, o taxista não responderá por crime algum, pois não houve coautoria ou participação
no crime alheio. A conduta do taxista, de levar o agente ao seu destino, havendo participação na
cadeia causal, sob o aspecto meramente físico, não havia liame subjetivo entre ambos, nem
podemos dizer que a conduta do taxista, no exercício de seu papel social (transportar pessoas),
pode ser considerada uma adesão subjetiva à conduta alheia.
GABARITO: Letra E
presença de um dos moradores que, ao reagir a ação criminosa, acaba sendo morto por Mauro.
Nesta hipótese
a) Mário e Mauro responderão pela prática de latrocínio.
b) Mário e Mauro responderão pela prática de furto.
c) Mário responderá pela prática de furto simples e Mauro responderá pela prática de furto
qualificado.
d) Mário responderá apenas pelo furto e Mauro responderá pela prática dos crimes de porte ilegal
de arma de fogo, furto e homicídio.
e) Mário responderá pela prática de furto e Mauro pelo crime de latrocínio.
COMENTÁRIOS
Art. 29 (...) § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave,
ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na
hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
Neste caso, o agente que quis participar do crime menos grave (furto), no caso, Mário, responderá
apenas por este crime. O outro agente, Mauro, que acabou praticando um crime mais grave
(roubo com resultado morte = latrocínio), responderá por este crime.
4. (FCC – 2013 – TRT1 – JUIZ) Quanto aos demais agentes do crime, o parentesco entre o autor
e a vítima;
a) comunica-se, desde que elementar ao tipo.
b) comunica-se sempre, desde que por aqueles conhecido.
c) comunica-se para agravamento genérico da pena concreta.
d) comunica-se para atenuação genérica da pena concreta.
e) não se comunica em qualquer hipótese.
COMENTÁRIOS
O parentesco entre um dos comparsas e a vítima, em regra, não se comunica aos demais
comparsas, ou seja, é irrelevante em relação a eles. Contudo, em determinados casos, quando
este grau de parentesco for uma das questões elementares do tipo penal, haverá comunicação
com os demais comparsas, como ocorre no crime de infanticídio, em que o parentesco de um dos
comparsas (a mãe) e a vítima (filho) irá se estender aos demais agentes do delito, possibilitando
sua punição pela conduta de infanticídio, nos termos do art. 123, c/c art. 30 do CP.
5. (FCC – 2014 – METRÔ-SP – ADVOGADO) Joaus, Joseh e Pedrus acertaram, mediante prévio
ajuste, a prática de um crime de furto qualificado em residência. Pedrus escolheu a residência e
emprestou seu veículo para o transporte dos objetos furtados. Joaus arrombou a porta da
residência indicada por Pedrus e entrou. Joseh entrou em seguida. Joaus e Joseh recolheram
todos os objetos de valor, colocaram no veículo e fugiram do local. Nesse caso,
a) Joaus, Joseh e Pedrus foram coautores.
b) Joaus foi autor, Joseh partícipe e Pedrus autor mediato.
c) Joaus e Joseh foram partícipes e Pedrus foi autor imediato.
d) Joaus, Joseh e Pedrus foram autores.
e) Joaus e Joseh foram coautores e Pedrus partícipe.
COMENTÁRIOS
Neste caso, Pedrus prestou auxílio material, ao fornecer seu veículo e escolher a residência do
furto. Contudo, o AUXÍLIO de Pedrus para por aí, ele não tem mais nenhuma participação no crime
e não detém o domínio final do fato (poder de intervir e fazer cessar a atividade criminosa, por
exemplo), de maneira que não pode ser considerado autor intelectual.
Também não pode Pedrus ser considerado “autor”, na concepção formal de autor, segundo a
qual autor é aquele que pratica a conduta descrita no núcleo do tipo, por uma questão simples:
Até o final da atuação de Pedrus o crime sequer havia sido iniciado (estava apenas na fase da
cogitatio, ou fase de atos preparatórios). Assim, como dizer que ele “praticou o núcleo do tipo”?
Impossível. Assim, Pedrus NÃO É AUTOR (naturalmente, nem coautor).
Joaus e Joseh, por sua vez, praticaram a conduta descrita no núcleo do tipo penal, de forma que
são autores (coautores) do delito.
c) é necessário que cada concorrente tenha consciência de contribuir para a atividade delituosa
de outrem, dispensada a prévia combinação entre eles.
d) os concorrentes devem necessariamente realizar o fato típico.
e) dispensável a adesão subjetiva à vontade do outro.
COMENTÁRIOS
A) ERRADA: Item errado, pois se há liame subjetivo entre eles teremos coautoria, e não autoria
colateral, que pressupõe o desconhecimento de um em relação à conduta do outro.
B) ERRADA: Item errado, pois em regra, a infração penal será a mesma para todos os comparsas,
por força da adoção da teoria monista pelo CP.
C) CORRETA: Item correto, pois a existência de vínculo subjetivo (liame subjetivo) entre os
comparsas é indispensável, embora não seja necessário o prévio ajuste entre eles, pois um pode
aderir à conduta do outro, que já se encontra em andamento, por exemplo.
D) ERRADA: Embora o termo correto seja “núcleo do tipo”, o item está errado, pois não é
necessário que todos pratiquem a conduta descrita no núcleo do tipo. Aqueles que o fizerem
serão autores. Os que apenas prestarem auxílio serão partícipes.
E) ERRADA: Item errado, pois a existência de vínculo subjetivo entre os comparsas é indispensável
para a caracterização do concurso de agentes.
7. (FCC – 2014 – TJ-CE – JUIZ) Em tema de concurso de pessoas, é possível afirmar que
a) o concorrente, na chamada cooperação dolosamente diversa, responderá pelo crime menos
grave que quis participar, mas sempre com aumento da pena.
b) indispensável a adesão subjetiva à vontade do outro, embora desnecessária a prévia
combinação.
c) o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio nunca são puníveis, se o crime não chega,
pelo menos, a ser tentado.
d) não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, ainda que elementares
do crime.
e) a participação de menor importância constitui causa geral de diminuição da pena, incidindo na
segunda etapa do cálculo.
COMENTÁRIOS
A) ERRADA: Item errado, pois na cooperação dolosamente distinta (ou diversa), o agente
responde sempre pelo crime menos grave, mas o aumento de pena só é aplicável se o crime mais
grave (que efetivamente ocorreu) era previsível, nos termos do art. 29, §2º do CP.
B) CORRETA: Item correto, pois a existência de vínculo subjetivo (liame subjetivo) entre os
comparsas é indispensável, embora não seja necessário o prévio ajuste entre eles, pois um pode
aderir à conduta do outro, que já se encontra em andamento, por exemplo.
Vejam, assim, que EM REGRA tais condutas não são puníveis, mas a Lei pode dizer o contrário
para determinadas situações, por isso o item está errado, pois diz que NUNCA SERÃO puníveis.
D) ERRADA: Se forem elementares do delito, tais condições irão se comunicar, nos termos do art.
30 do CP.
COMENTÁRIOS
A) ERRADA: O aumento de pena (no caso de ser previsível o crime mais grave) é de “ATÉ A
METADE” e não de um a dois terços, na forma do art. 29, §2º do CP.
B) ERRADA: Item errado, pois cada um irá responder na medida de sua CULPABILIDADE, nos
termos do art. 29 do CP.
D) ERRADA: Tais condutas (ajuste, o auxílio, etc.) não são puníveis se o crime não chega a ser, ao
menos, tentado (e não consumado, como diz a questão), pois isto é o que prevê o art. 31 do CP:
E) ERRADA: A pena, neste caso, pode ser diminuída de um sexto a um terço, nos termos do §1º
do art. 29 do CP.
COMENTÁRIOS
A) ERRADA: Embora seja coautor todo aquele que pratica o comportamento definido como crime,
não é necessário que a conduta seja idêntica, pois pode haver hipótese de coautoria funcional, na
qual os agentes praticam condutas diversas, que se complementam.
C) ERRADA: Nos crimes de mão própria não se admite coautoria, em razão de o crime dever ser
praticado especificamente por determinada pessoas;
D) CORRETA: Nos crimes próprios é plenamente possível a coautoria, desde que o outro agente
tenha pleno conhecimento da condição do outro coautor.
E) ERRADA: Nos crimes omissivos próprios se admite a participação moral, quando, por exemplo,
alguém induz outra pessoa a se omitir.
10. (FCC - 2007 - MPU - ANALISTA - PROCESSUAL) Maria, enfermeira, por ordem do médico
João, ministrou veneno ao paciente, supondo tratar-se de um medicamento, ocasionando-lhe a
morte. Nesse caso,
A) não há concurso de agentes, mas apenas um autor mediato, pela realização indireta do fato
típico.
B) há concurso de agentes, sendo João autor principal e Maria co-autora.
C) há concurso de agentes, sendo João autor principal e Maria partícipe.
D) há concurso de agentes, figurando tanto João como Maria na condição de autores.
E) há concurso de agentes, figurando Maria como autora e João como co-autor.
COMENTÁRIOS
Nesse caso, há autoria mediata, pois o Médico João se valeu de uma pessoa sem dolo (em razão
do erro determinado por terceiro) para praticar um delito. Assim, não há que se falar em concurso
de agentes.
11. (FCC - 2007 - MPU - ANALISTA ADMINISTRATIVO) José instigou Pedro, agindo sobre a
vontade deste, de forma a fazer nascer neste a idéia da prática do crime. João prestou auxílio a
Pedro, emprestando-lhe uma arma para que pudesse executar o delito. José e João são
considerados, tecnicamente,
A) co-autores.
B) autores.
C) Partícipes.
D) partícipe e co-autor, respectivamente.
COMENTÁRIOS
Nesse caso, ambos apenas auxiliaram (moralmente e materialmente) o autor a praticar o delito,
motivo pelo qual são considerados partícipes do crime.
12. (FCC - 2008 - MPE-CE - PROMOTOR DE JUSTIÇA) Nos chamados crimes monossubjetivos,
A) o concurso de pessoas é eventual.
B) o concurso de pessoas só ocorre no caso de autoria mediata.
C) o concurso de pessoas é necessário.
D) não há concurso de pessoas.
E) há concurso de pessoas apenas na forma de participação.
COMENTÁRIOS
Nos crimes monossubjetivos, em regra o delito é praticado por um único agente, não sendo
necessária a pluralidade de agentes. Portanto, nestes crimes (que são a regra), o concurso de
agentes é meramente eventual.
13. (FCC - 2011 - TRE-PE - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) De acordo com o Código
Penal brasileiro,
A) não há distinção entre autores, co-autores e partícipes, que incidem de forma idêntica nas penas
cominadas ao delito.
B) os autores, co-autores e partícipes incidem nas penas cominadas ao delito na medida de sua
culpabilidade.
C) ao autor principal será obrigatoriamente imposta pena mais alta que a dos co-autores e
partícipes.
D) ao autor principal e aos co-autores será obrigatoriamente imposta pena mais alta que a dos
partícipes.
E) ao autor principal será imposta a pena prevista para o delito, sendo que os co-autores e os
partícipes terão obrigatoriamente a pena reduzida de um sexto a um terço.
COMENTÁRIOS
Com relação à punibilidade de cada um dos participantes do evento criminoso, o CP prevê que
cada um seja punido de acordo com sua culpabilidade, não estabelecendo, em abstrato, penas
mais graves para um ou para outro, bem como não estabelecendo que as penas devam ser
idênticas. Nos termos do art. 29 do CP:
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
14. (FCC - 2011 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - TÉCNICO JUDICIÁRIO - SEGURANÇA) João instigou
José a praticar um crime de roubo. Luiz forneceu-lhe a arma. Pedro forneceu-lhe todas as
informações sobre a residência da vítima e sobre o horário em que esta ficava sozinha. No dia
escolhido, José, auxiliado por Paulo, ingressou na residência da vítima. José apontou-lhe a arma,
enquanto Paulo subtraiu-lhe dinheiro e jóias. Nesse caso, são considerados partícipes APENAS
A) Luiz e Pedro.
B) João, Luiz, Pedro e Paulo.
C) João, Luiz e Pedro.
D) José, Pedro e João.
E) João, José, Luiz e Pedro.
COMENTÁRIOS
João e Luiz são partícipes, pois auxiliaram José a cometer o crime, o primeiro, moralmente, e o
segundo, materialmente. Pedro por sua vez, também é partícipe, pois forneceu informações ao
autor do crime, auxiliando-o materialmente. Já Paulo e José são autores do crime, pois praticaram
a conduta descrita no núcleo do tipo e roubo (art. 157 do CP).
COMENTÁRIOS
Com relação à punibilidade de cada um dos participantes do evento criminoso, o CP prevê que
cada um seja punido de acordo com sua culpabilidade, não estabelecendo, em abstrato, penas
mais graves para um ou para outro. Nos termos do art. 29 do CP:
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
(...)
Quanto à comunicabilidade das circunstâncias pessoais, nos termos do art. 30 do CP, elas só se
comunicam quando elementares do crime.
A instigação e o auxílio só são puníveis se o crime chegar, pelo menos, a ser tentado (art. 31 do
CP).
16. (FCC – 2006 – BCB – ANALISTA) Aquele que, sem praticar ato executório, concorre, de
qualquer modo, para a realização do crime, por ele responderá na condição de
a) coautor.
b) partícipe.
c) autor mediato.
d) coautor moral.
e) autor.
COMENTÁRIOS
O Brasil adotou a teoria diferenciadora (num conceito RESTRITIVO de autor), de viés objetivo-
formal, distinguindo-se autor e partícipe segundo a conduta realizada: autor é aquele que pratica
a conduta prevista no núcleo do tipo penal e partícipe é todo aquele que, sem realizar a conduta
descrita no núcleo do tipo, participa do evento criminoso. Assim, podemos definir a participação
como a modalidade de concurso de pessoas na qual o agente colabora para a prática delituosa,
mas não pratica a conduta descrita no núcleo do tipo penal.
• Moral – É aquela na qual o agente não ajuda materialmente na prática do crime, mas instiga
ou induz alguém a praticar o crime. A instigação ocorre quando o partícipe age no
psicológico do autor do crime, reforçando a ideia criminosa, que já existe na mente deste.
O induzimento, por sua vez, ocorre quando o partícipe faz surgir a vontade criminosa na
mente do autor, que não tinha pensado no delito;
• Material – A participação material é aquela na qual o partícipe presta auxílio ao autor, seja
fornecendo objeto para a prática do crime, seja fornecendo auxílio para a fuga, etc. Este
auxílio não pode ser prestado após a consumação, salvo se o auxílio foi previamente
ajustado.
17. (FCC – 2010 – SEFIN/RO – AUDITOR-FISCAL) José, sabendo que seu desafeto Paulo estava
andando de bicicleta numa estrada estreita, instiga João, motorista do veículo em que se
encontrava, a imprimir ao veículo velocidade elevada, na esperança de que Paulo venha a ser
atropelado. João passa a correr em alta velocidade e atropela Paulo, mais adiante, ocasionado-
lhe a morte. Nesse caso, ambos responderão pelo crime, sendo que
a) ambos responderão por culpa.
b) José responderá por culpa e João por dolo eventual.
c) Jose responderá por dolo eventual e João por culpa.
COMENTÁRIOS
Todo fato típico necessariamente engloba um elemento subjetivo, que pode ser o dolo ou a culpa.
Vejamos o que o CP nos diz a respeito do elemento subjetivo:
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por
fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. (Incluído pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
O crime será doloso quando o agente quiser o resultado ou aceitá-lo como CONSEQUÊNCIA
NECESSÁRIA (dolo direto de primeiro e segundo grau, respectivamente) ou, ainda, quando o
agente aceitar o resultado como provável e, mesmo não o querendo, assuma o risco de sua
ocorrência, sem se importar com a eventual ocorrência do mesmo (dolo indireto, na modalidade
de dolo eventual). Há, ainda, o dolo alternativo, que é a modalidade de dolo indireto na qual o
agente pratica a conduta visando dois resultados alternativos, ou seja, qualquer um deles é
querido pelo autor.
O crime pode ser, ainda, culposo, quando o agente não quer o resultado nem aceita, de forma
alguma, sua ocorrência, no entanto, por violação de um dever de cuidado, o resultado acaba por
ocorrer.
A culpa pode ser consciente, quando o agente prevê a possibilidade de ocorrência do resultado
(mas acredita que poderá evitá-lo) ou inconsciente, quando o agente sequer chega a prever a
possibilidade de ocorrência do resultado.
No caso da questão, o enunciado expressamente diz que a estrada era estreita, de forma que
imprimir alta velocidade em um veículo, numa estrada estreita, havendo um ciclista na mesma, é
assumir o risco da ocorrência do resultado. Desta maneira, João responderia por homicídio doloso
por dolo eventual. Porém, a Banca entendeu que ele responderia apenas por culpa (imprudência).
A conduta de José é induzir alguém a praticar um ato de imprudência, mas com uma finalidade
dolosa (provocar eventuais danos ao ciclista Paulo).
Assim, entendo que o induzimento (portanto, participação) à prática de um crime doloso deve
gerar a responsabilização de quem induziu pelo mesmo crime daquele que realizou a conduta,
nos termos do art. 29 do CP:
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
A Banca adotou o entendimento de que José responde por dolo eventual e João por culpa, pela
imprudência. Em minha visão, João agiu como dolo eventual também.
Entendo que ambos devam responder por dolo eventual (letra D).
18. (FCC – 2012 – ISS/SP – AFTM) A respeito do concurso de pessoas, é correto afirmar que
a) a importância da participação não influi na pena a ser imposta.
b) não é possível participação por omissão em crime comissivo.
c) é possível a participação em crime omissivo puro.
d) não pode haver participação em contravenção.
e) é possível participação dolosa em crime culposo.
COMENTÁRIOS
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
E) ERRADA - A Doutrina majoritária não admite a participação dolosa em crime culposo, por
entender que como o crime culposo não é direcionado à prática de um delito, impossível o liame
subjetivo entre autor e partícipe, indispensável à ação mediante concurso de agentes.
19. (FCC – 2009 – DPE/MA – DEFENSOR PÚBLICO) Os requisitos para a ocorrência do concurso
de pessoas no cometimento de crime são:
a) pluralidade de comportamentos, nexo de causalidade entre o comportamento do partícipe e o
resultado do crime e vínculo objetivo-subjetivo entre autor e partícipe.
b) presença física de autor e partícipe, nexo de causalidade entre o comportamento do coautor e
o resultado do crime; vínculo subjetivo entre autor e partícipe e identidade do crime.
c) presença física de autor e partícipe, pluralidade de comportamentos, nexo de causalidade entre
o comportamento do partícipe e o resultado do crime; vínculo subjetivo entre autor e partícipe e
identidade do crime.
d) pluralidade de comportamentos, nexo de causalidade entre o comportamento do partícipe e o
resultado do crime; vínculo objetivo entre autor e partícipe e identidade do crime.
e) pluralidade de comportamentos, nexo de causalidade entre o comportamento do partícipe e o
resultado do crime; vínculo subjetivo entre autor e partícipe e identidade do crime.
COMENTÁRIOS
O concurso de pessoas pode ser conceituado como a colaboração de dois ou mais agentes para
a prática de um delito ou contravenção penal.
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Circunstâncias incomunicáveis
Casos de impunibilidade
Vejam que a questão trata de apenas quatro, esquecendo da "existência de fato punível", que
para alguns autores não é um requisito, por ser inerente à própria noção de delito.
20. (FCC – 2012 – TJ/GO – JUIZ ESTADUAL) Em matéria de concurso de pessoas, é correto
afirmar que
a) nos crimes plurissubjetivos o concurso é eventual.
b) a autoria mediata configura coautoria.
c) nos crimes funcionais a condição de servidor público do autor não se comunica ao partícipe não
funcionário, se este desconhecia a condição daquele.
d) a participação de menor importância constitui circunstância atenuante, a ser considerada na
segunda etapa do cálculo da pena.
COMENTÁRIOS
B) ERRADA: A autoria mediata não configura coautoria pois na autoria mediata não há vínculo,
liame subjetivo entre o autor mediato e a pessoa que é "usada" como mero instrumento para a
prática do delito.
E) ERRADA: As penas devem ser aplicadas na medida da culpabilidade de cada um dos agentes,
nos termos do art. 29 do CP.
COMENTÁRIOS
A) ERRADA: Nos termos do art. 29, §1º, a pena poderá ser diminuída de um sexto a um terço caso
a participação seja de menor importância.
B) ERRADA: A pena a ser aplicada, neste caso, é a do crime MENOS grave, podendo haver uma
majoração caso fosse previsível a ocorrência do crime mais grave, nos termos do art. 29, §2º do
CP.
C) CORRETA: Cuidado! A Banca induz o candidato a achar que se está a tratar de crime OMISSIVO
puro, mas na verdade fala em crime COMISSIVO puro, que admite plenamente a participação. A
participação em crime OMISSIVO puro é controvertida na Doutrina.
E) ERRADA: A Doutrina não admite a participação dolosa em crime culposo (e o STJ também não),
nem a participação culposa em crime doloso.
COMENTÁRIOS
Nos termos do art. 29 do CP, cada um será punido na medida de sua culpabilidade:
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Assim, não há como definir, a princípio, quem receberia pena mais grave e quem receberia pena
menos grave. Também não podemos afirmar, categoricamente, que receberiam penas idênticas.
Assim, a alternativa que melhor resolve a questão é a letra E, eis que, de fato, havendo
culpabilidade igual, receberão penas igualmente graves. Se a culpabilidade for distinta, receberão
penas distintas.
23. (FCC - 2013 - DPE-AM - DEFENSOR PÚBLICO) Se alguém instiga outrem a surrar inimigo
comum, mas o instigado se excede e mata a vítima, é correto afirmar que
a) a conduta do partícipe é atípica.
b) o partícipe poderá responder por lesão corporal, sem qualquer aumento de pena, se não podia
prever o resultado morte.
c) o partícipe poderá responder por homicídio doloso, mas fará jus, necessariamente, ao
reconhecimento da participação de menor importância.
d) o partícipe poderá responder por lesão corporal, com a pena aumentada até um terço, se
previsível o resultado letal.
e) o partícipe não poderá responder por homicídio doloso, mesmo que tenha assumido o risco do
resultado morte.
COMENTÁRIOS
Aqui temos o que se chama de cooperação dolosamente distinta, que ocorre quando um dos
agentes quis participar de CRIME MENOS GRAVE, mas outro dos comparsas acabou praticando
CRIME MAIS GRAVE. Vejamos:
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
(...)
Vejam que, em qualquer caso, o agente que quis praticar o crime menos grave receberá a pena
DESTE. Entretanto, se o crime mais grave (e que efetivamente ocorreu) era previsível, a pena será
aumentada até a metade.
24. (FCC – 2012 – TRF5 – ANALISTA JUDICIÁRIO) Indivíduos que são alcançados pela lei penal,
não porque tenham praticado uma conduta ajustável a uma figura delitiva, mas porque,
executando atos sem conotação típica, contribuíram, objetivamente e subjetivamente, para a ação
criminosa de outrem
a) não são punidos por atipicidade da conduta.
b) são coautores e incidem na mesma pena cabível ao autor do crime.
c) são concorrentes de menor importância e têm a pena diminuída de um sexto a um terço.
d) são considerados partícipes e incidem nas penas cominadas ao crime, na medida de sua
culpabilidade.
e) podem ser coautores ou partícipes e a pena, em qualquer caso, é diminuída de um terço.
COMENTÁRIOS
Como o CP adotou a teoria objetivo-formal para distinguir autor e partícipe (sendo autor aquele
que pratica a conduta descrita no núcleo do tipo e partícipe aquele que colabora, de alguma
forma, com a conduta do autor), temos que a alternativa correta é a letra D, pois tais pessoas são
consideradas partícipes e incidem nas penas cominadas ao crime, na medida de sua culpabilidade.
Vejamos:
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
25. (VUNESP – 2018 – PC-SP - INVESTIGADOR) No que diz respeito ao concurso de pessoas e
às expressas regras do CP (arts. 29 a 31),
(A) quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida
de sua punibilidade.
(B) quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida
de sua voluntariedade.
(C) não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando
elementares do crime.
(D) mesmo que o crime sequer seja tentado, o ajuste, a determinação ou a instigação e o auxílio
sempre são puníveis.
(E) aplica-se a mesma pena a todos os coautores, ainda que a participação seja de menor
importância.
COMENTÁRIOS
a) ERRADA: Item errado, pois “quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas
a este cominadas, na medida de sua CULPABILIDADE”, conforme art. 29 do CP.
b) ERRADA: Item errado, pois “quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas
a este cominadas, na medida de sua CULPABILIDADE”, conforme art. 29 do CP.
d) ERRADA: Item errado, pois se o crime não chega sequer a ser tentado, o ajuste, a determinação
ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, conforme art.
31 do CP.
e) ERRADA: Item errado, pois cada um responderá na medida de sua culpabilidade, não havendo
aplicação de pena necessariamente idêntica a todos os infratores. Ademais, se a participação é de
menor importância, a pena é diminuída de um sexto a um terço, conforme art. 29, §1º do CP.
26. (VUNESP – 2018 – PC-SP - ESCRIVÃO) A respeito do concurso de pessoas, é correto afirmar
que
(A) Mévio e Caio, pelo ajuste da prática de furto à residência de Tício, uma vez descoberto o
plano, serão punidos, ainda que o crime não chegue a ser tentado.
(B) Mévio e Caio, tendo furtado a residência dos pais de Caio, são isentos de pena, aplicando-se
a ambos o perdão legal que exime de pena os crimes patrimoniais, cometidos sem violência, em
detrimento de ascendentes.
(C) Mévio, tendo ajustado com Caio apenas a prática de furto à residência de Tício, responderá
pelos demais crimes eventualmente praticados por Caio, ainda que não previsíveis.
(D) Caio, empresário, ciente da condição de funcionário público de Mévio, tendo o auxiliado na
prática de peculato-furto, não responderá pelo crime funcional, já que a condição pessoal de
funcionário público de Mévio a ele não se comunica.
(E) Mévio, pela participação de menor importância na prática de furto à residência de Tício,
poderá ter a pena diminuída.
COMENTÁRIOS
a) ERRADA: Item errado, pois se o crime não chega sequer a ser tentado, o ajuste, a determinação
ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, conforme art.
31 do CP.
b) ERRADA: Item errado, pois a causa pessoal de isenção de pena do art. 181, II não se aplica ao
estranho que participa do crime (art. 183, II do CP), logo, apenas Caio será beneficiado pela causa
pessoal de isenção de pena.
c) ERRADA: Item errado, pois nesse caso terá havido cooperação dolosamente distinta, de forma
que Mévio responderá apenas pelo crime que quis praticar (furto), na forma do art. 29, §2º do CP.
d) ERRADA: Item errado, pois neste caso Caio também responderá por peculato-furto, pois a
condição pessoal do comparsa (ser funcionário público) se comunicará com Caio, por ser
elementar do delito, na forma do art. 30 do CP.
e) CORRETA: Item correto, pois se a participação é de menor importância, a pena pode ser
diminuída de um sexto a um terço, conforme art. 29, §1º do CP.
COMENTÁRIOS
b) ERRADA: Item errado, pois é necessário que haja relevância causal das condutas, ou seja, que
as condutas tenham, de alguma forma, contribuído para a infração.
c) CORRETA: Item correto, pois, de fato, a identidade (ou unidade) de infração penal é um dos
requisitos do concurso de agentes.
d) ERRADA: Item errado, pois não é necessário que a autoria seja incerta.
e) ERRADA: Item errado, pois o prévio ajuste é dispensável, podendo haver ajuste concomitante
à prática delituosa ou, até mesmo, adesão subjetiva de um dos agentes à conduta do outro.
COMENTÁRIOS
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
b) ERRADA: Item errado, pois neste caso (participação de menor importância) teremos uma causa
de diminuição de pena, e não atenuante genérica, conforme art. 29, §1º do CP (redução de um
sexto a um terço).
c) ERRADA: Item errado, pois ao concorrente que quis participar de crime menos grave será
aplicada a pena deste, mas essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido
previsível o resultado mais grave, conforme art. 29, §2º do CP (trata-se da chamada “cooperação
dolosamente distinta”).
e) ERRADA: Item errado, pois, salvo disposição expressa em contrário, o ajuste, a determinação
ou instigação e o auxílio não são puníveis se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado,
conforme art. 31 do CP.
a) Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida
de sua personalidade.
b) Se a participação for de maior importância, a pena pode ser majorada de um sexto a um terço.
c) Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena
deste; essa pena será aumentada até o dobro, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais
grave.
d) Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando
elementares do crime.
e) O ajuste, a determinação, a sedição ou instigação e o auxílio ou cooperação material não são
puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser executado.
COMENTÁRIOS
a) ERRADA: Item errado, pois quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas
a este cominadas, na medida de sua CULPABILIDADE, nos termos do art. 29 do CP.
b) ERRADA: Item errado, pois não há previsão de causa de aumento de pena para a participação
de maior importância, embora há causa de diminuição de pena para a participação de MENOR
importância, na forma do art. 29, §1º do CP.
c) ERRADA: Item errado, pois no caso de cooperação dolosamente distinta (participação em crime
menos grave), o agente que quis participar de crime menos grave, receberá a pena deste, mas
essa pena será aumentada até a METADE na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave,
na forma do art. 29, §2º do CP.
d) CORRETA: Item correto, pois esta é a exata previsão contida no art. 30 do CP, que estabelece
a incomunicabilidade das condições e circunstâncias de caráter pessoal, exceto quando forem
elementares do delito.
e) ERRADA: Item errado, pois tais condutas, como REGRA, não são puníveis se o crime não chega
pelo menos a ser tentado, na forma do art. 31 do CP.
30. (VUNESP – 2015 – PC-CE – INSPETOR) No que diz respeito ao concurso de pessoas, segundo
as disposições previstas no Código Penal, é correto afirmar que
a) não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, mesmo quando
elementares do crime.
b) quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas,
independentemente se quis participar de crime menos grave
COMENTÁRIOS
a) ERRADA: Item errado, pois tais circunstâncias e condições se comunicam quando forem
elementares do delito, nos termos do art. 30 do CP.
b) ERRADA: Item errado, pois se o agente quis participar de crime menos grave, e acaba
sobrevindo resultado mais gravoso, responde apenas pelo crime que quis praticar (cooperação
dolosamente distinta), com ou sem o aumento de pena (até a metade), a depender da
previsibilidade da ocorrência do resultado mais gravoso, nos termos do art. 29, §2º do CP.
c) ERRADA: Item errado, pois o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição
expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega a ser, ao menos, TENTADO. Se,
uma vez iniciada a execução, o resultado não ocorrer, os agentes responderão pelo delito na forma
tentada, nos termos do art. 14, II do CP.
d) CORRETA: Item correto, pois esta é a exata previsão contida no art. 29 do CP.
e) ERRADA: Item errado, pois se o agente quis participar de crime menos grave, e acaba
sobrevindo resultado mais gravoso, responde apenas pelo crime que quis praticar (cooperação
dolosamente distinta), com ou sem o aumento de pena (até a metade), a depender da
previsibilidade da ocorrência do resultado mais gravoso, nos termos do art. 29, §2º do CP.
31. (VUNESP – 2014 – PC-SP – DELEGADO) Segundo o conceito restritivo, é autor aquele que
a) tem o domínio do fato.
b) realiza a conduta típica descrita na lei.
c) contribui com alguma causa para o resultado.
d) age dolosamente na prática do crime.
e) pratica o fato por interposta pessoa que atua sem culpabilidade.
COMENTÁRIOS
Segundo o conceito restritivo de autor, adotado pelo CP, autor é aquele que realiza a conduta
descrita no núcleo do tipo penal, materializando, assim, a adoção da teoria objetivo-formal pelo
CP.
32. (VUNESP – 2014 – CÂMARA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – ADVOGADO) CP, art. 30:
quando se verifica o concurso de pessoas em matéria penal, não se comunicam as circunstâncias
e as condições de caráter pessoal,
a) salvo nos crimes contra a Administração Pública.
b) salvo no caso de extinção da punibilidade.
c) salvo nos crimes contra a Fé Pública.
d) salvo quando elementares do crime.
e) em hipótese alguma.
COMENTÁRIOS
33. (VUNESP – 2012 – DPE-MS – DEFENSOR PÚBLICO) No que tange ao concurso de pessoas
nos crimes de corrupção ativa e passiva, o Código Penal adotou a teoria
a) monista.
b) causal.
c) dualista.
d) pluralística.
COMENTÁRIOS
No que tange aos crimes de corrupção ativa e passiva o CP adotou a teoria dualista, eis que num
mesmo contexto criminoso, em relação ao corruptor e ao corrompido, cada um responderá por
um delito diferente (o particular por corrupção ativa e o funcionário por corrupção passiva).
COMENTÁRIOS
No concurso de agentes na prática de crime PRÓPRIO, a condição exigida pelo tipo penal (no
caso da concussão a condição de funcionário público), pertencente a apenas um dos comparsas,
aos demais se estende, quando for ELEMENTAR do delito.
Vejamos:
Circunstâncias incomunicáveis
35. (FGV – 2017 – OAB - XXIII EXAME DE ORDEM) Rafael e Francisca combinam praticar um
crime de furto em uma residência onde ela exercia a função de passadeira. Decidem, então,
subtrair bens do imóvel em data sobre a qual Francisca tinha conhecimento de que os
proprietários estariam viajando, pois assim ela tinha certeza de que os patrões, de quem gostava,
não sofreriam qualquer ameaça ou violência.
No dia do crime, enquanto Francisca aguarda do lado de fora, Rafael entra no imóvel para subtrair
bens. Ela, porém, percebe que o carro dos patrões está na garagem e tenta avisar o fato ao
comparsa para que este saísse rápido da casa. Todavia, Rafael, ao perceber que a casa estava
ocupada, decide empregar violência contra os proprietários para continuar subtraindo mais bens.
Descobertos os fatos, Francisca e Rafael são denunciados pela prática do crime de roubo
majorado.
Considerando as informações narradas, o(a) advogado(a) de Francisca deverá buscar
A) sua absolvição, tendo em vista que não desejava participar do crime efetivamente praticado.
B) o reconhecimento da participação de menor importância, com aplicação de causa de redução
de pena.
C) o reconhecimento de que o agente quis participar de crime menos grave, aplicando-se a pena
do furto qualificado.
D) o reconhecimento de que o agente quis participar de crime menos grave, aplicando-se causa
de diminuição de pena sobre a pena do crime de roubo majorado.
COMENTÁRIOS
36. (FGV – 2015 – TJ-RO – OFICIAL DE JUSTIÇA) O Código Penal brasileiro traz diversos crimes
que podem ser praticados por uma única pessoa, mas também prevê algumas hipóteses em que
o concurso de pessoas é necessário. Como regra geral, quando duas ou mais pessoas, unidas em
ações e desígnios, praticam em conjunto um delito, pode-se falar em concurso de pessoas. Sobre
essa tema, é correto afirmar que o Código Penal adotou, em regra, a Teoria:
a) Pluralista, com exceções;
b) Dualista, sem exceções;
c) Monista, com exceções;
d) Dualista, com exceções;
e) Monista, sem exceções.
COMENTÁRIOS
O CP brasileiro adotou a teoria monista, estabelecendo que todos aqueles que participam de uma
empreitada criminosa (em concurso de agentes), respondem pelo mesmo tipo penal (mesmo
crime). Todavia, existem exceções, como ocorre no caso do aborto provocado por terceiro com o
consentimento da gestante, no qual o terceiro responde por um crime (art. 126 do CP) e a gestante
responde por outro (art. 124 do CP).
37. (FGV – 2015 – TCE-RJ – AUDITOR SUBSTITUTO) Sobre o tema concurso de agentes, é
correto afirmar que:
a) em regra, aquele que instiga terceira pessoa à prática de um crime, por este responde, ainda
que o instigado não tenha iniciado a execução do delito;
b) não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, mesmo quando
elementares do crime;
c) na teoria da acessoriedade limitada, somente haverá a punição do partícipe se o autor houver
praticado uma conduta que seja típica, ilícita e culpável;
d) se um dos concorrentes quis participar de crime menos grave, a pena deste lhe será aplicada,
com o aumento de metade na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave;
e) não se exige homogeneidade de elemento subjetivo no concurso de pessoas, admitindo-se
participação culposa em crime doloso.
COMENTÁRIOS
a) ERRADA: Se o agente sequer inicia a execução, não há fato punível, na forma do art. 31 do CP.
d) ERRADA: O item foi dado como correto, mas está errado. Tal item trata da cooperação
dolosamente distinta, prevista no art. 29, §2º do CP:
Art. 29 (...) § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave,
ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na
hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
Como se vê, o agente que quis participar do crime menos grave responderá por este, mas sua
pena será aumentada ATÉ a metade caso fosse previsível o resultado mais grave. O item fala em
aumento DE METADE. Isso está errado, pois aumentar a pena DE METADE significa,
necessariamente, mais 50% de pena, ao passo que aumentar ATÉ A METADE significa que o
aumento pode CHEGAR A 50% (mas não necessariamente).
e) ERRADA: Item errado, pois o vínculo subjetivo entre os agentes deve ser homogêneo, ou seja,
os agentes devem “querer a mesma coisa”, de forma que não há possibilidade de haver
participação dolosa em crime culposo, e vice-versa.
38. (FGV – 2014 – PROCEMPA – ADVOGADO) Com relação ao tema responsabilidade penal no
concurso de pessoas, assinale a afirmativa incorreta.
a) A responsabilidade penal é individual, devendo cada agente responder na medida de sua
culpabilidade.
b) Ocorrendo desvio subjetivo entre os agentes, quem quis participar de crime menos grave
responde por este e não pelo crime mais grave praticado pelo outro agente.
c) Sendo a participação de menor importância, a pena pode ser reduzida de 1/6 a 1/3.
d) O Código Penal adotou a Teoria Monista sobre concurso de agentes sem exceção, devendo
todos os participantes responder pelo mesmo crime.
e) Não há participação dolosa em crime culposo.
COMENTÁRIOS
b) CORRETA: Tal item trata da cooperação dolosamente distinta, prevista no art. 29, §2º do CP.
Se o agente que quis participar do crime menos grave responderá por este, mas sua pena será
aumentada ATÉ a metade caso fosse previsível o resultado mais grave.
c) CORRETA: Item correto, pois esta é a exata previsão contida no art. 29, §1º do CP.
d) ERRADA: O CP brasileiro adotou a teoria monista, estabelecendo que todos aqueles que
participam de uma empreitada criminosa (em concurso de agentes), respondem pelo mesmo tipo
penal (mesmo crime). Todavia, existem exceções, como ocorre no caso do aborto provocado por
terceiro com o consentimento da gestante, no qual o terceiro responde por um crime (art. 126 do
CP) e a gestante responde por outro (art. 124 do CP).
Assim, adotamos uma teoria monista, com exceções (também chamada de “teoria monista
mitigada”).
e) CORRETA: Item correto, pois o vínculo subjetivo entre os agentes deve ser homogêneo, ou
seja, os agentes devem “querer a mesma coisa”, de forma que não há possibilidade de haver
participação dolosa em crime culposo, e vice-versa.
39. (FGV – 2013 – OAB – XI EXAME UNIFICADO) Sofia decide matar sua mãe. Para tanto, pede
ajuda a Lara, amiga de longa data, com quem debate a melhor maneira de executar o crime, o
melhor horário, local etc. Após longas discussões de como poderia executar seu intento da forma
mais eficiente possível, a fim de não deixar nenhuma pista, Sofia pede emprestado a Lara um
facão. A amiga prontamente atende ao pedido. Sofia despede-se agradecendo a ajuda e diz que,
se tudo correr conforme o planejado, executará o homicídio naquele mesmo dia e assim o faz. No
entanto, apesar dos cuidados, tudo é descoberto pela polícia.
A respeito do caso narrado e de acordo com a teoria restritiva da autoria, assinale a afirmativa
correta.
A) Sofia é a autora do delito e deve responder por homicídio com a agravante de o crime ter sido
praticado contra ascendente. Lara, por sua vez, é apenas partícipe do crime e deve responder por
homicídio, sem a presença da circunstância agravante.
B) Sofia e Lara devem ser consideradas coautoras do crime de homicídio, incidindo, para ambas,
a circunstância agravante de ter sido, o crime, praticado contra ascendente.
C) Sofia e Lara devem ser consideradas coautoras do crime de homicídio. Todavia, a agravante de
ter sido, o crime, praticado contra ascendente somente incide em relação à Sofia.
D) Sofia é a autora do delito e deve responder por homicídio com a agravante de ter sido, o crime,
praticado contra ascendente. Lara, por sua vez, é apenas partícipe do crime, mas a agravante
também lhe será aplicada.
COMENTÁRIOS
A teoria restritiva sustenta a tese de que autor do delito é aquele que pratica a conduta descrita
no núcleo do tipo penal (no caso em tela, o verbo “matar”), sendo partícipes todos aqueles que,
não praticando a conduta descrita no núcleo do tipo, prestam algum tipo de auxílio (moral ou
material).
No caso em tela, apenas Sofia praticou a conduta descrita no núcleo do tipo penal (matar), de
forma que apenas esta é considerada AUTORA do delito.
Lara, por sua vez, não é considerada autora do delito, mas PARTÍCIPE, por ter prestado auxílio
material (emprestando a faca) à Sofia.
Com relação à agravante (de ter sido praticado contra ascendente), esta não é extensível à Lara,
pois se trata de circunstância agravante de caráter pessoal, aplicável apenas ao infrator que possui
laço de parentesco com a vítima, nos termos do art. 65, II, e, C/C art. 30 do CP:
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem
ou qualificam o crime:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
(...) II - ter o agente cometido o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
40. (FGV – 2015 – OAB – XVI EXAME DE ORDEM) Maria Joaquina, empregada doméstica de
uma residência, profundamente apaixonada pelo vizinho Fernando, sem que este soubesse,
escuta sua conversa com uma terceira pessoa acordando o furto da casa em que ela trabalha
durante os dias de semana à tarde. Para facilitar o sucesso da operação de seu amado, ela deixa
a porta aberta ao sair do trabalho. Durante a empreitada criminosa, sem saber que a porta da
frente se encontrava destrancada, Fernando e seu comparsa arrombam a porta dos fundos,
ingressam na residência diversos objetos.
Diante desse quadro fático, assinale a opção que apresenta a correta responsabilidade penal de
Maria Joaquina.
a) Deverá responder pelo mesmo crime de Fernando, na qualidade de partícipe, eis que contribuiu
de alguma forma para o sucesso da empreitada criminosa ao não denunciar o plano.
b) Deverá responder pelo crime de furto qualificado pelo concurso de agentes, afastada a
qualificadora do rompimento de obstáculo, por esta não se encontrar na linha de seu
conhecimento.
c) Não deverá responder por qualquer infração penal, sendo a sua participação irrelevante para o
sucesso da empreitada criminosa.
d) Deverá responder pelo crime de omissão de socorro.
COMENTÁRIOS
No caso em tela, Maria Joaquina não deverá responder por qualquer infração penal, já que sua
conduta foi absolutamente irrelevante para o sucesso da empreitada criminosa. A colaboração de
Maria Joaquina não teve qualquer relevância para o fato criminoso, de maneira que não é punível
(um dos requisitos da punibilidade da participação é a relevância causal).
41. (FGV - 2012 - OAB - VIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO) Analise detidamente as seguintes
situações:
Casuística 1: Amarildo, ao chegar a sua casa, constata que sua filha foi estuprada por Terêncio.
Imbuído de relevante valor moral, contrata Ronaldo, pistoleiro profissional, para tirar a vida do
estuprador. O serviço é regularmente executado.
COMENTÁRIOS
Caso 01 – Tendo Amarildo agido mediante relevante valor moral, logo após injusta provocação
da vítima, Amarildo responde por homicídio privilegiado, mas essa circunstância, por ser de caráter
pessoal, não se comunica a Ronaldo, que responde por homicídio qualificado pelo motivo torpe
(mediante paga ou promessa de recompensa);
Caso 02 – Embora o delito de infanticídio seja crime próprio, que só pode ser praticado pela mãe
contra o próprio filho, durante o estado puerperal, é atualmente pacífico o entendimento no
sentido de que é possível concurso de agentes, desde que o comparsa saiba da condição de sua
comparsa, ou seja, saiba que ela está matando o próprio filho sob a influência do estado puerperal.
Assim, ambos responderão por infanticídio;
ali existentes. Enquanto Mário separava os objetos para subtração, Mauro é surpreendido com a
presença de um dos moradores que, ao reagir a ação criminosa, acaba sendo morto por Mauro.
Nesta hipótese
a) Mário e Mauro responderão pela prática de latrocínio.
b) Mário e Mauro responderão pela prática de furto.
c) Mário responderá pela prática de furto simples e Mauro responderá pela prática de furto
qualificado.
d) Mário responderá apenas pelo furto e Mauro responderá pela prática dos crimes de porte ilegal
de arma de fogo, furto e homicídio.
e) Mário responderá pela prática de furto e Mauro pelo crime de latrocínio.
4. (FCC – 2013 – TRT1 – JUIZ) Quanto aos demais agentes do crime, o parentesco entre o
autor e a vítima;
a) comunica-se, desde que elementar ao tipo.
b) comunica-se sempre, desde que por aqueles conhecido.
c) comunica-se para agravamento genérico da pena concreta.
d) comunica-se para atenuação genérica da pena concreta.
e) não se comunica em qualquer hipótese.
5. (FCC – 2014 – METRÔ-SP – ADVOGADO) Joaus, Joseh e Pedrus acertaram, mediante prévio
ajuste, a prática de um crime de furto qualificado em residência. Pedrus escolheu a residência e
emprestou seu veículo para o transporte dos objetos furtados. Joaus arrombou a porta da
residência indicada por Pedrus e entrou. Joseh entrou em seguida. Joaus e Joseh recolheram
todos os objetos de valor, colocaram no veículo e fugiram do local. Nesse caso,
a) Joaus, Joseh e Pedrus foram coautores.
b) Joaus foi autor, Joseh partícipe e Pedrus autor mediato.
c) Joaus e Joseh foram partícipes e Pedrus foi autor imediato.
d) Joaus, Joseh e Pedrus foram autores.
e) Joaus e Joseh foram coautores e Pedrus partícipe.
7. (FCC – 2014 – TJ-CE – JUIZ) Em tema de concurso de pessoas, é possível afirmar que
a) o concorrente, na chamada cooperação dolosamente diversa, responderá pelo crime menos
grave que quis participar, mas sempre com aumento da pena.
b) indispensável a adesão subjetiva à vontade do outro, embora desnecessária a prévia
combinação.
c) o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio nunca são puníveis, se o crime não chega,
pelo menos, a ser tentado.
d) não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, ainda que elementares
do crime.
e) a participação de menor importância constitui causa geral de diminuição da pena, incidindo na
segunda etapa do cálculo.
10. (FCC - 2007 - MPU - ANALISTA - PROCESSUAL) Maria, enfermeira, por ordem do médico
João, ministrou veneno ao paciente, supondo tratar-se de um medicamento, ocasionando-lhe a
morte. Nesse caso,
A) não há concurso de agentes, mas apenas um autor mediato, pela realização indireta do fato
típico.
B) há concurso de agentes, sendo João autor principal e Maria co-autora.
C) há concurso de agentes, sendo João autor principal e Maria partícipe.
D) há concurso de agentes, figurando tanto João como Maria na condição de autores.
E) há concurso de agentes, figurando Maria como autora e João como co-autor.
11. (FCC - 2007 - MPU - ANALISTA ADMINISTRATIVO) José instigou Pedro, agindo sobre a
vontade deste, de forma a fazer nascer neste a idéia da prática do crime. João prestou auxílio a
Pedro, emprestando-lhe uma arma para que pudesse executar o delito. José e João são
considerados, tecnicamente,
A) co-autores.
B) autores.
C) Partícipes.
D) partícipe e co-autor, respectivamente.
E) co-autor e partícipe, respectivamente.
12. (FCC - 2008 - MPE-CE - PROMOTOR DE JUSTIÇA) Nos chamados crimes monossubjetivos,
A) o concurso de pessoas é eventual.
B) o concurso de pessoas só ocorre no caso de autoria mediata.
C) o concurso de pessoas é necessário.
D) não há concurso de pessoas.
E) há concurso de pessoas apenas na forma de participação.
13. (FCC - 2011 - TRE-PE - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) De acordo com o
Código Penal brasileiro,
A) não há distinção entre autores, co-autores e partícipes, que incidem de forma idêntica nas penas
cominadas ao delito.
B) os autores, co-autores e partícipes incidem nas penas cominadas ao delito na medida de sua
culpabilidade.
C) ao autor principal será obrigatoriamente imposta pena mais alta que a dos co-autores e
partícipes.
D) ao autor principal e aos co-autores será obrigatoriamente imposta pena mais alta que a dos
partícipes.
E) ao autor principal será imposta a pena prevista para o delito, sendo que os co-autores e os
partícipes terão obrigatoriamente a pena reduzida de um sexto a um terço.
14. (FCC - 2011 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - TÉCNICO JUDICIÁRIO - SEGURANÇA) João instigou
José a praticar um crime de roubo. Luiz forneceu-lhe a arma. Pedro forneceu-lhe todas as
informações sobre a residência da vítima e sobre o horário em que esta ficava sozinha. No dia
escolhido, José, auxiliado por Paulo, ingressou na residência da vítima. José apontou-lhe a arma,
enquanto Paulo subtraiu-lhe dinheiro e jóias. Nesse caso, são considerados partícipes APENAS
A) Luiz e Pedro.
B) João, Luiz, Pedro e Paulo.
C) João, Luiz e Pedro.
D) José, Pedro e João.
E) João, José, Luiz e Pedro.
15. (FCC - 2011 - TRE-TO - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) No concurso de
pessoas,
A) se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de metade.
B) quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida
de sua culpabilidade.
C) se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena do
crime cometido, reduzida de um a dois terços.
D) as circunstâncias e as condições de caráter pessoal se comunicam, sejam, ou não, elementares
do crime.
E) a instigação e o auxílio, em qualquer hipótese, são puníveis mesmo que o crime não ocorra.
16. (FCC – 2006 – BCB – ANALISTA) Aquele que, sem praticar ato executório, concorre, de
qualquer modo, para a realização do crime, por ele responderá na condição de
a) coautor.
b) partícipe.
c) autor mediato.
d) coautor moral.
e) autor.
17. (FCC – 2010 – SEFIN/RO – AUDITOR-FISCAL) José, sabendo que seu desafeto Paulo estava
andando de bicicleta numa estrada estreita, instiga João, motorista do veículo em que se
encontrava, a imprimir ao veículo velocidade elevada, na esperança de que Paulo venha a ser
atropelado. João passa a correr em alta velocidade e atropela Paulo, mais adiante, ocasionado-
lhe a morte. Nesse caso, ambos responderão pelo crime, sendo que
a) ambos responderão por culpa.
b) José responderá por culpa e João por dolo eventual.
c) Jose responderá por dolo eventual e João por culpa.
d) ambos responderão por dolo eventual.
e) José responderá por dolo direito e João por dolo eventual.
18. (FCC – 2012 – ISS/SP – AFTM) A respeito do concurso de pessoas, é correto afirmar que
a) a importância da participação não influi na pena a ser imposta.
b) não é possível participação por omissão em crime comissivo.
c) é possível a participação em crime omissivo puro.
d) não pode haver participação em contravenção.
e) é possível participação dolosa em crime culposo.
19. (FCC – 2009 – DPE/MA – DEFENSOR PÚBLICO) Os requisitos para a ocorrência do concurso
de pessoas no cometimento de crime são:
a) pluralidade de comportamentos, nexo de causalidade entre o comportamento do partícipe e o
resultado do crime e vínculo objetivo-subjetivo entre autor e partícipe.
b) presença física de autor e partícipe, nexo de causalidade entre o comportamento do coautor e
o resultado do crime; vínculo subjetivo entre autor e partícipe e identidade do crime.
c) presença física de autor e partícipe, pluralidade de comportamentos, nexo de causalidade entre
o comportamento do partícipe e o resultado do crime; vínculo subjetivo entre autor e partícipe e
identidade do crime.
d) pluralidade de comportamentos, nexo de causalidade entre o comportamento do partícipe e o
resultado do crime; vínculo objetivo entre autor e partícipe e identidade do crime.
e) pluralidade de comportamentos, nexo de causalidade entre o comportamento do partícipe e o
resultado do crime; vínculo subjetivo entre autor e partícipe e identidade do crime.
20. (FCC – 2012 – TJ/GO – JUIZ ESTADUAL) Em matéria de concurso de pessoas, é correto
afirmar que
a) nos crimes plurissubjetivos o concurso é eventual.
b) a autoria mediata configura coautoria.
c) nos crimes funcionais a condição de servidor público do autor não se comunica ao partícipe não
funcionário, se este desconhecia a condição daquele.
executando atos sem conotação típica, contribuíram, objetivamente e subjetivamente, para a ação
criminosa de outrem
a) não são punidos por atipicidade da conduta.
b) são coautores e incidem na mesma pena cabível ao autor do crime.
c) são concorrentes de menor importância e têm a pena diminuída de um sexto a um terço.
d) são considerados partícipes e incidem nas penas cominadas ao crime, na medida de sua
culpabilidade.
e) podem ser coautores ou partícipes e a pena, em qualquer caso, é diminuída de um terço.
25. (VUNESP – 2018 – PC-SP - INVESTIGADOR) No que diz respeito ao concurso de pessoas e
às expressas regras do CP (arts. 29 a 31),
(A) quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida
de sua punibilidade.
(B) quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida
de sua voluntariedade.
(C) não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando
elementares do crime.
(D) mesmo que o crime sequer seja tentado, o ajuste, a determinação ou a instigação e o auxílio
sempre são puníveis.
(E) aplica-se a mesma pena a todos os coautores, ainda que a participação seja de menor
importância.
26. (VUNESP – 2018 – PC-SP - ESCRIVÃO) A respeito do concurso de pessoas, é correto afirmar
que
(A) Mévio e Caio, pelo ajuste da prática de furto à residência de Tício, uma vez descoberto o
plano, serão punidos, ainda que o crime não chegue a ser tentado.
(B) Mévio e Caio, tendo furtado a residência dos pais de Caio, são isentos de pena, aplicando-se
a ambos o perdão legal que exime de pena os crimes patrimoniais, cometidos sem violência, em
detrimento de ascendentes.
(C) Mévio, tendo ajustado com Caio apenas a prática de furto à residência de Tício, responderá
pelos demais crimes eventualmente praticados por Caio, ainda que não previsíveis.
(D) Caio, empresário, ciente da condição de funcionário público de Mévio, tendo o auxiliado na
prática de peculato-furto, não responderá pelo crime funcional, já que a condição pessoal de
funcionário público de Mévio a ele não se comunica.
(E) Mévio, pela participação de menor importância na prática de furto à residência de Tício,
poderá ter a pena diminuída.
b) quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas,
independentemente se quis participar de crime menos grave
c) o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não
são puníveis, se o crime, apesar de iniciada a execução, não chega a ser consumado.
d) quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida
de sua culpabilidade.
e) se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, a pena pode ser diminuída de
um sexto a um terço.
31. (VUNESP – 2014 – PC-SP – DELEGADO) Segundo o conceito restritivo, é autor aquele que
a) tem o domínio do fato.
b) realiza a conduta típica descrita na lei. ==e6a75==
32. (VUNESP – 2014 – CÂMARA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – ADVOGADO) CP, art. 30:
quando se verifica o concurso de pessoas em matéria penal, não se comunicam as circunstâncias
e as condições de caráter pessoal,
a) salvo nos crimes contra a Administração Pública.
b) salvo no caso de extinção da punibilidade.
c) salvo nos crimes contra a Fé Pública.
d) salvo quando elementares do crime.
e) em hipótese alguma.
33. (VUNESP – 2012 – DPE-MS – DEFENSOR PÚBLICO) No que tange ao concurso de pessoas
nos crimes de corrupção ativa e passiva, o Código Penal adotou a teoria
a) monista.
b) causal.
c) dualista.
d) pluralística.
No dia do crime, enquanto Francisca aguarda do lado de fora, Rafael entra no imóvel para subtrair
bens. Ela, porém, percebe que o carro dos patrões está na garagem e tenta avisar o fato ao
comparsa para que este saísse rápido da casa. Todavia, Rafael, ao perceber que a casa estava
ocupada, decide empregar violência contra os proprietários para continuar subtraindo mais bens.
Descobertos os fatos, Francisca e Rafael são denunciados pela prática do crime de roubo
majorado.
Considerando as informações narradas, o(a) advogado(a) de Francisca deverá buscar
A) sua absolvição, tendo em vista que não desejava participar do crime efetivamente praticado.
B) o reconhecimento da participação de menor importância, com aplicação de causa de redução
de pena.
C) o reconhecimento de que o agente quis participar de crime menos grave, aplicando-se a pena
do furto qualificado.
D) o reconhecimento de que o agente quis participar de crime menos grave, aplicando-se causa
de diminuição de pena sobre a pena do crime de roubo majorado.
36. (FGV – 2015 – TJ-RO – OFICIAL DE JUSTIÇA) O Código Penal brasileiro traz diversos crimes
que podem ser praticados por uma única pessoa, mas também prevê algumas hipóteses em que
o concurso de pessoas é necessário. Como regra geral, quando duas ou mais pessoas, unidas em
ações e desígnios, praticam em conjunto um delito, pode-se falar em concurso de pessoas. Sobre
essa tema, é correto afirmar que o Código Penal adotou, em regra, a Teoria:
a) Pluralista, com exceções;
b) Dualista, sem exceções;
c) Monista, com exceções;
d) Dualista, com exceções;
e) Monista, sem exceções.
37. (FGV – 2015 – TCE-RJ – AUDITOR SUBSTITUTO) Sobre o tema concurso de agentes, é
correto afirmar que:
a) em regra, aquele que instiga terceira pessoa à prática de um crime, por este responde, ainda
que o instigado não tenha iniciado a execução do delito;
b) não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, mesmo quando
elementares do crime;
c) na teoria da acessoriedade limitada, somente haverá a punição do partícipe se o autor houver
praticado uma conduta que seja típica, ilícita e culpável;
d) se um dos concorrentes quis participar de crime menos grave, a pena deste lhe será aplicada,
com o aumento de metade na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave;
e) não se exige homogeneidade de elemento subjetivo no concurso de pessoas, admitindo-se
participação culposa em crime doloso.
38. (FGV – 2014 – PROCEMPA – ADVOGADO) Com relação ao tema responsabilidade penal no
concurso de pessoas, assinale a afirmativa incorreta.
a) A responsabilidade penal é individual, devendo cada agente responder na medida de sua
culpabilidade.
b) Ocorrendo desvio subjetivo entre os agentes, quem quis participar de crime menos grave
responde por este e não pelo crime mais grave praticado pelo outro agente.
c) Sendo a participação de menor importância, a pena pode ser reduzida de 1/6 a 1/3.
d) O Código Penal adotou a Teoria Monista sobre concurso de agentes sem exceção, devendo
todos os participantes responder pelo mesmo crime.
e) Não há participação dolosa em crime culposo.
39. (FGV – 2013 – OAB – XI EXAME UNIFICADO) Sofia decide matar sua mãe. Para tanto, pede
ajuda a Lara, amiga de longa data, com quem debate a melhor maneira de executar o crime, o
melhor horário, local etc. Após longas discussões de como poderia executar seu intento da forma
mais eficiente possível, a fim de não deixar nenhuma pista, Sofia pede emprestado a Lara um
facão. A amiga prontamente atende ao pedido. Sofia despede-se agradecendo a ajuda e diz que,
se tudo correr conforme o planejado, executará o homicídio naquele mesmo dia e assim o faz. No
entanto, apesar dos cuidados, tudo é descoberto pela polícia.
A respeito do caso narrado e de acordo com a teoria restritiva da autoria, assinale a afirmativa
correta.
A) Sofia é a autora do delito e deve responder por homicídio com a agravante de o crime ter sido
praticado contra ascendente. Lara, por sua vez, é apenas partícipe do crime e deve responder por
homicídio, sem a presença da circunstância agravante.
B) Sofia e Lara devem ser consideradas coautoras do crime de homicídio, incidindo, para ambas,
a circunstância agravante de ter sido, o crime, praticado contra ascendente.
C) Sofia e Lara devem ser consideradas coautoras do crime de homicídio. Todavia, a agravante de
ter sido, o crime, praticado contra ascendente somente incide em relação à Sofia.
D) Sofia é a autora do delito e deve responder por homicídio com a agravante de ter sido, o crime,
praticado contra ascendente. Lara, por sua vez, é apenas partícipe do crime, mas a agravante
também lhe será aplicada.
40. (FGV – 2015 – OAB – XVI EXAME DE ORDEM) Maria Joaquina, empregada doméstica de
uma residência, profundamente apaixonada pelo vizinho Fernando, sem que este soubesse,
escuta sua conversa com uma terceira pessoa acordando o furto da casa em que ela trabalha
durante os dias de semana à tarde. Para facilitar o sucesso da operação de seu amado, ela deixa
a porta aberta ao sair do trabalho. Durante a empreitada criminosa, sem saber que a porta da
frente se encontrava destrancada, Fernando e seu comparsa arrombam a porta dos fundos,
ingressam na residência diversos objetos.
Diante desse quadro fático, assinale a opção que apresenta a correta responsabilidade penal de
Maria Joaquina.
a) Deverá responder pelo mesmo crime de Fernando, na qualidade de partícipe, eis que contribuiu
de alguma forma para o sucesso da empreitada criminosa ao não denunciar o plano.
b) Deverá responder pelo crime de furto qualificado pelo concurso de agentes, afastada a
qualificadora do rompimento de obstáculo, por esta não se encontrar na linha de seu
conhecimento.
c) Não deverá responder por qualquer infração penal, sendo a sua participação irrelevante para o
sucesso da empreitada criminosa.
d) Deverá responder pelo crime de omissão de socorro.
41. (FGV - 2012 - OAB - VIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO) Analise detidamente as seguintes
situações:
Casuística 1: Amarildo, ao chegar a sua casa, constata que sua filha foi estuprada por Terêncio.
Imbuído de relevante valor moral, contrata Ronaldo, pistoleiro profissional, para tirar a vida do
estuprador. O serviço é regularmente executado.
No exemplo 2, Lucas, que não está influenciado pelo estado puerperal, responderá por homicídio,
e Julieta pelo crime de infanticídio.
C) no exemplo 1, Amarildo responderá pelo homicídio privilegiado e Ronaldo pelo crime de
homicídio simples (ou seja, sem privilégio pelo fato de não estar imbuído de relevante valor moral).
No exemplo 2, tanto Lucas quanto Julieta responderão pelo crime de homicídio (ele na
modalidade simples, ela na modalidade privilegiada em razão da influência do estado puerperal).
D) no exemplo 1, Amarildo responderá pelo homicídio privilegiado e Ronaldo pelo crime de
homicídio qualificado pelo motivo fútil. No exemplo 2, Lucas, que não está influenciado pelo
estado puerperal, responderá por homicídio e Julieta pelo crime de infanticídio.
GABARITO