VONTADE E LIBERDADE (Guardado Automaticamente)
VONTADE E LIBERDADE (Guardado Automaticamente)
VONTADE E LIBERDADE (Guardado Automaticamente)
Introdução................................................................................................................................................1
2.2. Particularidade..............................................................................................................................7
2.3. Singularidade................................................................................................................................8
Conclusão..........................................................................................................................................14
Referências Bibliográficas.................................................................................................................15
Introdução
Uma considerável parcela dos filósofos supõe que o conceito de vontade livre esteja muito ligado
à noção de responsabilidade moral. Mas o significado da vontade não está esgotado por sua
conexão com a responsabilidade moral. A vontade também parece ser uma condição no amplo
campo de realizações de um indivíduo e está, intrinsecamente, relacionada a liberdade. A
liberdade é um dos valores fundamentais da existência humana e é o critério mais importante do
desenvolvimento social.
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1. Relação Vontade e Liberdade Humana
A filosofia é segundo Hegel “actividade pensante” (HEGEL, 1986, p.25), uma ideia que pensa
em si mesma, nela o espírito se coloca frente a frente consigo mesmo. Nesse autoconhecimento
não há nada externo, é o próprio pensamento, que entrou em si e se reconhece como a essência
das coisas; fora de tal Absoluto nada existe e, pelo contrário, tudo existe nele. Uma vez que tal
conhecimento do Absoluto é o objectivo mais elevado da filosofia, então, consequentemente, o
hegelianismo é uma filosofia do Absoluto. A Ideia absoluta, realizada no mundo, não é uma
substância fixa e repousante, mas é o começo para sempre vivo e em desenvolvimento, que se dá
através do processo dialéctico e, todo o real é a imagem desse processo. A filosofia é a imagem
desse movimento de pensamento Absoluto e o mundo, é um sistema de conexão orgânica.
“A liberdade é esse processo de saída de si, que na cisão própria de seu movimento reflexivo
de exteriorização, perfaz o movimento inverso, a volta a si, para empreender novamente… uma
nova exteriorização, na verdade uma externação. A liberdade decide-se nesse processo de
actualização do movimento lógico tal como ele se efectua na sucessão temporal da história. A
liberdade não pede definições, ela exige o trabalho de aventurar-se na objectividade do mundo,
criando assim suas próprias determinações.”
O pensamento absoluto objectivo é a força motriz de todas as coisas e atua como uma ideia
absoluta que está se desenvolvendo continuamente. A ascensão do abstracto para o concreto é o
princípio geral do desenvolvimento. A lógica hegeliana rompe o estreito horizonte da lógica
formal. Em sua Lógica dialéctica Hegel afirma que “o conceito se desenvolve a partir de si
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mesmo, progride e produz as suas determinações de maneira imanente” (HEGEL, 2003, 31). As
formas lógicas não são apenas significativas, mas também estão em conexão e desenvolvimento
mútuo.
O espírito subjectivo, a consciência humana, a percepção das coisas, revela nelas a manifestação
do espírito absoluto, daí a conclusão: “O que é racional é real e o que é real é racional” (HEGEL,
2003, XXXVI). Hegel acreditava que o existente é racional, quando expressa alguma
necessidade, uma regularidade.
No domínio do espírito objectivo, a liberdade adquire pela primeira vez a forma da realidade, do
ser disponível na forma de formações jurídico estatal.
“O espírito objectivo é a ideia absoluta apenas em si; no terreno da finitude” (HEGEL, 2005,
p.483) e suas manifestações: direito, moralidade e vida ética são examinadas por Hegel,
sistematicamente, em sua Filosofia do Direito, onde através da análise do conceito da vontade,
Hegel considera o que é necessário para a vontade alcançar sua liberdade, considerando a noção
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essencial de liberdade como sendo: “algo livre, independente e Auto determinante” (INWOOD,
1997, p. 205).
Nesse processo, o espírito sai da forma de subjectividade, conhece e objectiva a realidade externa
de sua liberdade: a objectividade do espírito entra em seus próprios direitos.
Mas, indiscutivelmente, uma melhor evidência de como Hegel viu o sistema direito como a
realização da liberdade é provida por sua identificação em outro lugar da liberdade com espírito
onde a filosofia nos ensina que todos os atributos do espírito existem apenas em virtude da
liberdade e, liberdade é a única propriedade autêntica do espírito. Para essa identificação, sugere
que o sistema de direito é a realização da liberdade através da realização do espírito, no
“percurso do seu desenvolvimento” (HEGEL, 1986, p. 23) na “história universal”, cuja
característica essencial seja a liberdade.
Neste sentido, a questão da liberdade é colocada por Hegel como uma oportunidade para a mente
humana compreender essência de si mesma e do mundo. Esse tema é abordado em sua filosofia
através do desdobramento do desenvolvimento do universal em suas formas concretas e
específicas, tornando-se um conceito universal concreto. Ao mesmo tempo, o conceito de
liberdade universal em sua dialéctica de desenvolvimento acaba por ser uma dialéctica universal
que reflecte a essência do mundo, sua unidade e integridade em desenvolvimento.
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1.3. O Conceito de Vontade
De acordo com sua concepção filosófica, Hegel considera a história do mundo como uma
realização progressiva da liberdade, que recebe expressão imediata e é “concretizada pelo
direito” (WEBER, 1993, p.48), estabelecendo, nesse momento de objectividade do espírito uma
organização da “realidade social”. Segundo Hegel o homem não nasce livre. A efectivação da
liberdade, Hegel compreende gradualmente como o desenvolvimento do espírito na história.
Assim, para Hegel, a ideia de direito, é a ideia de liberdade, e sua verdadeira compreensão só é
possível no processo de cognição de dois aspectos dialecticamente interconectados da ideia: o
conceito de direito e seu ser-aí, ou seja, o desenvolvimento do conceito na existência. No
entanto, como um ser presente, o direito não pode ser qualquer sistema real de normas que
operam em uma sociedade particular, mas apenas uma realidade legal, onde a realização da
liberdade e da lei é assegurada. A interacção entre direito e liberdade só pode ser exercida
através da vontade livre.
Hegel concebe a vontade como um conceito fundamental de sua filosofia do espírito objectivo; é
aí que entra sua concepção característica de liberdade. O ponto de partida na construção
filosófica hegeliana do sistema de leis como o domínio da liberdade realizada é a vontade. A
liberdade constitui a substância e a definição básica da vontade, assim “como gravidade constitui
a substância dos corpos” (HEGEL, 2003, P. 17), e a vontade tem como “finalidade a realização
do seu conceito, a liberdade no aspecto objectivo.” (HEGEL, 2005, P.483).
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O espírito é o pensamento, porém “como pensamento do mundo, só aparece quando a realidade
efectuou e completou o processo da sua formação” (HEGEL, 2003, p. XXXIX). Para Hegel o
pensar é “fazer passar alguma coisa a forma da universalidade” (HEGEL 1986, p.131) e, a “raiz
verdadeira da liberdade funda-se no pensamento, pois a ideia da liberdade é fundamentalmente
pensamento” (WEBER, 1993, p.49), logo pensamento e vontade, são dois aspectos do espírito,
teórico e prático, eles se penetram e se complementam mutuamente. Ambos os lados, cada um à
sua maneira, geram uma unidade do subjectivo e do objectivo.
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actividade e acções. A natureza da relação entre os aspectos teóricos e práticos do pensamento é
muito importante para entender a vontade, sendo que “é no pensamento que o homem procura
sua liberdade” (HEGEL, 2003, p. XXXVII), e, consequentemente, toda a filosofia do direito.
2.1. Universalidade
Como ponto de vista sobre tal vontade, a universalidade abstracta ou liberdade negativa, Hegel
caracteriza o fanatismo religioso hindu e assim como no “fanatismo ativo da vida política”
(HEGEL, 1986, p.126) destruição revolucionária da velha ordem como o período de terror
revolucionário a Revolução Francesa.6
2.2. Particularidade
Embora pareça uma vontade tão negativa que aspira a algum estado positivo, por exemplo, à
igualdade universal ou à vida religiosa universal, mas, de fato, essa vontade negativa como uma
"fúria da destruição” (HEGEL, 1994, p.125), basicamente, rejeita qualquer realidade positiva e
certeza objectiva de qualquer ordem positiva. Essa universalidade abstracta da vontade passa da
indeterminidade diferenciada para a diferenciação ao determinar como objecto ou conteúdo, que
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pode ser “dado pela natureza, ou gerado a partir do espírito” (HEGEL, 1994, p.126), então, a
vontade entra em existência. É o momento da particularidade da vontade, este é um momento de
determinação especial da vontade, um momento de finitude e isolamento, quando "não apenas
quero, mas quero algum algo” (HEGEL, 1986, p. 129).
2.3. Singularidade
De acordo com Rosenfield (1983, p. 38), “quando a vontade entra na objectividade ela mostra
como o “eu” individual dirige-se a particularidade de uma coisa, determinando o conceito de
vontade tal como aparece sob a forma do verbo querer”. Neste momento, a coisa especial que o
desejo quer uma restrição, a vontade em geral deve se limitar para ser uma vontade. Hegel
também considera a particularidade da vontade como o momento de transferência do subjectivo
para o objectivo, através de uma determinada actividade, usando os meios necessários. Em
finitude a vontade é livre apenas em conceito, formalmente, mas não em conteúdo. Antes da
transição para sua especificidade, a vontade enfrentou muitas oportunidades. Por escolha e
decisão, entra em um indivíduo, passando da possibilidade para a realidade. Mas o resultado de
uma decisão abstracta da vontade é uma liberdade de vontade abstracta, formal, arbitrária e
aleatória, porque o conteúdo da vontade ainda não é a liberdade em si.
Uma vontade verdadeiramente livre e verdadeira se torna quando seu conteúdo é idêntico a ela,
quando ela se deseja. Essa vontade é livre em si mesma e, por si mesma, eliminou todo o
arbitrário e falso, libertou-se de toda subjectividade e aleatoriedade do conteúdo de sua escolha
imediata. Aqui se alcança os primórdios do das figurações da liberdade, e “a liberdade se produz
nas figuras que actualizam a sucessão dos acontecimentos nas determinações do conceito”
(ROSENFIELD, 1983, p.32) através do desenvolvimento das articulações da vontade.
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3. O Desenvolvimento das Determinações da Vontade
Foi demonstrado anteriormente que a vontade é o aspecto prático do espírito, por outro lado, é o
posicionamento de diferenças e autodeterminação em relação ao mundo externo. A esfera de
actividade, acções e os elementos que determinam os diferentes modos da vontade são: a
universalidade enquanto infinito abstracto e indeterminado; particularidade na sua reflexão sobre
si e o regresso para a universalidade ou a singularidade. Neste sentido, a singularidade aparece
como um conceito concreto onde “a universalidade e a particularidade apareceram como os
momentos do devir” (HEGEL, 2011, p.224). A partir deste momento a vontade é em si mesma.
A vontade livre apenas em si é a vontade que é livre unicamente em conceito, formalmente, mas
não em conteúdo. A vontade é a definição essencial de liberdade, mas ainda é meramente formal;
é apenas um esboço do que é a liberdade, e ainda não é a ideia de liberdade. O conteúdo da
vontade ainda precisa ser especificado. Não é qualquer escolha com a qual o “eu” é capaz de se
identificar. Para ser livre em um sentido real, o “eu” tem que se encontrar, em alguma escolha
particular que deve representar uma realidade adequada a ele mesmo.
Hegel passa, então, a considerar os diferentes tipos de conteúdo da vontade, revelando que “este
conteúdo, isto é, as diferentes determinações da vontade começam por ser imediatas” (HEGEL,
2003, §10), consistindo nas coisas que se apresentam para nós com base em nossos impulsos, é
uma vontade “imediata ou natural”. Nesse momento a vontade é relacionada aos impulsos,
desejos e inclinações, que determinam amplamente nossa conduta na infância. Nela, o sujeito
desejante é capaz de identificar-se como tal, mas não é capaz de conceber o conteúdo da vontade
(os desejos, impulsos e inclinações) como produtos seus. Para Hegel, a vontade natural é uma
vontade somente livre em si e finita dentro de si.7
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A liberdade nessa determinação é bastante rudimentar, pois se levanta a questão de dizer que, ser
imediatamente determinado por nossos impulsos, desejos e inclinações é antes uma forma de
determinação ou liberdade negativa. Sendo que a ideia é a verdade, se um objecto ou uma
determinação são concebidos, restritos à pura existência em si, o intelecto limita-se ao abstracto
da liberdade sem alcançar a sua ideia e a sua verdade.
A vontade é livre em si mesma, pois tem potencial para ser livre. Os impulsos, desejos e
inclinações podem ter relação com vários objectos e podem ser compreendidos de várias
maneiras. Para essas inclinações naturais, o “eu” tem a potencialidade de dizer não devido a sua
natureza abstracta. Tem a possibilidade de decidir. A vontade natural vai exigir uma decisão do
indivíduo deseja-te. Segundo Hegel, é através do decidir que “a vontade se põe como vontade de
um indivíduo determinado e como vontade de um indivíduo diferenciando-se em frente a outro”
(HEGEL, 2003, §13). Essa decisão pode ser identificada com a forma mais imediata de vontade,
pois é uma actividade não mais determinada pelos desejos sensíveis, mas pela abstracção do eu
com relação a eles.
No segundo estágio, o livre arbítrio como liberdade de escolha, a vontade age. Quando isso
acontece, ela escolhe e, ao escolher, a vontade se apresenta como a vontade de um determinado
indivíduo que difere de outro indivíduo. É a liberdade, mas apenas liberdade formal ou liberdade,
na medida em que a vontade de alguém se relaciona com algo finito, limitado. O livre arbítrio é
antes a “vontade enquanto contradição”, porque segundo Weber (1993, p.), este é o “ponto de
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partida da vontade livre realizada”. É essa contradição que movimenta o processo dialéctico
inerente ao livre arbítrio.
Em uma exemplificação, Hegel analisa a relação entre o senhor e o escravo onde a vontade do
senhor se constitui pelo seu desejo particular. Essa vontade do senhor é definida como livre
arbítrio, pois está imerso nos propósitos finitos.8 Marx (2010, p.41) considera o arbítrio “o poder
soberano da vontade”, afirmando que “a ideia do poder soberano, como Hegel a desenvolve, é
apenas a ideia do arbitrário”. Hegel (2003, §15), declara que “a representação mais vulgar que se
faz da liberdade é a do livre-arbítrio”, pois, embora escolha livremente no início, o “eu” é, ainda,
determinado pelo objecto desejado.
O arbítrio é livre, por um lado, porque escolhe e decide sobre os desejos a serem satisfeitos e
seus modos de satisfação, mas, por outro lado, o arbítrio é vontade não livre porque seu conteúdo
é todo pré-determinado por circunstâncias externas. Neste sentido, o arbítrio é livre em si, mas
não em e para si. Não consegue ultrapassar a finitude.10
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afirma positivamente a necessidade de destruir certos desejos e impulsos para os outros como
purificação. O indivíduo purifica a sua disposição das coisas, o que, com o tempo, não
contribuirá para a sua felicidade final. Isso, ele experimenta como um dever. Ele faz isso por
processos de subordinação, que constroem uma teleologia.
A ideia, a princípio, é conhecimento finito e vontade finita, onde o conceito se libertou para si
mesmo se dando por realidade uma objectividade, ainda, abstracta. Porém o espírito subjectivo,
finito, estabelece para si, hipoteticamente, um mundo objectivo, mas através da acção ele precisa
ultrapassar essa hipótese e torná-la algo posto. Desse modo o mundo objectivo é a idealidade na
qual ele se identifica.
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liberdade, para Hegel, é a unidade da forma e do conteúdo. É somente quando a vontade
enquanto autodeterminação e universalidade concreta se juntam que temos uma unidade de
vontade e razão, o que se caracteriza pela objectificação do espírito.
Uma vontade se torna verdadeiramente livre em-si e para-si quando está completamente liberta
de toda contingência, subjectividade e, é baseada na compreensão correta de sua escolha, a
decisão tomada, consequentemente, “a vontade livre que quer a vontade livre” (Hegel, 1994,
p.151). Hegel acredita que é o resultado do longo desenvolvimento sócio histórico da sociedade
humana e afirma que essa transição não é fácil nem óbvia, mas uma questão de luta e esforço já
que o homem não nasce livre. Sua liberdade ele compreende gradualmente como o
desenvolvimento do espírito, da consciência.
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Conclusão
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Referências Bibliográficas
CHÂTELET, François. Hegel. Tradução: Alda Porto. Revisão técnica: Geraldo Frutuoso. Jorge
Zahar Editor. Rio de Janeiro. 1995
Hegel (2011) Ciência da lógica: (excertos); seleção e tradução Marco Aurélio Werle. — São
Paulo: Barcarolla.
INWOOD. (1997). Dicionário Hegel. Tradução: Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Editor, 1997.
KANT. (2003), Crítica da razão prática. Tradução de Valerio Rohden. São Paulo: Martins
Fontes,
MARX, Karl. Crítica da filosofia do direito de Hegel. Tradução Rubens Enderle e Leonardo de
Deus. [2.ed revista]. São Paulo: Boitempo, 2010.
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