Bioquímica: Aula 2
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AULA 2
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Figura 1 – Vias metabólicas (anabolismo e catabolismo) e a relação energética
entre ambas
TEMA 2 – GLICÓLISE
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seja, que captura e carrega energia para ser utilizada na produção de ATP.
Quando essa molécula não está capturando elétrons, está na sua forma oxidada
(NAD+); quando captura elétrons e hidrogênio, passa para sua forma reduzida
(NADH).
A energia contida nos carreadores e as reações oxirredutoras permitem
que uma composição estrutural engrenada extremamente aprimorada consiga
produzir ATP de forma contínua. Toda energia sendo produzida ao longo da
quebra da molécula de glicose vai sendo conservada no NAD e no FAD (flavina
adenina dinucleotídeo), que vão levar essa energia para um sistema específico,
que otimiza de forma completa essa utilização e produz, ao final, grandes
quantidades de ATP.
A glicólise acontece no líquido citoplasmático (citosol), não requer
oxigênio e é obtida em uma série de dez reações químicas, cada uma catalisada
por uma enzima diferente; essas etapas consistem em dois passos básicos – um
passo preparatório e um passo compensatório de recuperação energética, os
quais vamos estudar agora, e que podem ser observados na Figura 3.
Mesmo que a glicose seja uma molécula que carrega muita energia, para
que a glicólise produza ATP, é necessário um investimento energético inicial que
será recuperado ao final, quando a conversão da glicose a piruvato é concluída.
Assim, a glicose deve ser preparada recebendo 2 fosfatos (fosforilação), para
tornar a molécula mais instável, aumentando a chance de as ligações entre seus
átomos se desfazerem. Portanto, 2 moléculas de ATP são utilizadas na
fosforilação da glicose para doar íons fosfato, originando o ADP, e a frutose 1,6
difosfato.
Na próxima etapa ocorre a quebra da molécula frutose 1,6 difosfato,
gerando 2 moléculas com 3 átomos de carbono cada (diidroxiacetona-
fosfato/DHAP e glirealdeído-3-fosfato/GP). Apenas o GP segue na via glicolítica;
portanto, para que a DHAP entre na via, precisa ser convertida em GP;
ocorrendo essa conversão, as 2 moléculas de GP originadas seguirão na via
como ácido 1,3-difosfoglicérico. Sendo assim, para cada molécula de glicose, o
resultado será de 2 moléculas de ácido 1,3-difosfosfoglicérico. Essa reação de
conversão a 1,3-difosfoglicérico é realizada pela oxidação do GP na
transferência de 2 átomos de hidrogênio para NAD+, para formar NADH, e pela
adição de um fosfato de alta energia (Pi) à molécula de açúcar. O Pi de alta
energia é transferido ao ADP, formando ATP, a primeira produção de ATP da
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glicólise. Do 3-fosfoglicerato temos a conversão em 2-fosfoglicerato e, logo,
fosfoenolpiruvato, que é convertido em ácido pirúvico/piruvato.
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Fermentação é um processo metabólico que não requer, além do O2, um
sistema de transporte de elétrons, e utiliza uma molécula orgânica com aceptor
final de elétrons, sempre produzindo 2 ATP, com dedução de NAD, conforme
equação a seguir.
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oxidado a H2O e CO2, em vez de ser reduzido a lactato ou a outro produto da
fermentação.
Outros macronutrientes ingeridos (lipídeos e proteínas) também podem
ser quebrados em seus constituintes (ácidos graxos e aminoácidos) para entrar
no Ciclo de Krebs, porém, também serão convertidos a acetil-CoA, a forma como
a maioria dos combustíveis entra no ciclo. Acetil-CoA, assim como NAD e FAD,
é uma coenzima que funciona durante a descarboxilação. Coenzimas são
sustâncias que se associam a enzimas, ativando-as e transferindo elétrons.
Portanto, o primeiro passo a ser considerado aqui é a entrada do piruvato
na matriz mitocondrial e sua conversão em acetil-CoA, realizada por um
complexo enzimático – um grupo de enzimas – com liberação de uma molécula
de CO2 (descarboxilação); logo, com a perda de 1 átomo de carbono com a saída
de 1 CO2, originou-se uma estrutura com 1 carbono a menos, ou seja, 1 molécula
com 2 carbonos (acetil-CoA).
As etapas descritas estão demonstradas na figura abaixo.
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A partir daqui inicia-se o Ciclo de Krebs, com a 1ª etapa de condensação:
acetil-CoA mais oxaloacetato produzindo citrato com 6 carbonos; a 2ª etapa
compreende a conversão do citrato a cis-Aconitato, com a saída de 1 molécula
de água e a formação do isocitrato com hidratação; na 3ª etapa ocorre a
conversão do isocitrato a α-cetoglutarato (5 carbonos), com reação de
descarboxilação e a primeira transferência de elétrons pela molécula de NAD
ficando em seu estado reduzido NADH; na 4ª etapa ocorre novamente uma
descarboxilação, com a conversão do α-cetoglutarato em succinil-CoA (4
carbonos) e mais uma redução do NAD; na 5ª etapa o succinil-CoA é convertido
a succinato, com a associação de um Pi a 1 molécula de GDP, formando um
GTP; a 6ª etapa converte succinato a fumarato, com a transferência de elétrons
pelo FAD, com sua redução a FADH2; na 7ª etapa ocorre a hidratação do
fumarato, formando o L-malato; na última etapa, o L-malato é oxidado a
oxaloacetato, com redução do NAD.
Observando o Ciclo de Krebs como um todo, vemos que ocorreu uma
série de reações bioquímicas nas quais a quantidade de energia armazenada na
acetil-CoA é liberada por etapas, por reações de oxidação-redução realizadas
por coenzimas carreadoras de elétrons (NAD e FAD). Podemos observar
também que, para cada molécula de acetil-CoA que entra no ciclo, temos: 2
moléculas de CO2 liberadas por reação de descarboxilação, 3 moléculas de
NADH e 1 molécula de FADH2 produzidas por reações de oxidação-redução e 1
molécula de GTP (ATP) gerada por fosforilação. Ainda, temos como produto
desse ciclo os intermediários que desempenham funções em outras vias,
principalmente na biossíntese de aminoácidos. Portanto, as principais funções
do Ciclo de Krebs são a produção de agentes redutores (NAD e FAD) e a função
anaplerótica (intermediários que participam de outras vias).
Na respiração celular inspiramos O2 e liberamos CO2 pelos pulmões
durante a expiração; esse CO2 é produzido no Ciclo de Krebs e é liberado na
atmosfera como um resíduo gasoso da respiração aeróbica; portanto, a
respiração tem um papel estritamente metabólico, resultando no CO2 como um
excreta do metabolismo celular e um produto consequente do processo oxidativo
da glicose, sendo uma consequência da síntese de ATP.
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TEMA 5 – CADEIA RESPIRATÓRIA
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respiração aeróbia, são produzidas 36 moléculas de ATP; tal diferença deve-se
à perda de energia no momento em que os elétrons são expelidos pelas
membranas mitocondriais que separam a glicólise (no citoplasma) da cadeia de
transporte; em procariotos, essa separação não existe.
No caso dos microrganismos que realizam anaerobiose utilizando uma
substância inorgânica como aceptor final de hidrogênio, a produção de ATP é
variável, sendo menor que 38, mas maior que 2. Aqueles que realizam
fermentação, utilizando uma molécula orgânica como aceptor final de hidrogênio,
produzem 2 moléculas de ATP por molécula de glicose.
A figura abaixo ilustra de forma resumida todas as etapas da respiração
discutidas na presente aula.
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NA PRÁTICA
Material necessário
Modo de preparo
FINALIZANDO
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“catabolismo”. Já o anabolismo consiste na formação (biossíntese) de moléculas
maiores e complexas com base em precursores menores.
O metabolismo da maioria dos organismos vivos utiliza a glicose como
principal substrato oxidável para geração de energia, e segue para dois
processos gerais: a respiração celular e a fermentação. Ambos os processos se
iniciam com o mesmo primeiro passo, a glicólise, mas seguem vias posteriores
diferentes, dependendo da presença ou não de oxigênio na célula.
Na presença de oxigênio, o piruvato entra na mitocôndria para que seja
realizado o Ciclo de Krebs, seguido da cadeia transportadora de elétrons. Os
complexos proteicos da membrana mitocondrial ficam transferindo os elétrons
de um lugar para outro, a fim de liberar energia aos poucos para bombear os
prótons de H para fora da matriz.
Na ausência desse aceptor de elétrons (o oxigênio), a célula desvia seu
metabolismo, realizando a fermentação, na qual uma molécula orgânica será o
aceptor final de elétrons, e haverá uma produção de apenas 2 moléculas de ATP.
O processo de fermentação é largamente utilizado na indústria para produção
de alimentos, bebidas e biocombustível.
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REFERÊNCIAS
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