A Clínica Psicanalítica Nos Limites Da Interpretação
A Clínica Psicanalítica Nos Limites Da Interpretação
A Clínica Psicanalítica Nos Limites Da Interpretação
Perla Klautau
Psicanalista, Mestre e Doutora em Psicologia Clínica pela PUC-Rio
[email protected]
Pedro Salem
Psicanalista, Mestre e Doutor em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social
da UERJ
[email protected]
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Dados biográficos apontam para o fato de que, além de Freud, a segunda grande
filiação intelectual de Winnicott encontra-se no naturalismo de Darwin (Kahr, 1997;
Phillips, 1988).
2
O termo continuidade é aqui proposto como uma alternativa conceitual à idéia de que
existiria entre mãe e bebê um estado inicial de indiferenciação. É preciso notar que
essa atmosfera de continuidade diz respeito ao plano subjetivo, no qual o surgimento
de uma experiência de eu diante de um objeto não eu significa uma conquista do
desenvolvimento psicossomático do bebê. No plano mais imediato da inscrição do
corpo no ambiente, porém, há, desde o início da vida, uma interação entre esses dois
polos. Trata-se aqui da intencionalidade inerente ao próprio funcionamento biológico
do organismo do bebê que, imediatamente após o nascimento, é capaz de discernir
o corpo próprio do resto do mundo, como têm extensamente sugerido as pesquisas
realizadas no âmbito da teoria ecológica do self, da psicologia do desenvolvimento
por ela inspirada e da fenomenologia. Sobre esse tópico, ver Butterworth (1998),
Reed (1996) e Rochat (2004).
3
Apesar de a confiança ter recebido considerável atenção das ciências sociais, sobretudo
nos últimos vinte anos, pode-se afirmar que poucas vezes se converteu em um objeto
de investigação conceitual mais apurado no seio da psicanálise. Isso não significa,
entretanto, que Winnicott tenha sido o único a dispensar ao termo um olhar mais
interessado. Pode-se igualmente citar autores como Balint (1959), Erikson (1976) e
Bowlby (1973), por exemplo, como psicanalistas que mais detidamente se debruça-
ram sobre as implicações psicológicas da confiança. Para maiores detalhes, ver Salem
(2006) e Salem & Costa (2003).
4
Winnicott refere-se a tais experiências dolorosas como a base das “angústias primiti-
vas”. Dentro dessa categoria de sofrimento psíquico, inclui também a desintegração
psicótica, a perda da cumplicidade da psique-soma e a perda do senso de realidade
e da capacidade de relacionar-se com os objetos (Winnicott, 1974).
É correto falar dos desejos do paciente; por exemplo, o desejo de ficar quieto. Com
o paciente regredido, porém, o termo desejo revela-se inadequado. Em seu lugar,
Enviado em 7/5/2008
Aprovado em 19/12/2008
Referências