A Catarse Na Educação
A Catarse Na Educação
A Catarse Na Educação
RESUMO
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Licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Campinas e Especialista em Formação de
Educadores Ambientais pela mesma instituição. Atualmente é aluno do mestrado em Educação na
universidade Federal de São Carlos, Campus Sorocaba e integrante do Grupo de Pesquisa em Teorias e
Fundamentos da Educação na mesma instituição. Têm experiência na área de Fundamentos da Educação,
teorias Pedagógicas e Educação e Meio Ambiente. E-mail: [email protected]
2. OBJETIVO
3. METODOLOGIA
Sendo uma pesquisa de caráter teórico, os dados foram levantados a partir da leitura de
4.1 Sobre os principais conceitos de Antonio Gramsci para o estudo da catarse e sua
relação com a educação
de forma árdua atrás de respostas para os problemas das lutas de classes que se travavam na
Itália, em particular, e na Europa, em geral, no início do século XX. Seu interesse era o de
conhecer com profundidade essa realidade e transformá-la radicalmente. A Revolução
Socialista nas sociedades do ocidente, onde estava a Itália de Gramsci, era o horizonte
teórico-prático que estimulava o comunista sardo a produzir novas respostas, fundamentado
nas ideias de Marx. A realidade no ocidente era diferente da realidade da Revolução Russa, e
diante da própria derrota do movimento operário italiano, que tinha Gramsci como uma das
principais lideranças, a tomada do poder central não era resposta suficiente para uma
revolução social nos países de capitalismo avançado.
Segundo Martins,
um novo tipo de escola, a escola unitária, uma escola que visa a superar as
dessas emoções”.
Segundo Coutinho,
Os estudos sobre a obra de Antonio Gramsci que tratam do conceito de catarse são
unívocos em afirmar que a catarse é uma categoria central na obra do revolucionário italiano
(cf.COUTINHO, 2011; GRISONI & MAGGIORI, 1973; JOUTHE, 1990; THOMAS, 2009b).
Jouthe (1990, p. 27) aponta que o termo catarse ou suas variações ocorrem 2 vezes nas
Cartas de Gramsci escritas no cárcere: uma endereçada a Tânia, sua cunhada, em 9 de maio de
1932; e outra para Julia, sua esposa, em 8 de outubro de 1933. Seguem os trechos das cartas
onde Gramsci usa a palavra catarse:
- Trecho da carta à Tânia - “[...]o momento seguinte, no qual as forças desencadeadas com
anterioridade foram equilibradas, uma catarse, por assim dizer [...]” (idem, ibidem)
- Trecho da carta à Julia - [...] A catarse [...] através do qual os sentimentos são sentidos
'artisticamente' como algo belo, e não como uma paixão comum e ainda em atividade ";
(idem, ibidem)
Sendo os Cadernos do Cárcere considerado por seus estudiosos o momento de
elaboração teórica mais elevado da obra de Antonio Gramsci, e pelos limites metodológicos
dessa pesquisa, neles nos focaremos para interpretar o significado da catarse gramsciana e
suas implicações para os processo educativos.
Ainda segundo Jouthe (idem, ibidem), Gramsci elabora de maneira explicita sua
concepção da catarse em 5 momentos de suas notas carcerárias. Abaixo traremos os 5 trechos
apontados por Jouthe onde a elaboração gramsciana da catarse é feita de maneira direta e que
podem ser consultadas em sua totalidade no Volume 1 dos Cadernos do Cárcere da edição
brasileira organizada por Carlos Nelson Coutinho, Marco Aurélio Nogueira e Luiz Sérgio
Henriques (GRAMSCI, 1999a), o qual utilizamos para sanear possíveis desvios de tradução
do francês:
- Caderno 11, § 67 - “[…] De Man 'estuda' os sentimentos populares; não concorda com eles
para dirigi-los e conduzi-los a uma catarse de civilização moderna: […]” (idem, p. 222).
- Caderno 10,Parte I, § 6 - “[…] a 'catarse' do momento econômico ao momento ético-
político, isto é, a síntese do próprio processo dialético […]” (idem, p.293).
- Caderno 10, Parte I, § 7 - “[…] o momento ético-político é, na história, o que o momento da
'forma' é na arte; é a 'liricidade' da história, a 'catarse' da história.[...]” (idem, ibidem)
- Caderno 10, Parte I, § 10 – “É filosofia a concepção do mundo que representa a vida
intelectual e moral (catarse de uma determinada vida prática) de todo um grupo social em
movimento [...]” (idem, p.302)
- Caderno 10, Parte II, § 6 – “Pode se empregar a expressão 'catarse' para indicar a passagem
do momento meramente econômico (ou egoístico-passional) ao momento ético-político, isto
é, a elaboração superior da estrutura em superestrutura na consciência dos homens.” (idem, p.
314)
As indicações feitas por Jouthe (1990) devem ser acrescidas de mais duas passagens
onde Antonio Gramsci usa o termo catarse de forma explicita nos Cadernos do Cárcere,
especificamente, atribuindo-lhe um sentido mais estético, mas que não deixa de apontar para
dimensões ético-política do processo catártico (cf. COUTINHO, 2011, p. 123). Os trechos são
os seguintes:
- Caderno 4, § 82 - “[…] Sobre 'teve' recai o acento 'estético' e 'dramático' do verso e [este] é
a origem do drama de Cavalcanti, interpretado nas didascálias de Farinata: e é a 'catarse'.”
(GRAMSCI, 1999b, p.231, nossa tradução)
- Caderno 21,§ 6 - “O que deveria ser o chamado teatro de ideias se não isto, a representação
das paixões ligada aos costumes com soluções dramáticas que representam uma catarse
'progressista' […]?”(GRAMSCI, 2000a, p.46, nossa tradução)
As sete passagens citadas dos Cadernos do Cárcere de Antonio Gramsci que fazem
uso de maneira direta do termo catarse são fundamentais para entender o alcance do
significado desse conceito na produção gramsciana. Entretanto a temática da catarse não se
limita a apresentação e utilização do termo catarse por Gramsci em seus escritos. Como
veremos ao longo da exposição dos resultados dessa pesquisa, a catarse é um conceito central
do pensamento de Antonio Gramsci e para ser entendido em sua radicalidade necessita ser
interpretado em sua articulações com a totalidade do pensamento de Gramsci, sendo
inevitável para sua melhor compreensão a exposição dos vínculos que a catarse guarda com
outros conceitos da produção teórica de Antonio Gramsci.
modo não determinista de Gramsci conceber os vínculos entre essas esferas da vida humana.
Na leitura de Coutinho, essa passagem onde Gramsci explica a catarse indica
5. REFERÊNCIAS
COUTINHO, Carlos Nelson. De Rousseau a Gramsci: ensaios de teoria política. São Paulo:
Boitempo, 2011.
GRAMSCI, Antonio. Cuadernos del carcere. Tomo 2. 2ª ed. Cidade do México: Ediciones
Era; Puebla: Benemérita Universidad Autonoma de Puebla, 1999b.
GRAMSCI, Antonio. Cuadernos del carcere. Tomo 6. Cidade do México: Ediciones Era;
Puebla: Benemérita Universidad Autonoma de Puebla, 2000a.
GRAMSCI, Antonio. Cadernos do Cárcere. Volume II; edição e tradução, Carlos Nelson
Coutinho; co-edição, Luiz Sérgio Henriques e Marco Aurélio Nogueira. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2000b.
GRAMSCI, Antonio. Cadernos do Cárcere. Volume III; edição e tradução, Carlos Nelson
Coutinho; coedição, Luiz Sérgio Henriques e Marco Aurélio Nogueira. - 3ª edição – Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
SAVIANI, Dermeval. Histórias das ideias pedagógicas no Brasil. 3. ed. rev. Campinas, SP:
Autores Associados, 2010. (Coleção memórias da educação)
THOMAS, Peter D.. The Gramscian moment : philosophy, hegemony, and Marxism
Leiden. Boston(Historical materialism book series ; v. 24), 2009b.