Cs - Execução-Penal 2022
Cs - Execução-Penal 2022
Cs - Execução-Penal 2022
Edição 2022.1
APRESENTAÇÃO
Olá!
Como você pode perceber, reunimos em um único material diversas fontes (aulas + doutrina
+ informativos + + lei seca + questões) tudo para otimizar o seu tempo e garantir que você faça uma
boa prova.
Por fim, como forma de complementar o seu estudo, não esqueça de fazer questões. É muito
importante!! As bancas costumam repetir certos temas.
NORMATIVA INTERNACIONAL
1. INTRODUÇÃO
2. REGRAS DE TÓQUIO
2.1. ORIGEM
Salienta-se que a ideia de que a prisão não é a melhor alternativa penal não é nova, desde
Beccaria, com a obra Dos Delitos e Das Penas, criticava-se o modelo de punição, exigindo-se
respeito aos direitos fundamentais.
2 Idem.
2.2. PROPOSTA
A principal proposta das Regras de Tóquio é um Direito Penal Humanitário, buscando penas
não privativas de liberdade, penas alternativas.
No Brasil, a Lei 9.099/95, com seus institutos despenalizadores, pode ser considerada como
um reflexo das Regras de Tóquio.
Além disso, podemos citar a Lei 9.714/98 que reformou o Código Penal, trazendo
alternativas ao encarceramento, privilegiando as penas restritivas de liberdade.
a) Multa;
b) Prestação pecuniária;
2.4. CRÍTICAS
Ex.: Se o fato for socialmente tão relevante que uma simples multa seja suficiente e
necessária para a reprovação e prevenção da reiteração de sua prática, por que o Direito Penal
deve intervir?
3. REGRAS DE MANDELA
3.1. OBJETIVO
A preocupação primordial das Regras de Mandela é a dignidade dos presos, bem como a
questão humanizada do sistema penal.
Impõe o respeito pelo Estado aos direitos do preso, e a proteção destes contra qualquer
espécie de tratamento ou castigo degradante ou desumano.
degradantes e deverá ser protegido de tais atos, não sendo estes justificáveis
em qualquer circunstância. A segurança dos presos, dos servidores
prisionais, dos prestadores de serviço e dos visitantes deve ser sempre
assegurada.
Ressalta-se que as Regras de Mandela não foram o primeiro documento a tratar acerca da
dignidade do preso. São na verdade uma atualização, uma revisão das Regras Mínimas para o
Tratamento de Presos, fruto do 1º Congresso das Nações Unidas, ocorrido em Genebra, sobre a
Prevenção do Crime e o Tratamento dos Delinquentes.
e) Castigos coletivos.
4. REGRAS DE BANGKOK
4.1. CONCEITO
As Regras de Bangkok são as Regras das Nações Unidas para o tratamento de mulheres
presas, bem como medidas não privativas de liberdade para mulheres infratoras. Desta forma,
podemos afirmar que as Regras de Bangkok são uma fusão das alternativas penais com a dignidade
das presas.
4.2. OBJETIVO
Segundo o Ministro Ricardo Lewandowski: “Essas Regras propõem olhar diferenciado para
as especificidades de gênero no encarceramento feminino, tanto no campo da execução penal,
como também na priorização de medidas não privativas de liberdade, ou seja, que evitem a entrada
de mulheres no sistema carcerário. Embora se reconheça a necessidade de impulsionar a criação
de políticas públicas de alternativas à aplicação de penas de prisão às mulheres, é estratégico
abordar o problema primeiramente sob o viés da redução do encarceramento feminino provisório.
De acordo com as Regras de Bangkok, deve ser priorizada solução judicial que facilite a utilização
de alternativas penais ao encarceramento, principalmente para as hipóteses em que ainda não haja
decisão condenatória transitada em julgado.”
Importante salientar a redação dada pela Lei 13.434, de 2017, ao parágrafo único do art.
292 do CPP, vejamos:
Por fim, salienta-se que o CNJ reconhece que a Lei 13.434 foi fruto das Regras de Bangkok.
ou plano de atendimento pedagógico, com segurança efetivada por policiais militares. Pior: notou-
se, ainda, que agressões físicas ou psicológicas eram práticas constantes em várias dessas
unidades inspecionadas.” (Ricardo Lewandowski).
6. DIRETRIZES DE RIAD
Focam na prevenção aos atos infracionais Trazem normas para o tratamento mais
humanizado do adolescente que está
cumprindo medida socioeducativa.
EXECUÇÃO PENAL
Não prevalece, pois, a execução não tem natureza de caráter puramente administrativo, eis
que há na execução penal, em todo momento, decisões jurisdicionais
Igualmente, não é a corrente que prevalece, pois na execução penal não há exclusividade
de atos jurisdicionais.
Essa corrente é a que prevalece, a execução penal tem natureza de caráter misto. Segundo
Ada Pellegrini, “a execução penal é atividade complexa, que se desenvolve, entrosadamente, nos
planos jurisdicional e administrativo. Nem se desconhece que dessa atividade participam dois
Poderes estatais: o Judiciário e o Executivo, por intermédio, respectivamente, dos órgãos
jurisdicionais e dos estabelecimentos penais”.
Na hipótese de execução provisória da PPL, deve-se expedir guia? SIM, deve-se expedir a
guia de recolhimento provisória, nos termos da Resolução 113 do CNJ.
Art. 8º. Tratando-se de réu preso por sentença condenatória recorrível, será
expedida guia de recolhimento provisória da PPL, ainda que pendente
recurso sem efeito suspensivo, devendo, nesse caso, o juízo da execução
definir o agendamento dos benefícios cabíveis.
LEP. Art. 147. Transitada em julgado a sentença que aplicou a pena restritiva
de direitos, o Juiz da execução, de ofício ou a requerimento do Ministério
Público, promoverá a execução, podendo, para tanto, requisitar, quando
necessário, a colaboração de entidades públicas ou solicitá-la a particulares.
(...) I – O art. 147 da Lei de Execuções Penais determina que a pena restritiva
de direitos será aplicada somente após o trânsito em julgado da sentença
penal condenatória. II – O Plenário do Supremo Tribunal Federal julgou
procedente as Ações Diretas de Constitucionalidade 43/DF e 44/DF, ambas
de relatoria do Ministro Marco Aurélio, para assentar a constitucionalidade do
art. 283 do Código de Processo Penal. (...) STF. 2ª Turma. ARE 1235057
AgR, Rel. Ricardo Lewandowski, julgado em 27/03/2020.
Salienta-se que o STJ possui entendimento de que a ausência de guia de recolhimento não
impede o reconhecimento dos direitos do sentenciado, cabendo ao juiz da execução apreciar
eventuais pedidos formulados, independentemente da formação do processo de execução, sob
penal de violação de garantias constitucionais.
3. FINALIDADES DA LEP
Para fins didáticos analisaremos de forma separada, mas antes observe a sua redação:
A Lei de Execução Penal será aplicada para as sentenças condenatórias e, no que couber,
para as sentenças absolutórias impróprias (impõe medida de segurança).
Obs.: A LEP não se aplica para as medidas socioeducativas, previstas no ECA. A execução das
medidas socioeducativas é disciplina pela Lei 12.594/2012 (SINASE). Caso queira aprofundar,
recomendamos nosso CS de ECA.
Aqui, importante destacar que a pena é polifuncional, ou seja, possui finalidade retributiva,
preventiva e reeducativa.
a doutrina de Roxin, para quem as finalidades da pena podem ser divididas em:
a) Pena em abstrato
Sua finalidade é de prevenção geral. Atua ante do crime, a fim de evitar que os membros da
sociedade pratiquem infrações penais. Divide-se em:
Criada por Feuerbach, com base na Teoria da É a reafirmação do Direito Penal. Isto é, busca-
Coação Psicológica. Significa a intimidação se demostrar a vigência, a força, a autoridade
coletiva, ou seja, a pena é utilizada com o intuito do Direito Penal. Ideia de que o bem (lei penal)
de intimidar os demais membros da sociedade vence o mal (crime)
b) Pena em concreto
Além disso, a pena em concreto possui uma função de retribuição, ou seja, retribui-se
através da aplicação da pena o mal causado pelo condenado.
Dito isso, pode-se afirmar que na execução penal a pena terá a função de:
Ex.: art. 121, CP: pena de 6 a 20 Ex.: art. 121, CP: sentença Concretizar as finalidades da
anos. condenatória de 8 anos. prevenção especial e retribuição.
Finalidade de prevenção geral: visa Finalidade de prevenção especial Prevenção especial (positiva):
à sociedade e atua antes da prática (negativa): visa ao delinquente, ressocialização - reintegração do
do delito. buscando evitar a reincidência. condenado ao convívio social.
Espécies de prevenção geral: Finalidade de retribuição: retribuir Estas duas finalidades estão no
com um mal o mal causado. artigo 1º da LEP.
a) Prevenção geral POSITIVA:
afirma a validade da norma Questão: a prevenção geral não se LEP, Art. 1º A execução penal tem
desafiada pelo crime; opera nesta fase? Para a doutrina por objetivo efetivar as disposições
moderna, aqui não se tem a de sentença ou decisão criminal e
b) Prevenção geral NEGATIVA: pretensão de fazer da decisão um proporcionar condições para a
evita que o cidadão venha a exemplo para outros possíveis harmônica integração social do
delinquir. infratores em nome da prevenção condenado e do internado.
geral. Na sentença deve-se pensar
na pessoa do condenado. Caso se
pense na sociedade, será ignorado
o princípio da individualização da
pena.
Art. 45. Não haverá falta nem sanção disciplinar sem expressa e anterior
previsão legal ou regulamentar.
Além disso, na exposição de motivos da LEP consta que o Princípio da Legalidade deverá
nortear toda a Lei de Execução Penal, a fim de que não ocorra excesso ou desvio de execução,
capazes de comprometer a dignidade e a humanidade do Direito Penal.
Salienta-se que, conforme previsão constitucional, é possível distinção etária e sexual (art. 5º,
XLVIII da CF). Além disso, é possível distinção CULTURAL, manifestada pela previsão de prisão
cautelar especial para portadores de diploma superior.
A individualização da pena deve ser respeitada em três momentos distintos: pena em abstrato
(realizada pelo legislador); pena em concreto (realizada pelo juiz da sentença); na execução
(realizada pela Comissão Técnica de Classificação).
A Comissão Técnica de Classificação tem suas atribuições previstas no art. 6º, que teve sua
redação alterada pela Lei 10.792/03. Hoje, apenas acompanha a execução da pena privativa de
liberdade.
Nos demais casos (que não seja PPL) a Comissão atuará junto ao Juízo da Execução e será
integrada por fiscais do serviço social (LEP, art. 7º, parágrafo único).
a) Separar dos demais presos aqueles que, por motivo de seu histórico criminal ou pela
sua personalidade, possam vir a exercer uma influência negativa sobre os demais
presos;
Segundo Avena, conforme se infere do art. 8º, caput, da LEP, para o condenado ao
cumprimento de pena privativa de liberdade em regime fechado, além do exame de classificação,
deverá ser obrigatoriamente submetido a exame criminológico. Isso se justifica na circunstância de
que a imposição do regime fechado decorre da prática de crimes de maior gravidade. Entretanto,
para os presos que iniciem o cumprimento de pena em regime semiaberto, a realização do exame
criminológico é apenas facultativa, podendo ser por iniciativa da Comissão Técnica de Classificação
visando à correta individualização da execução. E para os condenados em regime aberto ou a pena
restritiva de direitos? Infere-se do art. 8º da LEP que não se realiza o exame criminológico nesses
casos.
Apesar da previsão legal, prevalece nos Tribunais Superiores que o exame criminológico é
facultativo, não importa o regime de cumprimento de pena fixado na sentença, o juiz deve fazer
análise do caso concreto.
Mesmo que inexigível, uma vez realizado o exame criminológico, nada obsta
sua utilização pelo magistrado como fundamento válido para o indeferimento
do pedido de progressão de regime.
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 451804/MS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em
18/09/2018.
Não existe qualquer vício no fato de o exame criminológico não ter sido feito
por médico psiquiatra. Além do psiquiatra, o STJ admite também a realização
do exame criminológico por psicólogo ou assistente social: A elaboração do
laudo criminológico por psiquiatra, psicólogo ou assistente psicossocial não
traz qualquer mácula ou ilegalidade à decisão que indeferiu a progressão de
regime com base em tal documento, mormente porque qualquer destes
profissionais está habilitado a realizar perícia técnica compatível com o que
se busca saber para a concessão do benefício de progressão de regime. STJ.
5ª Turma. AgRg no HC 440208/MS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,
julgado em 02/10/2018. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 451804/MS, Rel. Min.
Nefi Cordeiro, julgado em 18/09/2018.
Salienta-se que a Súmula Vinculante 5 não se aplica aos processos de execução penal.
Segundo Rafael Miranda, “a súmula trata de procedimentos disciplinares nos quais o faltoso
está em situação de normalidade, possuindo plenas condições de se defender, porque em
liberdade. O desiderato da súmula visa combater chicanas plantadas em processos administrativos
disciplinares por falto de defesa técnica. A parte deixa de constituir advogado e depois alega
nulidade por ausência de defesa técnica”. Continua “na execução penal os bens jurídicos discutidos
são a vida e a liberdade do sentenciado, protegidos pela irrenunciabilidade da defesa técnica”.
Qual a única forma de assistência que se preocupa com a VÍTIMA? Assistência social,
nos termos do art. 23, VII da LEP.
A defensoria pública ganhou um capítulo próprio na LEP (Incluído pela Lei nº 12.313, de
2010):
Ademais, o Conselho da Comunidade passou a ser órgão da execução penal (art. 81):
Além disso, a defensoria pública passa a fazer parte do conselho da comunidade (art. 81):
Egresso é aquele que deixa o presídio pelo prazo de um ano, bem como o que se encontra
em livramento condicional.
Nenhuma pena pode ser cruel, desumana ou degradante (Convenção Americana: 5.2; CR/88,
5.1. EXEQUENTE
Estado, apenas. Não obstante a possibilidade de o particular, nos casos expressos em lei,
perseguir a pena (ação penal privada), sua execução é monopólio do Estado (arts. 105 e 171 da
LEP).
Pode ser tanto o preso (definitivo ou provisório) quanto o sujeito a medida de segurança (art.
2º, parágrafo único da LEP).
Preso em flagrante, preso temporário e preso preventivo. A LEP aplica-se a eles no que
couber (exemplo: direitos do preso etc.).
Até fevereiro de 2009, o STF entendia que era possível a execução provisória da pena.
Desse modo, se o réu estivesse condenado e interpusesse recurso especial ou recurso
extraordinário, teria que iniciar o cumprimento provisório da pena enquanto aguardava o julgamento.
Os recursos extraordinário e especial são recebidos no efeito devolutivo. Assim, exauridas estão as
instâncias ordinárias criminais é possível que o órgão julgador de segundo grau expeça mandado
de prisão contra o réu (STF. Plenário. HC 68726, Rel. Min. Néri da Silveira, julgado em 28/06/1991).
No dia 05/02/2009, o STF, ao julgar o HC 84078 (Rel. Min. Eros Grau), mudou de posição
e passou a entender que não era possível a execução provisória da pena.
Obs.: o condenado poderia até aguardar o julgamento do REsp ou do RE preso, mas desde que
estivessem previstos os pressupostos necessários para a prisão preventiva (art. 312 do CPP).
Dessa forma, ele poderia ficar preso, mas cautelarmente (preventivamente) e não como
execução provisória da pena. Principais argumentos:
No dia 17/02/2016, o STF, ao julgar o HC 126292 (Rel. Min. Teori Zavascki), retornou para
a sua primeira posição e voltou a dizer que era possível a execução provisória da pena.
Principais argumentos:
• O recurso especial e o recurso extraordinário não possuem efeito suspensivo (art. 637
do CPP). Isso significa que, mesmo a parte tendo interposto algum desses recursos, a
decisão recorrida continua produzindo efeitos. Logo, é possível a execução provisória da
decisão recorrida enquanto se aguarda o julgamento do recurso.
• Até que seja prolatada a sentença penal, confirmada em 2º grau, deve-se presumir a
inocência do réu. Mas, após esse momento, exaure-se o princípio da não culpabilidade,
• “Em país nenhum do mundo, depois de observado o duplo grau de jurisdição, a execução
de uma condenação fica suspensa aguardando referendo da Suprema Corte”.
No dia 07/11/2019, o STF, ao julgar as ADCs 43, 44 e 54 (Rel. Min. Marco Aurélio), retornou
para a sua segunda posição e afirmou que o cumprimento da pena somente pode ter início com o
esgotamento de todos os recursos. Assim, é proibida a execução provisória da pena.
Vale ressaltar que é possível que o réu seja preso antes do trânsito em julgado (antes do
esgotamento de todos os recursos), no entanto, para isso, é necessário que seja proferida uma
decisão judicial individualmente fundamentada, na qual o magistrado demonstre que estão
presentes os requisitos para a prisão preventiva previstos no art. 312 do CPP. Dessa forma, o réu
até pode ficar preso antes do trânsito em julgado, mas cautelarmente (preventivamente), e não
como execução provisória da pena.
Principais argumentos:
• O art. 283 do CPP, com redação dada pela Lei nº 12.403/2011, previa que “ninguém
poderia ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da
autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória transitada
em julgado ou, no curso da investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária
ou prisão preventiva.”. Esse artigo era plenamente compatível com a Constituição em
vigor.
• O inciso LVII do art. 5º da CF/88, segundo o qual “ninguém será considerado culpado
até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”, não deixa margem a dúvidas
ou a controvérsias de interpretação.
• A Constituição não pode se submeter à vontade dos poderes constituídos nem o Poder
Judiciário embasar suas decisões no clamor público.
Importante consignar que o Pacote Anticrime alterou a redação do art. 283 do CPP, mas o
conteúdo é basicamente o mesmo, passando a prever que:
Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem
escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência
de prisão cautelar ou em virtude de condenação criminal transitada em
julgado. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
É importante destacar que os tribunais deverão ficar atentos ao exercício abusivo do direito
de recorrer, que visa, na realidade, postergar o trânsito em julgado e afastar a execução da pena.
Como forma de coibir tal comportamento, o Pacote Anticrime incluiu o III ao art. 116 do CP que
prevê que a prescrição não corre enquanto estiverem pendentes os embargos de declaração ou os
recursos aos Tribunais Superiores, quando estes forem inadmissíveis.
Além disso, o Pacote Anticrime alterou a redação do art. 492, I do CPP autorizando a
execução provisória da pena do júri quando a condenação for igual ou superior a 15 anos de
reclusão.
Por fim, a vedação da execução provisória da pena não impede a concessão antecipada
dos benefícios prisionais ao preso cautelar.
Há regra específica sobre a hipótese, prevista no art. 171, da Lei de Execuções Penais,
segundo a qual a execução iniciar-se-á após a expedição da competente guia, o que só se mostra
possível depois de “transitada em julgado a sentença que aplicar a medida de segurança”.
6. COMPETÊNCIA
A competência na LEP não é ditada pelo local ou natureza da vara criminal em que transitou
em julgado o processo de conhecimento, mas sim pelo local do estabelecimento onde o réu
estiver preso ou internado.
A pena privativa de liberdade será executada no local onde o condenado estiver preso. A
execução penal sempre vai atrás de onde está preso/internado o sentenciado. Exemplo: A execução
do Fernandinho beira-mar já passou por diversas comarcas brasileiras.
Se o sentenciado tiver sido condenado pela JF, porém estiver preso em estabelecimento
estadual, a execução correrá em Vara Estadual. Quem dita a competência é o estabelecimento
prisional (Súmula 192 do STJ). Se o presídio for Federal, a competência é da Vara da Execução
Federal.
Salienta-se que, de acordo com o entendimento do STJ, mesmo que a condenação não
tenha transitado em julgado (condenado provisório), se o réu estiver preso em unidade prisional, a
competência para decidir sobre os incidentes da execução, por exemplo, a antecipação da
progressão de regime, será da Justiça Estadual.
Essa regra pode ser extraída dos arts. 2º e 3º da Lei 11.671/08, que trata das transferências
para presídios federais.
No caso do sentenciado com foro por prerrogativa de função (e que não perdeu o cargo com
a condenação), a execução será da competência do próprio tribunal que o processou e julgou.
Em 1996, a Lei 9.268/96 alterou a redação do art. 51 do CP para prever que a pena de multa
não paga deveria ser convertida em dívida de valor, sendo cobrada por meio de execução.
Prevalecia que a competência para a cobrança seria da Procuradoria da Fazenda (Estadual ou
Federal), perante a Vara das Execuções Fiscais, havia, inclusive, entendimento sumulado do STJ
acerca do assunto.
No final de 2018, o STF (ADI 3.150) alterou o entendimento, passando a prever que a
legitimidade para a cobrança da multa seria do Ministério Público, perante a Vara das Execuções
Penais, durante o prazo de 90 dias, tendo em vista que a multa possui natureza jurídica de pena.
Caso o Ministério Público não promovesse a execução no prazo de 90 dias, surgiria a legitimidade
concorrente da Fazenda Pública.
Portanto, a partir de agora a competência para a execução da pena de multa será da Vara
das Execuções Penais, sendo a legitimidade exclusiva do Ministério Público, observando-se o rito
da Lei de Execuções Penais.
É competente o juiz da execução para unificar as penas todas, uma vez que há prolação de
diversas sentenças separadamente, burlando as regras de concurso.
UNIFICAÇÃO SOMA
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode
ser superior a 40 (quarenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.964,
de 2019)
§ 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja
soma seja superior a 40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para
atender ao limite máximo deste artigo. (Redação dada pela Lei nº
13.964, de 2019)
§ 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da
pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de
pena já cumprido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
7. ESTATUTO DO PRESO
O art. 3º explicita que o rol é exemplificativo: o preso tem direito a TUDO, salvo o que a
sentença lhe retirar.
O respeito deve ser estendido aos demais condenado, a fim de que se tenha, na medida do
possível, convivência harmônica.
O trabalho é dever do preso, não sendo cumprido deixará de receber benefício, bem como
poderá ensejar a falta grave.
O preso deve acatar a sanção disciplinar imposta. Obviamente, a sanção disciplinar deve
seguir o procedimento previsto em lei.
h) Indenização ao Estado
Para André Ribeiro Giamberardino, “a pessoa presa tem o dever de manter a higiene pessoal
e de seu alojamento, mas a ela não pode ser imputada a ausência de higiene crônica e decorrente
de quadros de superlotação e inadimplemento das políticas de assistência pelo Estado”.
OBS.: o art. 146-C da LEP traz o dever do preso de cuidar do aparato de monitoração eletrônica.
Conforme previsto nas Regras de Mandela, a todos os reclusos, de acordo com padrões
locais ou nacionais, deve ser fornecido um leito próprio e roupa de cama suficiente e própria, que
estará limpa quando lhes for entregue, mantida em bom estado de conservação e mudada com a
frequência suficiente para garantir a sua limpeza (Regra 21).
Além disso, prevê que a administração deve fornecer a cada recluso, a horas determinadas,
alimentação de valor nutritivo adequado à saúde e à robustez física, de qualidade e bem preparada
e servida, bem como todos os reclusos devem ter a possibilidade de se prover com água potável
sempre que necessário (Regra 22).
Por meio do trabalho garante-se a dignidade do preso, bem como é uma forma de
preparação e capacitação para quando for posto em liberdade.
A Lei 13.846/19, fruto da MP 871/2019, prevê que o auxílio reclusão será concedido:
• Danos causados pelo crime, desde que determinados judicialmente e não reparados por
outros meios;
• Pessoais;
Como todo trabalhador, o preso também faz jus a momentos de descansos e de recreação.
Salienta-se que este direito poderá ser suspenso ou ser restringido, de forma fundamentada
pelo diretor do estabelecimento penal, obviamente, deve-se observar o devido processo legal
administrativo, garantindo-se o contraditório e a ampla defesa.
Sempre que for compatível com a pena, o sentenciado possui direito de exercer suas
atividades anteriores.
Aos presos é garantido o direito de usufruir dos mesmos padrões de serviços de saúde
disponíveis para a comunidade.
Assistência jurídica será destinada para os presos que não possuírem recursos financeiros,
será desempenhada pela Defensoria Pública, dentro e fora dos estabelecimentos penais.
Art. 15. A assistência jurídica é destinada aos presos e aos internados sem
recursos financeiros para constituir advogado.
Art. 22. A assistência social tem por finalidade amparar o preso e o internado
e prepará-los para o retorno à liberdade.
Destaca-se, ainda, que todo preso possui direito à assistência religiosa, podendo ser
Art. 24. A assistência religiosa, com liberdade de culto, será prestada aos
presos e aos internados, permitindo-se lhes a participação nos serviços
organizados no estabelecimento penal, bem como a posse de livros de
instrução religiosa.
§ 1º No estabelecimento haverá local apropriado para os cultos religiosos.
§ 2º Nenhum preso ou internado poderá ser obrigado a participar de atividade
religiosa.
A Lei de Abuso de Autoridade tipificou como crime a conduta a conduta de impedir, sem
justa causa, a entrevista pessoal e reservada do preso com seu advogado.
Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reservada do preso
com seu advogado:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Salienta-se que a LEP não instituiu o direito à visita íntima. Na prática, a Res. CNPC n.
4/2011 e a Portaria MJ n. 1.190/2008 regulamentam a visita íntima a pessoa presa em
estabelecimentos prisionais. Além disso, a Regra 27, das Regras de Bangkok prevê que “onde
visitas íntimas forem permitidas, mulheres presas terão acesso a este direito do mesmo modo que
os homens.”
1ª C - considera não ser possível a realização de revista íntima em presídios, por ser ela
vexatória e atentatória à dignidade da pessoa humana, valor básico ensejador dos direitos
fundamentais. Ainda, invoca a proibição constitucional de se submeter qualquer pessoa a
tratamento desumano ou degradante (art. 5º, III).
O STF entende que não cabe habeas corpus para obter direito à visita íntima e nem para
pedir autorização de visita.
Não cabe habeas corpus para tutelar o direito à visita em presídio. STF. 1ª
Turma. HC 128057/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre
de Moraes, julgado em 1º/8/2017 (Info 871).
Por fim, de acordo com o entendimento do STJ (AgRg no AREsp 1602725/DF), o direito de
visitas pode sofrer limitações, diante das peculiaridades do caso concreto.
Visa impedir que haja tratamento mais severo ou mais benéfico sem justificativa.
As audiências não poderão ser negadas, cabendo a administração criar regras para que
sejam realizadas.
A CF, em seu art. 5º, XII, afirma que é inviolável o sigilo das correspondências, das
comunicações telegráficas e de dados e comunicações telefônicas. Prevê, ainda, fazendo uma
interpretação literal, que apenas o sigilo das comunicações telefônicas poderá ser violado quando
houver autorização judicial, nas hipóteses que a lei estabelecer.
Contudo, deve-se fazer uma interpretação sistemática, uma vez que não existem direitos
absolutos. É importante trabalharmos com o princípio da convivência das liberdades fundamentais,
assim é possível que os demais sigilos também sejam quebrados.
CNJ:
CS DE EXECUÇÃO PENAL – 2022.1 42
XVI) Atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da responsabilidade daautoridade
judiciária competente
Somente os direitos desses incisos (V, X e XV) podem ser restringidos ou suspensos. Essa
restrição é feita pelo DIRETOR DO ESTABELECIMENTO, como forma de sanção disciplinar (art.
53, III), salvo o acesso à correspondência do preso, que antes de ser sanção, trata-se de medida
de cautela e segurança.
Art. 54. As sanções dos incisos I a IV do art. 53 serão aplicadas por ato
motivado do diretor do estabelecimento e a do inciso V, por prévio e
fundamentado despacho do juiz competente.
§ 1o A autorização para a inclusão do preso em regime disciplinar dependerá
de requerimento circunstanciado elaborado pelo diretor do estabelecimento
ou outra autoridade administrativa.
§ 2o A decisão judicial sobre inclusão de preso em regime disciplinar será
precedida de manifestação do Ministério Público e da defesa e prolatada no
prazo máximo de quinze dias.
2ªC (majoritária) - o preso definitivo não vota nunca, pois tem suspensos os diretos políticos
(efeito secundário da condenação), independentemente do tipo ou da quantidade da pena (STF e
art. 8º da Resolução 113 do CNJ).
8. DISCIPLINA
As prisões, como se sabe, são verdadeiros agrupamentos humanos. Assim, como todo
grupo humano, necessitam de ordem e disciplina.
Segundo as Regras de Mandela, a disciplina e a ordem devem ser mantidas, mas sem
maiores restrições do que as necessárias para garantir a custódia segura, a segurança da unidade
prisional e uma vida comunitária bem organizada (Regra 36).
Os arts. 44 a 48 da LEP tratam das normas gerais acerca da disciplina, pertinente sua leitura.
Art. 48. Na execução das penas restritivas de direitos, o poder disciplinar será
exercido pela autoridade administrativa a que estiver sujeito o condenado.
Parágrafo único. Nas faltas graves, a autoridade representará ao Juiz da
execução para os fins dos artigos 118, inciso I, 125, 127, 181, §§ 1º, letra d,
e 2º desta Lei.
8.2. PRINCÍPIOS
As sanções disciplinares também devem ser norteadas por princípios, os quais precisam ser
respeitados.
Regra 39. 1. Nenhum preso pode ser punido, exceto com base nas
disposições legais ou regulamentares referidas na Regra 37 e nos
princípios de justiça e de devido processo legal; e jamais será punido
duas vezes pela mesma infração.
8.3. RECOMPENSAS
ELOGIO REGALIAS
9. FALTAS DISCIPLINARES
As faltas disciplinares, assim como as demais sanções disciplinares, devem seguir o Princípio
da Legalidade e da Anterioridade.
Art. 45. Não haverá falta nem sanção disciplinar sem expressa e anterior
previsão legal ou regulamentar.
Em suma:
LEVE
Definidas por
legislação local
FALTA MÉDIA
DISCIPLINAR
Definida pela
GRAVE
LEP
Obs.: Rafael Miranda defende que “a competência do legislador local se submete a limitações. Isso
porque, quando a Lei de Execução Penal delegou a competência legislativa das faltas leves e
médias, concedeu-lhe apenas a escolha das sanções pré-existentes em seu texto. Isso significa
que não poderá criar novas sanções diversas daquelas previstas no art. 53 da LEP ”.
O art. 50 da LEP apresenta, em rol taxativo, as faltas que, praticadas pelo condenado à pena
privativa de liberdade, são consideradas graves. O dispositivo foi alterado pelo Pacote Anticrime,
CS DE EXECUÇÃO PENAL – 2022.1 47
que incluiu nova espécie de falta grave.
Importante consignar que, no que couber, as condutas descritas no art. 50 da LEP também
serão consideradas faltas graves quando praticadas por preso provisório.
Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que:
I - incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina;
II - fugir;
III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade física
de outrem;
IV - provocar acidente de trabalho;
V - descumprir, no regime aberto, as condições impostas;
VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei.
VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou
similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente
externo.
VIII - recusar submeter-se ao procedimento de identificação do perfil
genético. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao preso
provisório.
• Para configurar falta grave, o art. 52 da LEP não exige a condenação por crime doloso.
O referido artigo menciona que a prática de fato previsto como crime doloso já representa
falta grave.
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/174f8f613332b27e9e8a5138adb7e920?pa
lavra-chave=prescinde+do+tr%C3%A2nsito+em+julgado&criterio-pesquisa=texto_literal
o réu terminar o cumprimento da pena anterior sem que tivesse sido julgado o novo delito
cometido.
O STF, em sede de Repercussão Geral – Tema 758 (Info 1001), decidiu de maneira
semelhante. Observe:
Obs.: A prática de crime culposo não configura falta grave. A prática de delito preterdoloso é
considerada crime doloso para fins de falta grave. Por fim, a doutrina afirma que a tentativa da
prática de crime doloso também configura falta grave em virtude do que dispõe o art. 49, parágrafo
único, da LEP. Assim, o apenado que tenta praticar crime doloso incorre em falta grave.
Importante consignar que, conforme entende o STJ (AgRg nos EDcl no HC 601533-SP –
Info 712) embora não se possa negar a independência entre as esferas - segundo a qual, em tese,
admite-se repercussão da absolvição penal nas demais instâncias apenas nos casos de inexistência
material ou de negativa de autoria -, não há como ser mantida a incoerência de se ter o mesmo fato
por não provado na esfera criminal e por provado na esfera administrativa. Assim, quando o único
fato que motivou a penalidade administrativa resultou em absolvição no âmbito criminal, ainda que
por ausência de provas, a autonomia das esferas há que ceder espaço à coerência que deve existir
entre as decisões sancionatórias.
A seguir analisaremos, de forma breve, cada uma das faltas graves contidas no rol taxativo
do art. 50.
• Edição 7
Ocorre que essa súmula (e a tese) encontram-se superadas, em parte (ou, nas palavras
do STJ, a súmula foi relativizada). Isso porque o STF decidiu o seguinte:
5) A prática de falta grave pode ensejar a regressão cautelar do regime prisional sem a
prévia oitiva do condenado, que somente é exigida na regressão definitiva.
Com a publicação da Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime), o art. 83, III, “b”, do Código
Penal passou a exigir o não cometimento de falta grave nos últimos 12 meses para a
concessão do livramento condicional. Essa alteração legislativa, contudo, não altera a
tese acima exposta.
10) A prática de falta grave não interrompe o prazo para aquisição do indulto e da
comutação, salvo se houver expressa previsão a respeito no decreto concessivo dos
benefícios.
• Edição 144
8) O reconhecimento de falta grave prevista no art. 50, III, da Lei n. 7.210/1984 dispensa
a realização de perícia no objeto apreendido para verificação da potencialidade lesiva,
por falta de previsão legal.
10) A posse de drogas no curso da execução penal, ainda que para uso próprio, constitui
falta grave.
• Edição 145
2) A decisão que reconhece a prática de falta grave disciplinar deverá ser desconstituída
diante das hipóteses de arquivamento de inquérito policial ou de posterior absolvição na
esfera penal, por inexistência do fato ou negativa de autoria, tendo em vista a atipicidade
da conduta.
4) A palavra dos agentes penitenciários na apuração de falta grave é prova idônea para
o convencimento do magistrado, haja vista tratar-se de agentes públicos, cujos atos e
declarações gozam de presunção de legitimidade e de veracidade.
8) A nova redação do art. 127 da Lei de Execução Penal - LEP, que prevê a limitação da
perda dos dias remidos a 1/3 (um terço) do total no caso da prática de falta grave, deve
ser aplicada retroativamente por se tratar de norma penal mais benéfica.
10) O rol do art. 50 da Lei de Execuções Penais (Lei n. 7.210/1984), que prevê as
condutas que configuram falta grave, é taxativo, não possibilitando interpretação
extensiva ou complementar, a fim de acrescer ou ampliar o alcance das condutas
previstas.
• Edição 146
8) O marco inicial da prescrição para apuração da falta grave em caso de fuga é o dia
da recaptura do foragido.
9) A falta grave pode ser utilizada a fim de verificar o cumprimento do requisito subjetivo
necessário para a concessão de benefícios da execução penal.
15) A falta grave disciplinar deve ser sopesada pelo órgão jurisdicional na análise do
requisito subjetivo para fins de concessão de trabalho externo, nos termos do art. 37 da
LEP.
16) Consoante previsão dos art. 50, VI, e art. 39, V, da LEP, configura falta grave a
recusa pelo condenado à execução de trabalho interno regularmente determinado pelo
agente público competente, não havendo que se confundir o dever de trabalho,
referendado pela Convenção Americana de Direitos Humanos (art. 6º), com a pena de
trabalho forçado, vedada pela Constituição Federal - art. 5º, XLVIII, c.
18) A prática de falta grave durante a execução permite a regressão de regime de pena
per saltum (art. 118, I, da LEP), sendo desnecessária a observância da forma
progressiva estabelecida no art. 112 da mesma lei.
Não se deve confundir com crime de motim, previsto no art. 354 do CP. Aqui, não se exige
o dolo e pode ser praticado apenas por um preso.
CP - Motim de presos
Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou disciplina da
prisão:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente
à violência.
9.3.2. Fuga
A fuga, para ser caracterizada como falta grave, não precisa ser praticada com violência.
Nos casos em que houver a prática de violência, estará caracterizado também o crime de evasão,
previsto no art. 352 do CP.
Caso o preso que esteja fora do estabelecimento penal, a exemplo da saída temporária e
desempenho de trabalho externo, resolva fugir, também praticará falta grave.
Como exemplo, o preso que possui faca, canivete ou instrumentos que possam ferir a
integridade dos demais presos ou dos agentes penitenciários. Basta a posse, não precisa estar
portando, e nem ter usado.
9.3.7. Ter em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que
permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo
O preso surpreendido com o aparelho de celular rádio ou similar prática falta grave.
Diante disso, indaga-se: se o condenado for encontrado portando apenas o chip do telefone
celular, ele cometerá falta grave? SIM. Configura falta grave não apenas a posse de aparelho
celular, mas também a de seus componentes essenciais, como é o caso do carregador, do chip ou
da placa eletrônica, considerados indispensáveis ao funcionamento do aparelho. Este é o
entendimento pacífico do STJ e do STF.
ATENÇÃO! Em provas para defensoria, a depender do que o seu examinador pedir, na segunda
fase e oral, sustentar que não, pois o chip sozinho não permite a comunicação.
Se o condenado for encontrado com fone de ouvido, essa conduta configura falta grave?
SIM. A posse de fones de ouvido no interior do presídio configura falta grave, ou seja, é conduta
formal e materialmente típica, portanto, idônea para o reconhecimento da falha e a aplicação dos
consectários. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 522.425/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em
10/09/2019.
O diretor de penitenciária que não veda a entrada do aparelho pratica o crime do art. 319-A
do CP (pena de 03 meses a 01 ano) – prevaricação imprópria.
O Pacote Anticrime criou uma hipótese de falta grave, consistente na recusa da pessoa
presa em se submeter ao procedimento de identificação do perfil genético previsto no art. 9º-A da
LEP.
Art. 9º-A. O condenado por crime doloso praticado com violência grave contra
a pessoa, bem como por crime contra a vida, contra a liberdade sexual ou por
crime sexual contra vulnerável, será submetido, obrigatoriamente, à
identificação do perfil genético, mediante extração de DNA (ácido
desoxirribonucleico), por técnica adequada e indolor, por ocasião do ingresso
no estabelecimento prisional.
§ 1o A identificação do perfil genético será armazenada em banco de dados
sigiloso, conforme regulamento a ser expedido pelo Poder Executivo.
§ 1º-A. A regulamentação deverá fazer constar garantias mínimas de
proteção de dados genéticos, observando as melhores práticas da genética
forense.
§ 2o A autoridade policial, federal ou estadual, poderá requerer ao juiz
competente, no caso de inquérito instaurado, o acesso ao banco de dados de
identificação de perfil genético.
§ 3º Deve ser viabilizado ao titular de dados genéticos o acesso aos seus
dados constantes nos bancos de perfis genéticos, bem como a todos os
documentos da cadeia de custódia que gerou esse dado, de maneira que
possa ser contraditado pela defesa.
§ 4º O condenado pelos crimes previstos no caput deste artigo que não tiver
sido submetido à identificação do perfil genético por ocasião do ingresso no
Art. 51. Comete falta grave o condenado à pena restritiva de direitos que:
I - descumprir, injustificadamente, a restrição imposta;
II - retardar, injustificadamente, o cumprimento da obrigação imposta;
III - inobservar os deveres previstos nos incisos II (obediência ao servidor e
respeito a qualquer pessoa com quem deva relacionar-se) e V (execução do
trabalho, das tarefas e das ordens recebidas), do artigo 39, desta Lei.
Destaca-se que o art. 181 da LEP prevê a conversão da pena alternativa em privativa de
liberdade quando o condenado praticar falta grave.
4 http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4991018
sim.
É o diretor do estabelecimento prisional quem aplica as sanções disciplinares? Em regra,
• Se a sanção disciplinar for leve ou média: quem aplicará a sanção disciplinar será sempre o diretor
do estabelecimento.
• Se a sanção disciplinar for grave: o diretor deverá comunicar o juiz da execução penal para que este
aplique determinadas sanções que o legislador quis que ficassem a cargodo magistrado.
Quais sanções são essas que somente podem ser aplicadas pelo juiz da execução? Elas
estão previstas no parágrafo único do art. 48:
• Conversão da pena restritiva de direitos em privativa de liberdade (art. 181, §§ 1º, “d” e
2º).
Isso significa que a Súmula 533 do STJ foi superada, em parte, ou, nas palavras do STJ, o
enunciado foi "relativizado":
EXECUÇÃO PENAL
Consequências decorrentes da prática de FALTA GRAVE:
LIVRAMENTO CONDICIONAL: para ter direito ao benefício o réu não pode ter cometido falta grave nos
últimos 12 meses. Por outro lado, a falta grave não interrompe o prazo para obtenção do livramento
condicional (Súmula 441-STJ).
9.8. PRESCRIÇÃO
Não existe lei federal prevendo prazo prescricional. Por essa razão, a jurisprudência aplica,
por analogia, o menor prazo prescricional existente no Código Penal, qual seja, o de 3 anos, previsto
no art. 109, VI, do CP.
Assim, se entre o dia da infração disciplinar e a data de sua apreciação tiver transcorrido prazo
superior a 3 anos, a prescrição restará configurada.
Obs.: o prazo de 3 anos, menor prazo prescricional, foi introduzido pela Lei 12.234/2010. Antes, o
menor
CS prazo eraPENAL
DE EXECUÇÃO de 2 anos. Assim, a falta grave cometida até a entrada em vigor da Lei 12.234/10
– 2022.1 62
fica submetida ao prazo prescricional de dois anos.
Imagine, por exemplo, que o preso foge em 22 de outubro de 2012. A fuga, como vimos, é
uma falta grave sujeita a sanção disciplinar. É recapturado em 10 de junho de 2019. A falta grave
prescreveu?
Conforme entendimento do STF, enquanto o preso está foragido, está-se diante de falta
PERMANENTE, de forma que a prescrição somente começa a correr com a recaptura. Somente
vai prescrever a falta em 09 de junho de 2022.
É a forma mais grave de sanção disciplinar, devendo ser utilizada como última ratio,
restringindo, como nenhuma outra, a já limitada liberdade de locomoção do preso e alguns dos seus
direitos.
Lembrar: é a ÚNICA sanção disciplinar que só pode ser imposta pelo JUIZ.
Art. 52. A prática de fato previsto como Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso
CRIME DOLOSO constitui falta grave e, quando constitui falta grave e, quando ocasionar subversão
ocasione subversão da ordem ou disciplina internas, da ordem ou disciplina internas, sujeitará o preso
sujeita o preso provisório, ou condenado, sem provisório, ou condenado, nacional ou estrangeiro,
prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar
diferenciado, com as seguintes características: diferenciado, com as seguintes características:
I - duração máxima de trezentos e sessenta dias, I - duração máxima de até 2 (dois) anos, sem
sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave
grave de mesma espécie, até o limite de um sexto de mesma espécie;
da pena aplicada;
IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 horas IV - direito do preso à saída da cela por 2 (duas)
diárias para banho de sol. horas diárias para banho de sol, em grupos de até
4 (quatro) presos, desde que não haja contato com
presos do mesmo grupo criminoso;
10.3. CARACTERÍSTICAS
Antes das alterações promovidas pelo Pacote Anticrime, a duração máxima era de 360 dias,
podendo ser reaplicada até o limite de um sexto da pena.
Atualmente, o prazo foi aumentado para dois, aplica-se a contagem do art. 10 do CP. Além
disso, não há prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de mesma natureza. Portanto,
não mais se aplica o limite de um sexto antes previsto.
Não se trata de cela escura (masmorra) ou de cela insalubre, que são proibidas pelo art. 45,
Art. 52, § 6º A visita de que trata o inciso III do caput deste artigo será gravada
em sistema de áudio ou de áudio e vídeo e, com autorização judicial,
fiscalizada por agente penitenciário.
O Pacote Anticrime previu que, após seis meses de RDD sem que tenha recebido visita, o
preso poderá ter contato telefônico com duas pessoas de sua família, por 10 minutos.
Os poucos que comentam esse dispositivo entendem que crianças podem visitar, sempre
analisando as circunstâncias do caso concreto, não sendo computadas no número máximo das
duas visitas semanais (maioria).
10.3.4. O preso terá direito à saída da cela por 2 horas diárias para banho de sol
O preso continua tendo direito ao banho de sol, por duas horas diária, em grupos de até
quatro pessoas que não pertençam ao mesmo grupo criminoso.
O Pacote Anticrime passou a prever que as entrevistas do preso em RDD serão sempre
monitoradas, exceto aquelas com seu defensor. Além disso, devem ocorrer em instalações
equipadas para impedir o contato físico e a passagem de objetos, salvo quando haja expressa
autorização judicial.
Como vimos acima, é direito do preso a comunicação do preso com o mundo exterior,
podendo ser suspenso ou restringido por decisão da administração prisional, nos termos do art. 41,
parágrafo único da LEP.
A partir do advento do Pacote Anticrime, todo o conteúdo das correspondências dos presos
sujeitos ao RDD será fiscalizado, a fim de combater possíveis articulações criminosas.
Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e,
quando ocasionar subversão da ordem ou disciplina internas, sujeitará o
preso provisório, ou condenado, nacional ou estrangeiro, sem prejuízo da
sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes
características:
§ 1º O regime disciplinar diferenciado também será aplicado aos presos
provisórios ou condenados, nacionais ou estrangeiros: (Redação dada pela
Lei nº 13.964, de 2019)
I - que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento
penal ou da sociedade; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
10.4.1. Prática de fato previsto como crime doloso que ocasione subversão da ordem e
disciplina internas
Para que o reeducando seja punido administrativamente com a sanção disciplinar da falta
grave, é necessário que, antes disso, ele já tenha sido condenado judicialmente pela prática do
crime doloso? Em outras palavras, para que se puna administrativamente a falta grave, exige-se
prévia sentença judicial condenatória? NÃO. Para que o reeducando seja punido
administrativamente com a sanção disciplinar da falta grave, NÃO é necessário que, antes disso,
ele seja condenado judicialmente pela prática do crime doloso. Esse é o entendimento consolidado
no STJ:
Entretanto, não basta que o apenado pratique fato previsto como crime doloso; é
imprescindível que esse fato ocasione perturbação da ordem interna do estabelecimento.
Segundo Rogério Sanches, “a prática de crime preterdoloso (ou preterintencional), pois este
nada é do que um crime doloso agravado pelo resultado culposo”
Essa expressão, altamente aberta, é um campo fértil para o Direito Penal do Autor. Assim,
para que o sujeito seja remetido ao RDD não basta que seja um preso perigoso; esse alto risco
deve ser materializado em algum fato.
A doutrina entende que para colocar alguém no RDD é imprescindível PROVA, relativa a fatos
ocorridos durante o cumprimento da pena. Não é motivação idônea para a imposição do RDD a
prova de que o apenado era participante de organização criminosa quando solto.
O mesmo entendimento deve ser dado para os §§3º e 4º, que utilizam a expressão “indícios”.
O juiz não pode incluir de ofício um preso no RDD. É necessário requerimento do diretor do
estabelecimento ou outra autoridade administrativa, como o secretário de segurança pública, por
exemplo (art. 54, §1º).
1ªC - Sim, com fundamento no art. 68, II ‘a’ da LEP. É uma atribuição extremamente ampla.
CS DE EXECUÇÃO PENAL – 2022.1 69
LEP Art. 68. Incumbe, ainda, ao Ministério Público:
II - requerer:
a) todas as providências necessárias ao desenvolvimento do processo
executivo;
2ªC (Nucci) - Entende que não. O MP, de acordo com o art. 54, §1º, não tem essa atribuição.
Deve limitar-se a dar pareceres quanto aos pedidos formulados pelas autoridades administrativas.
Toda a sanção disciplinar deve ser individualizada; não se admite sanção coletiva (art. 45,
§3º). Assim, quando aplica o RDD, o juiz deve individualizá-lo.
Art. 45. Não haverá falta nem sanção disciplinar sem expressa e anterior
previsão legal ou regulamentar.
§ 3º São vedadas as sanções coletivas.
precisar de quem seria a responsabilidade pelo ilícito. O princípio da culpabilidade irradia-se pela
execução penal, quando do reconhecimento da prática de falta grave, que, à evidência, culmina por
impactar o status libertatis do condenado.
RDD fere a dignidade da pessoa humana, O RDD não representa a submissão do preso a
constituindo sanção cruel, desumana e padecimentos físicos e psíquicos, o que somente restaria
degradante. caracterizado nas hipóteses em que houvesse, por
exemplo, celas insalubres, escuras ou sem ventilação.
O RDD configura sanção desproporcional aos fins O sistema penitenciário, em nome da ordem e da
da pena. disciplina, há que se valer de medidas disciplinadoras, e
o RDD atende ao primado da proporcionalidade entre a
gravidade da falta e a severidade da sanção.
O RDD ofende a coisa julgada, representando RDD não é regime de cumprimento de pena, mas
quarta modalidade de regime de cumprimento de sanção disciplinar cabível na nova relação Estado X
pena. Executado.
O RDD configura bis in idem, pois além da sanção Não se trata de violação do ne bis in idem, pois
disciplinar o executado fica sujeito à sanção penal. constituem-se em infrações de ordenamentos jurídicos
diversos: direito penal e execução penal.
(AUBURNIANO) (PROGRESSIVO)
RECLUSÃO DETENÇÃO
Semiaberto Semiaberto
Aberto Aberto
LCH Art. 2º § 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida
INICIALMENTE em regime fechado. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de
2007) Foi declarado inconstitucional pelo STF
A CF prevê, no seu art. 5º, XLIII, as vedações que ela quis impor aos crimes hediondos e
equiparados (são inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia). Nesse inciso não consta que o
regime inicial para esses crimes tenha que ser o fechado. Logo, não poderia o legislador estabelecer
essa imposição de regime inicial fechado por violar o princípio da individualização da pena.
Desse modo, deve ser superado o disposto na Lei dos Crimes Hediondos (obrigatoriedade
de início do cumprimento de pena no regime fechado) para aqueles que preencham todos os demais
requisitos previstos no art. 33, §§ 2º, e 3º, do CP, admitindo-se o início do cumprimento de pena em
regime diverso do fechado.
O juiz, no momento de fixação do regime inicial, deve observar as regras do art. 33 do Código
Penal, podendo estabelecer regime prisional mais severo se as condições subjetivas forem
desfavoráveis ao condenado, desde que o faça em razão de elementos concretos e
Qual é o regime inicial de cumprimento de pena do réu que for condenado por crime
hediondo ou equiparado (ex: tráfico de drogas)? O regime inicial nas condenações por crimes
hediondos ou equiparados (ex: tráfico de drogas) não tem que ser obrigatoriamente o fechado,
podendo ser o regime semiaberto ou aberto, desde que presentes os requisitos do art. 33, § 2º,
alíneas b e c, do Código Penal. Assim, será possível, por exemplo, que o juiz condene o réu por
tráfico de drogas a uma pena de 6 anos de reclusão e fixe o regime inicial semiaberto.
Importante consignar que o sujeito punido com detenção pode ir para o regime fechado, mas
somente através da regressão de regime. O que não existe é o regime inicial fechado na detenção.
O juiz da execução deve somar ou unificar as penas, o que poderá resultar num regime inicial
diferente daquele imposto pelo juiz da condenação.
Imagine, por exemplo, que Pedro tenha sido condenado a 12 anos de reclusão. Após o
cumprimento de 10 anos, já estando em regime aberto, sobrevém nova condenação a uma pena
de 2 anos. Para fins de fixação de regime, os 2 anos da condenação serão somados aos 2 anos
que faltavam ser cumpridos pela pena de 12 anos (12 anos da condenação – 10 anos já cumpridos),
totalizando 4 anos. Portanto, o novo regime de cumprimento de pena será fixado com nos 4 anos.
§ 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe § 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe
ou responsável por crianças ou pessoas com ou responsável por crianças ou pessoas com
deficiência, os requisitos para progressão de deficiência, os requisitos para progressão de
regime são, cumulativamente: (Incluído pela Lei regime são, cumulativamente: (Incluído pela Lei
nº 13.769, de 2018) nº 13.769, de 2018)
I - não ter cometido crime com violência ou I - não ter cometido crime com violência ou
grave ameaça a pessoa; grave ameaça a pessoa;
II - não ter cometido o crime contra seu filho ou II - não ter cometido o crime contra seu filho ou
dependente; dependente;
III - ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da III - ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da
pena no regime anterior; pena no regime anterior;
IV - ser primária e ter bom comportamento IV - ser primária e ter bom comportamento
carcerário, comprovado pelo diretor do carcerário, comprovado pelo diretor do
estabelecimento; estabelecimento;
V - não ter integrado organização criminosa. V - não ter integrado organização criminosa
A instauração do incidente de progressão de regime pode ser determinada de ofício pelo juiz
e requerida pelo:
• Defensor do reeducando;
• Defensor Público.
Obs.: Não se trata de fomentar a execução provisória da pena (vedada pelo STF), mas sim antecipar
os benefícios da execução penal.
Com a nova redação do art. 112 da LEP, dada pelo Pacote Anticrime, os prazos foram
alterados:
A seguir reproduzimos a tabela apresentada pelo Professor Cleber Masson com o percentual
da pena, a natureza do crime e a condição do agente.
PERCENTUAL CONSIDERAÇÕES
NATUREZA DO CRIME CONDIÇÃO DO AGENTE
DA PENA
Condenado a 6 anos por
crime de furto, quando
cumprir 16% irá para o
Sem violência à pessoa ou semiaberto. Após cumprir
16% Primário
grave ameaça 16% da pena restante,
poderá progredir para o
aberto.
Obs.: é esse o
entendimento do STJ (Info
699) e do STF (Info 1034).
• Art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90: a fração mais grave deveria ser aplicada tanto ao
reincidente específico como genérico. A Lei de Crimes Hediondos não fazia distinção
entre a reincidência genérica e a específica para estabelecer o cumprimento de 3/5 da
pena para fins de progressão de regime
• Incisos VII e VIII do art. 112 da LEP: a fração mais grave só se aplica para o reincidente
específico. O condenado pela prática de crime hediondo, com resultado morte, mas
reincidente em crime comum irá progredir como se fosse primário.
Destaca-se que este entendimento deve ser aplicado para fatos anteriores à vigência do
Pacote Anticrime, tendo em vista que é mais favorável ao réu, já que antes a progressão ocorria em
3/5 (60%) e agora a fração é de 50%.
5CAVALCANTE, Márcio André Lopes. A progressão de regime do reincidente não específico em crime
hediondo ou equiparado com resultado morte deve observar o que previsto no inciso VI, “a”, do art.
112 da LEP. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/36e51f22c86d237a5bb2e3451f8a7072>.
Acesso em: 29/01/2021
Além disso, se cometeu um crime hediondo ou equiparado com resultado morte (exemplo:
ATENÇÃO: A pena a ser considerada é a pena global, e NÃO o limite de 40 anos previsto no
art. 75 do CP, a ser estabelecido na unificação de penas. Nesse sentido:
A decisão do juiz que determinar a progressão de regime será sempre motivada e precedida
de manifestação do Ministério Público e do defensor, visa garantir o contraditório e ampla defesa.
d) Exame criminológico
Apesar de não estar previsto no art. 112 da LEP, prevalece que dependo das peculiaridades
do caso ou se tratando de crime hediondo, o juiz poderá, de forma fundamentada, requisitar o exame
criminológico.
Salienta-se que de acordo com o STJ (Info 709), não havendo na sentença condenatória
transitada em julgado determinação expressa de reparação do dano ou de devolução do produto
Renato Brasileiro destaca que “o ideal é concluir que tal atestado funciona apenas como um
elemento mínimo de formação do convencimento do magistrado, que não só pode, como deve, se
assim reputar necessário, se valer de outros fatores para avaliar a capacidade provável de
adaptação do condenado ao regime menos severo (v.g., exame criminológico).”
Por fim, o STF entende que, em caso de indeferimento da progressão, deve o juiz da
execução penal utilizar fundamentos concretos.
Após ter progredido para o regime semiaberto, o preso deverá cumprir novamente os
requisitos objetivos e subjetivos para que possa progredir ao regime aberto.
Há uma relativização a imediata comprovação, pois segundo o STJ a realidade mostra que,
estando a pessoa presa, raramente tem condições de, desde logo, comprovar a existência de
proposta efetiva de emprego ou de demonstrar estar trabalhando por meio de apresentação de
carteira assinada. O apenado, após conseguir a progressão, demonstrar que conseguiu ocupação
lícita, sob pena de ser cassado o benefício.
Após conceder a progressão, caso o apenado fique inerte e não demonstre o exercício de
trabalho lícito, o juiz poderá caçar o benefício e determinar a regressão.
Existem alguns casos em que a própria LEP dispensa a exigência de trabalho para a
concessão de progressão para o regime aberto? SIM. Estão previstos no art. 117. Assim, a Lei
afirma que poderão ser dispensadas do trabalho as seguintes pessoas:
Art. 117
I - condenado maior de 70 (setenta) anos;
II - condenado acometido de doença grave;
III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental;
IV - condenada gestante.
Atenção para Súmula 493 do STJ, o juiz não pode, por exemplo, impor para o reeducando a
prestação de serviços à comunidade como condição especial para que ele fique no regime aberto.
A Lei 13.769/18 acrescentou o §3º ao art. 112 da LEP, a fim de dispor sobre requisitos
especiais para que a mulher gestante (qualquer que seja a fase da gravidez) ou mãe de criança ou
pessoa com deficiência (física, mental) progrida de regime.
Por fim, salienta-se que o STJ (HC 522.651 – Ingo 678) entende que o requisito “não ter
integrado organização criminosa” deve ser interpretado de acordo com a definição da Lei
12.850/2013. Portanto, a expressão não pode ser interpretada em sentido amplo para abranger toda
e qualquer associação criminosa.
O §7º, do art. 112 da LEP havia sido vetado, em razão de “a propositura legislativa, ao dispor
que o bom comportamento, para fins de progressão de regime, é readquirido após um ano da
ocorrência do fato, ou antes, após o cumprimento do requisito temporal exigível para a obtenção do
direito, contraria o interesse público, tendo em vista que a concessão da progressão de regime
depende da satisfação de requisitos não apenas objetivos, mas, sobretudo de aspectos subjetivos,
consistindo este em bom comportamento carcerário, a ser comprovado, a partir da análise de todo
o período da execução da pena, pelo diretor do estabelecimento prisional. Assim, eventual
pretensão de objetivação do requisito vai de encontro à própria natureza do instituto, já pré-
concebida pela Lei nº 7.210, de 1984, além de poder gerar a percepção de impunidade com relação
às faltas e ocasionar, em alguns casos, o cometimento de injustiças em relação à concessão de
benesses aos custodiados”.
Renato Brasileiro considera que as razões do veto estavam acertadas. Salienta que é
importante analisar as duas hipóteses previstas no dispositivo:
2ª HIPÓTESE: até mesmo antes desse período de um ano, se acaso tiver havido o
cumprimento do requisito temporal exigível para a obtenção do direito
Renato Brasileiro, afirma que a segunda hipótese deve ser interpretada da seguinte forma:
“admite-se, mesmo antes do decurso do prazo de 1 (um) ano da ocorrência do fato, na hipótese de
cumprimento do requisito temporal exigível para a obtenção da progressão de regime, a
possibilidade de reaquisição do bom comportamento, cuja presença no caso concreto, todavia,
continua condicionada à manifestação positiva do diretor do estabelecimento prisional”
Não se admite progressão de regime per saltum, ou seja, passar diretamente do regime
fechado para o regime aberto.
Posição diversa é apresentada por Rafael Miranda, Defensor Público de São Paulo, para
quem “a vedação da progressão por saltos vinha implícita no art. 112 da LEP. Com o advento da
Lei 13.964/2019, o art. 112 da LEP sofreu modificações (...), desse modo, foi suprimida a exigência
da passagem do sentenciado pelo regime anterior, o que nos força a concluir que não há mais óbice
legal que vedava a chamada progressão por saltos. Por se tratar de norma mais benéfica ao
sentenciado, deve retroagir para beneficiar todos que estão cumprindo pena”. Trata-se de posição
minoritária, mas pertinente seu conhecimento para provas de Defensoria.
O STJ já decidiu que a demora, por culpa do Estado, na transferência do preso enseja a
progressão do regime fechado ao aberto. Por exemplo, o preso cumpriu os requisitos objetivos e
subjetivos para progredir do regime fechado ao semiaberto, mas o Estado, mesmo assim, demora
consideravelmente para transferi-lo ao regime semiaberto.
É admitida, pela doutrina, a progressão para RDD, devendo o preso, contudo, primeiro
cumprir a sanção disciplinar para depois progredir de regime. O tempo de contagem normalmente
começa junto com o RDD, haja vista que a falta grave interrompe a contagem.
Frise-se: A prisão domiciliar só cabe para quem já está no REGIME ABERTO. Não abrange
nem preso provisório.
PRISÃO DOMICILIAR
Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou
responsável por crianças ou pessoas com deficiência será substituída por
prisão domiciliar, desde que: (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018).
I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a
pessoa; (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018).
II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente.
De acordo com o STF, é garantia dos advogados, enquanto não transitada em julgado a
decisão condenatória, a permanência em estabelecimento que possua sala de estado maior.
Inexistindo a referida sala, garante-se ao advogado recolhimento em prisão domiciliar (HC
96.539/SP). Obviamente, existindo cela especial, sem registro de eventual inobservância das
condições mínimas de salubridade e dignidade humana, estando separado de outros presos e ser
o rigor e a insalubridade do cárcere não há se falar em ilegalidade.
Imagine a seguinte situação hipotética: João foi condenado à pena de 5 anos de reclusão,
tendo o juiz fixado o regime semiaberto. Ocorre que, no momento de cumprir a pena, verificou-se
que não havia no local estabelecimento destinado ao regime semiaberto que atendesse todos os
requisitos da LEP. João poderá cumprir a pena no regime fechado enquanto não há vagas no
semiaberto? NÃO.
O STF destacou, no entanto, que o sistema progressivo de cumprimento de penas não está
funcionando na prática. Isso porque há falta de vagas nos regimes semiaberto e aberto. Desse
modo, os presos dos referidos regimes estão sendo mantidos nos estabelecimentos que os presos
em regime fechado e provisórios. Essa situação viola duas garantias constitucionais da mais alta
relevância:
A Lei de Execuções Penais trata do tema nos arts. 91 a 95, mas também não define em que
consistem tais estabelecimentos. Na prática, existem pouquíssimas colônias agrícolas e industriais
no país. Dessa forma, alguns Estados mantêm os presos do regime semiaberto em
estabelecimentos similares, ou seja, unidades prisionais diferentes do regime semiaberto, onde os
presos possuem um pouco mais de liberdade.
De igual forma, em muitos Estados não existem casas de albergado e os detentos que estão
no regime aberto ficam em unidades diferentes dos demais presos. Há discussão se essa prática é
válida ou não. O STF decidiu que os magistrados possuem competência para verificar, no caso
concreto, se tais estabelecimentos onde os presos do regime semiaberto e aberto ficam podem ser
enquadrados como "estabelecimento similar" ou "estabelecimento adequado". Assim, os presos do
regime semiaberto podem ficar em outra unidade prisional que não seja colônia agrícola ou
industrial, desde que se trate de estabelecimento similar (adequado às características do
semiaberto).
De igual forma, os presos do regime aberto podem cumprir pena em outra unidade prisional
que não seja a casa de albergado, desde que se trate de um estabelecimento adequado. Veja como
o STF resumiu este entendimento em uma tese:
Objetivo das medidas acima é o de que surjam novas vagas nos regimes semiaberto e
aberto. As vagas nos regimes semiaberto e aberto não são inexistentes, são insuficientes. Assim,
de um modo geral, a falta de vagas decorre do fato de que já há um sentenciado ocupando o lugar.
Dessa forma, o STF determinou, como alternativa para resolver o problema, antecipar a saída de
sentenciados que já estão no regime semiaberto ou aberto, abrindo vaga para aquele que acaba
de progredir.
Os benefícios devem ser concedidos aos detentos que estão mais próximos de progredir ou
de acabar a pena. Vale ressaltar que os apenados que serão beneficiados com a saída antecipada
ou com as penas alternativas deverão ser escolhidos com base em critérios isonômicos. Assim, tais
benefícios deverão ser deferidos aos sentenciados que satisfaçam os requisitos subjetivos (bom
comportamento) e que estejam mais próximos de satisfazer o requisito objetivo, ou seja, aqueles
que estão mais próximos de progredir ou de encerrar a pena.
Por que o STF afirma que a prisão domiciliar não pode ser a primeira opção, devendo-se
adotar as medidas acima propostas? Segundo o STF, a prisão domiciliar apresenta vários
inconvenientes, que irei aqui resumir:
1º) Para ter esse benefício, cabe ao condenado providenciar uma casa, na qual vai ser
acolhido. Nem sempre ele tem meios para manter essa residência. Nem sempre tem uma família
que o acolha.
2º) O recolhimento domiciliar puro e simples, em tempo integral, gera dificuldades de caráter
econômico e social. O sentenciado passa a necessitar de terceiros para satisfazer todas as suas
necessidades – comida, vestuário, lazer. De certa forma, há uma transferência da punição para a
família, que terá que fazer todas as atividades externas do sentenciado. Surge a necessidade de
constante comunicação com os órgãos de execução da pena, para controlar saídas indispensáveis
– atendimento médico, manutenção da casa etc.
3º) Existe uma dificuldade grande de fiscalização se o apenado está realmente cumprindo a
restrição imposta.
4º) A prisão domiciliar pura e simples não garante a ressocialização porque é extremamente
difícil para o apenado conseguir um emprego no qual ele trabalhe apenas em casa.
Dispensa sentença penal condenatória, portanto, basta a prática de crime doloso ou de falta
grave. Para o STJ e STF, esse dispositivo NÃO FERE a presunção de inocência.
Salienta Rogério Sanches que: “a prática de crime culposo e de contravenção penal não
geram, por si só, a regressão, mas podem indicar que o reeducando frustra os fins da execução,
possibilitando a sua transferência do regime aberto para qualquer outro mais gravoso”.
II - Sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em
execução, torne incabível o regime (artigo 111)
III – Frustrar os fins da execução ou, podendo não pagar a multa imposto
Destaca-se que a regressão pelo não pagamento de multa, foi implicitamente revogada pela
Lei 9.268/96, que transformou a multa não paga em dívida ativa, vedando sua conversão em PPL.
O Pacote Anticrime reforçou esse entendimento.
No caso de prática de crime doloso e falta grave, exige-se o contraditório e a ampla defesa.
A violação dos deveres na monitoração eletrônica, conforme dispõe o art. 146-C também
poderá ensejar a regressão de regime.
Art. 146-C. O condenado será instruído acerca dos cuidados que deverá
adotar com o equipamento eletrônico e dos seguintes deveres:
I - receber visitas do servidor responsável pela monitoração eletrônica,
responder aos seus contatos e cumprir suas orientações;
II - abster-se de remover, de violar, de modificar, de danificar de qualquer
forma o dispositivo de monitoração eletrônica ou de permitir que outrem o
faça;
Parágrafo único. A violação comprovada dos deveres previstos neste artigo
poderá acarretar, a critério do juiz da execução, ouvidos o Ministério Público
e a defesa:
I - a regressão do regime;
Pro societate: A maioria admite regressão cautelar, mesmo sem previsão legal. Fundamento:
O juiz, dentro do poder cautelar que lhe é inerente (PGC) não só pode como deve determinar, de
imediato, o retorno do sentenciado ao regime mais severo, observando o fumus boni iuris e o
periculum in mora.
Pro reo: Não é possível, por falta de previsão legal (art. 3º da LEP - princípio da legalidade -
ver acima).
• Sanção disciplinar;
• Regressão de regime;
Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar ATÉ 1/3 (um terço)
do tempo remido, observado o disposto no art. 57, recomeçando a contagem
a partir da data da infração disciplinar.
Há quem defenda a ocorrência no caso de ‘bis in idem’ (ou até ‘tris in idem’).
De acordo com o STJ, não há que se falar em bis in idem ou duplo apenamento, pois a
regressão de regime decorre da própria LEP, que estabelece tanto a imposição de sanção
disciplinar quanto a regressão em caso de falta grave (RESp. 939.682). Uma coisa é a pena como
reposta estatal oriunda do Direito Penal, outra coisa é o regramento de execução, estabelecida pelo
Direito das Execuções Penais.
• Exceção: mesmo sem ter pagado, pode ser permitida a progressão de regime se ficar
comprovada a absoluta impossibilidade econômica do apenado em quitar a multa, ainda
que parceladamente. STF. Plenário. EP 12 ProgReg-AgR/DF, Rel. Min. Roberto Barroso,
julgado em 8/4/2015 (Info 780).
O pagamento da multa está previsto no art. 112 da LEP como sendo um requisito para a
progressão? NÃO. O pagamento da multa não está previsto expressamente no art. 112 como um
dos requisitos necessários para a progressão de regime. Apesar disso, o STF entendeu que esse
pagamento poderá ser exigido porque a análise dos requisitos necessários para a progressão de
regime não se restringe ao referido art. 112 da LEP. Em outras palavras, outros elementos podem,
e devem, ser considerados pelo julgador na decisão quanto à progressão.
Assim, para o STF, o julgador, atento às finalidades da pena e de modo fundamentado, está
autorizado a lançar mão de outros requisitos, não necessariamente enunciados no art. 112 da LEP,
mas extraídos do ordenamento jurídico, para avaliar a possibilidade de progressão no regime
prisional, tendo como objetivo, sobretudo, o exame do merecimento do sentenciado.
Previsão legal: arts. 120 e 121 da LEP. Previsão legal: arts. 122 a 125.
Beneficiários: Beneficiários:
necessite de flexibilização dos horários de entrada e III) A saída seja importante para a
saída do albergue, deverá requerer ao juiz. ressocialização.
Autoridade competente para conceder: Diretor do Autoridade competente para conceder: Juiz da
estabelecimento. execução, ouvido o MP e a administração
penitenciária.
Saída temporária é uma autorização concedida pelo juiz da execução penal aos condenados
que cumprem pena em regime semiaberto, por meio da qual ganham o direito de saírem
temporariamente do estabelecimento prisional, sem vigilância direta (sem guardas
acompanhando/sem escoltas) com o intuito de:
a) visitarem a família;
c) participarem de outras atividades que ajudem para o seu retorno ao convívio social.
Obs.: o juiz pode determinar que, durante a saída temporária, o condenado fique utilizando um
equipamento de monitoração eletrônica (tornozeleira eletrônica).
Obs2: os presos provisórios que já foram condenados (ainda sem trânsito em julgado) e estão
cumprindo a pena no regime semiaberto podem ter direito ao benefício da saída temporária, desde
que preencham os requisitos legais que veremos abaixo.
14.1.2. Previsão
A saída temporária encontra-se disciplinada nos arts. 122 a 125 da Lei n. 7.210/84 (LEP).
Art. 123. A autorização será concedida por ato motivado do Juiz da execução,
ouvidos o Ministério Público e a administração penitenciária e dependerá da
satisfação dos seguintes requisitos:
A autorização para saída temporária será concedida por ato motivado do Juiz da execução,
devendo este ouvir antes o Ministério Público e a administração penitenciária que irão dizer se
concordam ou não como o benefício.
14.1.4. Requisitos
A concessão da saída temporária dependerá da satisfação dos seguintes requisitos (art. 123
da LEP):
II - cumprimento mínimo de 1/6 da pena (se for primário) e 1/4 (se reincidente).
Deve-se lembrar que o apenado só terá direito à saída temporária se estiver no regime
semiaberto. No entanto, a jurisprudência permite que, se ele começou a cumprir a pena no regime
Poderá se valer do tempo que cumpriu no regime fechado para preencher o requisito
objetivo.
Com outras palavras, foi isso o que o STJ quis dizer ao editar a Súmula 40: “Para obtenção
dos benefícios de saída temporária e trabalho externo, considera-se o tempo de cumprimento da
pena no regime fechado.”
Ressalte-se que o simples fato de o condenado que cumpria pena no regime fechado ter ido
para o regime semiaberto não significa que, automaticamente, ele terá direito ao benefício da saída
temporária. Isso porque o juiz deverá analisar se ele preenche os demais requisitos do art. 123 da
LEP (STJ. 6ª Turma. RHC 49.812/BA, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
06/11/2014).
Regras gerais:
Cada preso terá o máximo de 5 saídas temporárias por ano (1 mais 4 renovações).
Cada saída temporária tem duração máxima de 7 dias. Em outras palavras, o preso
receberá a autorização para ficar 7 dias fora do estabelecimento prisional.
Entre uma saída temporária e outra deve haver um intervalo mínimo de 45 dias.
Peculiaridade: no caso da saída temporária para estudo, o prazo da saída temporária será
igual ao necessário para as atividades discentes (ex: pode ser autorizada a saída temporária todos
os dias).
Recomendo ler o art. 124 porque às vezes ele é cobrado literalmente nas provas:
Art. 124. A autorização será concedida por prazo não superior a 7 (sete) dias,
podendo ser renovada por mais 4 (quatro) vezes durante o ano.
(...)
§ 2º Quando se tratar de frequência a curso profissionalizante, de instrução
de ensino médio ou superior, o tempo de saída será o necessário para o
cumprimento das atividades discentes.
§ 3º Nos demais casos, as autorizações de saída somente poderão ser
concedidas com prazo mínimo de 45 (quarenta e cinco) dias de intervalo entre
uma e outra.
14.1.6. Condições
Além dessas, o juiz pode fixar outras condições que entender compatíveis com as
circunstâncias do caso e a situação pessoal do condenado. Nesse caso, chamamos de condições
judiciais (ou facultativas).
A Lei 13.964/2019 incluiu o §2º ao art. 122 da LEP, proibindo a concessão de saída
temporária ao condenado que cumpre pena por praticar crime hediondo com resultado morte.
A 2ªT do STF (HC 195.371), em decisão monocrática do Min. Gilmar Mendes, entendeu que
se a norma possui natureza penal, de modo que, sendo prejudicial ao apenado, não retroage,
somente sendo aplicável a crimes praticados após a sua vigência.
14.1.8. Revogação
1. praticar fato definido como crime doloso (não se exige condenação; basta a notícia);
2. for punido por falta grave (aqui se exige que o condenado tenha recebido punição
disciplinar);
Se o benefício for revogado por uma das causas acima listadas, o condenado só poderá
recuperar o direito à saída temporária se:
Em algumas partes do Brasil, no entanto, como é o caso do RJ, os juízes da execução penal
adotaram um procedimento para simplificar a concessão dessas saídas temporárias. Quando o
condenado formula o primeiro pedido de saída temporária, o juiz ouve o MP e o diretor do Presídio,
e, se estiverem preenchidos os requisitos, concede o benefício (segue, portanto, todo o rito previsto
na LEP). No entanto, nesta primeira decisão o juiz já fixa um calendário de saídas temporárias.
“Ante o exposto, preenchidos os requisitos previstos nos arts. 122, I, e 123, da LEP,
CONCEDO ao apenado JOÃO DA SILVA autorização para 5 (cinco) saídas temporárias por ano,
com duração de 7 (sete) dias cada, para visita à família, que deverá ser realizada nas seguintes
datas:
I – Páscoa;
IV – Natal;
V – Ano Novo.
Desse modo, após o juiz deferir o benefício para o apenado nesta primeira vez, as novas
saídas temporárias deste mesmo reeducando não mais precisarão ser analisadas pelo juiz e pelo
MP, sendo concedidas automaticamente pela direção do Presídio, desde que a situação disciplinar
do condenado permaneça a mesma, ou seja, que ele tenha mantido o comportamento adequado
no cumprimento da pena. Se cometer falta grave, por exemplo, é revogado o benefício.
Alguns Ministérios Públicos pelo país têm se insurgido contra este procedimento e interposto
recursos que chegam aos Tribunais Superiores.
Além disso, para alguns Promotores, essa prática seria vedada porque cada saída
temporária, para ser autorizada, deve ser individualmente motivada com base no histórico do
sentenciado.
Depois que o STF decidiu que o calendário anual de saídas temporárias é válido, o STJ teve
que, na prática, rever o seu entendimento. Assim, ao reapreciar o tema em sede de recurso
repetitivo o STJ firmou as seguintes conclusões:
• Como regra, antes de cada saída temporária do preso deverá haver uma decisão judicial
motivada. Isso é o ideal, o recomendável.
• Importante destacar também que o benefício será revogado se ocorrer algumas das
hipóteses de revogação automática revogação automática da saída temporária, previstas no
art. 125 da LEP.
Para fins de recurso repetitivo, o STJ firmou duas teses que sintetizam o raciocínio acima
exposto:
Com a decisão acima, a Súmula 520 do STJ foi cancelada? NÃO. Este enunciado prevê o
seguinte:
A Súmula 520 foi editada em um momento no qual o STJ repudiava a prática da saída
temporária automatizada. Desse modo, ela era invocada sempre que o Tribunal queria dizer que
não cabia o calendário de saídas temporárias. No entanto, como houve esta mudança de
entendimento do STJ, o enunciado foi mantido, mas agora deverá ser interpretado de outra forma.
A execução penal não constitui mera atividade administrativa. Ela envolve também decisões
judiciais que, por óbvio, somente podem ser tomadas pelos magistrados.
Vale ressaltar, ainda, que não há dificuldade ou obstáculos relevantes que impeçam o juiz
de indicar as datas das saídas temporárias, de sorte que não se justifica e não se mostra legítima
a pretensão de transferir ao diretor do presídio tal competência.
Assim, a Súmula 520 do STJ mantém-se válida, proibindo que o juiz transfira para o diretor
do presídio a competência para fixar as datas das saídas temporárias.
Importante esclarecer, mais uma vez, que a Súmula 520 do STJ não proíbe a adoção das
saídas temporárias automatizadas, desde que o calendário seja fixado pelo magistrado.
A permissão de saída está prevista nos arts. 120 e 121 da LEP, é concedida pelo diretor do
estabelecimento prisional, podendo ser determinada pelo juiz quando for negada ilegalmente.
Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um terço) do
tempo remido, observado o disposto no art. 57, recomeçando a contagem a
partir da data da infração disciplinar.
Art. 130. Constitui o crime do artigo 299 do Código Penal declarar ou atestar
falsamente prestação de serviço para fim de instruir pedido de remição.
Em 2011, a Lei 12.433/11 alterou a LEP permitindo, então, a remição pelo estudo. Frise-se
que a remição por estudo já era admitida pela jurisprudência, consoante com a súmula 341 do STJ.
É uma forma de estimular e premiar o condenado para que ocupe seu tempo com uma
atividade produtiva (trabalho ou estudo), servindo, ainda, como forma de ressocialização e de
preparação do apenado para que, quando termine de cumprir sua pena, possa ter menos
dificuldades de ingressar no mercado de trabalho. (Dizer o Direito)
Não se aplica aos do regime ABERTO (por trabalho, estudo aplica), aos cumpridores de
Obs.: A doutrina que sustenta que a remição pelo trabalho também deve ser aplicada ao preso em
regime aberto, assim como ocorre com a remição por estudo, utilizando-se a analogia em busca da
equidade.
OBS: considerando que a CF veda a pena de trabalhos forçados, há doutrina que não admite falta
grave no caso do preso se recusar a trabalhar.
Nucci: Trabalho obrigatório não se confunde com trabalho forçado, que é vedado pela CF.
Diz-se trabalho forçado apenas quando o Estado coage fisicamente o preso a trabalhar (o que não
ocorre em nosso sistema de execução penal). O trabalho obrigatório significa apenas o
apontamento de falta grave no prontuário do apenado, o que lhe inviabilizará, no futuro, o gozo de
benefícios (sistema de sanções e recompensas).
OBS.1: o trabalho do preso não se sujeita à CLT, não tendo ele, v.g., direito ao 13º.
Obs.: O STF considerou constitucional a previsão do art. 29 da LEP que permite o recebimento de
¾ do salário-mínimo ao preso que trabalha.
O patamar mínimo diferenciado de remuneração aos presos previsto no art. 29, caput, da Lei nº
7.210/84 (Lei de Execução Penal - LEP) não representa violação aos princípios da dignidade
humana e da isonomia, sendo inaplicável à hipótese a garantia de salário-mínimo prevista no art.
7º, IV, da Constituição Federal. STF. Plenário. ADPF 336/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
27/2/2021 (Info 1007).
OBS.2: o preso provisório não é obrigado a trabalhar e nem o preso político. Todavia, mesmo o
provisório tem direito ao trabalho.
Obs.: o dever de trabalho imposto pela LEP ao apenado não é considerado como pena de trabalho
forçado, não sendo incompatível com o art. 5º, XLVII, "c", da CF/88.
15.3. CÁLCULO
A cada três dias trabalhados, desconta-se um dia de pena a ser cumprida, a jornada diária
é de 06 horas. Por outro lado, na remição por estudos a cada 12h, dividias em 3 dias (no mínimo),
desconta-se um dia da pena.
O preso quer trabalhar/estudar, mas não lhe ofertam nenhum trabalho. O preso faz jus à
remição ficta? Os tribunais não têm admitido a remição ficta no caso de falta de oferta de trabalho
ao preso, por ausência de previsão legal.
Embora o Estado tenha o dever de prover trabalho aos internos que desejem
laborar, reconhecer a remição ficta da pena, nesse caso, faria com que todas
as pessoas do sistema prisional obtivessem o benefício, fato que causaria
substancial mudança na política pública do sistema carcerário, além de
invadir a esfera do Poder Executivo. O instituto da remição exige,
necessariamente, a prática de atividade laboral ou educacional. Trata-se de
reconhecimento pelo Estado do direito à diminuição da pena em virtude de
trabalho efetuado pelo detento. Não sendo realizado trabalho, estudo ou
leitura, não há que se falar em direito à remição.
STF. 1ª Turma. HC 124520/RO, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min.
Roberto Barroso, julgado em 29/5/2018 (Info 904).
STJ. 5ª Turma. HC 421425/MG, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em
27/02/2018.
STJ. 6ª Turma. HC 425155/MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em
06/03/2018.
O art. 126 da LEP não admite a remição de pena ficta ou virtual, devendo-se
demonstrar o efetivo exercício de atividades laborais pelo reeducando. STF.
1ª Turma. AgRg no HC 202.710, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em
30/08/2021:
Salienta-se que o STJ (HC 461047-SP – Info 677) entende que, se o reeducando estudar
mais de 12 horas, isso também será considerado para fins de remição da pena.
Único caso de remição ficta está previsto no art. 126, §2º da LEP, ocorre quando o preso
trabalhador sofre acidente, ficando impossibilitado de continuar trabalhando/estudando. O tempo
em que estiver em recuperação será computado como tempo de trabalho/estudo.
É em razão dessa regra que a provocação deliberada de acidente de trabalho constitui falta
grave. É uma espécie de estelionato contra o instituto da remição.
O preso que está cumprindo pena no regime semiaberto pode trabalhar. Esse trabalho pode
ser:
A prestação de trabalho à
entidade privada depende do
consentimento expresso do
preso.
1) O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por
trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena (art. 126 da LEP). Assim, para cada
3 dias de trabalho, o preso tem direito de abater 1 dia de pena.
3) É reinserido ao mercado de trabalho, recebe salários por isso e, se o trabalho for externo,
ainda poderá passar um tempo fora do estabelecimento prisional.
A pergunta que surge é a seguinte: a remição pelo trabalho abrange apenas o trabalho
interno ou também o externo? Se o preso que está no regime fechado ou semiaberto é autorizado
a realizar trabalho externo, ele terá direito à remição? SIM. É possível a remição de parte do tempo
de execução da pena quando o condenado, em regime fechado ou semiaberto, desempenha
atividade laborativa extramuros (trabalho externo). A LEP, ao tratar sobre a remição pelo trabalho,
não restringiu esse benefício apenas para o trabalho interno (intramuros). Desse modo, mostra-se
indiferente o fato de o trabalho ser exercido dentro ou fora do ambiente carcerário. Na verdade, a
lei exige apenas que o condenado esteja cumprindo a pena em regime fechado ou semiaberto para
que ele tenha direito à remição pelo trabalho. Esta tese já havia sido definida pelo STJ em sede de
recurso especial repetitivo (3ª Seção. REsp 1.381.315-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado
em 13/5/2015).
A súmula, com outras palavras: o condenado que estiver em regime fechado ou semiaberto,
se trabalhar dentro (intramuros) ou fora (extramuros) da unidade prisional, terá direito à remição da
pena (abatimento de parte da pena). O reeducando que cumpre pena em regime aberto não possui
direito à remição pelo trabalho (mas poderá remir, caso estude).
Além disso, de acordo com o STF (Info 860), será possível a remição por trabalho ainda que
a jornada seja menor do que a determinada na LEP.
Por fim, destaca-se que o trabalho realizado em dias não úteis, mesmo que sem autorização,
deve ser contado para fins de remição de pena.
A seguir dois informativos importantes sobre o tema, as explicações foram retiradas do Dizer
o Direito, vejamos:
É possível computar a remição pelo simples fato de o apenado ficar lendo livros (sem fazer
um curso formal)? SIM. A atividade de leitura pode ser considerada para fins de remição de parte
do tempo de execução da pena. STJ. 6ª Turma. HC 312.486-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior,
julgado em 9/6/2015 (Info 564).
O art. 126 da LEP estabelece que o "condenado que cumpre a pena em regime fechado ou
semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena". Desse
modo, o dispositivo em tela não prevê expressamente a leitura como forma de remição. No entanto,
o estudo está estreitamente ligado à leitura e à produção de textos, atividades que exigem dos
indivíduos a participação efetiva enquanto sujeitos ativos desse processo, levando-os à construção
do conhecimento.
A leitura em si tem função de propiciar a cultura e possui caráter ressocializador, até mesmo
por contribuir na restauração da autoestima. Além disso, a leitura diminui consideravelmente a
ociosidade dos presos e reduz a reincidência criminal. Sendo um dos objetivos da LEP, ao instituir
a remição, incentivar o bom comportamento do sentenciado e sua readaptação ao convívio social,
impõe-se a interpretação extensiva do mencionado dispositivo.
Com olhos postos nesse entendimento, foram editadas a Portaria conjunta nº 276/2012, do
Departamento Penitenciário Nacional/MJ e do Conselho da Justiça Federal, bem como a
Recomendação nº 44/2013 do CNJ, tratando das atividades educacionais complementares para
fins de remição da pena pelo estudo e estabelecendo critérios para a admissão pela leitura.
Desse modo, mesmo que o art. 126 da LEP não preveja expressamente a leitura como forma
de remição, a jurisprudência do STJ a admite, valendo-se da analogia in bonam partem (STJ HC
353.689-SP). Alguns julgados falam que isso seria interpretação extensiva in bonam partem (STJ
HC 326.499-SP). O certo é que a jurisprudência admite.
As horas dedicadas à leitura e resenha de livros, como forma da remição pelo estudo, são
perfeitamente compatíveis com a participação em atividades laborativas fornecidas pelo
estabelecimento penal, nos termos do art. 126, § 3º, da Lei de Execução Penal, já que a leitura pode
ser feita a qualquer momento do dia e em qualquer local, diferentemente da maior parte das ofertas
de trabalho e estudo formal.
Art. 126 (...) § 3º Para fins de cumulação dos casos de remição, as horas
diárias de trabalho e de estudo serão definidas de forma a se
compatibilizarem.
A perda dos dias remidos encontra-se disciplinada no art. 127 da LEP. Vejamos:
Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um terço) do
tempo remido, observado o disposto no art. 57, recomeçando a contagem a
partir da data da infração disciplinar.
Como visto, a LEP prevê em seu art. 127, que, se o condenado praticar uma falta grave ele
perderá parte dos dias remidos.
15.6.2. Perda de 1/3 somente dos dias remidos HOMOLOGADOS ou de TODOS os dias
remidos?
O preso perde somente 1/3 dos dias remidos AINDA NÃO HOMOLOGADOS ou perde de
TODOS os dias remidos, inclusive os já homologados?
1ª Corrente (pro reo): Sabendo que a CF garante ao cidadão respeito ao direito adquirido,
ao ato jurídico perfeito e à coisa julgada, a falta grave faz com que o preso perca somente os dias
remidos ainda não homologados. Propõe-se uma interpretação conforme à CF.
Nesse sentido, o Informativo 571 do STJ, reconhecida falta grave, a perda de até 1/3 do
tempo remido (art. 127 da LEP) pode alcançar dias de trabalho (ou de estudo) anteriores à infração
disciplinar e que ainda não tenham sido declarados pelo juízo da execução no cômputo da remição.
Não há ofensa a direito adquirido, uma vez que se entende que se trata apenas de expectativa de
direito. Por outro lado, a perda dos dias remidos não pode alcançar os dias trabalhados (ou de
estudo) após o cometimento da falta grave. Isso ocorre pois, caso se entendesse assim, iria ocorrer
um desestímulo ao trabalho/estudo do preso que praticou falta grave. Como ele já foi condenado
pela falta grave, o novo trabalho/estudo seria para ele inútil já que seria utilizado apenas para
"pagar" a pena da falta grave cometida no passado. Desse modo, a falta grave só acarreta a perda
dos dias trabalhados/estudados antes da infração disciplinar.
Súmula Vinculante 9 - o disposto no art. 127 da Lei 7.210/84 foi recebido pela
ordem constitucional vigente e não se lhe aplica o limite temporal previsto no
caput do art. 58.
O art. 127 da LEP determina que, em caso de falta grave, a perda dos dias remidos está
limitada a 1/3. Esse limite de 1/3 de desconto do lapso temporal no desconto da pena NÃO PODE
ser aplicado para os demais benefícios da execução penal, estando limitado à remição.
Para o STJ, a prática de falta grave IMPÕE a decretação da perda de até 1/3 dos dias
remidos, devendo a expressão “poderá”, contida no art. 127 da LEP, ser interpretada coo verdadeiro
poder-dever do magistrado, ficando no juízo de discricionariedade do julgador apenas a fração da
perda, que terá como limite máximo 1/3 dos dias remidos.
Art. 128. O tempo remido será computado como pena cumprida, PARA
TODOS OS EFEITOS.
Repise-se: o que não se aplica é a limitação da perda de 1/3 no caso de falta grave, para
outros benefícios.
• Cuidado: apesar de ser dever do preso, o trabalho é facultativo nas contravenções penais,
conforme o art. 6º da LCP.
LCP Art. 6º A pena de prisão simples deve ser cumprida, sem rigor
penitenciário, em estabelecimento especial ou seção especial de prisão
comum, em regime semiaberto ou aberto.
§ 1º O condenado a pena de prisão simples fica sempre separado dos
condenados a pena de reclusão ou de detenção.
§ 2º O trabalho é FACULTATIVO, se a pena aplicada, NÃO EXCEDE A
QUINZE DIAS.
• É possível que o condenado cumule a remição pelo trabalho e pelo estudo, desde que as
horas diárias de trabalho e de estudo sejam compatíveis (§ 3º do art. 126).
• O tempo a remir em função das horas de estudo será acrescido de 1/3 (um terço) caso o
condenado consiga concluir o ensino fundamental, médio ou superior durante o
cumprimento da pena (§ 5º do art. 126).
• A remição será declarada pelo juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a defesa (§
8º do art. 126)
• Ficando comprovado que o reeducando efetivamente exerceu o trabalho artesanal, ele tem
direito à remição (STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1720785/RO)
16.1. CONCEITO
De acordo com Cleber Masson, a pessoa que está no gozo do livramento condicional
desfruta de uma liberdade antecipada, condicional e precária.
Código Penal
Soma de penas
Art. 84 - As penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se
para efeito do livramento.
Revogação do livramento
Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena
privativa de liberdade, em sentença irrecorrível:
I - por crime cometido durante a vigência do benefício;
II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste Código.
Revogação facultativa
Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de
cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença, ou for
irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena que não seja
privativa de liberdade.
Efeitos da revogação
Art. 88 - Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e,
salvo quando a revogação resulta de condenação por outro crime anterior
àquele benefício, não se desconta na pena o tempo em que esteve solto o
condenado.
Extinção
Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em
julgado a sentença em processo a que responde o liberado, por crime
cometido na vigência do livramento.
Art. 141. Se a revogação for motivada por infração penal anterior à vigência
do livramento, computar-se-á como tempo de cumprimento da pena o período
de prova, sendo permitida, para a concessão de novo livramento, a soma do
tempo das 2 (duas) penas.
Art. 142. No caso de revogação por outro motivo, não se computará na pena
o tempo em que esteve solto o liberado, e tampouco se concederá, em
relação à mesma pena, novo livramento.
Art. 145. Praticada pelo liberado outra infração penal, o Juiz poderá ordenar
a sua prisão, ouvidos o Conselho Penitenciário e o Ministério Público,
suspendendo o curso do livramento condicional, cuja revogação, entretanto,
ficará dependendo da decisão final.
16.3. REQUISITOS
Para que o condenado tenha direito ao livramento condicional, deverá atender aos seguintes
requisitos:
Requisitos OBJETIVOS
Obs.: a falta grave não interrompe o prazo para obtenção do livramento condicional (Súmula 441-
STJ).
O ato do juiz que concede ou nega o livramento condicional é uma sentença, que deverá
ser sempre motivada.
1) requerimento do sentenciado;
Obs.: apesar de não estar previsto na lei, entende-se que o juiz pode conceder de ofício.
16.6. CONDIÇÕES
Existem algumas condições que são obrigatórias, ou seja, a própria lei diz que todo
condenado deverá cumprir (art. 132, § 1º da LEP). Por outro lado, há determinadas condições que
são facultativas, isto é, são obrigações que o magistrado poderá ou não impor ao condenado, a
depender do caso concreto (art. 132, § 2º da LEP).
Apesar de não se verificar isso na prática, é importante que você conheça o art. 137 da LEP
para fins de concurso:
Por exemplo, João foi condenado a uma pena de 6 anos de reclusão. Após cumprir 2 anos
e 1 dia de pena (ou seja, mais de 1/3), ele requereu e foi concedido o benefício. Este livramento
condicional irá durar pouco menos de 4 anos, isto é, o período que falta para ele terminar a pena.
O benefício poderá ser revogado (e ele retornar à prisão) caso descumpra as condições
impostas. Se isso acontecer, significa que ele terá falhado na “prova”.
De acordo com o STJ (REsp 1.922.012-RS – Info 712), aplica-se o limite temporal previsto
no art. 75 do Código Penal ao apenado em livramento condicional. Assim, por exemplo, uma pessoa
condena a 45 anos de reclusão que, após 15 anos no cárcere, recebe o livramento condicional,
ficará solta (em período de prova) até o fim da pena imposta. Logo, o período de prova seria, em
tese, de 30 anos (45 é o total da pena; como já cumpriu 15, teria ainda 30 anos restantes). Depois
de 25 anos no período de prova, pode pedir a extinção da pena sob o argumento de que cumpriu o
máximo que a legislação brasileira prevê, ou seja, 40 anos, nos termos do art. 75 do CP.
Com o norte nos princípios da isonomia e da razoabilidade, podemos afirmar que o instituto
CS DE EXECUÇÃO PENAL – 2022.1 125
do livramento condicional deve produzir os mesmos efeitos para quaisquer dos apenados que nele
ingressem e tais efeitos não devem ser alterados no decorrer do período de prova, ressalvado o
regramento legal a respeito da revogação, devendo o término do prazo do livramento condicional
coincidir com o alcance do limite do art. 75 do CP. Logo, em atenção ao tratamento isonômico, o
efeito ordinário do livramento condicional (um dia em livramento condicional equivale a um dia de
pena privativa de liberdade), aplicado ao apenado em pena inferior ao limite do art. 75 do CP, deve
ser aplicado em pena privativa de liberdade superior ao referido limite legal. Sob outra ótica,
princípio da razoabilidade, não se pode exigir, do mesmo apenado em livramento condicional sob
mesmas condições, mais do que um dia em livramento condicional para descontar um dia de pena
privativa de liberdade, em razão apenas de estar cumprindo pena privativa de liberdade inferior ou
superior ao limite do art. 75 do CP.
Há também outros casos que se ocorrerem, o juiz pode avaliar a situação concreta e decidir
se irá revogar o benefício ou se dará uma chance para o apenado de continuar no livramento
condicional (causas de revogação facultativa – art. 87 do CP).
• Situação muito grave; o apenado recebeu uma chance, ou seja, ficou em liberdade antes
de terminar a pena e, apesar disso, praticou um crime durante o período de prova.
• O condenado irá “perder” esse tempo em que ficou no livramento condicional, ou seja, o
tempo em que ele ficou em liberdade não será computado (descontado) na pena a cumprir. Ex: ele
recebeu livramento condicional quando ainda faltavam 4 anos de pena; depois de 2 anos no
livramento condicional, ele praticou e foi condenado por novo crime; esses 2 anos serão
desconsiderados; ele voltará para a prisão e terá que cumprir os 4 anos que ainda faltavam mais a
nova pena fixada;
• Não será permitido novo livramento para o crime revogado. Pode ser concedido, no
entanto, para a nova condenação (quando ele completar os requisitos);
Art. 141. Se a revogação for motivada por infração penal anterior à vigência
do livramento, computar-se-á como tempo de cumprimento da pena o período
de prova, sendo permitida, para a concessão de novo livramento, a soma do
tempo das 2 (duas) penas.
Art. 142. No caso de revogação por outro motivo, não se computará na pena
o tempo em que esteve solto o liberado, e tampouco se concederá, em
relação à mesma pena, novo livramento.
Obs.: se o juiz decidir manter o livramento condicional, na hipótese da revogação facultativa, ele
deverá advertir o liberado ou agravar as condições que já tinham sido impostas (art. 140, parágrafo
único da LEP).
No caso da prática de crime ou contravenção penal, a legislação exige, como condição para
a revogação, que haja sentença judicial transitada em julgado. Ocorre que o trânsito em julgado e
uma condenação criminal pode demorar anos para acontecer.
Diante disso, em tais casos, o juiz deve determinar a suspensão cautelar do livramento
Assim, se o indivíduo que estava em liberdade condicional praticar uma infração penal
durante o período de prova, não se poderá revogar imediatamente o benefício, mas o juiz deverá
suspender o livramento, mandando o condenado de volta para a prisão enquanto se aguarda o
desfecho do processo penal. É o que prevê o art. 145 da LEP:
Art. 145. Praticada pelo liberado outra infração penal, o Juiz poderá ordenar
a sua prisão, ouvidos o Conselho Penitenciário e o Ministério Público,
suspendendo o curso do livramento condicional, cuja revogação, entretanto,
ficará dependendo da decisão final.
Fique atenta(o) para o fato de que a suspensão cautelar do livramento só pode ocorrer para
o caso de cometimento de outra infração penal. Assim, não é o descumprimento de toda e qualquer
condição que gera a possibilidade de suspensão do livramento.
Imagine a seguinte situação hipotética: Pedro cumpria pena por extorsão. O juiz concedeu
livramento condicional a Pedro no dia 05/05/2012. O período de prova terminaria dia 10/07/2017,
quando se encerraria o tempo que falta para cumprimento da pena. No dia 05/05/2017, ou seja, três
anos depois do início do livramento, Pedro praticou um roubo. Ocorre que o juiz da execução não
foi informado imediatamente sobre o fato e, por isso, não determinou a suspensão do livramento
condicional. Em 05/07/2017, o Ministério Público ofereceu denúncia contra Pedro pelo cometimento
do roubo e pediu para que o juízo da execução penal fosse informado sobre a ocorrência deste
novo delito. Em 15/07/2017 o juiz da execução penal foi comunicado de que o condenado Pedro
praticou outro crime durante o livramento condicional e está respondendo ao processo penal.
Mas o novo crime foi praticado durante o período de prova, ou seja, enquanto o condenado
ainda cumpria o livramento condicional... Como a nova infração penal foi cometida durante o
livramento condicional (antes de o benefício acabar), não seria possível considerar que, com a
prática do novo crime, houve a prorrogação automática do período de prova, nos termos do art. 89
do CP? NÃO. O art. 89 do CP prevê o seguinte:
Art. 89. O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em
julgado a sentença em processo a que responde o liberado, por crime
cometido na vigência do livramento.
O que o juiz da execução deve fazer, então? Como não houve decisão determinado a
suspensão ou revogação do período de prova durante o prazo do livramento condicional, somente
resta agora ao juiz proferir sentença declarando a extinção da punibilidade pelo integral
cumprimento da pena (em relação ao crime de extorsão). Pedro irá continuar respondendo pelo
delito de roubo, mas a pena pelo crime de extorsão já foi cumprida.
Conclusões:
• decorrido o período de prova do livramento condicional sem que seja proferido uma decisão
formal e expressa de suspensão ou revogação do benefício, a pena deve ser extinta, nos termos
do art. 90 do CP.
Vale ressaltar que o STF possui o mesmo entendimento que é manifestado na súmula:
(...) À luz do disposto no art. 86, I, do Código Penal e no art. 145 da Lei das
Execuções Penais, se, durante o cumprimento do benefício, o liberado
cometer outra infração penal, o juiz poderá ordenar a sua prisão,
suspendendo o curso do livramento condicional, cuja revogação, entretanto,
A Lei nº 13.964/2019 alterou o inciso III do art. 83 do Código Penal, que trata sobre os
requisitos para a concessão do livramento condicional. Veja:
CÓDIGO PENAL
Antes da Lei 13.964/2019 ATUALMENTE
Art. 83. O juiz poderá conceder livramento Art. 83. O juiz poderá conceder livramento
condicional ao condenado a pena privativa condicional ao condenado a pena privativa
de liberdade igual ou superior a 2 (dois) de liberdade igual ou superior a 2 (dois)
anos, desde que: anos, desde que:
(...) (...)
III - comprovado comportamento satisfatório III - comprovado:
durante a execução da pena, bom
a) bom comportamento durante a execução
desempenho no trabalho que lhe foi
da pena;
atribuído e aptidão para prover à própria
subsistência mediante trabalho honesto; b) não cometimento de falta grave nos
últimos 12 (doze) meses;
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi
atribuído; e
d) aptidão para prover a própria subsistência
mediante trabalho honesto;
Com essa alteração operada pela Lei nº 13.964/2019, a falta grave passou a interromper o
prazo para obtenção do livramento condicional? A Lei nº 13.964/2019 fez com que o entendimento
da súmula 441 do STJ fique superado? NÃO. A súmula 441 do STJ continua válida.
Praticada a falta grave, o apenado terá que aguardar 12 meses para poder gozar do
livramento condicional. O prazo do art. 83, I, do CP, contudo, não é interrompido (não é “zerado”).
Essa é a lição de Rogério Sanches: “A falta grave interrompe o prazo para o livramento?
Não. Embora o cometimento de falta grave interrompa o prazo para a progressão de regime
(Súmula 534 STJ), não o faz para fins de concessão de livramento condicional, pois não há previsão
legal a esse respeito. Nesse sentido é a súmula nº 441 do STJ, cujo conteúdo não é incompatível
com a regra imposta pela Lei 13.964/19. Embora o condenado não possa obter o livramento se
houver cometido falta grave nos doze meses anteriores à sua pretensão, o prazo do benefício não
volta a correr do começo quando cometida a infração. Praticada a falta grave, nos 12 meses
seguintes o reeducando não pode ser beneficiado com a liberdade antecipada, mesmo que cumpra
EXECUÇÃO PENAL
Consequências decorrentes da prática de FALTA GRAVE:
LIVRAMENTO CONDICIONAL: para ter direito ao benefício o réu não pode ter cometido falta grave nos
últimos 12 meses. Por outro lado, a falta grave não interrompe o prazo para obtenção do livramento
condicional (Súmula 441-STJ).
LEP Art. 197. Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de agravo,
sem efeito suspensivo.
17.2. RITO
17.3. PRAZO
• Devolutivo;
Em uma eventual peça processual, não esquecer de pedir o juízo de retratação na petição
de interposição.
• Extensivo.
• Suspensivo - Não.
Existe um ÚNICO caso em que o agravo tem efeito suspensivo: art. 179 da LEP.
1. NOÇÕES GERAIS
ESPÉCIES DE IDENTIFICAÇÃO
A regra constitucional é a de que a pessoa que for civilmente identificada não será submetida à
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei (art. 5º, LVIII). A Lei que traz essas
hipóteses é a Lei n. 12.037/2009.
A Lei n. 12.654/2012 prevê a criação de banco de dados de perfis genéticos com o material
Existem inúmeros crimes que cuja execução deixa materiais genéticos como vestígios. Por
exemplo:
Em tais situações, será possível a comparação dos vestígios deixados com as informações
constantes desse banco de dados para que se possa descobrir o verdadeiro autor do crime.
A autoridade judiciária. Nesse caso, a Lei prevê que essa decisão determinando a coleta do
material biológico poderá ser tomada de ofício ou mediante representação da autoridade policial,
do MP ou da defesa.
A Lei n. 12.654 previu que os dados relacionados à coleta do perfil genético deverão ser
armazenados em banco de dados de perfis genéticos, gerenciado por unidade oficial de perícia
criminal.
As informações genéticas contidas nos bancos de dados de perfis genéticos não poderão
revelar traços somáticos ou comportamentais das pessoas, exceto determinação genética de
gênero, consoante as normas constitucionais e internacionais sobre direitos humanos, genoma
humano e dados genéticos.
Os dados constantes dos bancos de dados de perfis genéticos terão caráter sigiloso,
respondendo civil, penal e administrativamente aquele que permitir ou promover sua utilização para
fins diversos dos previstos nesta Lei ou em decisão judicial.
A exclusão dos perfis genéticos dos bancos de dados ocorrerá quando o acusado for
absolvido e, no caso de condenação, a requerimento, após 20 anos de cumprimento de pena.
Art. 9º-A. Os condenados por crime praticado, Art. 9º-A. O condenado por crime doloso praticado
dolosamente, com violência de natureza grave com violência grave contra a pessoa, bem como por
contra pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos crime contra a vida, contra a liberdade sexual ou por
no art. 1º da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, crime sexual contra vulnerável, será submetido,
SERÃO submetidos, obrigatoriamente (caráter obrigatoriamente, à identificação do perfil genético,
obrigatório), à identificação do perfil genético, mediante extração de DNA (ácido
desoxirribonucleico), por técnica adequada e
O caput do art. 9º-A, bem como os seus §§ 5º, 6º e 7º foram vetados pelo Presidente da
República. Em abril de 2021, ao apreciar os vetos, o Congresso Nacional acabou derrubando.
Resumidamente:
• Crimes contra a vida – art. 121, 122, 123, 124, 125 e 126 todos do CP;
• Crimes contra a liberdade sexual – art. 213, 215, 215-A, 216-A todos do CP;
• Crimes sexuais contra vulneráveis – art. 217-A, 218, 218-A, 218-B e 218-C
todos do CP.
Para que seja permitida a coleta de material biológico é necessário que a condenação
tenha TRANSITADO EM JULGADO? Sim.
A Lei não condiciona expressamente que tenha havido o trânsito em julgado, no entanto,
De acordo com Renato Brasileiro, “não se revela possível, portanto, a coleta de material
biológico de presos cautelares para fins de identificação do perfil genético, pelo menos com base
no art. 9º-A, caput, da LEP”
Não é porque tais delitos são equiparados a hediondo que haverá uma simbiose perfeita
entre eles. Em verdade, sempre que a lei quis estabelecer tratamento uniforme entre os crimes
hediondos e equiparados, ela o fez expressamente, como é o caso do art. 2º da Lei n.8.072/90.
Segundo Renato Brasileiro, o Congresso Nacional andou bem ao derrubar o veto, tendo em
vista que “o §5º do art. 9º-A da LEP, incluído pela Lei n. 13.964/19, simplesmente busca se alinhar
ao art. 5º-A, §1º, da Lei n. 12.037/09, incluído pela Lei n. 12.654/12, segundo o qual as informações
genéticas contidas nos bancos de dados de perfis genéticos não poderão revelar traços somáticos
ou comportamentais das pessoas, exceto determinação genética de gênero, consoante as normas
constitucionais e internacionais sobre direitos humanos, genoma humano e dados genéticos. Dado
o caráter invasivo inerente à identificação do perfil genético, não se pode admitir sua utilização para
outros fins. Louvável, portanto, a vedação expressa às práticas de fenotipagem genética ou de
busca familiar, pois assim se poderá evitar um possível excesso de invasão no patrimônio genético
das pessoas”
A previsão do descarte imediato está contida no §6º, do art. 9º-A, o qual havia sido vetado
sob o seguinte argumento: “A proposta legislativa, ao prever o descarte imediato da amostra
biológica, uma vez identificado o perfil genético, contraria o interesse público tendo em vista que a
medida pode impactar diretamente no exercício do direito da defesa, que pode solicitar a refeitura
do teste, para fins probatórios. Ademais, as melhores práticas e recomendações internacionais
Destaca Renato Brasileiro que “trata-se, pois, o §6º do art. 9º-A do CPP, de norma especial
em relação ao art. 158-F do CPP, também incluído pelo Pacote Anticrime. Explica-se: enquanto
este dispositivo dispõe que, “após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido à central
de custódia, devendo nela permanecer”, aquele prevê o descarte – procedimento referente à
liberação do vestígio – como regra, leia-se, como um efeito automático decorrente da conclusão do
exame pericial em si, independentemente de prévia autorização judicial”
O §7º, do art. 9º-A também havia sido vetado, tendo em vista que “a proposta legislativa, ao
determinar que a coleta da amostra biológica ficará a cargo de perito oficial, contraria o interesse
público, notadamente por se tratar de mero procedimento de retirada do material. Ademais, embora
a análise da amostra biológica e a elaboração do respectivo laudo pericial sejam atribuições
exclusivas de perito oficial, já existe um consenso que a coleta deve ser supervisionada pela perícia
oficial, não necessariamente realizada por perito oficial. Além disso, tal restrição traria prejuízos à
execução da medida e até mesmo a inviabilizaria em alguns estados em que o número de peritos
oficiais é insuficiente”
Com a derrubada do veto, fica expresso que a coleta da amostra biológica, bem como a
elaboração do laudo devem ser feitos por perito oficial.
Renato Brasileiro salienta que “trata-se, pois, de norma especial em relação ao art. 158-C,
caput, do CPP, com redação dada pela Lei n. 13.964/19, segundo o qual a coleta dos vestígios
deverá ser realizada preferencialmente por perito oficial, que dará o encaminhamento necessário
para a central de custódia. Ora, ao fazer uso do advérbio “preferencialmente”, o art. 158-C, caput,
do CPP, denota que se acaso não for possível o recolhimento dos vestígios que serão submetidos
à análise por perito oficial, dois peritos não oficiais poderiam fazê-lo, nos termos do art. 159, §§1º e
2º, do CPP. Em sentido completamente diverso, o art. 9º-A, §7º, da LEP, é expresso ao afirmar que
a coleta da amostra biológica e a elaboração do respectivo laudo “serão realizadas por perito oficial”.
Ora, os termos imperativos aí utilizados não deixam dúvidas quanto ao caráter cogente da norma,
cuja inobservância pode gerar questionamentos quanto à possível contaminação da cadeia de
custódia.”
A coleta somente pode ocorrer DURANTE AS A coleta somente pode ocorrer APÓS A
INVESTIGAÇÕES (antes de ser ajuizada a CONDENAÇÃO do réu.
ação penal)
Não importa o crime pelo qual a pessoa esteja A coleta somente é permitida se o réu foi
sendo investigada. condenado:
- por crime doloso praticado com violência de
natureza grave contra pessoa; ou
- por qualquer crime hediondo.
Somente ocorre se se essa prova for É obrigatória por força de lei. O objetivo é o de
ESSENCIAL às investigações policiais. O armazenar a identificação do perfil genético do
objetivo é elucidar o crime específico que está condenado em um banco de dados sigiloso.
sendo investigado.
A coleta é determinada por decisão judicial Não necessita de autorização judicial. A coleta
fundamentada, proferida de ofício, ou mediante é feita como providência automática decorrente
representação da autoridade policial, do MP ou da condenação.
da defesa.
Prevista no parágrafo único do art. 5º da Lei Prevista no art. 9º-A da LEP.
12.037/2009
• Da prisão cautelar e;
• Da medida de segurança.
• O magistrado;
• O defensor;
5. FUNCIONALIDADES DO SISTEMA
Um dos aspectos mais interessantes e úteis da nova Lei está neste ponto.
II - o Ministério Público; e
III - o defensor.
O Poder Executivo federal instituirá sistema nacional, visando à interoperabilidade das bases
de dados e informações dos sistemas informatizados instituídos pelos Estados e pelo Distrito
Federal.
A Lei de Execuções Penais, desde sua redação original, sempre assegurou aos presos o
direito à educação, em seus arts. 17 a 21.
Ocorre que a LEP afirmava que apenas o ensino fundamental (antigo "1º grau") seria
obrigatório. Em outras palavras, pela redação anterior da LEP, o Poder Público ficava obrigado a
oferecer apenas o ensino fundamental nos presídios, ficando dispensado de assegurar ensino
médio aos detentos.
A Lei nº 13.163/2015 alterou a LEP e passou a prever que o ensino médio também deverá
ser oferecido, obrigatoriamente, aos reeducandos, nos presídios.
Apenas o ensino fundamental ("1º grau") era Agora tanto o ensino fundamental como o
obrigatório nos presídios. ensino médio deverão ser obrigatoriamente
oferecidos aos presos.
A LEP não obrigava o oferecimento de ensino
médio nos presídios. A LEP continua sem obrigar o oferecimento
de ensino superior nos presídios.
As escolas e cursos oferecidos dentro dos presídios devem estar integrados ao sistema
estadual e municipal de ensino, ou seja, o ensino ministrado nos presídios deverá ter a mesma
validade, carga horária, requisitos etc. que aqueles ofertados fora do estabelecimento prisional. Isso
tem o objetivo de fazer com que os presos que forem alunos não tenham nenhuma dificuldade ou
prejuízo ao continuarem seus estudos quando saírem do presídio.
Essa integração atende a recomendação internacional prevista no item 77.2 das Regras
Mínimas da ONU para Tratamento das Pessoas Presas:
77. (...) 2.Tanto quanto possível, a educação dos presos estará integrada ao
sistema educacional do país, para que depois da sua libertação possam
continuar, sem dificuldades, a sua educação.
As escolas e cursos de ensino médio que funcionarão nos presídios serão estaduais ou
municipais, a depender do caso. Dito de outra forma, são escolas públicas estaduais e municipais
semelhantes às que são oferecidas fora do estabelecimento carcerário.
A maioria das escolas de ensino médio que funcionará nos presídios será de
responsabilidade dos Estados, uma vez que este ente é quem tem a responsabilidade prioritária
pelo ensino médio. No entanto, pode acontecer também de o ensino médio ser oferecido pelos
Municípios.
SIM. A Lei prevê que a União irá oferecer apoio administrativo e financeiro aos Estados e
Municípios para a manutenção do ensino médio nos presídios.
4. CENSO PENITENCIÁRIO
A Lei nº 13.163/2015 acrescentou também o art. 21-A afirmando que deverão ser realizados
censos penitenciários nos quais se constate a situação educacional dos presos. Veja:
Estas foram as principais alterações promovidas pela Lei nº 13.163/2015, que já se encontra
em vigor.
LEI 13.167/2015
A LEP, desde a sua redação original, sempre previu que, dentro do estabelecimento
prisional, os presos provisórios deverão ficar separados dos presos condenados definitivamente.
Essa determinação está insculpida no art. 84, caput:
Preso provisório: é aquele que ainda não foi condenado com sentença transitada em julgado,
estando, portanto, preso em virtude de uma prisão cautelar (provisória). Vale ressaltar que, nessa
categoria de preso provisório, inclui-se tanto a pessoa que ainda nem foi julgada, mas se encontra
presa preventivamente como o indivíduo que já foi condenado, mas aguarda o julgamento de
recurso.
O legislador pensou o seguinte: não basta que os presos provisórios fiquem separados dos
presos condenados definitivamente (art. 84, caput). Isso está certo, mas ainda é pouco. É
necessário que, na ala destinada aos presos provisórios, eles sejam divididos de acordo com a
espécie de crime pelo qual estão acusados. De outro lado, na parte do presídio reservada aos
presos definitivos, estes também deverão ser separados conforme a gravidade do crime pelo qual
foram condenados.
REGRA GERAL:
O preso provisório ficará separado do preso condenado por sentença transitada em julgado.
O preso provisório ficará recolhido em cela diferente do preso já condenado definitivamente.
PRESOS PROVISÓRIOS: PRESOS CONDENADOS:
Os presos provisórios ficarão separados de Os presos condenados definitivamente ficarão
acordo com os seguintes critérios: separados de acordo com os seguintes
I - acusados pela prática de crimes hediondos critérios:
ou equiparados; I - condenados pela prática de crimes
II - acusados pela prática de crimes cometidos hediondos ou equiparados;
com violência ou grave ameaça à pessoa; II - reincidentes condenados pela prática de
III - acusados pela prática de outros crimes ou crimes cometidos com violência ou grave
contravenções diversos dos apontados nos ameaça à pessoa;
incisos I e II. III - primários condenados pela prática de
crimes cometidos com violência ou grave
ameaça à pessoa;
IV - demais condenados pela prática de outros
crimes ou contravenções em situação diversa
das previstas nos incisos I, II e III.
Além disso, o Brasil, ao alterar sua legislação prevendo novos critérios de separação dos
detentos, atende a recomendação internacional prevista no item 8 das Regras Mínimas da ONU
para Tratamento das Pessoas Presas:
Quando a lei exige que os presos fiquem separados de acordo com os critérios acima
expostos, isso significa que deverão ser construídos novas unidades prisionais? Eles deverão
obrigatoriamente ficar em estabelecimentos prisionais distintos?
NÃO. Não é necessário que os presos fiquem em prédios separados. O mesmo conjunto
arquitetônico poderá abrigar estabelecimentos de destinação diversa desde que devidamente
isolados (§ 2º do art. 82 da LEP).
Basta que, dentro da unidade prisional, haja a separação bem nítida e concreta entre os
diversos tipos de preso.
Assim, dentro de uma mesma unidade prisional podem ficar presos provisórios e
condenados, mas é necessário que eles sejam separados por meio de pavilhões ou ala, havendo
um isolamento de forma a impedir o contato.
De igual forma, no pavilhão dos presos provisórios e no pavilhão dos presos condenados,
deverá haver a subdivisão em alas, raias ou celas de acordo com os critérios impostos nos §§ 1º e
3º do art. 84 da LEP.
5. PRESO AMEAÇADO
A Lei nº 13.167/2015 também traz a previsão de que os presos que estiverem ameaçados
deverão ficar separados dos demais. Confira:
Art. 84 (...)
§ 4º O preso que tiver sua integridade física, moral ou psicológica ameaçada
pela convivência com os demais presos ficará segregado em local próprio.”
(NR)
Art. 1º O art. 84 da Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984 - Lei de Execução Penal, passa a
vigorar com as seguintes alterações:
1. HISTÓRICO
Segundo o entendimento majoritário, contudo, esta regra somente valia para as prisões
envolvendo crimes militares, não sendo aplicadas para os crimes "comuns" (não militares).
Assim, a primeira lei que tratou sobre o uso de algemas no Brasil de forma geral foi a Lei nº
7.210/84 (Lei de Execuções Penais). Ela, no entanto, não ajudou muito porque afirmou que o tema
deveria ser tratado por meio de decreto. Confira:
c) LEI 11.689/2008
Em junho de 2008, foi editada Lei nº 11.689/2008, que alterou o procedimento do Júri
previsto no CPP. Esta Lei aproveitou a oportunidade e tratou também sobre o uso de algemas,
porém apenas no plenário do Júri. Veja os dispositivos que foram inseridos por ela:
Art. 478. Durante os debates as partes não poderão, sob pena de nulidade,
fazer referências:
I – à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que julgaram admissível
a acusação ou à determinação do uso de algemas como argumento de
autoridade que beneficiem ou prejudiquem o acusado; (Incluído pela Lei
11.689/2008)
Como se vê, tirando a hipótese do Plenário do Júri, a legislação continuava sem disciplinar
o uso de algemas.
d) SV 11-STF
Em razão dessa lacuna normativa, em 2008, o Supremo Tribunal Federal, diante do uso
abusivo de algemas em determinadas pessoas, viu-se obrigado a dispor sobre o tema e editou uma
súmula vinculante que mais parecia um artigo de lei tratando a respeito do assunto. Confira:
e) DECRETO 8.858/2016
Agora, com 32 anos de atraso, finalmente é editado o Decreto federal mencionado pelo art.
199 da LEP e que trata sobre o emprego de algemas.
Regulamenta o art. 199 da Lei de Execução Penal com o objetivo de disciplinar como deve
ser o emprego de algemas.
Diretrizes
• o Pacto de San José da Costa Rica, que determina o tratamento humanitário dos presos
e, em especial, das mulheres em condição de vulnerabilidade.
• resistência;
• perigo à integridade física própria ou alheia, causado pelo preso ou por terceiros.
Caso tenha sido verificada a necessidade excepcional do uso de algemas, com base em
uma das três situações acima elencadas, essa circunstância deverá ser justificada, por escrito.
3. OBSERVAÇÕES FINAIS
A vedação quanto ao uso de algemas incide tanto no momento da prisão (seja em flagrante
ou por ordem judicial) como também nas hipóteses em que o réu preso comparece em juízo para
participar de um ato processual (ex: réu durante a audiência).
Em outras palavras, a pessoa que acaba de ser presa, em regra, não pode ser algemada.
Se ela tiver que ser deslocada para a delegacia, por exemplo, em regra, não pode ser algemada.
Se tiver que comparecer para seu interrogatório, em regra, não pode ser algemada.
Quais são as consequências caso o preso tenha sido mantido algemado fora das hipóteses
a) Nulidade da prisão;
Vale ressaltar que, se durante audiência de instrução e julgamento o juiz recusa, de forma
motivada, o pedido para que sejam retiradas as algemas do acusado, não haverá nulidade
processual (STJ HC 140.718-RJ).
Apesar disso, a SV 11 continua tendo grande importância porque ela prevê, em sua parte
final, as consequências caso o preso tenha sido mantido algemado fora das hipóteses mencionadas
ou sem que tenha sido apresentada justificativa por escrito.
DECRETO 8.858/2016 SV 11
Não prevê qualquer consequência ou punição (...) sob pena de responsabilidade disciplinar,
em caso de descumprimento das regras civil e penal do agente ou da autoridade e de
impostas para o emprego de algemas. nulidade da prisão ou do ato processual a que
se refere, sem prejuízo da responsabilidade
civil do estado.
Art. 3º É vedado emprego de algemas em A súmula vinculante não trata sobre esta
mulheres presas em qualquer unidade do situação específica das mulheres em trabalho
sistema penitenciário nacional durante o de parto ou que tiveram seus filhos.
trabalho de parto, no trajeto da parturiente
entre a unidade prisional e a unidade
hospitalar e após o parto, durante o período
em que se encontrar hospitalizada.
Quadro-resumo:
CS DE EXECUÇÃO PENAL – 2022.1 151
SÚMULAS SOBRE EXECUÇÃO PENAL
Súmula 40 STJ - Para obtenção dos benefícios de saída temporária e trabalho externo, considera-
se o tempo de cumprimento da pena no regime fechado.
Válida!
Interessante destacar o exemplo usado por Renato Brasileiro, em seu livro Súmulas
Criminais do STF e STJ comentadas: “suponha-se que determinado indivíduo primário tenha sido
condenado ao cumprimento de 10 anos de reclusão no regime inicial fechado pela prática de crime
cometido sem violência e grave ameaça. Após o cumprimento de 16% da pena no regime fechado,
é beneficiado com a progressão. Neste caso, poderá, desde já, pleitear o benefício da saída
temporária, independentemente de satisfazer mais 16% de pena no regime semiaberto”.
Súmula 192 STJ - Compete ao Juízo das Execuções Penais do Estado a execução das penas
impostas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a
estabelecimentos sujeitos a Administração Estadual.
Importante!
Mesmo que a condenação ainda não tenha transitado em julgado (condenado provisório),
se o réu estiver preso em unidade prisional estadual, a competência para decidir sobre os incidentes
da execução penal, como por exemplo, a antecipação da progressão de regime, será da Justiça
Estadual (Súmulas do STJ e do STJ anotadas e organizadas por assunto – Dizer o Direito).
Súmula 341 STJ - A frequência a curso de ensino formal é causa de remição de parte do tempo de
CS DE EXECUÇÃO PENAL – 2022.1 152
execução de pena sob regime fechado ou semiaberto.
Válida!
No entanto, a súmula está, atualmente, incompleta. Segundo o §6º do art. 126 da LEP,
incluído pela Lei 12.433/2011, o condenado que cumpre pena em regime ABERTO e o sentenciado
que esteja usufruindo de LIBERDADE CONDICIONAL também poderão remir, pela frequência a
curso de ensino regular ou de educação profissional, parte da execução da pena ou do período de
prova.
É possível a remição para condenados que cumprem pena em regime aberto ou estejam em
livramento condicional?
Súmula 439 STJ - Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em
decisão motivada.
Importante!
O art. 112 da LEP, em sua redação original, exigia, como condição para a progressão de
regime e concessão de livramento condicional, que o condenado se submetesse a exame
criminológico.
A Lei 10.791/2003 alterou esse art. 112 e deixou de exigir a submissão do reeducando ao
referido exame criminológico. No entanto, o exame criminológico poderá ser ainda realizado se o
juiz, de forma fundamentada e excepcional, entender que a perícia é absolutamente necessária
para a formação de seu convencimento.
Em suma, a Lei 10.791/2003 não dispensou, mas tornou facultativa a realização do exame
criminológico, que ainda poderá ser feito para apreciação da personalidade e do grau de
periculosidade do sentenciado.
Súmula 441 STJ - A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional.
Importante!
A Lei 13.964/2019 alterou o inciso III do art. 83 do CP, que trata dos requisitos para a
concessão de livramento condicional. Contudo, a Súmula 441 do STJ continua válida.
Praticada a falta grave, o apenado terá que aguardar 12 meses para poder gozar do
livramento condicional. O prazo ao art. 83, I do CP não é interrompido.
Súmula 471 STJ - Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da
vigência da Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de
Execução Penal) para a progressão de regime prisional.
Importante!
Súmula 491 STJ: É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional.
Importante!
Progressão per saltum significa a possibilidade do apenado que está cumprindo pena no
regime fechado progredir diretamente para o regime aberto, ou seja, sem passar antes pelo
semiaberto. Não é admitida pelo STF e STJ.
Assim, se o apenado está cumprindo pena no regime fechado, ele não poderá ir diretamente
para o regime aberto, mesmo que tenha, em tese, preenchido os requisitos para tanto.
Súmula 493 STJ – É inadmissível a fixação de pena substitutiva (art. 44 do CP) como condição
especial ao regime aberto.
A LEP impõe ao reeducando condições gerais e obrigatórias para que ele possa ir do regime
semiaberto para o aberto (art. 115). A Lei estabelece também que o juiz poderá fixar outras
condições especiais, em complementação daquelas previstas em lei. No entanto, a súmula afirma
que o magistrado, ao fixar essas condições especiais, não poderá impor nenhuma obrigação que
seja prevista em lei como pena restritiva de direitos (art. 44 do CP). Isso porque é como se o juiz
estivesse aplicando uma nova pena ao condenado pelo simples fato de ele estar progredindo de
regime. Haveria aí um bis in idem.
Assim, por exemplo, o juiz não pode impor que o reeducando preste serviços à comunidade
como condição especial para que fique no regime aberto.
Súmula 520 STJ - O benefício de saída temporária no âmbito da execução penal é ato jurisdicional
insuscetível de delegação à autoridade administrativa do estabelecimento prisional.
Importante!
A decisão da 2ªT do STF afirmando que a exigência feita pelo STJ, no sentido de que haja
uma decisão motivada para cada saída temporária, coloca em risco o direito do sentenciado ao
benefício, em razão do grande volume de processos nas varas de execuções penais.
Súmula 526 STJ - O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido
como crime doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de sentença penal
condenatória no processo penal instaurado para apuração do fato.
Cometido fato previsto como crime doloso pelo apenado, durante o cumprimento da
reprimenda, resta caracterizada a falta grave, nos termos do art. 52 da LEP, independentemente do
trânsito em julgado de eventual sentença condenatória.
Súmula 533 STJ - Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da execução
penal, é imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do
estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído
ou defensor público nomeado.
CS DE EXECUÇÃO PENAL – 2022.1 154
Importante!
Superada em parte, ou no dizer do STJ foi relativizada, diante da Tese fixada pelo STF
no Tema 941 (Info 985), conforme explicado acima.
Súmula 534 STJ - A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão de
regime de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa infração.
Importante!
Súmula 535 STJ- A prática de falta grave não interrompe o prazo para fim de comutação de pena
ou indulto.
Importante!
Súmula 562 STJ - É possível a remição de parte do tempo de execução da pena quando o
condenado, em regime fechado ou semiaberto, desempenha atividade laborativa, ainda que
extramuros.
A LEP, ao tratar sobre a remição pelo trabalho, não restringiu esse benefício apenas para o
trabalho interno (intramuros). Desse modo, mostra-se indiferente o fato de o trabalho ser exercido
dentro ou fora do ambiente carcerário. Na verdade, a lei exige apenas que o condenado esteja
cumprindo a pena em regime fechado ou semiaberto para que ele tenha direito à remição pelo
trabalho.
A súmula, com outras palavras: O condenado que estiver em regime fechado ou semiaberto,
se trabalhar dentro (intramuros) ou fora (extramuros) da unidade prisional, terá direito à remição da
pena (abatimento de parte da pena). O reeducando que cumpre pena em regime aberto não possui
direito à remição pelo trabalho (mas poderá remir caso estude).
Súmula 631 - O indulto extingue os efeitos primários da condenação (pretensão executória), mas
não atinge os efeitos secundários, penais ou extrapenais.
Importante
Súmula 639 STJ - Não fere o contraditório e o devido processo decisão que, sem ouvida prévia da
defesa, determine transferência ou permanência de custodiado em estabelecimento penitenciário
federal.
Importante!
Súmula Vinculante 9: O disposto no art. 127 da LEP foi recebido pela ordem constitucional vigente
e não se lhe aplica o limite temporal previsto no caput do art. 58.
Válida!
Este enunciado foi editado em 2008. A redação do art. 127 foi alterada pela Lei 12.433/2011,
no entanto, o sentido da súmula permanece sendo válido, ou seja, o referido dispositivo é
compatível com a CF/88.
Súmula Vinculante 26: Para efeito de progressão de regime de cumprimento de pena, por crime
hediondo ou equiparado, praticado antes de 29 de março de 2007, o juiz da execução, ante a
inconstitucionalidade do art. 2, §1º da Lei 8.072/90, aplicará o art. 112 da LEP, na redação original,
sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche ou não os requisitos objetivos e subjetivos do
benefício podendo determinar para tal fim, de modo fundamentado, a realização do exame
criminológico.
Importante!
Súmula Vinculante 56: A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do
condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nesta hipótese, os parâmetros
fixados no Recurso Extraordinário 641320.
Súmula 700 STF: É de cinco dias o prazo para a interposição de agravo contra decisão do juiz da
execução penal.
Súmula 715 STF: A pena unificada para atender o limite de trinta anos de cumprimento,
determinado pelo art. 75 do CP, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como
livramento condicional ou regime mais favorável.
Válida!
Importante!
Súmula 717 STF: Não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em sentença
transitada em julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial.
Válida!