Produção Mandioca

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COEFICIENTES TCNICOS E CUSTO DE PRODUO DA MANDIOCA PARA MESA NA REGIO DE MOGI-MIRIM, ESTADO DE SO PAULO1

Jos Roberto da Silva2 Denyse Chabaribery3

1 - INTRODUO 1 2 3 A mandioca para mesa difere da industrial por ser de variedades que contm baixos teores de cido ciandrico, atingindo menos de 100 partes por milho (ppm) na polpa crua das razes. So tambm chamadas de aipim, macaxeira, mandioca mansa ou doce e, em funo de, quanto mais novas, melhores suas caractersticas culinrias, so colhidas mais cedo, entre o stimo e o 14 ms aps o plantio (LORENZI, 2003). Consumida in natura coadjuvante importante na dieta dos brasileiros. O produto cultivado em todas as unidades da federao e, em grande parte delas, principalmente na Regio Norte e Nordeste, ocupa lugar de destaque na alimentao, no emprego e na gerao de renda para a agricultura familiar. Em So Paulo, conforme dados do Instituto de Economia Agrcola (IEA), da produo total de mandioca no ano agrcola 2003/04, a de mesa representou cerca de 15% (132.869t). Em trabalho realizado pelo IEA, para efeito de clculo do Valor da Produo Agropecuria do Estado de So Paulo (VPA), os principais produtos da agropecuria foram classificados em cinco grupos e a mandioca de mesa, com mais onze produtos, compe o das olercolas, onde participa com 4% do VPA total, precedida da batata, tomate para mesa, cebola, repolho e cenoura, ocupando, portanto, a 6 colocao no ranking de valor da produo desse grupo de produtos (TSUNECHIRO, 2005). A mandioca de mesa comercializada
Cadastrado no SIGA NRP675 e registrado no CCTC, IE71/2005. Engenheiro Agrnomo, Pesquisador do Instituto de Economia Agrcola (e-mail: [email protected]). Engenheira Agrnoma, Doutora, Pesquisadora do Instituto de Economia Agrcola (e-mail: [email protected]).
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in natura e, mais recentemente, tambm processada, principalmente congelada e tambm descascada e embalada a vcuo. O volume comercializado no CEAGESP 99% de produto originrio de So Paulo e representa aproximadamente 15% da produo paulista do produto. Ou seja, um volume que chega a atingir 85% da produo do Estado comercializado sem passar pelo CEAGESP, grande parte oferecido de porta em porta em carrinhos de mo em centros urbanos, bem como em feiras livres, sacoles e mercados. O principal objetivo deste trabalho a construo de uma matriz de coeficientes tcnicos de utilizao de insumos, permitindo a realizao da estimativa de custo de produo. A elaborao dessa matriz justifica-se pela facilidade de atualizao dos custos a qualquer momento, constituindo-se em importante parmetro para tomada de deciso aos diversos segmentos da cadeia de produo da mandioca de mesa. As entrevistas junto aos produtores de mandioca para mesa e outros agentes do segmento permitiram levantar especificidades da produo e da comercializao dessa olercola.

2 - CARACTERIZAO DA PRODUO E DA COMERCIALIZAO A cultura de mandioca para mesa est distribuda geograficamente por todo o estado, sendo que, seis dos 42 Escritrios de Desenvolvimento Rural (EDRs), que se divide o Estado de So Paulo, concentram 64% da produo total fazendo com que a cultura adquira grande importncia econmica nessas regies. So os EDRs de Mogi-Mirim, Sorocaba, Pindamonhangaba, Jaboticabal, Jales e Andradina (Tabela 1). Nos ltimos vinte anos observou-se mudana na importncia que a cultura da mandioca de mesa apresenta para as regies do Estado,

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27 TABELA 1 - rea em Produo e Produo de Mandioca para Mesa, por Escritrio de Desenvolvimento Rural (EDR), Estado de So Paulo, 1985, 2000 e 2004
1985 EDR rea em produo (ha) Mogi-Mirim Sorocaba Pindamonhangaba Jaboticabal Jales Andradina Outros Estado 340 210 379 166 370 65 1.530 3.237 Produo (cx.25kg) 324.000 100.000 224.590 77.800 153.800 109.000 989.190 2.092.500 2000 rea em produo (ha) 1.065 945 284 619 363 80 3.356 5.718 Produo (cx.25kg) 769.200 422.000 165.910 292.800 261.275 61.314 1.972.499 3.428.244 2004 rea em produo (ha) 1.970 865 612 533 389 354 4.723 8.578 Produo (cx.25kg) 1.297.400 379.600 340.140 279.300 241.840 239.600 2.777.880 5.314.792

Fonte: Instituto de Economia Agrcola e Coordenadoria Tcnica de Assistncia e Extenso Rural.

pois se, h mais de vinte anos, o EDR de Campinas foi o maior produtor do Estado de So Paulo com 596 mil cx. de 25kg, atualmente sua produo representa apenas 10% daquela anterior. Essa redefinio das principais regies produtoras tambm est alicerada na implantao de indstrias de farinhas em municpios prximos aos produtores de mandioca de mesa, que em ano de fraca comercializao do produto para consumo in natura, tm a opo da venda para a fbrica, mesmo que por preos mais baixos. No EDR de Mogi-Mirim, maior produtor de mandioca de mesa do Estado, existem vrias indstrias de farinha e de fcula de mandioca. Nessa regio localiza-se o Municpio de Engenehiro Coleho, escolhido para estudo. No Levantamento Censitrio de Unidades de Produo Agrcola do Estado de So Paulo (LUPA) (PINO et al., 1997) identificaram-se onze Unidades de Produo Agrcola (UPAs) que cultivavam mandioca de mesa no municpio de Engenheiro Coelho, nas quais a cultura respondia por 24% da rea total dessas UPAs. As propriedades eram predominantemente pequenas e 45% situavam-se no intervalo de 10 a 20 hectares. As culturas que mais ocorriam concomitante mandioca de mesa nessas unidades eram laranja e milho. A mo-de-obra familiar predominou em 91% das propriedades e a utilizao de trabalhadores temporrios ocorreu em 54% das UPAs, somente 2% tinham trabalhadores permanentes. Na ocasio da execuo do LUPA, 54,5% dos proprietrios das UPAs produtoras de mandioca de mesa moravam na unidade, 72,7%
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tinham energia eltrica para uso residencial e 45,4% tinham energia eltrica para uso na atividade agrcola e o mesmo percentual para comunicao telefnica. As prticas de conservao de solo foram utilizadas, quando necessrias, em 100% das unidades e a prtica de adubao orgnica em 54,5%. Em 64% das UPAs havia trator e 45,4% possuam pulverizador tratorizado. A utilizao de assistncia tcnica pblica e privada ocorreu em 54,5% e 27,3%, respectivamente, nos estabelecimentos. O sistema de comercializao uma parceria entre diversos agentes autnomos que levam o produto para o mercado varejista e se encarregam de vend-lo ao consumidor final. formado por grupos de pessoas que montam um ponto de distribuio que se constitui num imvel alugado, em grandes centros urbanos, para receber a mercadoria e de onde saem as carriolas cobrindo uma determinada regio em torno desse ponto. A demanda dos diversos grupos passada para um agente coordenador que se encarrega de entrar em contato com o produtor de mandioca, providenciando a colheita, a embalagem e o transporte at os pontos de distribuio. Todos os elos so compostos de agentes autnomos que estabelecem suas margens de lucro. Alm da mandioca, comumente trabalham com outros produtos, como banana e limo. Muitas vezes esses grupos so formados por pessoas da regio produtora, que levam a mercadoria para os pontos de distribuio e eles mesmos saem vendendo em carriolas. A mandioca dessa regio est indo at para outros estados pelo mesmo sistema de comercializao.

Coeficientes Tcnicos e Custo de Produo da Mandioca para Mesa na Regio de Mogi-Mirim

28 Os preos recebidos pelos produtores de mandioca para mesa e para indstria apresentam a mesma tendncia. Verifica-se, contudo, que as oscilaes so mais freqentes nos preos de mandioca para mesa, mas as variaes so mais intensas nos preos da mandioca industrial, que se apresentam, em mdia, em nveis de 50% dos preos da de mesa (Figura 1). Em 2003 e 2004 foram registrados picos de preos para os mercados das duas variedades de mandioca, porm as cotaes para a de indstria suplantaram as de mesa durante a safra 2003/04, sendo que, em 2005, os preos retornam aos seus patamares. A reduo na oferta da mandioca para a indstria nos Estados do Paran, Mato Grosso do Sul e So Paulo, onde se concentram as grandes plantas processadoras de fculas e de farinha da mandioca, causou essa turbulncia no mercado, tanto que muitos dos produtores de mandioca para mesa venderam para a indstria, visto que os preos mostravam-se muito mais compensadores. Isso acabou por elevar tambm os preos no mercado da mandioca para mesa. A mandioca industrial de maneira geral no se presta para o mercado de mesa, em funo do predomnio de cultivo de variedades com teores mais elevados de cido ciandrico e, principalmente, no tem as qualidades culinrias exigidas pelo mercado in natura. A de mesa pode ser aproveitada para a extrao de fcula sem problemas, o que, dependendo das condies dos mercados, eventualmente ocorre.
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3 - METODOLOGIA A construo da matriz de coeficientes tcnicos de produo foi feita atravs de aplicao de questionrios junto a produtores de mandioca de mesa, selecionados intencionalmente conforme seu sistema de produo. Segundo MELLO et al. (1988), sistema de produo conceituado como o conjunto de manejos, prticas ou tcnicas agrcolas realizadas na conduo de uma cultura, de maneira mais ou menos homognea, por grupos representativos de produtores. Os levantamentos foram feitos no municpio de Engenheiro Coelho, terceiro maior produtor do Estado de So Paulo, precedido pelos municpios de Mogi-Mirim e Artur Nogueira, os trs situados na rea abrangida pelo Escritrio de Desenvolvimento Rural de Mogi-Mirim, regio maior produtora de mandioca de mesa do Estado. Segundo MELLO et al. (2000), a regionalizao da atividade agrcola, em decorrncia das condies edafoclimticas, estrutura fundiria, etc., auxilia tambm na caracterizao dos sistemas de produo. As etapas do processo de produo, desde o preparo do solo at a colheita, foram identificadas, e os diversos fatores, mquinas e implementos, com respectivas potncias, foram qualificados e quantificados, calculando-se as horas de servio para, ento, estimar-se os respectivos custos horrios. O mesmo procedimento foi feito para mo-de-obra, alm da identificao e quantificao dos insumos.

Silva; Chabaribery

250

200

(R$/t)

150

100

50

0
ja n. /9 ju 5 l./ 9 ja 5 n. /9 ju 6 l./ 9 ja 6 n. /9 ju 7 l./ 9 ja 7 n. /9 ju 8 l./ 9 ja 8 n. /9 ju 9 l./ 9 ja 9 n. /0 ju 0 l./ 0 ja 0 n. /0 ju 1 l./ 0 ja 1 n. /0 ju 2 l./ 0 ja 2 n. /0 ju 3 l./ 0 ja 3 n. /0 ju 4 l./ 0 ja 4 n. /0 ju 5 l./ 05

Indstria

Mesa

Linear (Indstria)

Linear (Mesa)

Figura 1 - Evoluo dos Preos Mdios Mensais no Atacado de Mandioca para Mesa e para Indstria, Estado de So Paulo, Jan./1995 a Jul./2005. Fonte: Instituto de Economia Agrcola.

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29 Na estimativa de custo de produo utilizou-se a metodologia de custo operacional total de produo (COT) que, de acordo com MATSUNAGA et al. (1976), engloba as despesas diretas - sementes/mudas/maniva, adubos, corretivos, agroqumicos, mo-de-obra, combustveis e lubrificantes, alm de servios de terceiros e empreitas - perfazendo o custo operacional efetivo (COE), e as despesas indiretas, como depreciao de mquinas, seguro agrcola, encargos sociais, securidade social, encargos financeiros e o arrendamento quando efetivamente ocorrer. Ressalta-se que o capital investido em mquinas, implementos, benfeitorias especficas e terra no so remunerados nessa metodologia. Por isso, o produtor deve adicionar estimativa de custo operacional o respectivo custo de oportunidade desses fatores, ou taxas de retorno ao capital investido na produo, alm de sua prpria remunerao como empresrio. mandioca variou entre 2,4 e 5,0 hectares e a variedade mais utilizada foi a IAC 576. Os produtores eram bem equipados para a atividade, todos tinham trator, alguns mais de um, e o plantio com plantadora de mandioca tambm ocorreu, bem como o uso de arrancadeira. Todavia entre os entrevistados predominou o plantio manual. O trabalho resultou em uma planilha com quatorze operaes (Tabela 2). Entre as operaes mecanizadas, de um total de 12,4 horas de uso de trator, as que mais o demandaram foram as quatro capinas mecnicas e a arao, respectivamente, 26,7% e 17,6% das horas de trator e tratorista e no dispensaram a necessidade de mais duas capinas manuais complementares, mesmo tendo utilizado herbicida pr-plantio e pr-emergente, tendo em vista o controle das invasoras nos 60 dias iniciais do ciclo (LORENZI, 2003). As horas de servio de mo-de-obra comum (47,04) foi cerca de 3,8 vezes maior que a de tratorista, sem considerar a colheita, evidenciando ser atividade com intenso emprego de fora de trabalho. O Custo Operacional Total (COT) para a produo de um hectare de mandioca de mesa foi estimado em R$839,28 (Tabela 3). Dado o rendimento fsico de 696 caixas de 28kg/ha, o custo por unidade resultou em R$1,21/cx. Como a operao de colheita via de regra no feita pelo produtor que no arca com seu custo, optouse por no coloc-la na planilha. Estima-se que a colheita de um hectare de mandioca para mesa exige a utilizao de 240 horas de servio de mo-de-obra comum. Se essa operao ficasse a cargo do agricultor, a participao da mo-deobra passaria a 49,4% do COT que seria de R$1.867,94 e o custo unitrio se elevaria para R$2,68/cx. A rea de cultivo relativamente pequena favorece o controle mecnico e manual das plantas invasoras. Nota-se que o nvel de utilizao de agrotxicos relativamente baixo na cultura da mandioca, aspecto interessante visto pela tica do consumidor. As operaes de mquinas na sua totalidade representaram, em real, 34,69% do COT. A participao das despesas com material consumido foi de 18,1% do COT, sendo que a maniva utilizada no plantio, participou com 57% desse item. A mandioca estava muito valorizada na poca do levantamento, em 2004, e, como reflexo, o preo da rama atingiu nveis elevados,

4 - RESULTADOS E DISCUSSO A mandioca de mesa pode ser plantada e colhida durante todo o ano. Porm, normalmente o plantio realizado de maio a outubro, sendo que a colheita ocorre a partir do oitavo ms do plantio, perodo que pode ser estendido at o 14 ms. Esse amplo perodo possibilita uma boa margem de planejamento da comercializao, necessrio em funo da alta perecibilidade da raiz e para o atendimento dos agentes compradores no momento requerido. De maneira que a colheita se d quando os produtores so acionados por esses agentes, com os quais j existe uma relao de confiana, e que se responsabilizam pelo arranquio, transporte at o mercado atacadista e/ou varejista, concluindo a transao comercial. Portanto, o preo acertado pago ao produtor o da mandioca na terra. O levantamento de campo para a construo da planilha de coeficientes tcnicos, efetuado em novembro de 2004, mostrou que os proprietrios eram predominantes e cultivavam mandioca de mesa h mais de dez anos, sendo que os outros cultivos da propriedade eram de laranja e milho, este ltimo o mais utilizado na rotao com a mandioca. Tambm, em menor proporo, havia pastagem para a criao de gado de leite. A rea destinada ao cultivo de

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Coeficientes Tcnicos e Custo de Produo da Mandioca para Mesa na Regio de Mogi-Mirim

30 TABELA 2 - Coeficientes Tcnicos de Produo de Mandioca de Mesa, Regio de Mogi-Mirim, 1 Hectare, Rendimento de 696cx.de 28kg, Estado de So Paulo1
Mo-de-Obra Item 1 - Operaes Roada Arao Gradeao Aplicao de herbicida Incorporao de herbicida Aplicao/incorp. de calcrio (3 em 3 anos) Corte e preparo de ramas Riscao Plantio Cobertura Capina mecnica (4x) Capina manual (2x) Combate formiga (2x) Transp. int. de insumos Total de horas 2 - Material consumido Maniva Calcrio (3 em 3 anos) Herbicida Formicida
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Silva; Chabaribery

Comum

Tratorista

Trator (75 cv)

DistriRisRoaArado rev. Grade niv. dora buidor cador 3 discos 28 discos 3 ms. calcrio 3 linhas 1,24 1,24 (horas de servio) 2,19 0,83 0,83 2,19 1,66 Quantidade 2,48 0,76 1,94 1,65 1,28 1,28 0,65 0,65 1,3

PulveCultiCarreta rizador vador 3t 600 ls. 14 hastes 0,83 0,83 3,31 3,31 Unidade m3 t l kg 0,62 0,62

13,96 9,91 21,52 1,65 47,04

1,24 2,19 0,83 0,83 0,83 1,28 0,65 0,65 3,31 0,62 12,43 Especificao Dolomtico Trifluralina Mirex

1,24 2,19 0,83 0,83 0,83 1,28 0,65 0,65 3,31 0,62 12,43

A colheita realizada pelo agente comprador. Para colher um ha de mandioca de mesa h necessidade de 240 horas de servio de mo-de-obra comum. Fonte: Instituto de Economia Agrcola.

TABELA 3 - Estimativa de Custo de Produo e de Desempenho Econmico da Mandioca de Mesa, Regio de Mogi-Mirim, 1 Hectare, Produtividade 696cx. de 28kg, Estado de So Paulo, Safra 2004/05 (em R$ de maro de 2005)
Item Mo-de-obra Manivas Adubos e corretivos Defensivos Operaes de mquinas Custo operacional efetivo (COE) Depreciao de mquinas Encargos sociais diretos1 CESSR2 Encargos financeiros3 Custo operacional total (COT) Custo operacional por unidade4 Produtividade (cx. de 28kg/ha) Preo estimado (R$/cx.) Receita bruta (RB) (R$/ha) Receita lquida (RB-COT) (R$/ha) Margem bruta (RL/COT) (%) Ponto de nivelamento5 (cx./ha) Plantio manual R$ 173,98 86,8 25,08 40,00 291,18 617,04 76,58 57,42 61,25 27,00 839,28 1,21 696 4,00 2.784,00 1.944,72 131,71 210 % 20,73 10,34 2,99 4,77 34,69 73,52 9,12 6,84 7,30 3,22 100 -

Refere-se mo-de-obra comum e tratorista (33%). Refere-se contribuio de securidade social de 2,2% sobre a renda bruta. Taxa de juros de 8,75% a.a. sobre 50% do COE durante o ciclo de produo. 4 Refere-se caixa de 28kg. 5 Produo mnima que cobre o custo operacional total. Fonte: Dados da pesquisa.
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31 da a alta participao do insumo nesse ano. Normalmente, o produtor utiliza maniva prpria que apresentaria custo prximo de zero. A adubao especfica para a cultura da mandioca no efetuada regularmente, tendo em vista que o produtor espera que haja um aproveitamento do adubo residual da cultura anterior, normalmente a de milho. A calagem tambm no realizada exclusivamente para a cultura da mandioca. As despesas com a depreciao das mquinas, encargos sociais diretos (previdencirios e trabalhistas), securidade social e encargos financeiros representaram 26,48% do Custo Operacional Total (COT). O desempenho econmico da cultura da mandioca para mesa mostrou-se excepcional, pois em maro de 2005 os preos encontravam-se em patamares acima do mdia histrica, fato que contribuiu para a elevada margem bruta apresentada, de 131%, considerando-se o preo mdio recebido pelo produtor, em maro de 2005, de R$4,00 por caixa de 28kg. O ponto de nivelamento que a produo necessria para cobrir o COT atingiu 210 caixas de 28kg por hectare. Simulando o desempenho econmico considerando o preo mdio recebido de R$3,00 a caixa, que foi a cotao mdia recebida entre 2000 e 2003 e, tambm, no segundo semestre de 2005, o clculo da margem bruta cairia para 48,8% com o ponto de nivelamento em 280cx./ha. A composio dos elementos de custo de produo da mandioca para mesa mostra que a atividade bem adequada agricultura familiar. Existe colhedora de mandioca, mas ainda no so muito eficientes, ainda mais para a de mesa, atividade desenvolvida em reas pequenas, tambm mais exigentes na aparncia do produto do que a mandioca industrial, portanto mais sensvel quebra de razes que a mquina ainda no consegue evitar. A rentabilidade da mandioca de mesa deve ser analisada com cuidado, uma vez que a metodologia no contempla a remunerao do empresrio e da terra, bem como o custo de oportunidade do capital investido em mquinas, implementos e benfeitorias especficas. A agricultura familiar apresenta uma lgica de apropriao da renda diferenciada da empresarial. Os produtores estudados tm duas ou mais atividades, alm da mandioca, o que proporciona maior garantia de estabilidade da renda. Tambm, a propriedade gerenciada como um sistema de produo, onde o custo rateado entre as atividades pelo aproveitamento residual de insumos e racionalizao do uso dos equipamentos e da mo-de-obra.

5 - CONSIDERAES FINAIS O sistema de produo de mandioca para mesa teve incio na regio estudada, municpio de Engenheiro Coelho, Estado de So Paulo, a partir de meados dos anos 80s como alternativa ao cultivo de algodo, inviabilizado pela incidncia do bicudo. A regio j se constitua em um plo mandioqueiro, mas voltado principalmente para produo de mandioca industrial, condio que persiste at os dias atuais. A diversificao ocorrida com o aumento do cultivo de mandioca de mesa permitiu que os agricultores tivessem novas possibilidades de comercializao, alm da venda s industrias da regio. Hoje parte significativa da produo de mandioca para mesa dessa regio vendida a agentes distribuidores que atuam diretamente no varejo, de porta em porta, na cidade de So Paulo, Piracicaba, Campinas, Santos, entre outras.

LITERATURA CITADA
LORENZI, J. O. Mandioca. Campinas: CATI, 2003. 116 p. (Boletim Tcnico, 245). MATSUNAGA, M. et al. Metodologia de custo de produo utilizada pelo IEA. Agricultura em So Paulo, So Paulo, v. 23, t. 1, p. 123-139, 1976. MELLO, N. T. C. de et al. Matrizes de coeficientes tcnicos de utilizao de fatores na produo de culturas anuais no Estado de So Paulo. Informaes Econmicas, So Paulo, v. 30, n. 5, p. 47-105, maio 2000. ______. et al. Proposta de nova metodologia de custo de produo do Instituto de Economia Agrcola. So Paulo: SAA/IEA, 1988. 13 p. (Relatrio de Pesquisa, 14/88). Informaes Econmicas, SP, v.36, n.1, jan. 2006.

Coeficientes Tcnicos e Custo de Produo da Mandioca para Mesa na Regio de Mogi-Mirim

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PINO, F. A. et al. (Org.). Levantamento censitrio de unidades de produo agrcola do estado de So Paulo. So Paulo: IEA/CATI/SAA, 1997. 4. v. TSUNECHIRO, A. et al. Valor da produo da agropecuria do Estado de So Paulo em 2004. So Paulo: IEA. Informaes Econmicas, So Paulo, v. 35, n. 4, p. 61-71, abr. 2005.

Silva; Chabaribery

COEFICIENTES TCNICOS E CUSTO DE PRODUO DA MANDIOCA PARA MESA NA REGIO DE MOGI-MIRIM, ESTADO DE SO PAULO RESUMO: A cultura da mandioca para mesa tem se apresentado como uma alternativa para a agricultura familiar principalmente ancorada em um sistema de comercializao criativo. Este trabalho constre a matriz de coeficientes tcnicos e fatores de produo e calcula a estimativa de custo operacional total (COT) de produo da cultura da mandioca de mesa em uma das principais regies produtoras do Estado de So Paulo. O levantamento de campo evidenciou a predominncia da mo-de-obra familiar na atividade, trabalhadores temporrios so contratados basicamente para as capinas manuais e para a colheita, mas o que predomina o comprador se responsabilizar pela colheita. O COT estimado, a preos de maro de 2005, foi de R$ 839,28 por hectare livre da despesa com a colheita, que fica por conta do agente da comercializao. Palavras-chave: mandioca para mesa, agricultura familiar, sistema de produo, custo de produo.

TECHNICAL COEFFICIENTS AND PRODUCTION COST OF SWEET CASSAVA IN THE MOGI-MIRIM REGION, SAO PAULO STATE ABSTRACT: Sweet cassava cultivation has been an alternative for family farming anchored in a creative marketing system. This work builds the matrix of technical coefficients and production factors and estimates the total operational cost (TOC) of sweet cassava production in one of the main producing areas of the state of Sao Paulo. The field research evidenced the predominance of family labor in the activity, with temporary workers hired for manual weeding and the harvest. Buyers (traders) are often responsible for the harvest, hiring the labor force during the harvest season. The estimated TOC value at March 2005 prices was R$ 839,28 per hectare, free from crop expenses, which are paid by the marketing agent. Key-words: sweet cassava, family farming, production system, production cost.

Recebido em 09/09/2005. Liberado para publicao em 20/10/2005.


Informaes Econmicas, SP, v.36, n.1, jan. 2006.

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