Experimento 4

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DIG-FIS654 - PA3 - FISICA EXPERIMENTAL AII

Micro-ondas
João Felippe Nunes Rocha e Melissa Dias Mattos
Instituto de Fı́sica, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

11 de maio de 2022

I. Objetivos Na segunda parte do experimento, além dos materiais


dispostos na primeira parte, utilizou-se um goniômetro
• Determinar o comprimento de onda de um transmis- (0-360º), bolinhas de estireno e um prisma em espuma etha-
sor de microondas; foam, a fim de estudar a refração, fenômeno que ocorre
• Determinar o ı́ndice de refração de bolinhas de esti- quando uma onda eletromagnética sofre uma variação
reno; de velocidade ao mudar de meio de propagação. Esse
comportamento é descrito pela lei de Snell:

II. Introdução n1 sin θ1 = n2 sin θ2 (1)


Na região do espectro magnético entre o infraverme- O procedimento consistiu em rotacionar o goniômetro
lho e as ondas de rádio, existe a radiação eletromagnética com a finalidade de encontrar um ângulo θ em que a
conhecida como micro-ondas, cujo comprimento de onda mudança de direção da onda através do prisma com as
λ é dado entre 10−3 m e 1m e sua frequência é da or- bolinhas de estireno será máxima, onde a intensidade da
dem de 108 Hz a 1012 Hz. Uma das aplicações das micro- onda refratada, convertida para corrente, foi captada pelo
ondas são em radares, redes locais sem-fio, transmissões multı́metro.
de comunicações de energia, masers, entre outros.
Assim como as ondas propagadas em cordas e em III. Questões
tubos de ar, as micro-ondas podem produzir ondas es-
tacionárias, uma vez que as ondas eletromagnéticas se 1. Lentamente mova o receptor ao longo do trilho na
superpõem ao se propagarem no espaço. As ondas esta- direção do transmissor. Como isso afeta a leitura de inten-
cionárias, por sua vez, são obtidas pela superposição de sidade? Como este efeito observado se relaciona com o
duas ondas de mesma frequência que propagam-se em comprimento de onda λ da micro-onda?
sentidos opostos. Suas propriedades estão relacionadas R : A intensidade aumenta ao aproximar o receptor do
aos nós e aos antinós formados pelas ondas, onde os nós transmissor, uma vez que que a intensidade é dada pela
são pontos de interferência destrutiva em que a amplitude razão entre a potência e a área de uma superfı́cie esférica.
é nula e os antinós são pontos de interferência construtiva, O comprimento de onda não varia, já que a frequência da
nos quais ocorre um aumento de amplitude nas ondas. micro-onda é constante.
No experimento, dispôs-se de um transmissor de
micro-ondas, um receptor de amplificação variável, tri- 2. No diagrama da figura 4.3, nós assumimos que a
lhos e um multı́metro . Para obter o valor máximo da onda incidente não sofre refração ao passar pelo primeiro
amplitude da onda, é necessário manter as ondas refleti- lado do prisma, ou seja, o ângulo de incidência é 0. Esta
das em fase com as ondas incidentes, e isso ocorre quando suposição é válida?
a distância entre o transmissor e o receptor equivale a R : Sim, uma vez que, pela lei de Snell (1), o ângulo de
nλ/2, tal que n = 1, 2, ... Assim, para obter o comprimento incidência é zero, necessariamente o ângulo de refração
de onda, obteve-se os máximos a partir da variação da deverá ser zero.
distância entre os dispositivos, uma vez que o receptor
converte o sinal da onda para uma corrente contı́nua onde, 3. Usando este equipamento, como você poderia verificar
por sua vez, é captada pelo multı́metro. que o ı́ndice de refração do ar é igual a 1?

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R : Como o ı́ndice de refração do prisma de espuma em que a incerteza foi dada pelo desvio padrão:
ethafoam é conhecido, é possı́vel determinar o ı́ndice de
refração do ar realizando os mesmos procedimentos no r
experimento. ( λ1 − λ )2 + ( λ2 − λ )2 + ( λ3 − λ )2
λu = = 0, 2 · 10−2 m
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4. Você acha que o valor do ı́ndice de refração de um Sendo assim, o valor de onda encontrado experimental-
prisma preenchido de bolinhas de estireno é o mesmo mente deu-se por:
ı́ndice de refração que um prisma sólido de estireno?
R : Sim, pois o interior do prisma contém o mesmo λ = (2, 8 ± 0, 2)10−2 m
tipo de material e, segundo a lei de Snell, o ı́ndice de
refração será o mesmo. A partir disso, com a equação v = λ · ν, onde ν é a
frequência emitida do sinal de micro onda e v corresponde
à velocidade de propagação no ar, em que v = 3·108 m/s
IV. Resultados e discussão teve-se:
Inicialmente, movimentou-se o sensor em relação ao
transmissor com o objetivo de encontrar um ponto de v
v = λ · ν =⇒ ν = = (1, 07 ± 0, 03)1010 Hz
máximo. A partir disso, fixou esse ponto como a origem λ
e aos poucos aproximou-se o sensor do transmissor para onde a incerteza foi de:
captar oito pontos de máximo, o ponto final. Vale ressaltar
que a origem foi obtida do ponto zero até a obtenção do
r
v
primeiro máximo. Dessa forma, montou-se a seguinte ta- νu = (− · λ u )2
λ2
bela, realizando três medidas com o mesmo procedimento:
Já na segunda parte do experimento, com o objetivo
pontos distância (m) de encontrar ı́ndice de refração n, montou-se o arranjo
experimental conforme a figura 1. Desse modo, mediu-se
origem (23,6 ± 0,1)10−2
os valores do ângulo de refração em relação ao ângulo de
final1 (34,8 ± 0,1)10−2
incidência, onde os dados foram explicitados na seguinte
final2 (35,6 ± 0,1)10−2
tabela:
final3 (34,6 ± 0,1)10−2
ângulo de refração λn valor encontrado (º)
Diante desses dados, e usando a seguinte relação: θi (8,0 ± 0,5)
nλ θii (6,0 ± 0,5)
d= θiii (7,0 ± 0,5)
2
onde d é a distância do ponto final e do ponto inicial, λ De modo análogo à primeira parte experimental,
o comprimento de onda e n o número de máximos, o obteve-se o valor de θ e realizou-se uma média dos valores
comprimento de onda correspondeu: medidos:
d θi + θii + θiii
λ= θ= =7º
4 3
Portanto, com a equação acima obteve-se os dados tabela- em que a incerteza da média é dada por desvio padrão:
dos abaixo:

comprimento de onda λn valor encontrado (m)


r
(θi − θ )2 + (θii − θ )2 + (θiii − θ )2
λ1 (2,8 ± 0,1)10−2 θu = =2º
3
λ2 (3,0 ± 0,1)10−2
λ3 (2,75 ± 0,1)10−2 Portanto:

Pelos dados da tabela, realizou-se uma média para deter- θ = (7 ± 2) º


minar o comprimento de onda λ: Em seguida, para determinar o valor do ângulo do
λ1 + λ2 + λ3 feixe de incidência θ1 e o ângulo normal ao plano de
λ= = 2, 85 · 10−2 m refração, usou-se a geometria do arranjo experimental:
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Em que sua incerteza é dada por:

q
n2u = (csc(θ2 )cos(θ1 ) · θ1u )2 + (−sin(θ1 )cot(θ2 )csc(θ2 ) · θ2u )2

n2u = 0, 3
Portanto:
n2 = (1, 3 ± 0, 3)
Finalmente, tem-se:
Figura 1: Geometria da refração de um prisma.
ı́ndice de refração valor
Então, analisando a figura: literatura 1,54
experimental 1,3 ± 0.3
α + 90 + θ1 = 180 =⇒ θ1 = 20 º
onde α = 70º conforme o roteiro. Sendo assim: V. Conclusão
θ2 = θ + θ1 =⇒ θ2 = 27º Infere-se, portanto, que na primeira parte do experi-
Por sua vez, a incerteza pode ser dada através da se- mento obteve-se um valor condizente com o esperado
guinte equação, com base na expressão de θ2 : para o comprimento de onda transmitida. Além disso,
q na segunda parte, o resultado experimental está dentro
θ2u = (θu )2 + (θ1u )2 = 3º da margem de erro do valor obtido na literatura. Vale
ressaltar que uma forma de melhorar o experimento seria
Assim, tem-se que o ângulo de refração é: realizá-lo em um ambiente privado, para que fatores ex-
ternos não atrapalhem a captação dos dados pelo sensor,
θ2 = (27 ± 3)º além de um sensor mais preciso para a leitura dos dados.
Por fim, utilizou-se a Lei de Snell para determinar o
ı́ndice de refração: Referências
sinθ1 [1] Departamento de Fı́sica UFMG. Guia de Labo-
n1 senθ1 = n3 senθ2 =⇒ n2 = n1
sinθ2 ratório Fı́sica Experimental AII.
Dessa forma, tendo n1 = 1 na equação acima: [2] Fundamentos de Fı́sica - Gravitação, Ondas e Ter-
modinâmica, 10a edição, Halliday Resnick.
n2 = 1, 32 [3] https://pt.wikipedia.org/wiki/Estireno

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