Fluxograma de Preparação Do Biodiesel

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 35

DOSSIÊ TÉCNICO –

Biodiesel

Produção

Bill Jorge Costa


Sonia Maria Marques de Oliveira
Instituto de Tecnologia do Paraná - TECPAR

Novembro/2006
Edição atualizada em Junho/2021
Biodiesel

O Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas – SBRT fornece soluções de informação tecnológica sob medida, relacionadas aos
processos produtivos das Micro e Pequenas Empresas. Ele é estruturado em rede, sendo operacionalizado por centros de
pesquisa, universidades, centros de educação profissional e tecnologias industriais, bem como associações que promovam a
interface entre a oferta e a demanda tecnológica. O SBRT é apoiado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas – SEBRAE e pelo Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação – MCTI e de seus institutos: Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq e Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT.
Dossiê Técnico COSTA, Bill Jorge; OLIVEIRA, Sonia Maria Marques de
Biodiesel
Instituto de Tecnologia do Paraná - TECPAR
31/10/2006
Resumo Este dossiê aborda sobre o biodiesel apresentando aspectos
relativos à tecnologia de produção, matérias-primas, legislação,
regulamentações e normas técnicas, patentes, máquinas e
equipamentos, planta de produção, instituições e associações
vinculadas ao biodiesel, bem como, questões relativas ao
desempenho de motores que utilizam este tipo de combustível.

Assunto FABRICAÇÃO DE BIOCOMBUSTÍVEIS, EXCETO ÁLCOOL


Palavras-chave Armazenamento; beneficiamento; biocombustível; biodiesel;
combustão; craqueamento; especificação técnica; etanol;
fabricação; legislação; matéria-prima; metanol; norma técnica;
óleo de mamona; óleo residual; óleo vegetal; patente; planta de
produção; processamento; produção; propriedade química;
regulamentação técnica; transesterificação; usina
Atualizado por MARTINES, Elizabeth

Salvo indicação contrária, este conteúdo está licenciado sob a proteção da Licença de Atribuição 3.0 da Creative Commons. É permitida a
cópia, distribuição e execução desta obra - bem como as obras derivadas criadas a partir dela - desde que criem obras não comerciais e
sejam dados os créditos ao autor, com menção ao: Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas - http://www.respostatecnica.org.br

Para os termos desta licença, visite: http://creativecommons.org/licenses/by/3.0/


DOSSIÊ TÉCNICO

Sumário

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3
2 OBJETIVO .................................................................................................................. 3
3 O QUE É BIODIESEL.................................................................................................. 3
4 TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO ............................................................................... 4
4.1 Processo produtivo do biodiesel ........................................................................... 5
4.1.1 Preparação da matéria-prima................................................................................. 6
4.1.2 Reação de transesterificação ................................................................................. 6
4.1.3 Separação de fases ............................................................................................... 7
4.1.4 Recuperação do álcool da glicerina ....................................................................... 7
4.1.5 Recuperação do álcool dos ésteres ....................................................................... 7
4.1.6 Desidratação do álcool........................................................................................... 7
4.1.7 Purificação dos ésteres .......................................................................................... 8
4.1.8 Destilação da glicerina ........................................................................................... 8
4.2 Armazenamento do biodiesel ................................................................................ 8
5 MATÉRIAS-PRIMAS PARA PRODUÇÃO DO BIODIESEL ........................................ 8
5.1 Óleos residuais como matéria-prima para produção de biodiesel...................... 10
5.2 Óleo vegetal in-natura ............................................................................................ 10
5.3 Biodiesel e o óleo de mamona ............................................................................... 11
5.4 Toxicidade do biodiesel de mamona ..................................................................... 11
5.5 Propriedades do biodiesel devido à origem da matéria-prima ............................ 12
5.6 Especificações técnicas ......................................................................................... 13
6 EQUIPAMENTOS PARA UMA MICRORREFINARIA ................................................. 14
7 DESEMPENHO DO BIODIESEL EM MOTORES E VEÍCULOS COM O DIESEL
ADITIVADO E A GARANTIA DOS FABRICANTES....................................................... 14
7.1 Rendimento do motor ............................................................................................. 15
7.2 Combustão do biodiesel ........................................................................................ 15
8 PROGRAMA NACIONAL DE PRODUÇÃO E USO DE BIODIESEL (PNPB) ............. 16
9 LEGISLAÇÃO, REGULAMENTAÇÕES E NORMAS TÉCNICAS ............................... 17
9.1 Normas técnicas ..................................................................................................... 17
9.1.1Normas ASTM ........................................................................................................ 17
9.1.2 Normas EM/ISO ..................................................................................................... 17
9.1.3 Normas ABNT ........................................................................................................ 19
9.2 Legislação e regulamentações técnicas ............................................................... 22
9.2.1 Legislação da ANP. ............................................................................................... 22
9.2.2 Legislação federal para o biodiesel ........................................................................ 23
10 PATENTES................................................................................................................ 24
10.1 Primeira patente no mundo de biodiesel ............................................................ 24
10.2 Pedidos de depósito de patentes registrados no INPI ....................................... 24
Conclusões e recomendações .................................................................................... 27
Referências ................................................................................................................... 28
Anexo - Empresas que elaboram plantas para produção de biodiesel .................... 29

2 2021 c Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas – SBRT


DOSSIÊ TÉCNICO

Conteúdo

1 INTRODUÇÃO

Biodiesel: a questão é, de fato, da maior importância para o Brasil. O óleo diesel é


atualmente o derivado de petróleo mais consumido no país (mais de 40 bilhões de
litros/ano) e, considerando o perfil de produção nas refinarias brasileiras, uma fração
crescente deste produto vem sendo importada (aproximadamente 5,3 bilhões de litros/ano).
Além disso, a poluição do ar, as mudanças climáticas e a geração de resíduos tóxicos
resultantes do uso do diesel e de outros derivados de petróleo têm um significativo impacto
na qualidade do meio ambiente. Neste panorama surge o biodiesel como uma alternativa de
grande potencial, visto ser obtido de fontes renováveis da biomassa, sendo considerado um
combustível “ecologicamente correto", pois reduz de maneira significativa à emissão de
poluentes tais como o monóxido de carbono e os hidrocarbonetos não queimados, sendo
praticamente isento de enxofre e substâncias aromáticas cancerígenas comuns aos
derivados de petróleo.

O Brasil, pela sua grandiosa extensão territorial e pelas vantajosas condições de clima e
solo, é o país que se oferece, como poucos no mundo, para a exploração da biomassa com
fins alimentícios, químicos e energéticos. No caso do biodiesel, têm-se oleaginosas que são
matérias-primas de superior qualidade para a obtenção do produto, a exemplo da mamona,
dendê, soja, babaçu, girassol, entre outras espécies da flora nacional.

Assim, o uso de biocombustíveis no país, com ênfase no biodiesel, além de constituir uma
importante opção para a diminuição da dependência dos derivados de petróleo com ganhos
ambientais, representa um novo mercado para diversas culturas oleaginosas. O biodiesel
certamente será um importante produto para exportação, além de seu consumo interno.

2 OBJETIVO

A produção comercial do biodiesel no mercado nacional gerou uma alta demanda por
questões sobre sua cadeia produtiva. Desta forma, o presente dossiê tem por objetivo
apresentar informações técnicas e tecnológicas sobre a produção de biodiesel.

3 O QUE É BIODIESEL

Biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis, que pode ser


obtido por diferentes processos tais como o craqueamento, a esterificação ou pela
transesterificação. Esta última, mais utilizada, consiste numa reação química de óleos
vegetais ou de gorduras animais com o álcool, etanol ou metanol, estimulada por um
catalisador. Desse processo também se extrai a glicerina, empregada para fabricação de
sabonetes e diversos outros cosméticos. Há dezenas de espécies vegetais no Brasil das
quais se pode produzir o biodiesel, tais como mamona, dendê (palma), girassol, babaçu,
amendoim, pinhão manso e soja, dentre outras.

O biodiesel substitui total ou parcialmente o óleo diesel de petróleo em motores ciclodiesel


automotivos (de caminhões, tratores, camionetas, automóveis, etc.) ou estacionários
(geradores de eletricidade, calor, etc.). Pode ser usado puro ou misturado ao diesel em
diversas proporções. É de consenso comum utilizar-se de uma nomenclatura bastante
apropriada para identificar a concentração do biodiesel na mistura. A mistura de 2% de
biodiesel ao diesel de petróleo é chamada de B2 e assim sucessivamente, até o biodiesel
puro, denominado B100. Biodiesel BX é uma mistura biodiesel/diesel, na qual X é a
percentagem em volume do primeiro. Assim, B20, por exemplo, é uma mistura de 20% em
volume de biodiesel e 80% de diesel mineral; B100 é o biodiesel puro.

3 2021 c Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas – SBRT


Biodiesel

4 TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO

Existem três processos conhecidos para a produção do biodiesel: a transesterificação, o


craqueamento térmico e a esterificação.

 Processo da transesterificação

Um reator realiza a reação química do óleo vegetal ou gordura animal com o etanol (rota
etílica) ou com o metanol (rota metílica) na presença de um catalisador básico (hidróxido de
sódio ou de potássio) ou ácido (ácido sulfúrico). O mais comumente utilizado é o NaOH pelo
seu baixo custo e disponibilidade. Para remoção da glicerina, que aparece como subproduto
da produção de biodiesel, são necessários volumes de 10 a 15% de etanol ou metanol. A
glicerina pode ser utilizada como matéria-prima na produção de tintas, adesivos, produtos
farmacêuticos, têxteis, etc., aumentando a competitividade do produto. As vantagens e
desvantagens das rotas etílica e metílica estão descritas no Quadro 1.

A transesterificação é o processo, atualmente, mais utilizado e mais viável comercialmente,


para a produção de biodiesel no país, incluindo o biodiesel de mamona.

Quadro 1 – Vantagens e desvantagens do processo de transesterificação com metanol e com etanol


Fonte: (TECBIO, [200-?])

A reação se processa mesmo em temperatura ambiente e é efetuada com um excesso de


álcool (1 parte de óleo para 6 partes de álcool, por exemplo). O excesso de álcool é
recuperado no final do processo por evaporação. A mistura de biodiesel e glicerina (10 a
www.respostatecnica.org.br 4
DOSSIÊ TÉCNICO

12%) obtida na reação é decantada ou centrifugada para a separação das fases e o


biodiesel é ainda lavado e seco para se obter a melhor qualidade possível.

Sob o ponto de vista técnico e econômico, a reação via metanol é muito mais vantajosa que
a reação via etanol.

No Brasil, atualmente, uma vantagem da rota etílica possa ser considerada a oferta desse
álcool, de forma disseminada em todo o território nacional. Assim, os custos diferenciais de
fretes, para o abastecimento de etanol versus abastecimento de metanol, em certas
situações, possam influenciar numa decisão. Sob o ponto de vista ambiental, o uso do
etanol leva vantagem sobre o uso do metanol, quando este álcool é obtido de derivados do
petróleo, no entanto, é importante considerar que o metanol pode ser produzido a partir da
biomassa, quando essa suposta vantagem ecológica, pode desaparecer. Em todo o mundo
o biodiesel tem sido obtido via metanol.

 Processo do craqueamento térmico

Um reator promove a quebra das moléculas do óleo vegetal por aquecimento a altas
temperaturas e um catalisador remove os compostos oxigenados corrosivos.

O craqueamento térmico pode ser uma metodologia adequada à produção de biodiesel em


pequenas localidades. No processo de craqueamento, há um gasto relativamente alto com
energia térmica, uma vez que a quebra molecular ocorre a partir dos 350°C, e a produção é
de pequena escala. Entretanto, a tecnologia se mostra mais adequada para pequenas
localidades. O biodiesel produzido pelo craqueamento é quimicamente equivalente ao diesel
obtido do petróleo, mas sem enxofre.

O combustível obtido pelo craqueamento de óleos e gorduras não é considerado biodiesel


pela nomenclatura internacional. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa
adotou o termo ecodiesel para combustíveis obtidos a partir da pirólise dos triglicerídeos.
Mas o termo mais utilizado é biodiesel craqueado, diferenciando assim do obtido pela rota
da transesterificação.

 Processo de esterificação

A formação de ésteres por meio da reação entre um ácido graxo livre e um álcool de cadeia
curta (metanol ou etanol) na presença de um catalisador ácido é chamada esterificação e
vem sendo considerada outra rota promissora para a obtenção de biodiesel.

4.1 Processo produtivo do biodiesel

O processo de produção de biodiesel, partindo de uma matéria-prima graxa qualquer,


envolve etapas operacionais, mostradas no fluxograma a seguir (FIG. 1).

5 2021 c Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas – SBRT


Biodiesel

Figura 1 – Processo de produção de biodiesel


Fonte: (O BIODIESEL..., 2003)

4.1.1 Preparação da matéria-prima

Os procedimentos relativos à preparação da matéria-prima para a sua conversão em


biodiesel, visam criar as melhores condições para a efetivação da reação de
transesterificação, com a máxima taxa de conversão.

Em princípio, se faz necessário que a matéria-prima tenha o mínimo de umidade e de


acidez, o que é possível submetendo-a a um processo de neutralização, através de uma
lavagem com uma solução alcalina de hidróxido de sódio ou de potássio, seguida de uma
operação de secagem ou desumidificação. As especificidades do tratamento dependem da
natureza e condições da matéria graxa empregada como matéria-prima.

4.1.2 Reação de transesterificação

A reação de transesterificação é a etapa da conversão, propriamente dita, do óleo ou


gordura, em ésteres metílicos ou etílicos de ácidos graxos, que constituem o biodiesel. A
reação pode ser representada pela seguinte equação química:

Óleo ou Gordura + Metanol = Ésteres Metílicos + Glicerol

ou

Óleo ou Gordura + Etanol = Ésteres Etílicos + Glicerol

www.respostatecnica.org.br 6
DOSSIÊ TÉCNICO

A primeira equação química representa a reação de conversão, quando se utiliza o metanol


(álcool metílico) como agente de transesterificação, obtendo-se, portanto, como produtos os
ésteres metílicos que constituem o biodiesel e o glicerol (glicerina).

A segunda equação envolve o uso do etanol (álcool etílico), como agente de


transesterificação, resultando como produto o biodiesel, ora representado por ésteres
etílicos e a glicerina.

Ressalta-se que, sob o ponto de vista objetivo, as reações químicas são equivalentes, uma
vez que os ésteres metílicos e os ésteres etílicos têm propriedades equivalentes como
combustível, sendo ambos, considerados biodiesel.

As duas reações acontecem na presença de um catalisador, o qual pode ser empregado, o


hidróxido de sódio (NaOH) ou o hidróxido de potássio (KOH), usados em diminutas
proporções. A diferença entre eles, com respeito aos resultados na reação, é muito
pequena. No Brasil, o hidróxido de sódio é muito mais barato que o hidróxido de potássio.
Pesando as vantagens e desvantagens é muito difícil decidir, genericamente, o catalisador
mais recomendado e, dessa forma, por prudência, essa questão deverá ser remetida para o
caso a caso.

4.1.3 Separação de fases

Após a reação de transesterificação que converte a matéria graxa em ésteres (biodiesel), a


massa reacional final é constituída de duas fases, separáveis por decantação e/ou por
centrifugação. A fase mais pesada é composta de glicerina bruta, impregnada dos excessos
utilizados de álcool, de água e de impurezas inerentes à matéria-prima. A fase menos densa
é constituída de uma mistura de ésteres metílicos ou etílicos, conforme a natureza do álcool
originalmente adotado, também impregnado de excessos reacionais de álcool e de
impurezas.

4.1.4 Recuperação do álcool da glicerina

A fase pesada contendo água e álcool é submetida a um processo de evaporação,


eliminando-se da glicerina bruta esses constituintes voláteis, cujos vapores são liquefeitos
num condensador apropriado.

4.1.5 Recuperação do álcool dos ésteres

Da mesma forma, mas separadamente, o álcool residual é recuperado da fase mais leve,
liberando, para as etapas seguintes, os ésteres metílicos ou etílicos.

4.1.6 Desidratação do álcool

Os excessos residuais de álcool, após os processos de recuperação, contêm quantidades


significativas de água, necessitando de uma separação. A desidratação do álcool é feita
normalmente por destilação.

No caso da desidratação do metanol, a destilação é bastante simples e fácil de ser


conduzida, uma vez que a volatilidade relativa dos constituintes dessa mistura é muito
grande e, ademais, inexiste o fenômeno da azeotropia para dificultar a completa separação.

Diferentemente, a desidratação do etanol, complica-se em razão da azeotropia, associada à


volatilidade relativa não tão acentuada como é o caso da separação da mistura metanol –
água.

7 2021 c Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas – SBRT


Biodiesel

4.1.7 Purificação dos ésteres

Os ésteres deverão ser lavados por centrifugação e desumidificados posteriormente,


resultando finalmente o biodiesel, o qual deverá ter suas características enquadradas nas
especificações das normas técnicas estabelecidas para o biodiesel como combustível para
uso em motores do ciclo diesel.

4.1.8 Destilação da glicerina

As glicerinas brutas, emergentes do processo, mesmo com suas impurezas convencionais,


já constituem subproduto vendável. No entanto, o mercado é muito mais favorável à
comercialização da glicerina purificada, quando o seu valor é realçado. A purificação da
glicerina bruta é feita por destilação a vácuo, resultando um produto límpido e transparente,
denominado comercialmente de glicerina destilada.

O produto de calda da destilação, ajustável na faixa de 10 – 15% do peso da glicerina bruta,


que pode ser denominado de “glicerina residual”, ainda encontra possíveis aplicações
importantes, as quais estão sendo pesquisadas e cujos resultados estão sendo
considerados por demais promissores.

4.2 Armazenamento do biodiesel

O biodiesel deve ser estocado em ambientes secos, limpos e isentos de luz. Os materiais
aceitáveis são alumínio, aço, polietileno fluoretado, propileno fluoretado e teflon. Entretanto,
não são recomendados chumbo, estanho, zinco e bronze.

5 MATÉRIAS-PRIMAS PARA PRODUÇÃO DO BIODIESEL

O biodiesel pode ser produzido a partir de várias oleaginosas. Destacam-se como principais
fontes o dendê, o babaçu, a soja, o coco, o girassol, a colza e a mamona. É possível fazer
misturas dos ésteres de várias origens na obtenção do biodiesel.

Empregar uma única matéria-prima para produzir biodiesel, num país com a diversidade do
Brasil, seria um grande equívoco. Na Europa usa-se, predominantemente, a colza (canola),
por falta de alternativas, embora se fabrique biodiesel também com óleos residuais de fritura
e resíduos gordurosos. No caso do Brasil, têm-se dezenas de alternativas, como
demonstram experiências realizadas em diversos Estados com mamona, dendê, soja,
girassol, pinhão manso, babaçu, amendoim, pequi, etc.

Cada cultura desenvolve-se melhor dependendo das condições de solo, clima, altitude e
assim por diante (FIG. 2). A mamona é importante para o Semiárido, por se tratar de uma
oleaginosa com alto teor de óleo, adaptada às condições vigentes naquela região e para
cujo cultivo já se detém conhecimento agronômico suficiente. Além disso, o agricultor
familiar nordestino já conhece a mamona. O dendê será, muito provavelmente, a principal
matéria-prima na região Norte (QUADRO 2).

www.respostatecnica.org.br 8
DOSSIÊ TÉCNICO

Figura 2- Produção de oleaginosas no Brasil.


Fonte: (MEIRELLES, 2003)

Regiões principais Motivações Matérias-primas


Amazônia  Pequenas produções Óleos de palmeiras nativas,
localizadas nas chamadas plantios de dendê em áreas de
ilhas energéticas. reflorestamento.
 Grandes produções nos
dendezais.
Pré-Amazônia  Exploração de babaçuais, Óleos de babaçu, de amendoim
através do aproveitamento e outros, provenientes de
integral do coco para fins culturas associadas.
químicos e energéticos.
Geração de renda através de
lavouras associadas aos
babaçuais, exemplo:
amendoim, girassol.
Semiárido Nordestino  Geração de ocupação e Lavouras familiares de plantas
renda. oleaginosas. Ricinicultura
 Erradicação da miséria. (mamona).
Centro-Sul e Centro-  Melhoria nas emissões Soja e outras culturas possíveis.
Oeste veiculares nos grandes
centros urbanos.
 Regulação nos preços de óleo
de soja.
Todas as regiões  Melhor o aproveitamento de Óleos residuais de frituras e de
materiais. resíduos industriais, matérias
graxas extraídas de esgotos
industriais e municipais.
Quadro 2 - Motivações para a produção de biodiesel e fontes de matéria-prima por região brasileira
Fonte: (PARENTE, 2003)

As matérias-primas para produção de biodiesel podem ser divididas a partir de suas cadeias
produtivas (FIG. 3).

9 2021 c Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas – SBRT


Biodiesel

Figura 3 – Cadeias produtivas


Fonte: (O BIODIESEL..., 2003)

5.1 Óleos residuais como matéria-prima para produção de biodiesel

A utilização do óleo residual proveniente da fritura de alimentos como matéria-prima para a


produção de biodiesel depende de beneficiamentos posteriores, considerando que o óleo já
utilizado pode ter suas características físico-químicas alteradas, fazendo com que o
biodiesel obtido não se enquadre dentro de especificações mínimas recomendadas para o
seu uso. O processo produtivo deverá ser o mesmo daquele utilizado a partir do óleo
vegetal.

Óleo de fritura sem o processamento, comentado anteriormente, gera problemas para o


sistema de injeção, produz depósitos na câmara de combustão em excesso, além de
queimar de forma muito ineficiente. A utilização direta do óleo de fritura nos motores não é
recomendável.

De acordo com Parente (2003), existem alguns problemas técnicos com respeito à
transformação dos óleos residuais de frituras, em face da heterogeneidade da matéria-prima
com respeito ao grau de acidez, do teor de umidade e da presença de certos contaminantes,
no entanto, instituições brasileiras, a exemplo da Coordenação dos Programas de Pós-
graduação de Engenharia (COPPE) e da Escola de Química da Universidade Federal do Rio
de Janeiro - UFRJ, realizam pesquisas sobre este tema.

5.2 Óleo vegetal in natura

Biodiesel e óleo vegetal in natura são substâncias quimicamente distintas. Os óleos vegetais
são substâncias graxas, de natureza triglicerídica ou não, presentes em frutos ou grãos
oleaginosos. Já o biodiesel é um produto do processamento químico de tais óleos vegetais.

www.respostatecnica.org.br 10
DOSSIÊ TÉCNICO

Essa dúvida sempre surge devido ao fato de óleos vegetais in natura já terem sido testados
em motores diesel, inclusive pelo próprio inventor, Rudolf Diesel.

Na realidade, ainda hoje, alguns utilizam esses óleos como combustíveis. Mas, estudos
demonstram que o uso de óleos vegetais in natura em motores diesel com combustão direta
(ausência de pré-câmara de combustão), que são os motores utilizados atualmente (com
maiores rendimentos, porém menor tolerância quanto à qualidade do combustível), é
tecnicamente inviável, pois causa formação de resíduos sólidos, entupindo os bico injetores.
No mais, a combustão de óleos vegetais in natura libera a acroleína (fruto da oxidação da
glicerina), substância de elevada toxicidade e odor desagradável.

5.3 Biodiesel e o óleo de mamona

O governo brasileiro defende o uso do biodiesel obtido a partir de qualquer matéria graxa,
desde que haja viabilidade técnica, econômica e socioambiental.

O óleo de mamona possui diversas aplicações na indústria química como matéria-prima


para a fabricação de monômeros, plastificantes, lubrificantes, intermediários químicos,
farmacêuticos, polímeros, etc. Milhares são os produtos obtidos a partir deste óleo,
compondo um setor da indústria denominado ricinoquímica. Sua aplicação química lhe
confere um caráter nobre, com seus preços admissivelmente altos (atualmente perto de US$
1000/ton.), sendo orientados pelo mercado internacional.

Então, por que querer utilizar justamente o óleo mais caro para a produção de um
combustível no limite da sua viabilidade econômica? Simplesmente porque argumenta-se
que a mamona (Ricinus communis L.) é a única cultura capaz de sustentar um programa
social de geração de ocupação e renda no semiárido brasileiro. O óleo de mamona possui
um elevado valor químico, o que lhe permite a prática de preços relativamente altos.
Entretanto, esse mercado é pequeno, se comparado ao mercado energético. O mercado
químico mundial da mamona foi estimado em 800.000 ton./ano e já está praticamente
saturado. Um grande programa de produção de biodiesel empregando a mamona como
matéria-prima e centrado no homem do campo, já é o suficiente para inundar o mercado
químico, reduzindo o preço do óleo a patamares admissíveis ao mercado sustentador da
cadeia produtiva (mercado energético).

O biodiesel de mamona, além de possuir uma enorme vantagem social, possui algumas
vantagens de ordem técnica. Seu óleo é predominantemente composto (90%) de ácido
ricinoléico combinado. Esse ácido possui 18 átomos de carbono em sua molécula, além de
uma dupla no carbono 9 e uma hidroxila no carbono 12. Isso quer dizer que ele possui a
vantagem de conter predominantemente um ácido monoinsaturado e possuir um maior teor
de oxigênio em sua molécula.

Com isso, estudos realizados pela montadora FIAT demonstraram que, devido a essas
características, o biodiesel de mamona, dentre os demais, foi o que apresentou os melhores
resultados em testes de aplicabilidade em seus motores (maior torque, maior potência e
menor consumo específico), além de, em consequência à melhoria na qualidade de
combustão, apresentar ainda uma maior redução das emissões poluentes, se comparado ao
biodiesel obtido de outras matérias-primas.

5.4 Toxidade do biodiesel de mamona

O biodiesel de mamona não é tóxico. Muito se tem falado em mamona, desde que esta
matéria-prima, possível de ser agricultada em lavouras familiares nas regiões semiáridas, se
presta para o mercado energético. Os seus aspectos toxicológicos têm vindo à tona, uma
vez que é possível envolver grandes contingentes de lavradores e, em consequência, se
fala em grandes plantios.

11 2021 c Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas – SBRT


Biodiesel

A baga da mamona, fruto da mamoneira, possui duas substâncias de alto grau de toxidez: a
ricina e a ricinina. A ricinina ocorre também nas folhas da planta. São as substâncias
naturais mais venenosas que se tem notícia. Entretanto, da extração mecânica ou com
solvente do óleo contido na baga de mamona, resulta um óleo espesso, de odor e sabor
característico que, após a filtração, não contém ricina, nem tampouco ricinina, que são
insolúveis no óleo, ficando essas duas substâncias na torta ou farelo.

O óleo de mamona não é alimentício porque não é palatável e, sobretudo, porque é laxativo,
constituindo um poderoso vermífugo, bastante utilizado no passado, apesar do seu péssimo
sabor. É um óleo vegetal triglicerídico, no qual o ácido ricinoléico (ácido cis-12-
hidroxioctadec-9-enoico) é o ácido graxo dominante. A transesterificação do óleo de
mamona resulta no biodiesel de mamona, da mesma forma que acontece com os demais
óleos triglicerídicos. Sob o ponto de vista químico, o biodiesel de mamona é constituído
predominantemente pelo ricinoleato de metila ou de etila, conforme a reação química que
lhe deu origem tenha sido coadjuvada pelo álcool metílico ou etílico, respectivamente.

Ressalta-se que as moléculas constituintes do biodiesel de mamona possuem, em sua


constituição, um átomo a mais de oxigênio, quando comparadas com as moléculas
constituintes do biodiesel dos demais óleos vegetais que possuem somente 2 átomos de
oxigênio. Essa característica do biodiesel de mamona é a responsável por emissões ainda
mais limpas.

Os fatos acima apresentados com respeito a combustibilidade do biodiesel, onde se inclui o


biodiesel de mamona, induzem ao entendimento e a comprovação tácita, de que a
qualidade da combustão do biodiesel e das suas emissões ultrapassa as especificações
para o óleo diesel do petróleo.

Por outro lado, o óleo de mamona encontra muitas aplicações no mercado químico e
farmacêutico. Entre elas convém comentar a produção de ácido w-amino-undecanóico, um
monômero de processos de produção de biopolímeros, obtido através de uma pirólise do
ricinoleato, catalisada por ácido sulfúrico. Como um dos intermediários da produção do
referido monômero, inclui a presença do heptanal, um aldeído de 7 átomos de carbono,
considerado uma substância por demais tóxica. Este destaque foi considerado oportuno,
pois poderia supor que este aldeído poderia se fazer presente nas emissões de um motor
diesel, funcionando com o biodiesel de mamona. Isto é verdadeiramente impossível, pois os
aldeídos queimam com extraordinária facilidade, mormente pela presença na molécula de
um átomo de oxigênio, catalisando a formação de gás carbono, ainda mais em condições da
câmara de combustão (900ºC e 40 atm), não sobrando qualquer substância tóxica
específica ao biodiesel de mamona.

Pode se destacar também que se o heptanal contaminasse as emissões nas combustões


nas quais os derivados do ácido ricinoleico estivessem presentes, a combustão da mistura
óleo de mamona/etanol utilizada nos aeromodelos, por exemplo, já haveria intoxicado todos
os aficcionados naquele hobby, especialmente porque a combustão do óleo de mamona in
natura, mesmo misturado ao etanol, é muito menos perfeita que a combustão do biodiesel
num motor diesel.

5.5 Propriedades do biodiesel devido à origem da matéria-prima

Grosso modo, não há significantes alterações nas propriedades do biodiesel obtido de


diferentes matérias-primas. Alguns são mais viscosos, outros são menos estáveis
quimicamente, ou ainda menos resistentes ao frio. Entretanto, essas diferenças não
interferem na qualidade de sua combustão, se o biocombustível for adequadamente
produzido e utilizado.

O efeito da origem do óleo ou gordura vegetal ou animal reflete basicamente na composição


e na natureza dos ácidos graxos presente nos triglicerídeos. Assim, óleos vegetais de
espécies diferentes possuem composição dos ácidos graxos diferentes. No mais,

www.respostatecnica.org.br 12
DOSSIÊ TÉCNICO

obviamente, a composição dos ácidos graxos combinados nos óleos ou gorduras será a
mesma composição no biodiesel produzido.

Os ácidos graxos diferem entre si a partir de três características: 1) o tamanho da cadeia


hidrocarbônica; 2) o número de insaturações; 3) presença de grupamentos químicos. Sabe-
se que, quanto menor o número de insaturações (duplas ligações) nas moléculas, maior o
número de cetano do combustível (maior qualidade à combustão), porém maior o ponto de
névoa e de entupimento (maior sensibilidade aos climas frios). Por outro lado, um elevado
número de insaturações torna as moléculas menos estáveis quimicamente. Isso pode
provocar inconvenientes devido a oxidações, degradações e polimerizações do combustível
(ocasionando um menor número de cetano ou formação de resíduos sólidos), se
inadequadamente armazenado ou transportado. Isso quer dizer que, tanto os ésteres
alquílicos de ácidos graxos saturados (láurico, palmítico, esteárico), como os poli-
insaturados (linoleico, linolênico) possuem alguns inconvenientes, dependendo do modo de
uso.

Assim, biodieseis com predominância de ácidos graxos combinados monoinsaturados


(oléico, ricinoleico) são os que apresentam os melhores resultados. Além disso, sabe-se que
quanto maior a cadeia hidrocarbônica da molécula, maior o número de cetano e a
lubricidade do combustível, porém, maior o ponto de névoa e o ponto de entupimento.
Assim, moléculas exageradamente grandes (ésteres alquílicos do ácido erúcico,
araquidônico ou eicosanoico) tornam o combustível tecnicamente inviável em regiões com
invernos rigorosos.

O biodiesel obtido de diferentes óleos vegetais apresenta poucas diferenças entre seus
parâmetros físico-químicos. A seguir, apresentam-se alguns parâmetros, para efeito de
comparação, de um biodiesel de óleo de soja, um biodiesel de óleo de girassol e o diesel
comum, com base na legislação, a qual sempre deverá ser utilizada como referência para
comparações (QUADRO 3).

Quadro 3 – Comparação entre biodiesel de óleo de soja, biodiesel de óleo de girassol e diesel comum
Fonte: (CERBIO, [200-?])

5.6 Especificações técnicas

A Agência Nacional do Petróleo – ANP lançou no começo do ano de 2003, uma proposta de
especificação do biodiesel puro para ser utilizado misturado a até 20%. Tal proposta foi
baseada nas normas europeias (DIN 14214) e americanas (ASTM D-6751).

As características físico-químicas do óleo diesel utilizado no país estão definidas nos


seguintes atos normativos: Resolução ANP n° 798/2019; Resolução ANP nº 30/2016 e
Resolução ANP nº 45/2014 (ver item 9.2.1 Legislação da ANP).

13 2021 c Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas – SBRT


Biodiesel

6 EQUIPAMENTOS PARA UMA MICRORREFINARIA

Os equipamentos necessários para a instalação de uma microrrefinaria são descritos a


seguir (QUADRO 4).

SECADOR À VÁCUO (Vacuum Dryer) Para desidratação e filtragem do óleo vegetal.


Capacidade: 100 litros por hora. O secador
também recupera o excesso de álcool do
biodiesel, possibilitando seu reaproveitamento.
REATOR PRESSURIZADO (Biodiesel Tanque de aço inox com capacidade para 240
Reactor): litros. Misturadores automáticos. Sistema duplo
de bombas de abastecimento. Aquecedor
elétrico. Equipamentos de segurança.
COMPRESSOR Potência 1,5 HP, com cárter seco.
OPCIONAL: TANQUE DE DECANTAÇÃO Para aumento de produção até 2.000 litros por
(Settling Vessel) dia. Fabricado em aço inox, com capacidade
para 240 litros.
MATÉRIAS-PRIMAS Óleo vegetal novo ou usado, metanol e soda
cáustica.
Consumo de Energia: 50/60 WH/litro
Além dos equipamentos acima, a microrrefinaria deverá ser equipada com bombonas de plástico
de 200 litros para armazenamento e equipamentos de segurança, pois os produtos são
2
inflamáveis. A área coberta necessária para a microindústria é de apenas 100m .
Quadro 4 – Equipamentos para uma microrrefinaria
Fonte: (BIODIESELBRAS, [200-?])

7 DESEMPENHO DO BIODIESEL EM MOTORES E VEÍCULOS COM O DIESEL


ADITIVADO E A GARANTIA DOS FABRICANTES

Análises feitas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro indicam que o uso do B2 não
causa nenhum dano aos componentes e, portanto, não requer qualquer modificação nos
motores. Ao contrário, ajuda no processo de lubrificação. A Associação Nacional dos
Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) já se comprometeu a manter as garantias
usualmente oferecidas aos veículos, desde que o B2 atenda às especificações técnicas
estabelecidas pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), que vai fiscalizar a qualidade do
diesel aditivado vendido nos postos, da mesma forma e com o mesmo rigor com que
fiscaliza os demais combustíveis.

A ideia do biodiesel é exatamente substituir o óleo diesel sem alterações no motor. Na


Alemanha, inclusive, existem bombas de combustível nos postos exclusivamente para
biodiesel puro, permitindo que o usuário faça uso dele da forma que lhe convier: puro ou
misturado com óleo diesel em diferentes proporções.

Desenvolver um motor exclusivamente para o uso do biodiesel não tem muito sentido. A
ideia é substituir parcialmente o óleo diesel por esse combustível alternativo. Mesmo no
caso de se desejar uma substituição total, pequenas alterações de motores são necessárias
para que o seu funcionamento seja satisfatório. Desta forma, são muito poucas as
perspectivas de desenvolvimento de motores próprios para o biodiesel.

Dependendo da origem do biodiesel utilizado, essa diferença pode ser maior ou menor,
mas, em geral, o desempenho do motor não é significativamente alterado com o uso do
biodiesel. Eventualmente, pode-se verificar um aumento de consumo específico e maior
produção de óxidos de nitrogênio.

O biodiesel pode ser utilizado puro em motores a diesel, e já vem sendo utilizado nos
Estados Unidos e em alguns países da Europa, como a Alemanha e a França. No Brasil,
isso não vai ocorrer, a não ser em casos especiais, a exemplo do uso de B100 em motores
estacionários para a geração de energia elétrica.

www.respostatecnica.org.br 14
DOSSIÊ TÉCNICO

O biodiesel e o óleo diesel mineral, por possuírem propriedades físico-químicas quase


idênticas (devido à semelhança nas estruturas moleculares), podem ser utilizados puros ou
misturados em quaisquer proporções, em motores do ciclo diesel sem grande ou nenhuma
modificação. Porém, o biodiesel possui uma elevada solvência em materiais orgânicos.
Assim, dois cuidados devem ser tomados. O primeiro é que o biodiesel B100 pode amolecer
ou até solubilizar determinados materiais plásticos como borrachas naturais (presente em
veículos mais antigos) ou espumas de poliuretano. Esses materiais podem ser utilizados nas
linhas de condução do combustível à câmara de combustão, podendo ser substituídos sem
grandes custos por materiais plásticos compatíveis, como o teflon, por exemplo.

O segundo cuidado está relacionado ao uso sequenciado de óleo diesel mineral de baixa
qualidade e biodiesel. O diesel mineral de baixa qualidade provoca a incrustação de
resíduos sólidos nas linhas de condução do combustível. Um possível e posterior uso do
biodiesel pode limpar essas linhas, porém entupindo o filtro, carecendo uma reposição
(também não onerosa). Misturas biodiesel/diesel com concentração do primeiro abaixo de
20%, não apresentam esses inconvenientes.

7.1 Rendimento do motor

O biodiesel possui um poder calorífico menor que o do diesel do petróleo. Entretanto, esse
inconveniente é compensado pelo maior número de cetano. Isso quer dizer que o biodiesel
possui uma combustão de maior qualidade, aproveitando melhor seu conteúdo energético,
de modo que o consumo específico dos dois combustíveis são os mesmos. Além disso,
testes de aplicabilidade demonstraram que não há redução significativa na potência, nem no
torque do motor.

Com o biodiesel dentro de especificações adequadas, a vida útil do motor não deve ser
alterada relativamente àquela do óleo diesel. Um teste normal de durabilidade de um motor
é efetuado em 1000 horas de funcionamento com combustível sob avaliação.

7.2 Combustão do biodiesel

O óleo diesel é uma mistura de hidrocarbonetos, com cadeia carbônica predominando de 15


a 20 átomos de carbono e impurezas. O biodiesel é naturalmente um combustível
oxigenado.

A molécula acima funciona como um palito de fósforo, sendo o grupamento éster (os dois
átomos de carbono) a pólvora e a cadeia hidrocarbônica, o palito de madeira. A madeira
pode ser utilizada como combustível para fazer fogo, porém a pólvora tem a função de
facilitar sua queima. Em outras palavras, os dois átomos de oxigênios na ponta da molécula,
nas condições da câmara de combustão evoluem a oxigênio nascente, que é muito mais
oxidante que o oxigênio gasoso do ar. Isso faz com que a combustão (oxidação) do resto da
cadeia hidrocarbônica seja facilitada. Dessa maneira, os gases de combustão do biodiesel
puro apresentam uma redução média de 35% dos hidrocarbonetos não queimados
(precursores do efeito smog), 55% dos sistemas particulados (causadores de problemas
respiratórios), 78 a 100% dos gases do efeito estufa (responsáveis pelo aquecimento global)
e 100% dos compostos sulfurados (precursores do câncer e da chuva ácida) e aromáticos
(também cancerígenos).

Os gases de combustão do biodiesel, dependendo do método de análise, podem


proporcionar um acréscimo (de até 10%) nas emissões de NOx (óxidos de nitrogênio).
Esses gases são, junto com os hidrocarbonetos não queimados, precursores do efeito
smog. Porém, pela drástica redução das emissões de hidrocarbonetos não queimados,
verifica-se uma redução global dos gases precursores desse efeito.

15 2021 c Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas – SBRT


Biodiesel

8 PROGRAMA NACIONAL DE PRODUÇÃO E USO DE BIODIESEL (PNPB)

O PNPB foi lançado em 2004, seu principal objetivo era o de aumentar a produção e uso do
biodiesel de forma sustentável e com inclusão social. O Programa foi responsável pela
consolidação da indústria de biodiesel no Brasil. Em 2005, o biodiesel foi introduzido na
matriz energética brasileira, através da Lei 11.097, de 13 de janeiro de 2005 que fixou para
todo o território nacional o percentual mínimo obrigatório de adição de biodiesel ao diesel de
2% (B2) em volume ao diesel vendido ao consumidor final, a partir de janeiro de 2008 e de
5% (B5) a partir de janeiro de 2013 e estabeleceu o modo de utilização e o regime tributário
distinguido por região de plantio, por oleaginosa e por categoria de produção, agronegócio e
agricultura familiar.

A partir de 2008, a mistura passou a ser obrigatória e o percentual foi sendo ajustado ao
longo dos anos. Em 2018, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou o
percentual de 10% de biodiesel misturado ao óleo diesel vendido ao consumidor final (B10).

Instituída pela Lei 13.576, de 26 de dezembro de 2017, a Política Nacional de


Biocombustíveis (RenovaBio), tem como objetivo estimular o aumento da produção de
biocombustíveis no País em padrões sustentáveis e contribuir para o cumprimento das
metas de redução de emissões com as quais o Brasil se comprometeu no Acordo de Paris.

As principais metas domésticas relacionadas aos biocombustíveis a serem alcançadas até


2030 foram: redução de 43% das emissões de gases de efeito estufa, participação de 45%
de energias renováveis e de 18% da bioenergia na matriz energética (BRASIL, 2017). A Lei
do RenovaBio prevê o estabelecimento de metas nacionais de redução de emissões para a
matriz de combustíveis a serem definidas em regulamento para um período mínimo de 10
anos, que serão desdobradas em metas individuais, a serem cumpridas anualmente pelos
distribuidores de combustíveis, conforme sua participação no mercado de combustíveis
fósseis.

A Lei cria o CBIO (Crédito de Descarbonização), um ativo financeiro, negociado em bolsa,


emitidos pelos produtores e importadores de biocombustível a partir da comercialização. Os
distribuidores de combustíveis serão obrigados a adquiri os CBIOs para cumprir sua meta
de descarbonização que serão estipuladas anualmente pelo Governo.

A indústria no País responde positivamente ao aumento das misturas obrigatórias. A


ampliação da mistura de biodiesel de 6% para 10% entre 2014 e 2018 resultou num
aumento de 56,4% da produção de biodiesel no Brasil (FIG. 4). O produto é comercializado
através de leilões em quantidade suficiente para compor a mistura imposta pela legislação.
A produção de biodiesel no Brasil está concentrada no Sul e Centro-Oeste, o que está
relacionada à ampla participação da soja como matéria-prima (71,6%) para produção de
biodiesel. Essa concentração representa ainda a baixa participação dos produtores
familiares.

Figura 4 – Evolução da produção e capacidade nominal da indústria de biodiesel no Brasil


Fonte: (ANP, 2020 apud FEIX, 2020)

www.respostatecnica.org.br 16
DOSSIÊ TÉCNICO

9 LEGISLAÇÃO, REGULAMENTAÇÕES E NORMAS TÉCNICAS

9.1 Normas técnicas

A determinação das características do biodiesel deverá ser feita mediante o emprego das
normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), das normas internacionais
da "American Society for Testing and Materials" (ASTM), da "International Organization for
Standardization" (ISO) e do "Comité Européen de Normalisation" (CEN).

9.1.1 Normas ASTM

ASTM D93 - Flash point by Pensky-Martens closed cup tester

ASTM D130 - Corrosiveness to copper from petroleum products by copper strip test

ASTM D445 - Kinematic viscosity of transparent and opaque liquids (and calculation of
dynamic viscosity

ASTM D613 - Cetane number of Diesel fuel oil

ASTM D664 - Acid number of petroleum products by potentiometric titration

ASTM D874 - Sulfated ash from lubricating oils and additives

ASTM D1298 - Density, relative density (specific gravity) or API gravity of crude petroleum
and liquid petroleum products by hydrometer

ASTM D4052 - Density and relative density of liquids by digital density meter

ASTM D4951 - Determination of additive elements in lubricating oils by inductively coupled


plasma atomic emission spectrometry

ASTM D5453 - Determination of total sulfur in light hydrocarbons, spark ignition engine fuel,
diesel engine fuel, and engine oil by ultraviolet fluorescence

ASTM D6304 - Determination of water in petroleum products, lubricating oils, and additives
by coulometric Karl Fisher titration

ASTM D6371 - Cold filter plugging point of Diesel and heating fuels

ASTM D6584 - Determination of total monoglyceride, total diglyceride, total triglyceride, and
free and total glycerin in b-100 biodiesel methyl esters by gas chromatography

ASTM D6890 - Determination of ignition delay and derived cetane number (DCN) of Diesel
fuel oils by combustion in a constant volume chamber

9.1.2 Normas EN/ISO

EN 116 - Determination of cold filter plugging point

EN ISO 2160 - Petroleum products - Corrosiveness to copper - Copper strip test

EN ISO 3104 - Petroleum products - Transparent and opaque liquids - Determination of


kinematic viscosity and calculation of dynamic viscosity

EN ISO 3675 - Crude petroleum and liquid petroleum products - Laboratory determination of
density - Hydrometer method

17 2021 c Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas – SBRT


Biodiesel

EN ISO 3679 - Determination of flash point - Rapid equilibrium closed cup method

EN ISO 3987 - Petroleum products - Lubricating oils and additives - Determination of sulfated
ash

EN ISO 5165 - Diesel fuels - Determination of the ignition quality of diesel fuels - Cetane
engine method

EN ISO 12185 - Crude petroleum and liquid petroleum products. Oscillating U-tube method

EN 12662 - Liquid Petroleum Products - Determination of contamination in middle distillates

EN ISO 12937 - Petroleum Products - Determination of water - Coulometric Karl Fischer


titration method

EN 14103 - Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of ester
and linolenic acid methyl ester contentes

EN 14104 - Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of acid
value

EN 14105 - Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of free
and total glycerol and mono, di - and triglyceride content - (Reference Method)

EN 14106 - Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of free
glycerol contente

EN 14107 - Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of
phosphorous content by inductively coupled plasma (ICP) emission spectrometry

EN 14108 - Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of
sodium content by atomic absorption spectrometry

EN 14109 - Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of
potassium content by atomic absorption spectrometry

EN 14110 - Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of
methanol contente

EN 14111 - Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of
iodine value

EN 14112 - Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of
oxidation stability (accelerated oxidation test)

EN 14538 - Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of Ca,
K, Mg and Na content by optical emission spectral analysis with inductively coupled plasma
(ICP-OES)

EN 15751 - Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) and blends with diesel
fuel. Determination of oxidation stability by accelerated oxidation method

EN 16294 - Petroleum Products And Fat And Oil Derivatives - Determination of Phosphorus
Content In Fatty Acid Methyl Esters (Fame) - Optical Emission Spectral Analysis With
Inductively Coupled Plasma (ICP OES)

EN ISO 20846 - Petroleum Products - Determination of sulfur content of automotive fuels -


Ultraviolet fluorescence method

www.respostatecnica.org.br 18
DOSSIÊ TÉCNICO

EN ISO 20884 - Petroleum Products - Determination of sulfur content of automotive fuels -


Wavelength-dispersive X - ray fluorescence spectrometry

9.1.3 Normas ABNT

NBR 6294:2008 - Óleos lubrificantes e aditivos - Determinação de cinza sulfatada

Prescreve o método para determinação da cinza sulfatada em óleos lubrificantes novos


contendo aditivos e de concentrados de aditivos empregados na formulação de óleos
lubrificantes. Estes aditivos usualmente contêm um ou mais dos seguintes metais: bário,
cálcio, magnésio, zinco, sódio e estanho. Enxofre, fósforo e cloro também podem estar
presentes em forma combinada com outros elementos.

NBR 7148:2013 - Petróleo e derivados de petróleo — Determinação da massa específica,


densidade relativa e °API — Método do densímetro

Estabelece o ensaio para a determinação da massa específica, densidade relativa ou °API


de petróleo, de seus derivados ou misturas desses com produtos não derivados de petróleo
e que tenham uma pressão de vapor Reid menor ou igual 101,325 kPa.

NBR 10441:2014 - Produtos de petróleo — Líquidos transparentes e opacos —


Determinação da viscosidade cinemática e cálculo da viscosidade dinâmica

Estabelece um procedimento específico para a determinação da viscosidade cinemática, ν,


de produtos líquidos de petróleo, tanto transparentes quanto opacos, pela medição do
tempo de escoamento de um determinado volume de líquido que flui sob a ação da força de
gravidade, através de um viscosímetro capilar de vidro calibrado.

NBR 14065:2013 - Destilados de petróleo e óleos viscosos — Determinação da massa


específica e da densidade relativa pelo densímetro digital

Estabelece o ensaio para determinação da massa específica, da densidade e °API de


destilados de petróleo e óleos viscosos que podem ser manuseados normalmente como
líquidos a temperaturas de ensaio, usando equipamento de injeção de amostra manual ou
automática. Sua aplicação limita-se a líquidos com pressão de vapor abaixo de 100 kPa (ver
ABNT NBR 14156) e viscosidade abaixo de 15 000 mm2/s (ver ABNT NBR 10441 ou ABNT
NBR 15983), aproximadamente, à temperatura de ensaio.

NBR 14359:2013 - Produtos de petróleo e biodiesel — Determinação da corrosividade —


Método da lâmina de cobre

Estabelece o método para determinação da corrosividade ao cobre em gasolina de aviação,


combustível para turbina de aviação, gasolina automotiva, gasolina natural, querosene, óleo
diesel, óleo combustível destilado, óleos lubrificantes, biodiesel, solventes de limpeza
(Stoddard), ou outros hidrocarbonetos, cuja pressão de vapor seja menor do que 124 kPa a
37,8ºC (cuidado – ver Nota e Anexo A).

NBR 14448:2013 - Óleos lubrificantes, produtos de petróleo e biodiesel — Determinação do


número de acidez pelo método de titulação potenciométrica

Descreve os métodos para a determinação da acidez total em petróleo, produtos de


petróleo, óleos lubrificantes, biodiesel e misturas de biodiesel.

NBR 14598:2012 - Produtos de petróleo — Determinação do ponto de fulgor pelo aparelho


de vaso fechado Pensky-Martens

Prescreve o método de determinação do ponto de fulgor de produtos de petróleo pelo


aparelho de vaso fechado Pensky-Martens, manual ou automatizado, na faixa de 40 °C a

19 2021 c Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas – SBRT


Biodiesel

360 °C. Esta Norma também contempla a determinação do ponto de fulgor de biodiesel na
faixa de temperatura de 60 °C a 190 °C, utilizando aparelho automatizado.

NBR 14747:2015 - Óleo diesel — Determinação da temperatura do ponto de entupimento


de filtro a frio

Estabelece o método para determinação da temperatura do ponto de entupimento de filtro a


frio de óleo diesel, incluindo aqueles contendo aditivos, utilizando aparelhagem manual ou
automatizada.

NBR 15341:2016 - Biodiesel — Determinação de glicerol livre em biodiesel de mamona por


cromatografia gasosa

Estabelece o método para determinação de glicerol livre em biodiesel de mamona por


cromatografia gasosa.

NBR 15342:2016 - Biodiesel — Determinação de monoacilgliceróis e diacilgliceróis em


biodiesel de mamona por cromatografia gasosa

Estabelece o método para determinação de monoacilgliceróis e diacilgliceróis em biodiesel


de mamona por cromatografia gasosa.

NBR 15343:2012 - Biodiesel — Determinação da concentração de metanol e/ou etanol por


cromatografia gasosa

Especifica o método para determinação da concentração de metanol e/ou etanol em


biodiesel por cromatografi a gasosa.

NBR 15344:2016 - Biodiesel — Determinação dos teores de glicerol total e triacilgliceróis


por iodometria

Estabelece o método para determinação de glicerol total em biodiesel, para teores


superiores a 0,100 % m/m, por iodometria.

NBR 15512:2020 - Armazenamento, transporte, abastecimento e controle de qualidade de


biodiesel e/ou óleo diesel BX

Estabelece os requisitos e procedimentos para o armazenamento, transporte,


abastecimento e controle de qualidade de biodiesel e/ou óleo diesel BX.

NBR 15553:2019 - Biodiesel — Determinação dos teores de cálcio, magnésio, sódio, fósforo
e potássio por espectrometria de emissão ótica com plasma indutivamente acoplado
(ICPOES)

Especifica o método de espectrometria de emissão ótica com plasma indutivamente


acoplado (ICPOES) para detecção dos teores de cálcio, magnésio, sódio, fósforo e potássio
iguais ou superiores a 1 mg/kg nos ésteres metílicos/etílicos de ácidos graxos, denominados
doravante como biodiesel. Os dados de precisão do método se aplicam para medições de
Na+K, Ca+Mg ou P iguais ou superiores a 2 mg/kg e iguais ou inferiores a 18 mg/kg.

NBR 15554:2008 - Produtos derivados de óleos e gorduras - Ésteres metílicos/etílicos de


ácidos graxos - Determinação do teor de sódio por espectrometria de absorção atômica

Visa avaliar a qualidade do biodiesel, em termos do teor de sódio, cuja presença acima de
certa concentração pode afetar a sua utilização como combustível. Este elemento pode
advir do processo de produção do biodiesel e/ou de eventuais contaminações.

NBR 15555:2008 - Produtos derivados de óleos e gorduras - Ésteres metílicos/etílicos de


ácidos graxos - Determinação do teor de potássio por espectrometria de absorção atômica

www.respostatecnica.org.br 20
DOSSIÊ TÉCNICO

Visa avaliar a qualidade do biodiesel, em termos do teor de potássio, cuja presença acima
de certa concentração pode afetar a sua utilização como combustível. Este elemento pode
advir do processo de produção do biodiesel e/ou de eventuais contaminações.

NBR 15556:2020 - Biodiesel — Determinação do teor de sódio, potássio, magnésio e cálcio


por espectrometria de absorção atômica

Visa avaliar a qualidade do biodiesel, em termos dos teores de sódio, potássio, magnésio e
cálcio, cuja presença acima de certas concentrações pode afetar a sua utilização como
combustível.

NBR 15568:2008 - Biodiesel - Determinação do teor de biodiesel em óleo diesel por


espectroscopia na região do infravermelho médio

Estabelece as condições para determinação do teor de biodiesel - metílico e/ou etílico - na


faixa de 0,5% (v/v) a 30,0% (v/v), em óleo diesel por espectroscopia na região do
infravermelho médio.

NBR 15764:2015 - Biodiesel — Determinação do teor total de ésteres por cromatografia


gasosa

Estabelece o método para determinação do teor total de ésteres no biodiesel por


cromatografia gasosa e padronização externa. Este método permite verificar se a
concentração total dos ésteres é superior ou inferior a 96,5 % m/m.

NBR 15771:2009 - Biodiesel — Determinação de glicerina livre — Método volumétrico

Prescreve o método para a determinação de glicerina livre em biodiesel, por volumetria.

NBR 15867:2018 - Biodiesel — Determinação do teor de enxofre por espectrometria de


emissão ótica com plasma indutivamente acoplado (ICPOES)

Especifica um método de espectrometria de emissão ótica com plasma indutivamente


acoplado (ICPOES) para detecção do teor de enxofre igual ou superior a 1 mg/kg nos
ésteres metílicos/etílicos de ácidos graxos, denominados biodiesel. Os dados de precisão
são aplicáveis às concentrações iguais ou superiores a 2 mg/kg e iguais ou inferiores a 15
mg/kg.

NBR 15908:2015 - Biodiesel — Determinação do glicerol livre, mono-, di-, triacilgliceróis e


glicerol total por cromatografia gasosa

Estabelece o método para determinação quantitativa dos teores de glicerol livre, mono-, di-,
triacilgliceróis e glicerol total por cromatografia gasosa em amostras de biodiesel
proveniente de diversas matérias-primas, incluindo óleo de coco, de palma e gordura
animal. Porém, esta Norma não se aplica ao biodiesel proveniente de óleo de mamona.

NBR 15995:2011 - Biodiesel — Determinação da contaminação total

Estabelece o método para determinação da contaminação total de biodiesel por substâncias


não dissolvidas. Esta Norma pode ser aplicada para teores de contaminação de 6 mg/kg até
30 mg/kg (ver Anexo A).

NBR 16048:2018 - Biodiesel — Determinação da aparência

Especifica um método para avaliar a aparência de biodiesel com relação à presença de


contaminação por água livre e/ou material particulado.

21 2021 c Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas – SBRT


Biodiesel

9.2 Legislação e regulamentações técnicas

A especificação do biodiesel no Brasil ficou a cargo da Agência Nacional do Petróleo - ANP.


A seguir, são apresentadas as Resoluções da ANP e legislações federais para o biodiesel:

9.2.1 Legislação da ANP

Resolução ANP nº 30, de 23 de junho de 2016. Fica estabelecida, por meio da presente
Resolução, a especificação de óleo diesel BX a B30, em caráter autorizativo, nos termos
dos incisos I, II e III do art. 1º da Resolução CNPE nº 03, de 21 de setembro de 2015.
Disponível em: <https://atosoficiais.com.br/anp/resolucao-n-30-
2016?origin=instituicao&q=30/2016>. Acesso em: 11 jun. 2021.

Resolução ANP nº 33, de 30 de outubro de 2007. Dispõe sobre o percentual mínimo


obrigatório de biodiesel, de que trata a Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005, a ser
contratado mediante leilões para aquisição de biodiesel, a serem realizados pela ANP.
Disponível em: <https://atosoficiais.com.br/anp/resolucao-n-33-2007-dispoe-sobre-o-
percentual-minimo-obrigatorio-de-biodiesel-de-que-trata-a-lei-no-11-097-de-13-de-janeiro-
de-2005-referente-ao-ano-de-2008-a-ser-contratado-mediante-leiloes-para-aquisicao-de-
biodiesel-a-serem-realizados-pela-anp?origin=instituicao&q=33/2007>. Acesso em: 11 jun.
2021.

Resolução ANP nº 45, de 25 de agosto de 2014. Ficam estabelecidas, por meio da


presente Resolução, a especificação do biodiesel contida no Regulamento Técnico ANP nº
3/2014 e as obrigações quanto ao controle da qualidade a serem atendidas pelos diversos
agentes econômicos que comercializam o produto em todo o território nacional. Disponível
em: <https://atosoficiais.com.br/anp/resolucao-n-45-2014?origin=instituicao>. Acesso em: 11
jun. 2021.

Resolução ANP nº 681, de 5 de junho de 2017. Atualiza os regulamentos da ANP em


alinhamento a nova regra do controle da qualidade dos produtos importados. Disponível em:
<https://atosoficiais.com.br/anp/resolucao-n-681-2017-atualiza-os-regulamentos-da-anp-em-
alinhamento-a-nova-regra-do-controle-da-qualidade-dos-produtos-
importados?origin=instituicao&q=45/2014>. Acesso em: 11 jun. 2021.

Resolução ANP nº 734, de 28 de junho de 2018. Regulamenta a autorização para o


exercício da atividade de produção de biocombustíveis e a autorização de operação da
instalação produtora de biocombustíveis. Disponível em:
<https://atosoficiais.com.br/anp/resolucao-n-734-2018-regulamenta-a-autorizacao-para-o-
exercicio-da-atividade-de-producao-de-biocombustiveis-e-a-autorizacao-de-operacao-da-
instalacao-produtora-de-biocombustiveis?origin=instituicao>. Acesso em: 11 jun. 2021.

Resolução ANP nº 744, de 30 de agosto de 2018. Revoga a Resolução ANP nº 6, de 5 de


fevereiro de 2014, que dispõe sobre o cadastramento de laboratórios de ensaio de biodiesel,
altera a Resolução ANP nº 45, de 25 de agosto de 2014, que dispõe sobre a especificação
do biodiesel, e dá outras providências. Disponível em:
<https://atosoficiais.com.br/anp/resolucao-n-744-2018-revoga-a-resolucao-anp-n-6-de-5-de-
fevereiro-de-2014-que-dispoe-sobre-o-cadastramento-de-laboratorios-de-ensaio-de-
biodiesel-altera-a-resolucao-anp-n-45-de-25-de-agosto-de-2014-que-dispoe-sobre-a-
especificacao-do-biodiesel-e-da-outras-providencias?origin=instituicao>. Acesso em: 11 jun.
2021.

Resolução ANP nº 777, de 5 de abril de 2019. Regulamenta a atividade de comércio


exterior de biocombustíveis, petróleo e seus derivados e derivados de gás natural, disciplina
o procedimento de anuência prévia dos pedidos de importação e exportação e dá outras
providências. Disponível em: <https://atosoficiais.com.br/anp/resolucao-n-777-2019-
regulamenta-a-atividade-de-comercio-exterior-de-biocombustiveis-petroleo-e-seus-
derivados-e-derivados-de-gas-natural-disciplina-o-procedimento-de-anuencia-previa-dos-
pedidos-de-importacao-e-exportacao-e-da-outras-providencias?origin=instituicao>. Acesso
em: 11 jun. 2021.

www.respostatecnica.org.br 22
DOSSIÊ TÉCNICO

Resolução ANP nº 790, de 10 de junho de 2019. Dispõe sobre o Programa de


Monitoramento da Qualidade dos Combustíveis - PMQC e dá outras providências.
Disponível em: <https://atosoficiais.com.br/anp/resolucao-n-790-2019-dispoe-sobre-o-
programa-de-monitoramento-da-qualidade-dos-combustiveis-pmqc-e-da-outras-
providencias?origin=instituicao>. Acesso em: 11 jun. 2021.

Resolução ANP nº 798, de 1 de agosto de 2019. Altera a Resolução ANP nº 45, de 25 de


agosto de 2014, que estabelece as especificações de qualidade de biodiesel, para
determinar a obrigatoriedade da aditivação do biodiesel com antioxidante e estabelecer novo
limite de especificação da característica estabilidade à oxidação. Disponível em:
<https://atosoficiais.com.br/anp/resolucao-n-798-2019-altera-a-resolucao-anp-no-45-de-25-
de-agosto-de-2014-que-estabelece-as-especificacoes-de-qualidade-de-biodiesel-para-
determinar-a-obrigatoriedade-da-aditivacao-do-biodiesel-com-antioxidante-e-estabelecer-
novo-limite-de-especificacao-da-caracteristica-estabilidade-a-oxidacao?origin=instituicao>.
Acesso em: 11 jun. 2021.

Resolução ANP nº 828, de 1º de setembro de 2020. Dispõe sobre as informações


constantes dos documentos da qualidade e o envio dos dados da qualidade dos
combustíveis produzidos no território nacional ou importados e dá outras providências.
Disponível em: <https://atosoficiais.com.br/anp/resolucao-n-828-2020-dispoe-sobre-as-
informacoes-constantes-dos-documentos-da-qualidade-e-o-envio-dos-dados-da-qualidade-
dos-combustiveis-produzidos-no-territorio-nacional-ou-importados-e-da-outras-
providencias?origin=instituicao>. Acesso em: 11 jun. 2021.

9.2.2 Legislação federal para o biodiesel

Decreto n. 10527, de 22 de outubro de 2020. Institui o Selo Biocombustível Social e dispõe


sobre os coeficientes de redução das alíquotas da Contribuição para o Programa de
Integração Social e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público e da
Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social, incidentes na produção e
na comercialização de biodiesel, e sobre os termos e as condições para a utilização das
alíquotas diferenciadas. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-
2022/2020/Decreto/D10527.htm#art9>. Acesso em: 11 jun. 2021.

Lei n° 13033, de 24 de setembro de 2014. Dispõe sobre a adição obrigatória de biodiesel


ao óleo diesel comercializado com o consumidor final. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13033.htm>. Acesso em: 11
jun. 2021.

Lei n° 13263, de 23 de março de 2016. Altera a Lei nº 13.033, de 24 de setembro de 2014,


para dispor sobre os percentuais de adição de biodiesel ao óleo diesel comercializado no
território nacional. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2016/lei/l13263.htm>. Acesso em: 11 jun. 2021.

Portaria n° 116, de 4 de abril de 2013. Estabelecer diretrizes específicas para a formação


de estoques de biodiesel no País. Disponível em: <https://www.gov.br/mme/pt-br/acesso-a-
informacao/legislacao/portarias/2013/portaria-116-de-04-04-2013-publicado-no-dou-de-08-
04-2013.pdf/view>. Acesso em: 11 jun. 2021.

Portaria n° 311, de 27 de julho de 2018. Estabelecer diretrizes específicas para a


realização dos leilões públicos destinados à contratação do biodiesel necessário para
atendimento à adição obrigatória ao óleo diesel vendido ao consumidor final. Disponível em:
<https://www.gov.br/mme/pt-br/acesso-a-
informacao/legislacao/portarias/2018/portaria_n_311-2018.pdf/view>. Acesso em: 11 jun.
2021.

23 2021 c Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas – SBRT


Biodiesel

10 PATENTES

Os documentos de patentes contêm descrições de conceitos científicos e técnicos, bem


como detalhes práticos dos processos. As informações disponíveis por meio do sistema de
patentes podem ser usadas diretamente para finalidades científicas e experimentais e como
base para estimular a adaptação e a melhoria de tecnologia descrita imediatamente em
documentos da patente depois de sua publicação, fornecendo ao usuário o conhecimento
básico necessário e especializado.

Além da valiosa informação tecnológica, um documento da patente publicado contém


detalhes dos nomes e endereços do depositante, do titular da patente e do inventor e assim
fornece meios pelo qual os proprietários dos direitos em relação à tecnologia podem ser
encontrados, em caso de interesse no desenvolvimento de parecerias inventor-empresário
ou na aquisição dos direitos de titularidade. Finalmente, os documentos de patentes contêm
informações sobre a condição legal de Direitos de Propriedade Intelectual na invenção, as
quais se relacionam.

10.1 Primeira patente no mundo de biodiesel

Foram requeridas no Instituto Nacional de Propriedade Industrial - INPI, em 1980, duas


Patentes de Invenção, das quais uma foi homologada. A Patente PI – 8007957, de 1980, foi
a primeira patente mundial do biodiesel e do querosene vegetal de aviação, a qual entrou
em domínio público, pelo tempo e desuso. Infelizmente, os países subdesenvolvidos não
têm o hábito de possuir tecnologia, pois estão sempre comprando esta preciosa mercadoria.

10.2 Pedidos de depósito de patentes registrados no INPI

(21) Nº do Pedido: PI0405705-8


(22) Data do Depósito: 20/12/2004
Processo de produção de biodiesel etil e metil ésteres a partir de
(54) Título:
borra de refino químico ou físico de óleos vegetais ou animais.
"Processo de produção de biodiesel - etil e metil ésteres - a partir de
borra de refino químico ou físico de óleos vegetais ou animais". Novo
processo para produção de biodiesel, que é o nome comercial para
os ésteres metílicos ou etílicos de ácidos graxos vegetais ou animais.
A invenção é baseada na produção destes ésteres a partir da borra
(57) Resumo:
de refino de óleos vegetais ou animais, tais como, mais não limitados,
ao óleo de soja, óleo de palma, óleo de girassol e óleo de arroz, e
outros, onde o processo é realizado em ambiente alcoólico para
garantir a insolubilização das gomas, lecitinas e do sulfato de sódio,
resultantes.
(71) Nome do Depositante: Resitec Industria Química Ltda. (BR/RJ)
(72) Nome do Inventor: Rodolfo Rohr
(74) Nome do Procurador: Toledo Corrêa Marcas e Patentes S/C Ltda.

(21) Nº do Pedido: PI0404243-3


(22) Data do Depósito: 04/10/2004
(54) Título: Processo contínuo para produção de biodiesel
“Processo contínuo para produção de biodiesel". O qual foi
desenvolvido para a produção, de forma contínua, de monoésteres de
ácidos graxos (biodiesel) de qualidade superior - padrão internacional
a partir de óleo vegetal semirrefinado e álcool anidro por processo de
(57) Resumo:
transesterificação em reatores característicos, com separação
contínua do álcool residual através de evaporação e da glicerina
(obtida como subproduto da reação) através de centrífugas, também
usadas na lavagem e purificação final do biodiesel.
(71) Nome do Depositante: Westfalia Separator do Brasil Ltda. (BR/SP)
(72) Nome do Inventor: Ivor Fazzioni
(74) Nome do Procurador: Adauto Silva Emerenciano

www.respostatecnica.org.br 24
DOSSIÊ TÉCNICO

(21) Nº do Pedido: PI0317746-7


(22) Data do Depósito: 22/12/2003
(31) País: Estados Unidos
(30) Prioridade Unionista: (32) Número: 60/436.332
(33) Data: 24/12/2002
Processo para se determinar o teor de glicerina de uma amostra de
(54) Título:
biodiesel
"Processo para se determinar o teor de glicerina de uma amostra de
biodiesel". É proposto um processo para se determinar o teor de
glicerina de uma amostra de biodiesel que utiliza a conversão do teor
de glicerina da amostra de biodiesel em um composto colorido, de
(57) Resumo:
preferência corante de quinonoimina. A concentração do composto
colorido, de preferência corante de quinonoimina, na amostra de
biodiesel pode então ser medida e convertida em uma concentração
de glicerina na amostra de biodiesel.
(71) Nome do Depositante: Stepan Company (US)
(72) Nome do Inventor: Stacey Greenhill
(74) Nome do Procurador: Orlando de Souza
(85) Início da Fase
24/06/2005
Nacional:
(86) PCT Número: US2003041050 Data:22/12/2003
(87) W.O. Data: 15/07/2004

(21) Nº do Pedido: PI0305167-6


(22) Data do Depósito: 04/11/2003
(54) Título: Método simplificado para produção de biodiesel
"Método simplificado para produção de biodiesel". O objeto desta
patente de invenção se refere a um método totalmente simplificado,
para a produção de biodiesel - um oleato de etila, que pode ser
executado ou procedido por qualquer usuário, por ser absolutamente
simples, seguro e reprodutivo, mesmo leigos em química poderão
(57) Resumo: valer-se desta tecnologia, observando apenas as etapas de reação e
catálise, podendo ser utilizado como aproveitamento de qualquer óleo
vegetal, junto a qualquer álcool, ou seja, matérias-primas totalmente
naturais e renováveis e muito mais comumente encontradas na
natureza, para produção em qualquer local e em qualquer volume,
para uso como um combustível vegetal, renovável e biodegradável.
(71) Nome do Depositante: Gilberto Edson Ferreira Sabóia (BR/PR)
(72) Nome do Inventor: Gilberto Edson Ferreira Sabóia
(74) Nome do Procurador: Julio Gonçalves

(21) Nº do Pedido: PI0314847-5


(22) Data do Depósito: 08/09/2003
(54) Título: Procedimento e dispositivo para a produção de biodiesel
"Procedimento e dispositivo para a produção de biodiesel". A
presente invenção diz respeito a um processo que se destina à
produção, de modo contínuo, de biodiesel a partir de matérias-primas
(57) Resumo:
contendo gorduras e óleos biogênicos, com um conteúdo percentual
relativo elevado em ácidos graxos livres, assim como a um
dispositivo para a produção de biodiesel.
(71) Nome do
Depositante:
(85) Início da Fase
21/03/2005
Nacional:
(86) PCT Número: EP2003009965 Data:08/09/2003
(87) W.O. Data: 08/04/2004

(21) Nº do Pedido: PI0105888-6


(22) Data do Depósito: 30/11/2001
(54) Título: Processo para produção de biodiesel
"Processo para produção de biodiesel". A invenção se refere a um
processo integrado para produzir biodiesel a partir de sementes de
oleaginosas, preferivelmente mamona, que consiste em promover
(57) Resumo:
uma reação de transesterificação, onde as próprias sementes reagem
com etanol anidro, em presença de um catalisador alcalino, para
gerar ésteres etílicos, que depois serão separados por decantação e

25 2021 c Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas – SBRT


Biodiesel

neutralizados, para servirem como combustível para motores a diesel,


co-solventes para misturas de diesel e gasolina com etanol anidro ou
hidratado e frações sólidas, que podem ser utilizados como
fertilizante, na alimentação animal e como matéria-prima para a
produção de etanol.
(71) Nome do
Petróleo Brasileiro S.A. - PETROBRAS (BR/RJ)
Depositante:
(72) Nome do Inventor: Carlos Nagib Khalil / Lúcia Cristina Ferreira Leite
(74) Nome do
José Cláudio Vasquez de Mesquita
Procurador:

(21) Nº do Pedido: PI0104107-0


(22) Data do Depósito: 23/08/2001
Produção de ésteres etílicos biodiesel a partir de óleos vegetais e
(54) Título:
álcool etílico
"Produção de ésteres etílicos, biodiesel, a partir de óleos vegetais e
álcool etílico". Consiste em um processo químico que tem por
objetivo modificar a estrutura molecular do óleo vegetal (óleo de soja
degomado ou aquele já utilizado em fritura), através do álcool etílico
anidro ou hidratado, transformando-a em ésteres etílicos (biodiesel)
e, por consequência, com propriedades físico-químicas similares ao
do óleo diesel convencional. A presente invenção envolve duas
(57) Resumo:
reações de transesterificação: a primeira, em presença do catalisador
alcóxido metálico; e a segunda, em presença do catalisador ácido
sulfúrico e cloreto de sódio. Esta invenção também envolve a
otimização dos fatores mais influentes no processo (temperatura,
pressão, tempo de reação, concentração de catalisadores) com o
objetivo de propiciar menores custos e maiores rendimentos,
favorecendo o meio ambiente.
(71) Nome do
Nei Hansen de Almeida (BR/PR)
Depositante:
(72) Nome do Inventor: Nei Hansen de Almeida

(21) Nº do Pedido: PI9814696-3


(22) Data do Depósito: 18/11/1998
(31) País: Alemanha
(32) Número: 198 47 423.7
(33) Data: 14/10/1998
(30) Prioridade Unionista:
(31) País: Alemanha
(32) Número: 197 51 501.0
(33) Data: 21/11/1997
(54) Título: Aditivo para biodiesel e óleos biocombustíveis
Patente de Invenção: "Aditivo para biodiesel e óleos biocombustíveis".
Copolímeros, consistindo nos seguintes componentes de monômeros:
a) 48 - 98% em peso de compostos da fórmula (I), b) 2-30% em peso
de um ou mais metacrilatos contendo oxigênio, da fórmula (II), bem
(57) Resumo:
como c) 0 - 30% em peso de um metacrilato da fórmula (III) ou
estireno, sendo que as quantidades a – c completam-se até 100% em
peso. O copolímero é apropriado como aditivo para combustíveis
diesel e biodiesel.
(71) Nome do
RohMax Additives GmbH (DE)
Depositante:
(72) Nome do Inventor: Clemens Auschra / Joachim Vetter / Uwe Boehmke / Michael Neusius
(74) Nome do
Dannemann, Siemsen, Bigler & Ipanema Moreira
Procurador:
(85) Início da Fase
22/05/2000
Nacional:
(86) PCT Número: EP9807410 Data:18/11/1998
(87) W.O. Data: 03/06/1999

www.respostatecnica.org.br 26
DOSSIÊ TÉCNICO

Conclusões e recomendações

O biodiesel é um combustível renovável já amplamente utilizado na Europa e nos Estados


Unidos, entre outros países. O Brasil começa a dar os primeiros passos para a implantação
desse biocombustível em sua matriz energética, o que tem sido executado de forma
gradativa. A justificativa é que, diferentemente de países como a Alemanha e a França,
onde existe apenas uma matéria-prima (óleo de colza) e somente uma rota tecnológica (com
álcool metílico), em nosso país o cenário é mais complexo. Além de contar com o etanol,
importante insumo do processo de produção do biodiesel e originado da biomassa, o Brasil
tem uma enorme diversidade de óleos vegetais que podem ser utilizados como matérias-
primas. Logo, biodieseis com diferentes características podem ser obtidos de acordo com o
tipo de óleo vegetal utilizado.

Particularmente, o biodiesel obtido por rota etílica carece ainda de testes monitorados de
aplicação em motores, tanto em bancos dinamométricos quanto em frotas cativas, de modo
a conhecer-se amplamente os efeitos do biocombustível sobre o adequado funcionamento
dos motores do ciclo diesel. Tais testes começam a serem executados no país e seus
resultados irão permitir a utilização de misturas de biodiesel com diesel de petróleo em
maiores proporções do que aquela já autorizada pelo governo, ou seja, 2%, com maior
segurança e com a garantia dos fabricantes de motores e sistemas de injeção.

O SBRT possui, em seu banco de informação, Respostas Técnicas que tratam do assunto
biodiesel e podem complementar as informações aqui prestadas. Para visualizar esses
arquivos, acesse o site <www.respostatecnica.org.br> com seu login e senha e realize a
Busca Avançada utilizando palavras-chave como: biocombustível; biodiesel; combustão;
craqueamento; etanol; metanol; transesterificação; usina para encontrar os arquivos
recomendados para leitura.

As normas técnicas citadas são comercializadas pela Associação Brasileira de Normas


Técnicas (ABNT). Possíveis dúvidas a respeito das normas e a compra podem ser
consultadas mediante contato com a instituição:

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT


Informações técnicas sobre normas (CIT)
Fone: (11) 3017-3645 / 3017-3646
e-mail: <[email protected]>
Pesquisa e compra on-line: <http://www.abntcatalogo.com.br/>. Acesso em: 11 jun. 2021.

Ressalta-se que quando há aplicação de leis, o empreendedor deve se certificar de que está
utilizando o documento oficial, sempre buscando o órgão que emitiu a legislação para
confirmar a sua vigência. Para consultar a vigência da legislação citada neste Dossiê
Técnico e ter acesso ao texto na íntegra, o empreendedor poderá fazer a busca nos
sistemas:

AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS. Sistema


de Legislação. Disponível em: <https://atosoficiais.com.br/anp>. Acesso em: 11 jun. 2021.

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Legislação. Brasília, 2021. Disponível em:


<https://www.gov.br/mme/pt-br/acesso-a-informacao/legislacao>. Acesso em: 11 jun. 2021.

Em relação às patentes, os direitos de propriedade do titular devem ser consultados por


meio da legislação vigente e pertinente ao assunto. A Lei da Propriedade Industrial n. 9.279,
de 14 de maio de 1996, confere ao titular da patente o direito de impedir terceiros, sem o
seu consentimento, de produzir, usar, colocar à venda, vender ou importar com estes
propósitos o produto objeto de patente ou processo patenteado. A legislação completa pode
ser consultada em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9279.htm>. Acesso em: 11
jun. 2021.

Para solicitar outras informações a respeito de direitos de titularidade, o interessado poderá


contatar o Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI:

27 2021 c Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas – SBRT


Biodiesel

INSTITUTO NACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL - INPI


Rua Mayrink Veiga, 9 - Centro
CEP: 20090-910 - Rio de Janeiro – RJ
Site: <https://www.gov.br/inpi/pt-br>. Acesso em11 jun. 2021.

Para a leitura na íntegra dos documentos de patentes, a busca pode ser feita pelo número
da patente no seguinte link:
<https://busca.inpi.gov.br/pePI/jsp/patentes/PatenteSearchBasico.jsp>. Acesso em: 11 jun.
2021.

Referências

AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS. Sistema


de Legislação. Brasília, 2021. Disponível em: <https://atosoficiais.com.br/anp>. Acesso em:
11 jun. 2021.

ARQUIVOS de Resposta Técnicas do Centro Brasileiro de Referência em Biocombustíveis –


CERBIO. Curitiba: Instituto de Tecnologia do Paraná, 2006.

ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES DE BIOCOMBUSTÍVEL DO BRASIL [APROBIO].


Legislação. São Paulo, [201-?]. Disponível em: <https://aprobio.com.br/legislacao-
mercado/especificacao-do-biodiesel/>. Acesso em: 11 jun. 2021.

BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL. Álcool: potencial


gerador de divisas e emprego. Rio de Janeiro, 2003. Palestra preparada por Artur Augusto
Alves. Disponível em: <www.bndes.gov.br/conhecimento/seminario/alcool3.pdf>. Acesso
em: 31 out. 2006.

BATISTA, Antonio Carlos Fereira. Biodiesel no tanque. [S.l.], [200-?]. Disponível em:
<http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./energia/index.html&conteudo
=./energia/artigos/oleo_vegetal.html>. Acesso em: 11 jun. 2021.

BIODIESEL BRASIL. [S.l.], [200-?]. Disponível em: <http://www.biodieselbrasil.com.br>.


Acesso em: 11 jun. 2021.

BIODIESEL em Alagoas. [S.l.], [200-?]. Disponível em:


<www.investimentosalagoas.al.gov.br/op/ife_04.pdf>. Acesso em: 11 jan. 2005.

BIODIESEL o novo combustível do Brasil. Brasília: Programa Nacional de Produção e


Uso do Biodiesel, 2004. Disponível em:
<http://cmsdespoluir.cnt.org.br/Documents/PDFs/cartilha_biodieselgov.pdf>. Acesso em:
11 jun. 2021.

BIODIESELBR. Curitiba, [200-?]. Disponível em: <http://www.biodieselbr.com/>. Acesso em:


11 jun. 2021.

BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Especificação do biodiesel. Brasília, 2020.


Disponível em: <https://www.gov.br/anp/pt-br/assuntos/producao-e-fornecimento-de-
biocombustiveis/biodiesel/especificacao-do-biodiesel>. Acesso em: 11 jun. 2021.

BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Legislação. Brasília, 2021. Disponível em:


<https://www.gov.br/mme/pt-br/acesso-a-informacao/legislacao>. Acesso em: 11 jun. 2021.

FEIX, Rodrigo Daniel. A indústria do biodiesel no Rio Grande do Sul e o papel das
políticas públicas de incentivo. Porto Alegre, 2020. Disponível em: <https://dee-
admin.rs.gov.br/upload/arquivos/202009/30132046-estudo-biocombustiveis.pdf>. Acesso
em: 11 jun. 2021.

www.respostatecnica.org.br 28
DOSSIÊ TÉCNICO

GRUPO DE TRABALHO INTERMINISTERIAL – BIODIESEL. Subgrupo Capacidade de


Produção do Biodiesel. Relatório Final – Anexo 3. Brasília, 2004. Disponível em:
<https://www.presidencia.gov.br/casacivil/site/static/anexo3.pdf>. Acesso em: 11 jan. 2005.

JARDINE, José Gilberto; BARROS, Talita Delgrossi. Craqueamento. Brasília, DF: Embrapa,
[200-?]. Disponível em:
<https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/agroenergia/arvore/CONT000fbl23vmz02wx
5eo0sawqe3wx8euqg.html>. Acesso em: 11 jun. 2021.

MEIRELLES, Fábio de Salles. Biodiesel. Brasília: FAESP: SENAR, 2003. Disponível


em:
<https://cms20.simplesnologia.biz/Arquivos/Empresa_020CONTEUDO_00000029_Anex
os/Original/020000000290003_0.pdf>. Acesso em: 11 jun. 2021.

O BIODIESEL e a inclusão social. Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de


Publicações, 2003. 24 p., il. (Série estudos científicos e tecnológicos, n. 1). Disponível em:
<www.camara.gov.br/internet/diretoria/caeat/conteudo/07020.pdf>. Acesso em: 11 jun. 2021.

PARENTE, Expedito José de Sá. Biodiesel: uma aventura tecnológica num país engraçado.
Fortaleza, 2003. Disponível em: <http://www.tecbio.com.br/artigos/Livro-Biodiesel.pdf>.
Acesso em: 31 out. 2006.

PIMENTEL, D; PATZEK, T. W. Ethanol production using corn, switchgrass, and wood;


biodiesel production using soybean and sunflower. Natural Resources Research, v. 14,
n.1, p. 65-76, 2005.

PORTAL DO BIODIESEL. [S.l.], [200-?]. Disponível em: <http://www.biodiesel.gov.br/>.


Acesso em: 31 out. 2006.

SANT’ANNA, José P. Biodiesel alimenta motor da economia: Brasil pode liderar


produção mundial do combustível vegetal que substitui o diesel obtido do petróleo.
Revista Química e Derivados, n. 414, abr. 2003. Disponível em:
<https://www.quimica.com.br/biodiesel-alimenta-motor-da-economia/>. Acesso em: 11
jun. 2021.

VIDAL, Maria de Fatima. Produção e uso de biocombustíveis no Brasil. Caderno Setorial


Etene, v. 4, n. 79, maio 2019. Disponível em:
<https://www.bnb.gov.br/documents/80223/5014256/78_Biocombustiveis.pdf/e0dc0c8c-
e995-16ec-d63c-d477f80e0131>. Acesso em: 11 jun. 2021.

VIEIRA, Sara Silveira. Produção de biodiesel via esterificação de ácidos graxos livres
utilizando catalisadores heterogêneos ácidos. 2011. 118 f. Dissertação (Mestrado em
Agroquímica) – Universidade Federal de lavras, Lavras. 2011. Disponível em:
<http://repositorio.ufla.br/jspui/bitstream/1/2525/1/DISSERTA%C3%87%C3%83O_Produ%C
3%A7%C3%A3o%20de%20biodiesel%20via%20esterifica%C3%A7%C3%A3o%20de%20%
C3%A1cidos%20graxos%20livres%20utilizando%20catalisadores%20heterog%C3%AAneos
%20%C3%A1cidos.pdf>. Acesso em: 11 jun. 2021.

Identificação do Especialista

Bill Jorge Costa - Dr. em Ciências e Engenharia de Materiais, Centro Brasileiro de


Referência em Biocombustíveis –CERBIO.

Anexos

Empresas que elaboram plantas para produção de biodiesel:

AMPLA PERFORMACE INDUSTRIAL


Rua Alexandre Bramatti, 673 Centro
CEP: 99900-000 – Getúlio Vargas – RS

29 2021 c Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas – SBRT


Biodiesel

Fone: (54) 3341-6800


Site: <https://www.ampla.ind.br/segmentos/inicio/link/industrias-de-oleos-vegetais-e-
biodiesel-~2>. Acesso em: 11 jun. 2021.

BIOINDÚSTRIAS
Recife – PE
Fone: (81) 3072-8118 / (81) 99971-6828
e-mail: <[email protected]>
Site: <https://bioindustrias.com.br/service/view/3>. Acesso em: 11 jun. 2021.

DEDINI INDÚSTRIAS DE BASE


Rodovia Rio Claro-Piracicaba km 26,3 Caixa Postal 1249
CEP: 13414-970 – Piracicaba – SP
Fone: (19) 3403-3091 /(19) 3403-3115 / (19) 99756-7945
Site: <https://www.dedini.com.br/index.php/setores-de-mercado/bio-equipamentos-e-
plantas/biodiesel>. Acesso em: 11 jun. 2021.

ECIRTEC EQUIPAMENTOS E ACESSÓRIOS INDUSTRIAIS LTDA.


Rua Maurita Vaz Malmonge, 2-325 Distrito Industrial II
CEP: 17039-770 - Bauru – SP
Fone: (14) 2107-9700
e-mail: <[email protected]>
Site: <https://ecirtec.com.br/equipamentos/biodiesel/>. Acesso em: 11 jun. 2021.

Os fornecedores aqui apresentados servem apenas como referência inicial, tendo sido
consultados na Internet. O SBRT não tem qualquer responsabilidade pela idoneidade e
veracidade das empresas ou instituições e informações por elas fornecidas nem se
responsabiliza pelos serviços a serem prestados pelas instituições/profissionais listados.
A responsabilidade pela escolha, o contato, uso e a negociação cabem totalmente ao
cliente, já que o SBRT apenas efetua indicações de fontes encontradas em provedores
públicos de informação.

www.respostatecnica.org.br 30
Biodiesel

www.respostatecnica.org.br 32

Você também pode gostar