Efluentes Não Domésticos

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Delatorre Junior, I. & Morita, D. M.

ARTIGO TÉCNICO

AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DOS CRITÉRIOS DE RECEBIMENTO


DE EFLUENTES NÃO DOMÉSTICOS EM SISTEMAS DE COLETA E
TRANSPORTE DE ESGOTOS SANITÁRIOS EM SÃO PAULO
EFFECTIVENESS OF ACCEPTANCE STANDARDS OF NON-HOUSEHOLD EFFLUENTS
TO SÃO PAULO STATE PUBLICLY OWNED TREATMENT WORKS
IRINEU DELATORRE JUNIOR
Tecnólogo em Obras Hidráulicas. Mestre em Engenharia Civil, área Engenharia Hidráulica: opção Saneamento
Básico pela Escola Politécnic a da Universidade de São Paulo

DIONE MARI MORITA


Doutora em Engenharia Hidráulica e Sanitária pela Universidade de São Paulo. Professora do Departamento
de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

Recebido:13/03/06 Aceito: 21/01/07

RESUMO ABSTRACT
No presente trabalho, foram correlacionadas características In this research work, some characteristics of non-household
de efluentes não domésticos, lançados no sistema de esgotos effluents which are conveyed into the sanitary sewerage system
sanitários da Região Metropolitana de São Paulo (SES- of São Paulo’s Metropolitan Region (SPMR’s Sewerage System)
RMSP), com os dados de manutenção. Foram também were correlated to maintenance data. Measurements of inferior
realizadas medições do limite inferior de explosividade e de limit of explosion and sulfide concentrations in the sewage
concentrações de sulfetos nos principais coletores-tronco e mains and interceptor lines were also conducted. The results led
interceptores deste sistema. Dos resultados obtidos, concluiu- us to conclude that the current non-domestic effluent collection
se que: os critérios atuais de recebimento de efluentes não criteria in SPMR’s Severage System are not effective with regard
domésticos no SES-RMSP, no que se refere às interferências to physical and operational interferences. Auxiliary products, raw
físicas e operacionais, não são eficazes; para a análise da pos- materials and the production process flux itself must be taken
siblidade de recebimento, devem ser levados em consideração into consideration in the analysis made to evaluate whether
as matérias-primas, produtos auxiliares e fluxogramas do or not such effluents can be conveyed into the Severage System.
processo produtivo; deve haver comunicação entre as diversas There must be communication among the sectors involved in
áreas envolvidas na operação do SES-RMSP e a concessionária the operation of SPMR’s Sewerage System and the responsible
deve fazer o monitoramento sistemático do limite inferior de Sewerage Company in charge should monitor the inferior limit
explosividade. of explosion at all times.

PALAVRAS-CHAVE: Efluentes não domésticos, sistema de KEYWORDS: Non-household effluents, publicly owned
coleta e transporte de esgotos, interferências físicas e opera- treatment works, sewerage system, environmental legislation.
cionais, legislação ambiental.

INTRODUÇÃO como garantir a saúde dos operadores SES. Alguns podem conter substân-
do SES é obrigação das concessionárias cias tóxicas e inflamáveis, provocando
Os programas de saneamento em de saneamento. efeitos agudos e até mesmo crônicos
municípios industrializados devem As interferências físicas mais nos operadores. Estudos realizados por
contemplar o controle dos lançamentos freqüentes são as que comprometem companhias de saneamento interna-
de águas residuárias com caracterís- o bom funcionamento do SES, tais cionais têm demonstrado associação
ticas não domésticas, pois as mesmas como rompimento de coletores, devido entre o lançamento de efluentes não
transportam poluentes que provocam à corrosão, e diminuição da seção, por domésticos (ENDs) e casos de irritação
interferências físicas e operacionais causa do assoreamento e incrustação. na pele, cefaléias, edemas pulmonares
no sistema de esgotamento sanitário Esses problemas estão associados ao e até morte em operadores A presença
(SES). lançamento de efluentes ácidos ou desses poluentes associados a despejos
Garantir a integridade física dos alcalinos, contendo sulfetos e sulfatos, com altas temperaturas pode agravar o
sistemas de coleta e transporte de es- óleos e graxas e também por excesso de problema.
gotos de um determinado município é sólidos sedimentáveis. Foi pensando nos problemas expos-
preservar o patrimônio público inves- Os operadores estão diretamente tos anteriormente que agências ambien-
tido em obras de saneamento, assim expostos aos poluentes lançados no tais e concessionárias de saneamento de

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Recebimento de efluentes não domésticos em sistemas de esgoto

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diversos países passaram a se preocupar o Projeto Tietê fase I. Deste cadastro, tam as seguintes informações: data do
com o controle do lançamento de ENDs foram escolhidos, no presente trabalho, relatório; número da bacia de esgota-
no sistema público de esgotos. os ramos de atividades geradores de mento; local; trecho; profundidade
A Agência de Proteção Ambien- efluentes que pudessem provocar im- do coletor tipo de seção, diâmetro e
tal Norte-Americana (USEPA) tem pactos na operação e manutenção do material da tubulação; extensão total e
elaborado manuais de orientação para sistema de coleta e transporte de esgotos inspecionada. Os dados desses relatórios
o controle de lançamentos de ENDs segundo Kienow & Kienow (2005), foram confrontados com as informa-
em SES, sendo este baseado no esta- ESTADOS UNIDOS (2002), Tsutiya ções sobre as manutenções citadas
belecimento de descargas proibidas, de & Além Sobrinho (2000), EPA (1986), anteriormente.
limites para poluentes específicos, na Morita (1993), EPA (1995a e b), WEF
redução de toxicidade e em programas (1994). As interferências causadas por Explosividade e
de pré-tratamento. Outros países como incrustação, corrosão e obstrução têm inflamabilidade no SES
Itália, Canadá, Porto Rico, Chile e como causas o lançamento de efluentes
Eslováquia passaram a adotar práticas contendo sulfatos e sulfetos; pH fora Para avaliar o risco de explosivida-
de recebimento baseadas no modelo da faixa de 6,0 a 10,0; excesso de óleos de e inflamabilidade, foram realizadas
norte-americano. e graxas e sólidos sedimentáveis. Dessa medições em campo em 27 pontos
A nível nacional, foi elaborada forma, após a escolha dos ramos de ati- da RCE, utilizando dois equipamen-
a norma NBR 9.800 (ABNT, 1987), vidade, numa consulta e análise de mais tos: um monitor portátil detector de
baseada no artigo 19A do Decreto de 300 Relatórios de Caracterização de inflamável, modelo Minigás 4, marca
15.425/80 do Estado de São Paulo, Efluentes Não Domésticos, elaborados Neotronics, que mede quatro parâme-
CETESB (1995) que por sua vez, se- pela CETESB entre os anos de 1997 e tros citados a seguir, simultaneamente,
guiu os princípios norte-americanos. 1999, selecionaram-se as empresas que e um oxi-explosímetro, modelo Safe
Minas Gerais, Rio Grande do Sul e possuíam essas características em seus Check 200, da marca Quest:
Paraná também adotaram a referida efluentes. Através da análise dos pro- - Gás sulfídrico em partes por
norma. dutos, das matérias-primas e dos pro- milhão;
A necessidade de uma avaliação dutos auxiliares utilizados no processo - Teor de oxigênio em porcen-
mais criteriosa dos parâmetros de industrial, além das vazões domésticas tagem;
recebimento de ENDs no sistema de e industriais, foram catalogados 129 - Limite inferior de explosividade
coleta e transporte de esgotos sanitários relatórios e 174 laudos de caracteriza- em porcentagem.
adotados no Brasil e, principalmente, ção dos ENDs. Para facilitar a análise - Monóxido de carbono em partes
no Estado de São Paulo, que foi o dos resultados, gerou-se um banco de por milhão.
pioneiro, está diretamente ligada aos dados em Access 2000, que detalha as Correlacionaram-se, também,
problemas de corrosão, inflamabili- informações cadastrais. os dados do processo industrial com
dade, explosividade e obstruções por Para correlacionar tais lançamen- as características do efluente e essas
incrustação, entre outros. A legislação tos com as interferências físicas na rede medições de campo. Além disso, reali-
paulista, em uso desde 1980, necessita coletora de esgotos (RCE), foi feito zou-se uma pesquisa nos atendimentos
de uma avaliação de sua eficácia e pos- o cruzamento dos endereços de cada de emergência executados pelo Setor
sivelmente de modernização e para isso, empresa (do banco de dados cadastrais) de Operações de Emergência do órgão
o conhecimento de ocorrências passadas com as informações sobre as manuten- ambiental estadual. Esse setor tem por
é imprescindível. Alguns limites podem ções realizadas nas redes coletoras de finalidade intervir em situações emer-
estar muito restritivo, assim como ou- esgotos nesses logradouros, obtidas da genciais que representam riscos ao meio
tros muito permissivos, inviabilizando concessionária de saneamento local, que ambiente, causados por eventos aciden-
o recebimento de alguns efluentes disponibilizou um banco de dados em tais ocorridos em fontes que manipulam
ou a aceitação de outros que, mesmo Excel, contendo 426.460 ocorrências, substâncias químicas no Estado de São
obedecendo a legislação, causam danos entre os anos de 2002 e 2005. Corre- Paulo, nas mais diversas atividades, des-
ao sistema. lacionados esses dois bancos de dados, tacando-se os transportes rodoviários,
foram analisadas as características dos marítimos e postos de abastecimento.
MATERIAL E MÉTODOS efluentes lançados e as seguintes in- Neste último caso, normalmente a
formações sobre o processo industrial: denúncia parte do usuário do SES,
Interferências físicas e produto fabricado; matéria-prima; pro- que, de alguma forma, percebe odor de
operacionais no SES dutos auxiliares; origem dos efluentes, gasolina ou qualquer outro combustível
vazões doméstica e industrial. dentro do seu imóvel. Após receberem a
A diversidade de ramos de ativida- Para melhor avaliar as interfe- denúncia, técnicos vão ao local para ini-
de encontradas nas grandes metrópoles, rências operacionais provocadas pelo ciar a avaliação das condições presentes
a princípio, inviabiliza uma caracteriza- lançamento de despejos contendo óleos e uma das atividades é monitorar o LIE
ção completa e um conhecimento deta- e graxas, sulfatos e sulfetos, realizou-se na RCE. Esse monitoramento é descrito
lhado de todo o universo de indústrias uma pesquisa nos arquivos de vídeo no Registro de Acidente Ambiental.
e serviços que possam gerar efluentes e filmagem da empresa VIDEOSAN No presente trabalho, foram pes-
que estejam conectados ao sistema. SANEAMENTO INSTRUMENTAL quisados 44 registros, de 1998 a 2004,
Em 2003, a CETESB possuía ca- LTDA, constantes de 28 relatórios destacando-se os acidentes nos quais
dastradas 670 empresas ativas na RMSP, fotográficos de Inspeção Por Circuito houve infiltração de combustíveis na
que foram consideradas prioritárias para Fechado de TV. Tais arquivos apresen- RCE.

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pH, temperatura e tação, foi baseada na associação dos RCE, tais como desobstruções, lavagens
concentrações de sulfato e dados de caracterização dos efluentes e limpezas de RCE e poço de visita PV,
sulfeto no esgoto sanitário lançados pelas empresas, constantes sendo que não há mais a necessidade
da RMSP do banco de dados Access, elaborado que operadores adentrem nos espaços
através dos relatórios de caracterização, confinados.
A fim de conhecer as características com as manutenções realizadas na RCE Para desobstruções e lavagens de
dos esgotos que fluem no SES, quanto entre os anos de 2002 e 2005 do banco RCE, normalmente, utiliza-se equipa-
aos parâmetros sulfato, sulfeto, pH e de dados da companhia de saneamento. mento de alta pressão para limpeza hi-
temperatura, foram realizadas coletas Para um melhor entendimento e visua- drodinâmica (“Sewer Jet”). Tal equipa-
em 49 pontos. A escolha desses pontos lização desses dados, foram elaboradas mento é constituído por um caminhão
levou em conta a representatividade da tabelas sínteses, onde constam todas as com um tanque contendo água sob
contribuição, ou seja, foram selecionados informações de interesse. Uma tabela pressão, de onde parte uma mangueira
coletores que atendem toda uma bacia de síntese típica é apresentada a seguir com um jato em sua extremidade. Essa
esgotamento onde existem indústrias, co- (Tabela 1). mangueira é introduzida através de um
mércio e predominância de residências. Ao elaborar as tabelas síntese, PV e direcionada à montante do ponto
Outra condição foi escolher coletores verificou-se a necessidade de comparar obstruído. A potência do jato vai con-
que estavam conectados a um intercep- dados de uma rua onde a RCE rece- duzindo o material para jusante, justifi-
tor que transporta os esgotos para uma bia diretamente os efluentes gerados cando as freqüentes manutenções nesta
ETE. As amostras foram coletadas, pre- de uma determinada empresa e uma direção. As interferências observadas na
servadas e analisadas conforme APHA; outra na qual, teoricamente, não ha- RCE das ruas situadas à montante do
AWWA; WEF (1998). Além das coletas via nenhum lançamento que pudesse lançamento são facilmente explicáveis.
realizadas, foram pesquisados, junto às causar freqüentes manutenções. Para Quando há uma obstrução, mesmo
empresas de saneamento, caracterizações isso, foram selecionadas ruas situadas que pequena, a tendência é que os
de esgotos realizadas no SES. à montante e à jusante da RCE objeto detritos comuns do esgoto doméstico,
da investigação. Porém, ao se adotar ao se depararem com essa obstrução,
APRESENTAÇÃO E tal procedimento, observou-se que sejam acumulados paulatinamente,
DISCUSSÃO DOS algumas ruas à montante e à jusante até obstruir toda a seção da tubulação,
RESULTADOS também apresentavam manutenções prolongando o assoreamento por um
freqüentes. Pesquisou-se, então, a causa longo trecho à montante daquele onde
Interferências físicas e de tal ocorrência, chegando à conclusão está localizada a obstrução.
operacionais no SES descrita a seguir. A partir das tabelas síntese, foram
Atualmente, as empresas de sane- elaboradas as Tabelas 2 e 3.
A verificação das interferências amento têm investido muito em novos As companhias de saneamento
físicas e operacionais, quanto à incrus- equipamentos para manutenção de no Brasil basearam seus procedimentos

Tabela 1 – Tabela síntese típica; contendo dados do processo industrial, características dos
efluentes gerados e manutenções realizadas
Dados do processo industrial
Produto fabricado Matéria prima Produtos auxiliares Origem dos Vazão doméstica Vazão industrial
efluentes (m³/dia) (m³/dia)
Carpetes poliamida corantes têxteis provenientes da 14,48 118,74
tapetes polipropileno ácido acético tinturaria
amoníaco purga da caldeira
tingimento
Características do efluente lançado na RCE
pH Óleos e Graxas Sólidos sólidos em Sulfato Sulfeto
(mg/L) Sedimentáveis suspensão totais (mg/L) (mg/L)
(mL/L) (mg/L)
8,1 34 0,1 92 280 2
Manutenções realizadas na RCE
No lançamento A montante do lançamento A jusante do lançamento
Serviço Executado Data Execução Serviço Executado Data Execução Serviço Data Execução
Executado
Desobstrução de 13/06/02 desobstrução de ramal 09/12/02 desobstrução de 28/10/02
coletor esgotos domiciliar ramal domiciliar
Desobstrução de 14/06/02 desobstrução de ramal 19/03/03 desobstrução de 18/12/02
ramal domiciliar domiciliar coletor esgotos

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Tabela 2 – Empresas que atendem o Artigo 19A nos parâmetros óleos e graxas e sólidos sedimentáveis,
freqüência de manutenções realizadas na RCE
Nº da Ramo de Atividade OG Ssed SST Vazão Freqüência de
empresa (mg/L) (mg/L) (mg/L) (m3/dia) manutenções na
RCE
94 Alimentícia 25 5 670 7,07 Mensal
5 Galvanoplastia 2 0,5 51 3,80 Anual
6 Galvanoplastia 10 0,1 45 9,50 Mensal
13 Galvanoplastia 2 0,2 94 6,05 Bimestral
20 Galvanoplastia 2 0,1 112 16,61 Semestral
114 Galvanoplastia 2 2 240 10,20 Trimestral
126 Gráfica 92 0,1 20 15,53 Mensal
128 Gráfica 2 0,4 76 136,00 Bimestral
1 Metalúrgica 35 1 82 3,00 Mensal
121 Metalúrgica 10 0,1 14 5,77 Trimestral
7 Têxtil 34 0,1 92 118,74 Semestral
Nota: OG – óleos e graxas; Ssed – sólidos sedimentáveis; SST (sólidos em suspensão totais)

Tabela 3 – Empresas que não atendem o Artigo 19A nos parâmetros óleos e graxas ou sólidos sedimentáveis,
freqüência de manutenções realizadas na RCE
Nº da Ramo de Atividade OG Ssed SST Vazão Freqüência de
empresa (mg/L) (mg/L) (mg/L) (m3/dia) manutenções na
RCE
17 Alimentícia 543 4,5 1250 181,96 Mensal
52 Alimentícia 3500 7 1670 2,91 Mensal
57 Alimentícia 210 9,5 335 82,20 Mensal
49 Metalúrgica 276 0,2 460 0,16 Trimestral
80 Metalúrgica 2280 1,6 - 22,51 Semestral
118 Metalúrgica 740 0,1 26 11,77 Mensal
78 Plástica 562 0,1 255 ñ informado Trimestral
79 Têxtil 166 0,1 45 73,80 Bimestral
109 Têxtil 1090 0,1 2 22,04 Mensal
Nota: OG – óleos e graxas; Ssed – sólidos sedimentáveis; SST (sólidos em suspensão totais)

de aceitação de ENDs no SES apenas e preenchem um questionário, onde se o efluente atende ou não aos limites
no atendimento à norma NBR 9800 constam os dados cadastrais da em- estabelecidos na Norma”. No caso da
(ABNT, 1987), a qual estabelece limites presa, matéria(s) prima(s) utilizada(s), empresa optar por autocaracterização
para lançamento de óleos e graxas de produto(s) fabricado(s) e vazão baseada para avaliar seu efluente, técnicos da
150 mg/L e sólidos sedimentáveis de no consumo de água fornecido pela companhia de saneamento acom-
20 mL/L, valores idênticos aos limi- companhia. Após a aquisição dos dados panham a coleta, que é realizada de
tes estabelecidos pelo artigo 19A do básicos, é apresentado ao cliente, o pro- forma pontual, procedimento que em
Decreto 15.425/80. Para exemplificar cedimento de cobrança por lançamento muitos casos não oferece uma represen-
tal prática, descreve-se, a seguir, o de efluentes com características não tatividade do lançamento real. Quando
procedimento adotado por uma com- domésticas e é entregue um relatório, os técnicos da companhia de saneamen-
panhia de saneamento de uma grande orientando-o para a realização de uma to decidem realizar uma caracterização
metrópole: “No momento que uma autocaracterização, caso o mesmo não do efluente, a coleta segue o mesmo
empresa solicita o lançamento de seus aceite a cobrança por ramo de atividade. procedimento da autocaracterização.
efluentes na RCE, técnicos da com- Fica a critério da área técnica, a realiza- Os dados de caracterização constantes
panhia de saneamento visitam o local ção ou não de uma coleta para avaliar das tabelas 2 e 3 foram obtidos através

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desse procedimento: amostra simples - A espessura da camada de sólidos elevadas de metais pesados, podem
e pontual. Após a caracterização dos no fundo da caixa seja maior ou igual a apresentar concentrações de sulfato de
efluentes, as concentrações dos parâ- 20% da profundidade total da caixa; até 650 mgSO42-/L. É comum tam-
metros são comparadas com os limites - O fundo da caixa apresente uma bém encontrar valores de pH de 1,6 e
estabelecidos na norma. No entanto, camada de sólidos maior que 400 mm; concentrações de óleos e graxas de até
outros elementos e compostos que não - A somatória das espessuras das 868 mg/L (CETESB, 1990). Os efluen-
foram contemplados na mesma, mas camadas superficial e de fundo seja tes desta atividade, muitas vezes, são
que constam como produto auxiliar ou maior que 25% da profundidade da neutralizados com cal, o que ocasiona
matéria prima da indústria ou serviço, caixa. a precipitação do sulfato de cálcio, que
podem provocar, por exemplo, obs- Uma capacidade insuficiente ou o é pouco solúvel (WEF, 1994). Se esse
truções, como no caso de fibras. Além não cumprimento das limpezas periódi- material de alguma forma for carreado
disso, não se avaliam as condições da cas compromete a eficiência desse pro- para a RCE, a probabilidade de ocorrer
RCE que receberá os ENDs, ou seja, cesso de tratamento, o que significa uma incrustação é iminente.
o material, a idade, a declividade, as passagem direta dos óleos e graxas para Essa análise mostra que esses
contribuições de montante e jusante a RCE. Observa-se, pelas manutenções efluentes não representam apenas um
ao lançamento, etc. realizadas na RCE, que este fato pode problema ambiental, que afeta as ca-
A Tabela 2 apresenta as empresas estar ocorrendo no lançamento dessa racterísticas do efluente final e do lodo
que possuem pré-tratamento que en- empresa e o mesmo se expande para as das ETEs, mas também um problema
quadram seus efluentes na legislação demais nessas mesmas condições, pois no sistema de coleta e transporte de
no que se refere às concentrações de nos critérios atuais de recebimento, não esgotos, que é um patrimônio público.
óleos e graxas e sólidos sedimentáveis, está prevista a apresentação do projeto Sendo assim, como critérios de rece-
e portanto, segundo os critérios brasi- de dimensionamento da caixa de gor- bimento de galvanoplastias no SES
leiros atuais de recebimento de ENDs dura para análise e nem a freqüência de deveriam ser incluídos:
(CETESB, 1995; COPASA, 2002; limpeza no contrato de recebimento de - Caracterização dos efluentes
CEARÁ, 2002), podem ser lançados indústrias alimentícias, como faz, por bruto e tratado;
no SES, sem causar problemas de exemplo, a Sydney Water, concessioná- - Análise do material da RCE que
incrustação. No entanto, a pesquisa ria de saneamento de Sydney, Austrália. irá receber tais efluentes;
realizada nos registros de manutenções Medidas simples assim poderão mini- - Substâncias utilizadas no pré-
ocorridas entre os anos de 2002 e 2005 mizar significativamente as manuten- tratamento, principalmente na neutra-
nas RCEs que recebem tais efluentes, ções nas RCEs que recebem esse ramo lização do pH.
demonstra que os impactos de tais de atividade e diminuir os custos de Aos critérios citados anteriormen-
lançamentos foram expressivos, pois em coleta e transporte de esgotos. te, deve-se acrescentar a observação em
muitas, a freqüência de manutenções A Figura 1 mostra os ciclos de relação à matéria prima e aos produtos
é atípica. Embora segundo Tsutiya & manutenções semestrais realizados na auxiliares, pois existem perdas de ma-
Além Sobrinho (2000), a rede coletora RCE para as empresas do ramo da téria no processo, as quais se dão pelo
de esgotos deva ser projetada para ter indústria alimentícia, constantes das arraste de um tanque de banho a outro,
uma declividade mínima que garanta Tabelas 2 e 3. podendo atingir uma perda de até
uma velocidade de escoamento que Para analisar os casos das gal- 40L/m2 (CETESB, 1990). Mesmo que
arraste os resíduos comuns existentes vanoplastias apresentadas na Tabe- haja um bom sistema de drenagem dos
nos esgotos domésticos, minimizando la 2, realizou-se uma pesquisa sobre os respingos oriundos do arraste, muito
a freqüência de manutenções, nor- efluentes destas categorias industriais, provavelmente, parte é encaminhada
malmente, no projeto, não se avalia que além de possuírem concentrações para o sistema de esgotos antes de
os ENDs.
A seguir, serão discutidos os dados Manutenção na RCE - Indústrias Alimentícias
de cada um dos ramos de atividade das
empresas constantes na Tabela 2. 16
Os efluentes de indústrias ali- 14
Quantidade de Manutenções

mentícias têm como principais ca- 12


racterísticas, concentrações elevadas
10
de óleos e graxas. O pré-tratamento,
normalmente adotado nesse ramo de 8
atividade, são as caixas de gordura. De- 6
pendendo da vazão do efluente, tem-se 4
uma capacidade mínima da unidade e
2
uma freqüência mínima de limpeza que
deve ser realizada, antes que alguma 0
das seguintes condições ocorra (Sydney 1º Sem. 2º Sem. 1º Sem. 2º Sem. 1º Sem. 2º Sem.

Water Corportation, 2004): 2002 2003 2004


- A espessura da camada superfi- Período

Empresa 17 Empresa 52 Empresa 57 Empresa 94


cial, composta de óleos, graxas e mate-
riais flutuantes, seja maior ou igual a Figura 1 – Manutenções na RCE devido ao lançamento
10% da profundidade total da caixa; de indústrias alimentícias

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passar pelo pré-tratamento, conforme
mostra a Figura 2. Quando se faz uma
lavagem geral das instalações, a unidade
de pré-tratamento, muitas vezes, não
está preparada para tratar uma vazão
tão elevada, sendo então encaminhada
diretamente para a RCE, carreando os
materiais que respingaram no piso. Por
isso, a importância do conhecimento
das matérias primas para saber quais
são os materiais flutuantes e os que sedi-
mentam, pois estes estão diretamente re-
lacionados com as interferências na RCE. Figura 2 – Representação do sistema de drenagem dos respingos do
A Figura 3 mostra os ciclos de ma- arraste dos banhos em galvanoplastias (CETESB, 1990)
nutenções semestrais realizados na RCE
para as empresas do ramo de galvano- Manutenção na RCE - Galvanoplastias

plastias constantes das Tabelas 2 e 3. 12


As indústrias gráficas, indicadas
Quantidade de Manutenções

na Tabela 2, principalmente a empresa 10


128, por se tratar de uma gráfica de
8
grande porte, apesar de não apresentar
concentrações elevadas de materiais 6
solúveis em n-hexano e sólidos em
suspensão totais, possui efluente com 4
concentrações de sulfato e sulfeto acima
2
dos parâmetros estabelecidos pelo Arti-
go 19A. Para analisar as interferências 0
que esses parâmetros causaram no SES, 1º Sem. 2º Sem. 1º Sem. 2º Sem. 1º Sem. 2º Sem.
foram avaliadas as manutenções ocor- 2002 2003 2004
ridas entre os anos de 2002 e 2005 e Período
Empresa 5 Empresa 6 Empresa 13
constatou-se o seguinte: Empresa 20 Empresa 114
- Ano de 2002: Houve somente
Figura 3 – Manutenções na RCE devido ao lançamento
uma campanha de manutenções no 1º
de galvanoplastias
semestre, incluindo duas desobstruções
de coletor;
- Ano de 2003: Houve uma
campanha no 1º semestre, incluindo
duas lavagens de rede coletora e apenas
um conserto de coletor no segundo
semestre.
- Ano de 2004: manutenções
mensais no 1º semestre até o momento
em que foi realizado um televisiona-
mento de rede coletora de esgotos por
circuito fechado e constatou-se uma
incrustação, próximo ao lançamento
(Figura 4).
O processo de incrustação ob- Figura 4 – Incrustação na RCE que recebe
servado pode ser conseqüência do a empresa 128 (SABESP, 2004)
lançamento de elevadas concentrações
de sulfato, que associado com outras ramo de atividade apresentarem óleos empresa 7 com os resultados mostrados
substâncias, formam precipitados de e graxas nos efluentes. Essa empresa na Tabela 3, que traz o caso de duas
baixa solubilidade, como o sulfato possui um pré-tratamento eficiente, indústrias têxteis, que lançam vazões
de íons divalentes (cálcio, magnésio, demonstrado pelos resultados das inferiores à da indústria em questão e
bário, etc). concentrações de materiais solúveis em que, no entanto, apresentam concentra-
A empresa 7, apresentada na n-hexano e sulfatos. É fácil constatar ções de materiais solúveis em n-hexano
Tabela 2, é uma industria têxtil de essa eficiência, através da freqüência de acima dos limites da legislação. Estes
grande porte, que normalmente sofre manutenções realizadas na RCE (exceto lançamentos provocaram freqüentes
uma fiscalização mais efetiva por parte o 1º semestre de 2004, que apresentou manutenções na RCE, como mostra o
da agência ambiental e da concessioná- comportamento atípico). Verifica-se, gráfico comparativo da Figura 5.
ria de saneamento. Segundo a USEPA também, a importância da fiscalização A respeito das metalúrgicas indi-
(EPA, 2005), é comum empresas desse através da comparação dos dados da cadas na Tabela 2, pode-se observar que

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ARTIGO TÉCNICO

são empresas de pequeno porte, com Manutenção na RCE - Indústrias Têxteis


vazão média de 4m3/dia e que os parâ- 9
metros determinados em seus efluentes 8

Quantidade de Manutenções
estão de acordo com a legislação. Essas 7
empresas possuem pré-tratamento dos
6
efluentes gerados, porém não há uma
5
fiscalização efetiva, nem tampouco uma
obrigatoriedade de apresentação de lau- 4

dos de automonitoramento. Essas duas 3

medidas simples de controle poderiam 2


evitar o inconveniente das constantes 1
manutenções realizadas na RCE. A 0
seguir, é apresentado um resumo das 1º Sem. 2º Sem. 1º Sem. 2º Sem. 1º Sem. 2º Sem.
mesmas: 2002 2003 2004
- Ano de 2002: No primeiro Período

semestre, foram realizadas 6 deso- Empresa 7 Empresa 79 Empresa 109

bstruções de coletor de esgotos e no Figura 5 – Manutenções na RCE devido ao lançamento


segundo, duas limpezas de PV, duas de indústrias têxteis
desobstruções e um conserto de cole- Manutenção na RCE - Metalúrgicas
tor. Este pode ter sido conseqüência 14
das constantes obstruções, pois como
Quantidade de Manutenções

a RCE desse logradouro é de manilha 12

de barro, se as juntas não forem bem 10


executadas, quando há uma obstrução,
8
a tubulação trabalha em seção plena,
e essa condição faz com que ocorra 6
vazamento nas juntas, provocando uma
4
erosão em torno da tubulação e como
conseqüência, o seu arriamento. Uma 2
segunda hipótese seria a necessidade de 0
troca de algum trecho devido a impos- 1º Sem. 2º Sem. 1º Sem. 2º Sem. 1º Sem. 2º Sem.
sibilidade de desobstrução. 2002 2003 2004
- Em 2003: Foram registradas Período
duas desobstruções de coletor de esgo- Empresa 1 Empresa 49 Empresa 80 Empresa 118
tos e uma limpeza de PV no primeiro
Figura 6 – Manutenções na RCE devido aos problemas
semestre e no segundo, a freqüência de
provocados pelo lançamento de metalúrgicas
manutenções volta a ser mensal, sendo
registradas cinco desobstruções de co- são utilizadas como pré-tratamento concessionárias de saneamento para
letor e duas limpezas de PV. (WEF, 1994). Entretanto, apenas a atender tal exigência legal, em diversos
- Em 2004: Nesse ano, repetiu-se existência destas unidades não garante ramos de atividade. Para certificar
o ciclo apresentado em 2003, sendo a proteção do sistema de coleta e trans- se esses lançamentos poderiam estar
registradas três desobstruções de coletor porte de esgotos. Qualquer empresa que propiciando uma atmosfera explosiva
no primeiro semestre e seis no segundo, opte por esse tipo de tratamento e não no interior do SES, foram realizadas
além de duas limpezas de PV. realize as devidas manutenções, pode medições do limite de explosividade
- Em 2005: Mais uma vez, repe- prejudicar mais o SES do que se não o em 27 pontos.
tiu-se o ciclo observado nos primeiros tivesse implantado, uma vez que estará Dos resultados obtidos, destacam-
semestres de 2003 e 2004, onde foram lançando um efluente mais concentrado se três pontos, nos quais as medições
registradas três desobstruções de coletor de óleos e graxas. apresentaram um limite inferior de ex-
e duas limpezas de PV. plosividade acima de 10%, o que repre-
A Figura 6 apresenta os ciclos de Explosividade e senta um risco eminente de explosão no
manutenção graficamente para as meta- inflamabilidade no SES caso de haver alguma fonte de ignição
lúrgicas apresentadas nas Tabelas 2 e 3, (CETESB, 2004). Deve-se ressaltar, no
inclusive para o caso da empresa 1. A legislação vigente no Estado de entanto, que nos pontos que apresenta-
O ciclo de manutenções apresen- São Paulo para o lançamento de END ram esses valores, os PVs encontravam-
tado deixa claro o efeito que esse ramo no SES prevê ausência de solventes e se obstruídos pela presença de óleos e
de atividade exerce sobre o sistema de substâncias explosivas e inflamáveis graxas. Dessa forma, há uma hipótese
coleta e transporte de esgotos. Segundo em lançamentos de qualquer fonte po- de que essa obstrução provocou um acú-
a USEPA (EPA, 2005), as metalúrgicas luidora, no entanto, em muitos laudos mulo de gases inflamáveis e explosivos
têm como principais características em pesquisados foi verificada a presença de num espaço confinado e sem ventilação,
seus efluentes, elevadas concentrações pequenas concentrações de benzeno, pois não foram observados altos limites
de materiais solúveis em n-hexano. Cai- tolueno, etilbenzeno e xileno (BTEX), de explosividade nos demais pontos,
xas separadoras de óleo, normalmente, únicos parâmetros analisados pelas mesmo naqueles nos quais estavam

Eng. sanit. ambient. 68 Vol.12 - Nº 1 - jan/mar 2007, 62-70


Recebimento de efluentes não domésticos em sistemas de esgoto

ARTIGO TÉCNICO
sendo lançados efluentes de empresas (EPA, 1995 a e b). Nesses pontos e em os limites de explosividade demonstram
com concentrações de solventes entre um ponto, que apresentou um LIE de a importância da elaboração de um
30 e 3.000 µg/L. A característica prin- 20%, podê-se associar os resultados procedimento para o monitoramento
cipal destes lançamentos é em relação ao com as características dos efluentes lan- do LIE no SES em áreas onde há con-
regime de escoamento na RCE, ou seja, çados, o que justifica a necessidade do centração de postos de combustíveis,
nestes pontos não havia obstrução.Vale monitoramento desse parâmetro pelas ou até mesmo a instalação de equipa-
ressaltar, no entanto, que, atualmente, companhias de saneamento, embasados mentos on-line pelas companhias de
o sistema de coleta e transporte de es- numa legislação na qual constem proce- saneamento, medida essa que garantirá
gotos ainda não trabalha a carga plena e dimentos claros de controle e não apenas não somente a integridade do sistema
que, no futuro, estas descargas poderão a exigência de ausência de substâncias de coleta e saúde dos operadores, como
provocar explosão. explosivas e inflamáveis nos efluentes também dos usuários do SES.
Três pontos, além de apresentarem lançados no SES (CETESB, 1995). O termo passivo ambiental, que
LIE de 1%, indicaram baixa concentra- Os resultados dos relatórios dos aparece naTabela 4, refere-se à existên-
ção de oxigênio - em torno de 18% - o atendimentos de emergência realizados cia de resíduos ou produtos num deter-
que pode significar que estava ocorrendo pelo setor de emergências químicas da minado estabelecimento, dispostos de
uma troca de gases na atmosfera do PV CETESB são apresentados na Tabela 4 e forma inadequada ambientalmente.

Tabela 4 – Resultado dos atendimentos de emergência realizados pelo setor de emergência da


CETESB entre 1998 e 2004 na RMSP
Causa Ocorrência Data Produto LIE Observações
identificado (%)
Flutuação de tanque Odor de combustível 08/01/98 Gasolina 30 -
em rede de esgoto
Furo em tanque Odor de combustível 17/01/98 Gasolina 100 -
em rede de esgoto
Furo em linha Odor de combustível 28/02/98 Gasolina - -
em rede de esgoto
Furo em linha Odor de combustível 06/03/98 Gasolina 60 -
em rede de esgoto
Passivo ambiental Presença de resíduos 26/11/98 Resíduos oleosos 60 Por ocasião de chuvas
oleosos em PV houve extravasamento de
resíduos oleosos para a RCE
Furo em linha Odor de combustível 17/08/99 Gasolina 100 -
em vala da SABESP
Passivo ambiental Odor de combustível 17/08/99 Gasolina 100 -
em rede de esgoto
Furo em tanque Odor de combustível 03/09/99 Gasolina 100 -
em rede de esgoto
Passivo ambiental Odor em rede de 17/02/00 Gasolina - -
esgoto
Descarte de produto Presença de 02/01/01 Óleo Diesel - Lançamento de vários
combustível na rede tambores dew 200 litros na
de esgoto rede
Operação inadequada Odor de combustível 23/11/01 Gasolina 60 Extravasão da caixa
– caixa separadora de na rede de esgotos separadora na rede
óleo
Extravasamento de Odor de combustível 03/03/02 Gasolina 10 Transbordamento de
tanque na rede de esgoto gasolina
Furo em tanque Odor de combustível 29/05/02 Gasolina 24 Vazamento na tubulação da
em rede de esgotos bomba
Passivo ambiental Presença de 21/06/02 Óleo Diesel 100 Em coletor tronco
combustível
Passivo ambiental Presença de odor em 12/01/04 - - Lançamento de excedente
rede de esgotos da caixa separadora em rede
Fonte: CETESB (2004)

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Delatorre Junior, I. & Morita, D. M.
ARTIGO TÉCNICO

- Postos de combustíveis devem ser Relatório de inspeção por circuito fechado de TV.
Avaliação das São Paulo. SABESP. (relatório interno SABESP).
concentrações de sulfeto considerados em programas de recebi-
2004.
nos esgotos do SES mento de efluentes não domésticos em
sistema público de esgotos; COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE
SANEAMENTO AMBIENTAL (CETESB).
Dos dados das 49 coletas realiza- - A observância das matérias primas, São Paulo. 2004. Atendimentos de emergência.
das no SES em bacias de esgotamento dos produtos auxiliares e fluxogramas do Disponível em: www.cetesb.gov.br Acesso em
predominantemente residenciais, obser- processo produtivo deve ser realizada na 05 de jan. 2004.
vou-se que o sulfeto, limitado pelo Arti- avaliação da possibilidade de recebimento E N V I RO N M E N TA L P ROT E C T I O N
go 19A do Decreto Estadual 15.425/80 dos efluentes não domésticos no sistema AGENCY (EPA). Operation and maintenance of
(CETESB, 1995) em 1mgS2-/L, apre- de esgotamento sanitário; wastewater collection systems: A field study training
- O órgão responsável pelo sistema program. 5 ed. California: EPA, v. 1. 1995a.
sentou concentrações acima deste valor
em mais de 50% das amostras. Esses re- de esgotamento sanitário deve levar em E N V I RO N M E N TA L P ROT E C T I O N
consideração as condições operacio- AGENCY (EPA). Operation and maintenance of
sultados mostram a necessidade de uma wastewater collection systems: A field study training
revisão do limite estabelecido para esse nais das unidades de pré-tratamento program. 5 ed. California:EPA, v. 2 1995b.
parâmetro, pois se os esgotos domés- no monitoramento dos efluentes não
domésticos; ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY
ticos que fluem no SES já apresentam (EPA). Report to congress on the discharge of hazardous
uma concentração maior que 1mgS2-/L, - Nos órgãos responsáveis pelo wastes to publicly owned treatment works. Washing-
limitá-la nesse valor para lançamento sistema de esgotamento sanitário, deve ton: EPA, 1986.
dos ENDs é uma incoerência. Além haver comunicação entre as áreas de ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY
disso, os interceptores e coletores, onde manutenção e controle de recebimen- (EPA). Federal Register: Electronic Code of Federal
foram realizadas as coletas, são de con- to de efluentes não domésticos, de tal Regulations; Part 420 iron and steel manufacturing
creto armado e estão em funcionamento forma a uma subsidiar a outra com in- point source category. Washington, 2005. Disponível
em: http://www.epa.gov/guide/. Acesso em 02 de
há mais de 10 anos, sem nenhuma formações técnicas pertinentes ao bom maio de 2005.
manutenção do tipo: troca de trecho funcionamento do sistema;
- Recomenda-se que o órgão res- ESTADOS UNIDOS. Department of Health and
devido a corrosão. Human Services Public Health Service. Agency
ponsável pelo sistema de esgotamento for Toxic Substances and Disease Registry Draft.
CONCLUSÕES sanitário realize o monitoramento do Interaction Profile For: Benzene, Toluene,
limite inferior de explosividade RCE; Ethylbenzene, and Xylenes (BTEX). Public Com-
- Os critérios atuais de recebi- ment Period Ends September 2, Atlanta 2002.
Dos resultados obtidos no presen-
te trabalho, conclui-se que: mento de efluentes não domésticos no KIENOW, K. K.; KIENOW, K. E. Corrosion below
- Efluentes não domésticos lança- sistema de esgotamento sanitário, no Sewer Structures. Califórnia: Kienow Associates, Inc.
que se refere às interferências físicas e Consult Civil and Environmental Engineeers in
dos no SES contendo sólidos sedimen- Redlands. 2005. Disponível em http://www.a-lok.
táveis e concentrações de óleos e graxas operacionais, não são eficazes. com/CORROSIONBELOW.html. Acesso em 02
(materiais solúveis em n-hexano) abaixo de fev. de 2005.
dos limites estabelecidos no Artigo REFERÊNCIAS MORITA, D. M. Tratabilidade de águas residu-
19A do Decreto 15425/80 causaram árias contendo poluentes perigosos: estudo de caso.
AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION Tese (Doutorado). Universidade de São Paulo.
obstrução e incrustração no sistema de (APHA); AMERICAN WATER WORKS ASSO- Escola Politécnica. 4v. 1993.
esgotamento sanitário; CIATION (AWWA); WATER ENVIRONMEN-
- Mais de 50% das amostras de TAL FEDERATION (WEF). Standard Methods for SYDNEY WATER CORPORATION. Trade
esgoto predominantemente doméstico, the Examination of water and wastewater. Washington: Waste Policy. Sydney, 2004. Disponível em http://
American Public Health Association. 1998. www.sydneywater.com.au/Publications/ 2004.
coletadas no sistema de esgotamento sa-
nitário e avaliadas no presente trabalho, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TSUTIYA, M. T.; ALEM SOBRINHO, P. Coleta
TÉCNICAS (ABNT). NBR. 9800. Critérios e transporte de esgoto sanitário. 2. ed. São Paulo.
apresentaram concentrações de sulfeto Winner Graff. 2000.
para lançamento de efluentes líquidos industriais
acima do limite estabelecido no Artigo no sistema coletor público de esgoto sanitário. Brasil:
19A do Decreto 15425/80, indicando WATER ENVIRONMENT FEDERATION.
ABNT, 1987.
Pretreatment of industrial wastes: manual of practice
que é necessário um novo limite para – FD 3. Alexandria, Virginia: WEF. 1994.
CEARÁ. SUPERINTENDÊNCIA ESTADUAL
este parâmetro; DO MEIO AMBIENTE (SEMACE). Portaria SE-
- Determinações das concentra- MACE N.°154/2002. Fortaleza. 22 de jul. 2002.
ções de sulfeto realizadas em coletores COMPANHIA DE SANEAMENTO DE MINAS
Endereço para correspondência:
tronco e interceptores da Região Me- GERAIS (COPASA). Belo Horizonte Programa de
tropolitana de São Paulo indicaram recebimento e controle de efluentes para usuários não Irineu Delatorre Junior
valores acima de 1mg S2-/L. Apesar domésticos. 2002 Disponível em: http://www.copasa. Companhia de Saneamento
com.br Acesso em 25 de fev 2005. Básico do Estado de São Paulo
destas concentrações, não têm sido
detectados problemas de corrosão nos COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SA- Divisão de Operação de Água
últimos 10 anos; NEAMENTO AMBIENTAL (CETESB). Nota Rua Conselheiro Saraiva, 519
técnica sobre tecnologia de controle: Galvanoplastias.
- Efluentes não domésticos lança- São Paulo: CETESB, 1990. 02037-021São Paulo – SP – Brasil
dos com concentrações de até 3000µg/L Tel.: (11) 6971-4082
COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE E-mail: [email protected]
de benzeno, tolueno, etil benzeno e SANEAMENTO AMBIENTAL (CETESB). De-
xileno não apresentaram valores de creto Estadual 15.425/80. In: Legislação Estadual,
limite de explosividade que propiciasse Série Documentos. São Paulo: CETESB, 1995.
uma atmosfera explosiva no interior do COMPANHIA DE SANEAMENTO BÁSICO
sistema de esgotamento sanitário; DO ESTADO DE SÃO PAULO (SABESP).

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