Apontamentos Arquitetura
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TRABALHO (HSST)
1. INTRODUÇÃO
Até meados do século 20, as condições de trabalho nunca foram levadas em conta, sendo sim
importante a produtividade, mesmo que tal implicasse riscos de doença ou mesmo a morte dos
trabalhadores. Para tal contribuíam dois factores, uma mentalidade em que o valor da vida
humana era pouco mais que desprezível e uma total ausência por parte dos Estados de leis que
protegessem o trabalhador.
Apenas a partir da década de 50/60, surgem as primeiras tentativas sérias de integrar os
trabalhadores em actividades devidamente adequadas às suas capacidades.
Actualmente em Moçambique existe uma legislação na área da Segurança, Higiene e Saúde no
Trabalho. A sua aplicação deve ser entendida como o melhor meio de beneficiar
simultaneamente as Empresas e os Trabalhadores na salvaguarda dos aspectos relacionados
com as condições ambientais e de segurança de cada posto de trabalho.
A Segurança, Higiene e Saúde do Trabalho são fundamentais para uma empresa devido a um
número elevado de factores:
A sua principal missão é desenvolver ao máximo a melhoria das condições de saúde de todo o ser
humano de qualquer parte do planeta. As acções da OMS prendem-se com o controlo de epidemias,
o emprego de medidas de quarentena, a estandardização de medicamentos, a regulamentação
sanitária, e o planeamento e a execução de campanhas de vacinação, rastreio e prevenção de
doenças, nomeadamente através da informação prestada às populações.
Desde a sua fundação a OMS, sempre associou parcelarmente a sua actividade à SST, promovendo
a protecção e promoção da segurança e saúde do trabalho, através do controlo dos riscos no
ambiente de trabalho e da promoção da saúde e da capacidade de trabalho dos trabalhadores.
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1.2.2. O papel da Organização Internacional do Trabalho (OIT)
A OIT está sediada em Genebra, na Suíça, sendo a única agência das Nações Unidas onde os
membros participativos são representantes dos Governos, empregadores e trabalhadores.
É por isso muito relevante o papel da OIT como grande fórum mundial de representação
tripartida a que se associaram 183 países, os quais reúnem anualmente para produzir normas,
convenções e recomendações que, ao serem ratificados, obrigam os países membros no sentido
de garantir a sua exequibilidade. As recomendações, não sendo obrigatórias, são
complementares às disposições das convenções.
A prevenção dos riscos profissionais deve assentar numa correcta e permanente avaliação de
riscos e ser desenvolvida segundo princípios, políticas, normas e programas, que visem tomar as
medidas necessárias com base nos seguintes Princípios Gerias de Prevenção:
1. Evitar os riscos;
2. Avaliar os riscos que não possam ser evitados;
3. Combater os riscos na origem;
4. Adaptar o trabalho ao homem;
5. Ter em conta o estado da evolução técnica;
6. Substituir o que é perigoso pelo que é isento de perigo ou menos perigoso;
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7. Planificar a prevenção com um sistema coerente;
8. Dar prioridade às medidas de protecção colectiva em relação às medidas de protecção
individual;
9. Assegurar a formação e informação dos trabalhadores.
trabalho que podem afectar a saúde, segurança e bem estar do trabalhador). Os agentes
ambientais agressivos que podem afectar a saúde dos trabalhadores são agentes físicos,
químicos e biológicos. Os contaminantes presentes no local de trabalho são responsáveis pelo
chamado “efeito prejudicial”, ou seja, as consequências que o organismo não pode recuperar,
rompendo-se o equilíbrio e desencadeando um conjunto de efeitos designados por doença.
Assim o objectivo final da Higiene do Trabalho é a eliminação, nos locais de trabalho de todos
os factores de risco ambientais.
Os agentes físicos são as diversas formas de energia a que possam estar expostos os
trabalhadores, cuja determinada exposição pode causar doenças profissionais. Consideram -se
todos os riscos gerados pelos agentes que têm capacidade de modificar as características físicas
do meio ambiente.
1.3.2.2.1. Ruído
A intensidade das vibrações sonoras ou as variações que lhe estão associadas são denominadas
de pressão sonora e exprime-se em Pascal (N/mm2). O ouvido não responde linearmente aos
estímulos provocados pelo ruído, mas sim logaritmicamente. Como é mais confortável trabalhar
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em escalas lineares, e uma vez que com a pressão sonora teríamos que trabalhar em escala
logarítmicas, foi encontrado a unidade que permite esta conversão, que se chama decibel (dB).
O decibel é o logaritmo da razão entre o valor médio e o valor de referência padronizado e
corresponde à mais pequena variação de pressão sonora que o ouvido humano normal pode
distinguir nas condições normais de audição. Ressalve-se que uma pequena diferença na escala
de decibel (Figura abaixo) não significa também uma pequena diferença de energia sonora
efectiva. Uma diferença de apenas 3 dB significa o dobro ou metade da energia
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efeito fisiológicos extra-auditivos: perturbação na comunicação, diminuição do
rendimento no trabalho, falta de vigilância e atenção, perda da capacidade de
concentração e cansaço
O risco a que os trabalhadores estão sujeitos depende de: tempo de exposição (quanto mais
longo, maior é o risco), tipo de ruído (contínuo, intermitente ou súbito), distância da fonte do
ruído (quanto menor, maior é o risco), sensibilidade individual (varia com a idade e de indivíduo
para indivíduo) e danos na audição (lesões já existentes no aparelho do indivíduo). Assim, na
identificação das situações de risco deve caracterizar-se o ruído, as fontes e condições de
propagação, bem como as medidas de protecção colectiva e individual adoptadas.
1.3.2.2.2. Vibrações
No meio laboral, as vibrações constituem agentes físicos nocivos que afectam a saúde e
segurança dos trabalhadores e encontram-se presentes em quase todas as actividades,
nomeadamente em construção civil e obras públicas, indústrias extractivas, exploração florestal,
fundições e transportes.
Ao contrário de outros agentes aos quais o trabalhador está exposto de forma passiva (ex.:
ruído), no caso das vibrações existe sempre contacto entre o trabalhador (através das mãos,
nádegas, costas e pés) e o equipamento ou máquina que transmite a vibração. Esta energia
vibratória é absorvida pelo corpo, como consequência da atenuação promovida pelos tecidos e
órgãos.
O corpo humano possui uma vibração natural. Se uma frequência externa coincide com a
frequência natural do sistema, ocorre a ressonância. A frequência de ressonância é a mais nociva
para o corpo humano, pois, quando o corpo entra em ressonância, amplifica a vibração que
recebe.
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Figura 2- Frequências de ressonância do corpo humano
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A exposição directa a vibrações pode ser extremamente grave, podendo danificar
permanentemente alguns órgãos do corpo humano. Existem múltiplas afecções desencadeadas
pelas vibrações, cujos efeitos dependem de:
tempo de exposição;
forma como a exposição se produz;
características físicas do meio;
modo de transmissão (a todo o corpo ou às mãos);
tipo de trabalho e tipo de postura.
As vibrações podem afectar o conforto, reduzir o rendimento do trabalho e causar desordens das
funções fisiológicas, dando lugar ao desenvolvimento de doenças quando a exposição é intensa.
1.3.2.2.3. Radiações
A radiação é por definição, a energia transmitida através do espaço sob a forma de ondas e
partículas. A intensidade da radiação depende do número de desintegrações assim como da
energia e do tipo de radiação emitida.
As radiações dividem-se em ionizantes e não ionizantes, consoante o resultado da sua
intenção com a matéria:
a) radiações ionizantes- incluem os raios alfa, beta, gama, raios X, neutrões e protões.
Este grupo de radiações tem a capacidade de produzir iões directa ou indirectamente.
b) radiações não ionizantes- caracterizam-se por não possuir energia suficientes
para ionizar os átomos ou moléculas com os quais interagem. Deste tipo de radiações
fazem partem as radiações ultravioletas (UV), visível, infravermelha (IV), laser,
micro-ondas e radiofrequências
A intensidade da radiação depende do número de desintegrações assim como da energia e
do tipo de radiação emitida. O efeito das radiações depende da parte do corpo irradiada e do
tipo de radiações
Frio ou calor em excesso, ou a brusca mudança de um ambiente quente para um ambiente frio
ou vice-versa, também são prejudiciais à saúde.
Nos ambientes onde há a necessidade do uso de fornos, maçaricos etc., ou pelo tipo de
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material utilizado e características das construções (insuficiência de janelas, portas ou
outras aberturas necessárias a uma boa ventilação), toda essa combinação pode gerar alta
temperatura prejudicial à saúde do trabalhador.
A sensação de calor que sentimos é proveniente da temperatura resultante existente no local e
do esforço físico que fazemos para executar um trabalho.
A temperatura resultante é função dos seguintes factores:
humidade relativa do ar;
velocidade e temperatura do ar;
calor radiante (produzido por fontes de calor do ambiente, como fornos e maçaricos).
A unidade de medida da temperatura adoptada é o grau Celsius, abreviadamente ºC. De um
modo geral, a velocidade do ar tem de ser no Inverno inferior a 0,15 m/s, com temperaturas
entre 20 e 24ºC, e no Verão inferior a 0,25m/s, com temperaturas entre 23 e 26oC. Enquanto
a humidade relativa do ar deve estar entre 55% a 65%.
Os ambientes térmicos podem ser classificados como :
1.3.2.2.5. Iluminação
A iluminação contribui para um bom desempenho dos trabalhadores, quando esta é deficiente ou
desadequada ao local de trabalhador, pode causar problemas para a saúde de um trabalhador,
afectando também o seu rendimento e consequentes acidentes de trabalho. Considera-se que a
iluminação não é apropriada quando apresenta as seguintes características:
a) estado sólido- temos poeiras de origem animal, mineral e vegetal, como a poeira mineral
de sílica encontrada nas areias para moldes de fundição;
b) estado líquido- as substâncias apresentam-se sob a forma de solventes, tintas, vernizes
ou esmaltes;
c) estado gasoso- temos o GLP (gás liquefeito de petróleo), usado como combustível, ou
gases libertados nas queimas ou nos processos de transformação das matérias primas.
Via respiratória: essa é a principal porta de entrada dos agentes químicos, porque
respiramos continuadamente, e tudo o que está no ar acaba por passar nos pulmões.
Via digestiva: se o trabalhador comer ou beber algo com as mãos sujas, ou que ficaram
muito tempo expostas a produtos químicos, parte das substâncias químicas serão
ingeridas com o alimento, atingindo o estômago e podendo provocar sérios riscos à
saúde.
Epiderme: essa via de penetração é a mais difícil, mas se o trabalhador estiver
desprotegido e tiver contacto com substâncias químicas, havendo deposição no corpo,
serão absorvidas pela pele.
Via ocular: alguns produtos químicos que permanecem no ar causam irritação nos olhos
e conjuntivite, o que mostra que a penetração dos agentes químicos pode ocorrer também
pela vista.
As medidas ou avaliações dos agentes químicos em suspensão no ar são obtidas por meio de
aparelhos especiais que medem a concentração, ou seja, percentagem existente em relação ao ar
atmosférico. Os limites máximos de concentração de cada um dos produtos diferem de acordo
com o seu grau de perigo para a saúde.
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1.3.3. Interpretar sinais de aviso e símbolos no local de trabalho
1.3.3.1. Formas de sinalização
➱ Comunicação verbal;
➱ Sinais gestuais para que, quando a comunicação de viva voz não seja possível, se
possam dar as indicações necessárias.
FORMA
CORES
MATERIAL
VERMELHO PROIBIÇÃO DE COMBATE
A INCÊNDIOS
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AMARELO PERIGO
SEGURANÇA EM
VERDE SITUAÇÃO DE
EMERGÊNCIA
EXEMPLOS
Sinais de Proibição
Sinais de Aviso/Perigo
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Sinais de Obrigação
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Sinais de Salvamento ou de Emergência
No estaleiro da obra em estudo a sinalização encontra-se na entrada, num sítio bem visível.
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Figura 3-Sinalização que se encontra na entrada do estaleiro da obra em estudo
Betoneira
Verniz e tintas
Cimento
Martelo pneumático de demolir pavimento
Placa compactadora de mão (sapo)
Martelo de pregar electrico
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1.3.5. Aplicar pratica de procedimentos de segurança para instalações, processos,
materiais, ferramentas e equipamentos utilizados
Exercícios de reflexão conjunta para Instalação eléctrica de um edifício.
Define-se Ergonomia como sendo a ciência que faz o estudo da relação entre o homem e a
execução do seu trabalho e promove a interacção, de forma adequada, entre homens e máquinas.
Sua origem vem da palavra grega ergon que significa “trabalho” e da palavra nomos que quer dizer
“leis ou normas”.
b) Ergonomia cognitiva - está focada nos factores mentais que influenciam na actividade
laboral. Factores como percepção, memória, raciocínio e resposta motora podem afectar a
interacção entre trabalhador e a sua actividade.
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3. Reduz o cansaço e o estresse
Os exercícios ergonômicos ajudam a relaxar o corpo e amenizar o cansaço do trabalho. Com isso, o
colaborador fica mais leve e menos estressado.
2. Valoriza o profissional
Quando a empresa se preocupa com o bem-estar do seu colaborador ao oferecer o suporte para ele
exercer com segurança a sua actividade, o funcionário sente-se valorizado.
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Amarração de lajes com postura incorrecta
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1.3.7. Ter em conta o género, idade ou deficiência
Exercício de reflexão conjunta dos trabalhos e posturas para o género, idade (idosos) e
deficiência
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1.4. SINALIZAR ÁREAS OU LOCAIS DE TRABALHO (RA2/CD2)
1.4.1. Escolher os sinais de aviso e símbolos
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1.5. UTILIZAR EQUIPAMENTOS DE PROTECÇAO INDIVIDUAL E
COLECTIVA (RA3/CD3)
1.5.1. Equipamentos de protecção individual
O Equipamento de Protecção Individual (EPI) define-se como qualquer dispositivo ou meio que
se destine a ser envergado ou manejado por uma pessoa com vista à sua protecção contra um
ou mais riscos susceptíveis de ameaçar a sua saúde bem como a sua segurança.”
Todo o equipamento de protecção individual deve estar conforme com as normas aplicáveis à
sua concepção e fabrico em matéria de segurança e saúde, ser adequado aos riscos a prevenir e
às condições existentes no local de trabalho, atender às exigências ergonómicas e de
saúde do trabalhador e ser adequado ao seu utilizador.
Para a selecção adequada dos equipamentos de protecção individual (EPI’s) deve ter-se em
consideração:
os riscos prováveis a que o trabalhador está exposto;
a natureza do trabalho e demais condições envolventes da sua execução;
as partes do corpo que se pretende proteger;
as características pessoais do trabalhador que os vai utilizar.
Protectores
Ouvidos auriculares; Ruído.
Auscultadores.
Óculos de protecção
Partículas sólidas, líquidos
contra projécteis
Olhos corrosivos e irritantes e
Viseira de
radiações.
protecção.
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Máscaras
Dispositivos
Vias respiratórias Poeiras, gases e vapores.
filtrantes
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Na Tabela 3 apresentam-se exemplos de equipamentos de protecção colectiva utilizados em obra:
Constituídas por
cordas fibro-sintéticas
Rede horizontal (anti-quedas) de poliamida ou
polipropileno, ligadas Impedir ou limitar a
Redes de por nós, formando um queda, quer de
segurança conjunto elástico de pessoas, quer de
malhas quadradas, materiais.
suportadas por corda
perimetral, capazes
Rede horizontal inclinada de absorver uma certa
(limitadora de quedas) quantidade de
energia.
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