Ensaio de Motor
Ensaio de Motor
Ensaio de Motor
Máquinas
resumo Térmicas
alargado TP1 2014/2015
do trabalho de análise teórica de motorizações)
Ensaio de Motor
André Antunes · Gabriel Aires
Resumo Ensaio de motor mono-cilíndrico a gasolina e O primeiro motor de combustão interna cujo ciclo
quatro tempos. Determinação das curvas características operante é o ciclo Otto da história data de 1876 e foi
e parâmetros importantes do motor. implementado pelo engenheiro Nikolaus Otto. O motor
Palavras-Chave Motor Combustão Interna · Otto · ensaiado funciona segundo este ciclo, e, tendo em conta
de que se trata de um motor alternativo, explicar-se-á
Ensaio motor · Caracterização de um MCI de forma simples o seu funcionamento. Muito resumi-
damente, este ciclo opera em 4 tempos distintos: admis-
são, compressão, ignição e escape. O primeiro tempo, a
1 Introdução admissão, dá-se quando é admitida dentro do cilindro
(câmara de combustão) uma mistura de ar e gasolina -
O objetivo do trabalho prático no 1 da unidade curri- estes devem vir em proporções corretas a m de se dar
cular de máquinas térmicas é estudar-se o comporta- uma reação de combustão o mais completa possível. Se-
mento de um motor alternativo de combustão interna guidamente essa mesma mistura é comprimida por um
com vista a fazer a sua caracterização. Trata-se de um pistão que se move de forma alternada dentro do cilin-
motor mono-cilíndrico alternativo, cujo ciclo operante dro o que vai fazer com que haja um aumento de tem-
é o Otto (utiliza gasolina como combustível). Esta aná- peratura. Chega então o tempo em que, com recurso a
lise tem por base um trabalho experimental realizado no uma vela de ignição - que é utilizada para denir o mais
laboratório de Termouídos do Departamento de Enge- rigorosamente possível o momento do início da combus-
nharia Mecânica da Universidade de Aveiro, que dispõe tão (ignição comandada) - se dá a combustão dentro do
de um banco de ensaio - "TD110-TD115 Mini Engine cilindro. A pressão dentro do mesmo aumenta de forma
Test Rigs and Instrumentation"da Tecquipment Limi- brusca fazendo com que ele retome o movimento des-
ted Ltd - para o efeito. cendente. Este é o tempo que liberta trabalho útil para
o utilizador. Chega o quarto e último tempo: os gases
resultantes da combustão vão obrigar o pistão a descer,
2 O motor uma vez que há um aumento signicativo de volume
no interior da câmara de combustão. Término o quarto
Princípios de funcionamento de um motor de combus- tempo, há de novo admissão e o ciclo repete-se enquanto
tão interna - MCI - ciclo Otto o motor estiver em funcionamento.
O banco de ensaio
A. Antunes O banco de ensaio disponível pode ter, na sua congura-
n.o 64572
Turma P1 ção, um dos vários motores que o fabricante propõe. O
E-mail: [email protected] motor que testámos é o modelo TD110 a quatro tem-
Gabriel Aires pos e a gasolina, como já foi referido. Consultando o
n.o 65076 manual do fabricante retira-se alguns dados importan-
Turma P1 tes como a cilindrada (199,6 cc), a razão de compressão
E-mail: [email protected] 6:1, o diâmetro do cilindro 66,69 mm, o curso do pistão
2 André Antunes, Gabriel Aires
57,15 mm, o binário máximo 10,3@2500RPM, a potên- 4 Parâmetros relevantes para a caracterização
cia máxima 3,73kW@3600RPM entre outros. do motor
Nesta secção serão apresentadas as principais grande-
2.1 Método experimental zas importantes para descrever um motor, bem como as
fórmulas matemáticas utilizadas para as calcular. Ren-
Para calcular as grandezas necessárias procedeu-se à dimentos, eciências, relação ar-combustível, potência
medida de vários pontos distintos, e em cada um mediram- são algumas delas.
se várias grandezas diferentes: velocidade angular do
veio, binário, temperatura dos gases de escape, dife-
rença de pressão à entrada do cilindro e tempo neces- 4.1 Potência
sário para consumir 8 mL de gasolina. Algumas variá-
veis são constantes para os vários pontos considerados: A potência do motor indica a quantidade de energia que
a pressão à entrada e os 8 mL de combustível consi- ele pode debitar por unidade de tempo. É calculada com
derados para medir o consumo "instantâneo". O vo- base na equação
lume de combustível é medido por meio de uma pipeta.
M ·N ·2·π
Os valores de pressão à entrada do cilindro, velocidade P = (1)
de rotação e binário são retirados dos mostradores da 60
unidade TD114 (onde estão os manómetros de pressão onde M é o binário disponível no veio do motor e N é a
e temperatura, dinamómetro, velocímetro, bem como velocidade angular da cambota.
a pipeta). O intervalo de tempo foi medido por meio No caso do banco de ensaio utilizado, experimental-
de um cronómetro externo. Cada grupo de alunos reti- mente obtém-se os valores de M e N. O valor do binário
rou valores para alguns pontos (pretendia-se que fossem disponível no veio do motor deve ser ilustrado em fun-
retirados valores em regime estacionário) e, posterior- ção da velocidade de rotação da cambota.
mente, o docente da componente prática da unidade
curricular disponibilizou o conjunto global das medidas
de todos os grupos na plataforma e-learning.
3 Análise experimental
Para a análise experimental, foram-nos dadas duas pos-
sibilidades: a primeira consiste na análise dos dados re-
tirados pelo grupo; a segunda consiste na análise dos
dados de todos grupos (obtendo-se a média para pon-
tos correspondentes à mesma velocidade angular do veio
do motor), disponibilizados na plataforma e-learning - Figura 1. Relação entre o binário e a rotação do motor
o que pode trazer vantagens, uma vez que o número
de resultados é signicativamente maior. Optámos pela
segunda opção, e vamos proceder ao cálculo da média A potência é, tipicamente, dada em função da ve-
dos dados de todos os grupos referentes ao dia 20 de locidade de rotação do motor. Ilustra-se no gráco da
Outubro de 2014 exceptuando aqueles que correspon- gura 2 esta relação para o ensaio que foi feito.
dem a valores de rotação únicos (ou seja, que não se
repetiram para outros grupos), e a partir destas médias
calculamos todos os parâmetros relevantes para a ca- 4.2 Consumo especíco
racterização do motor. Alguns dos valores apresentados
não tinham os dados de pressão à saída corresponden- Cálculo do consumo especíco - sfc
tes. Nestes casos foi calculada a média das pressões de Uma característica que se assume cada vez mais im-
saída dos valores de rotação iguais ao valor em falta. A portante nos dias que correm, traduz a quantidade de
análise dos dados experimentais vai ser feita usando o combustível que é preciso fornecer ao motor para que
programa Excel da Microsoft Oce. O documento de ele ofereça uma determinada potência. É, numa aná-
análise não será apresentado, serão apenas apresenta- lise mais rigorosa, a razão entre o caudal mássico de
dos as conclusões dele retiradas (tabelas e grácos). combustível e a potência no veio do motor.
Ensaio de Motor 3
Figura 2. Relação entre a potência e a rotação do motor Figura 3. Variação do consumo especíco com a rotação do
motor
N · ρar · Vs
ṁar = (7)
2 · 60
Sendo que para o TD110,
Figura 5. Resultados experimentais dos valores de caudal
ṁar = 21, 06
kg
(8) de ar correspondente a cada regime de rotação do motor
h
Tendo nós o AFR estequiométrico, facilmente con- Para obtermos AFR em termos experimentais é fun-
cluímos que o caudal mássico de combustível é, aproxi- damental conhecermos o caudal mássico de combustí-
madamente, 1,4429 kilogramas por hora. vel. O cálculo deste valor foi calculado e fundamentado
na secção "4.2 Consumo Especíco". Com estes dois
Cálculos Experimentais dados, conseguimos agora determinar AFR.
O primeiro elemento a determinar experimentalmente Os valores dos caudais de ar e combustível são apre-
é o caudal mássico de ar. Este é dado através da análise sentados na tabela seguinte:
da diferença de pressão criada pelo movimento descen-
dente do pistão (na fase de admissão) - cria-se uma
depressão à entrada do cilindro que obriga a mistura a
entrar no mesmo. O manual do banco de ensaio disponi-
biliza um gráco que dá a relação direta desta diferença
de pressão (lida no manómetro) e o caudal mássico de
ar que é admitido (para a determinação desta função
recorre-se aos princípios da Mecânica de Fluídos, onde
se tem em consideração a viscosidade do ar, a área do
coletor de admissão à entrada do cilindro e a velocidade
de escoamento do ar). À frente apresenta-se o gráco
que representa esta função.
ṁar
AF Rexperimental = (9)
ṁf uel
Constata-se, portanto, uma diferença signicativa
entre o AFR experimental e o estequiométrico, con-
cluindo ainda que o motor trabalha com uma mistura
muito rica. Em busca de justicar o porquê desta ocor-
Figura 4. Função demonstrativa da relação entre o caudal rência, entre alguma pesquisa, concluímos que: o princi-
de ar e a diferença de pressões pal fator que leva ao motor trabalhar com uma mistura
Ensaio de Motor 5
π·B·4
PME = (13)
VV
Os resultados obtidos mostram um pico de performance
perto das 3000 rpm.
que nos leva a podermos injetar mais combustível e a 4.7 Calor perdido no escape
maior pressão - o que benecia em muito a reação de
combustão e melhora signicativamente os níveis de po- Dentro da câmara de combustão a mistura gasosa ar-
tência disponível. Para este cálculo foi usada a seguinte combustível sofre uma elevada transformação no que à
fórmula: temperatura diz respeito. A mistura é aquecida e arre-
fecida de novo antes de ser libertada para a atmosfera.
ṁAr · 120 Acontece que na prática é muito difícil fazer voltar os
ηV = (14) gases de escape à temperatura a que estavam aquando
N · ρAr · VV
Apresentamos o gráco que relaciona a eciência vo- da admissão. Essa temperatura só é atingida quando
lumétrica com o regime de rotação do motor a seguir. a mistura se dilui na atmosfera. A diferença entre as
temperaturas de entrada e de saída tem aliada a si uma
perda de calor, que pode ser calculado através de uma
lei simples da termodinâmica, apresentada a seguir:
Pb 1
ηR = = (19)
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