Introdução Aos Circuitos Elétricos
Introdução Aos Circuitos Elétricos
Introdução Aos Circuitos Elétricos
Caros alunos, neste bloco apresentaremos as grandezas físicas que calculamos nos
circuitos elétricos, os componentes utilizados em circuitos elétricos e sua simbologia,
as leis e teoremas utilizados para cálculo das grandezas, inicialmente trabalhamos com
tensões e correntes constantes, isto é, circuitos com tensão contínua ou corrente
contínua. Depois, esse conceito é estendido para circuitos alimentados com outros
tipos de sinais de entrada. Este momento fornece os conceitos básicos da engenharia
elétrica. A partir deles é desenvolvida toda a análise de circuitos da engenharia
elétrica. É fundamental que você, caro aluno, veja os exercícios resolvidos e faça os
exercícios propostos que estão no Material de Apoio a fim de compreender como é
feita a análise de circuitos elétricos. Quaisquer dúvidas que você tiver, consulte o tutor
ou o professor responsável pela disciplina.
Nos circuitos elétricos temos alguns componentes através dos quais são avaliadas as
grandezas elétricas. Esses componentes podem ser elementos passivos ou elementos
ativos. Um elemento ativo é capaz de gerar e fornecer energia para os elementos
passivos, que não geram energia, mas, eventualmente, dissipam ou absorvem energia
para fornecê-la posteriormente.
As principais grandezas estudas nos circuitos elétricos são a corrente, tensão, potência,
energia elétrica, resistência, capacitância e indutância. É comum ouvirmos as pessoas
se referindo à tensão como voltagem e à corrente como amperagem. Na verdade,
2
,
essas pessoas estão misturando os nomes das unidades com as grandezas físicas.
Vejamos a definição de casa uma delas.
Corrente elétrica
I = Q/t
Observações importantes:
3
,
Tensão Elétrica
V = W/Q
Observações importantes:
4
,
Potência Elétrica
P = W/t
Energia elétrica
Note que a nossa conta de luz é dada normalmente em kWh, ou seja, cobra-se pela
energia elétrica que consumimos ao longo de um período, normalmente de um mês. O
“k” indica um múltiplo da unidade (1 kWh = 1000 Wh).
5
,
Observações importantes:
• Quanto ao sinal da potência com relação aos bipolos, deve-se obedecer ao fato
de que existem duas convenções: uma do sinal ativo e outra do sinal passivo.
Na convenção de sinal passivo, quando a corrente entra pelo terminal positivo
(potencial positivo) de um elemento, define-se que a potência p = +vi e
dizemos que o bipolo está absorvendo a potência. Se a corrente sai pelo
terminal positivo, p = –vi, dizemos que o bipolo está fornecendo a potência;
• Na convenção de sinal ativo quando a corrente sai do terminal positivo, p=+vi
e o bipolo fornece a potência. Quando a corrente entra no terminal positivo,
p=-vi e o bipolo absorve a potência em questão.
R = ρ. L/A
6
,
Existem bipolos que tem um comportamento linear entre a tensão e a corrente que
passa. Esses elementos são chamados de bipolos ôhmicos, pois seguem a primeira lei
de ohm. Daí resultam as relações:
I = V/R ou V = R .I ou R = V/I
Observações importantes:
𝟏 𝑰
𝑮= =
𝑹 𝑽
Os resistores são bipolos que seguem as leis de ohm. São feitos para suportarem uma
determinada potência (resistores de 1/8 W, por exemplo, trabalham no máximo com a
potência de 0,125W). Em circuitos elétricos, normalmente, apresentam-se os tipos de
resistores, o código de cores e como se faz a medida de resistência: em paralelo ao
resistor com ele desconectado do circuito. Isso já foi visto em Física Experimental II,
inclusive foram vistos circuitos série e paralelo com resistores e fontes de tensão
contínuas, e como calculam-se as correntes e tensões nestes circuitos utilizando o
conceito de resistência equivalente. Faremos aqui uma breve revisão sobre esses
circuitos através de exercícios.
7
,
ou R
Capacitância e capacitores
Os capacitores são bipolos elétricos que possuem, de forma simplificada, duas placas
metálicas separadas por um material dielétrico (isolante) de constante k e que
armazenam cargas elétricas proporcionalmente à tensão que é aplicada. Existem, por
exemplo, capacitores de placas paralelas e os cilíndricos. A relação de
proporcionalidade está ligada a capacitância, cuja unidade é o Faraday (F). Ela
depende da geometria do capacitor, ou seja, da distância entre as placas do capacitor,
da área das placas e da constante dielétrica do material entre as placas.
Sabemos que:
𝒒(𝒕) = 𝑪. 𝒗(𝒕) e
𝒅𝒒(𝒕)
𝒊(𝒕) =
𝒅𝒕
𝒅𝒗(𝒕)
𝒊(𝒕) = 𝑪
𝒅𝒕
8
,
Indutância e indutores
Os indutores são bipolos que armazenam energia em seu campo magnético. Trata-se
de uma bobina de fio condutor, conforme apresentado na figura a seguir, que mostra
um indutor do tipo solenoide. O indutor, quando ocorre uma variação de corrente em
seus terminais, produz uma força eletromotriz ou tensão para que a corrente
permaneça a mesma. Essa tensão é diretamente proporcional à taxa de variação de
corrente, que é igual a:
𝒅𝒊(𝒕)
𝒗𝑳 (𝒕) = 𝑳
𝒅𝒕
9
,
𝑵𝟐 𝝁𝑨
𝑳=
𝒍
Fontes de alimentação
10
,
U
I
E
+
E U RL
_
Observações importantes:
11
,
E ou +Vcc
I Esquema
+
elétrico
E RL RL
simplificado
_
Esquemas elétricos
Símbolo de
equivalentes
referência do
circuito
I
+
E U RL
_
12
,
13
,
I
I
I
I U RL
𝒓𝒊
𝑰𝑺 = 𝑰
𝑹𝑳 + 𝒓𝒊
14
,
ri
RL I=E/ri RL
ri
E
A conversão pode ser feita como demonstrado na figura acima, mas também pode ser
feita no sentido contrário, ou seja, parte-se da fonte de corrente e determina-se a
fonte de tensão em que:
𝑬 = 𝑰. 𝒓𝒊
Fontes dependentes ideais são aquelas cujo controle da fonte depende de uma tensão
ou corrente de algum outro elemento do circuito e a fonte pode ser de tensão ou de
corrente. Assim, existem quatro tipos possíveis de fontes dependentes:
I
+
+
E VR R
_
_
𝑬
𝑰= 𝒆 𝑽𝑹 = 𝑬 = 𝑹. 𝑰
𝑹
Note a polaridade positiva (+), na qual a corrente entra no resistor, e a seta neste
terminal. A corrente sempre entra no terminal positivo de um resistor.
16
,
VR1
I
Equivale a:
R1 I
+
+
E R2 VR2 E VReq Req
_
_
R3
VR3
I I1 I2 I3
VR1 VR2
E R1 R2 R3 VR3
Ramos
17
,
VR1 V V
Como : E = VR1 = VR 2 = VR 3 então : I1 = ; I 2 = R 2 e I 3 = R3
R1 R2 R3
V V V 1 1 1
Vale que I = I1 + I 2 + I 3 I = R1 + R 2 + R 3 = E. + +
R1 R 2 R3 R1 R 2 R3
1 I 1 1 1
Assim : = = + +
Req E R1 R 2 R3
1 1 1 1
= + + ... +
Req R1 R 2 Rn
I I2
20 I1 20
70
E 10
40
18
,
Req1 = 10 + 20 = 30
I I2
20 I1
70 VReq2
E Req1=30
40
Segunda simplificação: agora temos a Req1 em paralelo com a resistência de 70Ω, para
então determinar a Req2:
1 1 1 1 1 3 + 7 10 210
= + = + = = Req 2 = Req 2 = 21
Req 2 70 Req1 70 30 210 210 10
20
VReq2 Req2=21
E
40
Terceira Simplificação (Final): ficamos com três resistores em série, obtendo a Reqtotal e
a corrente que sai da fonte.
Reqtotal = 20 + 21 + 40 = 81
E 12V
I= = = 0,148 A ou 148mA
Reqtotal 81
19
,
Reqtotal=81
E
A partir daí, devemos analisar a forma mais fácil de obter a corrente ou tensão no
resistor de 10Ω. Esta análise depende de experiência e capacidade de raciocinar para
obter uma destas variáveis.
20
,
R1 VR1
E
R2 VR2
E E
Cálculo de I : I = I=
Req R1 + R 2
Cálculo de VR2 : VR 2 = R2 .I
E R2
Substituindo o valor da corrente : VR 2 = R2 VR 2 = E
R1 + R 2 R1 + R 2
Ri
Generalizando : VRi = E
R1 + R 2 + ... + Ri + ..... + Rn
Note que, no caso de dois resistores, calcula-se VR2 utilizando no numerador o resistor
R2, dividido pela soma das resistências. Um exemplo numérico é dado a seguir.
SOLUÇÃO: neste exercício foram dadas as tensões e estão sendo cobrados os valores
de R1 e R2. Isso gera uma relação entre R2 e R1, que possibilita escolher valores de
resistência que atendam esta relação.
R2
Da relação : VR 2 = E com os valores de E e VR2 , obtem - se :
R1 + R 2
R2 7
5 = 12 5( R1 + R 2) = 12 R 2 5 R1 = 7 R 2 R1 = R 2 R1 = 1,4 R 2
R1 + R 2 5
Se adotarmos R1 = 10k , vem que : R2 = 14k
21
,
Divisor de corrente: este circuito serve para reduzir o valor de uma corrente utilizando
resistores em ramos paralelos. A sua fórmula geral é obtida como vemos a seguir.
𝑉𝑅𝑖
𝐼 = 𝐼1 + 𝐼2 𝑒 𝐼𝑖 =
𝑅𝑖
𝑉𝑅1 𝑉𝑅2
𝐷𝑎í: 𝐼 = + 𝑚𝑎𝑠 𝑉𝑅1 = 𝑉𝑅2 = 𝐸
𝑅1 𝑅2
𝐸 𝐸 1 1 𝑅1 + 𝑅2 𝑅1. 𝑅2
𝐴𝑠𝑠𝑖𝑚: 𝐼 = + = 𝐸. ( + ) = 𝐸. ( ) ⟹ 𝐸 = 𝐼. ( )
𝑅1 𝑅2 𝑅1 𝑅2 𝑅1. 𝑅2 𝑅1 + 𝑅2
𝑅1. 𝑅2
𝑀𝑎𝑠: 𝐸 = 𝑉𝑅2 = 𝑅2. 𝐼2 𝑙𝑜𝑔𝑜 𝑅2. 𝐼2 = 𝐼. ( )
𝑅1 + 𝑅2
Simplificando, resulta em:
𝑹𝟏
𝑰𝟐 = 𝑰. ( )
𝑹𝟏 + 𝑹𝟐
Para três ou mais ramos criam-se mais termos no numerador, o que gera uma fórmula
mais complexa. Note que para calcular I2, utiliza-se o resistor R1 no numerador, que é
o resistor do outro ramo, dividido pela soma das resistências.
22
,
Trabalha-se com duas leis: a lei das malhas e a lei dos nós. As equações obtidas podem
ser dadas em função das correntes dos ramos ou das correntes das malhas. Aqui serão
apresentadas as duas formas de análise. No próximo bloco será apresentada a forma
matricial de se trabalhar com as duas leis de Kirchhoff.
Para enunciar a lei das malhas primeiro deve ser explicado o que é uma malha. Trata-
se de um circuito fechado com os componentes aqui analisados. Um circuito série,
como o do divisor de tensão apresentado anteriormente, é uma malha fechada.
A lei das Malhas diz: “a somatória das tensões dos componentes de uma malha é
igual a zero”.
Isso implica que existem componentes com tensões positivas e outros com tensões
negativas. Como determinamos o sinal da tensão de cada componente, quem terá o
sinal positivo e negativo? Existem certas regras e convenções para estabelecer esse
fato. Vejamos a lei sendo aplicada no circuito dado a seguir.
23
,
Exemplo 3.1: Dado o circuito da figura a seguir, determine a tensão VA, sabendo que
R1=R2=100Ω.
I A
+ R1 R2
E1 = 4V VA E2 = 2 V
V
+
Solução: Trata-se de um único circuito fechado com duas fontes de tensão e dois
resistores, ou seja, uma única malha.
VR1 VR2
+ _ _
A +
I
+ R1 R2
_
E1 = 4V
V VA E2 = 2 V
_
Iα +
24
,
Note o sentido negativo das tensões das fontes e o positivo das tensões dos
resistores na equação. A corrente Iα entrou no negativo das fontes e no
positivo dos resistores, daí o sinal selecionado.
Com o valor de I, podemos calcular VR1 e com VR1 e E1, o valor de VA:
VA: 𝑉𝐴 = 𝐸1 − 𝑉𝑅1 = 4 − 3 ⇒ 𝑉𝐴 = 1𝑉
25
,
Um nó é o encontro de três ou mais ramos. Sabendo disso, a Lei dos Nós é enunciada
como: “A somatória das correntes em um nó é igual a zero”.
Podemos enunciar de uma outra forma a Lei dos Nós: “A somatória das correntes que
entram no Nó é igual a somatória das correntes que saem do Nó”.
O exemplo 4.1 demonstra o funcionamento da Lei dos Nós e da Lei das Malhas.
Inicialmente, faremos a análise com as correntes dos ramos e depois a análise com as
correntes de circuitação.
Exemplo 4.1: Dado o circuito da figura a seguir, utilizando a lei das malhas, determine
as tensões e correntes dos ramos, sabendo que R1=R2=10 Ω e R3=R4=20 Ω.
Nó A
I1 I3
I2
+ R1 + R2
E1 = 4V E2 = 2 V
R3
V
R4 E3=1V
+
I) Solução utilizando as correntes dos ramos: Nesta figura observamos três ramos,
portanto temos três correntes de ramo: I1, I2 e I3. As três correntes podem ser
associadas através do Nó A. Utilizaremos um procedimento geral para resolver este
exercício, que é dado a seguir.
1) Definir o sentido das correntes dos ramos: isso é feito de forma arbitrária e
está representado na figura acima;
2) Aplicar a lei dos nós definindo a primeira equação do circuito. Por convenção
(escolha arbitrária), quando a corrente entra no nó ela terá sinal positivo na
26
,
É importante observar que temos três incógnitas, logo, devemos ter três
equações: uma da lei dos nós e duas das equações das malhas;
3) Aplicação das leis das malhas. Neste exemplo, temos duas malhas com duas
correntes de circuitação: a malha Iα e a malha Iβ.
• Definir o sinal das tensões dos bipolos a partir das correntes dos ramos:
VR1 VR2
Nó A
_ _
+ I1 I3 +
I2 R2
+ R1 + +
E1 = 4V E2 =2V VR3
_ _ Iβ R3
V _ Iα
VR4 _
R4
_
+ +
E3=1V
27
,
Malha de Iβ:
10𝐼1 − 20𝐼2 = 2
𝐼1 + 𝐼2 − 𝐼3 = 0 (1)
{10𝐼1 − 20𝐼2 = 2 (2)
30𝐼3 + 20𝐼2 = 3 (3)
𝐼1 = −𝐼2 + 𝐼3 = 0
Em (2):
28
,
110𝐼2 + 0𝐼3 = −3
Daí:
3
𝐼2 = − ⇒ 𝐼2 = −0,027𝐴
110
𝐼3 = 0,118𝐴
Finalmente:
II) Solução utilizando as correntes das malhas: neste caso, trabalha-se com as
correntes Iα e Iβ para compor as equações das malhas, o que reduz o número de
incógnitas das equações para duas.
29
,
𝐼1 = 𝐼𝛼; 𝐼2 = 𝐼𝛽 − 𝐼𝛼 𝑒 𝐼3 = 𝐼𝛽
Observação importante: quando for aplicada a lei das malhas, considera-se que os
resistores do ramo 1 tem a sua tensão associada à corrente Iα; no ramo 2 à
corrente Iβ-Iα e no ramo 3 à corrente Iβ.
VR1 VR2
Nó A
_ _
+ Iα Iβ +
Iβ-Iα R2
+ R1 + +
E1 = 4V E2 =2V VR3
_ _ Iβ R3
V _ Iα
VR4 _
R4
_
+ +
E3=1V
Procedimento:
30
,
Malha de Iα:
Malha de Iβ:
30𝐼𝛼 − 2
30𝐼𝛼 − 20𝐼𝛽 = 2 ⇒ −20𝐼𝛽 = 2 − 30𝐼𝛼 ⇒ 𝐼𝛽 = (3)
20
Substituindo em (2):
30𝐼𝛼 − 2 8
−20𝐼𝛼 + 50 ( ) = 3 ⇒ −20𝐼𝛼 + 75𝐼𝛼 − 5 = 3 ⇒ 55𝐼𝛼 = 8 ⇒ 𝐼𝛼 =
20 55
𝐼𝛼 = 0,145𝐴
31
,
𝐼𝛽 = 0,118
⇒ 𝑉𝑅4 = −0,54𝑉
𝐼1 = 𝐼𝛼 = 0,145𝐴
𝐼3 = 𝐼𝛽 = 0,145𝐴
Você encontrará mais exercícios sobre as leis de Kirchhoff no material de apoio, nos
quais são explorados circuitos com fontes de tensão e corrente e outros circuitos
elétricos.
Conclusão
32
,
apoio da trilha. Lembramos, que a trilha e este material são uma parte da disciplina. É
importante que o aluno faça todos os exercícios recomendados e que, ao perceber
dificuldades na solução, busque ajuda do tutor, do professor ou mesmo dos livros
recomendados em cada bloco deste elemento textual.
REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES
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