Khoury, H. T. T. (2017) - Análise Qualitativa de Dados

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 29

ANÁLISE QUALITATIVA

DE DADOS
Profa. Hilma Khoury
Psicóloga e Doutora em Psicologia
UFPA/IFCH/Faculdade de Psicologia
E-mail: [email protected]
Fones: (91) 98112-4808/ 98800-5762/ 3201-8057/ 3201-7695
DIFERENTES ABORDAGENS

VARIEDADE DE TÉCNICAS
 Mayring (2002) – 7 maneiras:

1) Grounded Theory
2) Análise Fenomenológica
3) Paráfrase Social-Hermenêutica
4) Análise de Conteúdo Qualitativa
5) Hermenêutica Objetiva
6) Interpretação Psicanalítica de Textos
7) Análise Tipológica
 Recursos Computacionais
PONTOS COMUNS (Gibbs, 2009)
Obtenção de Dados Empíricos – a partir de
documentos ou entrevistas; em geral são
transformados em texto.
Natureza do Dado Qualitativo – é
essencialmente significativo; não inclui
contagens ou medidas
Elaboração de Categorias de Análise – forma
prática para lidar com o grande volume de
dados.
Interpretação dos Dados – descrição da situação
em questão e explicação (dedutiva ou indutiva).
ANÁLISE DE CONTEÚDO
(Laurence Bardin)

 Análise de Respostas a Questões Abertas

 Análise de Entrevistas
Método
Pré-Análise
Exploração do Material
1) Organização da Análise
Tratamento dos
Resultados
Inferência e
2)Codificação Interpretação
3) Categorização
4) Inferência
5) Tratamento Informático
PRÉ-ANÁLISE
1) Leitura Flutuante
Contato livre com os documentos a analisar
Impressões e Hipóteses emergentes.
2) Formulação de Hipóteses
Afirmação provisória a ser verificada ou
confirmada pelos procedimentos de análise.
3) Referenciar índices e Elaborar indicadores ou
categorias
Menção explícita de um tema em uma mensagem
(importância/repetição).
Construção de indicadores precisos para a análise.
EXPLORAÇÃO DO MATERIAL

 Administrar as decisões tomadas na fase


anterior

 Operações de codificação em função de


regras previamente formuladas
TRATAMENTO DOS RESULTADOS E
INTERPRETAÇÃO

 Análises quantitativas: quadros de resultados,


percentagens, etc.

 Inferências ou interpretações: com base nos


objetivos propostos ou outras descobertas
inesperadas.
EXEMPLO: Análise de Respostas a questões
abertas
OBJETIVO
Examinar as respostas a um questionário que
explora as relações psicológicas que o
indivíduo mantém com o automóvel.
PERGUNTAS

1) A que é, geralmente, comparado um


automóvel?

2) Se o seu automóvel falasse, o que lhe diria?


ANÁLISE

 Leitura Flutuante;
 Analisar respostas de homens e de mulheres;
 Construir uma tabela para cruzar informações
 Elaborar hipóteses explicativas.
Primeira Pergunta: Com que um automóvel é
normalmente comparado?

Respostas de Homens:
-Com uma mulher: diz-se, por exemplo, “ma titine”
- É comparado muitas vezes com uma fera: um tigre, um
puro sangue.
-Para mim, um carro é como uma mulher; uma mulher
familiar e possuída.
-É comparado a um abrigo, uma casa que protege e isola do
mundo exterior.
Primeira Pergunta: Com que um automóvel é
normalmente comparado?

Respostas de Mulheres:
-Um carro é um meio de transporte como outro qualquer, é
útil.
- É como um amigo fiel, alguém com quem nos sentimos
cúmplices.
Segunda Pergunta: Se o seu automóvel falasse, o
que lhe diria?

Respostas de Homens:
-Brutalizas-me!
- Que tal se fossemos dar uma volta os dois, no campo?
-O meu dois cavalos me diria: “olá pá; sobe, onde vamos?
-Pobre carro! Me diria que o fechei em uma prisão e que só
o tiro de lá aos domingos. E eu teria vergonha.
Segunda Pergunta: Se o seu carro falasse, o que lhe
diria?

Respostas de Mulheres:
-O meu carro me diria: “estafas-me, tratas-me mal, não
cuidas de mim, não me alimentas suficientemente,
exploras-me, um dia destes meto baixa por doença.
- Sou bonito, mais bonito do que tu.
-Não me dês tanto mimo.
-Ele me diria: “Dá-me de beber, lava-me, faz-me brilhar”.
-Tenho vontade de dar uma volta grande contigo.
HIPÓTESES:
As relações que o indivíduo mantém com o seu carro não
são estritamente funcionais; estão carregadas de
afetividade.
São relações que remetem para representações sociais
ou para estereótipos relativos ao automóvel e variam
conforme o sexo.
CODIFICAÇÃO:
É possível classificá-las segundo o critério do objeto de
referência citado: mulher, animal, outro meio de
locomoção.
É possível classificar também pelo tipo de relação
estabelecida com o carro: de dominação, de cumplicidade.
ANÁLISE: Construir a Tabela

DO GERAL PARA O PARTICULAR (Dedutivo)


Determinam-se os elementos de classificação e tenta-se
arrumar o todo.

DO PARTICULAR PARA O GERAL (Indutivo)


Parte-se dos elementos particulares que são agrupados por
aproximação de elementos contíguos para no final atribuir
um título à categoria.
TIPO DE RELAÇÃO
OBJETO DE

Agressivid
Dominaçã

Percentag
Cumplicid
Purament

Funcional

absolutas
Cuidados
Dependê

Rivalidad

Ausência
Amorosa

explícita
Relação

Relação
COMPARAÇÃ

relação
ncia
O

ade

ade

ens
De

De

De

De

De

De

de
o
e

e
Seres Homem
Humanos Mulher
Criança
Amigo
Animais “Dinâmicos”
ex: tigres,
puros-sangue
“Astênicos”
ex: veado,
carneiro
Outros meios Transportes
de locomoção Coletivos
Veículos
Individuais
Automóveis
Objetos
Diversos
Ausência de
Objeto de
Comparação
Percentagens
absolutas e
relativas
EXEMPLO: Análise de Entrevistas
OBJETIVO
Observar na nossa sociedade, a influência do modo de
produção (marcado pela divisão do trabalho), dos
objetos cotidianos, sobre a relação individual com
esses objetos.
HIPÓTESE
Existe uma correspondência entre o tipo de produção
dos objetos e a atitude psicológica para com eles. Mais
precisamente, uma produção/consumo marcada pela
separação entre quem concebe, quem fabrica e quem
utiliza acarretaria uma impressão de estranheza,
orígem de conflito, o qual pode ser compensado, ao
nível individual ,de diversas maneiras.
MATERIAL DE ANÁLISE
30 Entrevistas do tipo não-diretiva, precedidas pela
seguinte instrução:

“Gostaria que escolhesse, dentre os objetos que utiliza


todos os dias nesta casa (neste apartamento), aqueles
que prefere e aqueles de menos gosta... Pode me falar
desses objetos?
UNIDADE DE REGISTRO
Qualquer objeto citado pelo entrevistado e que se
encontrasse na habitação no momento da entrevista.
FORMA DE REGISTRO
Tudo o que foi dito sobre cada objeto no decorrer da
entrevista foi transcrito para uma Ficha, sendo uma
ficha para cada objeto.
EXEMPLO DE UMA FICHA DE ANÁLISE
Do que eu gosto muito (+)
É de uma mesa, porque é bonita (é +)
e autêntica... Era uma mesa de cantina
Que eu comprei (eu)
Em segunda mão num ferro velho (sm)
E que eu próprio arranjei... (p+)
Não é nem muito grande , nem muito pequena,
tem um banco ao meio, ... (f+)
Quando tenho um móvel deste gênero,
Desmonto-o completamente...
Esta mesa limpei-a, envernizei-a...
Não sei fabricar um móvel, mas tenho
A impressão de o recriar e (c+)
Tomo posse dele (d+)

Legenda: + objeto escolhido; é+ estética positiva; eu envolvimento; sm


segunda mão; c+ criatividade positiva; d+ domínio positivo; p+
personalidade positiva; f+ funcional positivo.
ANÁLISE
 É temática (necessidade de criar códigos e
classificações, conforme o tema);
 A análise é por freqüência;
 A análise é transversal.

Foram utilizadas 3 tabelas que resultaram em


4 dimensões:

Dimensão I – A origem do objeto.


Dimensão II – O envolvimento da pessoa com o objeto.
Dimensão III – A descrição do objeto.
Dimensão IV – O sentimento face ao objeto.
Dimensão I – A origem do objeto.
12 categorias temáticas excludentes cobrem as
diferentes possibilidades de aquisição do objeto:
1. Objetos comprados novos pelo entrevistado
2. Objetos comprados em segunda mão pelo entrevistado
3. Objetos fabricados por encomenda a um artesão
4. Objetos herdados
5. Objetos recebidos de presente
6. Objetos fabricados pela própria pessoa ou por
conhecidos
7. Objetos alugados juntamente com a habitação
.......................
Dimensão II – O envolvimento com o objeto.
O grau de envolvimento contribui para a definição do
grau de estranheza.
Observar o pronome e a citação pessoal do doador.

P.ex. Pronome pessoal ou indefinido


“Encontrei-o numa lojinha” é mais significativo do
que “Isto veio do supermercado”.
P. ex. doador é pessoa conhecida, importante ou
não é citado.
“Isto vem da minha mãe” é mais forte do que “Eu
ganhei isto”
Dimensão III – A descrição do objeto.
Estética
Funcionalidade
Valor de Mercado

P.ex.
Bonito/Feio
Útil/Inútil
Barato/Caro
Dimensão IV – O sentimento face ao objeto.
Atitude face ao objeto: escolha ou recusa.
Mas os sentimentos expressos em relação ao objeto,
significativos do conflito subjacente são de 3 tipos
relacionais principais:
Domínio/Não domínio – relação de dominação e
submissão no manuseio do objeto; facilidade/dificuldade
no manuseio ou utilização do objeto.
Criatividade/Não criatividade – evocação de recordações
por meio do objeto.
Personalização/Não personalização – maneira como o
indivíduo se reconhece no objeto, se identifica com ele, ou
o sente como estranho.
TRATAMENTO DOS DADOS
Codificação e Freqüências – Dados Brutos
Dimensões – Variáveis empíricas
Grau de estranheza e conflito vivido – Variáveis
construídas.
O objetivo da análise é estabelecer uma correspondência
entre o nível empírico e o teórico (construído)
RECURSOS COMPUTACIONAIS
Links (Günther, 2006):

ATLAS.ti – www.atlasti.de

HyperRESEARCH – www.researchware.com/

MAXqda – www.maxqda.com/maxqda-eng/start.htm
(inglês) ou www.maxqda.com/maxqda-spa/ (espanhol).

N6 e NVivo – www.qsrinternational.com/index.htm.

Qualrus – www.qualrus.com/Qualrus.shtml

Alceste – http://www.image.cict.fr/
REFERÊNCIAS E BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
Bardin, L. (1977/1991). Análise de conteúdo. Lisboa:
Edições 70.
Gibbs, G. (2009). Análise de dados qualitativos. Porto
Alegre/RS: Artmed.
Günther, H. (2006). Pesquisa qualitativa versus pesquisa
quantitativa: esta é a questão? Psicologia: Teoria e
Pesquisa, 22 (2), 201-210.
Mayring, Ph (2002). Técnicas de análise qualitativa.
Recuperado de
http://www.cin.ufpe.br/~pcart/metodologia/pos/Mayring0
43.pdf

Você também pode gostar