Apostila Atualizada de Financas Pessoais

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FINANÇAS PESSOAIS

Gilberto Hissa1
Set/07

1
Professor do Departamento de Economia da UFRR
Mestre em Economia pela FGV/RJ
MBA em Finanças pelo IBMEC/RJ
Membro Orientador do INI – Instituto Nacional dos Investidores
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O bem-estar das pessoas está diretamente ligado a sua saúde financeira.
Pessoas com saúde financeira em bom estado são, comprovadamente, mais
tranquilas e produtivas. O contrário forma um cenário propício para a
ocorrência de depressão, ansiedade, baixa auto-estima e problemas de saúde.
Estes fatores, isolados ou reunidos, jogam a produtividade das pessoas para
baixo.
Este quadro, baixa produtividade e estado físico e psicológico
debilitados, é terrível para tentativas isoladas de saneamento de crises
financeiras. Normalmente, as pessoas que vivem estas situações necessitam
de ajuda externa para começar a trilhar o difícil caminho que leva ao
equilíbrio financeiro, processo este que requer o total comprometimento e
atuações tanto na área das entradas como na área das saídas de dinheiro.
Todavia, não apenas as pessoas com dificuldade financeira necessitam
de ajuda externa, pessoas com boa saúde financeira podem precisar desta
ajuda para prevenir futuras crises financeiras ou mesmo para descobrir os
melhores caminhos para o seu capital.
A estes grupos devemos adicionar as pessoas que querem aprender as
técnicas de finanças pessoais para terem uma nova fonte de renda, trabalhando
com consultoria financeira, que é uma atividade extremamente solicitada e
que conta, no momento, com uma oferta muito pequena de profissionais
especialistas na área, ou seja, boa para ganhar dinheiro.
O objetivo básico deste curso e apresentar as técnicas de finanças
pessoais à estes grupos de forma simples e objetiva. Para tanto, foi elaborado
um material didático contendo os quatro passos das finanças pessoais, que está
assim estruturado: o primeiro passo trata da quantificação do cenário
financeiro atual, objetivando criar um banco de dados para municiar os passos
seguintes, o segundo passo trabalha com o orçamento doméstico ou seja
procura antecipar o comportamento futuro do fluxo caixa (entradas e saídas de
dinheiro), o terceiro passo apresenta as técnicas do gerenciamento do
orçamento doméstico e o quatro passo trabalha com as oportunidades de
investimento.
Para finalizar esta introdução gostaríamos de deixar uma mensagem de
otimismo: temos convicção que há solução para todos os cenários financeiros.
Principalmente, porque pequenas ações podem levar a resultados estupendos,
sendo que o melhor caminho para alcançá-los é encarar as finanças pessoais
não como uma atividade chata e castradora e sim como o caminho mais curto
para a realização dos nossos sonhos.

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1º PASSO: QUANTIFICANDO O CENÁRIO FINANCEIRO
ATUAL.

Este é o passo 1 das finanças pessoais, o registro do passado. Com ele,


e apenas com ele, a vida financeira de qualquer pessoa muda radicalmente
para melhor. Basicamente, este passo deve ser dividido em dois grandes
segmentos, o primeiro trata do monitoramento da entrada e saída do dinheiro
do caixa e o segundo da quantificação do patrimônio líquido.
O sucesso do monitoramento da entrada e saída do dinheiro do caixa
está ligado em primeiro lugar a disciplina, depois a um bom plano de contas e
por último a um bom software de finanças pessoais (opcional). A disciplina é
a condição necessária e suficiente para que o seu trabalho tenha consistência e
dados confiáveis, pois com ela todas a transações financeiras ficarão
registradas e nenhum dado se perderá. O bom plano de conta deve agrupar as
entradas e as saídas em centros, que poderão ser subdivididos em subcentros,
conforme modelo proposto a seguir. Um software de finanças pessoais que
pode nos ajudar nesta importante empreitada é o software “RealCash” da
Codelines, não é o único mas atende a todos os nossos objetivos, tem uma boa
ajuda e, o melhor, é grátis (baixar em baixaki.com.br>aplicativos>finanças
pessoais>codelines RealCash 2.0). Um outro poderia ser o “Money” da
Microsoft, muito bom e barato.
No tocante ao plano de conta, cabe destacar que o mesmo deve retratar
com precisão a nossa visão das finanças pessoais e como queremos controlar a
nossa vida financeira. Algumas pessoas irão preferir um plano de conta super
enxuto (contendo apenas uma linha para as entradas de dinheiro, outra para as
saídas e a última para o saldo), outras um plano de conta enxuto (contendo
apenas os centros) e outras um mais detalhado (com os centros e os
subcentros), todos sem exceção serão úteis. Se o controle for via computador
qualquer tamanho de plano de conta é admissível, pois o trabalho será o
mesmo em todos os casos, já se o controle for manual sugerimos um plano o
mais simples possível.
Aproveite o modelo abaixo para criar o seu plano de conta. Risque o
que não for útil para você e o que sobrar será o seu plano de conta.

ENTRADAS
RENDAS DE TRABALHO
• Honorário
• Pró-labore
• Salário
Total das Rendas de Trabalho
3
RENDAS DE CAPITAL
• Aluguel
• Aposentadoria/Pensão
• Dividendo/Juro
Total das Rendas de Capital

EMPRÉSTIMOS
• Cartão de Crédito
• Empréstimo Familiar
• Financeira
Total dos Empréstimos
OUTRAS
SAÍDAS Classif
APLICAÇÕES
• Clube de Investimento/Ações
• Caderneta de Poupança
• CDB
• Fundos
• Imóveis
• Previdência
• Veículos
Total das Aplicações
FINANCEIRAS
• Cartão de Crédito
• Empréstimo Familiar
• Financeira
• Juro
Total das Financeiras
PESSOAIS
• Caridade
• Carro/Moto
• Embelezamento
• Hábitos (Fumar etc.)
• Presentes
• Roupas
• Social
• Telefone Celular
• Transporte
Total das Pessoais
DO LAR
4
• Água
• Alimentação
• Aluguel
• Apoio
• Condomínio
• Gás
• Internet
• Luz
• Manutenção
• Telefone Fixo
Total do Lar
SAÚDE
• Médicos/Dentistas
• Remédio
Total da Saúde
EDUCAÇÃO
• Livros
• Material Escolar
• Mensalidade
• Transporte Escolar
Total da Educação
IMPOSTOS
• CPMF
• IPTU
• IPVA
• IR
Total dos Impostos
SEGUROS
• Cartão de Crédito
• Imóveis
• Saúde
• Veículos
Total dos Seguros
CULTURA E LAZER
• Bar/Restaurante/Boate
• Cinema/Teatro/DVD
• Férias
• Livros/Revistas
• Mensalidade Academia/Clube
Total da Cultura e Lazer
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EVENTUAIS
SALDO

Para um plano de conta que contém centros e subcentros podemos e


devemos classificar as saídas de dinheiro por categoria, com um esquema
parecido com o sugerido pelo autor Tod Barnhart em seu livro Os Cinco
Rituais da Riqueza, Editora Record: A para as despesas necessárias e
irredutíveis no curto prazo, B para as necessárias mas redutíveis no curto
prazo, C para as agradáveis e D para as supérfluas. Cabe destacar que esta
classificação será muito útil quando houver necessidade de ajuste no nosso
orçamento.
A título de curiosidade, os cinco rituais da riqueza sugeridos por
Barnhart são: pague a si mesmo em primeiro lugar – tudo bem em guardar um
pouco; procure realizar o seu sonho – se fizer o que ama o dinheiro o seguirá;
mantenha um plano – o mapa se transforma no território; aplique os recursos
que tem – o dinheiro flui para onde é melhor tratado; e produza um impacto –
você tem que dar para viver.
O controle manual é bastante simples. Basta alocar diariamente
entradas e saídas de dinheiro nos diversos centros e subcentros, mudando
continuamente os totais. No fim do mês teremos uma visão exata de onde
veio e para onde foi o nosso dinheiro.
Já o controle via computador requer uma preparação prévia do
programa antes de começarmos o controle da movimentação do dinheiro.
Iremos mostrar a seguir os procedimentos necessários para se trabalhar com o
RealCash, que são bastante semelhante em outros programas.
Primeiramente devemos alimentar o programa com todas as contas que
serão controladas com os seus saldos iniciais (cadastros>cadastro de contas de
capital ou primeiro botão), depois o plano de conta (cadastros>cadastro de
tipos de receitas e despesas ou segundo botão) e por último os usuários que
terão acesso ao sistema (segurança>contas de usuários ou terceiro botão).
Após estes lançamentos iniciais estaremos preparados para controlar dia a dia
as entradas e as saídas de dinheiro das nossas contas e simultaneamente alocar
estas transações nos diversos centros, o que é feito automaticamente pelo
RealCash.
Estamos, portanto, prontos para identificar qualquer fato estranho em
nossas contas. O sumiço de um centavo será detectado imediatamente, ou
seja, passaremos a ter o controle total do nosso dinheiro. Nada mais passará
despercebido, uma sensação de poder estará presente sempre que o assunto em
pauta for a nossa vida financeira.
Algumas de dicas para o lançamento eletrônico da movimentação de
dinheiro (operações>lançamento ou quarto botão):
1 – Selecione a conta que ocorreu a movimentação;
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2 – Selecione o tipo de receita/despesa;
3 – Lance a data;
4 – Lance o valor;
5 – Faça um histórico;
6 – Confirme;
Após a confirmação de um lançamento o programa não abre a
possibilidade de correções, o caminho para reparar um lançamento errado é
através do estorno (operações>pendências e baixas ou quinto botão). Para
tanto, basta selecionar a opção pendências e baixas, selecionar o lançamento a
ser estornado e apertar o botão estorno. Após a confirmação do estorno refaça
o lançamento.
Um lançamento que causa muitas dúvidas é o pagamento da fatura do
cartão de crédito, principalmente se a mesma não for quitada na sua totalidade.
Basicamente, temos que agir da seguinte maneira: abrir a conta de onde sairá
o dinheiro para o pagamento da fatura, selecionar a opção saque/gastar e
distribuir as despesas pelos diversos centros/subcategorias, não se importando
se a fatura vai ou não ser quitada na sua totalidade. Se a fatura for totalmente
quitada o lançamento termina aqui, caso contrário, temos que lançar a parte
não paga como uma entrada (empréstimo do cartão de crédito) na conta que
está pagando a fatura do cartão de crédito, pois alguns pagamentos lançados
foram bancados com o dinheiro do cartão de crédito e não com o nosso.
Outra lançamento que merece destaque e a transferência de dinheiro de
uma conta para uma outra conta, como não se trata nem de entrada e nem de
saída de dinheiro esta transação não é considerada uma movimentação de
caixa e, portanto, não transita pelo plano de conta. Para executá-la
eletronicamente basta utilizar o botão transferência e fazer os devidos
lançamentos.
Cabe destacar que se a atividade de controle for feita diariamente, ela
será concluída em poucos minutos. Portanto, não é uma missão impossível ou
mesmo enfadonha, na verdade em pouco tempo ela se tornará em uma
atividade prazerosa, quase um vício.

O patrimônio líquido pode ser definido como o capital que


conseguimos guardar ao longo da nossa vida, e que deve encarado como o
capital que vai bancar todas as nossas demandas e sonhos, seja as de curto
prazo, lazer, eventualidades etc, como as de longo prazo, sendo a principal a
aposentadoria. O patrimônio líquido é o nosso anjo financeiro protetor. Cabe
destacar que os resultados das ações sugeridas ao longo deste texto refletirão
diretamente sobre o patrimônio líquido. Se a gerência financeira pessoal
estiver sendo executada com sucesso, o patrimônio líquido mudará para
melhor a cada cálculo, teremos hoje melhor do que ontem e amanhã melhor do

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que hoje. A quantificação do patrimônio líquido deve ser repetido a cada seis
meses ou no máximo um ano.
O cálculo patrimônio líquido é bastante simples, basta subtrair do ativo
(bens e direitos - tudo que já é ou que pode ser transformado em dinheiro) o
passivo (obrigações financeiras), o resultado é o patrimônio líquido.
Cabe destacar que sugerimos a divisão do ativo em ativo classe A (bens
e direitos líquidos ou que rendem dinheiro) e ativo classe B (bens e direitos
que provocam despesas). Já o passivo deve ser subdividido em passivo caro
(obrigações com altas taxas de juro) e passivo barato (obrigações com baixas
taxas de juro). Esta classificação objetiva evidenciar como esta a nossa
atuação em finanças pessoais. Uma composição com muito classe A e com
pouco ou nenhum passivo caro é a campeã. Lembrar sempre que o ativo
classe A é o que proporciona renda de capital e o passivo caro é o que leva a
morte financeira.
O quadro abaixo apresenta algumas itens que integram o patrimônio
líquido de uma pessoa. Aproveite o modelo para montar a sua planilha de
patrimônio líquido.

ATIVO
ATIVO CLASSE A
Clube de Investimento / Ações
Dinheiro
Depósitos Bancários
Poupanças
Imóveis para Renda
Investimentos (fundos, CDB, participações etc.).
Saldo FGTS
TOTAL DO ATIVO CLASSE A
ATIVO CLASSE B
Imóvel para Moradia
Veículos
Bens Pessoais (jóias, mobiliários, eletrodomésticos
etc.)
TOTAL DO ATIVO CLASSE B
TOTAL DO ATIVO

PASSIVO
PASSIVO CARO
Cartões de Crédito
Cheque Especial
Crediários
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Empréstimos Bancários
Empréstimos de Agiotas
TOTAL DO PASSIVO CARO
PASSIVO BARATO
Cheques Pré-datados
Financiamento de Imóvel/Consórcio
Financiamento de Veículo/Consórcio
Empréstimos Bancários
Empréstimos Familiares
TOTAL DO PASSIVO BARATO
TOTAL DO PASSIVO
PATRIMÔNIO LÍQUIDO (ATIVO – PASSIVO)

É importante destacar que um grande patrimônio pode ser formado com


uma pequena poupança mensal, basta começar cedo e direcionar a poupança
para um ativo classe A. Por exemplo, uma poupança de R$ 150,00 (poupança
de R$ 5,00 dia) aplicados todo mês a taxa de juro de 1% ao mês, formará um
patrimônio de R$ 200.000,00 em menos de 23 anos, um de R$ 500.000,00 em
menos de 30 anos e um de R$ 1.000.000,00 em menos de 36 anos.
Se R$ 150,00 por mês for muito para você então pense numa aplicação
mensal de R$ 30 (poupança de R$ 1,00 dia), com a mesma taxa de juro
teremos em 23 anos um patrimônio de R$ 43.754,18, em 30 anos um de R$
104.848,92 e em 36 anos um de R$ 217.777,46.
Se o seu patrimônio ainda não atingiu um bom nível fique atento, pois a
hora de começar a sua formação é hoje e não amanhã.
Vamos começar ?

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2º PASSO: ORÇAMENTO DOMÉSTICO

Após o primeiro mês de acompanhamento das entradas e saídas do


nosso dinheiro já teremos material para iniciarmos o orçamento doméstico,
projeção do futuro mês a mês. Usaremos, para tanto, as informações da nossa
planilha manual ou as do RealCash que se encontram alocadas nos diversos
relatórios.
Na verdade necessitamos de apenas dois relatórios, um deverá informar
os saldos das diversas contas no fim do mês e o saldo geral e o outro como foi
alocado o dinheiro nos diversos centros e subcentros no mês que passou.
Se o controle for manual deveremos tirar os extratos das nossas contas
com os saldos do último dia mês e utilizar a planilha que preenchemos
manualmente durante o mês. Já se o controle for eletrônico, via RealCash,
poderemos obter os saldos através do seguinte procedimento:
operações>pesquisa de saldos de contas de capital ou no antepenúltimo botão,
na página saldos de contas de capital basta lançar a data e apertar ok, o outro
relatório de poderá ser obtido em operações>balanços de receitas/despesas ou
no quarto botão contando de trás para frente, na página balanços de
receitas/despesas basta lançar a data inicial e a data final e apertar ok.
Estes dois relatórios fornecerão subsídios para a montagem do
orçamento doméstico, que pode ser definido como a projeção da nossa vida
financeira para no mínimo o próximo mês. A prática e/ou a necessidade nos
levará a ampliação deste horizonte para os próximos três meses ou mais.
Vamos trabalhar com um horizonte de tempo de três meses.
Para esta atividade passaremos a utilizar a planilha abaixo (controle
manual) ou o Excel da Microsoft, para controle eletrônico.
A planilha sugerida é muito simples e reproduz o plano de conta da
etapa anterior. Vamos trabalhar neste primeiro momento com apenas os
centros, mas nada impede, se este for o seu desejo, uma ampliação
incorporando as subcategorias.

MESES
Previsto Real Previsto Previsto
A - SALDO INICIAL
B – ENTRADAS
RENDAS DE TRABALHO
RENDAS DE CAPITAL
EMPRÉSTIMOS
OUTRAS
TOTAL DAS ENTRADAS
C – SAÍDAS
APLICAÇÕES
10
FINANCEIRAS
PESSOAIS
DO LAR
SAÚDE
EDUCAÇÃO
IMPOSTOS
SEGUROS
CULTURA E LAZER
EVENTUAIS
TOTAL DAS SAÍDAS
D – SALDO FINAL (A+B-C)

Em termos operacionais temos que preencher as casas abertas das


colunas Prev de cada mês com os dados previstos para o mês e a coluna Real
com os dados reais, que só estarão disponíveis no fim do mês.
A primeira linha da planilha (Saldo Inicial) da coluna Prev do primeiro
mês deverá ser preenchida com o saldo, positivo ou negativo, apresentado
pelas nossas Contas. Esta será a contribuição do mês anterior para o atual.
Esta primeira casa apesar de se localizar na coluna Prev estará sendo
preenchida com um dado real.
As outras linhas desta primeira coluna deverão ser preenchidas com as
informações do relatório mensal de entrada e saída de dinheiro, e com alguma
outra informação a mais que temos para o mês que começa.
O resultado esperado para o final do primeiro mês se encontra na última
linha (Saldo Final) e este resultado deverá ser transportado automaticamente
para a linha Saldo Inicial da coluna Prev do segundo mês. As outras linhas do
segundo mês deverão ser preenchidas manualmente com as informações
disponíveis. E assim sucessivamente.
O saldo final da coluna Real deverá ser exatamente igual a soma do
saldo das nossas contas. Nem mais nem menos.
Cabe destacar que os valores previstos poderão se confirmar ou não.
Só saberemos se as nossas previsões se confirmaram quando o mês terminar e
efetuarmos os lançarmos dos valores reais na coluna Real. A cor de um
lançamento real muito diferente do previsto (em torno de 10% para cima ou
para baixo) deverá ser vermelha. Casas com a cor vermelha deverão merecer
um monitoramento mais cuidadoso, visando uma melhora na previsão.
Todavia, não devemos nos preocupar com os erros iniciais de previsões. Eles
são normais. Com a prática rapidamente as nossas previsões se aproximarão
da realidade, com certeza a prática será o nosso melhor professor.
O resultado da última linha da coluna Prev é o que deverá ocorrer no
fim de cada mês se nada for feito. Mas a gerência financeira pessoal requer

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ações para qualquer situação encontrada. Estas ações estão detalhadas no
próximo passo.

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3º PASSO: GERENCIANDO O ORÇAMENTO DOMÉSTICO2

O gerenciamento do orçamento doméstico é composto de três ações


simultâneas, quais sejam: aumento das entradas de dinheiro, a redução
das saídas de dinheiro e o saneamento de dívidas.
O aumento das entradas foi escolhido para ser trabalhado em primeiro
lugar porque o sucesso desta ação minimiza o transtorno que as outras
alternativas irão acarretar. Como aumentar as entradas ? Basicamente,
devemos trabalhar tanto na área das rendas de trabalho como na área das
rendas de capital, um esforço conjunto.
No tocante à renda de trabalho há várias oportunidades de se ganhar
dinheiro extra, todas ligadas à venda de uma habilidade ainda não explorada,
em um horário livre, sendo que a principal e a mais fácil é a transformação de
um hobby numa fonte de renda. Produza e/ou venda algo que as pessoas
gostam e precisam (doces, salgados, lanches naturais, lingerie, bijuterias,
produtos de higiene, beleza e nutrição, artesanato, pintura etc) e/ou ensine
algo que você sabe (aulas particulares, consultoria pessoal, aulas em grupo
etc). Desenvolva estas atividades no horário nobre, 19 às 23 horas nos dias de
semana e nos sábados e os domingos. O que dá um total de horas disponíveis
bastante significativo para o ganho extra.
Obviamente, a sugestão de ganhar dinheiro extra só se refere as
atividades legais, morais e éticas, pois o custo de ganhar dinheiro de forma
ilegal, imoral ou antiético é muito maior do que toda a renda que você possa
conseguir com estas atividades.
O Profº. Victor José cita alguns bons exemplos de como fazer dinheiro
extra:
• A jovem secretária que adorava dançar e começou, após o expediente, a
lecionar dança numa escola, começou lecionando duas noites por semana,
depois de algum tempo já era sócia da escola e hoje ganha muito mais com
dança do que ganhava na antiga profissão.
• As pessoas que aproveitam oportunidades sazonais, tais como: o contador
que ganha um dinheiro extra na época do imposto de renda, o casal que
fabrica ovos de páscoa, o senhor aposentado que vira Papai Noel no fim do
ano, o jovem de 19 anos que garante a renda do ano trabalhando no verão
vendendo água de coco e outras bebidas na praia, o jovem casal que
costuma no inverno ir para Campos de Jordão para vender malhas, o
senhor de 60 anos que vende fogos de artifício na época das festas juninas
e a professora Carla que ganha um dinheiro extra dando aulas de
recuperação nas férias.

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Este passo utiliza o esquema e as dicas sugeridos pelo Profº. Victor José Hohl na sua apostila de Finanças
Pessoais.

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Se você não se enquadra em nenhuma destas opções está na hora do
desenvolvimento de novas habilidades, focadas diretamente na geração de
renda. Estude, há várias maneiras de se ganhar dinheiro, todavia o
caminho mais fácil é sempre através do estudo. Portanto, escolha um curso
que permita o aproveitamento imediato do conhecimento adquirido para
geração de renda. Por exemplo: curso de finanças pessoais, computação etc.
Quanto ao aumento da renda de capital, pode-se afirmar sem sombra de
dúvida que esta opção, fazer o dinheiro trabalhar para você, é a melhor de
todas. Todavia, ela requer um pesado esforço voltado para a poupança e um
trabalho bastante criterioso na seleção das oportunidades de investimento.
Este tema, oportunidades de investimento, dado a sua relevância, será tratado
isoladamente mais adiante no passo quatro.
Seja previdente, encare qualquer aumento de renda ou um ganho
adicional como uma oportunidade de aplicação ou como uma oportunidade de
se livrar de dívidas, nunca, pelo menos no primeiro momento, como uma
oportunidade de aumento de padrão de vida.
A redução das saídas de dinheiro é uma ação indispensável para se
alcançar a boa saúde financeira e pode ser dividida em duas etapas, a primeira
é o fechamento dos ralos, é o corte de despesas desnecessárias (C e D) e/ou a
redução de despesas necessárias mas redutíveis (B). As despesas que podem
ser trabalhadas nesta etapa são facilmente identificadas a partir da
classificação executada no passo 1. Cabe destacar que, na maioria das vezes,
apenas esta ação já é suficiente para se alcançar o equilíbrio financeiro.
Todavia, se o equilíbrio financeiro ainda não foi alcançado, a etapa dois da
redução de despesa terá que ser acionada, o corte de despesas necessárias e
irredutíveis no curto prazo (A), que para ser viabilizado faz-se necessário a
troca de mercadorias ou de serviços do dia a dia por outros mais baratos ou
grátis, esta é uma etapa difícil porque vai influenciar diretamente no padrão de
vida, infelizmente jogando-o para baixo. É um aluguel mais barato, um carro
menos dispendioso, a escola dos filhos mais barata ou a pública, a academia
de ginástica aberta em vez da particular, etc.
O trabalho de corte de despesas fica bastante facilitado se for baseado
na classificação implementada no passo 1, logicamente, deve-se atacar
primeiro sem piedade a categoria D, depois a C e assim sucessivamente.
O Profº. Victor José lista um rol de atividades que lhe ajudarão a
alcançar o sucesso nesta etapa de redução de despesas:
• Corte tudo o que for arbitrário ou supérfluo.
• Faça as compras do mercado com lista, sem fome e sem crianças. Sem
lista você compra coisas não planejadas e poderá comprar algo que ainda
tem em casa. Se comprarmos com fome, compramos mais e sem avaliação
de preço. Crianças gostam daquilo que é anunciado e não daquilo que
realmente alimenta. Um bom caminho para iniciar a educação financeira
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de seu filho é fixar um valor para ele gastar no mercado e deixar que ele
faça sua própria compra, não aceitando em hipótese alguma aumento de
valor. Este procedimento faz com que a criança comece a aprender o valor
do dinheiro e a não desperdiçar.
• Evite atos consumistas. Veja vitrines sem dinheiro, talão de cheque ou
cartão de crédito. Elimine as compras por impulso para evitar o
arrependimento por ter comprado algo que não precisava e por gastar um
dinheiro que poderia ter uma melhor aplicação.
• Economize com internet, combustível, energia elétrica, água, telefone,
lavagem de carro etc. Seja econômico com tudo.
• Evite carregar muito dinheiro. Com muito dinheiro no bolso somos mais
benevolente e muitas vezes, por termos dinheiro no bolso, poderemos ter
gastos que não teríamos caso estivéssemos sem dinheiro.
• Se a compra for inevitável COMPRE A VISTA e barganhe (peça
desconto). Toda loja tem uma margem de desconto. Fale com o gerente,
ele tem uma alçada maior de desconto que o vendedor.
• Cuidado com o cartão de crédito e com o cheque especial, são facilitadores
de gastos. Tenha no máximo um cartão (economia de anuidade) e diminua
o limite do cheque especial.
• Os juros do cartão de crédito e do cheque especial são juros de agiota, fuja
deles.
• Jamais se endivide para dar um presente. Fazer dívida para presentear
alguém é como utilizar gasolina para apagar um pequeno incêndio. O
incêndio pode ficar bem maior. Um abraço com sentimento substitui com
louvor um presente problema.
• Se não puder eliminar gastos, diminua a frequência. Uma pequena redução
num gasto constante pode significar uma bela economia no final do mês.
• Se tiver vontade de comprar algo faça a compra depois de 48 horas. Se
após 48 horas você ainda continua com vontade de comprar é porque a
mercadoria ou o serviço se faz necessário.
• Ao sair para as compras estabeleça um limite de gastos e nunca ultrapasse
este limite.
• Poupe antes de comprar. Utilize o seguinte raciocínio: Quanto custa o bem
a vista? Quanto tenho de poupar (e aplicar) por mês para comprar o bem a
vista? Apenas após a formação do montante necessário execute a compra.
Comprando a vista em geral compramos muito mais e sem sufoco. Sempre
o esforço da poupança deve vir antes do prazer da compra.
• Nunca utilize cheque pré-datado. Um dia a conta chega e com ela a
obrigação de pagar. Na maioria das vezes numa época terrível, com o
caixa lá em baixo.

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• Esqueça o status. Nunca compre nada para fazer inveja a quem quer que
seja, compre apenas os bens que lhe dão prazer.
Por último, e não menos importante, tem-se o saneamento de dívidas.
Os níveis de taxas de juros no Brasil são frequentemente bastante altos,
principalmente os do cheque especial, do cartão de crédito, das financeiras e
dos agiotas, o que inviabiliza a utilização de qualquer tipo de crédito. Por isto
as recomendações são sempre as mesmas, não compre a prazo, não utilize
qualquer tipo de financiamento, não entre no cheque especial e pague sempre
o cartão pelo seu valor total.
Infelizmente as pessoas só se dão conta da verdade desta afirmativa
quando o caos já está instalado e o juro já está comendo uma parcela
significativa da sua renda, devido, basicamente, ao seguinte cenário: a conta
corrente está permanentemente no negativo, o cartão está sendo pago pelo
mínimo, há vários cheques pré-datados circulando na praça, há débitos com
financeiras e com agiotas etc.
Normalmente, após a organização das finanças pessoais há a liberação
dinheiro para se trabalhar na redução de dívidas ou mesmo para liquidá-las.
Quando há a possibilidade de se quitar as dívidas apenas com a organização
das finanças pessoais, estamos no paraíso, basta quitar rapidamente as dívidas
e começar uma nova vida sem dívidas e com a permanente preocupação de
poupar.
Todavia, nem sempre isto é possível, então deve-se começar um
trabalho de engenharia financeira, voltado sempre para a quitação das dívidas
caras (cartão de crédito, cheque especial, financeiras e agiotas), para depois
pensar nas dívidas mais baratas. Para a quitação das dívidas caras vale tudo,
renegociação com o gerente do banco (procurando sempre reduzir o juro) e
empréstimos familiares – empréstimo com alguém da família, empréstimo
com algum amigo, empréstimo com a sogra (vale tudo !) etc. Para o último
caso (empréstimos familiares) é negócio oferecer o dobro do rendimento que o
parceiro está auferindo (o dobro do rendimento da poupança, do fundo de
investimento, etc), pois, mesmo assim, será um dinheiro barato se comparado
ao dinheiro dos créditos caros.
A tabela a seguir deve ser utilizada para monitorar um empréstimo
familiar. Ela foi montada para um empréstimo de R$ 5 000,00, com uma taxa
de 2% ao mês (mais do que o dobro da taxa da poupança), prazo máximo de
pagamento de um ano e com prestação mínima de R$ 500,00.

MÊS PREST JURO AMORT S.D


0 - - - 5 000,00
1 500,00 100,00 400,00 4 600,00
2 500,00 92,00 408,00 4 192,00
3 500,00 83,84 416,16 3 775,84
16
4 500,00 75,52 424,48 3 351,36
5 500,00 67,03 493,97 2 857,39
6 500,00 57,15 442,85 2 414,54
7 500,00 48,29 451,71 1 962,83
8 500,00 39,26 460,74 1 502,09
9 500,00 30,04 469,96 1 032,13
10 500,00 20,64 479,36 552,77
11 500,00 11,05 488,95 33,85
12 34,53 0,68 33,85 -

Onde:
PREST = Valor da prestação.
JURO = Valor do juro embutido na prestação.
AMORT = Valor da amortização do empréstimo embutido na prestação.
S.D = Saldo devedor.
Alguns comentários sobre esta tabela: o juro de um empréstimo deve ser
calculado sempre sobre o saldo devedor do mês anterior (no primeiro
pagamento o juro foi calculado sobre R$ 5 000,00, no segundo sobre R$ 4
600,00 e assim sucessivamente), a amortização é igual a prestação menos juro
(no primeiro mês R$ 500,00 menos R$ 100,00 igual a R$ 400,00, no segundo
mês R$ 500,00 menos R$ 92,00 igual a R$ 408,00 e assim sucessivamente),
apenas a amortização abate o saldo devedor e a última amortização deve zerar
o saldo devedor (a última prestação é formada pela soma do juro e da
amortização).
Um outro caminho para se quitar as dívidas é utilizar o crédito
consignado (crédito com desconto em folha). Esta modalidade de crédito, por
não oferecer risco para a instituição financeira, é, comparativamente, bastante
barato, menos de 3% ao mês. Nem tanto, não é ? O melhor caminho, se
houver a possibilidade, é trocar todas as dívidas pela dívida do crédito
consignado, ou seja, deve-se pedir um empréstimo para quitar todas as dívidas
de uma só vez e concentrar tudo em um único pagamento, o do crédito
consignado. Esta opção é muito interessante e mais barata, quem tiver
oportunidade não hesite, pois, depois de ser implementada, haverá sobra de
juro todos os meses. Todavia, é preciso lembrar que a parcela mensal virá
descontada em folha, impossibilitando qualquer outra utilização para este
dinheiro nos próximos dois ou três anos.
Com o dinheiro na mão é hora de negociar ou renegociar as dívidas.
Seja duro pois você agora possui uma poderosa arma (dinheiro vivo).
Trabalhe visando uma redução significativa das dívidas, não aceite pequenos
descontos, busque (conquiste) os grandes descontos. Os gerentes estão
prontos para negociar. Aproveite !

17
Após a reestruturação das dívidas tem que haver um firme compromisso
de não entrar em novas dívidas. O ideal é cancelar todos os cartões de crédito,
zerar o limite do cheque especial e começar a trabalhar no limite da renda, não
esquecendo de destinar algo para a poupança.
Se não foi possível sanear as dívidas utilizando os procedimentos acima,
não resta outra alternativa se não fazer uso da venda de algum ativo, para pelo
menos aliviar a pressão insuportável do pagamento mensal de juro. (Máxima
de borracheiro: “quem compra o que não precisa vende o que precisa”).
O Profº. Victor José alerta para a possibilidade de haver algo de valor
dentro de casa, que poderá ser vendido para gerar dinheiro extra que poderá
ser utilizado para quitar ou reduzir algumas dívidas. Pense naquelas coisas de
pouca ou nenhuma utilidade, velhos aparelhos eletrônicos, roupas, móveis etc,
que se forem vendidos além de gerar um dinheiro extra deixarão sua casa mais
limpa e asseada.
Concluindo, podemos afirmar que a incorporação destas ações no
orçamento doméstico, mudará totalmente o cenário financeiro atual.
Rapidamente começará a sobrar dinheiro para ser aplicado. Assunto do
próximo passo.

18
4º PASSO: OPORTUNIDADES DE INVESTIMENTO

Após algum período de uso com seriedade das técnicas de gerência


financeira pessoal, a oportunidade de poupança surge e haverá, então, o início
do auto-pagamento. Logicamente, esta poupança tem que ser direcionada para
alguma aplicação.
Este passo objetiva analisar as oportunidades de aplicação da poupança,
sendo que as principais podem ser subdividas em financeiras (ações, caderneta
de poupança, CDB, fundos e previdência) e não financeiras (carro, imóvel e
moto). Algumas são nossas velhas conhecidas (caderneta de poupança, carro,
moto, imóvel e previdência pública), já as outras nem tanto (ações, CDB,
fundos e previdência privada). Todas, no entanto, são analisadas usando a
mesma ferramenta, a taxa de juro. Portanto, toda aplicação financeira tem
uma mesma unidade de comparação, a taxa de juro. Todas, invariavelmente,
podem ter a sua taxa de juro calculada.
O dinheiro deverá ser direcionado para a aplicação que oferece a maior
taxa de juro para o padrão de risco e liquidez escolhido3.
ALERTA: desconfie sempre de taxa de juro anormal (muito mais alta
da taxa que o mercado está oferecendo), pois a mesma carrega um grau de
risco muito alto e, com certeza, baixa ou nenhuma liquidez.
A primeira preocupação de um investidor deve ser com a recuperação
do dinheiro aplicado, portanto recuse negócios financeiros fora do normal,
pois os mesmos têm um potencial muito grande de calote. Caso você decida
por um negócio financeiro deste porte não esqueça das garantias, de
preferência as reais (carro, imóvel, jóias, moto etc), para não ver o seu suado
dinheiro indo e nunca mais voltando.
Basicamente, os seguintes aspectos devem ser levados em conta quando
da aplicação de sua poupança:
a – defina o seu plano, investir para que ? Todo investimento tem que estar
ligado a um objetivo de gasto futuro, poupar em si não será motivador se você
não tiver nada a perseguir. Acumulado o dinheiro necessário execute o gasto
(pagamento de uma dívida, a compra daquele objeto de desejo, uma viagem, a
compra de um imóvel, a compra de um carro ou de uma moto, a sonhada
aposentadoria etc) com o prazer e sem remorso;
b – defina o seu limite, ou seja, determine a sua disponibilidade. Missão
facilitada pelos passos anteriores. Não tente dar um passo maior do que a sua
perna;

3
Risco é composto pelo risco específico (interno aos negócios ou as empresas com as quais se deseja
negociar), risco de mercado (externo aos negócios ou as empresas com as quais se deseja negociar), risco de
liquidez (não conseguir transformar o título em dinheiro a qualquer tempo), risco de crédito (risco da
instituição financeira não honrar o resgate da aplicação) e risco operacional e legal (operação ilegal),
basicamente, risco é a possibilidade de não se obter o ganho esperado ou mesmo de perder parte ou todo o
capital aplicado.
19
c – conheça a sua propensão ao risco, pois o seu investimento deve
proporcionar satisfação e não preocupação. A compra de um produto
financeiro inadequado ao seu perfil provocará apenas estresse, nunca prazer; e
d – tenha determinação, não desanime no primeiro contratempo.
O cálculo da taxa de juro de uma aplicação em bens reais (carro,
imóvel, jóias, moto etc) envolve uma análise de custos e benefícios, mesmo
que inconsciente. Em termos concretos temos que listar todos os benefícios e
os custos quantificáveis que a compra deste bem acarreta, com estas
informações há possibilidade de se calcular a taxa de juro da compra. Deve-se
estar atento, nesta análise, para os benefícios e os custos que não são
quantificáveis financeiramente, como, por exemplo, a segurança que o imóvel
próprio proporciona, todavia eles devem ser levados em consideração. Uma
regra de bolso para se saber se uma compra foi boa ou não (proporcionou um
bom retorno) é pela medição do grau de satisfação do investidor com a
mesma, se ele não está arrependido é porque a operação foi um sucesso.
No âmbito financeiro as opções tende para o infinito, bem como as suas
respectivas taxas de juro, é só olhar os prospectos dos bancos. Lembrar que
antes de fazer qualquer aplicação temos que avaliar a solidez da instituição
financeira, o risco da operação e a taxa de administração cobrada pela
instituição financeira e que o produto financeiro adquirido deve possuir
liquidez, rentabilidade e risco compatíveis com as nossas expectativas.
A aplicação financeira mais simples e popular do Brasil é a caderneta de
poupança, sendo boa para o início da formação de um patrimônio ou para
quem tem pequenas quantias para investir periodicamente. A caderneta de
poupança apresenta as seguintes vantagens: tem liquidez diária, isenção de
IOF e de imposto de renda para pessoa física e garantia de até R$ 20 000,00
por CPF e por Instituição. Portanto, é uma aplicação bastante atraente, apesar
da sua baixa rentabilidade (TR + 0,5% ao mês).
Os outros produtos financeiros podem ser subdivididos em renda fixa e
em renda variável, com prazo fixo ou indeterminado e com rendimento pré-
fixado ou pós-fixado.
Os de renda fixa são mais indicados para os investidores que não
desejam assumir riscos, já os de renda variável para os investidores amantes
do risco e uma mistura dos dois para os investidores propensos a um risco
médio. Estas opções estão disponíveis nos diversos fundos ofertados pelos
bancos e, também, em alguns papéis privados como CDB (certificado de
depósito bancário), RDB (recibo de depósito bancário) e debêntures e ações
(emitidos por sociedades anônimas) e no tesouro direto (aquisição de títulos
públicos por parte das pessoas físicas pela Internet ou pelo agente de custódia
– LTN, LFT, NTN-B, NTC-C e NTN-F).
O melhor caminho para uma correta seleção é através da gerência do
seu banco, que antes de indicar um produto tentará medir o seu potencial
20
financeiro e a sua propensão ao risco4. Somente após a identificação do seu
perfil será possível encontrar o produto adequado à sua disponibilidade e ao
seu grau de risco.
Não esquecer nunca que a melhor aplicação para o seu dinheiro é o
pagamento de dívidas, principalmente as caras.
O site financenter.terra.com.br5 lista alguns pecados que os investidores
não podem cometer ao aplicar o seu dinheiro:
a – investir sem orientação profissional;
b – ter falta de disciplina;
c – analisar a rentabilidade de uma aplicação somente no curto prazo;
d – ignorar os riscos envolvidos;
e – concentrar investimentos; e
f – acreditar que o mercado acionário é somente para especuladores.
Fique atento!
Com relação ao último item listado acima, acreditar que o mercado
acionário é somente para especuladores, o melhor caminho para quebrar este
mito é começar aplicando no mercado acionário através de um Clube de
Investimento (sociedade com no mínimo três pessoas e no máximo cento e
cinquenta). Desta maneira você poderá se familiarizar com o mercado
acionário correndo pouco risco, pois o mesmo será compartilhado com os
outros sócios.
Por último, é importante destacar a força (mágica) do juro composto na
formação de um patrimônio, e o melhor caminho para se mostrar isto é voltar
ao exemplo apresentado no passo um. Uma poupança de R$ 150,00
(poupança de R$ 5,00 dia) aplicados todo mês a uma taxa de juro de 1% ao
mês, formará um patrimônio de R$ 200.000,00 em menos de 23 anos, um de
R$ 500.000,00 em menos de 30 anos e um de R$ 1.000.000,00 em menos de
36 anos, graças a incidência de juro sobre o juro. Se a aplicação mensal for
R$ 30 (poupança de R$ 1,00 dia) com a mesma taxa de juro teremos em 23
anos um patrimônio de R$ 43.754,18, em 30 anos um de R$ 104.848,92 e em
36 anos um de R$ 217.777,46.
É só começar !

4
Conheça o seu perfil fazendo o teste no final deste passo.
5
Este site oferece uma ótima referência bibliográfica para finanças pessoais.
21
QUESTIONÁRIO DE GRAU DE AVERSÃO AO RISCO6

Questão 1 – Qual das opções abaixo lhe parece um melhor investimento?


a – Ganhar 30% de lucro em dois anos com certeza.
b – Ganhar 25% de lucro após um ano, correndo o risco de não encontrar
investimento tão bom para o ano seguinte.
c – Sou indiferente quanto às opções “a” e “b”.

Questão 2 – Qual das opções você preferiria arriscar em uma loteria?


a – Ter 30% de chance de ganhar R$ 5.000,00.
b – Ter 1% de chance de ganhar R$ 180.000,00.
c – Ter 95% de chance de ganhar R$ 1.000,00.

Questão 3 – Seu assessor financeiro lhe disse que há uma boa chance de
determinada ação valorizar-se 40% nos próximos três meses. Caso não tivesse
poupança disponível para essa aplicação, você tomaria dinheiro emprestado
para comprá-la?
a – Nunca.
b – Talvez.
c – Sim.

Questão 4 – O que você pensa sobre bingos e cassinos?


a – São uma perda de dinheiro e tempo.
b – Pode-se ganhar dinheiro neles. Já vi pessoas sair de um bingo (ou cassino)
com uma boa bolada.
c – Servem como passatempo, contando que se saiba exatamente quanto será
gasto em uma noite.

Questão 5 – Imagine que você comprou ações de uma empresa pensando em


sua aposentadoria. Após três pregões, o preço da ação caiu 15%. O que você
faria?
a – Manteria a posição.
b – Mudaria de papel, ou seja, venderia esta ação para comprar a ação de outra
empresa.
c – Compraria mais do mesmo papel, pois, afinal, agora ele esta mais barato.

RESULTADO DO QUESTIONÁRIO

Some os pontos obtidos em cada resposta, de acordo com a tabela


seguinte, e descubra o seu perfil.

6
Retirado do livro Seu Dinheiro em boas mãos de Tomás Anker e Carlos Tadao Kawamoto, Futura.
22
Pontos Por Alternativas
Questões A B C
1 1 5 3
2 3 5 1
3 1 3 5
4 1 5 3
5 3 1 5

- Se acumulou até 11 pontos, você é um investidor conservador. Prefira


sempre as aplicações de renda fixa, como CDBs, e títulos como a LTN.
Caso aplique em ações ou dólar, coloque no máximo 5% de suas
economias nessas aplicações. Você não é uma pessoa que gosta de muitas
aventuras com o seu dinheiro.
- Se acumulou entre 12 e 20 pontos, você é um investidor moderado. Gosta
de riscos, contanto que eles sejam meticulosamente calculados. Aplicações
pós-fixadas deveriam representar não mais do que 20% do total de suas
aplicações.
- Se acumulou mais de 21 pontos, você é um investidor agressivo e amante
do risco. Aplicações pós-fixadas não devem ser descartadas, pois elas
permitem que você ganhe acima da média do mercado. Ações, por
exemplo, podem representar facilmente 30% do total de suas aplicações.

23
SUCESSO !!!!!!!

24
GLOSSÁRIO
Fonte: Bolsa de Valores de São Paulo - Bovespa

Agente financeiro
Instituição financeira que representa entidade pública em operações
financeiras, com ou sem assunção de co-responsabilidade em que participe,
como garantidor, financiador e/ou endossante. Pode ser mandatário da
entidade pública para proceder à cobrança e recebimento das amortizações
dos empréstimos ou financiamentos, devendo para tanto prestar contas na
medida dos vencimentos constantes dos respectivos contratos. Pode ainda
prestar garantias satisfatórias das operações em que figurar como mandatário,
sempre que julgado necessário

Assistência Financeira de Liquidez


Intervenção do setor público em instituição financeira, visando estimular ou
reestrututar suas operações

Caderneta de Poupança
Depósito remunerado, de livre movimentação e exigível a vista, captado pela
CEF - Caixa Econômica Federal, bancos múltiplos com carteira imobiliária,
sociedades de crédito imobiliário e APEs - Associações de Poupança e
Empréstimos. Não é movimentável por cheque. Isento de Imposto de Renda -
IR e do Imposto sobre Operações Financeiras - IOF.

CDB - Certificado de Depósito Bancário


Título de renda fixa emitido por bancos comerciais e de investimento que
rende juro, que representa promessa de pagamento nominativa endossável à
ordem, de importância depositada em banco, acrescida do valor da
remuneração ou lucratividade convencionada até o vencimento.

CDI - Certificado de Depósito Interfinanceiro


Título emitido por instituições financeiras com objetivo de captar recursos de
outras instituições financeiras;

Debênture
1) Valor mobiliário, emitido pelas sociedades por ações que asseguram, a seu
titular, um direito de crédito contra a companhia emissora, nas condições
constantes da escritura de emissões e do certificado, quando este for emitido;
subordinada;
2) título que representa um empréstimo contraído por uma companhia, para
captar recursos, visando investimento ou o financiamento de capital de giro,
mediante lançamento público ou particular.
25
Debênture - Prêmio
O prêmio da debênture tem como base a variação da receita ou do lucro da
companhia emissora, e não pode ter como base a TR, a TBF, a TJLP, índice
de preços, a variação da taxa cambial ou qualquer outro referencial baseado
em taxa de juros. Estas normas não se aplicam às debêntures que assegurem,
como condição de remuneração, exclusivamente, a participação no lucro da
companhia emissora.

Debênture - Remuneração
Pode revestir uma das seguintes formas:
a) taxa de juros pré-fixada;
b) TR - Taxa Referencial ou TJLP - Taxa de Juros de Longo Prazo, ajustada,
para mais ou para menos, por taxa fixa, observado o prazo mínimo de um mês
para vencimento ou período de repactuação;
c) TBF - Taxa Básica Financeira, observado o prazo mínimo de dois meses
para vencimento ou período de repactuação, com emissão restrita às
sociedades de arrendamento mercantil e as companhias hipotecárias;
d) taxas flutuantes, observado que a taxa utilizada como referencial deve ser
regularmente calculada e de conhecimento público, e basear-se em operações
contratadas a taxas de mercado pré-fixadas, com prazo não inferior ao período
de reajuste estipulado contratualmente;
e) correção monetária, com base nos coeficientes fixados para correção de
títulos da dívida pública federal, na variação da taxa cambial ou em índice de
preços, ajustada, para mais ou para menos, por taxa fixa.
Na emissão de debêntures com cláusula de correção monetária com base em
índice de preços, deve ser atendido o prazo mínimo de um ano para
vencimento ou repactuação, sendo que:
a) a periodicidade de aplicação da cláusula de correção monetária não pode
ser inferior a um ano;
b) o pagamento do valor correspondente à correção monetária somente pode
ocorrer por ocasião do vencimento ou da repactuação das debêntures. O
pagamento de juros e a amortização realizados em períodos inferiores a um
ano devem ter como base de cálculo o valor nominal das debêntures, sem
considerar correção monetária de período inferior a um ano.

Debênture Conversível em Ação - DCA


Debênture que pode ser convertida em ações, a exclusivo critério do
investidor, em épocas e condições pré-determinadas.
As conversões resultam em aumento do capital social.

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Fundo de Investimento
Entidade financeira que, pela emissão de título de investimento próprio, o
Certificado de Investimento, denominado em quotas, concentra capitais de
inúmeros investidores para aplicação em carteiras diversificadas de títulos,
valores mobiliários, instrumentos financeiros, derivativos ou commodities
negociadas em bolsas de mercadorias e futuros.

Imposto sobre Operações Financeiras - IOF


Imposto de competência da União, tem como fato gerador:
a) quanto às operações de crédito, a sua efetivação pela entrega total ou
parcial do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua
colocação à disposição do interessado;
b) quanto às operações de câmbio, a sua efetivação pela entrega de moeda
nacional ou estrangeira, ou de documento que a represente, ou sua colocação à
disposição do interessado em montante equivalente à moeda estrangeira ou
nacional entregue ou posta à disposição por este;
c) quanto às operações de seguro, a sua efetivação pela emissão da apólice ou
do documento equivalente, ou recebimento do prêmio, na forma da lei
aplicável;
d) quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários, a emissão,
transmissão, pagamento ou resgate destes, na forma da lei aplicável.

Índices de Preços
Classificados como Índices Agregados Ponderados, são utilizados
basicamente para determinar variações no custo de vida, sob diferentes
condições de oferta de bens e serviços e demanda por faixas de renda da
população.

Letra do Tesouro Nacional - LTN


Título público de crédito, de natureza obrigacional, subscrito pelo Tesouro
Nacional, emitido para cobertura de déficit orçamentário, bem assim para
realização de operações de crédito por antecipação da receita, observados os
limites fixados pelo Poder Legislativo. Rendimento pré-fixado.

Letra Financeira do Tesouro - LFT


Título do Governo Federal com o objetivo de prover recursos necessários à
cobertura de déficit orçamentário ou para a realização de operações de crédito
por antecipação da receita orçamentária, observados os limites fixados pelo
Poder Legislativo. Rendimento pós-fixado, corrigido pela taxa de juros
SELIC.

27
Nota do Tesouro Nacional - NTN
Título da dívida pública federal destinada a prover o Tesouro Nacional de
recursos necessários para cobertura de seus déficits explicitados nos
orçamentos ou para realização de operações de crédito por antecipação de
receita. Dividida em séries, identificadas por letras do alfabeto. A série NTN-
C está disponível para negócios no Tesouro Direto. Suas características
principais são:
a) prazo: definido no momento da emissão;
b) indexador: IGP-M;
c) juro: pagamento semestral. Primeiro cupom paga taxa integral para seis
meses,. independente da data de emissão; e
d) principal: pago no vencimento do título.

Poupança
Parcela de renda não utilizada no consumo

Previdência
Conjunto de normas que regulam a aposentadoria, pensões, assistência média,
seguros etc

RDB - Recibo de Depósito Bancário


Promessa de pagamento, à ordem, da importância do depósito, acrescida do
valor dos juros convencionados. Os bancos comerciais, de desenvolvimento e
de investimento e os bancos múltiplos poderão emitir, livremente, recibos
representativos de depósitos a prazo, em favor dos respectivos depositantes,
observando-se que a estas instituições é vedado o recebimento de depósitos a
prazo de entidades da administração federal indireta e das fundações
supervisionadas pela União. Investimento nominativo e inegociável até o
vencimento.

Renda fixa
Tipo de aplicação na qual a lucratividade é contratada previamente ou segue
taxas de mercado. Título cujo rendimento está previamente definido.
Pode ser pré-fixado ou pós-fixado.

Renda variável
Tipo de investimento no qual a lucratividade não é contratada, e depende de
cotação nos mercados organizados.

Rentabilidade
1) Taxa de retorno de um investimento.
2) resultado porcentual ajustado sobre o investimento inicial
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3) lucratividade

Risco
Probabilidade de perda ou ganho numa decisão de investimento. Grau de
incerteza do retorno de um investimento.

Risco Brasil
1) Diferença entre a taxa interna de retorno do Brasil e a taxa de juros do
bônus do Tesouro norte-americano de mesmo prazo.
2) prêmio pelo risco país. Normalmente citado em ponto-base.

Royalty
Pagamento ao proprietário de um bem (marca, patente, produto ou obra
original) pelo direito de uso desse bem .

SELIC - Sistema Especial de Liquidação e de Custódia


Sistema computadorizado administrado pelo Banco Central. Destina-se ao
registro de títulos e depósitos interfinanceiros por meio de equipamento
eletrônico de teleprocessamento, em contas gráficas abertas em nome de seus
participantes, bem como ao processamento, utilizando o mesmo mecanismo,
de operações de movimentação, resgates, ofertas públicas e respectivas
liquidações financeiras. Destina-se à custódia de títulos escriturais de emissão
do Tesouro Nacional e do Banco Central, bem como ao registro e à liquidação
de operações com os referidos títulos.

Tesouro Direto
Sistema de negociação de títulos públicos federais em mercado de varejo,
diretamente com o investidor. A operação pode ser realizada diretamente pela
Internet.

Título
Qualquer papel ou certificado representativo de valor mobiliário (ação, letra
de câmbio etc.)

Título de Capitalização
Título nominativo, transferível, que tem por objetivo promover a capitalização
de uma série de mensalidades ou de aplicação única, com valor de resgate
acrescido dos rendimentos líquidos contratados. O produto se completa com
sorteio de prêmios em dinheiro ou em bens aos titulares, durante o prazo de
provisão da capitalização

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