Apostila Atualizada de Financas Pessoais
Apostila Atualizada de Financas Pessoais
Apostila Atualizada de Financas Pessoais
Gilberto Hissa1
Set/07
1
Professor do Departamento de Economia da UFRR
Mestre em Economia pela FGV/RJ
MBA em Finanças pelo IBMEC/RJ
Membro Orientador do INI – Instituto Nacional dos Investidores
1
O bem-estar das pessoas está diretamente ligado a sua saúde financeira.
Pessoas com saúde financeira em bom estado são, comprovadamente, mais
tranquilas e produtivas. O contrário forma um cenário propício para a
ocorrência de depressão, ansiedade, baixa auto-estima e problemas de saúde.
Estes fatores, isolados ou reunidos, jogam a produtividade das pessoas para
baixo.
Este quadro, baixa produtividade e estado físico e psicológico
debilitados, é terrível para tentativas isoladas de saneamento de crises
financeiras. Normalmente, as pessoas que vivem estas situações necessitam
de ajuda externa para começar a trilhar o difícil caminho que leva ao
equilíbrio financeiro, processo este que requer o total comprometimento e
atuações tanto na área das entradas como na área das saídas de dinheiro.
Todavia, não apenas as pessoas com dificuldade financeira necessitam
de ajuda externa, pessoas com boa saúde financeira podem precisar desta
ajuda para prevenir futuras crises financeiras ou mesmo para descobrir os
melhores caminhos para o seu capital.
A estes grupos devemos adicionar as pessoas que querem aprender as
técnicas de finanças pessoais para terem uma nova fonte de renda, trabalhando
com consultoria financeira, que é uma atividade extremamente solicitada e
que conta, no momento, com uma oferta muito pequena de profissionais
especialistas na área, ou seja, boa para ganhar dinheiro.
O objetivo básico deste curso e apresentar as técnicas de finanças
pessoais à estes grupos de forma simples e objetiva. Para tanto, foi elaborado
um material didático contendo os quatro passos das finanças pessoais, que está
assim estruturado: o primeiro passo trata da quantificação do cenário
financeiro atual, objetivando criar um banco de dados para municiar os passos
seguintes, o segundo passo trabalha com o orçamento doméstico ou seja
procura antecipar o comportamento futuro do fluxo caixa (entradas e saídas de
dinheiro), o terceiro passo apresenta as técnicas do gerenciamento do
orçamento doméstico e o quatro passo trabalha com as oportunidades de
investimento.
Para finalizar esta introdução gostaríamos de deixar uma mensagem de
otimismo: temos convicção que há solução para todos os cenários financeiros.
Principalmente, porque pequenas ações podem levar a resultados estupendos,
sendo que o melhor caminho para alcançá-los é encarar as finanças pessoais
não como uma atividade chata e castradora e sim como o caminho mais curto
para a realização dos nossos sonhos.
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1º PASSO: QUANTIFICANDO O CENÁRIO FINANCEIRO
ATUAL.
ENTRADAS
RENDAS DE TRABALHO
• Honorário
• Pró-labore
• Salário
Total das Rendas de Trabalho
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RENDAS DE CAPITAL
• Aluguel
• Aposentadoria/Pensão
• Dividendo/Juro
Total das Rendas de Capital
EMPRÉSTIMOS
• Cartão de Crédito
• Empréstimo Familiar
• Financeira
Total dos Empréstimos
OUTRAS
SAÍDAS Classif
APLICAÇÕES
• Clube de Investimento/Ações
• Caderneta de Poupança
• CDB
• Fundos
• Imóveis
• Previdência
• Veículos
Total das Aplicações
FINANCEIRAS
• Cartão de Crédito
• Empréstimo Familiar
• Financeira
• Juro
Total das Financeiras
PESSOAIS
• Caridade
• Carro/Moto
• Embelezamento
• Hábitos (Fumar etc.)
• Presentes
• Roupas
• Social
• Telefone Celular
• Transporte
Total das Pessoais
DO LAR
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• Água
• Alimentação
• Aluguel
• Apoio
• Condomínio
• Gás
• Internet
• Luz
• Manutenção
• Telefone Fixo
Total do Lar
SAÚDE
• Médicos/Dentistas
• Remédio
Total da Saúde
EDUCAÇÃO
• Livros
• Material Escolar
• Mensalidade
• Transporte Escolar
Total da Educação
IMPOSTOS
• CPMF
• IPTU
• IPVA
• IR
Total dos Impostos
SEGUROS
• Cartão de Crédito
• Imóveis
• Saúde
• Veículos
Total dos Seguros
CULTURA E LAZER
• Bar/Restaurante/Boate
• Cinema/Teatro/DVD
• Férias
• Livros/Revistas
• Mensalidade Academia/Clube
Total da Cultura e Lazer
5
EVENTUAIS
SALDO
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que hoje. A quantificação do patrimônio líquido deve ser repetido a cada seis
meses ou no máximo um ano.
O cálculo patrimônio líquido é bastante simples, basta subtrair do ativo
(bens e direitos - tudo que já é ou que pode ser transformado em dinheiro) o
passivo (obrigações financeiras), o resultado é o patrimônio líquido.
Cabe destacar que sugerimos a divisão do ativo em ativo classe A (bens
e direitos líquidos ou que rendem dinheiro) e ativo classe B (bens e direitos
que provocam despesas). Já o passivo deve ser subdividido em passivo caro
(obrigações com altas taxas de juro) e passivo barato (obrigações com baixas
taxas de juro). Esta classificação objetiva evidenciar como esta a nossa
atuação em finanças pessoais. Uma composição com muito classe A e com
pouco ou nenhum passivo caro é a campeã. Lembrar sempre que o ativo
classe A é o que proporciona renda de capital e o passivo caro é o que leva a
morte financeira.
O quadro abaixo apresenta algumas itens que integram o patrimônio
líquido de uma pessoa. Aproveite o modelo para montar a sua planilha de
patrimônio líquido.
ATIVO
ATIVO CLASSE A
Clube de Investimento / Ações
Dinheiro
Depósitos Bancários
Poupanças
Imóveis para Renda
Investimentos (fundos, CDB, participações etc.).
Saldo FGTS
TOTAL DO ATIVO CLASSE A
ATIVO CLASSE B
Imóvel para Moradia
Veículos
Bens Pessoais (jóias, mobiliários, eletrodomésticos
etc.)
TOTAL DO ATIVO CLASSE B
TOTAL DO ATIVO
PASSIVO
PASSIVO CARO
Cartões de Crédito
Cheque Especial
Crediários
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Empréstimos Bancários
Empréstimos de Agiotas
TOTAL DO PASSIVO CARO
PASSIVO BARATO
Cheques Pré-datados
Financiamento de Imóvel/Consórcio
Financiamento de Veículo/Consórcio
Empréstimos Bancários
Empréstimos Familiares
TOTAL DO PASSIVO BARATO
TOTAL DO PASSIVO
PATRIMÔNIO LÍQUIDO (ATIVO – PASSIVO)
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2º PASSO: ORÇAMENTO DOMÉSTICO
MESES
Previsto Real Previsto Previsto
A - SALDO INICIAL
B – ENTRADAS
RENDAS DE TRABALHO
RENDAS DE CAPITAL
EMPRÉSTIMOS
OUTRAS
TOTAL DAS ENTRADAS
C – SAÍDAS
APLICAÇÕES
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FINANCEIRAS
PESSOAIS
DO LAR
SAÚDE
EDUCAÇÃO
IMPOSTOS
SEGUROS
CULTURA E LAZER
EVENTUAIS
TOTAL DAS SAÍDAS
D – SALDO FINAL (A+B-C)
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ações para qualquer situação encontrada. Estas ações estão detalhadas no
próximo passo.
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3º PASSO: GERENCIANDO O ORÇAMENTO DOMÉSTICO2
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Este passo utiliza o esquema e as dicas sugeridos pelo Profº. Victor José Hohl na sua apostila de Finanças
Pessoais.
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Se você não se enquadra em nenhuma destas opções está na hora do
desenvolvimento de novas habilidades, focadas diretamente na geração de
renda. Estude, há várias maneiras de se ganhar dinheiro, todavia o
caminho mais fácil é sempre através do estudo. Portanto, escolha um curso
que permita o aproveitamento imediato do conhecimento adquirido para
geração de renda. Por exemplo: curso de finanças pessoais, computação etc.
Quanto ao aumento da renda de capital, pode-se afirmar sem sombra de
dúvida que esta opção, fazer o dinheiro trabalhar para você, é a melhor de
todas. Todavia, ela requer um pesado esforço voltado para a poupança e um
trabalho bastante criterioso na seleção das oportunidades de investimento.
Este tema, oportunidades de investimento, dado a sua relevância, será tratado
isoladamente mais adiante no passo quatro.
Seja previdente, encare qualquer aumento de renda ou um ganho
adicional como uma oportunidade de aplicação ou como uma oportunidade de
se livrar de dívidas, nunca, pelo menos no primeiro momento, como uma
oportunidade de aumento de padrão de vida.
A redução das saídas de dinheiro é uma ação indispensável para se
alcançar a boa saúde financeira e pode ser dividida em duas etapas, a primeira
é o fechamento dos ralos, é o corte de despesas desnecessárias (C e D) e/ou a
redução de despesas necessárias mas redutíveis (B). As despesas que podem
ser trabalhadas nesta etapa são facilmente identificadas a partir da
classificação executada no passo 1. Cabe destacar que, na maioria das vezes,
apenas esta ação já é suficiente para se alcançar o equilíbrio financeiro.
Todavia, se o equilíbrio financeiro ainda não foi alcançado, a etapa dois da
redução de despesa terá que ser acionada, o corte de despesas necessárias e
irredutíveis no curto prazo (A), que para ser viabilizado faz-se necessário a
troca de mercadorias ou de serviços do dia a dia por outros mais baratos ou
grátis, esta é uma etapa difícil porque vai influenciar diretamente no padrão de
vida, infelizmente jogando-o para baixo. É um aluguel mais barato, um carro
menos dispendioso, a escola dos filhos mais barata ou a pública, a academia
de ginástica aberta em vez da particular, etc.
O trabalho de corte de despesas fica bastante facilitado se for baseado
na classificação implementada no passo 1, logicamente, deve-se atacar
primeiro sem piedade a categoria D, depois a C e assim sucessivamente.
O Profº. Victor José lista um rol de atividades que lhe ajudarão a
alcançar o sucesso nesta etapa de redução de despesas:
• Corte tudo o que for arbitrário ou supérfluo.
• Faça as compras do mercado com lista, sem fome e sem crianças. Sem
lista você compra coisas não planejadas e poderá comprar algo que ainda
tem em casa. Se comprarmos com fome, compramos mais e sem avaliação
de preço. Crianças gostam daquilo que é anunciado e não daquilo que
realmente alimenta. Um bom caminho para iniciar a educação financeira
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de seu filho é fixar um valor para ele gastar no mercado e deixar que ele
faça sua própria compra, não aceitando em hipótese alguma aumento de
valor. Este procedimento faz com que a criança comece a aprender o valor
do dinheiro e a não desperdiçar.
• Evite atos consumistas. Veja vitrines sem dinheiro, talão de cheque ou
cartão de crédito. Elimine as compras por impulso para evitar o
arrependimento por ter comprado algo que não precisava e por gastar um
dinheiro que poderia ter uma melhor aplicação.
• Economize com internet, combustível, energia elétrica, água, telefone,
lavagem de carro etc. Seja econômico com tudo.
• Evite carregar muito dinheiro. Com muito dinheiro no bolso somos mais
benevolente e muitas vezes, por termos dinheiro no bolso, poderemos ter
gastos que não teríamos caso estivéssemos sem dinheiro.
• Se a compra for inevitável COMPRE A VISTA e barganhe (peça
desconto). Toda loja tem uma margem de desconto. Fale com o gerente,
ele tem uma alçada maior de desconto que o vendedor.
• Cuidado com o cartão de crédito e com o cheque especial, são facilitadores
de gastos. Tenha no máximo um cartão (economia de anuidade) e diminua
o limite do cheque especial.
• Os juros do cartão de crédito e do cheque especial são juros de agiota, fuja
deles.
• Jamais se endivide para dar um presente. Fazer dívida para presentear
alguém é como utilizar gasolina para apagar um pequeno incêndio. O
incêndio pode ficar bem maior. Um abraço com sentimento substitui com
louvor um presente problema.
• Se não puder eliminar gastos, diminua a frequência. Uma pequena redução
num gasto constante pode significar uma bela economia no final do mês.
• Se tiver vontade de comprar algo faça a compra depois de 48 horas. Se
após 48 horas você ainda continua com vontade de comprar é porque a
mercadoria ou o serviço se faz necessário.
• Ao sair para as compras estabeleça um limite de gastos e nunca ultrapasse
este limite.
• Poupe antes de comprar. Utilize o seguinte raciocínio: Quanto custa o bem
a vista? Quanto tenho de poupar (e aplicar) por mês para comprar o bem a
vista? Apenas após a formação do montante necessário execute a compra.
Comprando a vista em geral compramos muito mais e sem sufoco. Sempre
o esforço da poupança deve vir antes do prazer da compra.
• Nunca utilize cheque pré-datado. Um dia a conta chega e com ela a
obrigação de pagar. Na maioria das vezes numa época terrível, com o
caixa lá em baixo.
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• Esqueça o status. Nunca compre nada para fazer inveja a quem quer que
seja, compre apenas os bens que lhe dão prazer.
Por último, e não menos importante, tem-se o saneamento de dívidas.
Os níveis de taxas de juros no Brasil são frequentemente bastante altos,
principalmente os do cheque especial, do cartão de crédito, das financeiras e
dos agiotas, o que inviabiliza a utilização de qualquer tipo de crédito. Por isto
as recomendações são sempre as mesmas, não compre a prazo, não utilize
qualquer tipo de financiamento, não entre no cheque especial e pague sempre
o cartão pelo seu valor total.
Infelizmente as pessoas só se dão conta da verdade desta afirmativa
quando o caos já está instalado e o juro já está comendo uma parcela
significativa da sua renda, devido, basicamente, ao seguinte cenário: a conta
corrente está permanentemente no negativo, o cartão está sendo pago pelo
mínimo, há vários cheques pré-datados circulando na praça, há débitos com
financeiras e com agiotas etc.
Normalmente, após a organização das finanças pessoais há a liberação
dinheiro para se trabalhar na redução de dívidas ou mesmo para liquidá-las.
Quando há a possibilidade de se quitar as dívidas apenas com a organização
das finanças pessoais, estamos no paraíso, basta quitar rapidamente as dívidas
e começar uma nova vida sem dívidas e com a permanente preocupação de
poupar.
Todavia, nem sempre isto é possível, então deve-se começar um
trabalho de engenharia financeira, voltado sempre para a quitação das dívidas
caras (cartão de crédito, cheque especial, financeiras e agiotas), para depois
pensar nas dívidas mais baratas. Para a quitação das dívidas caras vale tudo,
renegociação com o gerente do banco (procurando sempre reduzir o juro) e
empréstimos familiares – empréstimo com alguém da família, empréstimo
com algum amigo, empréstimo com a sogra (vale tudo !) etc. Para o último
caso (empréstimos familiares) é negócio oferecer o dobro do rendimento que o
parceiro está auferindo (o dobro do rendimento da poupança, do fundo de
investimento, etc), pois, mesmo assim, será um dinheiro barato se comparado
ao dinheiro dos créditos caros.
A tabela a seguir deve ser utilizada para monitorar um empréstimo
familiar. Ela foi montada para um empréstimo de R$ 5 000,00, com uma taxa
de 2% ao mês (mais do que o dobro da taxa da poupança), prazo máximo de
pagamento de um ano e com prestação mínima de R$ 500,00.
Onde:
PREST = Valor da prestação.
JURO = Valor do juro embutido na prestação.
AMORT = Valor da amortização do empréstimo embutido na prestação.
S.D = Saldo devedor.
Alguns comentários sobre esta tabela: o juro de um empréstimo deve ser
calculado sempre sobre o saldo devedor do mês anterior (no primeiro
pagamento o juro foi calculado sobre R$ 5 000,00, no segundo sobre R$ 4
600,00 e assim sucessivamente), a amortização é igual a prestação menos juro
(no primeiro mês R$ 500,00 menos R$ 100,00 igual a R$ 400,00, no segundo
mês R$ 500,00 menos R$ 92,00 igual a R$ 408,00 e assim sucessivamente),
apenas a amortização abate o saldo devedor e a última amortização deve zerar
o saldo devedor (a última prestação é formada pela soma do juro e da
amortização).
Um outro caminho para se quitar as dívidas é utilizar o crédito
consignado (crédito com desconto em folha). Esta modalidade de crédito, por
não oferecer risco para a instituição financeira, é, comparativamente, bastante
barato, menos de 3% ao mês. Nem tanto, não é ? O melhor caminho, se
houver a possibilidade, é trocar todas as dívidas pela dívida do crédito
consignado, ou seja, deve-se pedir um empréstimo para quitar todas as dívidas
de uma só vez e concentrar tudo em um único pagamento, o do crédito
consignado. Esta opção é muito interessante e mais barata, quem tiver
oportunidade não hesite, pois, depois de ser implementada, haverá sobra de
juro todos os meses. Todavia, é preciso lembrar que a parcela mensal virá
descontada em folha, impossibilitando qualquer outra utilização para este
dinheiro nos próximos dois ou três anos.
Com o dinheiro na mão é hora de negociar ou renegociar as dívidas.
Seja duro pois você agora possui uma poderosa arma (dinheiro vivo).
Trabalhe visando uma redução significativa das dívidas, não aceite pequenos
descontos, busque (conquiste) os grandes descontos. Os gerentes estão
prontos para negociar. Aproveite !
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Após a reestruturação das dívidas tem que haver um firme compromisso
de não entrar em novas dívidas. O ideal é cancelar todos os cartões de crédito,
zerar o limite do cheque especial e começar a trabalhar no limite da renda, não
esquecendo de destinar algo para a poupança.
Se não foi possível sanear as dívidas utilizando os procedimentos acima,
não resta outra alternativa se não fazer uso da venda de algum ativo, para pelo
menos aliviar a pressão insuportável do pagamento mensal de juro. (Máxima
de borracheiro: “quem compra o que não precisa vende o que precisa”).
O Profº. Victor José alerta para a possibilidade de haver algo de valor
dentro de casa, que poderá ser vendido para gerar dinheiro extra que poderá
ser utilizado para quitar ou reduzir algumas dívidas. Pense naquelas coisas de
pouca ou nenhuma utilidade, velhos aparelhos eletrônicos, roupas, móveis etc,
que se forem vendidos além de gerar um dinheiro extra deixarão sua casa mais
limpa e asseada.
Concluindo, podemos afirmar que a incorporação destas ações no
orçamento doméstico, mudará totalmente o cenário financeiro atual.
Rapidamente começará a sobrar dinheiro para ser aplicado. Assunto do
próximo passo.
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4º PASSO: OPORTUNIDADES DE INVESTIMENTO
3
Risco é composto pelo risco específico (interno aos negócios ou as empresas com as quais se deseja
negociar), risco de mercado (externo aos negócios ou as empresas com as quais se deseja negociar), risco de
liquidez (não conseguir transformar o título em dinheiro a qualquer tempo), risco de crédito (risco da
instituição financeira não honrar o resgate da aplicação) e risco operacional e legal (operação ilegal),
basicamente, risco é a possibilidade de não se obter o ganho esperado ou mesmo de perder parte ou todo o
capital aplicado.
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c – conheça a sua propensão ao risco, pois o seu investimento deve
proporcionar satisfação e não preocupação. A compra de um produto
financeiro inadequado ao seu perfil provocará apenas estresse, nunca prazer; e
d – tenha determinação, não desanime no primeiro contratempo.
O cálculo da taxa de juro de uma aplicação em bens reais (carro,
imóvel, jóias, moto etc) envolve uma análise de custos e benefícios, mesmo
que inconsciente. Em termos concretos temos que listar todos os benefícios e
os custos quantificáveis que a compra deste bem acarreta, com estas
informações há possibilidade de se calcular a taxa de juro da compra. Deve-se
estar atento, nesta análise, para os benefícios e os custos que não são
quantificáveis financeiramente, como, por exemplo, a segurança que o imóvel
próprio proporciona, todavia eles devem ser levados em consideração. Uma
regra de bolso para se saber se uma compra foi boa ou não (proporcionou um
bom retorno) é pela medição do grau de satisfação do investidor com a
mesma, se ele não está arrependido é porque a operação foi um sucesso.
No âmbito financeiro as opções tende para o infinito, bem como as suas
respectivas taxas de juro, é só olhar os prospectos dos bancos. Lembrar que
antes de fazer qualquer aplicação temos que avaliar a solidez da instituição
financeira, o risco da operação e a taxa de administração cobrada pela
instituição financeira e que o produto financeiro adquirido deve possuir
liquidez, rentabilidade e risco compatíveis com as nossas expectativas.
A aplicação financeira mais simples e popular do Brasil é a caderneta de
poupança, sendo boa para o início da formação de um patrimônio ou para
quem tem pequenas quantias para investir periodicamente. A caderneta de
poupança apresenta as seguintes vantagens: tem liquidez diária, isenção de
IOF e de imposto de renda para pessoa física e garantia de até R$ 20 000,00
por CPF e por Instituição. Portanto, é uma aplicação bastante atraente, apesar
da sua baixa rentabilidade (TR + 0,5% ao mês).
Os outros produtos financeiros podem ser subdivididos em renda fixa e
em renda variável, com prazo fixo ou indeterminado e com rendimento pré-
fixado ou pós-fixado.
Os de renda fixa são mais indicados para os investidores que não
desejam assumir riscos, já os de renda variável para os investidores amantes
do risco e uma mistura dos dois para os investidores propensos a um risco
médio. Estas opções estão disponíveis nos diversos fundos ofertados pelos
bancos e, também, em alguns papéis privados como CDB (certificado de
depósito bancário), RDB (recibo de depósito bancário) e debêntures e ações
(emitidos por sociedades anônimas) e no tesouro direto (aquisição de títulos
públicos por parte das pessoas físicas pela Internet ou pelo agente de custódia
– LTN, LFT, NTN-B, NTC-C e NTN-F).
O melhor caminho para uma correta seleção é através da gerência do
seu banco, que antes de indicar um produto tentará medir o seu potencial
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financeiro e a sua propensão ao risco4. Somente após a identificação do seu
perfil será possível encontrar o produto adequado à sua disponibilidade e ao
seu grau de risco.
Não esquecer nunca que a melhor aplicação para o seu dinheiro é o
pagamento de dívidas, principalmente as caras.
O site financenter.terra.com.br5 lista alguns pecados que os investidores
não podem cometer ao aplicar o seu dinheiro:
a – investir sem orientação profissional;
b – ter falta de disciplina;
c – analisar a rentabilidade de uma aplicação somente no curto prazo;
d – ignorar os riscos envolvidos;
e – concentrar investimentos; e
f – acreditar que o mercado acionário é somente para especuladores.
Fique atento!
Com relação ao último item listado acima, acreditar que o mercado
acionário é somente para especuladores, o melhor caminho para quebrar este
mito é começar aplicando no mercado acionário através de um Clube de
Investimento (sociedade com no mínimo três pessoas e no máximo cento e
cinquenta). Desta maneira você poderá se familiarizar com o mercado
acionário correndo pouco risco, pois o mesmo será compartilhado com os
outros sócios.
Por último, é importante destacar a força (mágica) do juro composto na
formação de um patrimônio, e o melhor caminho para se mostrar isto é voltar
ao exemplo apresentado no passo um. Uma poupança de R$ 150,00
(poupança de R$ 5,00 dia) aplicados todo mês a uma taxa de juro de 1% ao
mês, formará um patrimônio de R$ 200.000,00 em menos de 23 anos, um de
R$ 500.000,00 em menos de 30 anos e um de R$ 1.000.000,00 em menos de
36 anos, graças a incidência de juro sobre o juro. Se a aplicação mensal for
R$ 30 (poupança de R$ 1,00 dia) com a mesma taxa de juro teremos em 23
anos um patrimônio de R$ 43.754,18, em 30 anos um de R$ 104.848,92 e em
36 anos um de R$ 217.777,46.
É só começar !
4
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21
QUESTIONÁRIO DE GRAU DE AVERSÃO AO RISCO6
Questão 3 – Seu assessor financeiro lhe disse que há uma boa chance de
determinada ação valorizar-se 40% nos próximos três meses. Caso não tivesse
poupança disponível para essa aplicação, você tomaria dinheiro emprestado
para comprá-la?
a – Nunca.
b – Talvez.
c – Sim.
RESULTADO DO QUESTIONÁRIO
6
Retirado do livro Seu Dinheiro em boas mãos de Tomás Anker e Carlos Tadao Kawamoto, Futura.
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Pontos Por Alternativas
Questões A B C
1 1 5 3
2 3 5 1
3 1 3 5
4 1 5 3
5 3 1 5
23
SUCESSO !!!!!!!
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GLOSSÁRIO
Fonte: Bolsa de Valores de São Paulo - Bovespa
Agente financeiro
Instituição financeira que representa entidade pública em operações
financeiras, com ou sem assunção de co-responsabilidade em que participe,
como garantidor, financiador e/ou endossante. Pode ser mandatário da
entidade pública para proceder à cobrança e recebimento das amortizações
dos empréstimos ou financiamentos, devendo para tanto prestar contas na
medida dos vencimentos constantes dos respectivos contratos. Pode ainda
prestar garantias satisfatórias das operações em que figurar como mandatário,
sempre que julgado necessário
Caderneta de Poupança
Depósito remunerado, de livre movimentação e exigível a vista, captado pela
CEF - Caixa Econômica Federal, bancos múltiplos com carteira imobiliária,
sociedades de crédito imobiliário e APEs - Associações de Poupança e
Empréstimos. Não é movimentável por cheque. Isento de Imposto de Renda -
IR e do Imposto sobre Operações Financeiras - IOF.
Debênture
1) Valor mobiliário, emitido pelas sociedades por ações que asseguram, a seu
titular, um direito de crédito contra a companhia emissora, nas condições
constantes da escritura de emissões e do certificado, quando este for emitido;
subordinada;
2) título que representa um empréstimo contraído por uma companhia, para
captar recursos, visando investimento ou o financiamento de capital de giro,
mediante lançamento público ou particular.
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Debênture - Prêmio
O prêmio da debênture tem como base a variação da receita ou do lucro da
companhia emissora, e não pode ter como base a TR, a TBF, a TJLP, índice
de preços, a variação da taxa cambial ou qualquer outro referencial baseado
em taxa de juros. Estas normas não se aplicam às debêntures que assegurem,
como condição de remuneração, exclusivamente, a participação no lucro da
companhia emissora.
Debênture - Remuneração
Pode revestir uma das seguintes formas:
a) taxa de juros pré-fixada;
b) TR - Taxa Referencial ou TJLP - Taxa de Juros de Longo Prazo, ajustada,
para mais ou para menos, por taxa fixa, observado o prazo mínimo de um mês
para vencimento ou período de repactuação;
c) TBF - Taxa Básica Financeira, observado o prazo mínimo de dois meses
para vencimento ou período de repactuação, com emissão restrita às
sociedades de arrendamento mercantil e as companhias hipotecárias;
d) taxas flutuantes, observado que a taxa utilizada como referencial deve ser
regularmente calculada e de conhecimento público, e basear-se em operações
contratadas a taxas de mercado pré-fixadas, com prazo não inferior ao período
de reajuste estipulado contratualmente;
e) correção monetária, com base nos coeficientes fixados para correção de
títulos da dívida pública federal, na variação da taxa cambial ou em índice de
preços, ajustada, para mais ou para menos, por taxa fixa.
Na emissão de debêntures com cláusula de correção monetária com base em
índice de preços, deve ser atendido o prazo mínimo de um ano para
vencimento ou repactuação, sendo que:
a) a periodicidade de aplicação da cláusula de correção monetária não pode
ser inferior a um ano;
b) o pagamento do valor correspondente à correção monetária somente pode
ocorrer por ocasião do vencimento ou da repactuação das debêntures. O
pagamento de juros e a amortização realizados em períodos inferiores a um
ano devem ter como base de cálculo o valor nominal das debêntures, sem
considerar correção monetária de período inferior a um ano.
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Fundo de Investimento
Entidade financeira que, pela emissão de título de investimento próprio, o
Certificado de Investimento, denominado em quotas, concentra capitais de
inúmeros investidores para aplicação em carteiras diversificadas de títulos,
valores mobiliários, instrumentos financeiros, derivativos ou commodities
negociadas em bolsas de mercadorias e futuros.
Índices de Preços
Classificados como Índices Agregados Ponderados, são utilizados
basicamente para determinar variações no custo de vida, sob diferentes
condições de oferta de bens e serviços e demanda por faixas de renda da
população.
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Nota do Tesouro Nacional - NTN
Título da dívida pública federal destinada a prover o Tesouro Nacional de
recursos necessários para cobertura de seus déficits explicitados nos
orçamentos ou para realização de operações de crédito por antecipação de
receita. Dividida em séries, identificadas por letras do alfabeto. A série NTN-
C está disponível para negócios no Tesouro Direto. Suas características
principais são:
a) prazo: definido no momento da emissão;
b) indexador: IGP-M;
c) juro: pagamento semestral. Primeiro cupom paga taxa integral para seis
meses,. independente da data de emissão; e
d) principal: pago no vencimento do título.
Poupança
Parcela de renda não utilizada no consumo
Previdência
Conjunto de normas que regulam a aposentadoria, pensões, assistência média,
seguros etc
Renda fixa
Tipo de aplicação na qual a lucratividade é contratada previamente ou segue
taxas de mercado. Título cujo rendimento está previamente definido.
Pode ser pré-fixado ou pós-fixado.
Renda variável
Tipo de investimento no qual a lucratividade não é contratada, e depende de
cotação nos mercados organizados.
Rentabilidade
1) Taxa de retorno de um investimento.
2) resultado porcentual ajustado sobre o investimento inicial
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3) lucratividade
Risco
Probabilidade de perda ou ganho numa decisão de investimento. Grau de
incerteza do retorno de um investimento.
Risco Brasil
1) Diferença entre a taxa interna de retorno do Brasil e a taxa de juros do
bônus do Tesouro norte-americano de mesmo prazo.
2) prêmio pelo risco país. Normalmente citado em ponto-base.
Royalty
Pagamento ao proprietário de um bem (marca, patente, produto ou obra
original) pelo direito de uso desse bem .
Tesouro Direto
Sistema de negociação de títulos públicos federais em mercado de varejo,
diretamente com o investidor. A operação pode ser realizada diretamente pela
Internet.
Título
Qualquer papel ou certificado representativo de valor mobiliário (ação, letra
de câmbio etc.)
Título de Capitalização
Título nominativo, transferível, que tem por objetivo promover a capitalização
de uma série de mensalidades ou de aplicação única, com valor de resgate
acrescido dos rendimentos líquidos contratados. O produto se completa com
sorteio de prêmios em dinheiro ou em bens aos titulares, durante o prazo de
provisão da capitalização
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