Campos de Concentração - Ceará e Cariri
Campos de Concentração - Ceará e Cariri
Campos de Concentração - Ceará e Cariri
A cidade estava vivenciando uma das piores secas do século XX, entretanto os pedidos
de obras e o uso dos flagelados como força de trabalho, impulsionava a estruturação do
progresso em Fortaleza o que era constantemente anunciado nas manchetes de jornais locais.
Contudo, a seca de 1932 não foi a pioneira no uso do flagelo como força de trabalho, ao que
se pode observar foi em 1877 que essa força começa a ser usada mais sistematicamente na
ampliação da capital, sendo sempre alocados em algum serviço de melhoramento.
Nesse contexto de inovações perante uma crise climática, a seca juntamente com os
campos de concentração, onde estavam instalados os retirantes tornasse uma atração para os
excursionistas, que observa na miséria um espetáculo. Anulando a imagem trágica do
sofrimento em decorrência do sentimento de caridade que era buscado ao pagar cinco contos
de reis para uma atração nas instalações dos campos.
Diante dessa perspectiva, é notável que as medidas de controle parte de uma tradição
de aprisionamento dos pobres, pois é corriqueiro a presença de pessoas vindas de outras
regiões em busca de melhores condições de vida, principalmente no final do século XIX em
diante. E para legitimar as concentrações faziam uso do discurso médico e das comissões de
higienistas que alegava as aglomerações como possíveis potenciais de dispersão de doenças,
em decorrência da proteção dos cidadãos as instalações dos campos seriam feitas nas áreas
mais pobres da cidade longe das áreas nobres de fortaleza.
O Projeto dos Campos de Concentração apresentava sinais de sucesso, nos jornais era
comum perceber a satisfação de diversos cidadãos, onde reconheciam que as ruas e praças
estavam tranquilas e o centro da cidade se mostrava mais civilizado. Em certo sentido os
objetivos iniciais com a construção dos campos foram obtidos, nos meses iniciais vários
elogios foram tecidos nas páginas dos jornais, o sucesso na consolidação serviu de modelo
para o desenvolvimento de outras medidas mais severas, bem como a mendicância pelas ruas
não eram mais legitimas, visto que os mendigos agora teriam um lugar apropriado para se
instalarem. Os que se opusessem a estar nas concentrações seriam levadas para outras
instalações. Outras medidas foram tomadas no decorrer dos anos, o interventor Carneiro de
Mendonça não aceitava mais o embarque de retirantes para Fortaleza, pois já existiam campos
localizados no interior do Estado, como era o caso do Campo do Buriti.