Motor Ciclo OTTO
Motor Ciclo OTTO
Motor Ciclo OTTO
motor ciclo
otto e seus
sistemas
Série automotiva
MOTOR CICLO
OTTO E SEUS
SISTEMAS
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI
Conselho Nacional
MOTOR CICLO
OTTO E SEUS
SISTEMAS
© 2015. SENAI – Departamento Nacional
A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, mecâ-
nico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização, por
escrito, do SENAI.
Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo de Educação a Distância do SENAI
de Santa Catarina, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utiliza-
da por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.
FICHA CATALOGRÁFICA
S491s
ISBN 978-85-7519-954-1
1. Automóveis - Motores 2. Motores à gasolina I. Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de Santa Catarina II. Título III.
Série
CDU: 629.3.034
SENAI Sede
5 Arquitetura Geral............................................................................................................................................................63
5.1 Cabeçote .........................................................................................................................................................64
5.1.1 Tipos de cabeçotes ...................................................................................................................66
5.1.2 Distribuição mecânica .............................................................................................................68
5.1.3 Funcionamento..........................................................................................................................68
5.1.4 Cruzamento de Válvulas..........................................................................................................71
5.1.5 Comando de válvulas...............................................................................................................72
5.1.6 Tucho..............................................................................................................................................73
5.1.7 Válvulas..........................................................................................................................................74
5.1.8 Guia de válvulas..........................................................................................................................76
5.1.9 Retentor.........................................................................................................................................77
5.1.10 Dispositivos das válvulas......................................................................................................78
5.1.11 Junta do cabeçote...................................................................................................................80
5.2 Bloco.................................................................................................................................................................81
5.2.1 Pistão (êmbolo)...........................................................................................................................81
5.2.2 Anéis...............................................................................................................................................84
5.2.3 Bielas...............................................................................................................................................91
5.2.4 Bronzinas (casquilhos).............................................................................................................93
5.2.5 Virabrequim (Árvore de manivelas).....................................................................................94
5.3 Cárter................................................................................................................................................................95
5.3.1 Junta do cárter............................................................................................................................96
5.4 Bomba de óleo..............................................................................................................................................97
5.4.1 Válvula reguladora de pressão..............................................................................................99
5.4.2 Filtro de óleo............................................................................................................................. 101
Referências......................................................................................................................................................................... 191
Anotações:
História do Motor de
Ciclo Otto
Você sabia que os motores movimentam nossas vidas, de carros a cortadores de grama, de navios a
locomotivas, eles transformam o mundo e nos levam à lua. Graças ao avanço da tecnologia temos motores
mais potentes, com menor peso e mais econômicos.
Graças a essa evolução, o motor tornou-se um grande símbolo da engenhosidade humana. Há três sé-
culos essas máquinas são a expressão definitiva de nosso desejo por excelência tecnológica, e através de
muitas gerações de progressos científicos elas tiveram um profundo efeito sobre a forma como viajamos
e trabalhamos.
Foi baseado neste pensamento que os motores a vapor substituíram o cavalo, motores elétricos e a gaso-
lina substituíram o motor a vapor; desta forma, o motor a jato e o foguete levaram essa tecnologia a um nível
mais alto. Essa marcha através dos séculos começou quando o motor a vapor deu início à revolução indus-
trial, pois ele libertou a humanidade de fontes primárias de energia como, o vento, a água e a tração animal.
Os motores a vapor movimentavam máquinas, trens, navios, tratores e automóveis. Mas, o motor a
vapor é coisa do passado e eles deixaram de ser fabricados desde os anos 1950, dando espaço às novas
tecnologias de motores, como o motor de combustão interna e o motor elétrico.
Para que você entenda o funcionamento dos motores é importante destacar que a propulsão, a cilin-
drada e taxa de compressão fazem a diferença na construção de um motor. Observe na figura a seguir as
partes que o constituem.
Tampa de
válvulas
Cabeçote
Válvulas
Bloco do
motor
Êmbolo
Bielas
Árvore de
manivelas
Cárter
Ana Fleck (2015)
Há séculos o homem vem se deparando com problemas de transporte, problemas estes que não se
encontravam embaixo do capô, pois o transporte não era realizado com veículos como os de hoje, mas por
meio de veículos movidos a tração animal.
Uns dos experimentos foi a fabricação de um veículo que dependesse de sua própria mobilidade. Em
1769, o engenheiro Francês Nicholas Joseph Cugnot construiu o primeiro veículo com seu próprio meio
de propulsão a vapor.
Com o surgimento da máquina a vapor, muitos desses problemas desapareceram, mas o problema de
mobilidade que aparentemente havia sido resolvido deu iniciou a uma nova era, a era da evolução tecno-
lógica, pois as máquinas a vapor além de alcançar baixa autonomia eram muito pesadas e apresentavam
muita manutenção (VIEIRA, 2008).
O combustível utilizado para movimentar um veículo a vapor era a lenha ou o carvão, pois o calor gera-
do em uma caldeira aquecia a água até o ponto de liberar vapor. Esse vapor em uma câmara fechada au-
mentava sua pressão causando o movimento do êmbolo e, consequentemente, o movimento das rodas,
conforme pode ser visto na figura a seguir (MERCEDES-BENZ, 1993).
Êmbolo
Tubulação
Roda motriz
Caldeira
Ana Fleck (2015)
Fornalha
Com a decadência das máquinas à vapor e o surgimento dos motores de combustão interna, fabricou-se
o primeiro automóvel a gasolina, construído em 1885, na Alemanha, por Carl Benz que arquitetou o motor
de quatro tempos e adaptou-o a um triciclo. Mas, um motor de quatro tempos já havia sido construído e
utilizado com sucesso, em 1876, por outro alemão, o engenheiro August Nikolaus Otto, que baseou seus
trabalhos nos princípios físicos patenteados pelo francês Beau de Rochas (VIEIRA, 2008).
O triângulo do fogo foi a principal ligação química para o acontecimento da combustão. Os elementos
que o compõe, em proporções adequadas, fazem com que o motor consiga obter o rendimento necessário
para aproveitar todo o combustível injetado na câmara de combustão. Esse aproveitamento proporciona
ao motor melhor autonomia e menos poluição do meio ambiente.
Os três elementos principais do triângulo de fogo para o funcionamento do motor são ar, combustível
e ignição.
Oxi
r
g
Calo
êni
o (a
r)
Fogo
Ana Fleck (2015)
Combustível
Segundo SENAI/SP (2001, p. 38), “as curvas de torque e potência estão entre os dados mais importantes
de um motor. Potência é o trabalho realizado (força multiplicada pela distância de deslocamento) dentro
de um período de tempo”, ou seja, Potência = trabalho/tempo.
2 História do Motor de Ciclo Otto
23
Até 1985, a potência era conhecida como cavalos-vapor, representada pelo símbolo cv, ou horse-power,
que em inglês é representado pelo símbolo de hp.
Cabe salientar que 1 cv não é equivalente à 1 hp e que algumas bibliografias ainda expressam a potên-
cia em watt (W). Dessa forma, observe abaixo a comparação entre as três unidades mais utilizadas para
expressar potência:
1 hp = 1,0138 cv = 745,7 W
1 cv = 0,9863 hp = 735,5 W
O torque do motor representa a força que faz girar a árvore de manivelas. É representado por N.m, que
é calculado conforme a fórmula a seguir.
T=Fxd
T = Torque
F = Força
d = Distância
Ar
Calor
MOTOR
Trabalho
Ana Fleck (2015)
Combustível
O torque é representado pela aplicação da força sobre o ponto de apoio. Quando ocorre uma alteração
na intensidade da força ou na dimensão da alavanca, o resultado se altera também. Isso acontece porque
os fabricantes desenvolvem motores mais modernos que alcançam maior torque mesmo estando em baixa
rotação (MARAN, 2013).
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
24
Ciclo Otto
2.1.4 Cilindrada
Cilindrada está relacionada ao deslocamento do êmbolo do PMS (Ponto Morto Superior) para o PMI
(Ponto Morto Inferior); isso significa que, quando o êmbolo se desloca do ponto morto superior para o
ponto morto inferior, abre-se um espaço dentro do cilindro que é onde a mistura ar combustível se alojará.
Para saber exatamente como é feita a leitura de cilindrada, basta relacionar o diâmetro e o curso do pistão.
deslocamento do pistão,
é o momento em que ele se
prepara para descer.
deslocamento do pistão, é
o momento em que ele
se prepara para subir. h
d
Curso do pistão é a
distância que o pistão PMI
percorre quando se desloca
h
Diâmetro do cilindro
d
do motor.
Quando se fala em volume pelo deslocamento do êmbolo, deve vir à mente o nome cilindrada, e para
saber qual a cilindrada total de um motor, basta multiplicar o volume total de um cilindro pelo número
total de cilindros de um motor (BRUNETTI, 2012).
Mas, para você entender melhor, existem fórmulas que servem para calcular o volume do cilindro, veja
como utilizar a fórmula com dados técnicos de um motor de 2.0 litros ou 2000cc dotado de 4 cilindros.
Diâmetro 80,5 mm
Curso 85,8 mm
Ciclo – Tempos OTTO - 4
Taxa de compressão 11,2:1 ± 0,15
π 3,1416
Fórmula:
π ⋅ D²
=V ⋅h
4
V = Volume
π = Uma constante da matemática 3,1416
D = Diâmetro do cilindro
h = Curso do pistão
3,1416 ⋅ (8,5)²
=V = ⋅ 8, 58 486,873 cm³
4
Dessa forma, o valor encontrado de 486,873cm³ é referente a cada cilindro, para saber o volume total,
basta multiplicar este pelo número de cilindros do motor, neste caso 4, e que resultará em 1947,492 cm³.
Salienta-se, ainda, que em sua grande maioria, o cálculo da cilindrada é arredondado para cima. Sendo
assim, um motor de 1947,492cm³ será definido como um motor de 2000cm³ ou 2000cc.
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
26
deslocamento do pistão, é V1
o momento em que ele h
se prepara para subir.
D
Curso do pistão é a Volume morto ou volume PMI
distância que o pistão da câmara de combustão
V2
percorre quando se desloca é o volume ocupado pelos
h
SAIBA Para conhecer mais sobre o assunto, pesquise na página 23 do Manual do Automóvel
MAIS de Manuel Arias-Paz, Editora Hemus, 2011.
É o espaço livre deixado pelo pistão quando o mesmo se encontra em PMS. Esse espaço pode estar
localizado na parte inferior do cabeçote ou até mesmo em rebaixos localizado na parte superior do pistão.
Quando o pistão se desloca para o PMS acontece a compressão da mistura ar/combustível, momento em
que ocorre a elevação de sua temperatura para que o motor tenha um bom rendimento.
Essa compressão é uma relação1 matemática que indica quantas vezes a mistura ar/combustível é aspi-
rada para dentro dos cilindros pelo pistão, e em seguida é comprimida dentro da câmara de combustão
antes que se inicie o processo de queima.
Sendo assim, um motor de um veículo com a especificação de taxa de compressão de 8:1, por exemplo,
indica que o volume aspirado para dentro do cilindro foi comprimido oito vezes antes que a centelha da
vela inicie a combustão.
Legenda da figura: 1 V2
2
V1: Volume total é o 3
volume ocupado V1 4
pelos gases quando 5
6
o pistão está no PMI. 7
8
V2: Volume morto ou
volume da câmara
de combustão é o
volume ocupado
Davi Leon (2015)
O volume que ocupa o espaço na câmara de combustão é o que determina a taxa de compressão.
Quanto maior o volume ocupado pelos gases, menor é a taxa de compressão. Quanto menor é o volume
ocupado pelos gases, maior é a taxa de compressão.
1 Cálculo que define o resultado da mistura ar/combustível quando está sendo pressionado dentro do cilindro.
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
28
Segundo Chollet (1981), é muito importante considerar a forma e o volume da câmara de combustão.
A forma deve permitir uma inflamação rápida, mas progressiva dos gases. Para isso, é necessário que ela
se aproxime da esfera que oferece o mínimo de dispersão de calor.
Bao (2015)
Figura 11 - Forma da câmara de combustão
Fonte: Bao (2015)
Para considerar que um motor tenha o rendimento esperado não é suficiente considerar a taxa de com-
pressão, há outros componentes que envolvem o motor essenciais para sua eficiência, como: posição das
válvulas, desenhos dos dutos de admissão e o combustível utilizado.
Todos os combustíveis, por terem sua composição química preparada para atender a uma eficiência
térmica, precisam ser utilizados em motores cuja taxa de compressão seja a ideal para a queima total do
combustível.
A gasolina por ser um combustível derivado do petróleo possui uma mistura cuja química é formada
por vários tipos de hidrocarbonetos e octanos, que é o principal elemento de resistência do combustível
à autoignição.
Já o álcool combustível, que é utilizado nos motores, pode ser tanto álcool anidro como o álcool etílico
hidratado. Sendo que o álcool anidro é utilizado na mistura com a gasolina para aumentar sua octanagem
(resistência à autoignição); já o álcool etílico2 hidratado, por ter em sua composição um teor de água, difi-
culta sua mistura com a gasolina (CHOLLET, 1981).
O volume da câmara de explosão, que você pode visualizar na figura a seguir, em comparação com o
volume total do cilindro determina a taxa de compressão do motor.
Bao (2015)
V1+ V2
Tx =
Rv
2 Volume da Câmara de Combustão
Onde:
V1 = Volume do cilindro
π = 3,1416
D = 80,5mm
h = 85,8mm
V2 = 47,7
N = Número de cilindros
3,1416 . (8,5)2
=V1 ⋅ 8,58 = 486,873 cm3
4
486,873 + 47,7
Tx =
Rv = 11,20
47,7
CASOS E RELATOS
Pura técnica
Luiz Carlos é aluno do curso técnico em manutenção automotiva e foi trabalhar como estagiário em
uma oficina especializada em preparação de veículos.
Ao iniciar seu trabalho, percebeu que as técnicas utilizadas para preparação não apresentavam os
resultados esperados, pois a empresa trabalhava com receitas já desenvolvidas e a experiência de
trabalho. Foi quando Luiz Carlos começou a realizar os testes com as técnicas aprendidas em seu
curso técnico. O curioso é que os mecânicos não conheciam as fórmulas que poderiam ajudar na
preparação do motor.
A partir desse dia, o trabalho de Luiz Carlos passou a ser auxiliar o responsável por realizar todos os
testes físicos que mostrassem os dados originais do motor e como ficaria depois que o motor esti-
vesse montado.
Foi assim, aplicando na prática as fórmulas de volume de cilindro, volume da câmara de combustão
e rebaixamento de cabeçote, que Luiz Carlos contribuiu para a melhorar a qualidade do trabalho
realizado na oficina em que trabalhava.
2 História do Motor de Ciclo Otto
31
Recapitulando
Nesse capítulo, você estudou a importância da evolução da tecnologia, e percebeu que, graças a
ela, os motores fabricados atualmente são mais leves e econômicos.
Você viu, ainda, que toda essa história iniciou com o surgimento da máquina a vapor, que era
utilizada em trens, navios, tratores e automóveis. E que o primeiro automóvel a gasolina foi cons-
truído em 1885, na Alemanha, por Carl Benz, que o adaptou a um triciclo. Esse motor já havia sido
construído e utilizado com sucesso em 1876, pelo alemão Nikolaus Otto.
Você também aprendeu que o controle dimensional é importante para o funcionamento do mo-
tor, por isso você estudou sobre desenho mecânico, compreendendo o sentido das unidades de
medidas e reforçando a importância da utilização dos equipamentos de metrologia.
Controle Dimensional
Diversas unidades de medidas surgiram com o passar do tempo, como a jarda, pé, légua, braça, palma,
polegada, metro, etc. Algumas foram padronizadas e outras abandonadas.
O sistema métrico francês e a polegada inglesa foram os que predominaram, embora a polegada esteja
em desuso em vários países. Conheça essas medidas por meio do quadro a seguir.
O metro (m) é a unidade de medida mais utilizada no Brasil. Segundo INMETRO (2013, p.2):
O Quadro Geral de Unidades (QGU), para uso no País, baseia-se na 1ª Edição Brasileira,
elaborada pelo Inmetro no ano de 2012, da tradução autorizada da 8ª Edição do Sistema
Internacional de
Unidades (SI), publicado pelo Bureau Internacional de Pesos e Medidas (BIPM) em 2006
e compreende:
1. Sete unidades de base do SI;
[...].
O metro (m) está entre as sete unidades de base do SI e é definida pelo Sistema Internacional de Medi-
das de Unidades como unidade padrão para comprimento.
Ele tem muitos múltiplos e submúltiplos. Conheça-os a seguir.
Em relação à medida, deve-se salientar que “quando uma medida é menor que o milímetro, os algaris-
mos após a vírgula são lidos da seguinte maneira: 8,239 mm – oito milímetros, duzentos e trinta e nove
milésimos” (FIAT AUTOMÓVEIS, 2008, p. 06).
Quando um mesmo operador, utilizando a mesma máquina, procede uma medição, pode-se verificar
que ocorrem ligeiras variações de leitura gerando incertezas de valor constante. Essa incerteza consiste
em um intervalo limitado pelos valores “maxi e mini” que podem ser lidos no aparelho que mede uma
grandeza real e constante.
Valor “maxi” é o maior valor encontrado para uma medida em um determinado número de leituras.
Valor “mini” é o menor valor encontrado em um determinado número de leituras. Para fazer medições
na área mecânica, utiliza-se muito o paquímetro. Conheça-o a seguir.
3.2 Paquímetro
O paquímetro é o instrumento mais utilizado na mecânica pelo fato de executar medições lineares ex-
ternas, internas e de profundidade da peça. Ele contém uma escala auxiliar chamada de nônio ou vernier,
que permite a leitura de frações da menor divisão da escala fixa.
Há diferentes tipos de paquímetro que se distinguem pela resolução, dimensões e forma dos bicos. O
material empregado na construção de paquímetros é o aço (FIAT AUTOMÓVEIS, 2008).
1 2 4
5 6
3
0 4 6
0 2 3 4 4 5 6
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
14
13
11
12
Ana Fleck (2015)
7 10
8 9
Figura 13 - Partes do paquímetro
Fonte: adaptado de Motta (2010)
Em um paquímetro encontra-se os componentes listados a seguir, que você pode visualizar na figura
anterior:
1. Orelha fixa
2. Orelha móvel
3. Nônio ou vernier (polegada)
4. Parafuso e trava
5. Cursor
6. Escala fixa
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
36
7. Bico fixo
8. Encosto fixo
9. Encosto móvel
10. Bico móvel
11. Nônio ou vernier (milímetro)
12. Impulsor
13. Escala fixa de milímetros
14. Haste de profundidade
Alguns cuidados são importantes durante a utilização do equipamento para realizar uma leitura. Obser-
ve as figuras apresentadas a seguir e perceba que certos procedimentos podem influenciar nas medições,
apresentando uma medida diferente da esperada.
Externas
Errado Certo
Internas
Profundidade
Ana Fleck (2015)
Errado Certo
Bao (2015)
Figura 15 - Conservação do paquímetro
Fonte: Bao (2015)
0,05 mm 0 1 2 3 4 5
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Ana Fleck (2015)
5,00
Figura 16 - Leitura do paquímetro
Fonte: adaptado de Motta (2010)
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
38
Na segunda, o zero do cursor encontra-se entre dois traços da escala principal, sendo que a leitura da
medida passa a ser quebrada, como você pode ver na figura.
0,05 mm 0 1 2 3 4 5
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Outro fator importante a ser compreendido quanto ao parquímetro é a sua resolução. Segundo Motta
(2010), “a resolução é a menor medida que o instrumento pode oferecer, ou seja, 1 mm dividido pelo nú-
mero de divisões no nônio. Para encontrar a resolução do paquímetro, deve-se verificar no nônio a quanti-
dade de divisões”. Observe as figuras.
0 1 2 3 4 5
0,05
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Ana Fleck (2015)
0,00
Figura 18 - Paquímetro com resolução de 0,05 mm
Fonte: adaptado de Motta (2010)
3 Controle dimensional
39
Resolução:
1 mm
= 50
20 divisões
0,05 mm
Nota: isso significa que este instrumento varia sua medida em valores de 0,05, conforme exemplo:
0,05 mm 0 1 2 3 4 5 6
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
16,85
Figura 19 - Leitura do paquímetro
Fonte: adaptado de Motta (2010)
0,02 mm 0 1 2 3 4 5
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Ana Fleck (2015)
0,00
Figura 20 - Paquímetro com resolução 0,02
Fonte: adaptado de Motta (2010)
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
40
Resolução:
1 mm
= 20
50 divisões
0,02 mm
0,02 mm 0 1 2 3 4 5
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
9,54
Figura 21 - Leitura do paquímetro
Fonte: adaptado de Motta (2010)
FIQUE O erro de pressão de medição é originado pelo jogo do cursor, controlado por uma
ALERTA mola. Pode ocorrer uma inclinação do cursor em relação à régua, o que altera a medida.
3.3 Micrômetro
O micrômetro é um instrumento de dimensão variável que permite leitura direta com aproximação de
até 0,001 mm.
3 Controle dimensional
41
Faces de
Medição Encosto Bainha Tambor
móvel graduado
Batente
Catraca
Arco
Escala xa
0.01 mm
0-25 mm
Trava
Para entender os micrômetros e sua utilização é necessário conhecer os tipos e tamanhos utilizados
na manutenção de automóvel, sendo que sua capacidade de medida varia de 0 - 25, 25-50, 50-75, 75-100,
100-125 mm (FIAT AUTOMÓVEIS, 2008).
Bao (2015)
Existem micrômetros para diversos tipos de medidas, como medidas externas, medidas internas, pro-
fundidade, tipo paquímetro, etc. Veja nas figuras, a seguir, tipos de micrômetros.
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
42
Bao (2015)
paquímetro profundidade de rosca
de parafuso
Figura 24 - Tipos de micrômetro
Fonte: do Autor (2015)
Quando as faces de contato do micrômetro estiverem em contato umas com as outras, o zero da bainha
deve coincidir com o zero do tambor, conforme mostra a figura a seguir.
0,00 (0)
10
0
45
40
0-25 mm 0.01 mm
Do autor ([20--?])
Para realizar a leitura do micrômetro centesimal que apresenta uma resolução de 0,01 mm é necessário
seguir essa ordem:
1º - leitura dos milímetros inteiros na escala da bainha;
2º - leitura dos meio milímetros, também na escala da bainha;
3º - leitura dos centésimos de milímetro na escala do tambor.
Verifique uma possibilidade na figura a seguir.
17mm 0,32mm
40
0 5 10 15
35
30
25
0,5mm
Além do micrômetro centesimal, ainda existe o micrômetro milesimal (resolução 0,001 mm), que realiza
a leitura de forma semelhante ao micrômetro centesimal. No entanto, há mais um passo no processo de
leitura do resultado. Observe na sequência:
1º - leitura dos milímetros inteiros na escala da bainha (A);
2º - leitura dos meios milímetros, também na escala da bainha (B);
3º - leitura dos centésimos de milímetro na escala do tambor (C);
4º - leitura dos milésimos com o auxílio do nônio da bainha, verificando qual dos traços do nônio coin-
cide com o traço do tambor (D).
Veja um exemplo na figura a seguir.
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
44
30
Nônio
0
D 8 25
6
4
2 20
0
A 20 C
0 5 10 15 15
10
Escala
centesimal
milimétrica B
Escala
5
Leitura
A = 20,000mm 0
B = 0,500mm
+ C = 0,110mm 45
SAIBA Para que você possa aprofundar seu conhecimento sobre micrômetros, pesquise no
MAIS livro SENAI. Departamento Nacional. Ajustador mecânico. Mod. 1/7 ref. FIT.025.
O relógio comparador é um instrumento de medição que permite: medição indireta de dimensões line-
ares, alinhamento ou deslocamento angular de uma superfície, centralização ou descentralização (MOTTA,
2010). Conheça as partes do relógio comparador por meio da figura a seguir.
3 Controle dimensional
45
Limitador de
tolerância
Aro
Ponteiro
principal
Mostrador
Contador Canhão
Fuso
Ponta de
contato
quando a ponta de contato sofre pressão para cima, o mecanismo é acionado e faz com
que o ponteiro grande da escala principal se desloque no sentido horário. Ao mesmo
tempo, outro ponteiro pequeno localizado sobre a escala secundária denominada “con-
tador de voltas” gira no sentido anti-horário, sendo que para cada volta completa que
o ponteiro grande se desloca sobre a escala principal implica que o ponteiro pequeno
acuse uma unidade na escala secundária, indicando uma volta completa.
0
90 10 0
1 0 9 90 10
80 2
3
8
7
20
4 5 6 1 0 9
80 2
3
8
7
20
70 30 4 5 6
60 40 70 30
50
60 40
50
0,0mm
7,71
Ana Fleck (2015)
3.4.1 Manuseio
O relógio comparador pode ser utilizado de diversas maneiras, a mais comum é junto de uma base
magnética, que serve para fixá-lo em relação à peça a ser medida. Somente após a fixação do relógio é que
podemos começar a realizar a medição.
Do autor ([20--?])
0 0
90 10 9010 0 10
90
1 0 9 19 00 19
80 2
3
8
7
20 8020 28 28
3 7 5 43 7
20
80
4 5 6 4 5 6
30 70
70 30 70 0,01 - 10,00 mm 30
40 60
60 40 60 50 40
50 50
Da mesma maneira que o micrômetro deve ser segurado com firmeza para a realização das medidas, o
relógio comparador deve ser usado para facilitar seu uso. Existem no mercado muitos tipos de base para
relógio comparador, entre elas se destacam as bases magnéticas com braço ajustável e as articuláveis,
além das mesas para medição. Veja alguns exemplos nas figuras a seguir.
Kit súbito
relógio comparador magnética
3.5 Súbito
O súbito é uma derivação do relógio comparador. Este equipamento consiste em componentes me-
cânicos que possibilitam ao relógio comparador realizar medidas de diâmetros internos. Conheça suas
partes a seguir.
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
48
Batente móvel
Roletes guia Cabo Relógio
antitérmico comparador
Porca
Bao (2015)
de xação
Batente xo
Figura 33 - Partes do súbito
Fonte: adaptado de Motta (2010)
3.5.1 Manuseio
Para realizar uma medição utilizando o súbito é necessário, primeiramente, montar o equipamento
conforme o diâmetro4 interno a ser medido.
Após montá-lo, ele deverá ser zerado de acordo com a medida padrão da peça a ser examinada.
Para zerar o súbito, precisa-se medir uma peça padrão com um micrômetro e, depois, ajustar o zero do
súbito, de acordo com esta medida. Para realizar a medida, o súbito deve ser inserido na circunferência
com sua haste a 90º, ou seja, perpendicular à superfície do material a ser medido.
Na área automotiva, o súbito pode ser utilizado na manutenção de veículos para fazer a conferência de
medidas do cilindro do motor. Um exemplo você pode ver na próxima figura.
Bao (2015)
CASOS E RELATOS
Orientando corretamente
Gilberto foi contratado para trabalhar como mecânico em uma concessionária de veículos, pois já
tinha experiência prática em oficinas não autorizadas.
Certo dia, Gilberto recebeu uma ordem de serviço para verificar uma possível trepidação ao frear o
veículo. Para fazer a verificação, ele colocou o veículo no elevador, removeu as rodas, e ligou o veícu-
lo com uma marcha engatada para que os discos de freio girassem. Com os discos de freio girando,
ele pegou uma chave de fenda e passou a ponta sobre o disco para ver se ele apresentava oscilação.
Jorge, o chefe da oficina, que observava o procedimento à distância, chamou Gilberto para enten-
der o que o levou a executar aquele procedimento. Gilberto explicou que era o que ele utilizava em
outra oficina em que trabalhou.
Então, o chefe de oficina mostrou para Gilberto que, para esse procedimento, ele deveria utilizar o
relógio comparador com uma base magnética para mostrar os valores das oscilações e compará-
-los com os dados fornecidos pelo manual do fabricante. Assim, ele teria um resultado confiável.
Gilberto, então, aprendeu que, sem a ferramenta adequada, o diagnóstico não mostraria o resul-
tado esperado. Além disso, ele percebeu que se pedisse orientação do chefe da oficina poderia
adquirir novos conhecimentos e procedimentos técnicos que não conheceu no trabalho anterior.
Recapitulando
Nesse capítulo você estudou sobre o controle dimensional e sua importância para o perfeito funcio-
namento do motor. Por isso, você aprendeu sobre desenho mecânico, compreendendo o sentido
das unidades de medidas. Além disso, você pôde aperfeiçoar seus conhecimentos em paquímetro,
micrômetro e relógio comparador, reforçando a importância da utilização destes equipamentos
de metrologia.
4 Comprimento de uma linha reta que passa pelo centro de um círculo ou de uma esfera e que toca seus limites. A própria linha.
O raio que liga o centro de um círculo ou de uma esfera aos seus limites. Sua medida é a metade do comprimento do diâmetro.
Quando um microscópio ou telescópio amplia o tamanho de um objeto, o grau de ampliação é expresso em diâmetros.
Motores de Ciclo Otto
Quase todos os automóveis de série estão equipados com motores a pistão de quatro tempos,
tendo como diferença o número e a disposição de cilindros adotados para cada tipo de motor.
O pistão está ligado à árvore de manivelas por intermédio de uma biela, cuja finalidade é
transformar os movimentos retilíneos do pistão em movimentos rotativos da árvore de mani-
velas. Este é o tema do capítulo que se inicia.
Ao finalizar seus estudos, você estará apto a:
a) correlacionar, para fins de diagnóstico, as informações fornecidas pelo proprietário e o
histórico de manutenções com as especificações/indicações do manual do fabricante;
b) interpretar os procedimentos e normas técnicas aplicáveis à manutenção do motor e seu
sistema;
c) reconhecer os diferentes tipos de ferramentas e equipamentos utilizados na manutenção
de motor e seus sistemas, assim como as suas características, funções, formas de uso, afe-
rição e conservação;
d) reconhecer os diferentes tipos de testes de funcionamento do motor e seus sistemas as-
sim como a sua função, forma de execução e avaliação de resultados;
e) identificar, no plano de manutenção do motor e seus sistemas, os requisitos e parâmetros
a serem considerados nos serviços de manutenção, tendo em vista a orientação ao pro-
prietário e a identificação de eventuais necessidades de reparos adicionais;
f) fundamentar tecnicamente a necessidade de serviços adicionais no motor e seus sistemas;
g) reconhecer os possíveis impactos ou consequências das anomalias no motor e seus siste-
mas e em outros sistemas do veículo, tendo em vista a orientação ao proprietário.
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
52
Os motores de quatro tempos obedecem a uma sequência de funcionamento, sendo que o perfeito
sincronismo do motor é fator importante para manter a entrada da mistura ar/combustível compressão,
explosão e emissão dos gases pelo escape.
SAIBA Paro você conhecer mais sobre o assunto, pesquise no livro Motores de combustão
MAIS interna, de Franco Brunetti.
No tempo de admissão, o pistão desce puxado pela árvore de manivelas e inspira uma mistura de ar/
combustível através da abertura da válvula de admissão instalada no cabeçote, que se abre pela ação de
um ressalto na árvore de comando de válvulas, acionado por uma correia dentada ligada à árvore de ma-
nivelas. Ao final do curso do pistão, a árvore de manivelas terá girado 180 graus.
4 Motores de Ciclo Otto
53
No tempo de compressão, o pistão sobe impulsionado pela árvore de manivelas, comprimindo a massa
de ar/combustível na câmara de combustão, que aquece e homogeiniza a mistura, pois as válvulas de admis-
são e escapamento estão fechadas. Ao final do curso do pistão, a árvore de manivelas terá girado 360 graus.
D’imitre Camargo (2012)
No tempo de escapamento, a válvula de escapamento se abre antes do ponto morto inferior, o pistão sobe
impulsionado pela árvore de manivelas e expele os gases queimados para a atmosfera. Ao final do curso do
pistão, a árvore de manivelas terá girado 720 graus e completado o ciclo de quatro tempos (MARAN, 2013).
D’imitre Camargo (2012)
Neste caso, o pistão percorreu quatro cursos, correspondendo a duas voltas completas da árvore de
manivelas do motor, para que seja completado um ciclo de trabalho.
Foi Beau de Rochas, em 1862, que propôs a sequência até hoje aceita para a maioria dos motores de
ignição por centelha (CHOLLET, 1981).
Veja a seguir como fica a representação da ordem de ignição 1 – 3 – 4 – 2 em um motor, cuja explosão
é originada a cada 180 graus.
0/720° 180°
Bao (2015)
Nesses motores, o ciclo se completa com apenas dois cursos do pistão, correspondendo a uma única
volta da árvore de manivelas do motor. Os processos indicados no motor de quatro tempos são realizados
da mesma maneira no motor de dois tempos, entretanto, alguns deles se sobrepõe num mesmo curso
(BRUNETTI, 2012).
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
56
Câmara de Vela de
combustão ignição
Janela de Janela de
transferência escape
Janela de
admissão
Biela
Em 1878, Dugald Clerk idealizou o ciclo de dois tempos que pode ser utilizado em motores de ignição
por centelha ou por compressão (FIAT AUTOMÓVEIS, 2008).
Esses motores combinam, em dois cursos do pistão, as funções do motor de quatro tempos. Em outras
palavras, a cada volta da árvore de manivelas ocorre um curso do pistão, ou seja, um deslocamento do PMS
ao PMI e retorno ao PMS.
O pistão em direção ao PMS está comprimindo a mistura ao mesmo tempo em que descobre a janela
para a admissão da mistura, conforme mostra a figura a seguir.
Ana Fleck (2015)
Quando ocorre a expansão, o pistão é impulsionado para baixo e comprime, no cárter, a mistura que vai
ser utilizada no tempo seguinte. Em direção ao PMI, o pistão abre a janela de descarga e os gases queima-
dos na combustão são expulsos do cilindro.
O pistão libera a janela para a transferência da mistura que estava sob pressão no cárter para ser quei-
mada, iniciando o ciclo novamente, como você pode observar na figura a seguir.
O nome motor de combustão significa que o motor utiliza a energia do fogo para realizar trabalhos
mecânicos. Os motores de combustão podem ser classificados de diferentes maneiras:
a) se a chama ocorre dentro do cilindro, como é o caso dos motores a gasolina, álcool ou diesel, o motor
é de combustão interna, também chamado endotérmico.
b) se a chama ocorre fora do cilindro, que é o caso da antiga máquina a vapor de James Watt, o motor é
de combustão externa, ou exotérmico (FIAT AUTOMÓVEIS, 2008).
Os motores de combustão interna também podem ser classificados de acordo com o quadro a seguir.
ar (Diesel).
Quanto à propriedade do gás na admissão,
mistura ar-combustível (Otto).
por centelha.
Quanto à ignição,
por compressão.
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
58
Os motores podem estar classificados quanto à disposição de cilindros, sendo que os mesmos possuem
características e dimensões diferentes.
As figuras a seguir mostram esquematicamente 3 disposições típicas: cilindros em linha, em V e opostos5
ou boxer (BRUNETTI, 2012).
Do autor ([20--?])
5 De maneira ou de modo oposto: embora fossem parecidos, naquele momento comportaram-se opostamente. Que está ou se
encontra oposto.
4 Motores de Ciclo Otto
59
Após conhecer tipos de motores é importante que você aprenda a interpretar manuais para poder exe-
cutar serviços de restauração adequadamente.
Saber utilizar apropriadamente os manuais é fazer valer todas as exigências determinadas pelo fabri-
cante. Seguindo essas orientações, o proprietário do veículo estará sempre seguro de que seu veículo está
bem cuidado.
Uma boa observância6 nos itens de um manual vai garantir a originalidade e durabilidade dos compo-
nentes do veículo, pois o entendimento de alguns pontos importantes como, a troca de óleo do motor, do
fluido do freio, e das revisões preventivas viabiliza a realização de um bom trabalho de reparação.
Para desenvolver um olhar mais técnico, você precisa conhecer e entender também os manuais de
manutenção do veículo, pois eles podem auxiliar você a manter a garantia do serviço.
Ao consultar a literatura técnica, lembre-se de utilizar algumas dicas básicas, tais como:
a) verificar se o sistema que você está analisando é o mesmo existente na literatura;
b) observar se existe alguma dica de serviço ou boletim de informação técnica, que indique algum
serviço a ser realizado neste sistema;
c) identificar os veículos envolvidos e se possível a numeração de chassis (série);
d) analisar primeiramente os procedimentos, se estes existirem, antes de iniciar qualquer serviço no veículo;
e) verificar se existem EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) e normas de segurança a serem
cumpridos para a execução do serviço.
6 Ação ou efeito de observar, de praticar com fidelidade alguma coisa; execução, cumprimento do que prescreve uma regra,
uma lei..
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
60
CASOS E RELATOS
Recapitulando
Nesse capítulo, você estudou que os motores precisam de uma sequência lógica para entrar em
funcionamento, e que nesta sequência, independente do motor ser de dois ou quatro tempos,
quatro, seis ou oito cilindros, ele sempre obedecerá uma sequência de trabalho.
Você também entendeu a importância de conhecer os manuais técnicos do veículo e segui-los
para realizar qualquer manutenção.
Conheça, na sequência, a arquitetura do motor de combustão interna.
4 Motores de Ciclo Otto
61
Anotações:
Arquitetura Geral
O motor de combustão interna pode ser considerado o coração do automóvel, pois é dele
que sai a força que promove o deslocamento do automóvel.
E nessa arquitetura podem ser encontrados os cilindros, pistões, bielas e virabrequim que
fazem parte do bloco, e válvulas e comandos que fazem parte do cabeçote.
Seu funcionamento só é possível graças ao sincronismo desses componentes, que controlam
simultaneamente a entrada da mistura e a saída dos gases para o escapamento. Este controle faz
com que o motor de combustão interna produza movimentos de rotação por meio de combus-
tões dentro de cilindros fechados. Ele se divide em três partes: cabeçote, bloco e conjunto das
bielas e árvore de manivelas.
Ao finalizar seus estudos neste capítulo, você estará apto a:
a) selecionar, com base no manual de reparação, ferramentas e equipamentos indicados
para o processo de remoção/desmontagem de componentes do motor e seus sistemas;
b) interpretar os procedimentos e normas técnicas aplicáveis à remoção/desmontagem de
componentes do motor e seus sistemas;
c) reconhecer tipos, características, funções, posicionamento e funcionamento dos diferen-
tes componentes que constituem o motor e seus sistemas como requisito para a inspeção
visual dos mesmos;
d) identificar, no manual de fabricante, as características dimensionais dos componentes do
motor e seus sistemas, tendo em vista a verificação de compatibilidade dos componentes
inspecionados;
e) interpretar as indicações do fabricante quanto aos critérios de manipulação e uso de fer-
ramentas e equipamentos aplicáveis à inspeção de componentes.
f) interpretar procedimentos e normas técnicas aplicáveis à inspeção de componentes do
motor e seus sistemas;
g) selecionar, com base no manual de reparação, as ferramentas indicadas para o processo
de reparação/substituição de componentes do motor e seus sistemas;
h) reconhecer os diferentes tipos de equipamentos de proteção individual (EPIs) aplicáveis à
reparação/substituição de componentes do motor e seus sistemas, assim como suas fina-
lidades, condições de uso (conservação) e orientações do fabricante;
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
64
5.1 Cabeçote
O cabeçote de um motor a explosão tem como fundição ferro liga para os veículos antigos, ou à base de
alumínio (duralumínio, alpax, etc.) para a maioria dos veículos atuais.
Esses materiais, por terem maior capacidade de conduzir o calor, impedem a formação de pontos quentes
nas partes internas do cabeçote. Instalado na parte superior do cilindro ele o fecha formando a câmara de
compressão e de explosão (CHOLLET, 1981).
Bao (2015)
Dependendo da marca e do tipo, o motor funciona com um ou mais cabeçotes instalados na posição
vertical ou inclinada. É o cabeçote que fecha a parte superior do motor e nele são desenvolvidas diversas
funções, tais como:
a) através do comando de válvulas, controla a abertura das válvulas para a entrada da mistura e a saída
dos gases produzidos na combustão;
b) faz a ligação dos dutos de óleo e água para o arrefecimento e lubrificação dos componentes móveis;
c) é o local onde se formará a câmara de combustão, mantendo-as vedadas, para garantir a compressão
do motor e o máximo aproveitamento da energia produzida na queima do combustível;
5 Arquitetura Geral
65
d) serve de fixação para as velas de ignição, guias de válvulas, válvulas e mancais de apoio do conjunto
dos balancins ou comando de válvulas.
Segundo Oliveira (2003), a face inferior do cabeçote deve ser rigorosamente plana para que a vedação
da mistura seja a mais perfeita possível.
O cabeçote tem, ainda, cavidades para formar as câmaras de combustão em conjunto com os cilindros.
Essas câmaras de combustão precisam ser hermeticamente fechadas para não haver perda de compres-
são. É por isso que existe uma junta de vedação, instalada entre o cabeçote e o bloco.
Bao (2015)
A junta do cabeçote tem as funções de vedação entre o bloco e o cabeçote, vedação de um cilindro para
o outro, vedação dos dutos de óleo e água.
A junta tradicional é fabricada de amianto e recebe reforços metálicos para resistir a altas temperaturas
e pressões causadas pela combustão da mistura. Toda vez que o cabeçote for removido, a junta deverá ser
substituída.
Nos motores novos, essa junta tradicional foi substituída por uma junta toda metálica para vedar os
aumentos de compressão nestes motores e, também, proporcionar um menor consumo de lubrificante,
devido ao melhor nível de acabamento das superfícies do bloco e do cabeçote.
FIQUE Para obter o aperto correto dos parafusos, retire, com uma seringa, o óleo que possa
ALERTA encontrar-se nos orifícios de fixação do cabeçote de motor.
Dependendo do tipo de distribuição mecânica aplicada nos motores encontra-se tipos de cabeçotes
diferentes. Estes podem ser:
a) cabeçote com conjunto de balancins, sem árvore de comando de válvulas (OHV): isso significa que
no cabeçote estão alojados somente os balancins, válvulas e mecanismos, e a árvore de comando de
válvulas está instalada dentro do bloco do motor e as válvulas são operadas através de levantadores,
varetas e balancins.
Haste impulsora
Válvula de admissão
que ao abrir-se
Engrenagem do permite a entrada
virabrequim da mistura gasosa
no cilindro
O tucho transmite
o movimento do
excêntrico à haste
impulsora e esta
por sua vez ao
balancim
Comando de
Engrenagem do Excêntrico válvulas
comando de válvulas: num ou ressalto
Do autor ([20--?])
b) cabeçote com árvore de comando de válvula e demais dispositivos de válvulas (OHC): significa
que o comando está no cabeçote em contato com os mecanismos de distribuição, tuchos e válvulas.
Correia de Comando de
distribuição válvulas
Tuchos
Válvulas
c) cabeçote em que há comando de válvulas e dispositivos de válvulas (DOHC): significa duplo co-
mando no cabeçote, e a maioria dos carros modernos estão vindo com motores DOHC, são motores
que têm duas árvores de cames e quatro válvulas por cilindro.
Uma árvore de cames opera as válvulas de admissão que estão instaladas em um lado, enquanto outro
eixo de comando controla válvulas de escape no lado oposto.
Correia de Comandos de
distribuição válvulas
Válvulas
Davi Leon (2015)
Ao conjunto de dispositivos que é responsável pela admissão da mistura ar/combustível no motor e depois
pela saída dos gases no escape chama-se de distribuição mecânica. Estes dispositivos são compostos por:
a) eixo de comando de válvulas;
b) tuchos das válvulas;
c) molas das válvulas;
d) válvulas.
Conheça as válvulas por meio da próxima figura.
Bao (2015)
5.1.3 Funcionamento
Como o eixo de comando de válvulas gira sempre a metade de voltas da árvore de manivelas (virabre-
quim), a relação de transmissão das engrenagens de distribuição é sempre 1/2.
A posição exata da engrenagem de distribuição é marcada na fábrica no momento da montagem. Essa
marcação corresponde geralmente à posição do primeiro pistão em PMS. No momento da montagem do
motor é sempre importante verificar esta marcação.
Nas distribuição por engrenagem, a marcação é feita por traços ou pontos marcados em todos os dentes.
Engrenagens de
distribuição
Pontos de
sincronização
Quando a distribuição é acionada por corrente ou por correia dentada, a marcação das engrenagens afas-
tadas umas das outras é realizada por meio de traços que fazem coincidir simultaneamente com a linha reta
que liga o eixo das duas engrenagens dentadas (CHOLLET, 1981), como pode ser visto nas próximas figuras.
Engrenagens de
distribuição
Pontos de
Ana Fleck (2015)
sincronização
Corrente
Figura 52 - Sincronismos por corrente
Fonte: adaptado de Fiat Automóveis (2008)
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
70
Engrenagens de
sincronização
Correia
dentada
Tensor
Pontos de
CASOS E RELATOS
Falta de confiança
Roberto é mecânico automotivo de uma concessionária, onde desenvolve várias atividades rela-
cionadas à manutenção. O chefe de oficina chama-se Cleber, que andava preocupado com Rober-
to, pois sempre que o mesmo realizava uma revisão em um veículo e que precisasse substituir a
correia dentada, Roberto fazia a remoção da correia, instalava a nova e, no momento de tensioná-
-la, ele chamava outro mecânico para realizar o trabalho.
Após observá-lo por um tempo, Cleber chamou Roberto para conversar e perguntou porque ele
não tensionava a correia dentada, pois, quando era necessário realizar esse trabalho, ele chamava
outro mecânico.
Roberto respondeu que tensionar uma correia dentada era um serviço de muita responsabilidade,
pois se ele esticasse demais a correia, ela poderia arrebentar e danificar o motor, e se a deixasse
frouxa, ela poderia pular um dente e o veículo poderia apresentar funcionamento irregular. Por
isso, ele pedia para outro mecânico realizar o procedimento.
Após essa conversa, o chefe de oficina o proibiu de pedir para outro mecânico tensionar a correia
dentada. Ele poderia chamar um mecânico para verificar se a correia tensionada por ele estava
funcionando adequada, mas não poderia mais terceirizar esse serviço, visto que deveria adquirir a
competência para executá-lo.
5 Arquitetura Geral
71
A partir desse dia, Roberto passou a tensionar a correia dentada dos veículos em que fazia manu-
tenção e chamar um colega para conferir o serviço. Com o passar do tempo, começou a ter mais
confiança em seu trabalho e não pediu mais ajuda.
Você compreendeu o funcionamento do cabeçote? Então, prepare-se para estudar agora o cruzamento
de válvulas.
O cruzamento de válvulas influencia os momentos de abertura e de fechamento das válvulas para pro-
porcionar o melhor rendimento do motor e contribuir para minimizar a poluição do veículo.
Válvula de admissão
Segundo Chollet (1981), a abertura da válvula de admissão pode ocorrer a 20° (graus) antes ou 10°
(graus) depois do ponto morto superior. Acontece antes do PMS quando o came é de transmissão progres-
siva e depois do PMS quando o came é de transmissão rápida.
O momento de abertura influencia muito pouco no enchimento dos cilindros nos motores habituais.
Por outro lado, nos motores munidos de um compressor, o avanço da abertura de admissão permite lim-
par a câmara de explosão enquanto a válvula de escape ainda está aberta. Isto resulta no melhor enchi-
mento do cilindro e um melhor rendimento volumétrico.
O fechamento da válvula de admissão dá-se sempre depois do PMI com um certo atraso, em torno de
25° a 30° (graus) dependendo do tipo e modelo do motor. Este ângulo de atraso determina diretamente as
características de flexibilidade do motor.
Válvula de escape
A abertura da válvula de escape acontece sempre antes do PMI, em um ângulo compreendido entre
25° e 60°. O avanço ao escape é destinado a baixar a pressão interna do cilindro antes da subida do pistão
e a diminuir, portanto, a contrapressão.
O fechamento da válvula de escape efetua-se sempre depois do PMS, com cerca de 2 a 15° de atraso.
Para qualquer espécie de motor, com qualquer regime de rotação, é necessário que, durante o curto ins-
tante de paragem do pistão no PMS, os gases queimados possam ainda escapar da câmara de explosão.
Observe a figura a seguir para visualizar como esse processo ocorre. Em seguida, conheça o comando
de válvulas.
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
72
PMS
14º 10º
Admissão
Descarga
Cruzamento de
válvulas
54º
27º
A árvore de comando de válvulas é fabricada em aço especial e seu formato tem desenhos de usi-
nagem no qual estão localizados os cames e alojamentos para os mancais de fixação, estes conhecidos
como munhões. Em alguns tipos de motores, esses comandos são fixos através de buchas ou bronzinas.
A quantidade de munhões de fixação depende do tipo e modelo do motor, mas sempre terá um número
expressivo para que não ocorra empenamento.
Cames
Munhões
Bao (2015)´
Mancais
Pode-se observar que os cames são usinados em formato oval, em posições diferentes em relação ao
seu eixo, e sua função principal é fazer o acionamento dos dispositivos das válvulas por meio dos tuchos
ou balancins, fazendo assim a abertura e permitindo o fechamento das válvulas.
Após conhecer sua arquitetura, pode-se citar algumas funções da árvore de comando de válvulas:
a) realizar o sincronismo de abertura e fechamento das válvulas em relação ao sobe e desce do êmbolo;
b) manter a sequência de explosão dos cilindros;
c) ser responsável pelo limite de rotação do motor.
5.1.6 Tucho
São componentes mecânicos que transmitem os movimentos provenientes dos cames para as hastes
do comando de balancim ou diretamente para as hastes das válvulas.
Essa folga de dilatação varia conforme modelo e tipo de motor, ela é sempre indicada pelo fabricante
como maior para a válvula de escape e menor para a válvula de admissão.
Existem dois tipos de tuchos utilizados pelos motores automotivos:
a) Tucho convencional (mecânico);
b) Tucho hidráulico.
Conforme Chollet (1981), os tuchos de válvula mecânicos são de aço nitrado ou de fundição temperada.
Nos motores de válvulas laterais, eles têm sempre um batente de regulagem por parafuso ou por placas.
Deixa-se uma folga entre o tucho e a válvula, de modo que esta repouse completamente no seu assento
e que sua dilatação, sob o efeito do calor, possa se movimentar livremente.
Bao (2015)
Já nos motores com eixo de comando de válvulas e contato direto, a haste da válvula termina por uma
capa regulável, na qual a folga de dilatação é medida entre o came de comando de válvulas e a capa da
válvula, como pode ser observado na figura a seguir.
Bao (2015)
Figura 57 - Regulagem de válvulas com calibre de lâminas através de tuchos mecânicos
Fonte: Bao (2015)
O tucho hidráulico garante um contato permanente entre o eixo comando e o balancim, dispensando
qualquer necessidade de regulagem, e melhorando, assim, o acionamento das válvulas e a performance
do motor.
Bao (2015)
5.1.7 Válvulas
As válvulas dos motores a combustão têm como função principal a entrada da mistura ar-combustível,
no momento da admissão, e a saída de gases provenientes da combustão na fase de escape.
5 Arquitetura Geral
75
Essas válvulas, aplicadas nos cabeçotes dos motores, são hastes que possuem uma característica específi-
ca para cada tipo de construção de motor com suas extremidades achatadas, em forma de disco, e sua sede
se assenta perfeitamente com as sedes do cabeçote. Observe a arquitetura de uma válvula na próxima figura.
Cabeça
Face de Margem
assentamento
Haste
Canaleta
Bao (2015)
Pé da válvula
Figura 59 - Arquitetura da válvula
Fonte: Bao (2015)
Como são instaladas no cabeçote, no interior das câmaras de combustão, as válvulas precisam resistir:
a) à temperatura elevada causada pela combustão;
b) ao desgaste mecânico por atrito com as guias de válvulas e sedes do cabeçote;
c) à corrosão através de gases em altas temperaturas.
Para que as válvulas possam resistir aos fatores acima citados, elas devem ser produzidas em aços ino-
xidáveis, sendo que a escolha do aço varia de acordo com o nível de tensão, temperatura e o ambiente em
que trabalham.
Para atender a essas características há dois tipos de válvulas, de acordo com sua função e aplicação:
a) Válvula de admissão;
b) Válvula de escapamento.
A válvula de admissão tem como função permitir a entrada da mistura de ar e combustível na câmara
de combustão, no tempo exato de sua admissão, causada pelo êmbolo, e vedar a abertura de admissão, no
tempo exato de sua compressão, também causada pelo êmbolo.
A válvula de escape tem como função permitir a saída dos gases resultantes da queima da mistura e
vedar a abertura de escapamento no tempo exato de compressão.
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
76
Pelo fato das válvulas de escape receberem temperaturas elevadas pela passagem dos gases, alguns
modelos têm em seu interior sais de sódio no estado sólido. O sódio, quando aquecido, torna-se líquido,
melhorando a refrigeração.
Dependendo do tipo e aplicação do motor, ele pode vir de fábrica com 8, 16, 20 ou mais válvulas.
Quanto maior a quantidade de válvulas no cilindro, maior será sua durabilidade, pois por terem tamanhos
reduzidos melhoram o resfriamento.
Bao (2015)
Figura 60 - Cabeçote com várias válvulas
Fonte: Bao (2015)
SAIBA Para mais informações sobre os componentes fixos e móveis do motor, acesse o site
MAIS <www.omecanico.com.br> e faça uma busca pelo assunto.
As guias de válvulas são fabricadas em latão, ferro fundido ou aço. Têm forma cilíndrica e são colocadas
sob interferência7 em perfurações existentes no cabeçote, na parte superior têm um rebaixo para encaixe
do vedador de óleo.
Como já se sabe, o motor em funcionamento gera muito calor durante a combustão e esse calor pro-
voca forte aquecimento na cabeça da válvula, local onde a temperatura é dissipada através das guias de
válvulas. Veja as guias das válvulas na figura a seguir.
7 A montagem sob interferência mecânica consiste na união de duas peças para formar um único conjunto. Podem ser realiza-
das de duas formas: processo de frio por pressão mecânica ou processo quente, no qual uma das peças passa por aquecimento
para que ocorra a dilatação e montagem.
5 Arquitetura Geral
77
Guias de válvulas
Bao (2015)
Figura 61 - Guias das válvulas
Fonte: Bao (2015)
As guias das válvulas em boas condições permitem que elas trabalhem satisfatoria-
FIQUE mente por longos períodos de tempo. Uma excessiva folga entre a haste da válvula e
ALERTA a guia pode levá-la a inclinar-se, impedindo assim uma boa vedação, que resulta em
queima da válvula.
5.1.9 Retentor
O retentor (vedador) de válvula tem como função fazer a vedação do óleo lubrificante que pode vazar
para dentro das câmaras de combustão.
Bao (2015)
As válvulas do cabeçote funcionam realizando movimentos de sobe e desce através dos cames do co-
mando. Para que esse movimento alternado obedeça o padrão de fábrica, ele precisa de dispositivos mon-
tados em seu corpo. São eles:
a) molas;
b) prato;
c) chavetas.
Estes dispositivos você pode visualizar na figura a seguir. Além de conhecer, detalhadamente, cada um
deles na sequência.
Chavetas
Prato
Mola
Bao (2015)
Molas
A mola, que é montada nas válvulas, é fabricada de aço especial, e o seu comprimento e sua resistência
à compressão mecânica são dimensionados de acordo com o tipo de motor.
5 Arquitetura Geral
79
Bao (2015)
Figura 64 - Molas das válvulas
Fonte: Bao (2015)
A função da mola é aprisionar a válvula com o auxílio dos pratos, cuja haste da válvula fica no seu inte-
rior, e fazer com que sua face de assentamento fique pressionada em direção à sede do cabeçote.
Prato
Os pratos das válvulas são fabricados de aço especial e têm forma circular. O centro do prato tem um
furo que serve de passagem para a válvula e encaixe das chavetas de travamento. Observe a figura do
prato a seguir.
Bao (2015)
Chavetas
As chavetas são peças de aço em forma de meia lua e cônica. São encaixadas no furo central do prato
que, com a pressão da mola força a trava contra a canaleta de encaixe da haste da válvula.
Bao (2015)
Figura 66 - Chavetas da mola das válvulas
Fonte: Bao (2015)
Outro componente muito importante é a junta do cabeçote, que você conhecerá a seguir.
A junta do cabeçote tem por função fazer a vedação da câmara de combustão, galerias d’água e óleo.
Bao (2015)
É uma junta metaloplástica8 ou, por vezes, uma junta de cobre recozido muito fina e amianto, receben-
do reforço metálico para resistir a altas temperaturas e pressão.
Outro componente muito importante do motor é o bloco. Nele estão agregados outros componentes,
como cilindros e êmbolos.
5.2 Bloco
O bloco é a estrutura principal do motor no qual estão agregados, entre outros, os seguintes elementos:
a) cilindros e êmbolos;
b) árvore de manivelas;
c) cabeçote.
Comece estudando o pistão, ou êmbolo.
O êmbolo é uma peça do motor que tem a função de transmitir a força da expansão dos gases no
cilindro para a árvore de manivelas através dos movimentos retilíneos alternativos da biela. Possui as
seguintes características:
a) baixo peso para se mover com facilidade;
b) alta resistência;
c) rápida dissipação de calor.
Observe o pistão na figura a seguir.
Bao (2015)
8 Que tem o caráter de um metal e de alguma substância plástica: junta metaloplástica. Que diz respeito à metaloplastia. Fonte:
<http://www.dicio.com.br>.
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
82
Constituição
O êmbolo é uma peça do motor fabricado em liga de alumínio que resiste à pressão e temperatura
provenientes da combustão. Ele tem forma cilíndrica, sua parte superior é fechada com rebaixos usinados
em formato de valetas para o alojamento dos anéis. A parte inferior é aberta, na grande maioria, com abas
conhecidas como saia e, ao centro, um foro para alojamento do pino, que o fixará à biela.
A parte superior do êmbolo pode ter superfície plana, côncava ou convexa. Para atender essas caracte-
rísticas, o êmbolo depende do tipo de motor e combustível a ser utilizado.
O êmbolo em sua construção tem um formato cônico para que no momento do aquecimento se torne
cilíndrico e sua lateral totalmente reta.
Nomenclatura do êmbolo
É importante padronizar o uso das denominações das partes do pistão; por isso, a seguir, você conhecerá as
nomenclaturas9 mais usuais, bem como sua definição. Observe a figura e, em seguida, cada parte do êmbolo.
A
Cabeça
KH
Zona de fogo
ZA
Zona de anéis
B-
Saia
adaptado de Bao (2015)
a) A – Cabeça – Parte superior do pistão, situada acima da saia, onde estão localizadas todas ou quase
todas as canaletas para anéis.
b) ZA – Zona de Anéis – Parte da cabeça onde estão localizadas as canaletas para os anéis.
c) KH – Zona de Fogo – Parte da zona dos anéis compreendida entre o topo e a 1ª canaleta. Nesta zona
podem existir ressaltos ou ranhuras para redução do atrito com a parede do cilindro que atuam como
barreira térmica.
d) B – Saia – Parte do pistão compreendida entre a cabeça e a boca. A saia forma uma superfície de
deslizamento e guia do pistão dentro do cilindro (MAHLE 2013).
Pino
Ao observar o pino é possível perceber que ele é fabricado em aço especial tratado, para garantir alta
resistência ao desgaste proveniente da força aplicada durante a combustão. Este pino é descentralizado
para eliminar a possibilidade de ruído proveniente da saia do êmbolo contra o cilindro do bloco. Há vários
tipos de fixação do pino no pistão:
a) Pino Flutuante: este tipo de pino desliza livre no êmbolo e na biela, e o que limita seu deslocamento
lateral é um anel trava;
b) Pino Semiflutuante: este tipo desliza livremente no êmbolo e é preso na biela, normalmente por
interferência mecânica;
c) Pino Fixo: este tipo, considerado totalmente fixo, é preso no êmbolo por meio de parafuso, trava ou
interferência e não tem movimento de rotação.
Veja um tipo de pino do pistão na figura a seguir.
Bao (2015)
O próximo componente a ser estudado são os anéis. Também fundamentais para o funcionamento
correto do bloco.
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
84
5.2.2 Anéis
Segundo Chollet (1981), os anéis são de ferro doce ou de aço. Asseguram a vedação do pistão e a raspa-
gem do excedente de óleo que teria tendência a acumular-se na câmara de explosão.
Bao (2015)
Figura 71 - Tipos e modelos de anéis
Fonte: Bao (2015)
Os anéis duplos e os extensíveis, que você pode ver na figura anterior, são frequentemente utilizados
para diminuir as concentrações de óleo em um motor usado.
Os anéis de segmento, que podem existir em número de dois ou três por pistão, são anéis de compressão
ou de gás, cuja função principal consiste em formar uma vedação à passagem do gás.
Abaixo destes, encontra-se o anel de raspagem ou de óleo, que raspa o óleo em excesso do cilindro, na
descida do pistão, e envia-o novamente para o corpo dos cilindros através de orifícios abertos na parede
do pistão, na base da ranhura do anel (SULLY, 1985).
Segundo o Manual Doutor em Motores (1985), para facilitar a compreensão dos anéis é importante conhe-
cer os nomes dados as suas diversas partes e suas medidas principais, conforme você verifica na figura a seguir.
Lateral
Indicação de
montagem para
cima
Face interna
Davi Leon (2015)
Face externa
a) Face Externa: é a parte do anel que fica em contato (total ou parcial) com a parede do cilindro. É
também chamada de “face de trabalho” ou “face de contato”;
b) Face interna: é o lado do anel que fica voltado para o fundo da canaleta do pistão;
c) Altura: é a distância entre as faces laterais do anel, medida normalmente em milímetros e em alguns
casos, em frações de polegadas;
d) Espessura Radial: é a distância entre as faces externas e internas do anel, tendo medidas sempre em
milímetros.
A altura e a espessura você pode visualizar na figura a seguir.
Altura
Espessura radial
Davi Leon (2015)
e) Folga Lateral: é a folga medida no sentido da altura do anel, ou seja, é a distância entre a face lateral
do anel e a lateral superior da canaleta;
f) Folga Traseira: é a folga entre a face interna do anel e o fundo da canaleta do pistão, quando estes
estão instalados e centrados no cilindro, como pode ser observado na próxima figura.
Folga
lateral
Folga
Davi Leon (2015)
traseira
g) Diâmetro Normal: é o diâmetro externo do anel, “fechado” no diâmetro do cilindro para o qual foi
projetado. É, portanto, igual ao diâmetro nominal do cilindro, sendo medido em milímetros ou polegadas;
h) Folga entre Pontas: é a distância entre as extremidades do anel, medida com ele instalado em um
cilindro de diâmetro correspondente. Um exemplo de folgas pode ser visualizado na figura a seguir.
Bao (2015)
Figura 75 - Folga entre pontas do anel
Fonte: Bao (2015)
Essa folga varia conforme o diâmetro do anel e com o tipo de aplicação a que se destina.
Os anéis de pistão têm três funções principais que, resumidamente, são as seguintes:
1ª: vedar a câmara de combustão em relação ao cárter, impedindo que os gases da combustão ou a
pressão de compressão passe para o cárter;
2ª: transmitir o calor absorvido pela cabeça do pistão para as paredes do cilindro e dela para o sistema
de arrefecimento;
3ª: controlar a lubrificação dos cilindros.
Para atender a todos esses requisitos, simultaneamente, foi necessário desenvolver dois tipos básicos
de anéis: os de compressão e os de óleo.
Anéis de compressão
Os anéis de compressão normalmente são de ferro forjado e têm seu diâmetro superior ao da camisa, e
exercem, portanto, uma pressão radial quando estão comprimidos dentro do cilindro.
5 Arquitetura Geral
87
Eles são cerca de 0,05 mm a 0,075 mm mais finos do que as ranhuras existentes no pistão, assegurando,
assim, a liberdade de oscilação dentro da ranhura e permitindo que a pressão do gás atue atrás dos seg-
mentos e aumente a força radial.
Quando o pistão sobe (fases de escape e compressão), o anel é empurrado contra a face inferior da ra-
nhura, fechando a abertura de fuga em torno da base do anel. Devido à pressão do gás, o anel mantém-se
ainda nesta posição durante a fase de expansão.
Quando o pistão se move para baixo, na fase de admissão, o anel move-se para cima, encostando na
fase superior da ranhura.
Bao (2015)
Se os anéis ou faces das ranhuras estão desgastados, fugas de compressão e de bombagem de óleo
podem ocorrer.
Os segmentos de compressão inferiores apresentam, muitas vezes, uma ponta boleada e são montados
colocando o menor diâmetro da face plana para cima, de modo a manter-se, inicialmente, apoiados no ori-
fício pela sua aresta de baixo. Isto permite que os anéis não empurrem a película de óleo durante a descida
do pistão, causando um alto consumo de óleo (SULLY, 1985).
Anel do óleo
As pontas na face superior e inferior do anel apresentam finas superfícies de contato com a parede do
cilindro que permitem exercer uma alta pressão sobre aquela parede. O óleo em excesso é raspado para a
ranhura e para os orifícios de descarga existentes no pistão.
Sua função é reduzir o consumo de óleo depois de grande quilometragem, desde que os orifícios de
cilindro e os pistões não estejam demasiadamente desgastados.
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
88
Bao (2015)
Figura 77 - Anéis do óleo
Fonte: Bao (2015)
Em sua maioria, os anéis de compressão são direcionais, sendo desenhados de forma a deslizar sobre o
filme de óleo no curso ascendente do pistão e remover o excesso de óleo da parede do cilindro no curso
descendente. Por esta razão, esses anéis têm uma posição definida de montagem, não podendo ser mon-
tados de qualquer lado.
As figuras apresentadas a seguir mostram a posição correta de montagem de alguns tipos de anéis de
compressão mais utilizados.
5 Arquitetura Geral
89
No momento da instalação dos anéis deve-se sempre fazer da maneira correta, virando para cima a face
em que se encontra a marcação para cima ou top.
As aberturas dos anéis devem estar espaçados igualmente em torno do pistão e sua montagem deve
ser realizada utilizando ferramentas apropriadas.
Bao (2015)
Concluída essa montagem, os anéis e pistão devem ser bem lubrificados com óleo limpo (de motor)
a fim de garantir uma boa lubrificação nos primeiros movimentos de funcionamento do motor e evitar a
ocorrência de escoriações ou engripamentos.
Anéis quebrados ou com suas aberturas alinhadas também causam problemas de vedação, molhando
as velas de ignição de óleo e apresentando perda de taxa de compressão. Na grande maioria, os pistões
têm dois anéis de compressão e um anel raspador de óleo, e sua montagem no pistão deve ser feita com
suas pontas defasadas de 120°.
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
90
Já em um pistão de 4 canaletas a localização das pontas dos anéis é um pouco diferente. Veja a seguir.
Davi Leon (2015)
As bielas, que você conhecerá a seguir, também compõem o bloco do motor. Entenda por que são
importantes.
5 Arquitetura Geral
91
5.2.3 Bielas
A biela é uma peça do motor que faz a ligação entre o pistão e a árvore de manivelas. Construída de
aço-liga, sua função é transmitir os movimentos provenientes dos pistões para a árvore de manivelas. É
constituída de três partes:
Corpo da biela: é a parte central da biela. Local de maior resistência com perfil em I. Existem alguns
modelos de bielas com um furo no centro para permitir a passagem do óleo lubrificante;
Pé da biela: é a parte superior da biela. Tem um furo para o alojamento do pino do pistão, que em al-
guns tipos têm o pino preso por interferência mecânica ou por meio de uma bucha;
Cabeça da biela: é a parte inferior da biela onde se encontra o furo maior para o acoplamento ao mo-
ente da árvore de manivelas.
A parte de baixo da biela é dividida em duas partes, uma é o próprio corpo da biela e outra uma meia
lua separada, chamada de capa. Nos dois lados, tanto na parte superior como na capa, são montadas bron-
zinas para um prefeito assentamento.
Pino
Pé
Corpo
Cabeça
Capa
Bao (2015)
Figura 82 - Biela
Fonte: Bao (2015)
Sempre que for preciso realizar a manutenção da biela, esse procedimento deve ser feito apenas por
pessoas especializadas ou no momento do recondicionamento do motor, pois será observado se há em-
penamentos do corpo da biela e desgastes acentuados na bucha. Dependendo do tipo e da aplicação, os
motores podem vir com dois tipos de bielas, sendo que as mais usuais são as bielas fraturadas, que podem
ser de dois tipos. Veja a seguir.
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
92
No processo de craqueamento10, a biela e sua capa são produzidas em uma única peça e, posteriomen-
te, por meio de uma ferramenta, que exerce uma grande força, se obtém a separação das duas peças; por
isso, ele se chama também “biela fraturada”.
Bao (2015)
Figura 83 - Biela por fratura
Fonte: Bao (2015)
Por Corte
No procedimento de corte, a biela e sua capa são fabricadas em uma única peça, com material sobres-
salente para serem separadas, posteriormente, através de usinagem (OLIVEIRA, 2003), como pode ser ob-
servado na figura a seguir.
Bao (2015)
10 Processo pelo qual hidrocarbonetos relativamente pesados, tais como óleos combustíveis e nafta de petróleo, são fraciona-
dos em produtos mais leves, tais como gasolina e etileno, mediante calor, pressão ou catalisadores; cracking. Fonte: Michaelis On
line (2015).
5 Arquitetura Geral
93
Além do êmbolo, dos anéis e da biela, as bronzinas fazem parte do bloco do motor e você as estudará
no próximo item.
As bronzinas são feitas em duas metades, utilizadas nos moentes e nos munhões são colocadas uma na
parte inferior e outra na parte superior, por meio dos engates com ranhuras nas suas extremidades, para
proporcionar o encaixe perfeito. O conjunto é fechado por parafusos e as capas podem ser feitas de metal
branco (liga à base de estanho ou chumbo) ou de um metal antifricção de cobre e chumbo.
D
Davi Leon (2015)
Elas possuem um furo ou uma ranhura no centro para realizar a lubrificação, o que evita o superaqueci-
mento e, também, que a peça entre em fadiga.
Trava da bronzina
O último componente do bloco do motor que você estudará é o virabrequim ou árvores de manivelas.
Siga em frente.
Conforme Chollet (1981, p. 56), “o virabrequim é de aço ao cromoníquel forjado, depois tratado a resis-
tência (temperatura e revenimento). Ainda é possível encontrar, em funcionamento, alguns virabrequins
cementados11”.
Os virabrequins modernos são fundidos em fundição especial, contendo uma liga de cobre, de silício,
de cromo e de manganês. A fundição permite fabricar virabrequins mais leves e mais simples. Por outro
lado, eles são mais resistentes ao desgaste e sofrem menores vibrações devido aos esforços de torção.
Munhões
Moentes
Orifício de lubrificação
A figura anterior mostra as partes do virabrequim, que você conhecerá em detalhes a seguir.
Munhões
Os munhões são agrupados na linha do eixo virabrequim permitindo seu movimento. O apoio do vira-
brequim ao bloco do motor é feito através de mancais, os quais são munidos de meias-luas (bronzinas). É
através de orifícios nos munhões do virabrequim que circula o óleo lubrificante para lubrificar os moentes.
11 Característica do que se forjou, do que foi moldado em forja para adquirir um determinado aspecto ou uma determinada
forma. Fonte: <http://www.dicio.com.br>.
5 Arquitetura Geral
95
Sempre que houver falta de lubrificação ou desgaste natural dos munhões (por quilometragem) este
componente deve passar por retífica.
Moentes
Os moentes são os locais onde as bielas são presas, são agrupados dois a dois sobre o mesmo plano. É
através de orifícios nos munhões do virabrequim que os moentes recebem a lubrificação.
Sempre que houver falta de lubrificação ou desgaste natural dos moentes (por quilometragem), este
componente deve passar por retífica.
Conheça a seguir o cárter, o próximo componente do motor de combustão interna.
5.3 Cárter
O cárter é um reservatório no qual o óleo lubrificante fica depositado. É ele quem abastece o motor no
momento da lubrificação.
O cárter, além de servir como reservatório de óleo lubrificante, funciona como uma carcaça que protege
os órgãos internos do motor. Ele é fixado ao bloco do motor através de parafusos, e utiliza uma junta de
vedação evitando a saída do óleo lubrificante.
Essas juntas de vedação podem ser de cortiça ou borracha, ou ainda cola silicone que resiste a altas
temperaturas.
Segundo Brunetti (2012, p. 42), “os dois tipos usuais de cárter empregados em MCIs (Motores de Com-
bustão Interna) são o úmido e o seco. O cárter úmido é aplicado aos motores convencionais sendo esta a
versão mais utilizada. Como inconveniente, está o fato de aumentar a altura final dos motores”.
O cárter seco é aplicado aos motores horizontais, normalmente, utilizado em ônibus e nos motores de
competição. Esses motores trabalham com duas bombas para o movimento do óleo lubrificante sendo:
a) bomba de transferência;
b) bomba principal.
As principais funções do cárter são:
a) diminuir o movimento do lubrificante, separando o ar, óleo e espuma;
b) armazenar o óleo;
c) promover a troca de calor.
Existem, basicamente, dois tipos de cárter. Conheça-os por meio das figuras apresentadas a seguir.
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
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Bao (2015)
Figura 88 - Cárter do motor em alumínio e em chapa
Fonte: Bao (2015)
Em alguns tipos de cárter encontra-se, na parte interna, uma chapa de aço que serve para reduzir o mo-
vimento brusco do óleo, evitando assim uma falha na lubrificação, principalmente, quando o veículo estiver
fazendo uma curva muito acentuada. Essa parte se chama defletor de óleo e você poderá visualizá-la a seguir.
Bao (2015)
A definição de junta do cárter é a combinação de materiais com o propósito de unir duas partes de uma
junção mecânica. Sua função é realizar a vedação entre as partes e mantê-las por um prolongado período
de tempo.
A junta deve ser capaz de vedar as suas faces de contato, ser resistente ao meio a ser vedado e também
suportar os requisitos de pressão e temperatura durante a sua aplicação.
Existem três tipos de junta do cárter: a de cortiça com borracha, a de borracha e a de metal e borracha.
Conheça cada uma delas por meio da figura a seguir.
5 Arquitetura Geral
97
Bao (2015)
borracha borracha
Figura 90 - Tipos de juntas do cárter
Fonte: Bao (2015)
A função da bomba de óleo é fazer a circulação forçada do óleo lubrificante pelas galerias do motor até
as partes a serem lubrificadas. O óleo, além de funcionar como lubrificante, contribui para o arrefecimento
do motor.
Dentro dos modelos mais utilizados, pode-se contar com dois tipos de bombas de óleo:
a) bomba acionada diretamente pelo eixo de virabrequim, utilizada também como tampa frontal do
motor;
b) bomba acionada por corrente ou engrenagens localizada dentro do motor junto com o cárter.
Segundo Brunetti (2012, p. 90), “a pressão do óleo é proporcional à velocidade de rotação do motor,
ou seja, quanto maior a rotação, maior a pressão”. Existem dois tipos de bombas de óleo, que você pode
visualizar por meio da figura a seguir.
A bomba de óleo de engrenamento externo é uma bomba acionada diretamente pelo virabrequim e
permite um sistema de bombeamento de menor custo. Sua parte interna é composta por uma engrenagem
fixada ao eixo virabrequim, que tem a função de movimentar a outra engrenagem móvel causando uma
depressão na entrada da bomba e, ao mesmo tempo, uma pressão na saída enviando o óleo sob pressão.
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
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Bao (2015)
Figura 92 - Vista interna da bomba de óleo por engrenagem
Fonte: Bao (2015)
A bomba de engrenamento interno crescente é uma bomba de rotor excêntrico12 que contém um rotor
interno com engates exteriores, que comunica o seu movimento a um rotor exterior com engates interio-
res, o qual roda no orifício circular do corpo da bomba.
O rotor interior tem um engate a menos que o rotor externo, criando a ação de bombagem pelo pro-
gressivo aumento e diminuição das folgas entre os engates (SULLY, 1985).
Bao (2015)
12 Que distancia ou se extravia do centro; localizado de modo externo ao centro; que não possui nem compartilha o mesmo cen-
tro. Fonte: <http://www.dicio.com.br>.
5 Arquitetura Geral
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Um componente muito importante da bomba de óleo é a válvula reguladora de pressão, que você
conhecerá a seguir.
A válvula tem a função de regular a pressão por meio de uma mola e controlar a pressão máxima por
meio de um êmbolo. Quando a pressão de óleo for superior à força da mola, o êmbolo comprime a mola
liberando um canal desviando uma parte do óleo para a entrada da bomba ou para o cárter.
A pressão do óleo depende do regime de rotação do motor, as verificações são efetuadas geralmente
em marcha lenta e em regime elevado.
O controle da pressão de óleo efetua-se com o auxílio de ferramentas específicas, que você pode ver
na próxima figura. O conjunto de medições inclui os adaptadores para os diferentes tipos de motores.
Portanto, o manômetro deve ser instalado no circuito de pressão do óleo, geralmente montado no lugar
do interruptor de pressão de óleo.
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
100
Bao (2015)
Figura 95 - Manômetro de pressão do óleo
Fonte: Bao (2015)
Fique atento à pressão demonstrada no visor do manômetro, pois pressão abaixo do recomendado
pelo fabricante pode causar sérios riscos ao funcionamento do motor.
A pressão do óleo baixa pode ser causada por diversos fatores, dentre eles:
a) quantidade de óleo insuficiente no cárter;
b) válvula de pressão do sistema de lubrificação travada aberta por impurezas;
c) fuga de óleo no sistema de lubrificação pelas partes móveis do motor, (bronzinas com desgastes,
árvore de manivela com desgastes, comando de válvulas com desgastes);
d) desgastes nas engrenagem da bomba de óleo.
Para instalar o manômetro deve-se localizar o ponto de medição, situado no circuito de óleo, pois, ge-
ralmente, a pressão é medida no ponto de montagem do contator de pressão de óleo. Observe a instala-
ção na figura a seguir.
5 Arquitetura Geral
101
Bao (2015)
Figura 96 - Instalação do manômetro
Fonte: Bao (2015)
A função do filtro de óleo é reter as partículas metálicas devido ao desgaste normal do motor. Em caso
de entupimento do filtro, ele possui uma válvula que assegura a passagem do óleo.
Entrada de óleo
Anel de vedação
Saída de óleo
Válvula de retenção
Elemento filtrante
Kevin Hulsey ([20--?])
Corpo do filtro
Recapitulando
Nesse capitulo, você viu que o motor de combustão interna pode ser considerado o coração do
automóvel, pois dele sai a força que promove o deslocamento do automóvel. Na sua parte supe-
rior, ele tem o cabeçote e nele são desenvolvidos funções como controlar a abertura das válvulas
através dos comandos.
Você estudou também que para promover o controle de movimento das válvulas existe a distri-
buição mecânica que faz a ligação entre o cabeçote e a árvore de manivelas. Essa ligação promove
o movimento do conjunto de dispositivos responsável pela admissão dos gases no motor, e de-
pois pela saída no escape.
Os movimentos das válvulas são controlados pelo comando de válvulas que promove o cruzamento
delas, influenciando nos momentos em que elas abrem e fecham para proporcionar o melhor rendi-
mento do motor e diminuindo a poluição do veículo.
Os comandos de válvulas possuem cames que, através dos tuchos, fazem a abertura e fechamento
das válvulas. Elas, também, possuem dispositivos que permitem o seu fechamento e retentores
para realizar a vedação.
Você viu, também, que os pistões do motor têm a função de transmitir a força da expansão dos
gases no cilindro para a árvore de manivelas, através dos movimentos retilíneos alternativos da
biela. Importante ressaltar que os pistões possuem anéis de vedação que raspam o excedente de
óleo que teria tendência a acumular-se na câmara de explosão.
Além disso, percebeu que as bielas fazem a ligação entre o pistão e a árvore de manivelas para
promover o movimento, e o motor possui bronzinas em seu interior que ficam entre os munhões
e moentes do virabrequim para permitir o movimento.
Viu também que o cárter é o reservatório onde o óleo lubrificante fica depositado, e que ele pode
ser fabricado em dois tipos de material, chapa e alumínio. O cárter possui, ainda, juntas para fazer
a vedação. E preso ao bloco do motor está a bomba de óleo, da qual você estudou a função e
seus tipos.
5 Arquitetura Geral
103
Anotações:
Tecnologia de Materiais
Segundo o site InfoMotor (2009), na construção de um motor é utilizada uma grande gama
de materiais com diferentes ligas dando à estrutura do motor resistência mecânica suficiente
para evitar, dentro de um regime normal de funcionamento, trincas, empenamentos e em uma
pior situação, a quebra dos componentes do motor.
Os motores mais antigos, da década de 1920 e 1930, não tinham grande potência, apesar da
grande cilindrada. Isto se deve, em muito, ao processo de fabricação dos componentes, com
melhor acabamento e tolerâncias dimensionais cada vez mais apertadas, e principalmente a
evolução das ligas dos materiais.
Ao finalizar seus estudos neste capítulo, você estará apto a:
a) reconhecer tipos, características, funções, posicionamento e funcionamento dos diferentes
componentes que constituem o motor e seus sistemas como requisito para a inspeção visual
dos mesmos;
b) interpretar procedimentos e normas técnicas aplicáveis à inspeção de componentes do
motor e seus sistemas;
c) interpretar as indicações do fabricante quanto aos critérios de manipulação e uso das fer-
ramentas e equipamentos aplicáveis a testes de funcionamento do motor e seus sistemas.
Siga em frente.
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
106
Os blocos de motores mais antigos, em geral, eram construídos de material bruto: uma liga pesada e
com características mecânicas inferiores ao dos fabricados nos anos 2000. Devido à evolução dos materiais
aplicados, os motores fabricados a partir dos anos 2000 ganharam uma taxa de compressão mais alta, mais
volume, mais força gerada resultando em uma potência maior (INFOMOTOR, 2009).
FIQUE Um “bom” material pode ser mal utilizado. Por isso, há necessidade de ensaios repre-
ALERTA sentativos sobre corpos de prova e/ou de peças representativas.
Bao (2015)
Na figura anterior, você visualiza um bloco do motor em ferro. Nele estão os cilindros de ferro fundido
que podem ser usinados diretamente no bloco, sendo que ele funciona apenas como um suporte para
essas camisas. Ele também pode ser confeccionado em ferro fundido ou alumínio (figura a seguir), pois o
alumínio é fácil para usinar e apresenta pouco peso, boa condução de calor, enquanto o ferro fundido tem
excelente qualidade de autolubrificação, devido ao grafite existente em sua composição.
6 Tecnologia De Materiais
107
Bao (2015)
Figura 99 - Bloco do motor em alumínio
Fonte: Bao (2015)
6.2 Cabeçote
Segundo Chollet (1981), o cabeçote de um motor a explosão é de fundição vulgar ou de uma liga à
base de alumínio (duralumínio, alpax, etc.). Estes últimos, sendo melhores condutores de calor, impedem
a formação de pontos quentes nas paredes internas do cabeçote.
Bao (2015)
O cabeçote do motor, visto na figura anterior, possui alojado em sua estrutura outros tipos de materiais.
As sedes de válvulas que são feitas a partir de um anel de aço sinterizado13 de elevada dureza e as guias de
válvulas são fabricadas, geralmente, a partir de buchas de aço sinterizado ou latão de alta resistência.
SAIBA Nem todo o carro é de aço. Você pode saber um pouco mais sobre este assunto no site
MAIS <http://www.noticiasautomotivas. com.br/nem-todo-carro-e-de-aco/>.
O próximo assunto é sobre o êmbolo, outro componente do motor de combustão interna. Siga em frente.
Pistão é uma peça de forma cilíndrica, geralmente de liga de alumínio ou ferro fundido, fechada na par-
te superior e aberta na parte inferior, adaptando-se perfeitamente ao diâmetro do cilindro ou camisa do
motor. Na figura a seguir você pode ver o pistão em liga de alumínio e em ferro fundido.
Bao (2015)
13 Fazer com que misturas de minérios de ferro, finamente granulados, ou pó de gás de alto-forno, se tornem, mediante aque-
cimento a uma temperatura em que amolecem, em uma massa coerente, não porosa. Tornar-se em massa coerente, não porosa,
pelo aquecimento até o ponto de amolecimento.
6 Tecnologia De Materiais
109
A biela e árvore de manivelas são produzidas com um aço classificado por normas da ABNT14 ou DIN15,
do tipo 4340.
Veja na figura a seguir uma biela de liga em aço e, ao lado, outra em liga de ferro.
Bao (2015)
Todo material utilizado para fundição de uma peça precisa passar por um rigoroso teste de qualidade,
por isso são realizados vários estudos antes de realizar o processo de fundição do material. Observe no
esquema a seguir como ocorre a seleção de material.
14 Associação Brasileira de Normas Técnicas. Entidade privada e sem fins lucrativos, responsável pela publicação das Normas
Brasileiras (ABNT NBR). Atua também na avaliação da conformidade e dispõe de programas para certificação de produtos, siste-
mas e rotulagem ambiental. Fonte: <http://www.abnt.org.br/abnt/conheca-a-abnt>.
15 Instituto Alemão para Normatização. Com sede em Berlim, é a organização alemã responsável pela padronização, represen-
tante da Organização Internacional para Padronização (ISO) no país. Fonte: <http://www.din.de/>.
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
110
Resumo geral
A correte seleção de um material necessita de boa
colaboração de todos os atores
Material
· Propriedades físicas Processo
· Propriedades mecânicas · Concepção, ferramenta
· Propriedades · Parâmetros de injeção
termodinâmicas
· Reciclado
CASOS E RELATOS
Falta de conhecimento
Carlito trabalhava como mecânico de automóveis em uma oficina. Certo dia, ele recebeu em seu
box de trabalho um veículo que, aparentemente, estava com a correia dentada arrebentada. Por-
tanto, ele deveria remover o cabeçote do motor para realizar o diagnóstico e possível reparação.
Ao remover o cabeçote, Carlito confirmou que a correia dentada estava partida e, também, perce-
beu que as válvulas estavam empenadas. Então, ele enviou o cabeçote para a retífica para realizar
a desmontagem e substituição das peças afetadas.
A retífica, por sua vez, substituiu as válvulas, as guias e retificou as sedes. Em seguida, enviou o
cabeçote para a oficina fazer a montagem. Carlito, então, instalou o cabeçote no veículo, executou
a regulagem e o entregou para o cliente. Porém, no dia seguinte, o cliente retornou à oficina com
o veículo guinchado, pois tinha parado de funcionar.
6 Tecnologia De Materiais
111
Carlito foi chamado para verificar o que havia acontecido e, durante o diagnóstico, observou que
o motor estava sem compressão. Para sua surpresa, ao remover o cabeçote para analisar o motivo
da falta de compressão percebeu que as válvulas estavam empenadas novamente, só que desta
vez a correia estava instalada corretamente no veículo.
Para verificar por que as válvulas estavam empenando, Carlito chamou a empresa que havia retifi-
cado o cabeçote. Após análise, o profissional da retífica concluiu que o técnico que fez o serviço de
retificação não se atentou ao material de que as guias de válvulas eram fabricadas: o veículo utiliza-
va guias de válvulas de latão de alta resistência, e as que foram montadas no cabeçote continham
buchas de aço sinterizado. O aço sinterizado sofre uma dilatação maior prendendo as válvulas, o
que faz com que elas não subam e sejam atingidas pelo pistão.
Diagnosticado o problema, o veículo foi reparado e voltou a funcionar normalmente, e Carlito e os
profissionais da retífica aprenderam a analisar, entre outros itens, os materiais de que são feitos os
componentes de um motor.
Recapitulando
No decorrer desse capítulo você viu que na construção de um motor é utilizada uma quantidade
muito grande de materiais, que influenciam diretamente no seu desempenho.
Você conheceu, ainda, alguns tipos de materiais utilizados nos componentes do motor, sendo
relevante destacar que o cabeçote e o pistão podem ser fabricados de ferro ou alumínio.
Você viu, também, que as bielas e árvore de manivelas e todos os materiais empregados no motor
devem ser desenvolvidos conforme classificação das normas ABNT ou DIN, do tipo 4340.
Sistema de Lubrificação
Logo após o motor iniciar seu funcionamento, a bomba de óleo começa a girar fazendo o
óleo circular pelos dutos de lubrificação. Esse óleo circula através do filtro para o sistema permi-
tindo a lubrificação de todos os pontos móveis do motor.
Ao finalizar seus estudos neste capítulo, você estará apto a:
a) interpretar os procedimentos e normas técnicas aplicáveis a testes de funcionamento do
motor e seus sistemas;
b) reconhecer os diferentes tipos de testes de simulação, sua forma de aplicação e avaliação
de resultados, tendo em vista a verificação de conformidade de funcionamento do motor
e seus sistemas;
c) interpretar as indicações do fabricante quanto aos critérios de manipulação e uso das
ferramentas e equipamentos aplicáveis à montagem de componentes;
d) avaliar a conformidade dos componentes do motor e seus sistemas a serem montados,
considerando os requisitos técnicos estabelecidos no manual do fabricante;
e) interpretar as indicações do fabricante quanto aos critérios de manipulação e uso das
ferramentas e equipamentos aplicáveis à reparação/substituição de componentes;
f) interpretar as normas e critérios de segurança aplicáveis à reparação/substituição e à ajus-
tagem de componentes do motor e seus sistemas;
g) reconhecer tipos, características, funções, posicionamento e funcionamento dos diferen-
tes componentes que constituem o motor e seus sistemas como requisito para a inspeção
visual dos mesmos;
h) reconhecer tipos, características e formas de uso dos instrumentos e equipamentos utili-
zados na medição de grandezas físicas de componentes do motor e seus sistemas.
A borra de óleo é o sinal de deterioração prematura do lubrificante, indica que este óleo deve ser substituído.
Os combustíveis de má qualidade também geram o aparecimento de borra, uma vez que os compostos presentes
neste mistura podem acelerar o processo de deterioração dos aditivos anti-oxidantes presentes no óleo lubrificante.
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
114
Segundo InfoMotor (2009), o sistema de lubrificação é muito importante para que o motor de um veículo
funcione normalmente, com o rendimento e consumo desejados. Esse sistema é responsável pela preser-
vação da vida útil dos componentes móveis do motor de combustão interna.
Suas principais funções são:
a) diminuir o atrito entre as peças móveis do motor;
b) impedir o contato direto entre essas peças e, consequentemente, seu desgaste;
c) fazer o resfriamento das peças lubrificadas;
d) auxiliar na vedação entre pistão, anéis e cilindros;
e) proteger contra a corrosão e a ferrugem;
f) limpar e facilitar a eliminação de produtos indesejáveis;
g) evitar a formação de espumas.
Nunca utilize óleos lubrificantes que não tenham registro na ANP – Agência Nacional
FIQUE do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Do contrário, você estará colocando em
ALERTA risco a sua saúde, o meio ambiente e o seu equipamento. O número de registro na
ANP deve constar, obrigatoriamente, no rótulo da embalagem. Confira!
O circuito de lubrificação do motor é constituído pelos componentes listados a seguir. Observe que a
numeração disposta após os componentes é a legenda para a figura apresentada em seguida.
1. Cárter;
2. Bomba de óleo;
3. Válvula de alívio;
4. Trocador de calor;
5. Filtro de óleo;
6. Sensor de pressão de óleo.
7 Sistema de Lubrificação
115
Nos motores fabricados a partir dos anos 2000, esse sistema já está em desuso16 por sua aplicação ser
encontrada em pequenos motores.
A lubrificação ocorre por aspersão do óleo em finas gotículas que são arrastadas por turbulência no in-
terior do motor, sendo que o contato do virabrequim com o lubrificante reduz a potência efetiva do motor
(BRUNETTI, 2012), conforme pode ser visto na figura a seguir.
Gotejamento
de óleo
Rebaixo captador
do óleo
Pescador do
Esse sistema é o mais utilizado pelos motores atuais. É composto por uma bomba de deslocamen-
to positivo que envia, através de orifícios, uma vazão de óleo a uma determinada pressão, a todos os
componentes móveis do motor. Esses componentes são:
a) Mancais principais;
b) Bielas;
c) Topo dos pistões;
d) Eixo comando de válvulas;
e) Eixo de balanceiros;
f) Acessórios do motor;
g) Engrenagens de sincronização.
7 Sistema de Lubrificação
117
Flatout ([20--?])
Figura 106 - Circuito de lubrificação
Fonte: adaptado de Fiat Automóveis (2008)
Outro componente essencial para o sistema de lubrificação do motor de combustão interna é o óleo
lubrificante, sobre o qual você estudará a seguir.
Segundo Brunetti (2012), a lubrificação de motores é um problema bastante complexo devido às tem-
peraturas que ocorrem no funcionamento dos mesmos, além da gama de temperaturas a que o lubrifi-
cante deve atender, como valores baixos na partida, quando o motor está frio, até valores muito altos,
atingidos na câmara de combustão. Com a lubrificação, pretende-se:
a) reduzir os desgastes dos pistões, cilindros, anéis e superfícies dos mancais diminuindo o atrito entre
esses componentes;
b) resfriar as superfícies dos mancais com a retirada do calor gerado pelo atrito;
c) limpar as superfícies e retirar as partículas metálicas oriundas dos desgastes;
d) auxiliar a vedação entre a câmara de combustão e o cárter, através dos anéis e da parede do cilindro;
e) evitar a corrosão dos componentes do motor.
Para atender às condições de funcionamento do motor, o óleo lubrificante precisa suportar condições de
funcionamento muito adversas, para isso depende primeiramente da escolha de um óleo básico adequado.
A principal fonte de óleos básicos para lubrificantes automotivos são os óleos minerais extraídos do petró-
leo. Eles estão disponíveis em grandes volumes e oferecem grande variedade de propriedades necessárias,
como a alcalinidade, baixa volatilidade17 e, após tratamento, tem a maior parte de sua cera removida.
No entanto, um óleo básico adequado é visto pela sua viscosidade a diversas faixas de temperatura.
Em baixas temperaturas, por exemplo, alguns óleos apresentam viscosidade muito alta, outros, quando
estão quentes, apresentam viscosidade muito baixa. Por isso, é necessário uma seleção criteriosa de óleos
básicos, a partir da qual o lubrificante resultante da mistura possa funcionar adequadamente nas mais
diversas temperaturas.
O óleo deve ser fino o suficiente para permitir partida fácil em tempo frio, e ao mesmo tempo, espesso18
o suficiente quando o motor estiver funcionando em alta temperatura.
Observe na figura a seguir como se forma o óleo lubrificante.
Óleo base
Aditivo
Misturador
15%
85%
Distribuição
Davi Leon (2015)
Para entender esse conceito, é preciso entender que o óleo de motor é identificado por graus que
correspondem a sua viscosidade. A viscosidade representa a resistência ao escorrimento. Quanto mais
elevado for o grau de viscosidade, mais difícil é o escorrimento.
Os dois tipos de graus podem ser observados na próxima figura, de acordo com a explicação a seguir.
17 Qualidade do que sofre constantes mudanças; característica do que é volátil, do que não é firme, daquilo que muda constan-
temente ou se vaporiza. Fonte: <http://www.dicio.com.br>.
18 Espesso: grosso. Compacto. Condensado. Opaco.
7 Sistema de Lubrificação
119
a) O primeiro grau de viscosidade, seguido da letra W, corresponde à viscosidade do óleo a frio (1);
b) o segundo grau de viscosidade corresponde à viscosidade do óleo a quente (2).
0 5 10 15 20
15 W 40
20 30 40 50
O óleo pode ser classificado quanto à viscosidade, que você entenderá melhor no próximo item, e
quanto ao serviço. Acompanhe.
Quando um fluido muda do estado de repouso para o de movimento, ocorre uma resistência ao fluir,
devido ao atrito interno do mesmo. A viscosidade é uma medida desse atrito interno. Para se medir a visco-
sidade do lubrificante existem diversas técnicas.
Sua classificação se dá pela norma SAE, seguido por números com dois algarismos (para lubrificantes de
motores a explosão). Quanto maior for esse número, maior será a viscosidade do óleo. Usando um termo
vulgar, pode-se dizer “mais grosso”.
Assim, há os seguintes óleos: SAE 5, SAE 10, SAE 20, SAE 30, SAE 40, etc. Esses lubrificantes também são cha-
mados de monograu ou monoviscoso, pois, independente da temperatura, sempre terá seu valor indicado.
Há, também, os óleos multigrau ou multiviscosos. Estes possuem dois números, sendo o primeiro acom-
panhado pela letra W (winter) que significa inverno em inglês, lembrando baixas temperaturas. Sendo as-
sim, sua viscosidade pode variar de acordo com a temperatura, atendendo melhor o motor, como SAE 20W
40, SAE 20W 50, etc. (CHOLLET, 1981).
SAE 20W40 = Indica que a viscosidade do óleo permanece constante caso a temperatura ambiente
esteja - 20°C a 40°C
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
120
Data de
Especificação Situação Observações
produção
API SH Obsoleto 1994 - 1996 Idêntico ao SJ e SF, porém com mais melhorias nos aditivos.
API SJ Em uso 1997 - 2000 Para todos os motores atuais, mas quase obsoleto.
API SL Em uso 2001 - 2003 Para todos os motores atuais.
API SM Em uso 2004 ???? Para todos os motores atuais.
SAIBA É direito de todo consumidor exigir que o revendedor de óleo lubrificante forneça gra-
tuitamente a troca de óleo do veículo em instalações adequadas. Para mais informa-
MAIS ções, consulte a Resolução CONAMA nº 362/2005, art. 17, II.
Os óleos lubrificantes foram introduzidos nos motores a combustão interna e nos sistemas de transmis-
são, visando principalmente a diminuição do atrito, que pode provocar a quebra do componente, através
da formação de uma película que impede o contato direto entre as peças metálicas em movimento. Para
que o lubrificante possa manter seu desempenho no motor, ele precisa realizar alguns trabalhos, como:
refrigerar, limpar e manter limpo, proteger contra a corrosão e vedação da câmara de combustão. Para isso
existem institutos, organizações e associações que classificam o óleo lubrificante como:
API: American Petroleum Institute (Instituto Americano de Petróleo) – desenvolve a linguagem para o
consumidor em termos de serviços dos óleos lubrificantes.
ASTM: American Society for Testing of Materials (Associação Americana para Prova de Materiais) – de-
fine os métodos de ensaios e limites de desempenho do lubrificante.
SAE: Society of Automotive Engineers (Sociedade dos Engenheiros Automotivos) – criou um critério de
classificação que teve aceitação generalizada pelos fabricantes de veículos e de lubrificantes (BRUNETTI,
2012).
JASO: Japanese Automobile Standards Organization (Organização de Padrões de Automóveis Japo-
nesa) – define especificação para a classificação de lubrificantes para motores a dois tempos (FA, FB e FC,
em ordem crescente de desempenho).
ACEA: Association des Constructeurs Européens d’Automobiles (Associação dos Construtores Euro-
peus de Automóveis) – essa norma faz distinção entre motores a Gasolina e Diesel (leve e pesado):
Série A – Motores a Gasolina
Série B – Motores a Diesel – Leve
Série E – Motores a Diesel – Pesado
7 Sistema de Lubrificação
121
CASOS E RELATOS
Recapitulando
Você estudou nesse capítulo que a bomba de óleo é responsável pela circulação do óleo nos dutos
de lubrificação, e que esse óleo circula através do filtro para o sistema permitindo a lubrificação de
todos os pontos móveis do motor.
Estudou, também, quais as funções principais do sistema de lubrificação e que o circuito de lubri-
ficação do motor é constituído por vários componentes. Essa lubrificação pode ser realizada por
sistemas diferentes, como por salpico ou aspersão, sendo que o primeiro está em desuso, mas a
lubrificação sob pressão ou forçada é o sistema mais utilizado pelos motores atuais.
Você viu, ainda, que a lubrificação dos motores é bastante complexa, devido às temperaturas de
funcionamento deles, e que o óleo lubrificante, para atender as condições de funcionamento do
motor, precisa suportar condições de funcionamento muito adversas; para isso eles têm proprie-
dades específicas que devem seguir a classificação e norma, como a SAE e API.
No próximo capítulo, você estudará o sistema de arrefecimento, que tem papel fundamental na
conservação e funcionamento dos motores de combustão interna.
7 Sistema de Lubrificação
123
Anotações:
Sistema De Arrefecimento
Quando o motor do veículo está frio, a bomba d’água está fazendo o líquido de arrefecimento circular
apenas no bloco de motor, como pode ser visto na figura a seguir.
Após o aquecimento do motor em uma temperatura determinada pelo fabricante, a válvula termostáti-
ca aquece, abrindo uma passagem para que o líquido de arrefecimento saia do motor e entre no radiador
para baixar a sua temperatura.
Davi Leon (2015)
Válvula Sensor de
termostática temperatura
Tampa pressurizada Sensor de
(sistema de
de respiro temperatura
Eletroventilador injeção)
do painel
Câmaras
Reservatório d´agua
de expansão
Radiador
Bomba
Interruptor térmico d´água
do ventilador
1 2
O motor dos veículos foi projetado para manter uma temperatura constante de trabalho, temperatura
essa projetada pela montadora. Com isso, o veículo apresentará maiores benefícios, além de aumentar a
durabilidade do motor, consumindo menos combustível, e contribuindo para o meio ambiente emitindo
menos poluentes.
Com as mesmas características de funcionamento do interruptor térmico do ventilador, esse compo-
nente acende e apaga uma lâmpada ou aciona um ponteiro no painel de instrumentos, para indicar a real
de temperatura do motor. Na próxima figura você visualiza um sensor de temperatura do motor.
O sensor térmico funciona pelo princípio da resistência elétrica, quando maior a resistência (fluído frio)
menor a intensidade da corrente elétrica que acionará os indicadores no painel. A resistência elétrica é inversamente proporciaonal a temperatura.
100°C
- +
O próximo item a ser estudado é o radiador, outro importante componente do sistema de arrefecimento.
8.1.4 Radiador
O radiador possui galerias onde o líquido de arrefecimento circula, e ao redor destas galerias possui
aletas que direcionam o fluxo de ar, ajudando a dissipar o calor.
Capas
Entrada
FIQUE Não abra a tampa do reservatório de expansão com o motor quente. Isso pode fazer
com que o líquido do sistema seja jogado para fora e provoque queimaduras graves,
ALERTA além de entrar ar no sistema, o que pode causar um superaquecimento do motor.
Fazem parte do radiador o interruptor térmico, além de mangueiras e tubulações, que você estudará a
seguir.
Interruptor térmico
Desligado Ligado
A temperatura pré-determinada pelo fabricante fica marcada no corpo de metal do radiador, facilitan-
do assim a identificação quando necessário.
Mangueiras e tubulações
As mangueiras, tubulações e conexões do sistema de arrefecimento devem ser verificadas sempre que
o veículo estiver realizando uma manutenção preventiva, evitando assim vazamentos e prejuízos no motor.
Com o motor desligado e frio, pressione as mangueiras manualmente, verificando se não há resseca-
mento ou rachaduras, pois o sistema de arrefecimento possui duas mangueiras principais, a superior que
permite a entrada do líquido aquecido e a inferior que é a saída do líquido resfriado. Observe exemplos de
tubo e mangueira na próxima figura.
Bao (2015)
O sistema de arrefecimento deve ser verificado também em possíveis pontos de contato com o motor,
pois pode ocorrer a presença de vazamento d`água do radiador, que deixa a presença de oxidação (ferru-
gem) no motor.
8.1.5 Aditivos
Os aditivos utilizados no sistema de arrefecimento têm a função de elevar o ponto de ebulição e conge-
lamento da água, e lubrificar e proteger o motor e o radiador contra a corrosão.
SAIBA Para saber mais sobre a aplicação de aditivos automotivos, acesse o site: <www.infor-
MAIS lub.com.br>.
Concentrado Água
Mistura
Mistura 50/50
Aditivos 2,5%
Luiz Meneghel (2015)
Água 51,5%
Glicol 46%
Na figura anterior, você pode observar que os fluidos de arrefecimento são tipicamente compostos por
água, aditivos e glicol.
CASOS E RELATOS
Depois dessa explicação e da reposição da válvula termostática, Orlando não fez mais nenhuma
alteração no radiador de seus veículos e passou a prestar atenção ao painel do veículo onde fica
registrada a temperatura do motor.
Recapitulando
Você viu nesse capítulo a importância do sistema de arrefecimento no motor para economia de
combustível e sustentabilidade, e que seu funcionamento depende de um conjunto de compo-
nentes que são essenciais no controle de temperatura do motor.
Estudou, também, que a bomba d`água é responsável pela circulação e que a válvula termos-
tática precisa alcançar uma temperatura determinada pelo fabricante para permitir a passagem
d`água que sai do motor em alta temperatura para ser resfriada no radiador. Esse resfriamento
pode acontecer pela circulação forçada através do deslocamento do veículo ou pelo acionamento
do eletroventilador.
No próximo capítulo, você estudará a injeção eletrônica.
8 SISTEMA DE ARREFECIMENTO
135
Anotações:
Injeção Eletrônica
9
Em um sistema de gerenciamento eletrônico é possível encontrar vários sensores instalados
no motor. Eles têm a função de receber informações de funcionamento do motor e enviar para
o UCM – Unidade de Controle do Motor. Com essas informações, a UCM irá convertê-las em
sinais de trabalho para o acionamento dos atuadores.
A UCM também monitora o funcionamento dos sensores e atuadores, pois em condições de
possíveis defeitos, este pode comprometer o funcionamento do veículo.
Ao finalizar seus estudos neste capítulo, você estará apto a:
a) selecionar, com base no manual de reparação, ferramentas e equipamentos indicados
para o processo de remoção/desmontagem de componentes do motor e seus sistemas;
b) interpretar as indicações do fabricante quanto aos critérios de manipulação e uso das
ferramentas e equipamentos aplicáveis à remoção/desmontagem de componentes;
c) interpretar os procedimentos e normas técnicas aplicáveis à remoção/desmontagem de
componentes do motor e seus sistemas;
d) reconhecer tipos, características, funções, posicionamento e funcionamento dos diferen-
tes componentes que constituem o motor e seus sistemas como requisito para a inspeção
visual dos mesmos;
e) identificar, no manual de fabricante, as características dimensionais dos componentes do
motor e seus sistemas, tendo em vista a verificação de compatibilidade dos componentes
inspecionados;
f) selecionar, com base no manual de reparação, ferramentas e equipamentos indicados
para o processo de inspeção de componentes do motor e seus sistemas;
g) interpretar as indicações do fabricante quanto aos critérios de manipulação e uso de fer-
ramentas e equipamentos aplicáveis à inspeção de componentes;
h) interpretar procedimentos e normas técnicas aplicáveis à inspeção de componentes do
motor e seus sistemas;
i) selecionar, com base no manual de reparação, as ferramentas indicadas para o processo
de reparação/substituição de componentes do motor e seus sistemas;
j) reconhecer os diferentes tipos de equipamentos de proteção individual (EPIs) aplicáveis à
reparação/substituição de componentes do motor e seus sistemas, assim como suas fina-
lidades, condições de uso (conservação) e orientações do fabricante;
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
138
9.1 Sensores
Os sensores possuem a responsabilidade de capturar todos os sinais (parâmetros) do motor, como tem-
peratura de arrefecimento, rotação do motor, pressão absoluta do coletor, oxigênio no escapamento, po-
sição do acelerador etc. e enviar para a central de comando (UCM) que é o cérebro do sistema, sendo que
a central de comando precisa destes sinais para fazer o gerenciamento de combustível e ignição.
Sensores Atuadores
Sensor de Injetores
rotação
indutivo
Sensor de Central
temperatura
d'água
Bobina
Sensor de de ignição
temperatura
do ar
Bobina de
Sensor de
combustível
pressão Relé
do coletor
Sensor de
posição da
borboleta
Eletroválvula
do cânister
Sensor de
detonação Comutador
Luiz Meneghel (2015)
de ignição
Atuador de
Sensor de
marcha lenta
oxigênio
Na figura anterior, você viu os sensores e atuadores do sistema de injeção eletrônica que você passará
a estudar, na sequência.
O sensor de temperatura da água é um termistor, ou seja, um resistor que varia a sua resistência com o
aumento da temperatura. Em temperaturas baixas, a resistência é alta e, à medida que a temperatura sobe,
a resistência diminui. Observe o gráfico a seguir.
Neste caso devemos ter atenção ao líquido de arrefecimento, uma vez que
a falta de aditivo, a utilização de água destilada a presença de ferrugem
(coloração amarronzada) podem prejudicar a leitura do sensor, devido a
condutividade da água)
T (°C)
Figura 120 - Gráfico de temperatura
Fonte: adaptado de Maran (2013)
O sensor é alimentado pela UC (Unidade de Comando) com uma tensão de referência 5V, é também
um componente denominado de NTC (Coeficiente Negativo de Temperatura). Veja, na próxima figura, o
sensor de temperatura eletrônico. Em seguida, conheça o sensor conjugado.
Bao (2015)
Tem a função de informar à UC a temperatura do ar admitido pelo motor. É também um NTC (Coeficien-
te Negativo de Temperatura), ou seja, um termistor: quanto maior a temperatura, menor será a resistência
elétrica. Também é alimentado com uma tensão de referência de 5V.
Em alguns sistemas, ele está conjugado19 com o Sensor MAP (sensor de Pressão do coletor).
Bao (2015)
Figura 122 - Sensor de temperatura do ar
Fonte: Bao (2015)
É um potenciômetro rotativo que se encontra ligado ao eixo da borboleta que o movimenta. É também ali-
mentado pela UC com uma tensão de referência de 5V, cuja saída varia de acordo com a posição da borboleta.
A UC detecta a posição da borboleta em todo seu percurso, através do sinal recebido de variação de
tensão que serve para os cálculos de rotação de marcha lenta, avanço do ponto de ignição e quantidade
de combustível a ser injetada.
Observe na figura a seguir o sensor de posição de borboleta no TBI e, em seguida, conheça outro tipo
de sensor.
19 Junto, ligado, emparelhado. Na mecânica, diz-se de duas peças ou mecanismos que concorrem para uma ação comum.
Fonte: <http://www.dicio.com.br>
9 Injeção Eletrônica
141
Bao (2015)
Figura 123 - Sensor de posição da borboleta no TBI
Fonte: Bao (2015)
A função do sensor MAP é informar à UC o vácuo existente no coletor de admissão abaixo da borboleta.
O MAP é também alimentado com uma tensão de referência de 5V. Veja-o a seguir.
Bao (2015)
Determina a quantidade de ar aspirado pelo motor, esta informação será crucial para a UCM determinar a
quantidade de combustível que deverá ser enviada ao motor para realizar a mistura ar/combustível e realizar o cálculo do ângulo
da ignição.
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
142
O sinal de tensão enviado para a UC varia em função do vácuo existente no coletor de admissão, conforme
você pode ver na figura a seguir.
Elemento
semicondutor
Depressão
de referência
O MAP também informa a pressão atmosférica local (altitude em relação ao nível do mar); em alguns
sistemas ele é conjugado com o sensor de temperatura do ar admitido. Observe a próxima figura.
Depressão
do coletor de
admissão
Diafragma
Luiz Meneghel (2015)
de silício
O sensor de rotação é geralmente do tipo indutivo ou do tipo Hall. Ambos têm a finalidade de determi-
nar a rotação instantânea do motor e a posição da árvore de manivelas.
Com esse sensor, a UCM completa as informações necessárias para o cálculo da massa de ar admitido.
Observe os sensores na figura a seguir.
Com as informações colidas por este sensor a UCM calcula o momento exato de injeção e o tempo de injeção
9 Injeção Eletrônica
143
Sensor HALL
Sensor indutivo
A característica da roda geradora de impulsos é utilizada para ambos sensores sendo indutivo ou hall,
possui 58 dentes e 2 espaços vazios, nos quais caberiam mais 2 dentes. É através da roda geradora de im-
pulsos que o sensor consegue determinar a posição exata da árvore de manivelas.
A falta dos dois dentes é utilizada como referência para UCM verificar o PMS dos cilindros 1 e 4 e, res-
pectivamente, o cilindro 2 e 3.
Nos veículos mais modernos pode-se encontrar vários formatos de roda geradora de impulsos, sendo
que algumas se parecem com engrenagens e outras possuem uma pista lisa, mas de fluxo magnético, sen-
do que seu formato não altera o seu princípio de funcionamento. Luiz Meneghel (2015)
O sensor indutivo é constituído por uma bobina que envolve um núcleo de ferro imantado.
Veja, no exemplo, que os dentes, ao passarem pelo sensor, provocam uma variação de fluxo magnético
no núcleo imantado.
U (V)
Sensor Hall
O sensor hall, que é constituído por um ímã permanente e um material semicondutor20 com proprieda-
des elétricas especiais, gera em suas extremidades uma diferença de potencial, conhecida como tensão
Hall. Se a intensidade da corrente permanece constante, a tensão gerada depende somente da intensida-
de do campo magnético.
Assim, é necessário que a intensidade do campo magnético varie periodicamente para obter um sinal
elétrico modulado, cuja frequência é proporcional à velocidade com a qual o campo muda.
Para obter essa mudança, o sensor é passado através de um anel metálico com uma série de aberturas.
No seu movimento, a parte metálica do anel cobre o sensor, bloqueando o campo magnético e provo-
cando uma redução do nível na saída. Ao contrário, quando estiver junto da abertura e, portanto, com o
campo magnético presente, o sensor gera um nível de sinal alto na saída.
Ímã
Circuito
integrado
Hall
Conheça a seguir a sonda lambda, outro sensor muito importante para o sistema de injeção eletrônica.
Esse sensor mede a quantidade de O2 contida nos gases de escapamento para obter a proporção ar/
combustível que está sendo queimada. De acordo com o teor de O2 existente nos gases de escape, a sonda
lambda gera uma tensão que varia de 0,200 a 0,800 V. Então, a UC aumenta ou diminui o tempo de injeção
para controlar a mistura ar/combustível muito próximo do ideal.
A sonda só funciona a uma temperatura acima de 300°C e é, geralmente, aquecida pela tensão da
bateria 12V.
Bao (2015)
O elemento do sensor de oxigênio é formado por um cone de óxido de zircônio (material cerâmico)
revestido pela parte externa com um material poroso e núcleo interno de platina (que são os eletrodos),
envolvido externamente com uma proteção de metal.
O óxido de zircônio possui a propriedade de permitir a passagem de íons de oxigênio entre os eletrodos
de platina, quando submetido a temperaturas superiores a 300º C. Sendo que nos sensores atuais existe
uma resistência de aquecimento situado junto ao elemento sensor que o faz atingir essa temperatura em
poucos segundos.
As sondas lambdas convencionais possuem 4 cabos:
a) dois para enviar o sinal do sensor à UCM;
b) dois para a alimentação do aquecedor.
Opera em função da diferença da concentração de oxigênio entre o gás de escape e uma amostra de
referência do ar externo, gerando-se uma tensão elétrica nos eletrodos de platina, oscilando entre 0,2 e
0,8V, dependendo do teor de oxigênio presente nos gases de escape (CAPELLI, 2010). Na figura a seguir
você vê a constituição da sonda lambda.
Cabos
Elemento sensor
Invólucro metálico
Mistura rica
Quando um motor em funcionamento trabalha com excesso de combustível rica, ou seja, Lambda < 1, há
diferença da concentração de oxigênio na mistura ar/combustível na câmara de combustão menor. Observe
na próxima figura.
O2
O2
O2 O2
O2
O2 O2
O2
O2
Se o óxido de zircônio está aquecido à temperatura de 300º C, este permite a passagem de uma grande
quantidade de íons de oxigênio entre os eletrodos de platina causando um aumento na tensão gerada.
Esta tensão é de 0,5 a 0,8V.
Quando a UCM recebe esse sinal de tensão do sensor de oxigênio, imediatamente corrige a mistura ar/
combustível, diminuindo o tempo de injeção, empobrecendo a mistura, para tentar manter o motor fun-
cionando em próximo de Lambda = 1.
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
148
Mistura pobre
Quando o motor em funcionamento trabalha com a mistura de combustível pobre, ou seja, Lambda > 1,
a diferença da concentração de oxigênio na mistura ar/combustível na câmara de combustão é maior.
O2
O2
O O
O2 2 O2 O2 2
O2 O2 O2
O2 O2 O2
O2 O2
O2 O2 O2
O2
O2
O2
O2
Luiz Meneghel (2015)
O2 O2
O2 O2
Figura 134 - Mistura pobre
Fonte: adaptado de Test Thomson (2009)
Nesse momento, a passagem de íons de oxigênio entre os eletrodos de platina através do óxido de
zircônio21 é reduzida, causando a diminuição da tensão gerada. Esta tensão é de 0,2 a 0,5V.
Quando a UCM recebe esse sinal de tensão do sensor de oxigênio, aumenta o tempo de injeção enri-
quecendo a mistura, para tentar manter o motor funcionando em Lambda = 1.
Esse contínuo monitoramento do teor de oxigênio nos gases de escape, em um circuito regulador fe-
chado entre sonda Lambda e UCM, é que permite ao motor funcionar com a mistura ar/combustível o mais
próximo de Lambda = 1.
Conheça a seguir o medidor de fluxo ou massa de ar.
21 Símbolo químico Zr, é um metal raro, branco-acinzentado que se aproxima do titânio e do silício. É empregado na fabricação
de núcleos de reatores nucleares, porque resiste à corrosão e não absorve nêutrons facilmente. O zircalói é uma importante liga,
destinada a aplicações nucleares, entre as quais o revestimento de peças combustíveis. Fonte: <http://www.dicio.com.br>.
9 Injeção Eletrônica
149
Bao (2015)
Esse sensor também é conhecido como Maf e você pode visualizá-lo na figura anterior.
Principal vantagem: não requer correções por variação de densidade, devido a alterações de temperatura e altitude.
22 Conjunto de fenômenos caracterizados pelo aparecimento de cargas elétricas na superfície de certos cristais submetidos à
tração ou compressão mecânicas.
23 Reação química que produz desenvolvimento de calor e faíscas ou chama, e se move através do material detonado (um
explosivo, como a dinamite, p ex) com uma velocidade maior que a do som. Explosão violenta. Ruído causado por explosão.
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
150
Bao (2015)
Figura 136 - Sensor de detonação
Fonte: Bao (2015)
Esse sensor é montado no bloco do motor, e este mede a vibração (frequência) do bloco do motor. É
montado em uma posição próxima dos cilindros.
É geralmente acionado pelo diferencial. É um sensor do tipo Hall e informa à UC a frequência correspon-
dente à velocidade do veículo.
Bao (2015)
Bao (2015)
9.2 Atuadores
A central eletrônica do motor (UCM), após ter recebido todos os sinais provenientes dos sensores, irá
transformá-los em sinal de comando para os atuadores, tais como: injetores, bobinas, válvula purga do
cânister, atuador de marcha lenta, etc.
Nessas condições, os atuadores passam a controlar (modificar) as condições de funcionamento do motor,
tais como: rotação, carga, marcha lenta, em função dos comandos do acelerador causado pelo motorista.
Inicie estudando o eletroinjetor.
9.2.1 Eletroinjetor
O injetor é uma válvula solenoide que pulveriza o combustível sobre determinada pressão no duto de
admissão antes da válvula, pulverizando o combustível de uma forma que se misturará com o oxigênio
para uma queima correta, evitando, assim, o consumo excessivo de combustível e, por consequência, a
não poluição do meio ambiente.
Bao (2015)
Alimentado por uma corrente de 12V, o sinal zera com a abertura de uma solenóide.
Para haver a queima da mistura ar/combustível é necessário que exista uma faísca (centelha) no interior
do cilindro, esse processo irá iniciar a queima da mistura nas câmaras de combustão. Isto acontece pelo
fato de que a bobina faz a elevação da tensão da bateria, normalmente de 12V para alta tensão no secun-
dário da bobina, e desta forma inicia a queima da mistura ar e combustível.
9 Injeção Eletrônica
153
Bao (2015)
Figura 141 - Bobina de ignição
Fonte: Bao (2015)
O atuador de marcha lenta é um componente que controla (regula) a marcha lenta do motor do veículo
sobre o comando da central. É, geralmente, um motor de passo ou um solenoide ou, também, um motor
elétrico de corrente contínua, que abre e fecha a entrada de ar, ou atua direto na borboleta do acelerador,
controlando assim a marcha lenta.
Bao (2015)
Atua controlando a entrada do ar. Alimentada com uma corrente de 5V pela UCM, onde a velocidade do pulso da corrente
controla e determina a abertura e fechamneto do atuador de 0% a 100%.
A bomba de combustível está instalada, na maioria das vezes, dentro do tanque, e fica logicamente imersa
no combustível. É acionada pela UCM através de relé, que tem um fusível como proteção. Possui, também, a
função de enviar o combustível até os eletroinjetores no quais, acoplado à linha de alimentação, está o regu-
lador de pressão que é responsável em manter uma pressão constante.
A bomba sempre mantém uma vazão superior às necessidades de alimentação do motor em qualquer
condição de funcionamento, pois em seu interior há uma válvula que se abre quando a pressão excede,
retornando o excesso para o tanque.
Seu funcionamento contínuo garante a sua lubrificação e refrigeração, visto que o combustível passa
pelo seu interior, retirando o calor gerado pelo motor elétrico.
Bao (2015)
É utilizado como um sistema de segurança, pois em caso de acidente com o veículo, o dispositivo desliga
o funcionamento da bomba de combustível diminuindo o risco de incêndio.
A desativação do dispositivo acontece no caso de impacto que o veículo sofre ao colidir com algum
obstáculo ou pela força de uma desaceleração muito brusca.
FIQUE O sistema de combustível do automóvel, mesmo após o veículo ser desligado, man-
tém uma pressão constante em seu circuito. O desengate de qualquer conexão pode
ALERTA causar acidente ou até mesmo caso de incêndio ao veículo.
Localizada após a borboleta de aceleração. O filtro de carvão ativado serve para purificar este vapor de hidrocarboneto (condição esta quando existir excesso
de vapor no interior do filtro (carro desligado no sol por um período longo de tempo) gerando uma pressão do mesmo pela passagem da camada de carvão
ativado) e liberá-lo na atmosfera.
Tanque de Combustível --> vapor de hidrocarboneto --> Filtro de carvão ativado --> Eletroválvula do cânister --> Motor (após borboleta de posição do acelerador)
Cânister funciona apenas quando o combustível for gasolina ou houver mistura de gasolina
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
156
Bao (2015)
Figura 145 - Eletroválvula do cânister
Fonte: Bao (2015)
Conforme Maran (2013), o sistema de ignição mais utilizado nos motores atuais é aquele chamado de
ignição estática. Ele possui esse nome justamente por não exigir peças móveis para realizar o processo de
transformação da tensão e para a distribuição da centelha.
O sistema de ignição é constituído de uma bobina primária, “circuito de baixa tensão”, diretamente
comandada pela UCM, um núcleo ferromagnético e uma bobina secundária “circuito de alta tensão” por
onde sairá a centelha para as velas dos cilindros gêmeos 1 e 4, 2 e 3.
Pela sua construção, a bobina secundária possui um número de espiras centenas de vezes maior do que
o número de espiras da bobina primária. A principal característica de seu funcionamento dá-se quando um
cilindro está em fase final de compressão da mistura ar/combustível, a UCM comanda o estágio final de
potência, o qual energiza a bobina primária do respectivo transformador, formando um campo magnético
ao redor do núcleo ferromagnético.
A UCM a mantém energizada por um tempo para que esse campo magnético se forme com a maior
intensidade possível. No momento da liberação da centelha, antes do PMS, a UCM corta a alimentação do
primário da bobina, fazendo a energização do secundário da bobina através do campo magnético gerado,
gerando uma corrente induzida.
9 Injeção Eletrônica
157
Pelo fato do secundário da bobina possuir uma quantidade de espiras muito superior ao primário, a ten-
são de saída nesse circuito é multiplicada para milhares de Volts, sendo forte o suficiente para a corrente
superar a resistência do eletrodo da vela de ignição do cilindro em compressão gerando uma centelha e,
iniciar a combustão da mistura ar/combustível.
Devido a essa característica, o sistema de ignição estático também é chamado de “centelha perdida”,
porque a centelha que ocorre no cilindro em fase de escape se dissipa entre os gases (MARAN, 2013).
Para que aconteça a formação da centelha e o perfeito funcionamento do sistema de injeção eletrônica,
a unidade de comando precisa realizar procedimentos como:
a) controle do ponto de ignição, conforme mapas característicos do sistema;
b) controle de detonação seletivo por cilindro;
c) correção do ponto de ignição durante a partida do motor e fase de aquecimento;
d) correção da rotação de marcha lenta através da alteração do ponto de ignição.
Núcleo ferromagnético
Bobina secundária
Positivo
via relé
Bobina
primária
Negativo
via UCM
Bao (2015)
4 5 4 4
3 3 5
3 5
Luiz Meneghel (2015)
2 2 2
1 1 1
Sistema de retorno Sistema com retorno curto Sistema sem retorno
Figura 148 - Circuito de combustível
Fonte: adaptado de Capelli (2010)
9 Injeção Eletrônica
159
O sistema de alimentação tem o propósito de manter todo circuito de alimentação pressurizado para
abastecer o motor na quantidade correta e no momento certo.
Para o perfeito funcionamento do motor, o combustível deve ser injetado na quantidade e no tempo
exato. Essa estratégia de funcionamento é realizada pela central eletrônica que processa as informações
enviadas pelos sensores e nos mapas de injeção que são armazenados em sua memória para calcular o
tempo de injeção.
O sistema de injeção aplicado nos veículos dependem do projeto apresentado, e, portanto, esse sistema
pode ser com um eletroinjetor (monoponto) ou vários eletroinjetores (multiponto).
No sistema monoponto existe apenas um eletroinjetor para manter o motor funcionando, localizado na
entrada do coletor de admissão onde o combustível é injetado em cima de uma borboleta. Esta, quando
aberta, permite a passagem do combustível para dentro do respectivo cilindro de admissão.
Ar
Borboleta de aceleração
Coletor de admissão
Luiz Meneghel (2015)
Motor
Figura 149 - Alimentação monoponto
Fonte: adaptado de Test Thomson (2009)
O sistema monoponto já está em desuso pelos veículos mais modernos, não sendo mais necessária a
fabricação dessa tecnologia. Esses veículos novos já vêm com injeção multiponto que contempla o motor
com um eletroinjetor por cilindro. Ao contrário do sistema monoponto, observe que a borboleta de acele-
ração está instalada antes dos eletroinjetores.
No sistema multiponto, o combustível é injetado no coletor de admissão próximo às válvulas de admis-
são. Isto significa que no coletor de admissão só passa ar, possibilitando utilizar coletores com diâmetros
maiores favorecendo o maior preenchimento dos cilindros.
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
160
Ar
Galeria de distribuição
(entrada de combustível)
Válvulas de
injeção
O sistema de injeção multiponto ainda apresenta outras vantagens que estão relacionadas à emissão de
gases nocivos à saúde e ao meio ambiente. Esse processo acontece pelo fato de que no coletor de admissão
só passa ar, evita-se a condensação do combustível nas paredes frias do coletor. Com isso, melhora-se a
mistura e a combustão.
A figura anterior permite visualizar as diferenças entre os dois sistemas. Vale ressaltar que no sistema
multiponto há a possibilidade de se utilizar o coletor de admissão de plástico, devido ao não contato com
o combustível.
As vantagens do coletor de plástico em relação ao coletor de liga de alumínio fundido são:
a) menor resistência do ar, devido a sua superfície ser extremamente lisa, sem rugosidades;
b) menor peso;
c) menor custo.
Conheça a seguir o tubo distribuidor de combustível, fundamental no sistema de alimentação do veículo.
O tubo distribuir de combustível tem como função alojar os eletroinjetores e manter o combustível sob
pressão uniformemente. Além de acumular o combustível, o volume em relação à quantidade injetada no
motor é grande o suficiente para atenuar as oscilações de pressão.
Os tubos distribuidores podem ser construídos em formatos e materiais diferentes, por isso podem ser
encontrados em dois modelos: plástico e metal, que você poderá visualizar nas figuras a seguir.
9 Injeção Eletrônica
161
Bao (2015)
Figura 151 - Tubo distribuidor de combustível em plástico
Fonte: Bao (2015)
Em seguida, estude o regulador de pressão e entenda sua importância para os veículos com motor de
combustão interna.
O regulador de pressão pode estar alojado no tubo distribuidor ou, em alguns modelos de veículos, den-
tro do tanque de combustível. Sua finalidade é de manter uma pressão constante de injeção do combustível
os eletroinjetores.
Ele é composto de uma válvula de membrana, uma mola e corpo metálico. A mola tem a função de
exercer uma pressão sobre a membrana, que mantém a válvula em sua sede mantendo a pressão de
combustível exigida pelo sistema.
Quando a pressão de combustível for superior à carga projetada para a mola, a mola é comprimida pela
membrana e, com isso, libera uma passagem fazendo com que o combustível retorne para o tanque.
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
162
Retorno de
combustível
Entrada de
combustível Válvula
Corpo de válvula
Diafragma
Mola
Tomada de vácuo
Bao (2015)
do coletor de admissão
Figura 153 - Funções do regulador de pressão de combustível
Fonte: adaptado de Test Thomson (2009)
O filtro está localizado na linha de pressão de combustível externo ao tanque, ou em alguns modelos,
junto à bomba de combustível dentro do tanque.
Ele tem a função de filtrar o combustível de possíveis impurezas, que eventualmente estejam misturadas
ao combustível e evitando o entupimento dos eletroinjetores.
O filtro tem uma seta em seu corpo que indica a posição correta de montagem, que geralmente deve
estar apontada no sentido de direção do combustível, ou seja, apontada para o motor.
Bao (2015)
SAIBA Se você quiser aprofundar seus conhecimentos em injeção eletrônica, acesse o site:
http://www.mte-thomson.com.br/site/faq/conhecimentos-basicos-sobre-injecao-
MAIS -eletronica/
Você chegou a um ponto importante dos seus estudos sobre motores de combustão interna: diag-
nóstico de anomalia. Mas, antes de começar os estudos, é importante que você entenda o significado de
diagnóstico de anomalia. A anomalia está associada a falhas e defeitos em algum componente do sistema
que prejudicam seu funcionamento.
A falha está relacionada ao aspecto externo do componente, o defeito está relacionado ao aspecto in-
terno. Geralmente, a falha pode ser intermitente, ou seja, ora vem, ora vai. Pode, também, se comportar de
forma aleatória ou seguir um padrão, como só ocorrer quando o carro esquenta ou esfria.
O defeito pode ser a queima de algum componente que possa imobilizar ou comprometer o funcio-
namento até a troca do componente; portanto, é fundamental para o técnico saber se a anomalia é uma
falha ou um defeito.
Com relação ao autodiagnóstico, a UCM acumula as seguintes atribuições:
a) estratégias de funcionamento de emergência;
b) memória para armazenamento e leitura de falhas em sensores, atuadores e UCM;
c) leitura de blocos de valores de medição de sensores, atuadores e parâmetros auto adaptativos;
d) diagnóstico de atuadores;
e) ajuste básico de componentes do sistema.
Como exemplo, pode-se citar o ajuste básico da Unidade de Controle da Válvula Borboleta.
24 Ato de administrar.
9 Injeção Eletrônica
165
O sistema de gerenciamento do motor memoriza as falhas ou erros ocorridos em uma memória volátil25
“RAM”.
Quando o motor é desligado, a UCM mantém sua alimentação (Power latch) durante certo tempo, para
que estes erros sejam transferidos para uma memória não volátil EEPROM. Dessa forma, todas as informa-
ções são mantidas, mesmo que a ignição seja desligada.
CASOS E RELATOS
Diagnóstico perfeito
Pedro Paulo estava viajando com sua família quando, ao passar em uma curva, bateu com a roda
em um buraco e o veículo deixou de funcionar. Após várias tentativas para fazer o veículo funcionar,
resolveu acionar o guincho para levá-lo até uma oficina mecânica.
Ao chegar na oficina, o mecânico que tinha muita experiência em injeção eletrônica foi fazer o
diagnóstico para descobrir onde estava o problema e, durante seus testes, verificou que a bomba
de combustível não estava funcionando.
Ele pegou o manual técnico do veículo para verificar se havia a descrição das possíveis causas do
não funcionamento da bomba de combustível. Descobriu, então, que aquele modelo de veículo
tinha uma peça que era responsável pelo desligamento da alimentação da bomba de combustí-
vel, caso o veículo sofresse algum tipo de colisão.
Ele foi até o veículo e após verificar todo circuito encontrou o interruptor inercial que tinha sido
desativado com o impacto. Então, ele apenas apertou novamente o interruptor e o veículo voltou
a funcionar normalmente.
Pedro Paulo continuou sua viagem muito alegre e grato àquele técnico automotivo por ter resol-
vido seu problema.
25 Desprovido de corpo; incorpóreo ou imaterial. Que, em temperaturas ambientes, se pode reduzir a gás ou a vapor.
Fonte: <http://www.dicio.com.br>.
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
166
Recapitulando
Nesse capítulo, você conheceu os tipos e características dos sensores e atuadores do sistema de
injeção eletrônica. E viu que o sistema de ignição mais utilizado nos motores atuais é o chamado
de ignição estática.
O sistema de ignição estática possui esse nome justamente por não exigir peças móveis para rea-
lizar o processo de transformação da tensão e para a distribuição da centelha.
Você também estudou os componentes que constituem o sistema de alimentação como o tanque
de combustível, eletrobomba, filtro de combustível, regulador de pressão, eletroinjetores e tubo
distribuidor de combustível.
Além disso, você aprendeu sobre a necessidade da utilização do sistema flex e sobre a unidade de
controle do motor (UCM), que possui estratégias de funcionamento para realizar diagnósticos e
anomalias no sistema. Continue seus estudos e compreenda o funcionamento da rede CAN, tema
do próximo capítulo.
9 Injeção Eletrônica
167
Anotações:
Rede CAN
10
Segundo Capelli (2010), a rede CAN (Controller Area Network, ou área de trabalho controlada
por rede) foi desenvolvida por Robert Bosch na década de 1980.
Com o aumento de componentes eletrônicos, mais cabos e chicotes maiores demandam
um maior espaço físico para suas acomodações. Além dessa dificuldade, o custo é maior (mais
cobre e metais nobres) bem como a dificuldade de reparo, no caso de defeito.
Graças à rede CAN é possível reduzir o número de condutores no circuito elétrico do carro
por meio de centrais. Veja, neste capítulo, alguns exemplos práticos como o de uma série de
lâmpadas que deve ser acionada por meio de seus interruptores.
Ao finalizar seus estudos neste capítulo, você estará apto a:
a) selecionar, com base no manual de reparação, ferramentas e equipamentos indicados
para o processo de remoção/desmontagem de componentes do motor e seus sistemas;
b) interpretar as indicações do fabricante quanto aos critérios de manipulação e uso das
ferramentas e equipamentos aplicáveis à remoção/desmontagem de componentes;
c) reconhecer tipos, características, funções, posicionamento e funcionamento dos diferentes
componentes que constituem o motor e seus sistemas como requisito para a inspeção visual
dos mesmos;
d) selecionar, com base no manual de reparação, ferramentas e equipamentos indicados
para o processo de inspeção de componentes do motor e seus sistemas;
e) interpretar as indicações do fabricante quanto aos critérios de manipulação e uso de
ferramentas e equipamentos aplicáveis à inspeção de componentes;
f) interpretar procedimentos e normas técnicas aplicáveis à inspeção de componentes do
motor e seus sistemas;
g) reconhecer os diferentes tipos de equipamentos de proteção individual (EPIs) aplicáveis à
reparação/substituição de componentes do motor e seus sistemas, assim como suas fina-
lidades, condições de uso (conservação) e orientações do fabricante;
h) reconhecer os requisitos da legislação a serem considerados no descarte de resíduos ge-
rados nos processos de reparação/substituição de componentes do motor e seus sistemas;
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
170
i) interpretar as indicações do fabricante quanto aos critérios de manipulação e uso das ferramentas e
equipamentos aplicáveis a testes de funcionamento do motor e seus sistemas;
j) interpretar os procedimentos e normas técnicas aplicáveis a testes de funcionamento do motor e seus
sistemas;
k) reconhecer os diferentes tipos de testes de simulação, sua forma de aplicação e avaliação de resulta-
dos, tendo em vista a verificação de conformidade de funcionamento do motor e seus sistemas.
O sistema convencional é aquele no qual a ligação entre a lâmpada e o conector precisa acontecer di-
retamente por um fio.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
- + 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Utilizando a rede CAN, entretanto, o mesmo sistema pode ser implementado, conforme a arquitetura a
seguir. Nesse caso, cada chave tem um “endereço digital”, que é enviado a uma central A, que se comunica
com outra e liga a respectiva lâmpada.
10 Rede CAN
171
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Central B
Central A
Existem três tipos de tecnologia de rede CAN, classificados de acordo com a taxa de transferência de
dados sob o barramento e tamanho do campo de identificação, conforme você pode visualizar no quadro
a seguir.
A diferença entre rede CAN e rede VAN é que a rede CAN é destinada às
aplicações mecânicas, como: transmissões automáticas, gestão do motor,
CURIOSIDADES freios, etc. A rede VAN, por sua vez, é destinada às aplicações de carroceria,
como: autorádio, navegação, painel, multifunções, entre outros.
Nesse circuito apenas dois fios ligaram as centrais, e não dez, como no sistema convencional. Na prática,
existem várias centrais no carro ligadas em um barramento26, o que reduz ainda mais o número de cabos
no interior do veículo.
Veja um exemplo de barramento na figura a seguir.
+ Can C + Can D
+ Can A + Can B
Segundo Guimarães (2007), o CAN é um protocolo de comunicação serial síncrono. O sincronismo en-
tre os módulos conectados à rede é feito em relação ao início de cada mensagem lançada ao barramento,
evento que ocorre em intervalos de tempo conhecidos e regulares.
A velocidade de transmissão dos dados é inversamente proporcional ao comprimento do barramento. A
maior taxa de transmissão especificada no CAN é de 1 Mbps, considerando-se um barramento de 40 metros.
26 Tipo de barramento com linhas de dados ou controle capazes de conduzir sinais em duas direções. Fonte: <http://www.dicio.
com.br>
10 Rede CAN
173
Fisicamente, o CAN L (L de Low = baixo) é aproximadamente 1,5V, e o CAN H (H de High = alto), aproxi-
madamente 3,5V.
Há redes CAN de dois ou quatro fios. Na de quatro fios, além dos sinais seguem também o +12Vcc e o
cabo é blindado e trançado para evitar interferências eletromagnéticas.
Conheça um pouco da história da rede CAN por meio do histórico a seguir.
Acompanhe outro exemplo prático: o protocolo é enviado em sequência de sete pedaços, como vagões
de um trem. A primeira parte é o bit de início, a segunda é uma sequência de 11 bits que define a prioridade,
ou seja, quem deve ser lido primeiro. Depois, a terceira parte conta a quantidade de informações. O quarto
bolo é a informação que contém o que deve ser feito de fato. O quinto bloco serve para identificar falhas
na transmissão de dados. No sexto bloco cada módulo confirma se recebeu ou não a informação enviada.
Para reparar cabos da rede CAN devem ser utilizados cabos cuja seção transversal
seja de 0,35 ou 0,5mm2. Se possível, deve-se manter a seguinte padronização de co-
res entre os diversos grupos da rede CAN:
FIQUE Cabo CAN High, tração laranja/preto;
ALERTA Cabo CAN High, conforto laranja/verde;
Cabo CAN High, infotenimento laranja/violeta;
Cabo CAN Low (todos) laranja/marrom.
O fim do protocolo é dado pelo bloco 7 por meio de mais 7 bits. No caso de duas ou mais transmissões
simultâneas, o conflito é resolvido pelo bit de prioridade.
A mensagem com maior prioridade domina o acesso ao barramento. As centrais que perderam a priori-
dade continuam “ouvindo” e voltam a transmitir assim que o barramento é liberado.
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
174
+ Central A
+ Central B + Central C
Na rede CAN, quando uma mensagem é enviada, o nó que a recebe sempre responde confirmando se
ela foi ou não recebida. Caso não tenha sido recebida, ela é enviada novamente.
Por segurança, o barramento tem dois cabos de comunicação, CAN “A” e CAN ”B” (não confundir com o
estado alto ou baixo, CAN_H e CAN_L). O mesmo sinal enviado pelo CAN A é também enviado pelo CAN B,
mas de forma invertida. Uma vantagem desse sistema é que mesmo com um cabo interrompido, o sistema
continua funcionando.
Dados Dados
A CAN B B
Considere as mesmas ECUs (várias Unidades de Comando) contendo as mesmas funções, porém in-
terconectadas por um barramento de comunicação serial e compartilhado do tipo CAN (Controller Area
Network). Conforme a figura a seguir, agora dividida em dois grupos com barramentos CAN e linha serial.
10 Rede CAN
175
Arquitetura da rede
CAN
SAIBA Você pode aprimorar seus conhecimentos sobre rede CAN acessando o site: “Notícias
MAIS da oficina”.
Um controle rápido da continuidade da rede pode ser feito medindo-se a resistência entre CAN H e CAN L.
60Ω 60Ω
R
60Ω 60Ω
Bao (2015)
CAN L
Figura 161 - Diagnóstico da rede CAN
Fonte: Santos (2010)
5V
3,5 V max
CAN H
1V
2,65 V Med
2,5 V
2,35 V Med
t
Figura 162 - Leitura da rede CAN
Fonte: Santos (2010)
30% de carga máxima na rede seja 15% do tempo com a rede no estado dominante.
2,5 V + (15% de 1 V) = 2,65 V para CAN H
2,5 V – (15% de 1 V) = 2,35 V para CAN L
CASOS E RELATOS
Problema elétrico
José Carlos era o técnico responsável pelo setor de eletroeletrônica de uma concessionária. Cer-
to dia, ele recebeu um veículo para fazer uma análise, pois o parachoque e as lanternas estavam
derretidos e o veículo já havia passado por outras oficinas. Entretanto, ele não encontrou nada no
sistema elétrico que pudesse ter causado o problema.
Por ser um problema incomum, o gerente reuniu todos os técnicos em eletricidade da concessio-
nária para estudar o veículo e descobrir a causa do derretimento das lanternas e parachoque. En-
tão, um dos eletricistas sugeriu testar a instalação de um puxador de reboque no circuito elétrico.
Para isso, ele engatou uma carrocinha e iniciou uma série de testes.
Durante os procedimentos, ele verificou que as lâmpadas começaram a aquecer, e notou também
que, ao desligar o engate da carrocinha, as lâmpadas ficavam mais fracas.
10 Rede CAN
177
Para finalizar o diagnóstico foi realizada uma sequência de testes no funcionamento das lâmpadas
e constatou-se que quando o engate do reboque era ligado, a potência das lâmpadas aumentava.
Então, o técnico resolveu estudar mais a fundo o manual do veículo, e descobriu que a eletrônica
embarcada tinha um comportamento diferente dos outros sistemas de gerenciamento no sistema
elétrico. E por ser um veículo com muita tecnologia, a potência das lâmpadas não era fixa, mas sim
controladas pela central eletrônica, e que quando foi realizada uma instalação paralela, a central
entendeu que deveria aumentar a potência para suprir a necessidade de consumo das lâmpadas.
Isto esquentou as lâmpadas e fez com que elas derretessem o parachoques e as lanternas.
Após descobrir a causa do problema, foi removida toda instalação paralela, substituídas as lanternas
e o parachoque. O cliente se responsabilizou pelo prejuízo, pois a instalação foi realizada por um
técnico que não conhecia o funcionamento da eletrônica do veículo, sem consulta à concessionária.
Recapitulando
Nesse capítulo, você viu que o sistema de rede CAN veio para simplificar o sistema eletroeletrônico
do veículo com economia de condutores e, por meio das figuras, como funcionava o sistema tra-
dicional e como é feita a comunicação nos veículos mais modernos.
Estudou, também, que apenas dois fios fazem a ligação entre as centrais do veículo, e que essa
ligação por fios é chamada de barramento. A CAN é um protocolo de comunicação serial síncrono,
e o sincronismo entre os módulos conectados à rede é feito em relação ao início de cada mensa-
gem lançada ao barramento. Com o passar dos tempos, a tecnologia foi evoluindo e o sistema de
redes teve que acompanhar esse avanço tecnológico, para isso foram incluídos outros sistemas de
comunicação no veículo, com protocolos de velocidades maiores.
Serviços de Manutenção
11
28 27 26
25
1 24
23 20
22
19
21
18
17
16
1
3
4
5
6
7 15
3 10 12 13 14
8 9 11 13
11.1.1 Diagnóstico
O termo diagnose veicular (ou diagnóstico veicular) representa as funções ou ferramentas que permi-
tem a programação ou verificação do funcionamento de cada componente do veículo.
Com o aumento da eletrônica embarcada, passa a ser mandatório o desenvolvimento de dispositivos
que, por exemplo, permitam o diagnóstico de falhas eventuais dos sistemas. Considerando esta necessida-
de, pode-se classificar as falhas em duas categorias: sendo as possíveis de serem identificadas pelo moto-
rista e as identificadas somente como auxílio de ferramentas especiais (GUIMARÃES 2007).
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
182
Mas, quando se trata do motor de um veículo que chega à oficina com alguma irregularidade, não basta
apenas descobrir o que causou o problema. É necessário estabelecer uma estratégia de diagnóstico e reparo,
para que sejam atingidos os seguintes objetivos:
a) fazer certo na primeira vez;
b) fazer no menor tempo possível;
c) manter a qualidade.
Para isso se faz necessário um plano de manutenção.
FIQUE O uso do E.P.I. é obrigatório durante as atividades práticas para que a integridade
física do técnico reparador seja preservada; portanto, é necessário o uso de: óculos
ALERTA de proteção, sapato e luvas.
Confira a seguir um plano de manutenção preventiva com as principais operações a serem realizadas e
sua periodicidade.
Operações Periodicidade
Unidades Produtoras de Água
Diária Semanal Mensal Trimestral Semestral Anual
Refrigerada (Chillers)
Verificação do funcionamento geral. x
Verificação ruídos e vibrações. x
Medições e registro de temperaturas de água. x
Verificação do nível de óleo. x
Verificação de fugas de óleo ou de fluidos. x
Medições e registro de pressões de funciona-
x
mento.
Medições e registros de consumos elétricos. x
Ensaio do circuito frigorífico. x
Ensaio do circuito elétrico. x
Reapertos de componentes mecânicos e
x
elétricos.
11 SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO
183
Para uma análise de sintomas bem sucedida, é necessário ter domínio das causas, ou seja, conhecer o
perfeito funcionamento do sistema que se pretende analisar, incluindo as características construtivas do
veículo, o conteúdo de sua ficha técnica, os procedimentos e valores específicos de funcionamento, e de
todos os sistemas agregados.
O manual de reparação é uma ferramenta de trabalho fundamental, pois nele o fabricante inclui todas
as informações e especificações que o técnico necessita no momento do reparo no veículo.
Nele está a teoria de funcionamento de vários sistemas. Ele fornece também as informações básicas
sobre diagnósticos de defeitos, inspeção e reparos dos componentes.
Consulte o manual de serviço para obter as informações específicas do modelo que deseja manusear,
como especificações técnicas, valores de torque, ferramentas especiais, ajustes e reparos.
GM (2015)
Segundo o Sindirepa (2015), a falta de acesso aos procedimentos contidos nos manuais de serviços dos
fabricantes de veículos gerou a necessidade da criação de normas técnicas com o objetivo de padronizar a
manutenção automotiva, oferecendo segurança e qualidade dos serviços prestados.
A primeira norma de serviços automotivos surgiu em 1993 e, hoje, o setor de reparação conta com 27
normas.
Segundo o coordenador do trabalho de revisão, as normas facilitam o trabalho dos reparadores, agili-
zam a produtividade, reduzem custos e também garantem que os serviços sejam realizados com qualida-
de, conforme exige o Código de Defesa do Consumidor.
Vale destacar a importância da utilização das normas de serviços como respaldo e proteção do repara-
dor sobre o trabalho executado, que pode ser contestado pelo cliente futuramente.
O ideal seria que a oficina colocasse na ordem de serviço o número e título da norma que está utilizando
para realizar o serviço, deixando explícito ao cliente que ela segue um padrão de qualidade e conformida-
de, o que proporciona um entendimento comum nas relações comerciais. Com isso, o reparador ganha a
confiança do proprietário do veículo.
Com a diversidade de marcas e modelos de veículos, o reparador necessita cada vez mais de informa-
ções técnicas e as normas foram criadas para suprir essa necessidade.
Algumas normas importantes para o reparador automotivo são:
NBR 14481:2008 – Diagnóstico e manutenção em motores ciclo Otto;
NBR 14752:2001 – Bomba elétrica de combustível – Ensaios de manutenção;
NBR 14753:2001 – Válvula injetora – Ensaios de manutenção;
NBR 14754:2001 – Sensor de oxigênio – Ensaios de manutenção;
NBR 14755:2001 – Sensor de massa de ar – Ensaios de manutenção;
NBR 14777:2001 – Remoção e instalação de vidros;
NBR 14781:2001 – Inspeção, diagnóstico, reparação e/ou substituição em sistema de exaustão;
NBR 14843:2002 – Regulador de pressão de combustível – Ensaio.
SAIBA Para você conhecer mais sobre normas das ABNT em manutenção automotiva, acesse
MAIS o site: <http://www.sindirepa-sp.org.br>
11 SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO
185
Todos os veículos que seguem um plano de trabalho e que passam por uma manutenção estão sujeitos
a trocas de peças que não estão no programa de revisões.
Segundo Cardoso (2012), as regras de inspeção para segurança veicular foram criadas pela norma da
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) NBR 14040 que começou a ser redigida em 1995 e foi
publicada em 1998, e trata de:
14040 - 1 – Diretrizes Básicas;
14040 - 2 – Identificação;
14040 - 3 – Equipamentos obrigatórios e proibidos;
14040 - 4 – Sinalização;
14040 - 5 – Iluminação;
14040 - 6 – Freios;
14040 - 7 – Direção;
14040 - 8 – Eixos e Suspensão;
14040 - 9 – Pneus e Rodas;
14040 - 10 – Sistemas e Componentes Complementares;
14040 - 11 – Estação de Inspeção de Segurança Veicular;
14040 - 12 – Habilitação de Inspetores de Segurança veicular .
Sistema de
alimentação
Sistema de Sistema de
arrefecimento ignição
Sistema de Sistema de
lubri cação carga e partida
Bao (2015)
Sistema de ar
Após a montagem do veículo, seja qual for a manutenção, você deve realizar um teste de funcionamen-
to para ter certeza de que todos os componentes substituídos estão operando corretamente.
Testes preliminares, consulta à literatura técnica e manuais de serviço são importantes, pois relacionam
possíveis causas associadas às falhas nos sistemas eletromecânicos, além de selecionar os testes adequa-
dos, definindo os recursos necessários e os equipamentos aplicáveis.
Ferramentas de diagnóstico
Bao (2015)
Figura 167 - Exemplo de diagnóstico de ar condicionado
Fonte: Bao (2015)
CASOS E RELATOS
Que susto!
Ana Lucia adora dirigir, mas nunca se importou em realizar a manutenção preventiva, só leva seu
veículo para a oficina quando surge algum problema.
Certo dia, seu veículo precisou de manutenção corretiva e foi levado até uma oficina. O consultor
atendeu Ana Lucia, levou seu veículo para fazer o diagnóstico do inconveniente e o orçamento para
corrigir o problema apresentado. Quando o orçamento foi apresentado para Ana Lucia, o susto foi
muito grande, pois o valor era muito alto.
Nesse momento, o consultor muito atencioso, pois conhecia muito bem a importância de realizar a
manutenção preventiva, começou a explicar para Ana Lucia que todas as peças do veículo têm uma
data e quilometragem específica para troca, e se ela tivesse acompanhado o manual do veículo e
feito as manutenções programadas, o prejuízo não seria tão grande.
A partir desse dia, Ana Lucia começou a acompanhar a manutenção do seu veículo seguindo as
orientações do fabricante, por isso não teve mais sustos na hora de pagar a conta.
Motor Ciclo Otto e seus Sistemas
188
Recapitulando
Anotações:
Referências
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CHOLLET, H. M. Curso prático e profissional para mecânicos de automóveis: o motor e seus
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São Paulo (SP): Alaúde, 2008. 415 p.
MINICURRÍCULO DO AUTOR
Teófilo Manoel da Silva Júnior é graduado pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci
(UNIASSEL-VI) e possui especialização em Gestão e Educação Ambiental pela mesma instituição.
É especialista automotivo no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI/SC desde feve-
reiro de 2004, desenvolvendo atividades de docência e coordenação do Curso Técnico em Manu-
tenção Automotiva, bem como atuando em Serviços Técnicos e Tecnológicos como consultor para
elaboração de livros didáticos para pessoas com deficiência. Além disso, o autor tem atuado como
Avaliador na Olimpíada do Conhecimento nas etapas Nacional e Estadual desde 2005.
Índice
A
Abnt, 109, 111, 184, 185, 192, 195
Admissão, 11, 28, 52, 53, 56, 57, 67, 68, 71, 73, 74, 75, 87, 102, 141, 142, 151, 152, 159, 160, 164,
195
Agrupados, 94, 95, 195
Alimentação, 8, 13, 15, 146, 154, 156, 157, 158, 159, 160, 165, 166, 195
Anéis, 6, 12, 82, 83, 84, 86, 87, 88, 89, 90, 93, 102, 114, 117, 195
Anomalia, 133, 164, 195
Aquecimento, 76, 82, 126, 128, 146, 157, 163, 195
Árvore, 12, 23, 51, 52, 53, 54, 55, 56, 63, 66, 67, 69, 72, 73, 81, 91, 94, 100, 102, 109, 111, 127, 142,
143, 195
Aturadores, 195
B
Biela, 6, 7, 51, 81, 82, 83, 91, 92, 93, 102, 109, 195
Bloco, 7, 12, 15, 59, 63, 65, 66, 81, 83, 90, 93, 94, 95, 102, 106, 107, 126, 127, 150, 173, 195
Bomba, 7, 8, 12, 13, 95, 97, 98, 99, 100, 102, 113, 114, 116, 122, 126, 127, 128, 134, 154, 155, 158,
162, 165, 184, 195
Bronzina, 7, 12, 72, 91, 93, 94, 100, 102, 191, 195
C
Cabeçote, 6, 7, 11, 12, 15, 26, 30, 52, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 71, 75, 76, 78, 79, 80, 81, 102, 107, 108,
110, 111, 195
Câmara, 5, 21, 22, 27, 28, 29, 30, 53, 54, 64, 71, 75, 80, 84, 86, 88, 102, 117, 120, 125, 127, 147, 148,
195
Característica, 75, 143, 156, 157, 195
Características, 13, 15, 19, 33, 51, 58, 63, 71, 75, 81, 82, 105, 106, 113, 125, 129, 132, 133, 137, 156,
166, 169, 171, 179, 183, 188, 192, 195
Cárter, 7, 12, 15, 57, 86, 95, 96, 97, 99, 100, 102, 114, 117, 195
Cilindro, 5, 24, 25, 26, 27, 29, 30, 47, 48, 57, 59, 64, 65, 67, 71, 76, 81, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 102,
108, 117, 143, 152, 156, 157, 159, 195
Comando, 6, 11, 13, 52, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 71, 72, 73, 74, 78, 100, 102, 116, 138, 139, 151, 152,
153, 157, 164, 171, 172, 174, 195
Combustão, 5, 9, 11, 15, 20, 22, 27, 28, 29, 30, 52, 53, 54, 57, 58, 60, 63, 64, 65, 74, 75, 76, 77, 80,
82, 83, 86, 88, 95, 97, 101, 102, 108, 114, 117, 120, 122, 125, 127, 133, 147, 148, 152, 157, 160, 161,
164, 191, 195
Combustível, 8, 13, 19, 21, 22, 24, 26, 27, 28, 29, 52, 53, 54, 64, 68, 75, 82, 88, 125, 127, 129, 133,
134, 138, 140, 145, 147, 148, 149, 151, 152, 154, 155, 156, 157, 158, 159, 160, 161, 162, 163, 164,
165, 166, 184, 196
Componente, 7, 13, 15, 16, 19, 28, 33, 35, 47, 59, 63, 64, 73, 76, 80, 81, 83, 94, 95, 97, 99, 105, 108,
111, 113, 114, 115, 116, 117, 120, 122, 125, 127, 128, 129, 130, 134, 137, 138, 139, 153, 154, 164,
166, 169, 173, 175, 179, 180, 181, 182, 183, 185, 186, 188, 196
Compressão, 5, 6, 11, 20, 25, 26, 27, 28, 52, 53, 56, 57, 64, 65, 75, 78, 84, 86, 87, 88, 89, 106, 111,
156, 157, 196
Comunicação, 8, 13, 172, 174, 175, 177, 192, 196
Confeccionado, 106, 196
Consulta, 177, 186, 196
Continuidade, 175, 196
Cruzamento, 6, 11, 71, 72, 102, 196
D
Diagnóstico, 8, 13, 16, 49, 51, 58, 110, 111, 121, 164, 165, 175, 177, 181, 182, 184, 186, 187, 188,
196
Diâmetro, 24, 25, 29, 45, 47, 86, 87, 108, 196
Dimensional, 11, 15, 31, 33, 49, 191, 196
Dispositivo, 6, 12, 67, 68, 73, 78, 102, 154, 155, 181, 196
E
Elétrica, 8, 140, 146, 170, 171, 184, 196
Eletrônico, 4, 7, 13, 137, 139, 164, 169,171, 172, 196
Êmbolo, 6, 12, 21, 24, 25, 73, 75, 81, 82, 83, 88, 93, 99, 108, 196
Energia, 15, 20, 57, 64, 127, 196
Engrenagens, 68, 69, 97, 116, 143, 196
Equipamento, 36, 47, 114, 196
Escapamento, 11, 53, 54, 63, 75, 127, 133, 138, 145, 196
Estratégia, 58, 159, 163, 182, 196
F
Ferramenta, 16, 33, 36, 49, 51, 60, 63, 89, 92, 99, 105, 113, 125, 137, 138, 169, 170, 179, 181, 183,
186, 188, 196
Ferro, 7, 59, 64, 76, 84, 86, 106, 108, 109, 111, 144, 196
Fluido, 7, 59, 119, 132, 196
Funções, 8, 15, 16, 19, 51, 56, 63, 64, 65, 73, 86, 95, 102, 105, 113, 114, 122, 125, 137, 162, 169,
174, 181, 188, 197
H
História, 9, 11, 15, 19, 31, 173, 192
I
Indutivo, 142, 143, 144
Informações, 16, 51, 76, 120, 133, 137, 142, 159, 164, 165, 173, 183, 184, 186, 188, 191, 192
Inspeção, 19, 33, 63, 105, 113, 125, 137, 169, 179, 183, 184, 185, 191
Instrumento, 33, 35, 36, 38, 39, 40, 43
Interruptor, 7, 8, 13, 99, 129, 130, 131, 154, 155, 165
J
Junta, 6, 12, 65, 80, 81, 95, 96
L
Liga, 7, 64, 69, 82, 93, 94, 106, 107, 108, 109, 160, 170
Lubrificante, 7, 12, 65, 77, 88, 91, 94, 95, 97, 102, 115, 117, 118, 119, 120, 121, 122
M
Manivelas, 12, 23, 51, 52, 53, 54, 55, 56, 63, 69, 81, 91, 94, 100, 102, 108, 109, 111, 127, 142, 143
Manuais, 11, 59, 60, 179, 184, 186
Manutenção, 8, 9, 13, 16, 21, 30, 41, 47, 51, 59, 60, 70, 71, 91, 121, 131, 179, 180, 181, 182, 183,
184, 185, 186, 187, 188, 191, 192, 193
Materiais, 12, 15, 64, 96, 105, 106, 107, 108, 111, 120, 132, 160, 191
Medição, 19, 33, 34, 37, 40, 43, 45, 46, 47, 100, 113, 125, 164, 175
Metal, 8, 93, 96, 131, 146, 160, 161, 191
Metrologia, 31, 33, 49, 191
Moentes, 91, 93, 94, 95, 102
Motores, 6, 9, 11, 15, 19, 20, 22, 23, 28, 29, 31, 51, 52, 55, 56, 57, 58, 59, 60, 65, 66, 67, 71, 72, 73,
74, 75, 84, 85, 89, 91, 95, 99, 105, 106, 115, 116, 117, 119, 120, 122, 133, 140, 156, 164, 166, 184,
191, 192
N
Nbr, 184, 185
Normas, 13, 51, 59, 63, 105, 109, 111, 113, 119, 120, 122, 125, 137, 138, 169, 170, 179, 184, 185,
188, 192
O
Óleo, 6, 7, 9, 12, 59, 64, 65, 76, 77, 80, 84, 86, 87, 88, 89, 91, 94, 95, 96, 97, 98, 99, 100, 101, 102,
113, 114, 115, 116, 117, 118, 119, 120, 121, 122, 182, 183
Oxigênio, 138, 146, 147, 148, 152, 163, 184
P
Paquímetro, 5, 11, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 49
Partículas, 101, 117
Pistão, 6, 7, 12, 24, 25, 26, 27, 29, 51, 52, 53, 54, 55, 56, 57, 58, 69, 71, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88,
89, 90, 91, 102, 108, 111, 114
Pms, 12, 24, 26, 56, 69, 71, 142, 143, 156
Potência, 22, 23, 28, 105, 106, 115, 127, 155, 156, 177
Precisão, 45
Pressão, 7, 8, 12, 13, 21, 40, 44, 54, 57, 59, 71, 80, 81, 82, 86, 87, 96, 97, 99, 100, 114, 116, 122, 138,
140, 141, 142, 152, 154, 155, 158, 160, 161, 162, 166, 184
Preventiva, 9, 131, 180, 182, 183, 187, 191
Primário, 156, 157
Procedimentos, 13, 36, 49, 51, 58, 59, 60, 63, 70, 91, 92, 105, 113, 125, 133, 137, 138, 157, 169,
170, 176, 179, 183, 184, 186, 188
Processo, 15, 27, 33, 63, 71, 88, 92, 105, 109, 116, 125, 137, 138, 152, 156, 160, 166, 169, 179, 180
Q
Queima, 19, 27, 28, 64, 75, 77, 125, 152, 164
R
Radiador, 7, 12, 125, 126, 127, 128, 129, 130, 131, 132, 134
Relógio, 5, 11, 43, 44, 45, 46, 47, 49
Rendimento, 22, 26, 28, 71, 102, 114
Reparação, 13, 33, 58, 59, 63, 64, 110, 113, 125, 137, 138, 169, 179, 183, 184, 188, 192
Reservatório, 95, 102, 130
Resistência, 28, 29, 78, 81, 83, 91, 94, 105, 108, 111, 118, 119, 139, 140, 146, 149, 157, 160, 175,
183
Resolução, 5, 35, 38, 39, 40, 120
S
Secundário, 152, 156, 157
Sensores, 7, 12, 15, 133, 137, 138, 139, 142, 143, 146, 152, 159, 164, 166
Sincronismo, 52, 63, 73, 172, 177
Sintomas, 13, 58, 183, 188
T
Tensão, 15, 75, 139, 140, 141, 142, 144, 145, 146, 147, 148, 149, 152, 156, 157, 163, 166, 172, 175
Termostática, 7, 12, 126, 128, 133, 134
Tipos, 5, 6, 7, 11, 13, 15, 16, 19, 28, 33, 35, 41, 42, 46, 51, 58, 59, 63, 64, 65, 66, 71, 72, 73, 75, 76, 78,
82, 83, 84, 86, 88, 89, 91, 95, 96, 97, 99, 102, 105, 108, 109, 111, 113, 115, 118, 121, 125, 127, 137,
138, 140, 142, 144, 149, 150, 157, 156, 158, 165, 166, 169, 170, 171, 174, 180, 188
Trabalho, 15, 22, 30, 49, 54, 55, 58, 59, 60, 70, 71, 85, 110, 128, 129, 137, 169, 179, 180, 183, 184,
185, 188
Tuchos, 6, 11, 67, 68, 73, 74, 102
V
Válvulas, 6, 7, 11, 12, 13, 15, 28, 52, 53, 54, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 78,
79, 80, 88, 99, 100, 101, 102, 108, 110, 111, 114, 116, 126, 128, 133, 134, 152, 154, 155, 159, 161,
164, 180, 184
Vazão, 116, 149, 154
Veicular, 8, 16, 181, 182, 185, 186, 188, 191
Veículo, 13, 15, 16, 21, 27, 48, 51, 59, 60, 70, 71, 96, 102, 110, 111, 114, 120, 121, 126, 127, 129,
131, 133, 134, 137, 150, 151, 153, 155, 160, 163, 165, 172, 176, 177, 179, 180, 181, 182, 183, 184,
186, 187, 188
Velocidade, 8, 13, 97, 144, 150, 172
Virabrequim, 7, 12, 15, 63, 68, 69, 94, 95, 97, 102, 115
Volume, 5, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 106, 160, 163, 192
SENAI - DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP
Waldemir Amaro
Gerente
Cleberson Silva
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