EstadoSólido1 P3
EstadoSólido1 P3
EstadoSólido1 P3
Estado Sólido 1 - P3
K
= AT (1)
σ
Em que K é a condutividade térmica, σ é a condutividade elétrica, T é a temperatura
e A é uma constante. Os valores de A costumam ser independentes do material (2, 0 −
2, 5) × 10−8 W ΩK −2 .
É possível obter essa lei a partir dos argumentos de Drude sobre o movimento dos
elétrons. A condutividade térmica é dada por
j Q = −K ∇T
⃗ (2)
n
jQ = vx ϵ(T [x − vτ ]) (3)
2
n/2 é a densidade de elétrons que viajam da esquerda para a direita, ϵ(T ) é a
energia térmica por elétron referente à temperatura T. Analogamente, a densidade de
corrente de energia térmica dos elétrons vindos da esquerda é j Q = n2 vx ϵ(T [x + vτ ]). O
fluxo total é, portanto:
n dϵ dT
jQ = vx ϵ(T [x − vτ ]) − ϵ(T [x + vτ ]) = nvx2 τ (− ) (4)
2 dT dx
Num caso tridimensional, a equação assume a forma:
1
j Q = − v 2 τ cv ∇T
⃗ (5)
3
Em que o termo 1/3 é atribuído à distribuição aleatória das velocidades nas 3
direções (não há direção preferencial) e cv é p calor específico eletrônico.
Pode-se escrever a condutividade térmica K como K = 13 v 2 cv τ e dividir a equação
por σ, a condutividade elétrica de Drude, para obter a lei de Wiedemann-Franz, com a
constante A determinada.
1
K cv mv 2
= 3 2 (6)
σ ne
Fazendo cv = 23 nkB e 12 mv 2 = 23 kB T , obtém-se:
K 3 kB
= ( )2 T (7)
σ 2 e
A relação entre condutividade térmica e elétrica é uma manifestação de uma classe
de fenômenos conhecidos como fenômenos termoelétricos, com aplicações tecnológicas
importantes.
O efeito Seebeck é um deles, e consiste no surgimento de um potencial elétrico
quando uma barra metálica é submetida a um gradiente de temperatura em um circuito
aberto. Esse efeito é comumente utilizado para medir o potencial elétrico a partir dessa
diferença de temperaturas.
1⃗
vn (k) = ∇k ϵn (k) (8)
h̄
O índice de banda n é uma constante de movimento, o vetor de onda k é definido
na primeira Zona de Brillouin e as equações semi-clássicas de movimento são:
1⃗
ṙ = vn (k) = ∇ϵn (k) (9)
h̄
2 X 2e Z ⃗
j = −ne v(k) = − ∇k ϵ(k)dk (11)
N k (2π)3 h̄ ZB
Lembrando-se que:
0.2.2 Buracos
Um buraco é uma banda não preenchida totalmente, com um momento oposto ao
momento do elétron, e sua energia é o negativo da energia do elétron faltante ϵb (kb ) =
−ϵe (ke ). A velocidade do buraco é igual à velocidade do elétron ausente. Juntando as
informações fornecidas, obtém-se:
h̄2
ϵ(k) = ϵ0 ± (k − k0 )2 (14)
2m◦
A velocidade v e a aceleração a podem ser calculadas da seguinte forma:
Na vizinhança de um máximo, Fext = −m◦ a, com a aceleração em direção oposta
à força externa, como se a massa fosse negativa. Nesse contexto, o conceito de buraco é
importante, pois tem a massa efetiva positiva nesse caso.
⃗
é perpendicular, simultaneamente, a B e ∇ϵ(k), de forma que o elétron se move em
uma superfície de energia constante em um plano perpendicular a B. Tomando a direção
de B a favor da direção z, podemos reescrever a equação como:
h̄
x(t) = x0 + ky (t) (18)
eB
h̄
y(t) = y0 − kx (t) (19)
eB
Que são as componentes reais da trajetória do elétron em x e em y. Ela pode
assumir formas complicadas dependendo da superfície de energia constante. Uma situação
simples é a de elipse no plano k, que no plano real corresponde também a uma elipse, mas
com os semi-eixos invertidos (rotação de 90 graus). A trajetória do elétron é, então, uma
espiral.
A órbita de elétron tem sentido anti-horário para os elétrons mais energizados
quando a superfície de Fermi não cruza os planos de Bragg delimitantes da primeira ZB.
Caso a superfície de Fermi toque a borda da ZB, como no caso dos metais bivalentes,
o elétron percorre uma certa distância ao longo da superfície até sair da ZB, quando é
trazido de volta por uma translação de vetor G. É mais fácil de visualizar o efeito em
células repetidas
O sentido das órbitas é horário, como seria esperado para partículas positivas,
novamente enfatizando a importância do conceito de buraco.
Na vizinhança de um máximo ou mínimo de banda, a frequência do movimento
periódico dos elétrons ou buracos é a frequência de cíclotron ωc = m
eB
◦ , em que m
◦
=
|M | 1/2
( Mzz ) .
Além da órbita de elétron e de buraco, há também as órbitas abertas, que podem
ser obtidas variando-se a direção do campo magnético aplicado.
Figura 4 – Órbita aberta.
−h̄2 ∇2
Hψ = [ + U (r)]ψ = ϵψ (20)
2m
O teorema de Blcoh afirma que se o potencial for periódico, as soluções podem ser
escolhidas da seguinte forma:
Em que a exponencial é uma onda plana com vetor de onda k e unk é uma função
com a mesma peridiocidade da rede (unk (r) = unk (r + R)). Calculando-se ψnk (r + R),
obtém-se:
ψnk (r + R) = eik(r+R) unk (r + R) = eikR eikr unk (r) = eikR ψnk (r) (22)
ψ2 = Asinπx/a (24)
0.3.2 Significado de k
ψ não é um autpestado de p com autovalor h̄k pois o potencial cristalino quebra a
simetria completa de translação do espaço. Isso é verificável aplicando-se p na função de
onde de Bloch:
pψnk = −h̄∇(e
⃗ ikr unk (r)) = h̄kψnk − ih̄eikr ∇u
⃗ nk (r) (25)
Figura 5 – Esquema de bandas de um cristal com número par de elétrons por célula
primitiva e sem superposição de bandas.
Figura 6 – Esquema de bandas de um cristal com número par de elétrons por célula
primitiva e com superposição entre as bandas, dando origem a um metal
divalente ou semimetal.
G
De forma que a equação de Bloch se reduz a
′
′
U (r) = UG′ eiG r (29)
X
Como as ondas planas são LI, o coeficiente de cada onda deve ser zero separada-
mente.
1 Z
UG = U (r)eiGr dr (30)
Vcel Vcel
1 Z e2 n(r′ )
UH (r) = − (32)
4πϵ0 |r − r′ |
Em que n(r) = |ψj (r)|2 é a densidade eletrônica e o somatório é feito sobr todas
P
j
as bandas ocupadas.
Na realidade, deve-se resolver a equação da função de onda de diversos elétrons,
que é muito mais complicado.
A interação de troca impede que dois elétrons ocupem o mesmo estado quântico,
de tal forma que dois elétrons de mesmo spin sofrem repulsão a curto alcance. Os efei-
tos de correlação são observados quando elétrons de spins opostos se movem de forma
correlacionada e evitam ocupar regiões próximas.
Para evitar ter que levar tudo isso em conta, a determinação empírica dos coeficientes
de Fourir a partir das medidas da estrutura de bandas é utilizada em sistemas complexos.
h̄2 (k − G)2
( − ϵ)c(k − G) = 0 (33)
2m
De forma que ϵ = h̄2 (k − G)2 /2m ou c(k-G) = 0. Para cada banda n, apenas um
termo da expansão da equação de onda sobrevive. Indexando vários vetores G da rede
recíproca com os índices n, obtém-se:
1
ψnk (r) = √ ei(k−Gn )r (34)
V
h̄2 (k − Gn )2
ϵn (k) = (35)
2m
As bandas de energia, no caso unidimensional, são parábolas centradas nos diferentes
Gs, que é verificado experimentalmente em alguns metais alcalinos, mas desvia do observado
para outros casos, sugerindo que, no geral, podemos tratar o elétron como quase-livre,
tratanto o potencial cristalino como uma perturbação.
Nas vizinhanças dos planos de Bragg, os lambdas são próximos, dando origem a
uma correção mais significativa do potencial. A quebra de simetria é a responsável pela
abertura do gap de magnitude 2|UG2 −G1 |.
′
1
eik(R −R)<ϕR |H|ϕR′ >
P
R,R′
ϵ(k) = N
(37)
< ψk |ψk >
R’ pode ser tomado como zero por conta da simetria, e isso reduz a expressão final.
A aproximação dos primeiros vizinhos consiste em supor que a integral < ϕR |H|ϕ0 >
é diferente de zero apenas s No final, a expressão para a energia reduz-se a:
Assumindo um overlap pequeno (S << 1 e γ ′ << α):
Em que γ = γ ′ − αS. Por exemplo, para uma rede quadrada, em que cada átomo
tem 4 primeiros vizinhos, temos R1 = ±ax̂ ou R − 1 = ±ŷ e
Apesar da função de onda TB ser escrita como uma combinação linear de orbitais
localizados, um elétron qualquer pode ser encontrado em qualquer região da rede. Quanto
maior a largura W da banda, maior a velocidade de um elétron no meio dela (mais
deslocalizados).
0.5 Semicondutores
Os materiais semicondutores são aqueles que apresentam condutividade inter-
mediária entre condutores e isolates. Além disso, a variação da condutividade com a
temperatura é inversamente proporcional, enquanto que metais têm menor condutividade
para temperaturas mais altas.
Os semicondutores são muito utilizados para a fabricação de transistores, utilizados
na grande maioria dos circuitos elétricos modernos. A Lei de Moore prevê que o número
de transistores em um chip dobra a cada dois anos. Em seguida vamos compreender a
importância dos semicondutores.
ne2 τ
σD = (40)
m◦
Para metais, a dependência da condutividade com a temperatura era determinada
pelo tempo de relaxação τ , que diminui com o maumento da temperatura.
Em semicondutores, o principal fator de dependência da condutividade com a
temperatura é a densidade de portadores n, que também pode ser alterado pela presença
de impurezas, e não o tempo de relaxação.
Como já vimos, a densidade de estados eletrônicos, por unidade de volume, é:
1 2me 3/2
De (ϵ) = ( ) (ϵ − Ec )1/2 (41)
2π 2 h̄2
Em que Ec é a energia do fundo da banda de condução. De forma semelhante, a
densidade de estados, por volume, dos buracos, é:
1 2mb 3/2
Db (ϵ) = ( ) (Ev − ϵ)1/2 (42)
2π 2 h̄2
Com Ev sendo o valor da energia no topo da banda de valência. Dessa forma, a
densidade de e´létrons na banda de condução é:
O que evidencia que np é independente do potencial químico, que pode ser modifi-
cado com dopagem.
Em um semicondutor intrínseco, n=p, pois a entrada de um elétron na banda de
condução depende da saída de um da banda de valência.
1 3 mb
µ(T ) = Ev + Eg + kB T ln( ) (44)
2 4 me
Com o potencial químico ao redor do centro do gap em baixas temperaturas.
4πϵ0 h̄2
a0 = = 0, 529Å (46)
me2
Para adaptar as relações acima para o excitons, basta substituir a massa do elétron
pela massa reduzida µ do par elétron-buraco e blindar a interação eletrostática pela
constante dielétrica macroscópica.
µ 1
Eexc = − × 13, 6eV (47)
m ϵ2
m
aexc = ϵ × 0, 529A (48)
µ
As energias de ligação dos éxcitons são da ordem de alguns MeV (muito menores
do que a do átomo de Hidrogênio), o que explica os picos excitrônicos mais perceptíveis
a baixas temperaturas. O raio (102Å), no entanto, é muito maior do que as distâncias
interatômicas típicas, o que justifica a abordagem.
Figura 9 – Junção pn com polarização direta, sem polarização e com polarização reversa.
Sem a aplicação de ddp, não há a circulação de corrente, que é uma situação em
que há o cancelamento de duas contribuições da corrente:
Figura 10 – Correntes de acordo com o potencial aplicado. As três regiões presentes são
referentes aos tipos de polarização.
0.5.4 Aplicações
É por esses princípios que operam os LEDs e as células solares, com uma ligação do
tipo pn. Enquanto os LEDs operam com polarização direta, com os elétrons sendo levados
até a camada de depleção, as células solares dão origem aos pares elétrons-buracos com a
incidência de luz. Eles são, então, acelerados pelo campo elétrico para a região oposta.
Os transistores do tipo FET (Field-effect transistor) não apresentam ligação pn no
caminho principal de condução, que pode ser formada por um semicondutor do tipo P ou
N. A impedância de entrada é alta, o que permite seu uso como adaptador de impedâncias,
substituindo os transformadores em algumas situações, além de serem empregados para
amplificar correntes de altas frequências.