Apresentacao Recensão Critica Junho

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Recensão critica

A presente recensão crítica foi feita com base na obra Michael Schudson, com o título “A
narrativa e a informação: dois jornalismos na década de 1890”

O artigo apresenta uma radiografia em torno do jornalismo impresso, nos Estados Unidos da
América, tendo em conta a evolução cronológica e as suas respectivas mudanças.

O artigo não apresenta uma divisão clara, que pode ser subdividido em 2 partes: O jornalismo
como narração (Jornal World) e o jornalismo como informação (ascensão do New York
Times).

1.A narrativa e a informação: dois jornalismos na década de 1890

Na parte introdutória, o autor apresenta os principais jornais da época e as suas principais


características. De acordo com Schudson, os dois maiores jornais eram o World, inaugurado
em 1859 e reavivado por Joseph Pulitzer em 1883, e o Jornal, lançado em 1882 pelo irmão de
Pulitzer. Nesta época foram identificados dois tipos de jornalismo:

a) Entretenimento ou narrativo – com vista a contar histórias de forma divertida e


usando a função estética do jornalismo. Esta categoria é estreitamente conectada a
classe media e trabalhadora.

b) Informativo – apresentação dos factos. Esta categoria é estreitamente conectada a


classe media instruída.

Vários autores como Benjamim, defendiam o segundo tipo, pelo facto de acreditarem que
é indispensável que a informação só é plausível e por isso não pode ser associada a uma
narrativa. Aliado a isso, o autor advoga que o jornalismo informativo é conotado como
mais confiável que o jornalismo literário.

Na década de 1890 o jornal New York Times havia-se estabelecido como a preferência da
classe alta, pelo seu carácter informativo e as classes menos abastadas tinham como
preferência o jornal World, pelo seu carácter literário. Contudo, o autor questiona se,
existe mesmo uma relação entre a forma de fazer jornalismo e o nível social dos
indivíduos.
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2. Jornalismo como entretenimento

Na 1ª parte, o autor debruça-se em torno do jornalismo de entretenimento. Para isso,


começa por apresentar o papel de Pulitzer para o jornalismo.

Joseph Pulitzer começou a sua carreira em jornal em St Luís, quando comprou-o em


1878. Seu contributo dá-se pelo facto de ter desenvolvido a campanha pelo jornal, onde
usava como método as manchetes e as denúncias políticas surpreendentes. Pulitzer
também destacou-se pela sua prática comercial.

No que concerne a sua prática comercial, verifica-se que Pulitzer inaugurou a prática da
venda de espaço publicitário com base na circulação real e o negociava a anunciantes que
usavam ilustrações ou quebravam as regras das colunas. Através do crescimento das lojas
de departamento e ao desenvolvimento de nomes e marcas registadas de corporações de
produção nacional, a demanda comercial por espaços de propaganda começou a acelerar.

Este facto, fez com que a circulação fosse uma medida de competição entre os jornais, os
espaços publicitários em jornais tornaram-se mercadoria e por isso era exigido os dados
completos dos jornais e o carácter de suas publicações. Assim, já não eram os anunciantes
que tinham de convencer os jornais a publicar no espaço editorial, mas sim os jornais que
convenciam os anunciantes a apostar no seu jornal.

De acordo com o autor, alguns jornais na década de 1890, vangloriavam-se nas páginas
de publicidade ou de alguma coluna, o facto de imprimirem vários anúncios ou a sua
circulação.

A auto-propaganda incluía também o uso de ilustrações, caricaturas, desenhos e títulos


maiores e destacados. O facto de Nova Iorque na década de 1890 estar cercada por
imigrantes e inexperientes em inglês, atraia leitores para os desenhos e títulos ruidosos.

Jornais como o World começaram a optar pela função de entretenimento através do


crescimento de uma edição aos Domingos.

A partir de 1850, os jornais Dominicais começaram a ganhar espaço em Nova York pelo
facto dos imigrantes não serem adeptos do conservadorismo americano. Assim, a edição
de Domingo era caracterizada pela diversão, páginas especiais para mulheres, ficção
romântica e poesia.
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O espaço dedicado as mulheres reflectia a ascensão da mulher como uma figura


importante na sociedade, embora os jornais optassem por não debater questões políticas
como o voto feminino, mas sim questões domésticas e sobre a feminilidade.

Na sua abordagem, o autor apresenta a mudança e a adaptação dos jornais, ao longo dos
tempos. O autor refere que os jornais mudaram juntamente com as cidades e não só
registavam a mudança social como eram parte dela.

As publicações como do jornal World, mudaram como forma de adaptar-se a nova


realidade Nova Yorquina, onde pessoas mais ou menos abastadas, liam no interior dos
autocarros e isso exigiu que houvesse redução do tamanho das páginas, títulos, ilustrações
e o desenvolvimento do Lead. Foi na década de 1840, que o Lead começou a ganhar
notoriedade.

3. Jornalismo como informação – A ascensão do New York times

Na 2ª parte, o autor apresenta a vertente informativa do jornalismo, com especial enfoque


para o jornal New York Times.

O New York times ascendeu a partir de 1896, pelo facto de apresentar um retrato fiel da vida
em Nova York e no mundo em geral. Neste período foi adquirido por Adolfo Ochs e não
efectuou nenhuma transformação radical, mas conseguiu transformar New York Times, num
grande jornal.

Foi também considerado valioso para os negócios, na medida em que apresentava uma
análise semanal das notícias financeiras e era útil principalmente para a classe investidora.

Aliado a isso, a ascensão do Times, deu-se devido ao seu tom político, por expressar o
conservadorismo e isso tornava-o popular no meio das pessoas endinheiradas.

O New York Times baixou de três para 1 centavo, tornando-se acessível para mais pessoas e
garantindo um sólido lugar no jornalismo nova-iorquino. O times atraia leitores entre ricos e
aqueles que aspiravam a riqueza e ao status, em parte porque era socialmente aprovado e era
um emblema de respeitabilidade.
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Aspectos positivos

- O autor redigiu o artigo de forma clara, concisa e consegue atingir qualquer tipo de público;

- A obra apresenta uma cronologia em torno da ascensão de jornais e permite compreender as


diferentes transformações que o jornalismo impresso nos EUA sofreu;

- O autor apresentou factos do século XIX, mas com uma estreita ligação com a actualidade.
Este aspecto pode ser comprovado através dos anúncios comerciais nos jornais, que são uma
prática de quase todos os jornais, uma vez que o preço pago por cada publicação, muitas
vezes não consegue garantir a sustentabilidade do jornal.

Todavia, verifica-se actualmente que os jornais tornam-se cada vez menos preocupados em
informar o cidadão, mas sim garantir a procura dos anunciantes.

O autor retrata também, o surgimento das edições de domingo dos jornais, que ganha espaço
na sociedade até hoje com especial foco para o Jornal Domingo, e inclui informações
culturais, histórias infantis e actividades infantis.

Aspectos negativos

- O autor apresenta inúmeras questões que revelam-se bastante importantes para a


compreensão da temática em análise, todavia em varias delas não apresenta respostas ou
apresenta respostas superficiais.

Ex.: O que a informação tem que parece atrair o leitor da classe media instruída?

O que há na narrativa que parece atrair o leitor da classe trabalhadora?

Na minha análise, a resposta para esta questão reside no facto de que a classe instruída
costuma ser mais exigente no que concerne a fidelidade e veracidade dos factos apresentados
pela imprensa.

A sua instrução torna-os críticos relativamente ao que lêem nas páginas de jornais. Por outro
lado a classe trabalhadora, geralmente menos instruída não possui esse carácter critico e “
pode facilmente” acreditar em tudo o que lê, principalmente por meio de narrativas emitidas
pelos jornais.
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