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Análise de Opções de

Transações e
Investimentos
ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 1
Análise de Opções de Transações e Investimentos

Índice Geral
Aula 1 A variável financeira nas opções de transações e investimentos 3

1.1 A importância da variável financeira

1.2 Gestão Financeira 4


1.3 Análise financeira em opções de transações e
7
investimentos
Aula 2 Noções básicas de Matemática Financeira 8
2.1 Juros e Regimes de Capitalização 13
2.2 Taxas Equivalentes 15
Aula 3 Fluxo de Caixa: Conceitos e Fundamentos 15
3.1 A estruturação do fluxo de caixa 16
3.2 Conceitos importantes na análise do fluxo de caixa 18
Aula 4 Introdução aos métodos de análise de projetos de investimento 20

4.1 Elementos básicos para análise de projetos de investimento

4.2 Payback 27
4.3 Payback Descontado 30
4.4 Valor Presente Líquido (VPL) 30
Aula 5 Métodos quantitativos de análise de projetos de investimento 31
5.1 Taxa Interna de Retorno (TIR) 31
5.2 Taxa Interna de Retorno Modificada (TIRm) 32
5.3 Comparação entre os métodos de análise de projetos de
33
investimento
Estratégias Comerciais e Viabilidade Financeira de
Aula 6
Investimentos
6.1 Estratégias Comerciais de Compra e Venda

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 2


6.2 Avaliando a viabilidade financeira de investimentos 38
Aula 7 Risco, Retorno e Incerteza 40
7.1 Conceitos básicos 42
7.2 Tipos de Risco 43
7.3 Medidas de Risco 46
Aula 8 Análise de investimentos em condições de risco e incerteza

8.1 Análise de investimento em condições de risco 47


8.2 Análise de investimento em condições de incerteza 48

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 3


Aula 1 – A Variável Financeira nas Decisões de Transações e de
Investimentos

Introdução
Mais do que nunca, estamos diante de um mundo onde as mudanças ocorrem numa
velocidade sem precedentes e de maneira imprevisível, onde a concorrência assume
escalas globais e num cenário em que, na maioria das vezes, nossos clientes estão
repletos de informações. A tecnologia da informação possibilitou uma verdadeira
globalização, gerando uma significativa interação e interdependência entre os
mercados e quebrando, até mesmo, barreiras continentais. Essa relação é vista não
só no aspecto econômico, mas também cultural e social. Hoje, uma crise num
pequeno país em um continente distante pode afetar o mundo inteiro e gerar uma
cascata de desdobramentos que irão afetar a economia dos mais diferentes países
e, especificamente, as organizações que atuam dentro desses. Logo, é essencial que
as empresas estejam preparadas para enfrentar esses desafios, protegendo-se de
ameaças externas e aproveitando oportunidades de negócios que surgem em
tempos como este ou em outros de calmaria.

É diante desse cenário que a habilidade de avaliar, de maneira eficaz, as diferentes


opções de transações e de investimentos, deve ser considerada; mais do que um
fator crítico de sucesso para qualquer organização, é preciso vê-la como condição
fundamental para sobrevivência das mesmas. Podemos afirmar que um gestor não
pode se colocar em uma posição tão vulnerável ao escolher opções simplesmente
com seu “achismo”, utilizando critérios subjetivos. Faz-se necessária uma expertise
e um conjunto de técnicas e ferramentas que permitam minimizar a probabilidade
de erros nas escolhas dessas alternativas, comprometendo o mínimo possível a
organização e o futuro dessa. Cabe ainda salientar que tal objetivo não busca
simplesmente ampliar a riqueza dos proprietários dessas organizações no curto

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 4


prazo, mas optar por alternativas que se configurem sustentáveis e que possibilitem
o crescimento diante de todos esses desafios listados.

1.1 A Importância da Variável Financeira

Nós poderíamos começar esse tópico com a seguinte pergunta: Por que estudar
finanças? Porém, independentemente das respostas que poderiam surgir, essa
poderia ser substituída pela afirmação: “Como não estudar finanças em curso de
especialização”. Aliás, não poderíamos sequer considerar este curso como um MBA,
se não houvesse uma disciplina destinada a abordar as variáveis financeiras que
afetam e influenciam as decisões de um especialista em gestão de serviços e
operações.

O aspecto financeiro está presente, direta ou indiretamente, na maioria das


atividades desempenhadas pelas pessoas. Ele está presente nos mais diferentes
tipos de negócio, em pequenas, médias ou grandes organizações, sejam elas
públicas ou privadas. As finanças estão presentes também nas organizações
informais e, até mesmo, no dia a dia de cada um dos profissionais que atuam em
todas essas. Podemos considerar notória e importantíssima a gestão financeira para
qualquer gestor e empreendedor que tenha sob responsabilidade ativos e
negociações com clientes ou fornecedores. São muitos os estudos que comprovam
que a causa para maioria das falências e dificuldades organizacionais está
relacionada à imperícia financeira. O ambiente ao nosso redor está repleto de
pressões inflacionárias, de câmbio, crédito e muitas outras variáveis financeiras que
afetam o sucesso na gestão de qualquer tipo organização e, consequentemente, nas
decisões que essa exige. Logo, podemos sentenciar que, mesmo que seja básico, o
conhecimento em finanças é essencial para qualquer gestor que esteja envolvido
nesse processo. Não estamos falando apenas de gestores que atuam diretamente
na área financeira, mas de qualquer profissional que realmente procura o seu

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 5


sucesso e o de sua organização. Ele precisa compreender claramente como cada
uma dessas variáveis influenciam as suas decisões de curto, médio e longo prazo.
Estamos falando de um colaborador que possua uma visão sistêmica de todo o
negócio e que tenha a competência para escolher as alternativas mais vantajosas e
sustentáveis.

1.2 Gestão Financeira

1.2.1 Conceituando Finanças

Podemos começar trazendo um conceito bem objetivo e prático de Gitman (2010),


ao afirmar que o termo finanças é “a arte e a ciência de administrar o dinheiro”. Se
ampliarmos esse conceito é possível conceituar como a ciência de administrar
receitas, gastos e investimentos, a fim de tornarem mais flexíveis e corretas as
decisões financeiras, no momento mais apropriado e vantajoso para a organização.
Assim, podemos compreender que a atividade financeira está presente no cotidiano
não só das pessoas jurídicas, mas também das pessoas físicas.

Todos temos o objetivo de maximizar nossa satisfação, tanto no presente como no


futuro e, para tal, lançamos mão do controle de nossos gastos e economias, para
que esse excedente possibilite a aquisição de bens e serviços que nos levem a essa
satisfação. As empresas também buscam proporcionar essa satisfação, agora e no
futuro, para os seus proprietários, através da aplicação de recursos próprios e de
terceiros nas suas atividades finalísticas a fim de proporcionar um retorno maior do
que o custo desses. Ou seja, a atividade financeira envolve o controle, circulação e
obtenção de recursos financeiros, buscando maximizar os resultados da
organização, seu crescimento e sustentabilidade.

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1.2.2 Os Objetivos da Gestão Financeira

Já vimos que o objetivo das finanças é a maximização do valor da organização,


vejam que não é simplesmente a maximização do lucro. Maximizar o valor da
organização é aumentar a riqueza dos seus investidores, acionistas ou proprietários.
Às vezes, as empresas abrem mão de entradas de caixa imediatas, em prol de
investimentos de longo prazo que irão gerar entradas superiores no futuro. Estas
decisões são avaliadas pelo mercado, elevando o valor das ações ou do negócio,
mesmo que ainda não possam ser mensurados os lucros dessa operação.

Para tudo isso, a gestão financeira irá abordar uma série de atividades, como:
orçamento, previsões financeiras, gestão do fluxo de caixa, capital de giro,
administração de crédito, captação de recursos e análise da viabilidade financeira de
projetos e investimentos.

1.3. Análise Financeira em Decisões de Transações e Investimentos

Já vimos anteriormente qual o objetivo final de uma empresa, independentemente


da sua visão ou missão organizacional. Logo, podemos garantir que para
alcançarmos tal desfecho os gestores estarão sempre envolvidos com a análise de
opções de transações e investimentos a fim de optarem pelas alternativas que trarão
o maior retorno e segurança para organização. A relevância desse tipo de análise é
ainda maior quando a empresa não possui recursos suficientes para a
implementação de todos os projetos ou oportunidades de investimento. Diante
disso, é essencial que os gestores tenham conhecimento de modelos e técnicas que
os auxiliem a escolher as alternativas de investimentos mais vantajosas e estejam
preparados para utilizá-los. Porém, antes de se realizar a análise das alternativas de
transações e investimentos, devemos, primeiramente, definir que abordagem seguir.
Se optarmos pela a abordagem da “opção”, a avaliação das propostas irá levar em

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consideração a comparação entra cada uma e os critérios definidos para aceitação,
que podem ser: custo de oportunidade, taxa desejada de retorno, custo de capital,
risco, tempo de retorno etc. Ou seja, verifica-se se cada umas das alternativas
cumprem, ou não, as exigências pré-estabelecidas. Caso a abordagem escolhida seja
a de “classificação”, as opções serão classificadas numa ordem de atratividade,
seguindo os critérios anteriormente listados.

1.3.1 Transações

É importante, neste momento que estamos começando a nossa disciplina, conceituar


o que denominamos “transações”. São muitos os tipos de transações que podemos
avaliar quanto à viabilidade financeira, como por exemplo: compra à vista ou a
prazo, aumento ou não do estoque da empresa, aquisição de matéria-prima,
contratação ou prestação de serviços, aquisição ou aluguel de imóveis, aquisição de
novos materiais, investimento em treinamento, capacitação ou contratação de
colaboradores. Todos estarão voltados para a produção de bens e/ou serviços pela
empresa, aumento das vendas ou redução dos custos da organização, ou seja,
proporcionarão um ganho adicional para os seus proprietários e investidores,
possibilitando o aumento do valor da empresa.

1.3.2 Investimento

A palavra investimento é muito utilizada no nosso dia a dia e recebe diferentes


significados, dependendo da forma como é utilizada, ou seja, muitas pessoas a usam
de acordo com o seu interesse. No mundo corporativo, especificamente, não é muito
diferente, ela faz parte de todas as mesas de reuniões, videoconferências,
treinamentos, consultorias, planejamentos estratégicos etc. Antes de apresentar o
conceito com que iremos trabalhar aqui, motivo que até mesmo influenciou o nome
da disciplina, vamos nos debruçar nos conceitos contábeis e financeiros.

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Contabilmente podemos dizer que o investimento corresponde, de maneira simples
e objetiva, a qualquer aplicação de capital com intuito de aumentar a capacidade
produtiva da organização.

Na administração financeira, o conceito de investimento se expande, sem se tornar


ambíguo ao conceito praticado pela contabilidade. Considera-se Investimento
Financeiro a aplicação de capital destinada à compra de títulos financeiros ou valores
mobiliários, e Investimento de Capital a aplicação em ativos que irão ser vinculados
a um processo produtivo.

Para Hoji (2010), “Um investimento pode ser representado por uma aquisição de
empresa, expansão de operação, implantação de software etc., e gera resultados
econômicos durante a sua vida útil (vida econômica, ou duração)”. O autor menciona
também a existência de investimentos que não podem ter seus retornos
mensurados, por gerarem somente resultados qualitativos e não quantitativos (por
exemplo, investimento em melhoria de qualidade de atendimento pós-venda).

Na nossa disciplina, o conceito que iremos de trabalhar diversifica-se um pouco mais,


abordando não só a aquisição dos diferentes tipos de títulos comercializados, como
qualquer outra aplicação financeira que a empresa ache importante para obter
vantagem frente ao seu custo de oportunidade. Também serão consideradas as
compras de ativos tangíveis ou intangíveis que se destinam ao aumento de receita
ou qualquer outro objetivo estratégico. Por fim, a decisão de investir num
determinado Projeto, composto não só por ativos, mas também por outros gastos e
despesas relacionados a sua implementação.

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Abaixo, listamos uma série de exemplos de possíveis investimentos com as
características que acabamos de apresentar:

- Aquisição de máquinas;
- Compra de ações;
- Aplicação em Fundo DI;
- Implantação de Projeto de Automação da Fábrica;
- Compra de imóvel;
- Aquisição de outra empresa;
- Construção de Centro de Treinamento;
- Terceirização de parte da cadeia produtiva etc.

1.3.3 Projetos

Muitas vezes também iremos utilizar a palavra “Projeto” com a acepção dada pela
ONU (1984): “um empreendimento planejado que consiste num conjunto de
atividades inter-relacionadas e coordenadas, com o fim de alcançar objetivos
específicos dentro dos limites de um orçamento e de um período de tempo dados”.
É com este sentido que iremos trabalhá-lo nas nossas análises aqui na disciplina, já
que a palavra projeto também ganha diferentes conotações dependendo da forma
que é empregada. Aliás, sua aplicação geralmente confunde-se com o conceito de
atividade ou ação, pois muitos profissionais preferem chamá-las de projeto para
acrescentarem uma maior importância as suas iniciativas. De qualquer forma, não
vamos nos prender a essa discussão, mas sim colocar o projeto como uma opção
de escolha a ser analisada e verificada a viabilidade financeira.

Ainda para nossa análise, também é importante diferenciar os conceitos de Projeto


Dependente, Projeto Independente e Projeto Excludente:

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 10


 Projetos Dependentes: São os projetos cujos fluxos de caixa estão
relacionados a outros projetos; ou seja, a aceitação de um deles está
condicionada à aceitação de outro.
 Projetos Independentes: São os projetos cujos fluxos de caixa não estão
relacionados a outros projetos; ou seja, a aceitação de um deles não influi a
consideração dos demais.
Projetos Mutuamente Excludentes: São os projetos que, por sua natureza,
competem entre si; ou seja, a aceitação de um dos projetos elimina a
consideração de todos os demais.

Abaixo apresentamos alguns exemplos que também qualificamos como projetos:


a) Decisões estratégicas para entrar em novas áreas de negócio (como decisão
da Coca-Cola de usar sua marca no ramo de vestuário);
b) Aquisição de novas empresas (como a aquisição do Banco Real pelo Banco
Santander);
c) Aplicação de novas tecnologias (como a versão digital do Jornal O Globo para
tablets);
d) Decisões estratégicas para entrar em novos mercados (como a expansão da
Amazon na América Latina);
e) Melhoria e aperfeiçoamento de processos (como a automação de linhas de
produção) etc.

1.3.4 Viabildade Financeira de uma Transação ou Investimento

No decorrer das nossas aulas aprenderemos, através dos diversos métodos e


técnicas de análise quantitativa, a realizar a análise da viabilidade de transações,
investimentos e projetos a fim de verificar se atendem a requisitos econômicos e
financeiros, tais como:

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 11


• o fluxo de caixa da transação, projeto ou investimento;
• se o retorno esperado é adequado ao investimento realizado;
• se a rentabilidade é maior que o custo de oportunidade da empresa; e
• a disponibilidade de recursos financeiros ao longo do tempo para realizar transação
ou o investimento;

Para GITMAN (2010), algumas vezes, esse trabalho representa mais uma arte que
uma ciência; em muitos casos, os fatores que determinam o sucesso de um projeto
ou investimento (condições econômicas gerais, concorrência, taxas de juros,
regulamentações governamentais etc.) estão fora do controle direto das empresas.
Também, o horizonte de tempo de alguns projetos estende-se até um futuro
distante, de modo que as projeções de tempo e dos benefícios desses investimentos
tornam esse processo difícil.

Apesar de não ser o objetivo principal da nossa disciplina, é importante lembrarmos


que existem outros aspectos que podem ser considerados para se analisar a
viabilidade de uma transação, investimento ou projeto. Além dos aspectos
econômicos, financeiros, risco e incerteza, a serem trabalhados nas aulas, também
podemos levar em consideração os aspectos técnicos e estratégicos envolvidos.

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 12


Aula 2 - Noções Básicas de Matemática Financeira

Introdução
Posso lhes dizer, com toda certeza, que nunca fez tanto sentido o ditado que diz:
“Tempo é Dinheiro”. Não importa se estamos falando de um empreendimento, de
um negócio, de uma transação, de uma empresa ou, até mesmo, nós como pessoas
físicas, estamos quase sempre envolvidos num sistema de troca com base no
dinheiro. Logo, é essencial aprendermos como funciona a relação entre esses dois
termos e os diversos elementos que irão reger esse sistema de transações
financeiras. Ou seja, é preciso entender o comportamento do dinheiro ao longo do
tempo e isso é chamado de Matemática Financeira.

Reitero a importância do assunto para qualquer tipo de gestor que deseja balizar,
de forma técnica e profissional, suas decisões e ajudar no desenvolvimento de sua
organização. As noções básicas de matemática financeira, que iremos ver nesta aula,
são essenciais para a aplicação dos modelos e técnicas de avaliação da viabilidade
financeira de projetos de investimentos e cálculo de vários tipos de transações
comerciais. São fundamentais para analisar alternativas de financiamento,
determinação de prazos de venda, calcular a remuneração de aplicações, analisar
fluxos de caixa de um projeto e, até mesmo, entender as regras que regem
empréstimos pessoais.

Está na hora de vermos os elementos que irão compor a base dos cálculos dessas
transações financeiras que são: juros, taxas de juros, valor presente, valor futuro,
principal, montante, capitalização, desconto e fluxo de caixa.

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 13


2.1. Juros e Regimes de Capitalização

Juros
Os Juros (J) representam a essência do equilíbrio no mercado financeiro, pois
correspondem ao elo entre aqueles que precisam de dinheiro e os que o possuem e
desejam colocá-lo à disposição. Ou seja, estamos falando dos agentes tomadores e
dos fornecedores de capital. O Capital (C) é um recurso desejado e terá seu valor
como qualquer outro fator de produção, sofrerá a influência da lei da oferta e da
procura, e a sua remuneração será, exatamente, os juros.

Taxa de Juros
Pode ser representada pela forma decimal ou percentual, sendo calculada pela
simples divisão do total de juros pelo valor do capital. Também é importante lembrar
que essa taxa diz respeito a uma determinada periodicidade. São exemplos de Taxas
de Juros: 0,10 a.a = 10% a.a (dez por cento ao ano); 0,06 a.s = 6% a.s (seis por
cento ao semestre); e 0,04 a.m = 4% a.m (quatro por cento ao mês).

Regimes de Capitalização
Quando determinada transação financeira possuir um número de períodos (n) maior
do que um, deveremos definir a forma de incidência de juros a partir do segundo
período: Juros Simples ou Juros Compostos.

a) Juros Simples
No regime de Juros Simples, a aplicação da Taxa de Juros (i) incidirá somente no
Capital Inicial (C), por quantos forem os períodos que compuserem o prazo da
transação financeira. O crescimento do capital ocorre de forma linear, ou seja, não
são somados os juros do período ao capital para o cálculo de novos juros para os
períodos seguintes.
J = C . (i . n)

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 14


Exemplo 1:
Calcule o rendimento de aplicação cujo valor investido foi de R$20.000,00, por um
período de 3 meses à taxa de juros simples de 2% a.m:
J = 20.000,00 (0,02 x 3)
J = 20.000,00 x 0,06
J = 1.200,00

Exemplo 2:
Se uma pessoa aplicasse R$16.000,00, numa instituição financeira, e resgatasse
R$20.385,00 cinco meses depois, quanto teria sido a taxa mensal de juros simples
dessa aplicação?

J = 20.385,00 – 16.000,00 = 4.385,00


4.385,00 = 16.000,00 (i x 5)
4.385,00 = 80.000,00 x i
i = 4.385,00 / 80.000,00
i = 0,0548 ou 5,48%

b) Juros Compostos
No regime de Juros Compostos, a aplicação da Taxa de Juros (i) incidirá não só no
Capital Inicial (C) ou Valor Presente (VP), como também nos juros acumulados de
cada período, passando a render novos juros por quantos forem os períodos que
compuserem o prazo da transação financeira. Ou seja, os juros de cada período são
calculados sobre o saldo existente no início do respectivo período, e não apenas
sobre o capital inicial.
J = C [(1 + i) ⁿ- 1]

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 15


Exemplo 1:
Qual total de juros produzidos por uma aplicação de R$10.000,00, durante três
meses, a uma taxa de juros de 6% a.m?
J = 10.000 [(1 + 0,06) ³ - 1]
J = 10.000 x 0,0927
J= 927

Exemplo 2:
Calcule o total de juros que serão pagos numa venda a prazo de 18 meses, sabendo
que o valor à vista do produto era R$1.000,00 e que a taxa de juros embutida é de
5% a.b?
J = 1.000 [(1 + 0,05) 9 - 1]
J = 1.000 x 0,5513
J= 551,30

Montante ou Valor Futuro (VF)


É o valor final resultante da soma do Capital (C) mais o Juro (J) recebido na
transação financeira. Esse capital também é chamado de Principal (P) ou Valor
Presente (VP).
M=C+J

a) Juros Simples
M = C . ( 1 + i.n) ou VF = VP . ( 1 + i.n)

Exemplo 1:
Qual o montante gerado por um capital de R$500.000,00 aplicado a uma taxa de
2,5% a.m pelo prazo de um ano e meio?
M = 50.000 (1 + 0,025 x 18)
M = 50.000 x 1,45

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 16


M = 72.500

Exemplo 2:
Um certo produto com valor à vista de R$800,00 pode ser adquirido com uma
entrada de 20% e mais um pagamento para 60 dias. Se a loja cobra juros simples
de 5% a.m., qual o valor do pagamento devido?

Valor pago à vista = 800 x 0,2 = 160


C = 800 – 160 = 640
M = 640 (1 + 0,05 x 2)
M = 640 x 1,10
M = 704

b) Juros Compostos
M = C . (1 + i) ⁿ ou VF = VP . (1 + i) ⁿ

Exemplo 1:
Qual o montante produzido por uma aplicação de R$20.000,00, à taxa composta de
1,5% a.m. durante um ano?
M = 20.000 (1 + 0,015) ¹²
M = 20.000 x 1,1956
M = 23.912

Exemplo 2:
Qual o montante produzido por uma aplicação de R$35.000,00, dentro de 18 meses,
à taxa composta de 1,2% de juros compostos ao mês?

M = 35.000 (1 + 0,012) ¹8
M = 35.000 x 1,2395

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 17


M= 43.382,50

Equivalência entre taxas de juros


No nosso dia a dia, observarmos que as informações financeiras presentes em
boletos bancários, contratos ou, até mesmo, aquelas apresentadas por diversas
mídias, fazem referência a taxas de juros que nem sempre utilizam o mesmo período
como referência. Diante dessa situação, a fim de subsidiar uma decisão e se chegar
ao valor real dos juros e do montante, é necessário o cálculo da equivalência entre
taxas para diferentes períodos. Isso ocorre porque toda transação envolve dois
prazos: o prazo a que se refere a taxa de juros; e o prazo de capitalização dessa
taxa de juros.

2.2 Taxas Equivalentes

Juros Simples
Diante de sua natureza linear, a taxa de juros equivalente para o regime de juros
simples é obtida pela divisão entre a taxa de juros considerada na transação e o
número de vezes em que ocorrerá a capitalização. Essa nova taxa é também
chamada de Taxa Proporcional. Ou seja, as taxas de juros simples são consideradas
equivalentes quando essas forem aplicadas sobre um capital, durante um mesmo
intervalo de tempo, e produzirem o mesmo volume de juros.

Exemplo:
Uma taxa de juros de 18% a.a, capitalizada mensalmente, equivale a um porcentual
de 1,5% de juros que incidirá 12 vezes sobre o capital.
Taxa Proporcional = 18% / 12 = 1,5%

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 18


Juros Compostos
Apesar de se ter o mesmo conceito para equivalência de taxas já apresentado, ou
seja, o de duas taxas incidindo sobre um mesmo capital, por um mesmo período,
produzirem o mesmo montante, nos juros compostos existe uma maior
complexidade devido à capitalização exponencial.

Exemplo:
Um capital de R$10.000,00 aplicado pelo prazo de 1 ano a uma taxa de 26,8242%
a.a., ou a uma taxa de 2% a.m., o montante será o mesmo, dado que essas duas
taxas são equivalentes:

M = 10.000 (1 + 0,268242)¹ = 12.682,42


M = 10.000 (1 + 0,02)¹² = 12.682,42

Considerando um ano comercial de 360 dias, podemos relacionar as taxas efetivas


da seguinte maneira:
(1 + ia) = (1 + is)² = (1 + it)4 = (1+ ib) 6 = (1+ im)¹² = (1 + id)360

Legenda
ia = taxa anual ib = taxa bimestral
is = taxa semestral im = taxa mensal
it = taxa trimestral id = taxa diária

Exemplo:
Quais as taxas de juros compostos mensal e semestral equivalentes a 25% ao ano?
(1 + ia) = (1 + im)¹²
(1 + 0,25) = (1 + im)¹²
im = ¹²V 1,25 –1 = 0,01877 ... 1,877%
(1 + ia) = (1 + is)²

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 19


(1 + 0,25) = (1 + is)²
is = 2V 1,25 –1 = 0,118 ... 11,8%

2.3 Taxas de Juros Nominal E Efetiva

Taxa Nominal
Chamamos de Taxa Nominal a taxa de juros que é capitalizada mais de uma vez no
período a que se refere a taxa declarada. Ou seja, o período de formação e
incorporação dos juros ao principal (valor presente) não é o mesmo definido para a
taxa de juros.

Exemplos:
 15% ao ano capitalizada bimestralmente;
 8% ao mês capitalizada diariamente; e
 15% ao semestre capitalizada mensalmente.

Taxa Efetiva
Chamamos de Taxa Efetiva a taxa de juros apurada ao longo de todo prazo da
operação, formada exponencialmente de acordo com o período de capitalização. Ela
é obtida através da seguinte expressão:
If = (1 + i/q)q – 1

Legenda
if = taxa efetiva
i = taxa nominal
q = número de períodos de capitalização

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 20


Exemplo:
Sabendo que determinada instituição financeira cobra uma taxa nominal de juros de
24% a.a., qual seria o custo efetivo anual desse empréstimo para uma capitalização
mensal e outra trimestral?

if (mensal) = (1 + 0,24/12) ¹² -1 = 26,82%


if (semestral) = (1 + 0,24/2) ² -1 = 25,44%

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 21


Aula 3 - Fluxo de caixa

Introdução
Designado em inglês como cash flow, o Fluxo de Caixa é um instrumento que projeta
as entradas e as saídas de recursos financeiros da empresa, de uma transação
comercial, de um investimento ou de um projeto. Sua estruturação é fundamental
para análise financeira e respectiva tomada de decisão que envolva um fluxo de
embolsos e desembolsos. Ele permitirá ao gestor avaliar a viabilidade financeira de
uma determinada operação, realizar uma análise de sensibilidade, calcular a
rentabilidade, o ponto de equilíbrio e o período de retorno das opções analisadas.

Antes de tomarmos qualquer decisão profissional ou, até mesmo, pessoal, devemos
avaliar os prós e contras das alternativas apresentadas. Para tal, é necessário lançar
mão do máximo de informações e variáveis que sejam relevantes para essa análise.
Nessa perspectiva, o fluxo de caixa, ou sua projeção, é fundamental para avaliar tais
opções e minimizar a probabilidade de erro dessa escolha.

3.1. A Estruturação do Fluxo de Caixa

De uma maneira simples e objetiva, o Fluxo de Caixa representa um instrumento


que projeta as entradas e as saídas de recursos financeiros de uma determinada
operação. A figura abaixo representa esse conjunto de entradas e saídas em uma
referência temporal, também chamadas de inflow e outflow. É importante, porém,
entendermos que quanto maior o horizonte de tempo da previsão, maior será o risco
de erro embutido na mesma.
As setas para cima representam entradas de caixa e as para baixo, saídas de caixa.

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 22


Entrada

Temp

Saídas

Podemos tipificar os fluxos de caixa em Convencionais e Não convencionais.


Denominamos convencionais os fluxos de caixa que apresentam no máximo uma
inversão de sinal, e Não convencionais aqueles que apresentam mais de uma
inversão de sinal.

Fluxo de Caixa Convencional

Entrada

Temp

Saídas

Fluxo de Caixa não convencional

Entrada

Tempo

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 23


Saídas Saída
Fluxo de Caixa com Investimento Inicial

Finalmente, apresentamos o conceito de uma saída de caixa muito comum e muito


importante para análise da viabilidade de um investimento ou transação comercial.
Esse desembolso é chamado de Investimento Inicial e é realizado no instante “zero”,
ou seja, antes do início das operações de um projeto ou investimento. Nele estão
computados também os gastos pré-operacionais, como: aquisição de um imóvel,
treinamento, montagem, compra de equipamentos etc.

Entrada

Temp

Investimento Inicial

3.2. Conceitos Importantes na Análise do Fluxo de Caixa

3.2.1 Custo de Oportunidade

É muito importante sabermos exatamente qual o custo de oportunidade da empresa


ou do nosso negócio, pois desta forma poderemos ter uma base comparativa, um
porcentual que representa a mais alta renda gerada em uma aplicação já conhecida
e dominada pela organização. Esse é um parâmetro importantíssimo para analisar
as alternativas de projetos de investimento, já que teremos quantificado os
benefícios que poderiam ser obtidos a partir da oportunidade renunciada. Na maioria
das vezes, as empresas consideram como custo de oportunidade o porcentual de

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 24


rentabilidade correspondente a sua aplicação financeira básica ou a rentabilidade
média nos últimos anos.

3.2.2 Custos Irrecuperáveis ou Afundados

Também chamados de sunck costs, são os gastos incorridos num projeto que não
poderão ser recuperados, independentemente do sucesso do mesmo. Por isso não
devem ser considerados na determinação dos fluxos incrementais de caixa, no
processo de tomada de decisão. Um bom exemplo são os gastos envolvidos com a
pesquisa de mercado para se avaliar a aceitação do lançamento de um novo produto
ou serviço.

3.2.3 Valor Residual de um Projeto ou Investimento

O conceito que iremos trabalhar na nossa disciplina para Valor Residual corresponde
ao valor do projeto ou investimento no último período de análise. Porém, nem
sempre teremos um tempo determinado para o fim desse investimento e por isso
teremos que adotar outra forma para considerar esse valor residual, o chamado
valor residual de investimentos com ciclo de vida indeterminado. Entende-se por
ciclo de vida indeterminado aquele que possui um fluxo de caixa para um número
infinito de anos; logo, considera-se um ciclo de vida determinado o que possui um
número finito de anos.

a) Cálculo do Valor Residual para projetos com ciclo de vida determinado.


Podemos dizer que um projeto possui um ciclo de vida determinado quando possuir
um fluxo de caixa para um número finito de anos. Seu valor residual será calculado,
no caso de ativos operacionais (máquinas, equipamentos, instalações, veículos etc.),
para o último período considerado para o projeto. Porém, caso o ciclo de vida do

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 25


investimento ou projeto for igual, ou bem próximo, do ciclo de vida do ativo, o valor
residual pode ser irrelevante e poderá ser desconsiderado.

Exemplo:
A Empresa Beta Construções adquiriu um superguindaste para cumprir um contrato
com o Estado do Rio de Janeiro, relacionado à Olimpíada de 2016.

_ Valor da aquisição: R$900.000,00


_ Período de depreciação: 10 anos
_ Depreciação anual: R$90.000,00 (R$900.000,00 / 10).
_ Depreciação acumulada ao final do Ano 3 (fim do contrato): R$270.000,00
(3 x R$90.000,00)
_ Valor contábil líquido ao final do Ano 4: R$630.000,00 (R$900.000,00 -
R$270.000,00)
_ Valor estimado de venda do ativo no Ano 4: R$700.000,00
_ Lucro estimado na operação: R$70.000,00 (R$700.000,00 - R$630.000,00)
_ Alíquota do IR/CSLL: 34%.
_ IR/CSLL sobre o lucro estimado na operação: R$23.800,00 (0,34 x
R$70.000,00)
_ Lucro líquido estimado na operação: R$46.200,00 (R$70.000,00 -
R$23.800,00)

R$46.200,00 é o Valor Residual do Ativo que deverá ser considerado, no final do


Ano 3, na elaboração do fluxo de caixa desse investimento.

b) Cálculo do Valor Residual para investimentos com ciclo de vida


indeterminado
Podemos dizer que um investimento ou projeto possui um ciclo de vida
indeterminado quando possuir um fluxo de caixa para um número infinito de anos.

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 26


Nestas condições, elaboramos um fluxo de caixa até o período onde houver
informações suficientes para se definir os retornos com certo grau de credibilidade.
Deste período em diante será projetado um fluxo de caixa em regime de
perpetuidade e o valor residual será calculado pelo valor presente da perpetuidade
estimada. Esse Valor Residual poderá ser definido usando o Valor Presente de uma
Perpetuidade sem Crescimento ou pelo Valor Presente de uma Perpetuidade com
Crescimento.

Valor Residual pelo Valor Presente de uma Perpetuidade sem Crescimento

Valor Residual = Perpetuidade


Custo de Capital

Exemplo 1: Podemos garantir um fluxo de caixa anual de R$200.000,00, nos


próximos 4 anos, fruto do lançamento de uma “Nova Filial” da empresa Beta
Cosméticos. A partir do 5º ano temos uma projeção de fluxo de caixa da ordem de
R$500.000,00, a um Custo de Capital de 16% ao ano.

Valor Residual = Perpetuidade = R$500.000,00 = R$3.125.000,00


Custo de Capital 0,16

R$3.125.000,00 será o valor a ser considerado no final do Ano 5 na elaboração do


fluxo de caixa do novo investimento.

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 27


Valor Residual pelo Valor Presente de uma Perpetuidade com Crescimento

Valor Residual = Perpetuidade


Custo de Capital - G

Exemplo 2: Mantendo os dados do exemplo anterior, e acrescentando um taxa de


crescimento G (Growth) de 2% ao ano, teremos o seguinte valor residual para o
Ano 5:

Valor Residual = Perpetuidade = R$500.000,00 = R$3.571.428,57


Custo de Capital - G 0,16 – 0,02

R$3.571.428,57 será o valor a ser considerado no final do Ano 5 na elaboração do


fluxo de caixa do novo investimento.

Apesar de termos aprendido a calcular o valor residual para um investimento com


ciclo de vida indeterminado, os gestores preferem analisar o retorno do capital
utilizando um período definido de anos. Desta forma, é mais fácil realizar
comparações com outras opções de investimento. Por isso, frequentemente é
comum justificar a definição de um ciclo de vida finito, mesmo que esse investimento
possua um ciclo de vida aparentemente infinito.

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 28


Aula 04 - Introdução aos Métodos de Análise de Projetos de Investimentos

Introdução
Podemos conceituar a Análise da Viabilidade Financeira de Projetos de Investimentos
como um conjunto de técnicas que permite uma comparação entre as alternativas
de investimento e os critérios definidos como parâmetros para aceitação, permitindo
ainda a classificação entre essas alternativas. Para tal, as diferenças existentes entre
as alternativas de investimento ou entre os projetos devem ser traduzidas tanto
quanto possível em termos quantitativos. A importância dessa quantificação se
justifica pela necessidade de dados numéricos para a aplicação dos principais
métodos de análise de viabilidade econômico-financeira dos investimentos e
projetos.

Se formos estruturar essa análise como um processo, podemos identificar as


seguintes atividades que o compõem:
A. Enumeração das alternativas;
B. Escolha das técnicas de análise;
C. Definição dos critérios de aceitação e comparação;
D. Análise das alternativas;
E. Comparação das alternativas;
F. Escolha da alternativa mais viável.

Sob o aspecto econômico-financeiro, a melhor alternativa será aquela que


apresentar a melhor rentabilidade comparada ao risco que essa possui. É claro que,
além disso, o retorno dessa alternativa também deverá superar a Taxa Mínima de
Atratividade para a organização. Porém, a escolha de uma alternativa que não tenha
apresentado essa condição pode ocorrer, desde que a empresa esteja levando em
consideração uma variável estratégica, como por exemplo: o interesse de se fazer
presente numa determinada região do País; adquirir know-how em uma

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 29


determinada atividade; firmar parcerias com determinadas empresas; cumprir
exigências legais etc.

4.2 Métodos de Análise da Viabilidade Financeira de Projetos de


Investimento

Existe um conjunto de métodos de análise de investimentos que nos permitirão,


através de critérios de aceitação, rejeição ou classificação, avaliar as melhores
alternativas de projetos de investimento. Porém, mesmo diante de muitas, vamos
perceber que não existe um método ideal, todos possuem vantagens e restrições.
De qualquer forma, a fim de eliminarmos o achismo ou qualquer subjetividade
nesses critérios de seleção, nossa disciplina estará focada nas técnicas científicas e
quantitativas de análise de viabilidade de investimentos e projetos, dentre as quais,
iremos trabalhar com aquelas que são mais utilizadas e que já foram consagradas
pelo mercado:

 Payback (PB)
 Payback Descontado (PBd)
 Valor Presente Líquido (VPL)
 Taxa Interna de Retorno (TIR)
 TIR Modificada (TIRm)
 Índice de Rentabilidade (IR)

Neste primeiro momento, iremos apresentar os métodos que buscam identificar o


tempo de retorno de um projeto em relação ao investimento inicial necessário para
sua implantação. Em seguida, analisaremos um dos métodos mais utilizados e
consagrado pelo mercado - o Valor Presente Líquido. Antes, porém, ainda veremos
dois conceitos que nos permitirão considerar o valor do dinheiro no tempo e balizar

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 30


o processo de análise da viabilidade financeira de um projeto: a Taxa Mínima de
Atratividade e o Custo de Capital.

Taxa Mínima de Atratividade (TMA)

A Taxa Mínima de Atratividade consiste na taxa de juros que a organização pretende


conseguir, no mínimo, como rendimento, ao optar em realizar certo investimento,
com base num nível de risco aceitável. Essa taxa é fundamental para a análise da
viabilidade de investimentos e projetos, pois serve de parâmetro comparativo e
excludente para as alternativas apresentadas. A TMA é única para cada organização
e são muitos os critérios usados para sua fixação, já que cada empresa possui suas
características específicas e atua nos seus respectivos mercados.

Apesar de não haver esse consenso, é comum fixar como taxa mínima para
aceitação de um investimento uma taxa de juros equivalente à maior rentabilidade
das aplicações correntes e de pouco risco (Custo de Oportunidade). Logo, se o
investimento ou o projeto não propiciarem uma rentabilidade acima dessa taxa,
estes não deverão ser aceitos.

Outra maneira, também comum, de fixar essa taxa mínima, é considerar o custo de
capital da empresa.

Custo de Capital da Empresa

Esse custo é calculado considerando-se os custos de todas as fontes de recursos de


uma empresa, levando-se em consideração a participação porcentual de cada uma
dessas fontes, tanto do capital próprio como o de terceiros. São considerados todos
os recursos empregados na organização, como: investimentos dos proprietários;
recursos captados no mercado financeiro ou obtidos sob a forma de empréstimos.

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 31


Segundo Hoji (2010, p. 203) “O custo de capital deve ser determinado de forma a
ser o mais realista possível, pois é com base nele que são tomadas importantes
decisões estratégicas”. O autor ainda nos alerta para a particularidade de vivermos
numa economia emergente, na qual a prática de altas taxas de juros é usada para
atrair capital externo, impactando diretamente na determinação do custo de capital.
Logo, devido às incertezas internacionais, fica muito difícil fazer estimativas de longo
prazo, tanto para as taxas, como para o custo de capital que as empresas terão que
contratar diante de longos períodos.

4.2.1 Payback

A primeira técnica de análise de investimentos que iremos trabalhar é o Payback,


muito popular pela sua simplicidade, aplicado tanto por grandes empresas para
complementar a análise feita com outros métodos, quanto por pequenas empresas.
Consiste em calcular o número de anos ou meses necessários para recuperar o
investimento inicial, considerando somente as entradas líquidas de caixa e não o
lucro apurado contabilmente. Ele deixa de lado as consequências além do período
de recuperação e o valor do dinheiro no tempo e, por isso, é recomendado que seja
utilizado como critério de desempate após o emprego de métodos mais completos.
Podemos dizer que este método funciona como um ponto de equilíbrio, uma vez que
no período que se encontra a recuperação do capital investido, seus custos serão
iguais aos benefícios gerados, ou seja, o projeto “se pagará”. Quando for necessária
a escolha entre dois projetos mutuamente excludentes, o projeto escolhido será
aquele que apresentar o menor período de payback.

“Para análise a partir deste método, é estipulado um período máximo aceitável, sob
o qual projetos com períodos superiores serão rejeitados e inferiores ou iguais,
aceitos” Gitman (2010, p. 339).

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 32


Regra de decisão:
PB < Padrão da empresa --> Aceita-se o projeto
PB = Padrão da empresa --> Aceita-se o projeto
PB > Padrão da empresa --> Rejeita-se o projeto

Exemplo 1:

Projeto Alfa Projeto Beta


Investimento Inicial R$600.000,00 R$1.200.000,00
Entradas de Caixa
Ano 1 R$200.000,00 R$200.000,00
Ano 2 R$200.000,00 R$300.000,00
Ano 3 R$200.000,00 R$400.000,00
Ano 4 R$150.000,00 R$300.000,00
Total R$750.000,00 R$1.200.000,00

No exemplo acima, o projeto Alfa seria o escolhido, já que o período de Payback é


de 3 anos, enquanto o período do Projeto Beta é de 4 anos. Porém podemos
observar que o segundo projeto apresenta um retorno líquido maior que o Projeto
Alfa.

Exemplo 2:
A empresa Olimpia S.A levantou a necessidade de R$3.000.000,00 para o
Investimento Inicial do Projeto X e estimou os seguinte fluxos de caixa:
R$550.000,00 no primeiro ano; R$600.000,00 no segundo ano; R$750.000,00 no
terceiro ano; R$900.00,00 no quarto ano; e R$2.200.000,00 no quinto ano.
Calculando o Payback:
Ao acumularmos as entradas de caixa até o 4º Ano, temos o valor de
R$2.800.000,00. Como o Investimento Inicial é de R$3.000.000,00, ainda faltam
R$200.000,00. Precisamos calcular o quanto esse último valor representa em tempo

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 33


para o projeto. Dividindo R$200.000,00 / R$3.000.000,00, verificamos que restam
0,07 anos. Logo, o Payback para este projeto é de 4,07 anos.

4.2.2 Payback Descontado

A técnica do payback descontado é um aprimoramento da técnica que vimos


anteriormente. Ela consiste em descontar, das entradas líquidas de caixa, uma taxa
que corresponda ao valor do dinheiro no tempo como, por exemplo, a taxa mínima
de atratividade ou o custo de capital da empresa.

Contudo, como o método comum, ele também não considera os fluxos de caixa após
o período estipulado, podendo trazer distorções significativas que influenciarão a
escolha de um projeto. Mesmo assim, as técnicas de payback também podem ser
utilizadas como um importante indicador do nível de risco do projeto, já que
expressam o tempo de retorno do projeto; e quanto maior for esse tempo, mais
exposta estará à empresa, visto que parte de seu capital estará comprometida no
investimento diminuindo sua liquidez.

O principal motivo para o desenvolvimento deste método é o de corrigir uma das


principais falhas do payback simples, que seria o de não considerar o valor do
dinheiro no tempo.

Regra de decisão:
PBd < Padrão da empresa --> Aceita-se o projeto
PBd = Padrão da empresa --> Aceita-se o projeto
PBd > Padrão da empresa --> Rejeita-se o projeto

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 34


Exemplo 1
FCL (Projeto Alfa) FCL descontado
Investimento Inicial R$ 600.000,00 R$ 600.000,00
Entradas de Caixa
Ano 1 R$ 200.000,00 R$ 185.185,18
Ano 2 R$ 200.000,00 R$ 171.467,76
Ano 3 R$ 200.000,00 R$ 158.767,96
Ano 4 R$ 150.000,00 R$ 110.253,58
Total R$ 750.000,00 R$ 652.046,98

No exemplo acima é considerada uma Taxa Mínima de Atratividade de 8% para


trazer os Fluxos de Caixa Líquidos (FCL) para o instante zero. Como o valor do
Investimento Inicial já ocorre no início do projeto, não é necessário descontá-lo à
TMA. No entanto, todas as outras entradas de caixa deverão ser descontadas até o
instante zero:

Ano 1 = R$ 200.000,00/ (1+ 0,08) = R$ 185.185,18


Ano 2 = R$ 200.000,00/ (1+ 0,08) ² = R$ 171.467,76
Ano 3 = R$ 200.000,00/ (1+ 0,08) ³ = R$ 158.767,96
Ano 4 = R$ 150.000,00/ (1+ 0,08) ⁴ = R$ 110.253,58

Calculando o Payback Descontado:


Ao acumularmos as entradas de caixa até o 3º Ano, temos o valor de R$515.420,90.
Como o Investimento Inicial é de R$600.000,00, ainda faltam R$84.579,10.
Precisamos calcular o quanto esse último valor representa em tempo para o projeto.
Dividindo R$84.579,10 / R$110.253,58, verificamos que restam 0,77 anos. Logo, o
Payback Descontado para este projeto é de 3,77 anos.

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 35


Exemplo 2
Se a empresa Olimpia S.A. reduzisse o investimento inicial para R$2.000.000,00 e
mantivesse as entradas de caixa, poderíamos agora calcular o Payback Descontado
considerando uma TMA de 17%.

FCL (Projeto Y) FCL descontado


Investimento Inicial R$2.000.000,00 R$2.000.000,00
Entradas de Caixa
Ano 1 R$550.000,00 R$470.085,47
Ano 2 R$600.000,00 R$438.308,13
Ano 3 R$750.000,00 R$468.281,72
Ano 4 R$900.000,00 R$480.281,76
Ano 5 R$2.200.000,00 R$1.003.466,52
Total R$5.000.000,00 R$2.860.423,60

Ano 1 = R$ 550.000,00 / (1+ 0,17) = R$470.085,47


Ano 2 = R$ 600.000,00 / (1+ 0,17) ² = R$438.308,13
Ano 3 = R$ 750.000,00 / (1+ 0,17) ³ = R$468.281,72
Ano 4 = R$ 900.000,00 / (1+ 0,17) ⁴ = R$480.281,76
Ano 5 = R$ 2.200.000,00 / (1+ 0,17) ⁵ = R$1.003.466,52

Calculando o Payback Descontado:


Ao acumularmos as entradas de caixa até o 4º Ano, temos o valor de
R$1.856.957,08. Como o Investimento Inicial é de R$2.000.000,00, ainda faltam
R$143.042,92. Precisamos calcular o quanto esse último valor representa em tempo
para o projeto. Dividindo R$143.042,92 / R$1.003.466,52, verificamos que restam
0,14 anos. Logo, o Payback Descontado para este projeto é de 4,14 anos.

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 36


4.2.3 Valor Presente Líquido (VPL)

Outro método muito difundido na análise de tomada de decisão sobre investimentos,


por se tratar de um método de fácil desenvolvimento, é o Valor Presente Líquido
(VPL), também chamado de Valor Atual Líquido (VAL). Este método compara os
Fluxos de Caixa Líquidos (FC) de um projeto, descontados a uma Taxa Mínima de
Atratividade, com o Investimento Inicial necessário para implantação desse. Se o
resultado for positivo, o projeto deve ser aceito e, se a escolha for entre dois
projetos, o que apresentar o maior valor presente líquido deverá ser o preferido.
Na prática, podemos dizer que se trata de trazer para o presente (instante zero), ou
seja, para o tempo em que se iniciou o projeto, a soma algébrica dos valores líquidos
envolvidos nos “n” períodos considerados, todos os gastos e receitas esperadas, a
uma determinada taxa de juros que reflita o custo de oportunidade da empresa ou
seu custo de capital.

Fórmula:

VPL = FCo + FC1/(1 + i) + FC2/(1 + i)² + ... FCn/(1 + i)ⁿ

VPL = Valor Presente Líquido


FC = Fluxo de Caixa Líquido
i = Taxa Média de Atratividade (TMA)
n = número de períodos

Regras de decisão:
VPL < 0 => Não se aceita o projeto
VPL > 0 => Aceita-se o projeto

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 37


Exemplo1:
Utilizando os mesmos números dos exemplos das empresas Alfa e Beta e
considerando uma taxa de desconto de 8%, o valor presente líquido pode ser
calculado da seguinte forma:

VPLa = - 600.000,00 + 200.000,00 / (1 + 0,08) + 200.000,00 / (1 + 0,08)² +


200.000,00 / (1 + 0,08)³ + 150.000,00 / (1 + 0,08)⁴
VPLa = - 600.000,00 + 185.185,18 + 171.467,76 + 158.767,96 + 110.253,58
VPLa = 25.674,48

VPLb = - 1.200.000,00 + 200.000 / (1 + 0,08) + 300.000 / (1 + 0,08)² + 400.000


/ (1 + 0,08)³ + 300.000/(1 + 0,08)⁴
VPLb = - 1.200.000,00 + 185.185,18 + 257.201,65 + 317.532,89 + 220.508,96
VPLb = - 219.571,32

Como os dois projetos não apresentam saídas de caixa durante o projeto, o custo
envolvido é somente o investimento inicial. Caso estivéssemos avaliando o melhor
projeto segundo este método, deveríamos escolher o Projeto Alfa.

Aplicação na HP 12c
VPL Alfa:
[f] [clear] [FIN]
600.000 [CHS] [g] [CFo]
200.000 [g] [CFj]
200.000 [g] [CFj]
200.000 [g] [CFj]
150.000 [g] [CFj]
8 [i]
[f] [NPV] => 25.673,87

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 38


VPL Beta:
[f] [clear] [FIN]
1.200.000 [CHS] [g] [CFo]
200.000 [g] [CFj]
300.000 [g] [CFj]
400.000 [g] [CFj]
300.000 [g] [CFj]
8 [i]
[f] [NPV] => - 219.571,31

Exemplo 2
Projeto Benetti (i = 10%) Entradas de Caixa Saídas de Caixa
Investimento Inicial R$900.000,00
Entradas de Caixa
Ano 1 R$500.000,00
Ano 2 R$400.000,00
Ano 3 R$500.000,00 R$100.000,00
Ano 4 R$200.000,00
Ano 5 R$100.000,000

VPL = - 900.000,00 + 500.000 / (1 + 0,1) + 400.000/(1 + 0,1)² + 300.000/(1 +


0,1)³ + 200.000/(1 + 0,1)⁴ + 100.000/(1 + 0,1)⁵
VPL = - 900.000,00 + 454.545,45 + 330.578,51 + 225.394,44 + 136.602,69 +
62.092,52
VPL = 309.213,61

Lembre-se que o Fluxo de Caixa Líquido do Ano 3 foi calculado com base no saldo
entre entradas e saídas de caixa.

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 39


Aplicação na HP 12c
[f] [clear] [FIN]
900000 [CHS] [g] [Cfo]
500000 [g] [CFj]
400000 [g] [CFj]
300000 [g] [CFj]
200000 [g] [CFj]
100000 [g] [CFj]
10 [i]
[f] [NPV] => 309.213,23

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 40


AULA 05. Métodos Quantitativos de Análise de Projetos de Investimentos

Introdução
Neste momento da disciplina, apresentaremos outros métodos que exigem uma
complexidade maior nos cálculos, mas que permitem uma leitura mais fácil e de
melhor comparação com outros índices e indicadores do mercado. Demonstraremos
as metodologias de cálculo da Taxa Interna de Retorno e da Taxa Interna de Retorno
Modificada, hoje facilitadas pelo uso de calculadoras e planilhas financeiras. Tais
aplicativos são facilmente encontrados, inclusive gratuitamente para computadores
e smartphones que facilitarão muito a análise dos seus critérios de aceitação ou
rejeição.

Faremos ainda uma comparação entre o Método da Taxa Interna de Retorno e o


Método do Valor Presente Líquido, analisando as vantagens e restrições de cada um
dos métodos trabalhados na disciplina através de um quadro comparativo que irá
servir de parâmetro para escolha do método mais adequado a sua análise.

5.1. Taxa Interna de Retorno (TIR)

Podemos dizer de maneira bem objetiva que a Taxa Interna de Retorno, chamada
em inglês de Internal Rate of Return (IRR), representa a taxa de juros que tornaria
nulo o Valor Presente Líquido. Ela representa a taxa de desconto que iguala os fluxos
de entradas de caixa com os fluxos de saídas de caixa de um projeto, investimento
ou transação comercial.

Pela sua facilidade de aplicação e parametrização, a TIR é o método de análise de


investimento mais utilizado por médias e grandes empresas. Isso se deve ao fato de
ser muito mais fácil raciocinar em termos de taxas, bastando comparar a taxa interna
de retorno com as taxas de referência do mercado estampadas diariamente em

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 41


todos os jornais. Junior (2010, p. 179) preconiza que: “A taxa interna de retorno de
um investimento é a maior taxa de desconto possível para tornar o VPL igual a zero”.
O autor ainda afirma que, com a TIR, procuramos uma única taxa de retorno para
sintetizar os méritos de um projeto. Ela é dita interna no sentido de que depende
somente dos fluxos de caixa do projeto, e não de taxas oferecidas pelo mercado.

Regra de decisão:
TIR > TMA, aceita-se o projeto
TIR = TMA, indiferente
TIR < TMA, rejeita-se o projeto

Fórmula:

(FCo) + FC1/(1 + TIR) + FC2/(1 + TIR)² + ... FCn/(1 + TIR)ⁿ = 0

O cálculo da Taxa Interna de Retorno (TIR) não é algo tão fácil de ser calculado sem
a ajuda de calculadoras financeiras ou planilhas eletrônicas, pois não conseguimos
isolar i de sua equação acima e colocá-lo em evidência. Para isso, devemos aplicar
o método de aproximações sucessivas ou método numérico de tentativas e erros.
Devemos sucessivamente atribuir um valor para i e calcular o VPL, se o VPL for um
valor alto atribuímos um valor maior para i. Faremos isso até que o VPL seja zero.
Ao analisarmos o valor encontrado para TIR, fazemos uma comparação com a TMA
da empresa. Se a TIR for maior que essa taxa, significa que essa opção irá aumentar
a riqueza dos proprietários caso seja aceita. Quanto maior for a TIR, melhor o
projeto.

Considerações sobre o método:


a) A TIR parte do pressuposto de que o saldo final do projeto é igual a zero;

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 42


b) para aplicar o Método da TIR temos que ter preferencialmente um fluxo de caixa
convencional;
c) O resultado da TIR é entendido mais facilmente;
d) Ao se analisar projetos mutuamente excludentes, deve-se optar por outros
métodos;
e) Seu cálculo exige esforço, ou seja, várias tentativas, caso não sejam utilizadas
calculadoras financeiras ou planilhas eletrônicas.

Exemplo 1
Vamos ao nosso exemplo abaixo para verificar o cálculo da TIR para os Projetos Alfa
e Beta:
Projeto Alfa Projeto Beta
Investimento Inicial R$500.000,00 R$700.000,00
Entradas de Caixa
Ano 1 R$200.000,00 R$100.000,00
Ano 2 R$300.000,00 R$300.000,00
Ano 3 R$200.000,00 R$300.000,00
Ano 4 R$150.000,00 R$400.000,00
Total R$750.000,00 R$1.100.000,00

TIR Alfa:
[f] [clear] [FIN]
500000 [CHS] [g] [Cfo]
200000 [g] [CFj]
300000 [g] [CFj]
200000 [g] [CFj]
150000 [g] [CFj]
10 [i]

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 43


[f] [IRR] => 26,85%

TIR Beta:
[f] [clear] [FIN]
[700000] [CHS] [g] [Cfo]
100000 [g] [CFj]
300000 [g] [CFj]
2 [g] [Nj]
400000 [g] [CFj]
10 [i]
[f ] [IRR] => 17,33%

Exemplo 2
Projeto Benetti (i = 10%) Entradas de Caixa Saídas de Caixa
Investimento Inicial R$1.200.000,00
Entradas de Caixa
Ano 1 R$500.000,00
Ano 2 R$400.000,00
Ano 3 R$500.000,00 R$100.000,00
Ano 4 R$200.000,00
Ano 5 R$100.000,000

Lembre-se que o Fluxo de Caixa Líquido do Ano 3 deve ser calculado com base no
saldo entre entradas e saídas de caixa.

Aplicação na HP 12c
[f] [clear] [FIN]
1200000 [CHS] [g] [CFo]

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 44


500000 [g] [CFj]
400000 [g] [CFj]
300000 [g] [CFj]
200000 [g] [CFj]
100000 [g] [CFj]
10 [i]
[f] [IRR] => 10,39%

5.2. TIR Modificada

A Taxa Interna de Retorno Modificada (TIRm) é vista como um aprimoramento do


método da TIR, representando a taxa de desconto na qual o valor presente do custo
de um projeto é igual ao valor presente de seu final. A TIRm prevê que os
reinvestimentos dos fluxos de caixa serão realizados à Taxa Mínima de Atratividade,
e não da própria TIR, utilizado pelo método comum.

Este método tenta solucionar as limitações apresentadas pela TIR, como a existência
de múltiplas taxas quando o fluxo de caixa não é convencional. Desta forma, a TIRm
traduz as saídas de caixa a valores presentes, enquanto que entradas de caixa são
levadas a valor futuro no último período do fluxo. Assim, os valores ficam
concentrados no instante zero e no período final, permitindo que o cálculo da Taxa
Interna de Retorno fique muito mais fácil e direto.

“Apesar de forte preferência acadêmica pelo VPL, pesquisas indicam que os


executivos preferem a TIR ao VPL. Ao que parece, os administradores acham que é
intuitivamente mais atraente avaliar investimentos em termos de taxas de retorno
porcentuais do que em dólares” (Brigham e Houston,1999, p. 386).

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 45


Diante desta afirmação, a TIR modificada apresenta-se como um indicador ainda
melhor, pois solucionamos o problema de reinvestimento dos fluxos de caixa pela
própria TIR, e não pela TMA.

Fórmula:

VP Custos = VF / (1+TIRm)n

Regra de decisão:
TIRm > TMA, aceita-se o projeto
TIRm = TMA, indiferente
TIRm < TMA, rejeita-se o projeto

Exemplo 1
Vamos entender a lógica do cálculo da TIR modificada utilizando o fluxo de caixa
abaixo:

0 1 2 3 4

(500.000 200.000 300.000 200.000 150.00


220.00
TMA = 10%
363.00
266.20

500.000 999.20
VPL = 0 TIRm = 18,90%

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 46


Aplicação na HP 12c
Calculando o Valor Futuro das entradas de caixa:
200000 [PV ]10 [i] 3 [n] [FV] => 266.200,00
300000 [PV] 10 [i] 2 [n] [FV] => 363.000,00
200000 [PV] 10 [i ]1 [n] [FV] => 266.200,00

Calculando a TIRm para o investimento:


500000 [CHS] [g] [PV]
4 [n]
999200 [FV]
[i] => 18,90%

Exemplo 2
A empresa Florais do Campo está considerando uma alternativa de investimento que
gerou o seguinte fluxo de caixa projetado para 7 anos. A Taxa Mínima de
Atratividade considerada foi de 15% aa.

Anos Fluxo Caixa Valor Presente Valor Futuro


R$ das saídas das entradas
0 (30.000,00) (30.000,00)
1 30.750,00 71.126,62
2 33.125,00 66.626,21
3 (20.000,00) (13.150,32)
4 34.560,00 52.561,44
5 (20.000,00) (9.943,53)
6 33.750,00 38.812,50
7 34.870,00 34.870,91

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 47


Total 97.055,00 (53.093,85) 263.997,68

Aplicação na HP 12c
Calculando o valor presente das saídas de caixa:
20000 [FV] 15 [i] 3 [n] [PV] => 13.150,32
20000 [FV] 15 [i] 5 [n] [PV] => 9.943,53

Calculando o valor futuro das entradas de caixa:


30750 [PV] 15 [i] 6 [n] [FV] => 71.126,62
33125 [PV] 15 [i] 5 [n] [FV] => 66.626,21
34560 [PV] 15 [i] 3 [n] [FV] => 52.561,44
33750 [PV] 15 [i] 1 [n] [FV] => 38.812,50

Calculando a TIRm para o investimento:


53093,85 [CHS] [g] [PV]
7 [n]
263.997,68 [FV]
[i] => 25,75%

Comparação TIR X VPL


 A diferença fundamental entre estas duas técnicas é que o VPL assume
reinvestimentos ao custo de capital, enquanto a TIR assume que os
reinvestimentos se farão à própria taxa interna de retorno.
 No caso de projetos independentes, os dois métodos levam as mesmas
decisões de aceitação ou rejeição;
 Quando se alternarem entradas e saídas de caixa ao longo dos períodos,
poderá haver tantas raízes (VP=0) quantas forem as mudanças de sinais nos
fluxos de caixa, e, portanto, o projeto ou investimento poderá ter várias TIR;

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 48


 No caso de projetos mutuamente excludentes ou com períodos de vida
diferentes, os dois métodos podem levar a soluções diferentes. Isso se deve
ao fato de cada um possuir sua taxa de reinvestimento implícita;
 O VPL mede o valor absoluto e não a taxa de retorno, de modo que, se dois
projetos têm o mesmo VPL, um pode ter taxa de retomo mais alta porque
necessita de menos capital. Entretanto, se dois projetos têm a mesma
necessidade de capital, então, a comparação pode ser feita na base do VPL;
 O uso da TIR pode levar a decisões de investimento equivocadas, do ponto
de vista de pequena escala: projetos de alta TIR podem excluir a geração de
mais riqueza pela eliminação de projetos maiores, porém, de TIR mais baixa;
 A conclusão é que tanto VPL quanto um dos critérios de taxa de retorno
deveriam, usualmente, ser estimados e usados simultaneamente;
 Tanto a TIRm quanto o VPL levam ao mesmo resultado, exceto quando os
períodos de análise forem diferentes.

5.3 Comparação entre os Métodos Quantitativos

Resumo dos métodos de avaliação de investimento (adaptado):

Método Sigla Observação Restrições


Payback PB Período de tempo em que o Desconsidera o período
investimento inicial restante do projeto.
retornará.
Payback PBD Período de tempo em que o Desconsidera o período
descontado investimento inicial restante do projeto.
retornará, descontado o
custo de capital.

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 49


Valor VPL É o valor no presente dos É o mais correto para
presente valores a serem obtidos no maximizar a riqueza do
líquido futuro, descontados à taxa acionista, pois considera o
mínima de atratividade da valor do dinheiro no
empresa. tempo, o custo de capital e
o tempo do projeto
Taxa interna TIR É a taxa de desconto que É menos consistente com a
de retorno iguala os fluxos de entrada e maximização da riqueza do
saída ou a taxa que iguala o acionista, pode aceitar
valor presente a zero. projetos com taxas altas,
mas abaixo da TMA.
Taxa interna TIRM É a taxa de desconto na qual É menos consistente com a
de retorno o valor presente do custo de maximização da riqueza do
modificada um projeto é igual ao valor acionista, pode aceitar
presente de seu valor final, projetos com taxas altas,
em que o valor final é mas abaixo da TMA.
encontrado como a soma dos
valores futuros das entradas
de caixa, capitalizados ao
custo de capital da empresa.

Fonte: Junior (2010, p.184)

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 50


Aula 06 - Estratégias Comerciais e Viabilidade Financeira de
Investimentos

Introdução
Chegou a hora de aplicarmos, de forma mais específica, a matemática financeira na
definição das estratégias comerciais de compra e venda. A utilização de tal expertise
tem como objetivo determinar: a redução do preço de produtos e serviços causados
pelas condições de pagamento, o porcentual de desconto nas operações à vista e
os planos de venda a prazo mais vantajosos.

Apresentaremos, ainda, um caso para analisarmos não só a aplicação dos métodos


de avaliação da viabilidade de projetos de investimento em serviços e operações
vistos até agora, mas principalmente para identificarmos as diferenças encontradas
nos resultados e avaliarmos as limitações e vantagens apresentadas por cada um.

6.1. Estratégias Comerciais de Compra e Venda

6.1.1 Estratégias de vendas

É fundamental para o sucesso de qualquer organização, independentemente do


setor em que atue, a capacidade de comparar e escolher as melhores alternativas
de vendas. Como já visto anteriormente, aqui também é possível considerar que o
fluxo de valores das vendas possa ser descontado pelo custo de oportunidade ou
custo de capital da organização.

Custo de Venda a Prazo


Sabemos a importância do valor do dinheiro no tempo, principalmente quando temos
taxas de inflação consideráveis e que chegam perto da casa de dois dígitos. Logo, é

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 51


fundamental que trabalhemos com o conceito de valor presente representado em
uma única data para comparação.

Exemplo 1
Suponha que a empresa Mil Flores tenha realizado uma venda no valor de
R$8.000,00 com previsão de recebimento em 5 prestações iguais, sendo a primeira
à vista. Qual a seria o valor presente dessa operação, sabendo que a taxa de inflação
mensal é de 1,2%?

PV = 1.600 + 1.600 / (1+ 0,012) + 1.600 / (1+ 0,012)² + 1.600 / (1+ 0,012)³ +
1.600 / (1+ 0,012)⁴
PV = 7.812,51

O valor presente (PV) mostra que o desconto, considerando o horizonte de tempo


apresentado, reduz o preço à vista da mercadoria para 97,66% do seu valor. O
porcentual de 2,34% pode ser considerado como a taxa de desconto para
pagamento à vista, ou seja, para a empresa é indiferente vender à vista com esse
desconto ou a prazo, considerando 1,2 % de taxa inflacionária.

Exemplo 2
Sabendo que o custo de capital da empresa de telefonia Falesempre S.A. é de 1,4%
a.m., qual das alternativas abaixo proporciona a menor perda para a empresa?
a) Vender à vista com desconto de 10%; ou
b) Receber em 30 dias sem acréscimo

Vamos tomar como base o número 100

a) Preço à vista = 100 – (10% x 100) = 90 (desconto comercial)


b) PV = 100/ (1 + 0,014) = 98,62

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 52


A melhor alternativa é venda em 30 dias, pois proporciona o maior valor presente.

Exemplo 3
Determine a alternativa de venda mais vantajosa para Hotel Volte Sempre,
considerando o pacote de Ano Novo no valor de R$15.000,00 e um custo de
oportunidade de 2% a.m.:

a) Venda à vista com desconto de 10%;


b) Venda a prazo em 4 parcelas iguais (1+3) sem acréscimo; e
c) Venda no cartão de crédito com recebimento em 30 dias e desconto de 8%
no valor da compra.

Resolução:
a) Preço à vista = 15.000 – (10% x 15.000) = 13.500
b) PV = 3.750 + 3.750/ (1 + 0,02) + 3.750/ (1 + 0,02)² + 3.750/ (1 + 0,02)³
PV = 14.564,56
c) PV = 15.000 – (8% x 15.000) / (1 + 0,02) = 13.800 / (1 + 0,02)
PV = 13.529,41

A melhor alternativa é a venda a prazo, pois proporciona o maior valor presente.

6.1.2 Estratégias de Compras

Quando estamos diante de um ambiente inflacionário ou considerando uma taxa


mínima de atratividade para o capital da empresa, ou seja, em 99% das vezes, é
essencial a análise das alternativas de compra de estoques. Na verdade, busca-se
um ganho especulativo à medida que os valores desses sejam reajustados em
porcentuais superiores à taxa de inflação ou custo de capital da organização.

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 53


Exemplo 1: compra e venda à vista
A empresa Vento Forte Ltda. vende a unidade dos seus aparelhos de ar condicionado
a um valor de R$1.700,00, tendo o seu custo de aquisição em R$1.200,00, ambas
operações ocorrem à vista. Sabe-se que é necessário o pagamento de 20% de
imposto sobre vendas 30 dias depois e que o período médio de estocagem é de 3
meses.

Calcule se é vantajoso para a empresa essa forma de aquisição, diante de um custo


de capital de 3% a.m.

Resolução:
PV = 1.700 / (1,025)³ = 1.578,62 (valor presente do imposto)
PV = 20% x 1.700 / (1,025)⁴ = 340 / (1,025)⁴ = 308,02 (valor presente do imposto)

Logo, o Valor Presente da operação será:

Valor Presente = FV receita de venda – Custo de Compra – FV imposto


Valor Presente = 1.578,62 – 1.200,00 – 308,03 = 70,59

Exemplo 2: compra à vista e venda a prazo


Certa mercadoria foi vendida à vista no dia 18 abril por R$ 250,00 e foi vendida 22
dias após por R$ 490,00. Essa empresa concede para os seus clientes um prazo de
pagamento de 15 dias e deve recolher no dia 08 de junho 7% de ICMS e 3% de
impostos sobre vendas no dia 15 de junho.
Considerando uma taxa de inflação de 2,5% ao mês, qual o resultado dessa
operação?

Resolução:

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 54


Taxa efetiva de juros = (1,025)1/30 - 1 = 0,0815% a.d.

Para data-base 18 Abril


PV (venda) = 490 / (1,0815)22+15 = 490 / (1,000815)37 = 475,45
PV (ICMS) = (7% x 490) / (1,000815)51 = 32,90
PV (ICMS) = (3% x 490) / (1,000815)58 = 14,02

Resultado líquido da operação = 475,45 – 250,00 – 32,90 – 14,02 = 178,53

Exemplo 3: compra a prazo e venda à vista


A loja de departamento D&E recebeu do seu fornecedor a oferta de pagamento de
uma determinada mercadoria por R$800,00 em 30 dias, ou R$865,00 para
pagamento em 60 dias. Qual a melhor opção para D&E, sabendo que seu custo de
oportunidade é de 1,5% a.m.?

Resolução:

PV = 800 / (1,015) = 761,90 (valor presente para 30 dias)


PV = 865 / (1,015)² = 839,64 (valor presente para 60 dias)

A melhor opção é pagamento em 30 dias e, caso houvesse recurso disponível,


poderia se barganhar um valor de compra à vista menor do que R$761,90.

Exemplo 4: compra e venda a prazo

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 55


A imobiliária Casa Bonita fixou o preço de suas residências em R$280.000,00 para
pagamento em 120 dias. Ela espera vender todas as unidades em um prazo médio
de 30 dias.

A construtora cobrou da imobiliária o valor de R$150.000,00 por imóvel e


disponibilizou duas formas de pagamento: um desconto de 25% se o pagamento for
em 30 dias ou 15% se for realizado em 60 dias.

Sendo de 3% ao mês o custo de capital dessa empresa, calcule os resultados dessas


duas opções de compra.

Resolução:
Considerando o momento da compra junto à construtora, vamos calcular o valor
presente das opções de venda e compra.

VP = 280.000 / (1,03)1+4
VP = 280.000 / (1,03) ⁵ = 241.530,46 (valor presente venda)

VP = 150.000 – (25% x 150.000) / (1,03) = 109.223,30 (compra com pgto. em 30


dias)

VP = 150.000 – (15% x 150.000) / (1,03)² = 120.181,00 (compra com pgto. em 30


dias)

Neste caso, deveríamos escolher o pagamento para 30 dias, pois essa opção iria
proporcionar o maior valor líquido para operação.

6.2 Avaliando a Viabilidade Financeira de Investimentos

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 56


Antes de apresentarmos as vantagens e desvantagens de cada um dos métodos na
prática, é importante destacarmos um fator que atua de forma crítica para o sucesso
de qualquer um deles. Estamos falando da “informação”, que precisa ser clara e
confiável, já que ela irá gerar o fluxo de caixa estimado dos projetos, o que
consideramos como linha mestra para análise da viabilidade financeira de um projeto
de investimento. Também é ela que irá possibilitar definir a taxa mínima de
atratividade, principal índice de desconto, capitalização e parâmetro para os critérios
de aceitação e rejeição. Por isso é muito importante a dedicação e o esforço na
definição das fontes de informação e no levantamento dos dados que servirão de
base para os métodos de análise. Isso é feito através de pesquisas de mercado,
bases históricas, indicadores financeiros, benchmark, entre outros.

É claro que em determinados casos jamais conseguiremos informações com 100%


de certeza, e para isso utilizaremos outros métodos complementares que irão avaliar
projetos e investimentos em condições de risco e de incerteza. Bem, isso é assunto
para as próximas aulas; no momento, iremos nos dedicar à comparação dos
métodos vistos até agora.

6.2.1 Comparando os Métodos na Prática

Caso Cia. Transportadora do Prata


Você é o analista financeiro da Cia. Transportadora do Prata e tem a
responsabilidade de analisar dois investimentos que deverão ser custeados pelo
próprio capital da empresa. Ambos os projetos, Guarani e Pampa, possuem um
investimento inicial de R$100.000,00 e a Taxa mínima de atratividade para empresa
é de 12% a.a. Devido à importância dessa decisão, o diretor pediu que fossem
utilizados todos os métodos possíveis para avaliar a viabilidade financeira dos
projetos.

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 57


Fluxos Líquidos de Caixa Esperados
Ano Projeto Guarani Projeto Pampa
0 (100.000) (100.000)
1 60.000 40.000
2 35.000 35.000
3 30.000 35.000
4 10.000 45.000

Solução:

Payback

Payback G = 2 + 5.000 /30.000 = 2,17 anos

Payback P = 2 + 25.000 / 45.000 = 2,56 anos

Payback descontado

Para calcular o Payback descontado, vamos trazer para o instante zero os Fluxos
Líquidos de Caixa esperados:

Projeto Guarani Projeto Pampa


Ano FC FCd FC FCd
0 (100.000) (100.000) (100.000) (100.000)
1 60.000 53.571,43 40.000 35.714,29
2 35.000 24.912,31 35.000 24.912,31
3 30.000 19.065,54 35.000 22.243,13
ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 58
4 10.000 6.355,18 45.000 25.534,21
Total 135.000 103.904,46 290.000 108.403,94

Payback descontado G = 4 + 2.450,72 / 6.355,18 = 4,39 anos

Payback descontado P = 4 + 17.130,56 / 25534,21 = 4,67 anos

Valor Presente Líquido

VPL G = -100.000 + 103.904,46 = 3.904,46

VPL P = - 100.000 + 108.403,94 = 8.403,94

Taxa Interna de Retorno

TIR Guarani:
[f] [clear] [FIN]
100.000 [CHS] [g] [Cfo]
60.000 [g] [CFj]
35.000 [g] [CFj]
30.000 [g] [CFj]
10.000 [g] [CFj]
12 [i]
[f] [IRR] => 17,60%

TIR Pampa:
[f] [clear] [FIN]
ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 59
100.000 [CHS] [g] [Cfo]
40.000 [g] [CFj]
35.000 [g] [CFj]
2 [g] [Nj]
45.000 [g] [CFj]
12 [i]
[f] [IRR] => 19,79%

Taxa Interna de Retorno Modificada

Lembre-se que neste método devemos levar todas as entradas de caixa para o fim
da vida do projeto e trazer para o instante zero todas as saídas.

Projeto Guarani Projeto Pampa


Ano FC FC no Ano 4 FC FC no Ano 4

0 (100.000) - (100.000) -
1 60.000 84.295,68 40.000 56.197,12
2 35.000 43.904,00 35.000 43.904,00
3 30.000 33.600,00 35.000 39.200,00
4 10.000 10.000,00 45.000 45.000,00
Total 135.000 171.799,68 290.000 184.301,12

TIRm Guarani:
100000 [CHS] [g] [PV]
4 [n]
171799,68 [FV]

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 60


[i] => 14,49%

TIRm Pampa:
100000 [CHS] [g] [PV]
4 [n]
184301,12 [FV]
[i] => 16,52%

Quadro Comparativo

Método Melhor Projeto


Payback Projeto G
Payback Descontado Projeto G
VPL Projeto P
TIR Projeto P
TIRm Projeto P

Análise
Na hora em que a empresa for definir o melhor projeto, NÃO basta ver o resultado
de cada um dos métodos e ver o que a maioria apontou. Lembro que além das
variáveis internas, que serão importantes critérios para a escolha, também existem
as informações externas do mercado e dos concorrentes. Falo de outros indicadores
econômicos, como a taxa de juros futura e os índices alcançados pelos principais
concorrentes.

Ao analisarmos o tempo de retorno do investimento inicial, tanto o método do


payback como o método do payback descontado apontaram para o Projeto Guarani,

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 61


apesar da pequena diferença apresentada. Já falamos que este método deve ser
utilizado complementarmente ao uso de outros métodos e as variáveis que
impactam no critério de aceitação do método estão diretamente ligadas ao nível de
liquidez que a empresa pretende manter ou à definição de um prazo limite para
aceitação.

O valor presente líquido apresentado pelo Projeto Pampa é superior ao do outro


projeto e por isso deveria ser escolhido se estivéssemos considerando o método do
VPL; ele considera que esse projeto irá trazer uma riqueza maior para a empresa,
confirmada pelo índice em porcentagem que ratifica ser mais rentável que o Projeto
Guarani. A certeza desta escolha reside no fato de terem sido considerados o valor
do dinheiro no tempo, o custo de capital e o tempo do projeto.

Podemos perceber que os projetos em estudo apresentam fluxos de caixa


convencionais e períodos de duração idênticos e, por isso, os resultados encontrados
pela Taxa Interna de Retorno e pela Taxa Interna de Retorno Modificada ratificam
o resultado encontrado pelo método do VPL. Porém, é sempre bom lembrar que isso
poderia ser diferente se essas variáveis não estivessem presentes, levando a
resultados conflitantes.

Diante de todos esses dados e por não haver limitações definidas pela empresa,
concluímos que o melhor projeto, entre os dois apresentados, é o Projeto Pampa.

Aula 7 - Risco, Retorno e Incerteza

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 62


Introdução
Até o momento estivemos preocupados em avaliar o retorno esperado que uma
transação comercial ou investimento possa trazer para a organização ou, ainda,
analisar, entre diferentes opções, a que apresenta melhores condições econômicas
e financeiras de aceitação. Sem dúvida, esse é o principal balizador para o processo
de tomada de decisão, porém existem outros fatores que irão influenciar essa
decisão e que não possuem a ingerência dos gestores. Esses fatores fazem parte do
ambiente interno e externo da organização, como por exemplo: gerenciamento do
projeto, novos concorrentes, comportamento do mercado consumidor, mudanças na
legislação do setor no qual a empresa atua, políticas econômicas, crises externas
etc. Podemos então dizer que o risco de um investimento está diretamente ligado
ao maior ou menor impacto desses fatores.

É diante desses fatores que iremos tratar o assunto risco, tipificando-o e aprendendo
como lidar com ele. Apresentaremos também os conceitos de incerteza e retorno e
assim poderemos correlacionar tais ideias às opções de transações e investimentos.

7.1. Conceitos Básicos

Risco pode ser conceituado como a possibilidade de haver variabilidade na taxa de


retorno esperada para um determinado investimento ou projeto. Numa tipificação
mais abrangente, dizemos que o risco pode ser sistemático ou específico;
sistemático, quando afeta as empresas em geral, e específico, quando afeta somente
uma empresa ou pequeno grupo de empresas. São exemplos de riscos sistemáticos:
aumento ou queda na taxa de juros básica, inflação, câmbio etc. Já o aumento ou
queda no preço de uma determinada tecnologia ou uma legislação especifica para o
setor na qual a empresa atua podem ser considerados como riscos específicos.

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 63


Retorno é a soma dos ganhos ou das perdas relacionadas à aplicação em
determinado investimento ou projeto. Para Gitman (2010), retorno é o total de
ganhos ou prejuízos dos proprietários decorrentes de um investimento durante um
determinado período de tempo. Lembro que estamos tratando aqui somente do
conceito de retorno financeiro, deixando de lado outros tipos de retornos intangíveis
que um investimento ou projeto pode trazer, tanto internamente para os
colaboradores, como para os clientes e sociedade.

Incerteza é ausência de conhecimento pleno dos resultados de uma ação, ou seja,


do efeito que esta possa proporcionar. “É a situação de dúvida ou insegurança de
se obter um resultado, sem forma de quantificar as possibilidades de ocorrência das
situações positivas ou negativas” (Junior, 2010, p. 183)

7.2. Tipos de Risco

Outra forma de tipificar os riscos é reuni-los em grupos conforme as suas


características; assim, podemos separá-los em Riscos do Negócio ou Operacionais e
Riscos Financeiros.

7.2.1 Risco Operacional

Os Riscos Operacionais, também conhecidos como Riscos do Negócio, estão


relacionados às atividades da empresa, a fatores internos ou externos que afetam
as suas próprias operações e das outras empresas do mesmo ramo.

Exemplos:
 Perda de material ou do patrimônio fruto de roubos, acidentes ou catástrofes;
 Retração da demanda pelos produtos produzidos;
 Ausência de fornecedores ou de matéria-prima;

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 64


 Obsolescência tecnológica;
 Entrada de novos concorrentes;
 Legislação específica para o setor etc.

7.2.2 Risco Financeiro

Os Riscos Financeiros são aqueles relacionados a fatores econômicos. Eles devem


ser muito bem conhecidos, pois acabam exercendo também impacto nas operações
da empresa. São exemplos destes riscos: a variação inesperada das taxas de juros,
do custo de capital, da taxa de câmbio, da inflação, dos índices de preços ao
consumidor etc. Uma maneira de evitar ou minimizar esses riscos é realizar uma
operação chamada de hedging, ou seja, realizar investimentos em ativos que
tenham um comportamento oposto aos fatores dos quais a empresa é dependente.

7.2.3. Risco X Retorno

É muito conhecida a frase que diz: “Quanto maior o risco, maior deve ser o retorno”.
Também devemos ter como norte essa afirmação ao decidirmos sobre uma
transação ou investimento. Sempre estaremos assumindo riscos nas suas diferentes
formas e o quanto desses riscos nós iremos assumir, dependerá do retorno
esperado. O gráfico abaixo representa essa relação:

Gráfico Risco x Retorno

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 65


Antes de decidir onde aplicar os seus recursos ou o de sua organização, é importante
que um investidor conheça a relevância do risco e do retorno. Logo, se a escolha
estiver entre dois investimentos que prometem retornos iguais, deve-se escolher
aquele de menor risco. Alternativas mais arriscadas exigem uma compensação
maior.

7.3. MEDIDAS DE RISCO

Já aprendemos a calcular o retorno esperado de um investimento, já conhecemos


os conceitos básicos relacionados ao Risco, é hora de conhecermos o grau de
envolvimento deste. Para tal, iremos trabalhar com medidas de dispersão
tradicionalmente trabalhadas pela Estatística: probabilidade, variância, desvio-
padrão e coeficiente de variação.

7.3.1 Variância e Desvio-Padrão

A Variância é o quadrado dos desvios dos eventos encontrados em relação à média.


A fim de se eliminar os efeitos dos sinais negativos (-) e positivos (+) da amostra,

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 66


utiliza-se a função exponencial (²). Já o Desvio-Padrão é a raiz quadrada da
Variância.

Roteiro Básico para o cálculo da variância e desvio-padrão:


1) Calcule a taxa de retorno esperada;
2) Subtraia a taxa de cada evento da taxa de retorno esperada para calcular os
desvios;
3) Eleve cada desvio ao quadrado;
4) Multiplique o resultado pela probabilidade;
5) Somando os produtos, temos a Variância (quadrado do desvio-padrão);
6) Tire a raiz da Variância para encontrar o Desvio-Padrão.

Na próxima aula, veremos a aplicação prática dessa metodologia através de um


exemplo numérico.

7.3.2 Coeficiente de Variação

O Coeficiente de Variação representa o risco por Unidade de Retorno. Para


calcularmos, utilizamos a fórmula:

CV = Desvio-Padrão/Retorno esperado.

Este índice é muito utilizado quando temos que decidir entre dois projetos em que
um apresente um retorno esperado mais alto e ao mesmo tempo apresenta um risco
maior, ou seja, um desvio-padrão maior.

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 67


Exemplo
O Projeto Indian tem uma taxa de retorno esperada de 60% e um desvio-padrão de
15%, enquanto o Projeto Tango tem uma taxa de retorno de 8% e um desvio-
padrão de apenas 3%.
CVi= 15/60 = 0,25
CVt = 3/8 = 0,375

Desta forma, o Projeto Tango é mais arriscado, uma vez que o risco por unidade de
retorno ainda é maior.

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 68


Aula 8 - Análise de Investimento em Condições de Risco e Incerteza

Introdução
Utilizamos diversos métodos para analisar a viabilidade financeira de um
investimento, mas mesmo que tenhamos aplicado o melhor dos métodos, ou até
mesmo um conjunto desses, a única certeza que temos é a do valor do investimento
inicial. Todas as futuras entradas e saídas de caixa são projeções; logo, a
determinação da atratividade de um projeto ou investimento é apenas uma
estimativa de possíveis valores. Aliás, devido às diferentes naturezas do risco, nunca
teremos a certeza absoluta sobre a ocorrência dos valores esperados. Mesmo assim,
as decisões quanto à melhor opção deverão ser tomadas e por isso uma correta
percepção do risco e da incerteza será essencial para minimizar a probabilidade de
erro desta escolha.

Diante dessa variabilidade nos dados do fluxo de caixa ou da taxa de atratividade,


apresentam-se dois outros tipos de análise de investimento: a Análise de
Investimento em Condições de Risco e a Análise de Investimento em Condições de
Incerteza. Normalmente quando conhecemos a distribuição da probabilidade de
ocorrência dos dados relativos a um investimento, adotamos a análise em condições
de risco e utilizamos métodos probabilísticos. Quando não temos essa informação,
somos levados a realizar a análise em condições de incerteza.

8.1 - Análise de Investimentos em Condições de Risco

Damodaran (2002), a propósito, reconhece que um bom modelo de risco e retorno


deve possuir as seguintes características:

- oferecer uma medida para risco que seja universal;


- especificar que tipos de risco são recompensados e quais não o são;

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 69


- padronizar medidas de risco, permitindo análise e comparação;
- traduzir a medida de risco em retorno esperado; e
- funcionar.

Quando podemos associar os prováveis valores de um fluxo de caixa a uma


distribuição probabilística, é possível calcular as chances de um investimento se
tornar inviável, fornecendo subsídios para decidir entre as alternativas que possuem
diferentes graus de risco.
Vamos trabalhar agora as técnicas mais utilizadas para se analisar a viabilidade em
condições de risco: o Modelo Probabilístico e a Árvore de Decisão.

8.1.1 Modelo Probabilístico

A única certeza que temos é que os resultados futuros de um projeto são incertos,
mas se esses ocorrerem em intervalos que possam ser determinados, ou seja, se
conhecermos a amplitude de variabilidade, podemos até determinar a distribuição
probabilística de ocorrência desses resultados.

Conhecedores dessas informações, podemos diminuir bastante as possibilidades de


erros na avaliação de projetos, pois o somatório das parcelas nos conduzirá a uma
distribuição normal, que terá, como média, o somatório das médias das parcelas e,
como variância, o somatório das variâncias das parcelas do projeto analisado.
Um modelo probabilístico só é possível quando se pode prever, mediante uma
análise estatística, os resultados de um evento futuro. Ele nos permite determinar
as possibilidades ou promessas de sucesso de um determinado evento ocorrer.

Exemplo:
Com base em pesquisa de mercado e dados estatísticos, a empresa Latinoamerica
está avaliando duas alternativas de projeto - Projeto Mike e Projeto Sierra. Foram

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 70


levantados possíveis retornos diante de estimativas de fluxos de caixa para os
cenários: pessimista, mais provável e otimista. A essas taxas de retorno foi associado
determinado grau de probabilidade de ocorrência.

Projeto Mike Projeto Sierra


Cenários Probabilidade (p) Retorno (r) Probabilidade (p) Retorno (r)
Pessimista 0,25 0,10 0,20 0,12
Mais provável 0,50 0,15 0,30 0,15
Otimista 0,25 0,20 0,50 0,19
Total 1,00 - 1,00 -

Cálculo do Retorno Esperado E (r):

E (r) =  p x r

Projeto Mike
E (r) = 0,25 x 0,10 + 0,50 x 0,15 + 0,25 x 0,20
E (r) = 0,025 + 0,075 + 0,05 = 0,15 ou 15,0%

Projeto Sierra
E (r) = 0,20 x 0,12 + 0,30 x 0,15 + 0,50 x 0,19
E (r) = 0,024 + 0,045 + 0,095 = 0,164 ou 16,4%

Cálculo do Desvio-Padrão (DP):

DP 2   pr  E (r )
2
DP = DP 2 e

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 71


Projeto Mike (E (r) = 0,155 ou 15,5%)
r [ r - E (r) ] [ r - E (r) ] 2 p p x [ r - E (r)] 2
0,10 -0,055 0,003025 0,25 0,000756

0,15 -0,005 0,000025 0,50 0,000013

0,20 -0,045 0,002025 0,25 0,000506

 1,00 0,001275

DP (risco) = 0,001275 = 0,0357 ou 3,57%

Projeto Sierra (E (r) = 0,167 ou 16,7%)


r [ r - E (r) ] [ r - E (r) ] 2 p p x [ r - E (r)] 2
0,12 -0,047 0,002209 0,25 0,000552

0,15 -0,017 0,000289 0,40 0,000116

0,22 -0,053 0,002809 0,35 0,000983

 1,00 0,001651

DP (risco) = 0,001651 = 0,0406 ou 4,06%

Resumo:

Projetos E (r) DP (risco)


Mike 15,5% 3,57%
Sierra 16,7% 4,06%

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 72


8.1.2 Árvore de Decisão

O Método da Árvore de Decisão, também muito conhecido, é a forma de


visualizarmos através de um gráfico as consequências de decisões atuais e futuras,
bem como os eventos aleatórios relacionados a elas.

Esse método é um importante instrumento de apoio à tomada de decisão, pois


analisa, a partir de uma decisão inicial, as diversas alternativas geradas por uma
simulação, permitindo decompor um problema complexo em diversos subproblemas
mais simples. Na representação gráfica da árvore de decisão são utilizadas “linhas”
para identificar a decisão (sim ou não) e “nós” para identificar as questões sobre as
quais se deve decidir. Cada um dos ramos, formados por linhas e nós, termina numa
espécie de folha que identifica a consequência mais provável da sequência de
decisões tomadas.

Dalton (2001) propõe a Árvore de Decisão como um modelo simples, prático e muito
utilizado pelo mercado em situações de incerteza, “que são os casos mais comuns
nas decisões gerenciais, será necessário estimar prováveis frequências relativas ou
probabilidades, possivelmente com base em experiências anteriores ou correlatas”.

Árvore de Decisão

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 73


Legenda
 – Nó de decisão A – Ação alternativa
 – Nó de resultado R – Resultado
| – Nó de terminal (0,p) – Probabilidade

Fonte: DALTON (2001, p. 36)

Exemplo:
A Metalúrgica Irmãos Andrade está realizando seu Planejamento Estratégico para o
ano seguinte, mas para decidir entre as alternativas de projetos existentes precisa
ter uma noção muito clara da probabilidade de aumento do preço de seu principal
insumo – o Aço. Após pesquisa de mercado e análise conjuntural, chegou-se à
conclusão que se houver um aumento nos investimentos em bens de capital, a
probabilidade de aumento no preço do aço seja de 80%. Caso não ocorra este
aumento nos investimentos, a probabilidade de aumento no preço seja de 50%. Se
olharmos somente para probabilidade de aumento nos investimentos em bens de
capital, estimamos 70% de possibilidade de ocorrência.
Com base nestes dados estatísticos podemos descobrir:

1) O diagrama de Árvore de Decisão;


2) A probabilidade de que o preço do aço não aumente, mesmo havendo um
crescimento nos investimentos em bens de capital;
3) A probabilidade de aumento no preço do aço para o próximo ano.

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 74


Cálculos:

Árvore de Decisão

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 75


Probabilidade de o Aço Cair, Mesmo Havendo um Aumento nos
Investimentos:

P (B’) A = 0,20 ou 20%

Probabilidade de Aumento no Preço do Aço:

P (B) = (0,70)(0,80) + (0,30)(0,50) = 0,71 ou 71%

8.2 Análise de Investimentos em Condições de Incerteza

Já vimos que a incerteza diz respeito àquilo que não se conhece sobre as variáveis
relacionadas a um projeto ou investimento. Aliás, a única certeza absoluta que se
tem quanto ao futuro de qualquer atividade é que a incerteza sempre estará
presente. Para auxiliar na análise da viabilidade de projetos sobre os quais não
temos informações sobre a distribuição da probabilidade de ocorrência dos dados
do fluxo de caixa ou da taxa mínima de atratividade, utilizamos métodos de análise
sob condições de incerteza.

Apesar de haver uma diversificada classificação dos métodos de análise de Projetos


e Investimentos em condições de incerteza, vamos novamente trabalhar com os
mais usuais no mercado: a Análise de Sensibilidade e os Métodos Baseados na Teoria
dos Jogos.

8.2.1 Análise de Sensibilidade

A análise de sensibilidade é considerada como uma abordagem comportamental na


análise das incertezas envolvidas num projeto ou investimento. Ela usa uma série
de estimativas de possíveis retornos para se obter uma percepção da variabilidade
entre os resultados.

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 76


Esse método nos permite medir o impacto da entrada de dados individuais sobre o
resultado econômico final de um projeto, podendo representar o quanto de melhoria
é possível alcançar mudando apenas algumas variáveis do projeto. Quando
observarmos que a mudança no valor de uma determinada variável modificou o
critério de escolha de uma alternativa específica, dizemos que a decisão é sensível
ao estímulo, ou não, quando não houver qualquer modificação nas variáveis de
decisão. As variáveis mais utilizadas por esse método são as taxas de desconto,
custo, preço, demanda e indicadores de eficiência e eficácia.

É um estudo de diversos parâmetros para identificar, de forma qualificada, a


variabilidade das incertezas externas e internas de um projeto. Logo, quanto maior
for essa variação, maior será o grau de incerteza desse investimento. Dentre as suas
limitações destaca-se a dificuldade de se apurar a sensibilidade cruzada, isto é,
examinar o efeito ocasionado pela modificação de mais de uma variável.

Exemplo 1:
A empresa Policards está avaliando, através da Análise de Sensibilidade, qual dos
projetos abaixo apresentará o maior risco se a taxa de desconto variar de 10% para
15%.

Projeto Fox Projeto Golf


Investimento Inicial R$ 150.000,00 R$ 150.000,00
Entradas de Caixa
Ano 1 R$ 400.000,00 R$ 100.000,00
Ano 2 R$ 300.000,00 R$ 300.000,00
Ano 3 R$ 100.000,00 R$ 350.000,00
Total R$ 800.000,00 R$ 750.000,00

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 77


VPL Fox (i = 10%):
[f] [clear] [FIN]
150000 [CHS] [g] [CFo]
400000 [g] [CFj]
300000 [g] [CFj]
100000 [g] [CFj]
10 [i]
[f] [NPV] => 536.701,72

VPL Fox (i = 15%):


[f] [clear] [FIN]
150000 [CHS] [g] [CFo]
400000 [g] [CFj]
300000 [g] [CFj]
100000 [g] [CFj]
15 [i]
[f] [NPV] => 490.420,81

VPL Golf (i = 10%):


[f] [clear] [FIN]
150000 [CHS] [g] [CFo]
100000 [g] [CFj]
300000 [g] [CFj]
350000 [g] [CFj]
10 [i]
[f] [NPV] => 451.803,15

VPL Golf (i = 15%):

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 78


[f] [clear] [FIN]
150000 [CHS] [g] [CFo]
100000 [g] [CFj]
300000 [g] [CFj]
350000 [g] [CFj]
15 [i]
[f] [NPV] => 393.930,30

Projetos VPL para 10% VPL para 15% Variação do VPL


Fox 536.701,72 490.420,81 - 8,62%
Golf 451.803,15 393.930,30 - 12,81%

Variação do VPL Projeto Fox:


536701,72 [ENTER] 490420,81 [Δ%] => - 8,62%

Variação do VPL Projeto Fox:


451803,15 [ENTER] 393930,30 [Δ%] => - 12,81%

Análise:
Ao analisar os resultados do VPL dos projetos em estudo, percebemos que ambos
declinam quando a taxa de desconto sobe de 10% para 15%. Portanto, o método
de Análise de Sensibilidade permite identificar e comparar os graus de risco desses
dois projetos. Comparando-se os resultados obtidos, pode-se observar que a
variação percentual no VPL do Projeto Fox é de –8,62%, enquanto a do Projeto Golf
é de – 12,81%. Portanto, o Projeto Golf é mais sensível a uma alteração na taxa de
desconto, ou seja, o Projeto Golf apresentará um risco mais acentuado do que o
Projeto Fox, caso a taxa de desconto aumente no futuro.

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 79


8.2.2 Métodos Baseados na Teoria dos Jogos

Os métodos que serão apresentados têm como base a Teoria dos Jogos, ramo da
matemática aplicada que teve seus estudos precursores no início do século passado
e que apresenta hoje um grande número de técnicas e ferramentas para auxiliar no
processo decisório de um “jogador”. Esses métodos receberam o nome de
renomados matemáticos e economistas que apresentaram teorias e pressupostos
que mais tarde seriam aplicados à administração. Como estamos sempre falando
que precisamos aumentar a competitividade organizacional é porque temos
jogadores atuando nessas organizações. A vitória, ou seja, o sucesso organizacional,
dependerá em grande parte da habilidade de tomar decisões acertadas sob
condições parciais de desconhecimento.

Antes de apresentarmos um leque de métodos baseados na Teoria dos Jogos, é


importante lembrar que a principal razão para aplicação desses métodos é o fato de
não ser possível utilizar dados reais ou estimar probabilidades de ocorrência.
Trabalha-se com situações possíveis de ocorrer, porém sobre as quais não se tem a
princípio controle. Vamos analisar situações que, apesar de não controláveis, podem
afetar o resultado de um projeto, como por exemplo: queda da inflação, entrada de
um novo concorrente, aumento na demanda etc.

Os métodos consistem em encontrar a alternativa ótima, segundo cada um dos


critérios de seleção, sem ter conhecimento do cenário que encontraremos no futuro.
Na matriz que utilizaremos como base para apresentação de todos os métodos
vamos considerar que os resultados representam a Taxa Interna de Retorno (TIR)
dos Projetos (P) se a natureza assumir o estado (E).

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 80


E1 E2 E3
Projeto 1 20 14 6
Projeto 2 15 12 10
Projeto 3 18 18 5

8.2.2.1 Método de Laplace

Este método simples se baseia no seguinte fato: como não conseguimos prever as
probabilidades, atribuem-se valores iguais a cada uma delas. Ele também é chamado
de “princípio da razão insuficiente”.

R(1) = (20+14+6)/3 = 13,33


R(2) = (15+12+10)/3 = 12,33
R(3) = (18+18+5)/3 = 13,67

8.2.2.2 Método MAX MIN

Este método baseia-se na escolha do pior caso para cada alternativa, para depois
selecionar a alternativa “menos pior”. Chamada de Regra do Pessimista, consiste em
um critério de extrema segurança.

E1 E2 E3
Projeto 1 20 14 6
Projeto 2 15 12 10
Projeto 3 18 18 5

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 81


8.2.2.3 Método MAX MAX

Este método baseia-se na escolha da melhor alternativa para os estados previstos,


também chamado de Regra do Otimista.

E1 E2 E3
Projeto 1 20 14 6
Projeto 2 15 12 10
Projeto 3 18 18 5

8.2.2.4 Método Hurwicz

Este método assume uma posição intermediária em relação aos dois últimos
métodos. Ele considera um grau de otimismo e outro de pessimismo, ponderando a
decisão em função de graus estabelecidos.

E1 E2 E3
Projeto 1 20 14 6
Projeto 2 15 12 10
Projeto 3 18 18 5

Para 40% otimista e 60% pessimista


R(1) = (20 x 0,4) + (6 x 0,6) = 11,60
R(2) = (15 x 0,4) + (10 x 0,6) = 12,00
R(3) = (18 x 0,4) + (5 x 0,6) = 10,20

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 82


8.2.2.5 Método Savage

Este método busca minimizar os possíveis arrependimentos para as alternativas


existentes. Ele obtém uma matriz de desapontamento, ao determinar os
desapontamentos das alternativas para cada evento. Este procedimento é
representado da seguinte forma:
Mrj = Rij - Rrj

onde, Rij é o valor máximo para cada evento Ei. A escolha será sobre a alternativa
que minimiza o “desapontamento”.

E1 E2 E3
Projeto 1 20 14 6
Projeto 2 15 12 10
Projeto 3 18 18 5

Matriz de Desapontamento
E1 E2 E3
Projeto 1 0 4 4
Projeto 2 5 6 0
Projeto 3 2 0 5
A escolha é do Projeto 1, R(1) = 4 (Ele representa o mínimo das máximas perdas)

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 83


BIBLIOGRAFIA BÁSICA

ASSAF NETO, Alexandre. Matemática Financeira e suas aplicações. São Paulo: Atlas,
2009.
BIERMAN, H. Scott. Teoria dos Jogos. 2ª Ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall,
2011.
COSTA, Benjamin César de Azevedo. Niterói: Impetus, 2010.
DAMODARAN, Aswath. Finanças Corporativas aplicadas. Porto Alegre: Bookman,
2002.
DALTON, Valeriano L. Gerenciamento Estratégico e Gestão por Projetos. São Paulo:
Makron Books, 2001.
FERREIRA, José Antonio Stark. Finanças Corporativas: conceitos e aplicações. São
Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.
GITMAN, Lawrence J. Princípios da Administração Financeira. 12ª Ed. São Paulo:
Pearson Education. 2010.
GITMAN, Lawrence J. Princípios de Investimento. 8ª Ed. São Paulo: Pearson
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Mc CLAVE. James T. Estatística para administração e economia. São Paulo: Pearson
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JUNIOR, Antonio; RIGO, Cláudio; CHEROBIM, Ana. Administração financeira:
princípios, fundamentos e práticas financeiras. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
SAMANEZ, Carlos Patrício. Matemática financeira: aplicação à análise de
investimento. São Paulo: Pearson Education. 2002.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

BRIGHAM, Eugene; HOUSTON, Joel. Fundamentos da moderna administração


financeira. Rio de Janeiro: Elsevier, 1999.

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 84


DAMODARAN, Aswath. Finanças Corporativas: Teoria e Prática. 2ª Ed. Porto Alegre:
Bookman, 2004.
DE LIMA PUCCINI, Abelardo. Matemática Financeira. Editora Saraiva. 2005.
FIANI, Ronaldo. Teoria dos Jogos. Editora Campus, 2004.
GITMAN, Lawrence J.; MADURA, Jeff. Administração Financeira: uma abordagem
gerencial. São Paulo: Addison Wesley.

ANÁLISE DE OPÇÕES DE TRANSAÇÕES E INVESTIMENTOS 85

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