Manual - Teoria Geral Do Direito - Parcial (PP 247-344)
Manual - Teoria Geral Do Direito - Parcial (PP 247-344)
Manual - Teoria Geral Do Direito - Parcial (PP 247-344)
2018
Ficha técnica:
Teoria Geral do Direito: Uma síntese crítica
Autor: Paulo Ferreira da Cunha
Edição: Causa das Regras
Capa: Composição da editora com base numa estampa
recolhida da Wikiwand - Reunião de doutores na
Universidade de Paris - iblioth ue ationale, Paris. éculo
XVI.
Oeiras, Outubro 2018
ISBN: 978-989-8754-52-3
2
Parte VI
Epistemologia especial:
Ramos de Direito e Disciplinas afins.
As Ciências Jurídicas Humanísticas
Sumário:
Capítulo I
Ramos de Direito, Ciências intrajurídicas
ou Ciências Jurídicas materiais
Capítulo II
A "Magna divisio"
Direito Público/Direito Privado
Capítulo III
Ramos do Direito Público
Capítulo IV
Ramos do Direito Privado
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Capítulo I
Ramos de Direito, Ciências intrajurídicas
ou Ciências Jurídicas materiais
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Teoria Geral do Direito: Uma Síntese Crítica
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Paulo Ferreira da Cunha
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Capítulo II
A "Magna divisio"
Direito Público/Direito Privado
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V. o clássico SOARES, Rogério Ehrhardt — Interesse Público, Legalidade e
Mérito, Coimbra, Atlântida, 1959.
252
Teoria Geral do Direito: Uma Síntese Crítica
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Teoria Geral do Direito: Uma Síntese Crítica
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Paulo Ferreira da Cunha
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Teoria Geral do Direito: Uma Síntese Crítica
Sobre esta problemática, cf. os nossos livros Constituição & Política. Poder
106
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Teoria Geral do Direito: Uma Síntese Crítica
usufruir do pior dos dois mundos: por exemplo, o seu salário não
seguirá o dos colegas do setor privado...
Além do Direito do Trabalho, também o Direito Agrário se
parece destacar do Direito Privado, pelo grande número de regras
juspúblicas que o passaram a integrar.
Há também ramos novos, mas não híbridos, que
despontam em várias áreas, como, especialmente, o Direito
Administrativo e mesmo o Direito Constitucional. Mas trata-los-
emos nos lugares próprios.
Direito à parte, não estadual, mas de algum modo com
valor transnacional e para questões decerto por norma não estatais
é o Direito Canónico (positivado no Código de Direito Canónico),
o qual tem repercussões na ordem jurídica interna nacional, por
força da Concordata com a Santa Sé (assinado dia 18 de maio de
2004 – ratificado pela resolução da Assembleia da República n.º
74/2004), e de certas normas do Código Civil (v.g. art.ºs 1625.º e
1626.º C.C.).
Também há, evidentemente, o Direito Militar, em que
avulta o Código de Justiça Militar, Lei n.º 100/2003, de 15 de
Novembro.
Por vezes, por questões didáticas ou afins, juntam-se vários
ramos tradicionais em disciplinas novas, como é o caso do Direito
Empresarial, que por vezes, no limite, chega a englobar Trabalho,
Comercial e Fiscal até, mas noutros casos tem um recorte menos
lato. Também ramos de atividade diversa levam à criação de
conjuntos de estudos e disciplinas com eles relacionados, como o
Direito do turismo, da aviação, da caça e da pesca, da educação,
universitário, médico, farmacêutico, etc.,etc..
Tendo começado pelas disciplinas de carácter público ou
privado mesclado e alguns casos especiais, atentemos agora nas
categorias em geral mais clássicas.
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Capítulo III
Ramos do Direito Público
3.Direitos Processuais
Os Direitos Processuais são ramos adjetivos, que se
contrapõem aos respetivos ramos de direito substantivo. Não
curam propriamente do Direito que confere (ou reconhece)
direitos e obrigações independentemente da intervenção judiciária,
antes curam do modo como esta se deve processar. Referem-se,
portanto, à proteção coativa, à tutela de tais direitos e obrigações.
Regulam, pois, as ações e a sua tramitação, desde os seus
pressupostos, requisitos. etc. até ao julgamento final da causa.
Há quem pense tais direitos laterais e até enfadonhos
(alguém falava do “árido e esquálido fenómeno do processo”),
dado tratar-se de matéria que aparentemente pouco tem de ético.
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Teoria Geral do Direito: Uma Síntese Crítica
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Capítulo IV
Ramos do Direito Privado
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Teoria Geral do Direito: Uma Síntese Crítica
2. Direito Comercial
Além do Direito Civil é ainda Direito Privado o Direito
Comercial. Nasceu pelas exigências de menor formalismo e mais
decisiva celeridade nas trocas entre comerciantes, bem como para
mais eficaz proteção (mais efetiva e mais rápida) dos credores
mercantis. Dir-se-ia, com exagero, mas alguma impressividade, que
se o Direito do Trabalho nasceu como o Direito dos operários, o
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Teoria Geral do Direito: Uma Síntese Crítica
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Parte VII
Geografia:
Pluralidade de Ordens Jurídicas
e Comparação de Direitos
Sumário:
1.Critérios e famílias do "Direito Comparado"
2.As Famílias Jurídicas
3.Subsistemas Romano-Germânico e da Commom Law
273
1.Critérios e famílias do "Direito Comparado"
O estudo das famílias de Direito, isto é, das afinidades e
contraposições entre diversas ordens jurídicas, é tratado, sabemo-lo
já, pela disciplina da Comparação de Direitos, vulgarmente
chama-da Direito Comparado. Em rigor, por simetria com o que
ocorre com a História, a Sociologia, a Antropologia e a Filosofia do
Direito deveria chamar-se Geografia Jurídica, mas a expressão não
ganhou ainda suficiente divulgação109.
Vamos agora expor, embora a traço muitíssimo largo, as
principais características das atuais famílias jurídicas que entre si
dividem as obediências normativas no espaço mundial. Isto é,
vamos rapidamente aperceber-nos dos conjuntos mais ou menos
vastos de ordens jurídicas com significativas afinidades entre si (tais
são as “famílias jurídicas”; também designadas por "sistemas").
Para estabelecimento de homologias e para o agrupamento
subsequente, foram ensaiados diversos critérios, todos eles falíveis
— a língua, a raça (conceito hoje desacreditado cientificamente e já
quase só esgrimido por preconceituosos ou iludidos), a ideologia, a
religião, a origem histórica.
O menos mau será o das “civilizações” (contudo também
conceito polémico), de algum modo integrador de todos aqueles.
Assim, desde logo, a grande divisão passa pela linha
demarcadora dos direitos “primitivos” (se é que de vero Direito e
não simples normatividades se pode falar) e dos direitos civilizados,
naqueles primeiros se integrando as ordens jurídicas estudadas pela
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Teoria Geral do Direito: Uma Síntese Crítica
2. As Famílias Jurídicas
A Família Jurídica Ocidental tem como pressuposto
fundamental o Homem, a sua autonomia, liberdade e dignidade
(daí o papel relevantíssimo desempenhado pela autonomia
privada). Baseia-se, afinal, nos pressupostos básicos da civilização
ocidental, com a sua tradição grega, romana, e a inspiração judaico-
cristã, a que se acrescentou o legado Renascentista e Iluminista,
com aportações capitalistas liberais primeiro, e a partir da "Questão
Social", também preocupações sociais. É, pois, uma civilização
complexa, contraditória, e muito rica, tal como o seu Direito. Este,
todavia, encontra-se em princípio laicizado religiosa e
ideologicamente, não visando objetivos políticos nem a salvação
das almas, antes se assumindo na sua especificidade. Aqui e ali,
claudica relativamente a estes princípios, mas em geral segue-os.
Já a Família Jurídica Soviética (cuja sobrevivência é, como
vimos, muito discutível), assenta em pressupostos civilizacionais
muito mais recentes e homogéneos: a sua base é a ideologia
marxista-leninista, com todas as suas consequências. O Direito
perde especificidade e autonomia para se associar intimamente ao
Estado, para se tornar num instrumento técnico deste ao serviço
dos seus fins, i.e., numa última fase da História a construção do
Comunismo ou sociedade sem classes (que, aliás, é questão muito
controversa e, para surpresa de muitos, nem sequer exclusiva desta
ideologia, que aliás mais se revelará em especificidade pelos meios
que pelos fins últimos ou escatológicos).
Trata-se de um Direito em princípio estritamente legalista,
sendo até, em alguns casos, as lacunas da lei integradas por
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280
Teoria Geral do Direito: Uma Síntese Crítica
281
Parte VIII
Sociologia:
O Direito e a sua Circunstância:
História, Ordens Sociais Normativas, Política, Estado
Sumário:
1.O Direito e a sua Circunstância
2.Ordens Sociais Normativas
3.Direito, Política, Ideologia, Poder, Estado
283
1.O Direito e a sua Circunstância
O universitário mais clássico, depurado na sua atividade
(embora possa haver sempre híbridos de grande qualidade), não se
metia em política direta e ativamente (ou só o faria
excecionalmente em casos de grave crise e como que em estado de
necessidade), mas não podia, contudo, deixar de estar atento ao
que se passava à sua volta, e portanto, também, à evolução da res
publica.
Portanto, via, ouvia e lia, e assim não podia ignorar (como
no poema de Sophia de Mello Breyner), e não pode impedir-se de
pensar. Mas, na realidade, por muito que tenha essa tentação, uma
coisa é o cientista e outra coisa é o político: ganha-se sempre em
reler Max Weber e os seus Politik als Beruf e Wissenshaft als
Beruf110.
Hoje o paradigma do universitário informado mas recatado
e dedicado sobretudo à Universidade encontra-se de algum modo
em crise. Há muitos, mesmo jovens, que se envolvem desde cedo
na política ativa e partidária até, fazendo mais próxima de si e da
Universidade essa circunstância política.
O panorama que envolve a academia, e que a influencia, e
mesmo condiciona não é famoso, pelo contrário, é deveras
preocupante, em muitos países. Até em países que poderiam
placidamente estar longe de mais graves problemas, parece que os
procuram, e alguns deles mesmo visando retrocessos educativos e
especificamente universitários. Outros chegam a retrocessos
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Teoria Geral do Direito: Uma Síntese Crítica
111
LYOTARD, Jean-François — A Condição Pós-Moderna, trad. port. de José
Navarro, revista e apresentada por José Bragança de Miranda, 2.ª ed., Lisboa,
Gradiva, 1989.
112
Paráfrase pro domo de 1 Cor, 15: 55.
113
THOMAS, Yan — Mommsen et ‘l’Isolierung’ du Droit (Rome, l’Allemagne et
l’État), Paris, Diffusion de Boccard, 1984.
114
Cf., por todos, FASSÒ, Guido — San Tommaso giurista laico?, in “Scritti de
Filosofia del Diritto“, org. de E. Pattaro/ Carla Faralli/ G. Zucchini, Milão,
Giuffrè, vol. I, 1982; VILLEY, Michel — Théologie et Droit dans la science
politique de l'Etat Moderne, Rome, Ecole française de Rome, 1991 (separata).
Sobre Jesus e a Política, recentemente, v. algumas esclarecedoras linhas do
Cónego PINHO, Arnaldo de — Jesus, um fio de sedução, Leça da Palmeira,
Letras e Coisas, 2015, p. 31.
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292
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293
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Cf. Michel VILLEY — Philosophie du Droit, 3.ª ed., Paris, Dalloz, 1982,
115
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Livro III
TEORIA GERAL
DA NORMA JURÍDICA
E HERMENÊUTICA
Sumário:
Parte I. A Norma e o Direito
Parte II. Classificação das Normas Jurídicas
297
Parte I
A Norma e o Direito
Sumário:
Capítulo I
O Direito e as Normas
Parte II
Classificação das Normas Jurídicas
Capítulo I
Classificação de normas: dificuldades e precauções
Capítulo II
Classificações segundo as características
Capítulo III
Categorias
299
Capítulo I
O Direito e as Normas
116
Expressão que confunde os juristas, tratando-os como se fossem
manobradores de guindastes ou afins (com todo o apreço e respeito pelos
próprios, claro; mas que fazem outras funções), e um há alguns anos “atores
jurídicos”, como se o Direito fosse uma peça de teatro (comédia, tragédia,
tragicomédia, farsa?). Talvez estes últimos, afinal, tivessem mais razão. Há uma
investida generalizada e em muitos aspetos da vida para que falemos uma
linguagem politicamente correta que vira o mundo do avesso – e muitos,
seguindo a moda, nem disso se dão conta. Também os trabalhadores passaram a
ser simples “colaboradores”: logo, pelas próprias palavras, e sem necessidade de
lei (!) dando a ideia de que são fungíveis e descartáveis... Pois apenas
colaboram...
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algo similar, que lhe faça as vezes...) que domina o plano interno,
através dos juris praecepta, e da ideia de Justiça.
Como sabemos — fomo-lo vendo já, ao longo dos capítulos
anteriores —, as características internas são negadas pelos juristas de
pendor positivista, e cada uma das externas contém em si múltiplas
exceções pontuais, além de a crise teorética ter invadido este
domínio, não havendo característica completamente segura. Todas
elas já foram postas em causa, por norma sob o impacto de novas
teorizações que generalizam o papel das exceções e o enfatizam ao
ponto de a regra deixar de o ser, mas também recuperando ideias
mais velhas e esquecidas.
Uma nova construção das características das normas,
omnicompreensiva, global, teria muito interesse, mas revela-se cada
dia mais difícil, ante a variegada selva em que o mundo jurídico se
tornou, comportando normativos de tipos múltiplos. Trata-se de
tarefa muitíssimo árdua, e a tentar com ponderação especial, não
sendo obviamente este o lugar nem o autor os indicados para tal.
Sabida da contestação e da desadaptação, é, apesar de tudo,
ainda uma bússola orientadora esta catalogação dos elementos da
norma jurídica. O Norte fica noutro lado, sabemo-lo. Mas usando
de forma combinada as duas informações, talvez não nos
venhamos a perder demasiado.
307
Parte II
Classificação das Normas Jurídicas
Sumário:
Capítulo I
Classificação de normas: dificuldades e precauções
Capítulo II
Classificações segundo as características
Capítulo III
Categorias
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Capítulo I
Classificação de normas: dificuldades e precauções
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Capítulo III
Categorias
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E positivismos se encarregariam sempre de fazer perdurar. Os
neoconstitucionalismos e ativismos judiciais, contrários ao legalismo, em certo
sentido vieram até a levar água ao moinho de um novo legalismo (por vezes de
antilegalistas convertidos), porque em muitos casos foram longe demais num
direito “livre”, a que alguns, em casos pontuais, acusam de subjetivismo e afins,
fazendo lembrar a velha máxima francesa que teme a equidade dos tribunais. É
sempre preciso moderação e bom senso na aplicação de qualquer teoria, ou
então cai-se em extremismos.
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Teoria Geral do Direito: Uma Síntese Crítica
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Ou então passará a ser acarinhada pela política se conseguir, normalmente
pela comunicação social, cair nas boas graças da “opinião”. Há trabalhadores de
doutrina que raramente são citados, e outros que contam com a permanente
curiosidade mediática. Por vezes nem se sabe o que será melhor, porque muitas
vezes alguns dos consultados aparecem, nos meios de comunicação, não só com
o seu pensamento muito truncado, como por vezes até distorcido. Não é fácil a
doutrina falar e ser ouvida pela comunicação social, em muitos casos em busca
de declarações bombásticas, polémicas, de sangue e escândalo. Faz muita falta
jornalismo verdadeiramente rigoroso e conhecedor do Direito, com o desejo de
informar com competência e isenção.
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Parece haver obsessão com pássaros, por exemplo. Foi noticiado há anos que
uma municipalidade nos EUA proibira que cantassem após determinada hora.
Não se sabe se multarão os animais ou os seus donos: provavelmente estes, que
terão dificuldade em fazer cumprir a norma. Em 2018, foi noticiado que a
Tailândia planearia impor penas de prisão para quem alimente pombos em
áreas de grande concentração desses bichos.
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