LivroDunas Completo

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Autores:

Luana Portz
Rogério Manzolli
Ana Maria Pimentel Mizusaki

Revisão técnica: Samanta da Costa Cristiano


Revisão Lingüística: Mariela Portz
Fotografias: Luana Portz e Rogério Manzolli
Projeto Gráfico: Entre a Gente

Portz, Luana
Dunas Costeira - quanto mais você sabe, mais você vai apreciar este
ecossistema natural. / Luana Portz; Rogério Portantiolo Manzolli; Ana Maria
Pimentel Mizusaki. - Porto Alegre: IGEO/UFRGS, 2016.
[28 f.] il.

ISBN 978-85-61424-46-6

1. Geologia Marinha. 2. Dunas Costeira. 3. Ecossistema Natural.


I. Manzoll, Rogério. II. Mizusaki, Ana Maria Pimentel. III. Título.

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Biblioteca Geociências - UFRGS
Renata Cristina Grun CRB 10/1113
DUNAS
COSTEIRAS
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Este livro tem como objetivo a sensibilização pública para os processos


de gestão e manejo do sistema de dunas. Espera-se que este livro possa
contribuir de forma significativa para a conservação da zona costeira,
além de proporcionar mudanças de postura da comunidade e governos
a partir da compreensão das funções dos sistemas de dunas costeiras.

Fazer sandbord, andar de quadriciclo ou até mesmo plantar


flores sobre as dunas são atividades atraentes e muito divertidas
durante as férias no litoral.
Mas você sabia que estas atividades são proibidas e causam
grandes prejuízos a este ambiente, aos veranistas e moradores da
região costeira?

vamos entender o porque.


INTRODUÇÃO
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Quando você planeja um dia na praia, você já deve saber que esta indo
para um lugar especial. As praias são um ótimo lugar para descansar e relaxar,
mas também fazem parte de um fenômeno ecológico.

Portanto, da borda oceânica das massas continentais e das grandes


ilhas, que se apresenta como uma área de influência conjunta de processos ma-
rinhos e terrestres, gerando ambientes com características específicas e identi-
dade própria (Projeto Orla, 2002). Dentro destes ambientes temos as praias, as
dunas, as restingas, as lagunas, entre outros. Sendo que o sistema de dunas é o
elo de ligação entre o mar e a terra.

As praias podem estar associadas com o sistema de dunas costeiras,


aqueles montes de areias, também chamadas de cômoros. Estas feições natu-
rais são associadas à maioria das praias arenosas, abrangendo desde regiões
climáticas tropicais, até polares. São constituídas por acumulações de sedimen-
to com forma, tamanho, orientação e cobertura vegetal particular para cada
local. Estas características locais são função do perfil praial, da orientação da
linha de costa, da direção e velocidade dos ventos predominantes, do tamanho
médio dos sedimentos e do tipo de vegetação presente.

O que muitas pessoas não sabem é o quanto importante são


essas dunas para a existência da praia e como elas são
vulneráveis as ações humanas.
por isso criamos este livro, para você entender e apreciar
ainda mais este ecossistema natural.
A FORMAÇÃO
DAS DUNAS
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Os ingredientes necessários para a construção do sistema de dunas
incluem: um suprimento sedimentar, uma costa perpendicular aos ventos
predominantes e uma barreira física que seguram o sedimento carregado
pelo vento, para que as dunas possam se fixar.

Esta barreia pode ser formada inicialmente por material proveniente


do mar, como: restos de algas; pedaços de vegetação continental como galhos
e troncos; e organismos marinhos mortos depositados na zona de pós-praia.
Quando ocorre uma sobre-elevação do nível do mar, causadas por marés
astronômicas (influenciada pela Lua e pelo Sol) ou por marés metereológicas
(causados pelos ventos de tempestades), ocorre a deposição destes materiais
permitindo o estabelecimento de uma linha de deposição.

Nível de tempestade

Linha de deposição
Duna embrionária
Nível de tempo bom

Duna embrionária
Duna frontal

Duna embrionária Duna frontal Duna estabilizada

O sedimento transportado pela deriva litorânea (correntes paralelas


à linha de costa) se deposita ao longo das praias durante a maré alta e quan-
do este sedimento seca é carregado pelo vento em direção ao continente, se
depositando junto à linha de deposição. Estas “pequenas dunas”, denominadas
de embrionárias, começam a ser ocupadas pela vegetação pioneira, fazendo
com que mais sedimentos sejam acumulados, aumentando assim, o tamanho e
a altura das dunas.

A continuidade deste processo faz com que uma sucessão de ambientes


de dunas seja criada: Dunas Embrionárias (ou incipientes), Dunas Frontais e
Dunas Estabelecidas.

EvoLução do sistEmA dE dunAs


Aqueles que têm a oportunidade e a disposição de frequentar a praia
durante o inverno podem perceber as intensas mudanças que ocorrem na
configuração do formato das dunas, principalmente nas dunas embrionárias
e nas frontais, com relação ao verão.

A vegetação retém a areia


Duna
Duna
Condição normal do estabilizada
frontal Ondas de tempo bom
perfil de praia - verão

Perfil de praia
anterior a
Duna tempestade Ondas de
Condição de erosão do estabilizada Duna tempestade
perfil de praia - frequen- frontal
te no inverno

A areia move-se em direção ao mar

Recuperação do perfil de praia


Duna após uma tempestade
Recuperação do perfil estabilizada Duna
de praia após uma
frontal
tempestade

A areia move-se em direção a praia pela ação das ondas reconstruindo a praia.
Estas mudanças são uma resposta à ação dos ventos e das ondas de
tempestades, mais intensas durante o inverno. A ação das ondas de tempes-
tades desgastam as dunas, removendo o sedimento e a vegetação pioneira,
transportando-os para a zona de arrebentação e alterando o perfil da praia.

Com a diminuição das tempestades, no fim da primavera e durante


o verão, o perfil praial tende a voltar a ter a sua configuração com dunas
embrionárias e frontais bem desenvolvidas e vegetadas. Criando assim, uma
reserva de sedimento que atua como uma barreira de proteção das áreas inte-
riores contra ondas de tempestade futuras. Esta rotina sazonal é uma função
normal do ecossistema de dunas.

Então, o que torna este ambiente vulnerável?


A vulnerabilidade está relacionada ao desequilíbrio da ciclicidade
sazonal natural entre o acúmulo de sedimento no verão e a perda no inverno. As
pessoas exercem uma interferência sobre os processos naturais de acúmulo de
sedimento no sistema de dunas. Essa interferência pode ser causada por simples
atos, como remover a vegetação nativa que retém o sedimento e mantém a duna
fixa, ou ainda, podem ser causadas por ações muito mais graves como o trânsito
de veículos (carros, motos, etc) sobre o sistema de dunas. Também podem ser
causadas pela retirada de areia das dunas para serem utilizadas em obras civis
ou pela construção de edificações sobre o sistema de dunas.

O sistema de dunas costeiras do Rio Grande do Sul está entre os


ecossistemas mais vulneráveis do Estado. Ele foi submetido a uma redução
significativa de área durante o século passado, em grande parte como resul-
tado da crescente urbanização. Nossos campos de dunas estão em processo
de redução drástica da sua área e, consequentemente, o estoque de sedimento
para a manutenção das praias adjacentes está em risco, podendo agravar os
processos de erosão das praias.
A ocupação humana destes ambientes costeiros vem ocorrendo em
grande parte do mundo, tornando este ecossistema um dos mais frágeis e
vulneráveis.

Fotografia aérea de 1940 e imagem do Google Earth 2014


(ao norte, Imbé e ao sul, Tramandaí, divididas pelo canal).

Como exemplo desta transformação podemos comparar a evolução da


diminuição de área dos campos de dunas das cidades de Tramandaí e de Imbé,
que nos últimos 75 anos reduziram drasticamente completamente os campos de
dunas existentes. Como remanescente, permaneceu apenas uma linha de dunas
frontais, que em alguns pontos da costa encontram-se completamente impactadas.

CLASSIFICAÇÃO
DAS DUNAS
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dunAs vEgEtAdAs ......
São áreas de dunas formadas por uma planície ondulada, onde o
substrato é mais estável devido à cobertura vegetal. A vegetação nestas dunas
fixas, normalmente, tende a ter uma baixa diversidade de espécies, porém
muito bem adaptadas as severas condições ambientais. A zonação da vegeta-
ção das dunas, ou seja, a distribuição das diferentes espécies se dá associada
às diferentes adaptações as condições ambientais, tais como: grau de salini-
......
dade, estresse físico causado pela movimentação do sedimento e estresse tér-
mico. Outro fator na zonação das dunas é a profundidade do lençol freático,
subdividindo o ambiente de dunas em áreas secas (cristas) e úmidas (cavas).

Em áreas urbanizadas as dunas vegetadas se restringem, muitas


vezes, a um cordão de dunas alinhadas paralelamente à costa, chamadas de
dunas frontais. No entanto, para uma eficiente manutenção deste ecossistema
nas áreas urbanizadas seria necessário que houvesse ao menos dois cordões
de dunas, uma vez que o cordão de duna frontal está sujeito a ciclicidade
sazonal natural de acúmulo e de perda de sedimento.

dunAs mÓvEis
São as áreas de dunas onde não ocorre a presença de vegetação.
Podem encontrar-se em processo de formação e/ou transporte e apresentam
enormes volumes de sedimento, podendo variar a sua altura de poucos a
dezenas de metros.

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CoRREdoREs
dE dEFLAção EÓLiCA
(BLOWOUTS)
Quando ocorre alguma
perturbação no ambiente de dunas
formam-se feições erosivas.

Estas feições são formadas a


partir de buracos ou brechas exis-
tentes nas dunas frontais. O vento, ao
passar por estas aberturas, aumenta a
sua velocidade de fluxo removendo os
sedimentos e provocando um rebaixa-
mento da superfície da duna frontal.

Este processo é muito comum


em áreas urbanas e se desenvolve,
principalmente, pela ação humana.

Uma ação simples como


Vento
sentar-se sobre as dunas para obser-
var o mar ou ler um livro pode levar
à degradação da vegetação e, conse-
quentemente, a uma desestabilização
da dinâmica do sistema.
A VIDA NAS DUNAS
..................................

As condições ambientais severas características das praias e do


sistema de dunas, como: regime intenso de ventos, mobilidade dos sedimen-
tos, spray salino, insolação elevada e escassez de nutrientes, colaboram para
que poucas espécies de animais e de plantas estejam adaptadas e ali habitem.
É muito importante considerar o elevado valor ecológico destas espécies,
por serem exclusivas deste sistema tão hostil e cada vez mais escasso, e por
apresentarem um alto grau de adaptação e especialização.

FAUNA
..................................
O sistema de dunas abriga uma variedade de diferentes habitantes. A
cobertura vegetal e o substrato seco oferecem nichos para espécies de inse-
tos, sapos, lagartos e pequenos mamíferos.

Devido as condições terrestres, a fauna do habitat das dunas em-


brionárias é composta principalmente de insetos, embora também ocorra a
presença de crustáceos como a Maria-farinha (Ocypode quadrata).
Atrás dos habitats das cristas das dunas frontais, a deposição gradual
de sedimento sobre as áreas úmidas cria um mosaico de habitats protegidos,
compostos por brejos secos e úmidos. Estes locais, sazonalmente, servem de
berçário para espécies de aves residentes na costa gaúcha (piru-piru – Hae-
matopu palliatus), assim como para alimentação de espécies de aves migrató-
rias (maçarico-de-peito-vermelho – Calidris canutus).
os organismos que vivem neste ambiente são peque-
nos mamíferos (tuco-tuco-das-dunas - Ctenomys
flamarion), répteis (lagartixa-das-dunas - Liolaemus
occipitalis), anfíbios (sapo-da-areia - Rhinella arena-
rum), aves (coruja-buraqueira - Athene cunicularia),
além de uma grande variedade de insetos.

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Lagartixa-das-dunas

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Formiga-polinizadora
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Sapo-da-praia
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Coruja

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Vespa

FLORA
AS PLANTAS QUE VIVEM NAS DUNAS
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A vegetação exerce um importante papel no aprisionamento dos se-
dimentos carregados pelos ventos em direção ao continente, fixando grande
parte deste sedimento e aumentando a altura das dunas. Assim, mantém as
areias no sistema praial.

As dunas são um ambiente desafiador para a vida das plantas. Muitas


vezes tornando-se restritivo a um pequeno número de espécies. Elas vivem
com pouquíssimos nutrientes e constantemente sofrem com a força dos
ventos e da água salgada. Poucas espécies de plantas podem tolerar a baixa
fertilidade do solo e as condições extremas de oscilação diária de tempera-
tura. Em virtude disto, as espécies que vivem neste ambiente são obrigadas
a desenvolver mecanismos de controle e tolerância a altas concentrações de
sais e as variações diárias de temperatura para poderem sobreviver.
no Rio grande do sul as principais plantas respon-
sáveis pelo desenvolvimento e fixação das dunas
são: capotiraguá (Blutaparon portulacoides), cam-
pim-de-praia (Panicum racemosum), margarida-
das-dunas (Senecio crassiflorus), entre outras.

Quando ocorre a supressão da vegetação nativa do sistema de dunas,


seja por causas naturais (ação de ondas de tempestades, ou simplesmente
por um aumento no volume de sedimento que entra no sistema praial) ou
por causas antrópicas (incêndios, trânsito de veículos ou de pessoas sobre o
sistema de dunas), a ciclicidade dos processos de acúmulo e de perda de se-
dimento é alterada. A consequência é a migração do sedimento em direção ao
continente, podendo soterrar as estradas e edificações, resultando na perda
do potencial de manutenção do perfil praial.

A introdução de plantas exóticas invasoras gera o desequilíbrio


ecológico da duna. Muitas delas são plantadas intencionalmente, como “fixa-
doras” ou para sombreamento e até paisagismo, ou resultantes da rebrota de
descartes de restos de podas no local. Dentre as principais espécies exóticas
de comportamento invasor geralmente encontradas nas dunas do estado, des-
tacamos a planta rasteira Onze-horas-gigante (Carpobrotus chilensis), que se
desenvolve rapidamente e ocupa grandes extensões de dunas, e as arbóreas
Casuarina spp. e Pinus spp. que formam serrapilheira e sombreamento que
inibem o crescimento das espécies nativas, ainda, liberaram substâncias no
solo que também restringem o desenvolvimento de outras espécies (alelo-
patia), além de se alastrarem rapidamente e acarretarem em alterações na
dinâmica sedimentar e por fim, no sistema de dunas e biota associada.
Como ELAs AJudAm nA FoRmAção dAs dunAs
• Diminuem o fluxo de ar e a capacidade de transporte do sedimento
pelo vento, depositando-o;
• Atuam como estabilizadoras da superfície, pois as projeções rizoma-
tosas juntamente com o emaranhado de raízes fixam o sedimento depositado.

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Blutaparon Carpobrotus
portulacoides chilensis
(Capotiraguá) (Onze Horas)

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Panicum Senecio
racemosum crassiflorus
(Capim-de-praia) (Margarida-das-
dunas)
PARA QUE SERVEM?
..................................

Após atingir um estado evolutivo de equilíbrio dinâmico, o


sistema de dunas constitui uma fronteira entre os meios terrestre e
marinho, tendo como principal função proteger e conservar os am-
bientes interiores da costa (incluindo as estradas e as casas) da ação
do vento e das inundações causadas pelas ressacas de tempestades.
São sistemas naturais muito eficazes contra a erosão das
praias e funcionam como reservas de sedimento para a manutenção
do perfil praial;

Elas ajudam a preservar as características do ambiente cos-


teiro, servindo como um anteparo para o desenvolvimento humano;

O sistema de dunas apresenta um grande número de es-


pécies endêmicas de plantas e de animais que aumentam o grau de
vulnerabilidade deste ecossistema;

O sistema de praias e dunas é um importante local de ali-


mentação e reprodução para aves migratórias;

Economicamente, os sistemas de dunas são de grande impor-


tância para a indústria do turismo e do veraneio, principalmente no
litoral Norte do Rio Grande do Sul no qual grande parte dos municípios
depende destas atividades.
EROSÃO E DEGRADAÇÃO
..................................
Os processos erosivos ocorrem quando as dunas perdem areia por
uma variedade de mecanismos, sendo os dois mais importantes: a deflação cau-
sada pelo vento, e a erosão causada principalmente por ondas de tempestade.

Os processos de erosão na-


tural do sistema de dunas são consi-
derados parte integrante da evolução
geomorfológica deste ambiente. Estes
processos tornam-se um problema
quando ocorre um desequilíbrio entre
a perda de sedimento e o acúmulo.

A interferência humana, atra-


vés da colocação de estruturas antró-
picas sobre este ambiente, rompe o
equilíbrio natural e desta forma agrava
os processos erosivos.

As principais preocupações
sobre a erosão de praia ocorrem geralmente quando se percebe que os pro-
cessos de erosão removem mais areia do que os processos de acreção.

Os processos de recomposição das dunas após eventos de erosão


podem demorar de meses a anos e torna-se preocupante quando ameaça áre-
as desenvolvidas, infra-estrutura, interesses comerciais ou áreas naturais im-
portantes. Problemas também podem surgir quando a acreção domina, pois o
excesso de areia pode bloquear estradas ou mesmo invadir áreas construídas.
Como é possível impedir isto?
Tomando cuidado para preservar a vegetação nativa das
dunas, como: o capim-da-praia e a margarida-da-praia;

Utilizar as áreas delimitadas para chegar até a praia (passa-


relas ou corredores isolados);

Não construir sobre as áreas do sistema de dunas e suas


proximidades.

Porque isto é um problema?


.....
Porque sem uma cobertura vegetal sobre as dunas a mobili-
dade do sedimento é muito maior, podendo ocorrer o soter-
ramento das ruas e das casas que ficam atrás do sistema de
dunas;

A desestabilização do equilíbrio dinâmico do sistema de


dunas pode resultar no desaparecimento do habitat de espé-
cies endêmicas do sistema de dunas.

Outros tipos de degradação


A grande expansão imobiliária está fazendo com que a po-
pulação se instale o mais próximo possível da praia, ocu-
pando áreas naturais do sistema de dunas e modificando a
sua estrutura original;

.....
A introdução de plantas invasoras gera uma competição
agressiva com as espécies nativas, desfavorecendo e modifi-
cando a biota do local;

A extração irregular de sedimento das áreas do sistema de du-


nas, em alguns locais da costa, para serem usadas como aterro
na construção civil, estão agravando os processos erosivos
das praias, devido ao balanço sedimentar negativo;

Áreas naturais do sistema de dunas estão sendo usadas para


o desenvolvimento da silvicultura, para a extração de madei-
ra e de seus derivados (seiva e casca).

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A impoRtÂnCiA dE sE ConsERvAR o ECossistEmA dAs dunAs
Considerando a função fundamental das dunas na dinâmica da zona
costeira e no controle dos processos erosivos, deve-se:

Proteger as espécies raras, endêmicas, vulneráveis ou em perigo de


extinção;
Preservar a flora nativa;
Proteger os sítios naturais (sambaquis);
Proteger as paisagens e belezas cênicas;
Proteger os recursos hídricos (lençol freático e banhados adjacentes).

A modificação do ambiente natural das dunas, com a retirada ou


substituição da vegetação - como fazem alguns moradores próximos às
dunas, tornando estas áreas uma extensão de seus jardins - podem levar ao
deslocamento de sedimento para o interior das ruas ou das residências. Ao
identificar estas situações, o poder público pode aplicar multas ao morador .....
por descaracterização do ambiente natural.

RECUPERAÇÃO

Com os impactos sofridos ao longo do tempo, grandes extensões de


dunas estão em processo de erosão. Para diminuir o efeito deste processo, hoje
existem muitas técnicas eficazes na recuperação deste ambiente. Este trabalho
vem sendo desenvolvido pelos órgãos ambientais municipais, por entidades de
preservação e por empreendimentos privados (como forma de compensação
ambiental), a fim de preservar as áreas remanescentes e recuperar as áreas
degradadas. É muito importante salientar que para realizar qualquer tipo de in-
tervenção no sistema de dunas naturais, obRigAtoRiAmEntE, devem-se obter
licenças ambientais junto ao órgão ambiental estadual (FEPAM-RS).
Uma das técnicas mais eficazes utilizadas para a recuperação e recons-
trução do sistema de dunas frontais é a instalação de “cercas de madeira”. Estes
cercados contribuem com o acumulo de sedimento junto às dunas frontais e
também restringe o trânsito de pessoas e de veículos sobre o sistema de dunas.

A colocação destas cercas acelera o processo de aprisionamento e fixação
dos sedimentos. Quando o vento carrega o sedimento pela praia e encontra
estes obstáculos, ele perde sua velocidade, deixando o sedimento que estava
sendo carregado junto às cercas. Com o passar do tempo, as cercas ficam so-
terradas pelo acumulo do sedimento, até a recolonização da vegetação nativa.
Para acelerar o processo de fixação do sedimento, pode-se efetuar o plantio
de vegetação nativa que vai fazer com que a duna permaneça fixa no local e
seja mais resistente a ação das ondas de tempestades.

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
(FEDERAL E ESTADUAL)
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Existem leis, tratados e documentos que dão suporte e indicam ca-
minhos para os governos e a sociedade trabalharem a questão da conserva-
ção destes ambientes. Além de preservar a fauna e a flora, estas leis também
protegem os moradores próximos a estes ambientes.

Art. 225 da Constituição Federal


Estabelece a zona costeira como patrimônio nacional e área de inte-
resse especial.

Resolução CONAMA Nº 341 de 25.09.2003 - dou 03.11.2003


Dispõe sobre critérios para a caracterização de atividades ou empreen-
dimentos turísticos sustentáveis como de interesse social para fins de ocupação
de dunas originalmente desprovidas de vegetação, na Zona Costeira.

Lei N 7.661, de 16 de maio de 1988


Institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro definindo seus
princípios, objetivos e instrumentos.

Of. Circular FEPAM/PRES/12-04


Estabelece o procedimento para o Plano de Manejo de Dunas que
conta com a Licença Prévia (LP) e Licença de Instalação (LI), podendo ser
renovada até a estabilização das dunas.
CONCEITOS
..................................
maré meteorológica: A definição de maré meteorológica é a diferen-
ça entre a maré observada e aquela prevista pela Tábua de Marés. É causada
pela ação de fenômenos atmosféricos nos oceanos (sobretudo os ventos), que
podem promover uma sobre-elevação do nível do mar.

marés astronômicas: são movimentos marinhos verticais causados


pela ação da atração gravitacional de corpos celestes sobre a terra (principal-
mente lua e sol).

Fauna: É o termo coletivo para a vida animal de uma determinada


região ou período de tempo.

Flora: Em botânica, flora é o conjunto de táxons de plantas (geral-


mente, apenas as plantas verdes) características de uma região.

Rizoma (bot.): é uma estrutura componente em algumas plantas


cujos brotos podem ramificar-se em qualquer ponto e transformar-se em um
bulbo ou um tubérculo. Este rizoma pode funcionar como raiz, talo ou ramo,
independente de sua localização na planta.

Espécies endêmicas: são espécies, de origem animal ou vegetal, que


ocorrem apenas em uma determinada área ou região geográfica especifica.

plantas Exóticas: são plantas que foram introduzidas em determina-


do ambiente sendo, no entanto, originárias de outras regiões ou países.

para conhecer mais


pRoJEto oRLA: Fundamentos para gestão integrada. MMA/SQA; Brasília: MP/SPU, 2002. 78p
gEstão dE pRAiAs E dunAs: aplicações para a região costeira do Rio Grande do Sul. Luana Carla Portz. Tese
de Doutorado. UFRGS. 2010. http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/56335.
RESPOSTAS PRÁTICAS
..................................

ConsERvE As dunAs EXistEntEs


Como as dunas são recursos temporários, compor-
tando-se como um estoque de sedimento, todo esforço deve
ser feito para conservar as dunas existentes. São proibidas
ações que modifiquem a altura das dunas, por exemplo, para
melhorar a vista das residências, ou tornar estas áreas como
uma extensão de jardins, modificando a estrutura de vegeta-
ção presente no ambiente.

não ConstRuiR sobRE o sistEmA dE dunA


Esta é a primeira linha de defesa em uma tempestade
e deve ser mantido de modo que possa cumprir esta função.
Lembre-se que as dunas são recursos temporários da paisagem.

dA pRÓXimA vEZ quE voCÊ FoR A pRAiA, AJudE A pRo-


tEgER-LAs:

Use vias delimitadas para chegar à praia.


Evite pisar na vegetação. Sem ela, as dunas estarão
sujeitas a erosão eólica.
Converse sobre a importância de dunas.
Realização:

PPGGEO

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