Tópico IV Fertilidade
Tópico IV Fertilidade
Tópico IV Fertilidade
DEPARTAMENTO DE AGRONEGÓCIOS
DISCIPLINA
INSUMOS AGROINDUSTRIAIS
TAA 00031
1º Semestre 2007
Engenharia de Agronegócios
Pólo Universitário de Volta Redonda – UFF
Os nutrientes essenciais
Com relação às plantas, o carbono, oxigênio e hidrogênio são adquiridos a partir
do CO2 atmosférico e da água presente no solo. Depois de adquiridos, eles são
incorporados pelo processo de fotossíntese. Como conseqüência da fotossíntese, esses
três nutrientes fazem parte de praticamente todos os compostos dos vegetais e são
responsáveis por cerca de 94-97% do peso seco de uma planta. Os demais nutrientes (6-
3 % restantes) fazem parte dos minerais presentes no solo, que por derivarem dos
minerais, esses elementos são denominados nutrientes minerais (Figura 1).
Um nutriente essencial é aquele sem o qual a planta não cresce normalmente
nem completa o seu ciclo de vida, a menos que uma quantidade mínima desse nutriente
lhe seja suprida. Na natureza, estão à disposição das plantas, praticamente todos os
elementos da tabela periódica, pelo que só se conhecerão os nutrientes minerais
necessários a um ótimo crescimento vegetal através de uma análise das cinzas desse
mesmo vegetal. No entanto, esta análise não invalida o estudo do crescimento vegetal,
uma vez que alguns compostos, como o nitrogênio e o enxofre, volatilizam durante a
combustão.
Alguns elementos são classificados como benéficos para algumas plantas, como
o sódio (Na), selênio (Se), silício (Si) e cobalto (Co).
Por exemplo, existem algumas espécies de plantas de mangue que acumulam
Na, já algumas plantas de deserto como Atriplex vesicaria e Halogeton glomeratus que
requerem sódio para o seu desenvolvimento, enquanto para a Amaranthus tricolor
(espécie C4) o Na é essencial quando em condições de baixas concentrações de CO2.
Existem plantas como Astragalus, Stanleya e Lecythis que crescem em solos
com altas concentrações de Se, constituindo-se em plantas acumuladoras deste
elemento. Também, tem sido proposto que os silicatos presentes em folhas e
inflorescências de gramíneas podem impedir ou diminuir o ataque por animais e insetos.
Por sua vez, o Co é essencial e necessário para a fixação biológica do nitrogênio
(N) por bactérias presentes nos nódulos das raízes de leguminosas, bem como para
bactérias de vida livre que fixam N.
A divisão entre micro e macronutrientes não tem correlação com uma maior ou
menor essencialidade. Todos são igualmente essenciais, só que em quantidades
diferentes. Uma conseqüência da essencialidade por igual dos nutrientes é a chamada
"Lei do Mínimo" de Liebig (Figura 2). Essa lei estabelece que a produtividade de uma
cultura é limitada pelo elemento essencial que está presente em menor quantidade.
Nesse caso, mesmo se aumentarmos a concentração dos demais nutrientes, não haverá
um aumento na produtividade.
Desta forma, os elementos requeridos pelas plantas podem ser classificados
como essenciais e benéficos, contudo, esta listagem atual pode ser ampliada, já que com
o avanço das técnicas analíticas, outros elementos exigidos em quantidades mínimas
poderão ser considerados essenciais ou benéficos às plantas (Dechen e Nachtigall,
2006).
O conteúdo mineral dos tecidos vegetais é variável, dependendo do tipo de
planta, das condições climáticas existentes durante o período de crescimento, da
composição química do meio e da idade do tecido entre outros. Por exemplo, uma folha
madura provavelmente contém uma concentração de nutrientes maior do que uma folha
muito jovem. Por outro lado, uma folha madura pode ter uma concentração de
nutrientes maior do que uma folha velha, devido ao processo de perda de minerais
solúveis em água, ao ser lavado pela água de chuva ou mediante mecanismos de
translocação para folhas jovens (Dechen e Nachtigall, 2006).
Acácia mangium
16
Enterolobium contotisilicum
14 Mimosa artemiziana
12
10
Peso Seco (g)
Al adicionado (μmol)
Acácia mangium
200
Enterolobium contotisilicum
Mimosa artemiziana
150
Redução relativa (%)
100
50
0
0 185 370 555
Al adicionado (μmol)
Figura 5. Peso seco (g) e redução relativa (%) de três leguminosas arbóreas submetidas
a doses crescentes de Al.
Figura 6. Rotas para absorção de água e nutrientes. A partir do córtex até o cilindro
central o movimento acontece entre os espaços celulares (rota apoplástica) ou através
dos plasmodesmos (rota simplastica) ou aquaporinas (para água). Adaptado de Zonta et
al (2006).
Macronutrientes
Nitrogênio (N)
Embora esteja presente em grande quantidade no ar, constituindo o gás
nitrogênio (N2), poucos seres vivos o assimilam nessa forma. Apenas algumas bactérias,
conseguem captar o N2, utilizando-o na síntese de moléculas orgânicas nitrogenadas.
Essas bactérias são chamadas fixadoras de nitrogênio. Os microorganismos fixadores de
nitrogênio, quando morrem, liberam no solo nitrogênio sob a forma de amônio.
O consumo do nitrogênio do solo também se compensa pela adição de
fertilizantes ou por processos naturais: o nitrogênio do ar pode ser fixado por meio de
descarga elétrica na atmosfera; forma-se nitrato ou amônio, que são conduzidos pela
água da chuva ao solo.
Outra forma de fixação do nitrogênio pode ser observada em dois tipos de
bactérias: (1) as do gênero Rhizobium, que se alojam nos nódulos das raízes das
leguminosas e sintetizam, com o nitrogênio do ar, compostos orgânicos nitrogenados
utilizados pela planta na síntese das proteínas; (2) as saprófitas (Azotobacter e
Clostridium), que combinam o nitrogênio atmosférico com carboidratos. Na
decomposição de restos animais e vegetais, o nitrogênio dos mesmos se transforma
principalmente em amônia (amonificação), por ação das bactérias amonificantes. A
amônia formada pode ser atacada pelas bactérias nitrificantes, para produzir nitrito.
Este, sob a ação das Nitrobacter, passa a nitrato. As bactérias desnitrificantes podem
reduzir nitratos novamente a nitrogênio, que retorna à atmosfera.
As bactérias do gênero Nitrosomonas transformam essa substância em nitritos
(HNO2), obtendo energia no processo. O nitrito (tóxico para as plantas) é transformado
pelas bactérias do gênero Nitrobacter em nitratos (HNO3). O nitrato é a fonte de
nitrogênio mais aproveitada.
O nitrogênio no solo
O nitrogênio comporta-se como cátion (NH4+ ) e como ânion (NO3-). A maioria,
mais de 95%, está na forma de NO3- , forma que é bastante lixiviada para fora da zona
de absorção das raízes.
Há uma relação íntima entre a mineralização da matéria orgânica do solo e o N
disponível para as plantas. Mais de 90% do N do solo está na forma orgânica. Em geral,
cerca de 20 a 30 Kg de nitrogênio por hectare são liberados para cada 1% de matéria
orgânica mineralizada do solo.
As transformações das formas de NH4+ para NO3- são feitas por bactérias dos
gêneros nitrobacter e nitrossomonas. O nitrogênio disponível para as plantas pode ser
adsorvido aos colóides, lixiviado, perdido na forma gasosa ou absorvido pelas plantas.
O nitrogênio na planta
O nitrogênio, dentre os macronutrientes primários, é o que tem maior e mais
rápido efeito sobre o crescimento vegetal. Tem como função básica o crescimento das
plantas, é responsável pela cor verde escura das mesmas e, como promove o
desenvolvimento do sistema radicular, melhora a absorção de outros nutrientes do solo.
O nitrogênio faz parte da composição das proteínas de todas as plantas e
animais. O valor nutritivo das forragens depende muito do seu teor em nitrogênio.
Forrageiras com altos teores em nitrogênio são preferidas para a produção de feno. Seu
teor nas gramíneas varia de 10 a 20 g kg-1 (1 a 2%) podendo atingir valores bem mais
altos em função da adubação, estádio ou parte da planta analisada.
Em cada hectare podem existir toneladas de nitrogênio no ar do solo que, para
serem aproveitados pelas plantas, precisam ser transformadas de N gasoso para amônio
Disciplina de Insumos Agroindustriais 16
1º semestre 2007
Engenharia de Agronegócios
Pólo Universitário de Volta Redonda – UFF
Fósforo (P)
Geralmente o fósforo é mais escasso que outros nutrientes, tais como o
nitrogênio e o potássio. Se o sistema florestal não reciclasse o fósforo, este poderia ficar
tão escasso, que limitaria o crescimento das plantas da floresta.
Fluxos e depósitos que contém nutrientes ricos em fósforo estão incluídos na
Figura 8. A entrada e a reciclagem do fósforo pode mostrar-se por separado retirando do
diagrama os itens que não contém fósforo. Na Figura 8 se mostra os caminhos e
depósitos restantes como o diagrama do ciclo do fósforo.
O diagrama mostra as rochas como fontes externas de fósforo (Figura 8). O
fósforo está presente como fosfatos inorgânicos que as plantas usam para produzir
compostos orgânicos necessários para a vida. O fósforo nestes compostos participa da
biomassa que regressa a formas inorgânicas mediante os consumidores, quando eles
usam a biomassa como alimento. O fósforo inorgânico liberado se torna parte do
depósito de nutrientes no solo. Assim, o fósforo se move em um ciclo como mostra a
Figura 8. Parte flui para fora do sistema com as águas que saem pela superfície do solo
ou percolam para o lençol freático. O fósforo não tem fase gasosa em seu ciclo.
O fósforo na planta
O fósforo é absorvido pelas raízes principalmente como íon ortofosfato
(H2PO4-), ou ainda na forma de HPO4-2. O fósforo é importante na formação do ATP
(trifosfato de adenosina) que é a principal fonte energética da planta, que é utilizada no
transporte de assimilados, no armazenamento e transferência de energia, na divisão
celular, no aumento das células e na transferência de informações genéticas. Em geral,
nas plantas, teores de 3 g kg-1 de matéria seca podem ser considerados como suficientes.
O fósforo no solo
A quantidade total de fósforo (P) no solo são elevadas (0,08%), mas somente
pequenas quantidades de fósforo estão presentes na solução do solo, em geral menos de
10 mg dm-3, nas condições dos solos brasileiros, altamente intemperizados e ricos em
oxi-hidróxidos de ferro e alumínio, com os quais o elemento forma ligações de alta
afinidade. Em geral, grande parte do P adicionado ou em solução tende a passar a forma
lábil e esta para a forma não lábil no solo (Figura 9). Outra fração é utilizados por
organismos dos solo (Pi – orgânico) e uma fração é utilizada pelas plantas.
Pi fertilizante
Pi Pi – absorvido
Pi - lábil Solução do solo
Pi - orgânico
Pi – não lábil
(estável)
Potássio (K)
O potássio ocorre no solo em duas formas: como componente da fase sólida e
como íon K+ na fase líquida (solução do solo). O potássio na fase sólida encontra-se
fazendo parte da estrutura de minerais primários (feldspatos e micas) e de minerais
secundários (ilita. argilominerais interestratificados. vermiculita) ou adsorvido na
superficie de argilominerais e de compostos orgânicos (Figura 10).
Nos processos de intemperização dos feldspatos de potássio e das micas, o K é
liberado da estrutura destes minerais para a solução do solo. Em solos muito
intemperizados das regiões tropicais, como os latossolos, os feldspatos de potássio já
podem ter sido completamente dissolvidos. Em solos menos desenvolvidos ou de
regiões temperadas estes podem ser uma importante fonte do nutriente para as plantas.
As micas contêm aproximadamente 10% de K e com o intemperismo, originam
outros minerais no solo. Como a ilita, a vermiculita, a esmectita e a caulinita
(argilominerais secundários), que podem conter ou não potássio. Em cada etapa de
transformação há liberação de potássio para o solo.
O potássio contido nos minerais primários e secundários constitui a quase
totalidade do elemento no solo e representa a capacidade potencial de suprimento deste
nutriente às plantas. Ainda, os solos derivados do basalto, por exemplo, apresentam, em
geral, baixos teores de potássio, ao contrário dos derivados do granito.
O potássio na planta
O potássio, absorvido como íon cátion (K+), é um nutriente que não faz parte de
qualquer composto nas plantas, mas de forma livre regula e participa de muitos
processos essenciais tais como fotossíntese, abertura e fechamento de estômatos,
absorção de água do solo, atividades enzimáticas, formação de amido e síntese protéica.
A qualidade de alguns produtos agrícolas depende da disponibilidade de potássio
como o teor de açúcar em cana-de-açúcar, tamanho dos frutos cítricos, resistência ao
transporte e ao armazenamento de hortaliças e resistência ao acamamento de gramíneas.
As plantas absorvem de 15 a 30 gramas de potássio por quilo de matéria seca.
Seu teor nas plantas varia de 20 a 40 g kg-1 de matéria seca.
O potássio no solo
O potássio no solo comporta-se como íon cátion monovalente (K+) e dessa forma
poderá ser facilmente lixiviado, absorvido, fixado, adsorvido as argilas ou permanecer
na solução do solo.
Cerca de 90 a 98% do potássio total do solo está na forma de minerais como
ortoclásio, moscovita, biotita e leucita. Do potássio prontamente disponível (1 - 2% do
total) cerca de 10% está na solução do solo e o restante está na forma adsorvida, isto é,
não disponível às plantas.
O potássio por ser bastante móvel no solo é facilmente lixiviado em solos com
baixa CTC como, por exemplo, em solos arenosos. Seu teor no solo, considerado como
médio é de 0,1 a 0,3 cmolc kg-1.
Cálcio (Ca)
O cálcio na planta
O cálcio é absorvido como íon bivalente (Ca++). O cálcio é muito importante no
desenvolvimento das raízes, sendo um nutriente necessário na translocação e
armazenamento de carboidratos e proteínas. O cálcio atua na formação e na integridade
das membranas da parede celular.
Por ser imóvel na planta, o sintoma típico surge como clorose internerval nas
folhas mais novas. Outros sintomas podem ocorrer, tais como: queda das flores e
crescimento reduzido das raízes. O teor nas plantas varia de 3 a 24 g kg-1 em função do
período de crescimento das mesmas.
O cálcio no solo
O cálcio no solo comporta-se como íon divalente positivo (Ca++), devendo ser
fortemente adsorvido aos colóides absorvido pelas plantas e organismos do solo, estar
na solução do solo, ou ser lixiviado.
O conteúdo de cálcio no solo é função do material de origem do mesmo (rocha),
sendo influenciado pela sua textura, teor de matéria orgânica e pela remoção das
culturas. Teores de cálcio no solo entre 2,0 a 4,0 cmolc kg-1 podem ser considerados
como médio.
A sua disponibilidade às plantas, como de outros cátions (potássio e magnésio),
é afetada tanto pela quantidade de nutriente disponível no solo, como pelo grau de
saturação no complexo de troca e da relação com os outros cátions do complexo
coloidal.
Magnésio (Mg)
O magnésio na planta
O magnésio é absorvido como íon bivalente positivo (Mg++). Compõe a
molécula de clorofila, que dá a cor verde às plantas. A clorofila contém cerca de 2,7%
de magnésio. Em médias, nas plantas, o teor varia de 2 a 4 g kg-1.
O magnésio no solo
O magnésio é adsorvido aos colóides do solo como íon bivalente positivo
++
(Mg ), com comportamento muito similar ao cálcio. O teor de magnésio trocável que
pode ser considerado como médio é de 0,4 a 0,8 cmolc dm -3 de solo.
Enxofre (S)
O Ciclo do S é apresentado na Figura 11. É um ciclo que envolve um estágio
sólido e um gasoso onde os organismos (especialmente os microorganismos), que
obtêm energia a partir da oxidação química de compostos inorgânicos, exercem papéis
fundamentais. Processos geoquímicos e meteorológicos tais como erosão, lixiviação
(arraste por lençóis freáticos) e ação da chuva são importantes na recuperação do
enxofre dos sedimentos mais profundos, e assim, apresenta um ciclo com dois
reservatórios: um maior, nos sedimentos da crosta terrestre e outro, menor, na
atmosfera.
O enxofre na planta
O enxofre (S) é exigido para a formação de aminoácidos e de proteínas, para a
fotossíntese e para a resistência ao frio. É importante para a nodulação e
desenvolvimento radicular. As concentrações de enxofre nas plantas variam de 0,2 até
mais de 1,0%.
O enxofre é absorvido pelas raízes na forma de SO4-2, mas pode ser absorvido
por via foliar na forma de gás sulfúrico (SO2).
O enxofre no solo
A maior parte do enxofre do solo está imobilizado na matéria orgânica, podendo
ser absorvido após a sua mineralização a sulfato (SO4-2) pelas bactérias do solo.
O sulfato por ser muito móvel no solo pode ser facilmente lixiviado (20 - 60 Kg
ha-1 ano-1). Períodos de chuvas intensas podem ocasionar sintomas típicos de deficiência
temporária em solos arenosos.
Micronutrientes
A deficiência de qualquer micronutriente também pode provocar problemas no
crescimento da planta e no desenvolvimento das raízes, repercutindo na qualidade e
quantidade da produção.
Quanto às suas cargas (Tabela 2), os micronutrientes podem se subdivididos e
em função dessa característica tem comportamento distinto.
Textura: é outro fator que influi no teor de micronutrientes no solo. Assim, solos de
textura arenosa apresentam, com maior freqüência, baixa disponibilidade de B, Cu, Mn,
Mo e Zn, devido ao fato de que estes elementos são lixiviados com facilidade nestes
solos.
Elementos tóxicos
Há um grande número de elementos que podem ser considerados essenciais para
algumas espécies, ou podem substituir parcialmente alguns elementos essenciais, que
por outro lado podem em outras espécies, ou quando em quantidades elevadas ser
considerados tóxicos.
Alguns exemplos são típicos da dicotomia benefício/toxidez: o melhor
desenvolvimento de plantas de chá com alumínio (2,8 cmolc kg-1 solo), e, a
essencialidade do cobalto para algas e para a dieta dos animais e para a fixação
biológica do nitrogênio. Também é um exemplo clássico o sódio, que é essencial para
algumas plantas de região árida (Atriplex, Versicaria, Hewarol).
Muitos outros elementos, considerados metais pesados, quando em quantidades
elevadas, podem ter efeitos tóxicos e altamente nocivos para as plantas e meio
ambiente, como o cádmio, chumbo, cromo, mercúrio, níquel e o selênio.
Alumínio
O alumínio é o metal em maior abundância (8%) presente na crosta terrestre
(Delhaize & Ryan, 1995). Vários trabalhos o têm relatado como um dos principais
agentes que contribuem para a baixa produtividade dos cereais no mundo, mesmo que
em quantidades micromolares.
As maiores reservas de alumínio ocorrem como Al(OH)3 ou silicatos de
alumínio, formas não fitotóxicas aos seres vivos (Delhaize & Ryan, 1995). Em solos
ácidos (pH < 5), presentes em cerca de 40% superfície terrestre, e 70% dos solos
potencialmente cultiváveis do mundo, o alumínio se solubiliza em sua espécie fitotóxica
Al(H2O)6+3 e é convencionalmente chamado Al3+.
O primeiro sintoma de toxidez, que acontece inclusive em variedades tidas como
tolerantes (porém em menor grau), indiscutivelmente é a inibição da elongação do
sistema radicular, a qual ocorre cerca de 1-2 h após a exposição ao Al (Kochian, 1995).
Este cátion, quando em contato com as raízes, promove rapidamente a paralisação do
crescimento radicular, tornando-as atrofiadas em função da morte ou injúria do
meristema radicular. Especificamente, a parte distal da zona de transição no ápice das
raízes, onde as células estão entrando em fase de alongamento, é o sítio da ação tóxica
primária do Al (Sivaguru & Horst, 1998).
O Al, além de interferir na divisão celular da raiz principal e das raízes laterais,
aumenta a rigidez da parede celular, reduz a replicação do DNA, altera o espaço livre de
Donnan, altera as proteínas de transporte na membrana (Jentschke et al, 1991) e
desfavorece a atividade de muitas enzimas (Slaski, 1990). Esses autores também
informam que o Al, em variedades sensíveis, forma complexos estáveis com ácidos
nucléicos, favorecendo a sua precipitação. Sobre as moléculas de ácidos nucléicos, o Al
interfere, principalmente por modificar a conformação espacial da dupla hélice, devido
a interações com as cargas residuais dos grupamentos fosfato.
Figura 15. Mapas de Solos do Brasil. A) em vermelho, áreas com limitação de Al e/ou
Ca+Mg e B) em verde, área sem nenhuma limitação ao cultivo. EMBRAPA, 1999.
Nitrogênio
As dúvidas relacionadas a quantificação da recomendações desse elemento são
devidas ao complexo ciclo desse elemento no solo, e vão desde as reações e
mecanismos controladores da disponibilidade do N no solo, características e reações no
solo das diferentes fontes de nitrogênio, e até à prática da adubação, quanto a fontes,
doses, métodos de aplicação, época mais adequada de aplicação durante o ciclo da
cultura e a necessidade de seu parcelamento e, sobretudo, quanto aos seus aspectos
econômicos.
Quando esclarecidas, ao menos parte destas dúvidas, um profissional deve, com
base nos manuais de adubação ou outros métodos, recomendar a melhor estratégia a ser
utilizada para maximizar a eficiência de uso do nitrogênio.
A escolha de uma fonte de adubo nitrogenado deve se basear em fatores como
preço, disponibilidade, cultura, época, modo de aplicação e manejo da cultura. Na
escolha entre uma fonte orgânica ou mineral, jamais se deve esquecer que para a planta
um quilo de N é um quilo de N, não importa a fonte do nutriente, isto é, se orgânica ou
mineral (Tabela 3).
Fósforo
A interpretação genérica dos resultados da análise de solo utilizando os extratores
Melich e Resina trocadora são apresentados abaixo:
A recomendação de adubação com o elemento deve ser feita com base nos
métodos preconizados pelos especialistas da área, com base em experimentação ou com
base nos manuais de adubação para cada região do país.
a) Os fosfatos naturais são fertilizantes que possuem o fósforo na sua quase totalidade
em forma não assimilável pelas plantas e são totalmente insolúveis em água.
a.1) Os fosfatos naturais minerais são a matéria prima para a produção de fosfatos
mais solúveis. APATITAS possuem 30 - 40% de P2O5 total, não possuem fósforo
solúvel em água, apresentam cerca de 3% de P2O5 solúvel em citrato de amônio, que é o
fósforo assimilável. Exemplos: Apatita de Araxá (35% P2O5), de Jacupiranga (36%
P2O5), fosfato de Alvorada (30% P2O5) e de Aruba (25% P2O5).
a.2) As fosforitas possuem cerca de 30% de P2O5 total, com 5 a 12% de P2O5 solúvel
em ácido cítrico a 2%, solubilidade em citrato de amônio de 5% e não apresentam P2O5
solúvel em água.
a.3) Os fosfatos orgânicos naturais são os ossos moídos, ricos em fosfatos tricálcico
ou carbono apatita. Exemplos: - Farinha de ossos curada com 22 a 26% de P2O5 total;
- Farinha de ossos degelatinada com 30 a 33% de P2O5 total; - Ossos calcinados, pó de
cor cinza, moído, com cerca de 35% de P2O5 total.
c) Os superfosfatos triplo são obtidos de rochas fosfatadas com alto teor de P e baixo
de óxidos de ferro e de alumínio, tratadas com ácido fosfórico, resultam em um adubo
com 48% de P2O5 total e 43% solúvel em água.
Potássio
Os teores de K revelados pela análise podem ser interpretados de acordo com a
tabela abaixo e, as forma recomendação do elemento, seguem as mesmas preconizadas
para P.
Enxofre
A Interpretação do teor de enxofre nos solo (S-S04=), em mg dm-3, conforme
proposto por Vitti (1989), para os diferentes extratores (Tabela).
Tabela 9. Teores revelados pela análise de solo para diferentes extratores (Vitti, 1989).
EXTRATOR
TEOR NH4Oac.HOAc. Ca(H2PO4)2 500 ppm P
---------------------- mg dm-3 ----------------------
Muito Baixo 0,0 – 5,0 0 – 2,5
Baixo 5,1 – 10,0 2,5 – 5,0
Médio 10,1 – 15,0 5,1 – 10,0
Adequado >15,0 > 10,0
Micronutrientes
A recomendação do uso de micronutrientes pode ser feita também com base na
interpretação dos resultados, que é variável com a região do pais, e os limites utilizados
são apresentados na Tabela 11.
Tabela 12. Recomendação de adubação no solo (média para diferentes culturas) para
os teores resultantes da análise do solo para disponibilidade de boro (B) extraído por
água quente, e cobre (Cu), manganês (Mn) e zinco (Zn), extraídos pelo método de
Mehlich.
Classe de B Cu Mn Zn
disponibilidade Recomendação de adubação no sulco (kg/ha)
Baixa 1 1 3 3
Média 0,3 0,3 0,8 0,8
Matéria orgânica
Modelo simplificado dos principais compartimentos e dos fluxos de nutrientes. As
linhas cheias representam as principais rotas de transferência.
Com relação às quantidades, é oportuno frisar que a variação das doses está em
função dos diversos materiais (esterco de curral, compostos, esterco de cama de aves e
esterco de aves) levando-se em consideração a riqueza em nutrientes (Tabela 15).
No entanto, a variabilidade existente nos adubos orgânicos em função do tipo de
adubo, da alimentação do animal e das formas de produção, manipulação e
armazenamento, sugere a análise do adubo a ser usado, visando a permitir que o técnico
local faça as adaptações necessárias das quantidades.
Convém salientar que a eficiência da adubação orgânica depende de alguns
fatores que devem ser considerados:
1. Qualidade e quantidade;
2. Métodos de aplicação;
3. Custo relativo de sua aplicação;
4. Escolha do adubo orgânico em função da disponibilidade local, evitando
transporte a grandes distâncias.
Sugere-se:
- aumento da qualidade e do controle dos produtos obtidos de resíduos orgânicos.
- desenvolvimento de técnicas de manejo agrícola.
- estabelecimento de normas de aplicação destes materiais.
Adubos Verdes
Conceitua-se adubo verde como a planta, cultivada ou não, com a finalidade
precípua de elevar a produtividade do solo com sua massa vegetal, produzida no próprio
local ou não.
O uso freqüente da adubação verde proporciona melhoria das condições físicas
químicas e biológicas do solo trazendo benefícios tais como: aumento da CTC,
manutenção da umidade, melhoria da estrutura, proteção contra a lixiviação de
nutrientes e maior disponibilidade de nutrientes, principalmente do N que, através da
fixação biológica, é adicionado ao solo. A adubação verde diminui a população de
nematóides e influi na produtividade da cultura principal, além de propiciar condições
favoráveis ao desenvolvimento da flora microbiana com a decomposição de resíduos.
De modo geral, as leguminosas são consideradas grandes absorventes de P
quando cultivadas em solos com baixa disponibilidade desse elemento ou em solos
adubados com rochas fosfatadas, aumentando dessa forma a disponibilidade do
nutriente para a cultura seguinte.
Preferem-se leguminosas como fontes de adubos verdes em virtude,
principalmente, da associação que a família faz com bactérias fixadoras de nitrogênio
(Rhizobium), sistema através do qual podem ser adicionados ao solo quantidades
apreciáveis de nitrogênio (100-400 kg ha-1 ciclo-1). Além das leguminosas cultivadas
especialmente para adubo verde, restos de culturas de milho, arroz, feijão, soja, trigo e
inclusive, pastagens.
Algumas espécies de adubos verdes promovem o rompimento de camadas
adensadas pela compactação subsuperficial do solo, resultantes da mecanização e pode
constituir excelente alternativa aos atuais métodos mecânicos de subsolagem, de
elevado custo e consumo energético.
Os adubos verdes também contribuem com adição de matéria orgânica no solo,
minimizando assim os efeitos da erosão, além de promover cobertura e controle de
plantas invasoras.
O plantio dos adubos verdes pode ser exclusivo ou intercalar entre a cultura
principal, podendo ser incorporados ao solo ou não. A época mais adequada para a ceifa
da massa verde é no florescimento da espécie do adubo verde, ou seja, na época de
maior concentração de nutrientes na planta, podendo variar com a prática e manejo
adotados pelo agricultor.
Dentre as leguminosas mais promissoras estão as crotalárias, feijão-de-porco,
lab-lab, mucunas, guandu, trevo, nabo-forrageiro, ervilhaca, entre outras. Também são
utilizadas as gramíneas: aveia-preta, azevém, milheto, etc. outras famílias também são
utilizadas como é o caso do nabo forrageiro (Crucífera).
Figura 17. Cultivo de milho sob azevém Fonte: Embrapa Clima temperado.
Micorrizas
A capacidade das plantas de estabelecer relações compatíveis com certos grupos
de fungo do solo é um fenômeno generalizado na natureza, conhecido como micorrizas.
Embora tenha surgido há mais de 400 milhões de anos, quando as plantas iniciaram o
processo de colonização do habitat terrestre, esse fenômeno só foi reconhecido e tratado
cientificamente em meados do século XIX, quando foram publicados os primeiros
relatos detalhados da associação entre células radiculares e micélios de fúngicos
(Siqueira, 1986).
A maioria das angiospermas, gimnospermas e pteridófitas e numerosas briófitas
formam micorrizas (Figuras 19 e 20). Entretanto, as micorrizas formadas pelas
combinações de diferentes filos de fungos com diferentes grupos de plantas hospedeiras
são distinguíveis morfológicamente, formando tipos anatômicos e funcionais de
micorrizas conhecidas como micorrizas arbusculares, ectomicorrizas,
ectendomicorrizas, micorrizas arbutóides, micorrizas ericóides e micorrizas orquidóides.
Também existem famílias como a das Brassicaceae que não fazem associação com estes
fungos, sendo restrito a poucas famílias ou divisões taxonômicas.
Hoje a utilização de fungos micorrízicos ainda não está totalmente difundida,
mas grandes avanços já foram realizados na pesquisa. Sabe-se que a inoculação de
fungos micorrízicos não é específica, mas, existem espécies de fungos (simbionte) mais
específicas a determinada espécie vegetal, mostrando melhores resultados em trabalhos
de pesquisa e de acordo com o ambiente (solo) em estudo. Geralmente as plantas
apresentam melhores desenvolvimentos com a inoculação dos fungos quando se
desenvolvem em ambientes pobres em nutrientes, principalmente daqueles menos
móveis no solo (P, Zn, Cu, entre outros). No entanto, há observação de resposta no
crescimento vegetal nos mais diversos ambientes, inclusive espécies vegetais que só se
desenvolvem bem quando inoculadas pelos fungos micorrízicos (dependência
micorrízica alta).
O papel nutricional das micorrizas arbusculares na nutrição de plantas em solos
de baixa fertilidade ou em ambientes estressantes é uma das mais novas áreas de
pesquisa e com grande aplicação prática em agricultura ecológica e recuperação de
ambientes. O principal benefício na simbiose da planta com as micorrizas está no
aumento da absorção de nutrientes do solo e de água, e esse aumento da absorção se
deve basicamente por dois mecanismos físicos que são: o aumento da superfície de
absorção em contato com o solo e o aumento do volume e extensão do solo explorado
em busca de nutrientes. O diâmetro de uma hifa de FMA é de aproximadamente 2-10
μm, enquanto os pelos radiculares geralmente possuem diâmetro superior a 10 μm e as
raízes geralmente superior a 100 μm. O fato de as hifas serem muito mais finas que as
raízes faz com que elas tenham uma superfície muito maior quando se compara volumes
iguais de raízes e hifas. Portanto, as hifas são muito mais eficientes na criação d
esuperfície de contato, pis o fazem com menor gasto de carbono (energia) muito menor
que as raízes. Torna-se lógico porque, para a planta, é muito melhor investir na
associação com os fungos micorrízicos do que em produção de raízes.
Além do papel nutricional das micorrízas arbusculares a presença dos fungos
também altera a bioquímica do carbono na planta (SCHWAB et al., 1991; SMITH &
GIANINAZZI-PEARSON, 1988) o que resulta em várias mudanças fisiológicas e
metabólicas como: aumento de organelas celulares, modificação da atividade
enzimática, aumento da abertura estomatal, maior taxa de respiração e absorção de
CO2, aumento dos exudados radiculares, mudança nos conteúdos de aminoácidos e
ácidos graxos, bem como de metabólitos secundários. Tais mudanças podem afetar as
Disciplina de Insumos Agroindustriais 47
1º semestre 2007
Engenharia de Agronegócios
Pólo Universitário de Volta Redonda – UFF
alterações hídricas das plantas, aumentando sua tolerância a seca (VAZQUEZ et al.,
2001) e a eficiência fotossintética (ACOSTA-AVALOS et al., 1996). Embora os
mecanismos fisiológicos exatos dessas modificações induzidas pelos FMAs não sejam
conhecidos, eles têm importância agrícola e ecológica.
A existência de FMAs nos solos é comum e inegável, mas para a associação
apresentar maior eficiência deve-se multiplicar o inoculo (fungo) em laboratório e
inocular o solo onde a planta vai ser cultivada. Dessa maneira plantas que devem passar
sua fase de muda em viveiros, viabilizam a inoculação nesta fase, visto que os fungos
são dependentes das plantas para sobreviverem e necessitam de raízes (tecidos vivos)
para sua multiplicação. Neste caso a aplicação em larga escala ou em grandes cultivos
ainda não é viável.
Em virtude da baixa fertilidade natural dos solos tropicais e dos altos preços dos
fertilizantes industrializados, tem sido dada ênfase ao estudo das associações de plantas
com microrganismos de solo que favoreçam o aproveitamento de nutrientes em meio
com baixa disponibilidade dos mesmos. A aplicação de FMA em larga escala, na
agricultura é, entretanto, ainda restrita, por esses microrganismos serem biotróficos
obrigatórios, o que limita a produção de inoculo. Porém, sua utilização em culturas que
passam pela fase de viveiro é viável.
Figura 20. Relação simbiótica entre plantas superiores e fungos micorrízicos. Neste caso
uma ectomicorriza. Fonte: Silva & Coelho, 2006.
nodulação e FBN mais lentas e senescência de nódulos mais tardia (Barradas et al.,
1989; Urquiaga; Zapata, 2000).
Os melhores resultados de FBN em gramíneas são observados em arroz e cana-
de-açúcar. Na cana a FBN representa no País uma economia em N-fertilizante
equivalente a US$ 200 milhões anualmente, contribuindo significativamente também
com a conservação do meio ambiente. O cultivo do arroz inundado é o mais promissor,
onde a FBN associada à cultura alcançou valores de 21% a 30% de N acumulado pelas
plantas, equivalente a 33-60 kg ha-1.
Outra forma de contribuição de FBN nas culturas de interesse econômico seria
pela adubação verde e resíduos de colheita. A rotação de culturas com adubos verdes
além de melhorar aspectos químicos e físicos do solo, contribui também com o aumento
da atividade microbiana no solo e desta forma acumula também nitrogênio e outros
elementos pela decomposição dos adubos verdes plantados anteriormente (ou
simultaneamente em consórcio). De acordo com Calegari e Peñalva (1994), dentre os
adubos verdes é possível encontrar plantas leguminosas que acumulam até 300 kg ha-1
de N. De acordo com Urquiaga e Zapata (2000) até 80% deste N é derivado da FBN.
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