A Relacao Familia e Escola Na Educacao Infantil

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A relação família e escola na

educação infantil

DOSSIÊ
FLUXO CONTÍNUO
Blenda Luize Chor Rodrigues
University of North Carolina at Greensboro, Carolina do Norte, Estados Unidos da América

Maria Comes Muanis


Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

Resumo
O artigo analisa como a literatura na área de educação no Brasil vem abordando as relações entre família
e escola na Educação Infantil. Realizou-se uma revisão no Portal de Periódicos da CAPES e no banco de
dados do SciELO. A partir das palavras-chave e dos critérios de inclusão e exclusão utilizados, obteve-se
um conjunto de 22 artigos. A análise revelou que as divergências entre as concepções de professores e
responsáveis sobre o compartilhamento da educação de crianças pequenas entre a escola e a família são o
principal tema apresentado nas publicações. Conclui-se que há uma lacuna nas investigações brasileiras
que abordam a relação família e escola de Educação Infantil sob a ótica das desigualdades sociais.
Palavras-chave: Família; Educação Infantil; Desigualdades.

Abstract
Family and school relationships in early childhood education
This article analyzes how the literature of Education Studies in Brazil has been approaching the rela-
tions between family and school in the period of the kindergarten level. We performed a literature re-
view using the CAPES Journal Portal and the SciELO database. A set of twenty-two articles has been
selected. The analysis revealed that the main theme evoked by these publications is the disagreements
between teachers’ and parents’ conceptions about the sharing of children’s education responsibilities
between the school and the family. We conclude that there is a gap in Brazilian education studies linked
to the relationship between family and preschool from the perspective of social inequalities.
Keywords: Family; Early Childhood Education; Inequalities.

Resumen
La relación família y escuela en la educación infantil
Este artículo analiza cómo la literatura de estudios de educación en Brasil se ha acercado a las relacio-
nes entre la familia y la escuela en la educación infantil. Realizamos una revisión de la literatura utili-
zando el portal CAPES y la base de datos SciELO. Se ha seleccionado un conjunto de veintidós artícu-
los. El análisis reveló que el tema principal evocado por estas publicaciones son los desacuerdos entre
las concepciones de los maestros y las familias sobre el reparto de las responsabilidades educativas de
los niños entre la escuela y la familia. Concluimos que existe una brecha en los estudios de educación
brasileños acerca de la relación entre la familia y las escuelas de educación infantil desde la perspectiva
de las desigualdades sociales.
Palabras clave: Família; Educación Infantil; Desigualdades.

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Blenda Luize Chor Rodrigues e Maria Comes Muanis

Introdução
A relação família e escola é um dos objetos de análise caro ao debate sobre de-
sigualdades de oportunidades no campo da Sociologia da Educação. Após os grandes

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surveys das décadas de 1960 (o Relatório Coleman, nos EUA; o relatório Plowden, na
Inglaterra, e a pesquisa do INED, na França), cujos resultados apontaram a relação
entre o nível socioeconômico familiar, o desempenho acadêmico e a trajetória esco-
lar dos alunos, um longo período de pessimismo instaurou-se no campo educacional
(BROOKE, SOARES, 2008). Na década seguinte, Pierre Bourdieu e Jean-Claude Pas-
seron (1982), expoentes da vertente reprodutivista, interpretaram os dados fornecidos
por estas pesquisas em larga escala e atribuíram à herança cultural familiar a chave
da explicação para a reprodução social. No entanto, nas investigações destes autores
“o funcionamento interno das famílias ainda permanecia como uma caixa preta into-
cada” (NOGUEIRA, 2005, p. 567).

A partir dos anos 1980, as pesquisas etnográficas ganharam importância ao


abordar a relação entre estratificação social e o desempenho acadêmico sob a pers-
pectiva microssociológica. Estudos passam a se dedicar à análise das estratégias fa-
miliares nos processos de escolha, acesso e permanência nos sistemas de ensino, bem
como dos processos e mecanismos de criação dos filhos que acabam por se traduzir em
vantagens escolares (LAHIRE, 1997; LAREAU, 2003).

No Brasil, os estudos sobre família passaram a se destacar na Sociologia da Edu-


cação a partir da década de 1990. Os trabalhos elaborados neste período direcionam-se,
principalmente, às análises dos processos de escolha dos estabelecimentos de ensino
(ROSISTOLATO, PRADO, 2013), à longevidade escolar de estudantes de camadas po-
pulares e à atuação de suas famílias sobre suas trajetórias (ZAGO, 2007) e ao prestígio
escolar entre camadas populares (COSTA, 2008). Estas produções, no entanto, vêm sen-
do realizadas nos níveis do Ensino Fundamental, Médio e Superior. Os resultados des-
tas pesquisas apontam um cenário semelhante ao internacional no qual a estratificação
social, o desempenho e a trajetória acadêmica mantêm relação com as formas de atuação
e os mecanismos acionados pelas famílias em relação à escolarização dos filhos.

O segmento da Educação Infantil (EI), apesar do crescimento das taxas de es-


colarização1 registrado nos dados mais recentes do país, ainda está pouco presente no

1
Taxa de escolarização, de acordo com o IBGE, é a percentagem dos estudantes (de um grupo etário)
em relação ao total de pessoas (do mesmo grupo etário).
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debate sobre as associações entre o pertencimento social das famílias, suas dinâmicas
internas e a escola. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(Pnad) (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2017),

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91,4% das crianças de cinco anos de idade frequentam a pré-escola, percentual que era
inferior a 60% em 1997. Dentre as crianças de quatro anos, a frequência calculada no
mesmo ano, de apenas 40%, chega hoje a 77,3%.

Devido à recente obrigatoriedade da escolarização nesta fase e à constatação


de que as relações entre família e escola são fundamentais para analisar a correspon-
dência entre a estratificação social e as desigualdades educacionais, torna-se premente
conhecer estas relações que são, paulatinamente, estabelecidas cada vez mais cedo,
assim como as “congruências e descompassos destas duas instâncias de socialização”
(CHAMBOREDON, PREVOT, 1973).

Segundo as revisões da literatura sobre o tema já publicadas no Brasil, as


produções sobre a relação família e escola de EI se reduzem às percepções dos docen-
tes deste segmento (TANCREDI, REALI, 2001; PINHEIRO, 1997) e não priorizam
fatores socioculturais, tais como: cor, classe social, etnia e gênero (ROCHA, 1998).
Tendo em vista que estes apontamentos são do final da década de 1990, o objetivo
deste estudo foi realizar uma nova revisão para responder como a literatura da área
de educação no Brasil vem abordando as relações entre família e escola no período
da Educação Infantil.

Com respaldo nos estudos da Sociologia da Educação sobre família e escola,


buscou-se verificar se nas publicações encontradas: (1) o ambiente familiar e as inte-
rações de pais e filhos são objetos de investigação; (2) o debate sobre desigualdades de
oportunidades tem sido tratado no âmbito da EI.

Debate teórico
Apesar do crescimento das taxas de escolarização na EI registrado no Bra-
sil nos últimos anos, o segmento ainda permanece afastado do debate nas áreas de
sociologia e antropologia da educação. As desigualdades sociais são mencionadas
apenas em associação à dificuldade de acesso a creches, principalmente pelos mais
pobres (KRAMER, 2006). Os estudos sobre a relação família e escolas de EI se
reduzem à análise das percepções dos docentes deste segmento, que classificam as
famílias dos alunos como “desestruturadas” e as acusam de usar as escolas de EI
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como uma maneira de “se livrar dos filhos” ou “para poder trabalhar” (TANCREDI,
REALI 2001; PINHEIRO, 1997).

Apesar de criticarem esta perspectiva docente, tais estudos tratam as famílias

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de forma generalista e não problematizam tensões sobre estratificação social envol-
vidas na relação com a escola. São escassas as pesquisas que recolhem dados empíri-
cos sobre essa relação, seja no âmbito escolar ou familiar, ainda na primeira infância,
buscando averiguar as possíveis correlações entre o pertencimento social das famílias,
suas dinâmicas internas, formas de atuação e a escola.

O encontro de famílias de diferentes estratos sociais com a escola e seu modelo


cultural de infância traz à tona cada vez mais cedo as relações de desigualdade, explí-
citas nas divergências entre as concepções sobre a infância, sobre o papel da EI, e nas
diferentes formas de criação dos filhos entre as camadas sociais (CHAMBOREDON,
PREVOT, 1973). A bibliografia brasileira sobre as crianças pequenas, entretanto, não
tem se aproximado deste debate. Rosemberg (2006) apontou que as pesquisas estavam
mais direcionadas aos temas de mortalidade infantil e desnutrição do que às condições
sociais deste grupo etário.

No cenário internacional, é possível distinguir ao menos duas grandes li-


nhas de estudos sobre desigualdades no período da educação infantil: a inglesa/
norte-americana e a francesa. A primeira foca em investigações sobre a qualidade e
os efeitos da EI dentro do debate sobre desigualdades de oportunidades. Estas pes-
quisam estudam o impacto da EI no desenvolvimento das crianças e o posterior de-
sempenho acadêmico. Na Inglaterra, por exemplo, o Effective Provision of Pre-school
Education (EPPE) seguiu aproximadamente três mil crianças dos três aos 16 anos
de idade com o objetivo investigar o impacto dos fatores relacionados à pré-escola,
à família e à aprendizagem em casa no desenvolvimento cognitivo e sociocomporta-
mental das crianças. A análise das trajetórias de desenvolvimento das crianças focou
principalmente as características do ambiente familiar com o objetivo de medir os
processos internos das famílias que podem apoiar, em maior ou menor intensidade,
a aprendizagem das crianças (TAGGART et al., 2011). O estudo concluiu que as
vivências e atividades entre os responsáveis e as crianças podem melhor explicar as
diferenças entre os desempenhos das crianças, assim como as possíveis desigualda-
des subsequentes nas suas trajetórias escolares, em comparação à origem social de
suas famílias.
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A recente literatura francesa investiga, por sua vez, as práticas socializadoras


dos pais sob a perspectiva da sociologia da infância (PLAISANCE, 2004; MONTAN-
DON, LONGCHAMP, 2003; SIROTA, 2001; JOIGNEAUX, 2013). Esta vertente

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teórico-metodológica considera as crianças como atores de sua própria socialização na
medida em que negociam, compartilham e criam culturas com os adultos e seus pares.
Nesse sentido, os processos de socialização aos quais as crianças estão submetidas
em casa são estudados com o objetivo de entender os descompassos entre estes e a
socialização escolar. Assim, analisam elementos dos estilos parentais, como sanções,
modos de comunicação e relação com o tempo e espaço da escola (THIN, 2006), como
a autoridade parental (MONTANDON, LONGCHAMP, 2003), a linguagem (JOIG-
NEAUX, 2013) ou mesmo dos rituais relacionados à infância, como o aniversário
(SIROTA, 2001). Estas investigações, majoritariamente realizadas sob a perspectiva
antropológica, esmiúçam o “banho socializador” (LAHIRE, 2011) das experiências vi-
vidas na família pelas crianças, tais como as competições entre os irmãos ou as relações
de dominação entre pais e filhos.

Frente a este debate internacional, urge conhecer como as desigualdades so-


ciais na primeira infância vêm sendo abordadas no Brasil, especialmente sob o prisma
da relação família-escola, tão caro à sociologia da educação. O presente trabalho visa
apresentar um panorama, ainda que com limites, acerca dos achados das pesquisas
brasileiras que vêm sendo realizadas sobre a relação família e escola de Educação In-
fantil por meio de uma revisão da literatura.

Metodologia
A presente revisão de literatura realizou um levantamento sobre a produ-
ção acadêmica brasileira no campo da relação família e escola na educação infantil.
Duas bases de dados foram escolhidas, o Portal de Periódicos da CAPES e o Scientific
Electronic Library Online (SciELO). As duas são plataformas multidisciplinares e têm
acesso gratuito. Ambas permitem a realização de um retrato dos principais temas e
metodologias presentes no debate nacional sobre a relação família-escola na educação
infantil. Há certamente limitações nesta opção, posto que nem todas as revistas da
área de educação encontram-se nessas bases. Por isso, é importante antecipar a parcia-
lidade das conclusões aqui obtidas, que se apresentam como hipóteses plausíveis para
uma reflexão sobre o estado da arte dessa discussão no Brasil.
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A busca nas bases de dados utilizou as seis seguintes palavras-chave2: (1)


família e “primeira infância” e “educação infantil” e desigualdade; (2) família e “pri-
meira infância” e desigualdade; (3) família e “educação infantil” e desigualdade; (4)

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família e “educação infantil”; (5) família e “primeira infância”; (6) família e escola
e “primeira infância”; (7) família e “criança pequena”. Nenhum recorte temporal
foi utilizado.

As pesquisas incluídas atenderam dois critérios: (1) apenas artigos; (2) estu-
dos sobre a relação família e escola na educação infantil. Foram excluídas publicações
estrangeiras, pertinentes a outra faixa etária ou nível educacional ou aquelas fora da
área de educação. Entende-se por “área de educação” todas as publicações em periódi-
cos da área de educação de acordo com a avaliação da Qualis CAPES3 do quadriênio
2013-2016, e por “publicações e pesquisas estrangeiras” toda a produção científica
que não tenha sido produzida e publicada no Brasil. Ao final do processo de seleção e
exclusão, restaram 22 artigos para análise.

Metade dos artigos selecionados neste trabalho estão em periódicos de “ex-


celência”4 (A), sendo nove deles classificados como A1. Há sete publicações em pe-
riódicos de “maior qualidade” (B1) e dois de qualidade B3. Apenas um artigo está
publicado em um periódico cuja classificação Qualis CAPES considera como C. Po-
de-se afirmar, portanto, que as pesquisas que têm se dedicado à relação família e
escola na Educação Infantil, no Brasil, estão entre os periódicos considerados de
elevada qualidade acadêmica.

Treze estudos foram publicados nos últimos cinco anos e 18 foram publicados
ao longo da última década. Isto indica que as publicações dedicadas ao tema da relação
família-escola na Educação Infantil são recentes na área de educação no Brasil.

Apresentação dos resultados

As 22 publicações selecionadas foram analisadas de acordo com: os objeti-


vos, a fundamentação teórica, a metodologia e os principais resultados encontrados.
Os artigos foram organizados em dois grupos, os teóricos (dois) e os empíricos (20).

2
As palavras-chave foram elaboradas de acordo com os operadores booleanos.
3
A lista de periódicos da área de educação e suas classificações Qualis CAPES pode ser acessada
em: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/veiculoPublicacaoQualis/lis-
taConsultaGeralPeriodicos.jsf. Acesso em: 13/05/2018.
4
Esta nomenclatura é utilizada pela avaliação do Qualis CAPES.
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Os estudos considerados “empíricos” são pesquisas realizadas com famílias e escolas


de Educação Infantil que produziram dados e os analisaram a fim de discuti-los sob
um determinado ponto de vista teórico-metodológico. Neste artigo serão discutidas

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apenas as publicações consideradas empíricas5.

No grupo dos artigos empíricos, verificou-se uma diferenciação de acordo com


o ponto de partida das pesquisas apresentadas. Dessa forma, o conjunto dos estudos
empíricos foi subdivido entre: (1) “da família à escola”, contendo aqueles que partem
da família para pensar a relação com a escola de Educação Infantil; (2) “da escola à
família”, contendo aqueles que, na contramão, analisam como a escola de Educação
Infantil busca estratégias para se relacionar com a família.

No grupo “da família à escola”, foram identificadas cinco temáticas: (1) o


ingresso na creche, discutido por Martins et al. (2014), com o objetivo de entender
a não adaptação dos bebês na creche a partir dos relatos dos pais sobre o tempe-
ramento do bebê, as relações entre pais e bebês, os sentimentos de separação e as
crenças e práticas ligadas aos cuidados alternativos, incluindo a creche; (2) a con-
cepção de infância, abordada pela pesquisa de Moro e Gomide (2003), que buscou
conhecer as concepções de 30 mães sobre a infância, com o objetivo de verificar a
hipótese de que a escola de Educação Infantil interfere nas concepções da família
sobre a infância6; (3) a concepção de Educação Infantil, tema trazido por Casanova
e Ferreira (2017), que entrevistou 11 famílias, cujos filhos, entre zero e três anos
de idade, frequentavam as turmas de Berçário I e II de um Centro Educação In-
fantil (CEI) para compreender o sentido por elas atribuído às atividades realizadas
por suas crianças na creche; (4) o papel da creche na vida familiar – e especial-
mente na vida das mulheres que são mães – temática da pesquisa de Fernandes et
al. (2017), que analisa o perfil socioeconômico de mães de crianças de zero a três
anos e estabelece comparações entre aquelas cujos filhos estão matriculados em
instituições de educação infantil e aquelas que não contam com esse serviço; (5) o
ambiente familiar, estudado por Ferreira e Barrera (2010) a partir de uma investi-
gação acerca das relações entre determinados elementos do ambiente familiar e o
desempenho na pré-escola.

5
Os resultados sobre os artigos teóricos podem ser encontrados em uma das autoras (2018).
6
Para verificar tal hipótese, metade das mães entrevistadas não eram usuária deste serviço.
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Já no grupo “da escola à família”, as pesquisas buscam entender a maneira


de funcionamento das reuniões de pais, os desafios do compartilhamento do cuidado
de crianças pequenas, a previsão da participação familiar no projeto pedagógico,

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as concepções sobre família ensinadas para as crianças e, até mesmo, o papel da for-
mação de professores na eficácia da participação dos pais nas escolas de Educação
Infantil. No sentido de expandir o escopo de análise, alguns estudos deste grupo
buscam as famílias para compreender as percepções dos responsáveis sobre as esco-
las de EI. Os temas identificados neste grupo foram: (1) a formação de professores,
investigado pelo estudo aplicado de Bahia e Mociutti (2017), cujos objetivos foram
refletir sobre a maneira pela qual a relação creche-família ocorre em uma unidade
de educação infantil e analisar em que medida a pesquisa-formação contribui para
a construção de práticas institucionais e docentes que favoreçam tal relação; (2) o
ensino sobre família, tema trazido por três artigos (MARCOS, 2014; 2015; FER-
NANDES, 2006) que se dedicaram a analisar como as concepções de “família” e de
“mãe” são ensinadas para as crianças na Educação Infantil; (3) o compartilhamento
da educação e do cuidado, tema abordado por três artigos (MONÇÃO, 2015; MA-
RANHÃO, SARTI, 2007; OLIVEIRA, 2015) que tratam das tensões resultantes do
compartilhamento do cuidado e da educação de crianças pequenas entre a família e
a escola; (4) o envolvimento dos pais na educação infantil, tema que reúne o maior
número de artigos deste recorte (sete) e trata das diversas estratégias elaboradas
pelas escolas de Educação Infantil direcionadas ao envolvimento dos responsáveis.

Cinco das sete publicações buscam entender a participação da família na Edu-


cação Infantil, definindo suas características e compreendendo a importância desta
relação para o desenvolvimento da criança (ANASTÁCIO, PASUCH, 2011; NÉIA,
CUNHA, 2013; LIMA, SILVA, 2015; COSTA, 2015; BHERING, DE NEZ, 2002).
As outras duas analisam aspectos específicos deste envolvimento: o projeto político
pedagógico e a reunião de pais. No que diz respeito ao projeto político pedagógico
das instituições de Educação Infantil, Saisi (2010) investiga como estas consideram as
informações oferecidas pelas famílias sobre as crianças para planejar os seus projetos
educacionais e incorporá-las nas suas rotinas pedagógicas. Garcia e Macedo (2011)
explora as relações entre família e escola de EI por meio da análise das reuniões de
pais de acordo com a estrutura da pauta, o encaminhamento e o conteúdo da reunião,
e a abordagem estabelecida para envolver os pais neste momento. O Quadro 1 sinteti-
za a classificação dos artigos.
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Quadro 1 – Classificação dos artigos


Categorias Grupos Temas Autores e ano dos artigos
Alves (2016)

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Teóricos - -
Ferreira e Triches (2009)
O ingresso na creche Martins et al. (2014)
A concepção de infância Moro e Gomide (2003)
Casanova e Ferreira
Da família à escola A concepção de Educação Infantil
(2017)
O papel da creche na vida familiar Fernandes et al. (2017)
O ambiente familiar Ferreira e Barrera (2010)
A formação de professores Bahia e Mociutti (2017)
Marcos (2014)
O ensino sobre família Marcos (2015)
Fernandes (2006)
Empíricos Monção (2015)
O compartilhamento da educação e
Maranhão e Sarti (2007)
do cuidado
Oliveira (2015)
Da escola à família Anastácio e Pasuch
(2011)
Néia e Cunha (2013)
O envolvimento dos pais na Lima e Silva (2015)
Educação Infantil Costa (2015)
Bhering e De Nez (2002)
Saisi (2010)
Garcia e Macedo (2011)

Fonte: Elaboração própria.

Discussão
Do conjunto de publicações selecionadas, destacam-se três discussões princi-
pais: (1) as divergências de concepções sobre o compartilhamento da educação e do
cuidado de crianças pequenas entre a escola e a família; (2) as estratégias das escolas
de EI para envolver os pais; (3) as especificidades deste atendimento no que tange a
participação das famílias.

As divergências sobre o compartilhamento da educação e do cuidado das


crianças assumem notável espaço nas pesquisas sobre a relação família e escola de EI
no Brasil. Algumas investigações demonstram que os responsáveis acentuam o cará-
ter formativo da EI pois decidem matricular seus filhos com o desejo de que iniciem a
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convivência social com outras crianças, aprendam a reconhecer letras e escrever seus
nomes. Estas famílias destacam a autonomia conquistada pelas crianças para realizar
a sua higiene e alimentação, bem como avanços na fala. Além disso, não apontam

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problemas de compartilhar a educação e o cuidado de seus filhos com as escolas de
educação infantil e, frequentemente, elogiam a qualidade do serviço prestado (MON-
ÇÃO, 2015; BAHIA, MOCIUTTI, 2017). Em outros estudos, as famílias aparecem
pouco interessadas no aspecto pedagógico proporcionado pela creche e entendem que
esta instituição é um lugar de segurança para seus filhos, no qual necessidades básicas
são atendidas. Por isso, tomam uma postura passiva e delegam as responsabilidades
pedagógicas inteiramente à escola (BHERING, DE NEZ, 2002).

A postura dos professores revelada pelas pesquisas indica que estes apresen-
tam mais dificuldades em compartilhar a educação e o cuidado das crianças do que
suas famílias. Em suas afirmações, entendem que as famílias transferem as suas res-
ponsabilidades para os professores, não têm interesse na vida escolar de seus filhos
e não têm a “capacidade” de compreender os processos pedagógicos das escolas de
EI (CASANOVA, FERREIRA, 2017; OLIVEIRA, 2015; BAHIA, MOCIUTTI, 2017;
SAISI, 2010). Monção (2015) identificou que docentes entendem EI como substitui-
ção da família, principalmente no caso de mães trabalhadoras. Isto evidencia que o
caráter assistencialista conferido a esta etapa da escolarização, muitas vezes negativo,
surge também dos profissionais deste segmento.

Esta percepção acerca das instituições de EI está relacionada às origens histó-


ricas do atendimento institucional de crianças na primeira infância. Nas constituições
anteriores à de 1988, o papel do Estado em relação à primeira infância circunscreve-se
ao amparo e à assistência, exclusivamente quando a família não pudesse exercer esta
função (CURY, 2002). A Constituição Cidadã (BRASIL, 1988) e a Lei de Diretrizes e
Bases (BRASIL, 1996), contudo, garantiram à criança o direito a uma educação própria
para esta idade, a Educação Infantil, e afirmaram uma mudança de concepção sobre
a educação e o cuidado de crianças pequenas. Estas transformações são reafirmadas
nos documentos curriculares do segmento, como as Diretrizes Curriculares Nacionais
para Educação Infantil (BRASIL, 2009) e a Base Nacional Comum Curricular para a
Educação Infantil (BRASIL, 2017).

As percepções dos docentes apresentadas pelas investigações revelam a


permanência de uma concepção assistencialista no âmbito da prática institucional,
que não evidencia o aspecto pedagógico (TANCREDI, REALI, 2001; PINHEIRO,
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1997). O assunto da higiene é apontado como o principal conflito entre família e


escola, no qual os responsáveis são julgados moralmente pelas professoras (MARA-
NHÃO, SARTI, 2007).

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A segunda dimensão mais explorada nos artigos trata das estratégias utili-
zadas pelas escolas para envolver as famílias com as instituições e a educação de seus
filhos. As principais delas são: as reuniões de responsáveis, as datas comemorativas, os
bilhetes na agenda e os encontros diários entre pais e professores. O comparecimento
às reuniões é entendido pelos docentes e gestores como o elemento central da partici-
pação da família na escola (NÉIA, CUNHA, 2013; LIMA, SILVA, 2015; ANASTÁCIO,
PASUCH, 2011; COSTA, 2015). Os encontros são realizados ora para apresentar o
trabalho educativo das instituições com as crianças, ora para formar pedagogicamente
os pais (GARCIA, MACEDO, 2011; ALVES, 2016). Enquanto os responsáveis rela-
tam ter dificuldades em comparecer à escola7, as professoras reclamam de sua ausência
nas reuniões e a isto atribuem a justificativa de que não valorizam a educação de seus
filhos (SAISI, 2010).

Estas estratégias de envolvimento, conforme retratam as publicações, não se


modificaram desde o início do século. O artigo mais antigo da amostra apontou que as
reuniões de pais, as datas comemorativas, os bilhetes e comunicados já eram, à época,
a forma tradicional do envolvimento parental nas creches e pré-escolas brasileiras
(BHERING, DE NEZ, 2002). As autoras afirmam que estas estratégias mantêm uma
relação de distância com os pais e não são suficientes para estabelecer um contato
frequente que possibilite um envolvimento produtivo para as crianças, os professores
e os responsáveis.

A quantidade de artigos sobre estes dois assuntos – as divergências concei-


tuais entre docentes e responsáveis e as estratégias das escolas de EI para envolver
as famílias – é significativamente maior do que aqueles cujo tema são as especificida-
des do atendimento na EI que envolvem as famílias. Dentre estes, pôde-se identificar
duas características do atendimento à primeira infância inevitavelmente relaciona-
das à família: a adaptação ao novo ambiente e a relação de confiança entre os respon-
sáveis e a escola.

7
Néia e Cunha (2013) e Lima e Silva (2015) discutem sobre estas dificuldades no contexto rural,
cujas dificuldades são a distância geográfica entre a moradia das famílias e as escolas, bem como a
falta de transporte.
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A adaptação das crianças quando ingressam na EI é entendida como um


período no qual a instituição deve prover acolhimento às famílias, principalmente
mães e crianças na experiência de separação. Martins et al. (2014) ressaltam que as

FLUXO CONTÍNUO
famílias precisam saber mais sobre as reações comuns deste processo, pois existem
indicadores que demonstram qualidade de adaptação à creche, como o choro, o sono
e a alimentação. Monção (2015) também menciona a necessidade de aprofundamento
investigativo neste tema. O sucesso no processo de adaptação e o estabelecimento de
uma relação de confiança entre as famílias e a escola de EI estão também relaciona-
dos à matrícula e à permanência das crianças nestas instituições (MARTINS et al.,
2014; SILVA, 2014). Certamente há mais especificidades que envolvem a educação
e o cuidado de crianças e as famílias, seja na creche ou na pré-escola. Entretanto, a
análise dos artigos mostra que outras perspectivas têm sido ofuscadas pelas relações
conflituosas entre os pais e as escolas de EI, justificadas ora pela má comunicação
entre ambos, ora pelas concepções dissonantes.

A definição de “família” não é um problema posto pelas publicações seleciona-


das, debate que parece crucial para abordar as questões investigadas. Os embates sobre
o papel da família e das docentes na EI são apenas tangenciados por Alves (2016),
uma publicação no conjunto teórico, ao apontar a polissemia do termo “participação”
em documentos oficiais sobre gestão democrática e o envolvimento dos responsáveis
na EI. Além disso, das investigações selecionadas, apenas uma foi realizada com fa-
mílias de classe média alta (ANASTÁCIO, PASUCH, 2011). Pesquisas que incluam
esta camada social são relevantes para entender relações de desigualdades escolares
pois a classe média tem um papel importante na reprodução das iniquidades sociais
(NOGUEIRA, 2010). Segundo Ferreira e Triches (2009), as famílias de classes médias
e altas percebem melhor os benefícios do envolvimento parental e deles tiram mais
proveito, tendo em vista a proximidade que têm da cultura escolar.

Outra inconsistência está presente nos desenhos metodológicos dos estudos


de natureza empírica, pois: (1) não justificam a escolha de suas amostras8; (2) não
ponderam os seus resultados e análises de acordo com a metodologia escolhida; (3)
mesmo que tenham uma amostra pequena, ou sejam estudos de caso, não comparam
os seus resultados com os de outras pesquisas, situando em que medida o estudo pode
responder as perguntas postas pelo campo; (4) não apontam as limitações do estudo.

8
Apenas cinco estudos apresentaram justificativas para suas amostras (SILVA, 2014; LIMA, SILVA,
2015; MARCOS, 2014; 2015; BHERING, DE NEZ, 2002).
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Há poucos estudos longitudinais e que utilizam diversas estratégias de coletas de da-


dos. A pesquisa de Maranhão e Sarti (2007) foi a única9 cujo trabalho de campo durou
um ano e três meses e utilizou três técnicas de coleta de dados: observação partici-

FLUXO CONTÍNUO
pante, análise dos documentos da instituição e entrevistas semiestruturadas. Foi de
Monção (2015) o único estudo que entrevistou professores, famílias, coordenadores,
diretora, supervisora, agentes técnicos de educação, auxiliar de limpeza e de cozinha.

Neste panorama, os objetivos da Educação Infantil, como o desenvolvimen-


to integral das crianças pequenas, o que elas aprendem e como as famílias se inserem
neste cenário são temas que não têm recebido atenção. Apenas uma pesquisa teve o
objetivo explorar como as posturas dos pais em relação à criação de seus filhos e os
objetos do ambiente domiciliar se relacionam ao desenvolvimento e aprendizagem
das crianças (FERREIRA, BARRERA, 2010). A presença de brinquedos, livros, jor-
nais e revistas, assim como a reunião de pais e filhos nos momentos de refeição,
por exemplo, demonstraram-se associados ao que as crianças sabem sobre leitura e
escrita10. De acordo com os resultados da pesquisa, os recursos do ambiente familiar
e as atividades dos pais com seus filhos se associam mais fortemente ao desempenho
das crianças do que outras medidas, como o nível socioeconômico ou de escolaridade
dos responsáveis.

Considerações finais
O presente estudo buscou mapear como a literatura na área de educação no
Brasil vem abordando as relações entre família e escola no período da educação in-
fantil. A análise das publicações selecionadas revelou que as concepções divergentes
entre os educadores das instituições de EI e os responsáveis, assim como as estratégias
utilizadas pelas escolas para envolvê-los são os principais focos investigados nas pes-
quisas. Há também estudos dedicados a estudar o envolvimento familiar nos aspectos
que parecem ser próprios do atendimento na EI, como o período de adaptação. Porém,
estas questões são abordadas por um número menor de artigos, indicando a necessi-

9
Martins et al. (2014) realizaram um estudo de caso coletivo com os dados do Estudo Longitudinal
de Porto Alegre: Da Gestação à Escola – ELPA.
10
A coleta de dados sobre o ambiente familiar foi realizada a partir de um questionário sobre a cons-
tituição familiar e as condições socioeconômicas e educacionais da família e o Inventário de Recursos
do Ambiente Familiar – RAF (MARTURANO, 2006). As habilidades de escrita dos pré-escolares
foram obtidas a partir de uma atividade de autoditadoae da escrita do próprio nome.
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dade de aprofundamento no tema. Conclui-se que a relação entre as famílias e escolas


de EI vem sendo majoritariamente investigada, no contexto brasileiro, pelo prisma
do envolvimento dos pais nas instituições, que se apresenta reduzido à comunicação,

FLUXO CONTÍNUO
muitas vezes problemática, entre estas duas instâncias.

No cenário internacional, as pesquisas têm apontado, por um lado, elementos das


experiências proporcionadas pelo ambiente familiar caros ao desenvolvimento infantil e ao
debate sobre desigualdades de oportunidades já na pré-escola (MELHUISH et al., 2008;
ROWE et al., 2012) e, por outro, as discrepâncias provenientes das diferentes formas de
socialização das crianças associadas à estratificação social na primeira infância (JOIG-
NEAUX, 2013; THIN, 2006). Este trabalho mostra que no Brasil as investigações sobre a
relação entre família e escola nesta etapa se distanciam deste objeto de análise e discussão.

Nos estudos brasileiros estão ausentes as análises sobre os processos e as


interações familiares e sobre a relação entre famílias e escolas na EI que podem se
vincular às desigualdades sociais e desigualdades educacionais. Esta lacuna fragiliza
a possibilidade de reflexões sobre como as desigualdades sociais se refletem no dia a
dia de cada criança e como estas podem se transformar em desigualdades escolares.
Contribuições neste sentido são urgentes pois compreender a desigualdade na primei-
ra infância fornece subsídios importantes para se pensar políticas públicas voltadas às
crianças em seus primeiros anos de vida e escolarização.

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Submissão em: 13/08/2020


Aceito em: 16/08/2020

Sobre as autoras

Blenda Luize Chor Rodrigues


Pedagoga pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Cursa o programa de M.S/
Ph.D. no departamento de Human Development and Family Studies na University of
North Carolina at Greensboro.
E-mail: [email protected]

Maria Comes Muanis


Pedagoga pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Mestre e doutora
em Sociologia pelo IUPERJ, atual IESP.
E-mail: [email protected]
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