CARTILHAContigenciasPortuarias (2021!06!28 00-45-34 UTC)
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Secretaria de Portos
José Leônidas Cristino
Ministro Chefe
Diretoria Colegiada
Tiago Pereira Lima (Diretor-Geral em exercício)
Pedro Brito (Diretor)
Superintendência de Portos
Giovanni Cavalcanti Paiva
Chefia de Gabinete
Ênio Soares Dias
Corregedoria
Carlos Magno Barbosa de Amaral Júnior
Ouvidoria
Jailson Santos Soares
Secretaria-Geral
Aguinaldo José Teixeira
CONTINGÊNCIAS
PORTUÁRIAS
Brasília - DF
2012
Permitida a reprodução sem fins lucrativos, parcial ou total, por qualquer meio, se citados a fonte e
o sítio da Internet, no qual pode ser encontrado o original em http://www.antaq.gov.br
Equipe Técnica
Giovanni Cavalcanti Paiva - Superintendente de Portos
Marcos Maia Porto - Gerente de Meio Ambiente - (Org.)
Maria Luiza Almeida Gusmão - Especialista Portuária
Gustavo Henrique de Araújo Eccard - Especialista em regulação
Uirá Cavalcante Oliveira - Especialista em regulação
Patrícia Gonçalves de Oliveira - Especialista em regulação
Isabella Braun Sander - Especialista em regulação - (Coord.)
Roberto Padilha de Benévolo - Especialista em regulação
Joaquim Maia Neto - Especialista em regulação
Alessandro Max Bearzi Ramalho – Especialista em regulação
Itacir Cardoso Coelho – Especialista portuário
Antônio Bandeira Costa e Silva - Estagiário
Marina do Carmo Alves - Estagiária
Produção:
Assessoria de Comunicação Social (ASC) - ANTAQ
Yara Rodrigues da Assunção
64p.: il.
CDD 387.10981
SUMÁRIO
Apresentação...................................................................................................... 11
Lista de figuras.................................................................................................... 12
Lista de quadros.................................................................................................. 13
Introdução........................................................................................................... 15
1. Contingências em Saúde Pública.................................................... 17
Regulamento Sanitário Internacional........................................................ 17
Planos de contingência para o enfrentamento de
pandemias de Influenza........................................................................... 20
2. Combate à Poluição por Óleo e Substâncias Nocivas e Perigosas 23
Acidente com o navio Bahamas............................................................... 28
Estudo de Caso 1: Plano de Área do Porto Organizado de
São Sebastião......................................................................................... 33
Acidente na Baía de Guanabara................................................................ 35
3. Saúde e Segurança do Trabalhador............................................. 37
Plano de Controle de Emergência (PCE)................................................... 38
Acidente com o navio Vicuña................................................................... 40
Estudo de Caso 2: PCE do Porto de São Sebastião.................................. 42
Estudo de Caso 3: PAM do Porto de Santos............................................. 44
Estudo de Caso 4: PCE-PAM do Porto de Salvador................................... 45
Plano de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA.................................. 46
4. Preparação da Comunidade o Plano APELL.................................. 49
Estudo de Caso 5: APELL do Porto de São Sebastião............................... 50
5. Segurança Institucional.................................................................. 53
6. Recomendações.................................................................................. 57
7. Referências Bibliográficas.............................................................. 61
Apresentação
Em continuidade à Série Cartilhas Ambientais, a ANTAQ lança este
um instrumento por meio do qual a ANTAQ visa cumprir com seu objetivo de
zelar para que o serviço portuário seja prestado com qualidade e segurança
11
LISTA DE FIGURAS
Figura 1
Autoclave instalada no Porto de Belém para esterilização de material contaminado ou
suspeito de contaminação, como parte do Plano de Combate à Pandemia de Influenza... 17
Figura 2
Consolidação dos Planos de Emergência Individuais em Plano de Área........................... 24
Figura 3
Consolidação dos Planos de Área em Plano de Emergência Local ou Regional................ 25
Figura 4
Consolidação dos Planos de Emergência em um único Plano Nacional de Contingência.. 26
Figura 5
Abrangência do Plano de Controle de Emergência........................................................... 38
Figura 6
Conteúdo do Plano de Segurança Portuário.................................................................... 54
12
LISTA DE QUADROS
Quadro 1
Capacidades Básicas Necessárias para Portos, Aeroportos e Passagens de Fronteiras
Terrestres Designadas................................................................................................... 18
Quadro 2
Principais diretrizes dos Planos de Ação (RSI)............................................................... 19
Quadro 3
Objetivos dos Planos Específicos de Combate a Pandemia de Influenza nos Portos........ 21
Quadro 4
Conteúdo mínimo do Plano de Emergência Individual..................................................... 27
Quadro 5
Objetivos específicos do PCE......................................................................................... 39
Quadro 6
Áreas abrangidas pelo PPRA do porto............................................................................ 46
Quadro 7
Etapas do PPRA............................................................................................................ 47
Quadro 8
Estrutura mínima do PPRA............................................................................................. 47
Quadro 9
Objetivos do ISPS Code................................................................................................. 53
Quadro 10
Requisitos das embarcações e instalações.................................................................... 55
Quadro 11
Passos a serem seguidos pelas instalações portuárias na implantação do ISPS Code..... 56
Quadro 12
Exemplos de pontos comuns e possíveis interfaces entre os diferentes Planos
de Contingência............................................................................................................. 59
13
Introdução
A
atividade portuária possui grande importância para o desenvolvimento
econômico e social do nosso país. É pelos portos que passa mais de 90%
do volume de cargas do nosso comércio exterior e mais de 75% do valor
correspondente a esse comércio.
Apesar de ser grande geradora de riquezas, a atividade portuária traz em si
alguns riscos que necessitam ser assumidos, internalizados e minimizados. Estes incluem
os riscos ao meio ambiente, à saúde e integridade dos trabalhadores e às instalações,
além dos relativos à saúde e segurança públicas.
Infelizmente esses riscos não podem ser completamente eliminados. Mas podem
ser minimizados. Uma forma de se minimizar/prevenir os riscos existentes nos portos e
as suas consequências é por meio de um Programa de Gerenciamento de Riscos bem
elaborado, no qual se incluem os Planos de Contingência1.
Um Plano de Contingência constitui-se de um documento que descreve passo-a-passo
as medidas a serem tomadas em situações anormais com o intuito de reverter tais situações
e minimizar seus danos. Possui o objetivo de treinar (de forma teórica e com simulados),
organizar, orientar, facilitar, agilizar e uniformizar as ações necessárias às respostas de
controle e combate às situações anormais que possam vir a ocorrer. Nele devem estar
definidos os responsáveis por cada ação e contidas as informações detalhadas sobre
a área envolvida. A sua inexistência faz com que as ações de correção dos problemas
emergenciais sejam muitas vezes desastrosas, ineficazes e de alto custo social.
Os planos de contingência/emergência para a área marítimo-portuária começaram
a ganhar mais atenção após grandes acidentes com petroleiros, terminais, instalações de
refino e plataformas de exploração de petróleo e gás. Como exemplos de acidentes em
portos no Brasil, podem ser citados os que ocorreram com os navios Vicuña e Bahamas.
Os Planos de Contingência devem ser elaborados por profissionais especializados,
1
Segundo o dicionário Michaelis, contingência significa “fato possível mas incerto”. É algo que pode eventualmente vir a acontecer.
15
e devem ser documentados, testados periodicamente e revistos sempre que for necessário.
É importante que haja a inserção de fóruns com a participação do público para que os
processos de gestão dos riscos sejam mais democráticos. O esclarecimento da sociedade
sobre os perigos e riscos das atividades industriais é de vital importância na abertura de
espaços para negociação entre as partes interessadas.
A participação de diversos órgão públicos municipais, estaduais e federais nos planos
de contingência/emergência é necessária para garantir o cumprimento da legislação
ambiental e garantir o atendimento aos interesses da sociedade na conservação dos
recursos ambientais, além de facilitar a logística de deslocamento de recursos para o
atendimento às emergências (ex: isolamento de áreas, bloqueio de estradas, etc).
Já existe legislação específica para tratar de vários desses planos a serem implantados
pelos portos brasileiros. Tais planos serão tratados nos capítulos que se seguem.
Saúde e segurança
ocupacional
Planos de
Saúde pública Segurança institucional
Contingência nos
portos
Combate à poluição
por óleo e substâncias
nocivas e perigosas
16
1 - CONTINGÊNCIAS EM SAÚDE
PÚBLICA
Regulamento Sanitário Internacional
C
om o intuito de conter a disseminação de doenças entre países e a ocorrência de
epidemias e pandemias, a Organização Mundial de Saúde – OMS – elaborou
a segunda versão do Regulamento Sanitário Internacional – RSI (2005). Esse
Regulamento possui o objetivo de fortalecer as capacidades básicas dos Estados
Membros para oferecer uma resposta rápida e eficaz em situações que configurem
emergência de saúde pública, visando prevenir a propagação de doenças dentro e fora
das fronteiras e aumentar a segurança sanitária, com a mínima interferência possível nas
viagens e no comércio mundial.
17
O Brasil, como membro da OMS, tem como obrigação implementar o RSI em seu
território. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA – é a responsável pela
implantação do Anexo 1B desse documento, item que trata das Capacidades Básicas
Necessárias para Portos, Aeroportos e Passagens de Fronteiras Terrestres Designadas
(Quadro 1).
l Fornecer acesso dos viajantes doentes a um serviço médico apropriado, que permita
18
Embarcação proveniente
de área endêmica
Destinação final
19
20
Influenza que possam vir a ser responsáveis por uma nova pandemia;
l Proteger a saúde de passageiros, tripulantes, pessoal ocupacionalmente exposto e do
21
A
Organização Marítima Internacional (IMO) possui vários documentos que
tratam da poluição por óleo no mar. Dentre eles, a Convenção Internacional
para a Prevenção da Poluição por Navios, de 1973 (Marpol 73/78), é o
mais conhecido. Além da Marpol também existem a Convenção Internacional Relativa
à Intervenção em Alto-mar em Casos de Acidentes com Poluição por Óleo, a qual
estabelece que os estados costeiros têm de intervir em acidentes de poluição por óleo; a
Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil por Danos Causados por Poluição
por Óleo (CLC/69); a Convenção Internacional para o Estabelecimento de um Fundo
para Compensação de Danos Causados por Poluição por Óleo de 1971 (FUND/71); e
a Convenção Internacional sobre Preparo, Resposta e Cooperação em caso de Poluição
por Óleo (OPRC-90), que prevê, entre outros, o estabelecimento pelos governos de
planos nacionais de contingência (Jadjiski5, 2011).
No Brasil, o art. 7º da Lei 9966/2000 determina que os portos organizados,
instalações portuárias e plataformas, bem como suas instalações de apoio, devem
dispor de Plano de Emergência Individual (PEI) para o combate à poluição por óleo e
substâncias nocivas ou perigosas, e que tais planos devem ser submetidos à aprovação
do órgão ambiental competente.
Os PEI dos portos, instalações portuárias e plataformas localizados em uma mesma
região sujeita ao risco de poluição deverão ser consolidados pelos exploradores ou
proprietários das instalações portuárias ou plataformas em um único plano, denominado
Plano de Área, o qual deve estabelecer os mecanismos de ação conjunta a serem
implementados em caso de acidentes (Figura 2).
23
PEI
Exploradores/
Plano de
PEI proprietários das
área
instalações
PEI
24
Plano de
área
Órgão Plano de
Plano de ambiental Emergência
área + local/
Defesa Civil regional
Plano de
área
25
Plano de
Emergência
local/regional Órgão
Federal de
Plano de Meio Plano
Emergência Ambiente Nacional de
local/regional + Contingência
Defesa Civil
Plano de
Emergência
local/regional
26
l Identificação da instalação
l Cenários acidentais
- Comunicação do incidente
27
28
corrigir o problema, mas não obteve êxito. Foi verificado que havia comunicação
entre dois tanques de lastro, o que culminou no alagamento da praça de bombas.
Na madrugada do dia 31 de agosto a tripulação constatou o vazamento da
mistura ácida para o interior da praça de máquinas. Não foi possível conter o
vazamento e o local foi sendo gradativamente alagado. Às cinco da manhã a
tripulação abandonou o navio. Pela manhã o Comandante comunicou ao Capitão
dos Portos que o navio iria explodir, mas negou-se a dar maiores informações,
dizendo que só se reportaria ao seu armador.
O Bahamas assentou no fundo, encalhando em seu local de atracação.
A água salgada começou a entrar nos tanques contendo ácido, ocorrendo a
formação de mistura ácida volátil.
A renomada empresa de salvamento holandesa SMIT TAK foi contratada pelo
armador para atender à situação emergencial. Durante a transferência de ácido
supostamente ainda não contaminado para o terminal da Fertisul, o mangote que
transportava o ácido foi destruído, o que revelou a contaminação do tanque de
ácido por água do mar.
O Plano de Ajuda Mútua (PAM) do Porto de Rio Grande se demonstrou
inadequado para atender à emergência em questão pois não previa a contaminação
de ácido sulfúrico a bordo. No dia dois de setembro a saída de gás pelos
suspiros dos tanques do navio se tornou muito intensa, indicando a contaminação
generalizada do ácido por água salgada. As tampas dos tanques foram abertas
pelos técnicos da SMIT TAK com o intuito de aliviar a pressão interna. Devido
ao alto poder corrosivo do ácido, todos os tanques e compartimentos do navio
acabaram se tornando interligados. O navio corria o risco iminente de explodir, o
que representava um grande perigo à equipe técnica da SMIT TAK, à população
de Rio Grande e ao meio ambiente.
No dia dois de setembro, durante Reunião da Comissão de Coordenação
entre as autoridades brasileiras e as empresas envolvidas, decidiu-se descarregar
a mistura ácida para o canal de forma controlada e durante a maré vazante,
para evitar um grande prejuízo ao meio ambiente. Com a explosão do navio
29
30
realizadas dez viagens para que o material fosse retirado e alijado em áreas
preestabelecidas pelo IBAMA.
Os resultados preliminares dos estudos realizados pela Fundação Universidade
do Rio Grande (FURG) não revelaram danos à fauna local da região afetada pela
descarga da mistura ácida, afastando a hipótese de desastre ambiental.
Uma das recomendações da Diretoria de Portos e Costas(DPC) da Marinha
do Brasil foi a “reformulação dos Planos de Contingência dos portos, nos moldes
previstos pela IMO, prevendo a realização de exercícios regulares e, oportunamente,
a sua adequação ao Plano Nacional de Contingência”.
31
ESTUDO DE CASO 1:
Plano de Área do Porto Organizado de São Sebastião
Em julho de 2009 foi constituído o Comitê de Área do Porto Organizado
de São Sebastião, que é composto pelos Órgãos Ambientais (IBAMA e CETESB),
Autoridade Marítima (Marinha do Brasil), Autoridade Portuária (Companhia Docas
de São Sebastião – coordenadora do Comitê) e demais empresas localizadas na
área do Porto Organizado (PETROBRAS/TRANSPETRO e DERSA).
No âmbito do Comitê foi criado um grupo de trabalho composto por
representantes das instalações integrantes, que teve como missão elaborar a
minuta do Plano de Área, que atualmente aguarda aprovação pelo Comitê.
Nessa minuta, o objetivo do Plano é integrar os recursos dos PEI das instalações
portuárias existentes na área do Porto de São Sebastião que são sujeitas ao
risco de poluição por óleo, visando a preservar a integridade física e a saúde
humana, além de prevenir/minimizar os impactos ambientais e eventuais danos
ao patrimônio público e privado quando expostos às situações emergenciais de
vazamento de óleo.
No Plano são tratados a caracterização física da área, os locais de
sensibilidade ambiental e de concentração humana, e os pontos geográficos e
ambientalmente notáveis.
O Plano prevê as hipóteses acidentais, lista a infraestrutura do porto público
e dos terminais por ele abrangidos, e detalha os recursos humanos e materiais
disponíveis na área para resposta aos incidentes de poluição por óleo, inclusive
sua localização.
O acionamento do Plano de Área, segundo a minuta, só poderá ocorrer
quando a emergência extrapolar a capacidade de resposta de um dos integrantes
do Plano, até que seja plenamente recuperada essa capacidade, ou no caso de
mancha de óleo de origem desconhecida na área abrangida pelo Plano (neste
caso, após manifestação formal da autoridade marítima).
33
34
35
3 - SAÚDE E SEGURANÇA DO
TRABALHADOR
E
m setembro de 1994 foi promulgada no Brasil a Convenção nº 155/1981,
da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Tal Convenção determina a
formulação de uma Política Nacional coerente em matéria de segurança e saúde
dos trabalhadores e o meio ambiente de trabalho, com o objetivo de prevenir os acidentes
e os danos à saúde que forem consequência, tenham relação ou se apresentarem durante
a atividade de trabalho, reduzindo ao mínimo, na medida que for razoável e possível,
as causas dos riscos inerentes ao meio ambiente de trabalho.
Promulgada no Brasil em 1990, a Convenção 152/1979, também da OIT,
trata especificamente sobre Saúde e Higiene no Trabalho Portuário. Com base nessa
Convenção é obrigatório que estejam previstas na legislação brasileira as medidas
relativas ao trabalho portuário, com o objetivo de:
37
Incêndio ou
explosão
Vazamento de Poluição
produtos ou acidente
perigosos ambiental
PCE
Queda de
Socorro a
homem
acidentados
ao mar Condições
climáticas
adversas
38
Segundo Silva e Adissi (2005), a elaboração do PCE pode ser dividida em seis fases:
surgimento da emergência;
l Organizar as ações de maneira a evitar sua extensão sobre as pessoas, a propriedade
e o meio ambiente;
l Solucionar todos os problemas que se apresentam após o final da emergência a fim de
39
40
O Plano não foi acionado, e a Autoridade Portuária não coordenou nem participou
das ações de controle e mitigação dos danos, apesar do acidente ter ocorrido na
área do Porto Organizado.
As investigações não foram capazes de apontar as causas do acidente,
e o processo foi arquivado. Porém, o Plano de Ajuda Mútua e a participação
da Autoridade Portuária poderiam ter colaborado para que os prejuízos fossem
significativamente menores.
41
ESTUDO DE CASO 2:
PCE do Porto de São Sebastião
Datado de 10 de janeiro de 2001, o PCE do Porto de São Sebastião tem
como objetivo “estabelecer os procedimentos técnicos e administrativos a serem
seguidos em situações emergenciais, de maneira que, através de ações planejadas,
seja possível se evitar ou mitigar suas conseqüências”.
O PCE prevê cenários emergenciais e as atribuições da equipe de emergência
para os casos de incêndio (embarcações, cais, armazéns, escritórios, oficinas e
almoxarifados), vazamentos (no estuário ou em terra) e emergências médicas (no
estuário ou em terra). Para o combate a emergências envolvendo vazamento de
produtos nocivos no mar existe um convênio formal firmado com a PETROBRAS.
O acionamento do PCE pode ser feito por qualquer pessoa que constatar
uma situação de emergência por meio da central de comunicação de emergência
da Guarda Portuária. O plano determina a forma de evacuação do local por todos
que não participam das ações de combate. Os treinamentos e simulados para a
preparação constante da equipe de emergência também estão previstos no PCE.
42
ESTUDO DE CASO 3:
PAM do Porto de Santos
O PAM do Porto de Santos tem como objetivo viabilizar a efetiva observância
das normas pertinentes, o aprimoramento técnico, a troca de informações e
do conhecimento integrado dos riscos potenciais de cada empresa e coletivos,
definindo ações rápidas, eficientes e coordenadas para a proteção da vida
humana, a preservação do patrimônio e do meio ambiente.
É pré-requisito para a participação no PAM que as empresas possuam
Plano de Controle de Emergência e requeiram sua filiação. Além disso, precisam
manter e disponibilizar os recursos materiais mínimos necessários ao atendimento
às situações emergenciais, comparecendo ao local do sinistro com tais recursos
sempre que solicitado pela Coordenação do PAM ou Corpo de Bombeiros.
Como organização civil, cabe ao PAM do Porto de Santos estabelecer diretrizes
básicas para coordenação, planejamento e atuação das entidades participantes
do plano em situações de emergência que possam acarretar danos às pessoas, ao
patrimônio e/ou ao meio ambiente, em áreas internas e externas das empresas.
A atuação do PAM deve ser sempre feita em conjunto com o Corpo de
Bombeiros do Estado de São Paulo e demais entidades públicas e privadas
envolvidas, buscando a cooperação e ajuda mútua e o oferecimento de condições
materiais e técnicas de atendimento e de comunicação que permitam a ampliação
sinérgica da capacidade disponível.
44
ESTUDO DE CASO 4:
PCE-PAM do Porto de Salvador
O PCE e o PAM do Porto de Salvador foram elaborados em um único
documento, de junho de 2010, com o objetivo de prevenir e minimizar os impactos
provocados pelas emergências ambientais nas atividades do porto.
Dentre os riscos presentes no porto, o vazamento de óleo decorrente de
acidente durante o abastecimento de navios atracados foi considerado o de maior
relevância. Foram identificados os seguintes cenários acidentais:
45
O PPRA tem como objetivo definir uma metodologia de ação que garanta a preservação
da saúde e a integridade dos trabalhadores face aos riscos ambientais existentes ou que
venham a existir no ambiente de trabalho do porto. Para tanto, o plano deve conter
instrumentos que possibilitem a antecipação, reconhecimento, avaliação e conseqüente
controle da ocorrência desses riscos, que podem ser devidos a agentes químicos, físicos
ou biológicos presentes nesse ambiente. É importante ressaltar que o PPRA não é um Plano
de Contingência, mas um plano que visa prevenir possíveis acidentes.
l Pátio de contêineres;
46
47
4 - PREPARAÇÃO DA COMUNIDADE -
O PLANO Quadro
APELL 9: Estrutura Organizacional
A
lgumas vezes os acidentes portuários podem adquirir grandes proporções, com
a capacidade de gerar consequências para a comunidade ao seu redor. Nesses
casos o público precisa já estar preparado para agir de forma ordenada. Um
dos grandes problemas desse tipo de acidente é o pânico que toma conta da população,
o que pode levar ao surgimento de novas vítimas decorrentes da fuga em massa, ou por
outros tipos de reação coletiva descontrolada.
O Plano de Alerta de Preparação de Comunidades para Emergências Locais -
APELL, elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA,
tem como objetivo principal a preparação da comunidade afetada para o enfrentamento
de ocorrências potencialmente catastróficas decorrentes de acidentes ambientais.
De acordo com o APELL, os planos de emergência devem ser elaborados em
conjunto com a comunidade circunvizinha aos portos para que, estando ciente dos
riscos que a atividade apresenta e dos cuidados que a Autoridade Portuária mantém,
os cidadãos se sintam mais seguros.
49
ESTUDO DE CASO 5:
APELL do Porto de São Sebastião
O Porto de São Sebastião está inserido em uma área urbana e possui
águas profundas e abrigadas. Nele está localizado o maior terminal marítimo
de petróleo e derivados da América Latina - o Terminal Almirante Barroso, da
Petrobrás.
Devido ao seu histórico de acidentes ambientais que causaram grande temor
na população local, decidiu-se por implantar o APELL, o que foi um trabalho
conjunto entre a Prefeitura Municipal, a Petrobrás e a comunidade, envolvendo
também a Defesa Civil estadual, a CETESB, a SABESP e o Movimento de
Preservação de São Sebastião (MOPRESS), com início no ano de 1999. Também
participaram da implantação do APELL os funcionários da Petrobrás e de diversas
secretarias e órgãos municipais, da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros, além
de ambientalistas e a mídia local.
Foram ministradas palestras para os moradores das áreas vulneráveis sobre
o risco do terminal e as providências que estavam sendo tomadas para minimizar
esses riscos. Para o desenvolvimento do Plano de Ação de Emergência local, a
área considerada de risco foi dividida em cinco setores. Cada um desses setores
recebeu um número, um ponto de encontro para os moradores e trabalhadores,
e um abrigo designado.
Antes da primeira simulação do Plano foram distribuídas cartilhas sobre
como agir em situação de emergência, por meio das quais os moradores
tomaram conhecimento da delimitação da área de risco, puderam identificar
em qual setor sua residência se inseria e qual seria o seu ponto de encontro. A
cartilha continha instruções sobre como agir em casos de emergência, os riscos
do terminal para a população, a forma de identificar o que está acontecendo, os
procedimentos a serem executados em caso de acidente e o tipo de alarme que
seria soado quando o acidente representasse uma ameaça externa ao terminal.
Quado o alarme fosse soado, a população deveria ligar o rádio para saber
50
qual área estava sob ameaça e deveria ser evacuada. Foi organizada uma
gincana para ajudar a população a memorizar os procedimentos da cartilha,
da qual participaram todos os atores e instituições que faziam parte do Plano de
Emergência.
O Prefeito de São Sebastião assinou o Decreto 2409/2000, que instituía
todo terceiro sábado do mês de outubro como Dia do Alerta, para que os
exercícios de alerta e preparação da comunidade para os acidentes ambientais
se tornassem permanentes.
Com o APELL a população passou a conhecer os riscos oferecidos pelo
terminal da Petrobrás, quebrando a visão de algo que ninguém podia conhecer.
Foi feito um programa de visitas para a população conhecer o terminal. A
Petrobrás demonstrou, assim, que começou a se preocupar com a segurança de
seus funcionários e da população de São Sebastião.
Hoje algumas pessoas reclamam da falta de continuidade do processo de
implementação do APELL, que foi iniciado no ano 2000. É como o Plano tivesse
caído no esquecimento. A população já parece desacreditar do interesse da
Petrobrás e dos órgãos públicos em trabalhar o Plano. Uma solução interessante
seria esse população se articular para formar algum tipo de liderança responsável
por coordenar o APELL e tornar constantes os seus exercícios, em vez de ficar
dependendo de atitudes dos órgãos públicos e da Petrobrás. Seria um trabalho
voltado para o benefício da própria comunidade, já que, no caso da ocorrência
de algum acidente, muitas vidas podem ser poupadas se a comunidade local
estiver bem preparada para agir de forma ordenada.
51
5 - SEGURANÇA INSTITUCIONAL
53
Delimitação
de áreas para cargas
Controles de Níves de
perigosas
acesso proteção
Para a implantação do ISPS Code deve ser realizada uma avaliação prévia da
segurança das instalações existentes. Em seguida deve ser considerada a vulnerabilidade
das instalações, com a identificação dos pontos fracos em segurança física, integridade
estrutural, sistemas de proteção, políticas e procedimentos, sistemas de comunicação,
infraestruturas de transportes, utilidades e outras áreas da instalação que possam ser
prováveis ou potenciais alvos de ataques terroristas. O ISPS Code apresenta vários
modelos de redução das vulnerabilidades para serem adotados de acordo com o grau
de vulnerabilidade e ameaça de cada instalação portuária.
Os requisitos mínimos de segurança funcional a serem atendidos como parte do
gerenciamento de riscos estão mostrados no Quadro 10:
54
55
56
6 - RECOMENDAÇÕES
l A correta execução dos Planos de Contingência, quando os mesmos precisarem
ser acionados, dependerá da capacitação dos atores que dele fazem parte. Tal
capacitação deve ser realizada por meio de treinamentos e simulados constantes,
prevendo todas as situações contempladas pelo Plano em questão.
l O bom relacionamento da Autoridade Portuária com as demais autoridades e
agentes atuantes no porto também é essencial, pois os Planos de Contingência envolvem
a participação de diversos atores de forma integrada e harmônica. Além do mais,
a mobilização de alguns setores não discriminados nos planos pode ser necessária
quando da ocorrência de alguma emergência.
l É importante que as administrações portuárias invistam sempre na infraestrutura
de suas instalações. Equipamentos modernos tendem a ser mais eficazes na prevenção
e combate a eventos decorrentes dos riscos existentes. Também é imprescindível que seja
realizada a adequada manutenção dos equipamentos para que os mesmos conservem
sua plena capacidade de operação com eficiência e segurança.
l A fiel divulgação de informações a respeito da ocorrência de eventos que
configurem emergência nos portos é outro ponto relevante. Como exemplo, pode ser
citado o acidente ocorrido com o navio Bahamas, já relatado neste documento. Devido
ao desconhecimento pela sociedade do risco de explosão do navio, a Comissão de
Coordenação foi duramente criticada pela sua decisão de descarregar a mistura ácida
no canal do Porto de Rio Grande.
l Devido ao fato de que os eventos emergenciais costumam demandar o
acionamento de mais de um plano de contingência, é importante que os mesmos sejam
compatíveis entre si e que as equipes mobilizadas não entrem em conflito durante as
ações. O quadro 12 elenca alguns pontos comuns e possibilidades de interface entre os
diferentes Planos de Contingência.
57
instalações portuárias.
mesmos.
naturais.
RSI e Planos de Contingência da Influenza Influenza. É desnecessário um plano exigir dos portos
em vigor.
59
7 - Referências BIBLIOGRÁFICAS
1. DICIONÁRIO DE PORTUGUÊS / MICHAELIS – UOL. Disponível em <http://michaelis.
uol.com.br/moderno/portugues/indes.php>. Acessado em 25/01/2012.
61
www.antaq.gov.br