Lesões Fundamentais
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Lesões Fundamentais
Gabriele Guelbek
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Semiologia Aplicada à Odontologia – UFPR
SUMÁRIO
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Semiologia Aplicada à Odontologia – UFPR
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LESÕES FUNDAMENTAIS
As alterações morfológicas que aparecem na mucosa bucal ou na pele assumindo
características clínicas padronizadas e individualizadas são denominadas lesões fundamentais
ou elementares.
As manobras semiotécnicas são essenciais na avaliação das lesões, entre elas: inspeção
visual, palpação, percussão, raspagem, auscultação, olfação e a vitropressão. Para se descrever
uma lesão fundamental é preciso estar atento a todos os detalhes das lesões, procurando
sempre o máximo de precisão e detalhes.
Localização
Tamanho
Limites
Cor
Forma
Inserção ou base
Consistência
Superfície
Textura
Contorno
Margens
Número
Além dos dados clínicos obtidos pelo exame físico, o profissional deve realizar uma
anamnese dirigida. Dessa forma, o cirurgião-dentista deve interrogar:
O tempo de evolução.
O histórico de dor.
Os hábitos do paciente.
Tratamentos prévios.
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1. Mancha e mácula
2. Placa
3. Pápula, Nódulo e Tumor
4. Úlcera e ulceração
5. Vesícula, Bolha, Pústula
6. Erosão
MANCHA E MÁCULA
Definição: Mancha e mácula são alterações de cor da mucosa bucal ou da pele sem causar
elevação ou depressão no tecido. O que diferencia a mancha da mácula é o seu tamanho. As
manchas são maiores e as máculas são menores. A cor depende do tipo de comprometimento
estrutural do epitélio ou devido à presença de um pigmento (por exemplo: melanina,
hemossiderina, depósito de metais pesados (prata) etc.). Elas podem surgir sobrepostas a
outro tipo de lesão fundamental. A sua cor, tamanho e forma podem ser bastante variados.
As manchas podem estar associadas a diversas causas. Veja abaixo, alguns exemplos:
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PLACA
Definição: Placa é uma lesão plana e pouco elevada. Sua altura é pequena em relação à
extensão. É uma lesão em que ocorre um espessamento de tecido, o que representa
clinicamente a elevação. A consistência é diferente do tecido normal. A superfície pode ser
rugosa, verrucosa, ondulada, lisa ou apresentar diversas combinações desses aspectos.
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A forma, o contorno, o tamanho e a coloração podem variar de caso para caso. Outras lesões
fundamentais podem estar associadas às placas, tais como: manchas, erosões, ulcerações,
fissuras, nódulos, etc.
Exemplos: O exemplo mais clássico de uma placa é a leucoplasia (figura 3), mas outras doenças
também podem se apresentar lesões com esse aspecto, tais como: o líquen plano e o
carcinoma epidermóide.
Pápulas: Pequena proeminência achatada, elevada acima da superfície epitelial. Medem até 5
mm de diâmetro. São superficiais e circunscritas. Podem ser únicas ou múltiplas. Tem
coloração e superfícies variadas (Figura 4). Quando múltiplas e aglomeradas, elas constituem a
chamada placa papulosa.
A superfície pode ser de aspecto liso, rugoso ou verrucoso. Quanto à forma, elas podem ser
arredondadas ou ovais e, ainda, pontiagudas ou achatadas.
Nódulos: são lesões sólidas maiores do que 5 mm e tem até 2 cm. Podem ser circunscritos e
quanto a base de sustentação, os nódulos podem ser pediculados ou sésseis. A consistência à
palpação é muito variada, dependendo do tecido que o compõe e do tempo de evolução
(Figura 5).
Dessa maneira, os lipomas são nódulos “macios”; os granulomas piogênicos são flácidos; os
fibromas são mais consistentes e o tórus tem consistência dura e similar ao osso.
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A denominação tumor costuma ser utilizada para designar nódulos com diâmetro superior a 2
cm. Por outro lado, o termo tumefação caracteriza um acúmulo de água e eletrólitos no
interior das células ou do interstício, o que aumenta o volume e proporciona um aumento
volumétrico difuso de determinado tecido (face, palato, língua). Podem ter origem
inflamatória, infecciosa ou neoplásica.
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ÚLCERA E ULCERAÇÃO
Definição: São lesões que causam a perda da continuidade do epitélio com exposição do
tecido conjuntivo subjacente. A denominação úlcera tem caráter crônico, pois as lesões
persistem há semanas ou meses (Figura 7).
Exemplos: ulceração aftosa recorrente ou afta vulgar (Figura 8), lesões traumáticas,
gengivoestomatite herpética primária, etc.
As úlceras podem assumir aspectos variados e são descritas como exulcerações quando
envolvem grandes regiões da mucosa. Podem ainda aparecer como fissuras quando
acometem as regiões de pregas e dobras na mucosa e pele.
ÚLCERA CRÔNICO
ULCERAÇÃO AGUDO
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VESÍCULA E BOLHA
Definição: São lesões caracterizadas por elevações circunscritas do epitélio contendo líquido em seu
interior. Seu revestimento pode ser fino ou espesso, conforme sua localização. Diferem-se no tamanho
e na quantidade de cavidades.
Vesículas possuem tamanho máximo de 3 mm e várias cavidades. Em geral, elas costumam ser
múltiplas.
Exemplos: Herpes recorrente (Figura 9), herpangina, herpes zoster, reações alérgicas, dermatoses.
As vesículas que contém pus em seu interior são chamadas de pústulas. Exemplos: Varicela, varíola,
impetigo.
Bolhas são constituídas por apenas uma cavidade e com tamanho superior a 3 mm. As bolhas podem
ser múltiplas, mas frequentemente são mais espalhadas. Essas lesões raramente são encontradas
íntegras na boca devido aos traumas funcionais, sendo as subepiteliais as mais fáceis de serem
localizadas em sua plenitude.
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Condições associadas ao
Doenças viróticas Lesões reacionais
sistema imunológico
•Infecções pelo vírus •Pênfigo vulgar. •Extravasamento de
causador do Herpes •Penfigóide cicatricial. muco.
Simples. •Penfigóide bolhoso. •Cisto de retenção de
•Infecções pelo vírus •Dermatite herpetiforme. muco.
causador da Varicela- •Cisto e pseudocisto de
Zoster. retenção do seio
•Sarampo. maxilar.
EROSÃO
Definição: É uma lesão caracterizada pela perda parcial do epitélio sem haver exposição do
tecido conjuntivo adjacente. Em alguns casos, ela pode estar associada a uma atrofia do
epitélio. Não é recoberta por camada de fibrina. O tecido de revestimento se torna fino, plano
e com aparência frágil.
Exemplos: Líquen plano, a glossite migratória benigna (Figura 11) ou língua geográfica.
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VEGETAÇÃO
Definição: É uma lesão sólida caracterizada por crescimento exofítico constituído por vários
elementos agrupados, de forma e tamanho variados produzidos por fatores traumáticos,
tóxicos ou infecciosos.
As lesões podem ser apresentar agrupadas, salientes, cônicas, filiformes ou em couve flor.
FÍSTULA
Definição: São orifícios na superfície cutânea ou mucosa e representam o término de um
trajeto sinuoso que põem em contato com o exterior aos focos ou cavidades supurativas
internas; em fases crônicas, ela aparece como pequena pústula (Figura 13).
CROSTA
Definição: representa o ressecamento de exsudatos na superfície da pele ou semi-mucosa.
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Não ocorre dentro da cavidade bucal devido à umidade presente. Aparecem apenas sobre
superfícies relativamente secas, como lábios e pele na evolução das lesões ulceradas. Podem
ser melicélicas quando resultam da dessecação de exsudato serofibrinoso, purulentas e
hemorrágicas. Tipos: serofibrinoso, purulenta e hemorrágicas (Figura 14).
HIPERPLASIA
Definição: Crescimento tecidual de aspecto benigno. É caracterizado por um aumento de
volume difuso dos tecidos. É um termo microscópico que foi agregado à clínica. As hiperplasias
fibrosas inflamatórias se apresentam normalmente como nódulos (Figura 15).
ABSCESSO
Definição: É uma coleção purulenta flutuante de localização dermo-hipodérmica ou
subcutânea. Quando acompanhada dos sinais relacionados ao pus é denominado de abscesso
quente, quando não, abscesso frio. Os abscessos dentários sofrem drenagem espontânea
através da pele contígua e podem formar uma fístula cutânea (Figura 16).
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A imagem abaixo mostra uma ilustração das principais lesões fundamentais e as características
empregadas na descrição.
Figura 17: Figura ilustrativa da OralDESC, comtemplando os aspectos das lesões fundamentais, tipo de
inserção e aspectos superficiais comuns em lesões bucais. Em amarelo o epitélio e em rosa o tecido
conjuntivo. Fonte: Meurer, Zimmermann e Grando (2015).
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BIBLIOGRAFIA
Tommasi MHM. Diagnóstico em Patologia Bucal. 4ª Edição. Elsevier Editora Ltda.: Rio de
Janeiro, 2013. Capítulo 5 (173-192).
Armani ALC. Atlas de Patologia Oral 2ª Edição – Universidade Estadual de Londrina: Londrina.
2013.
Rugguero P, Rodrigues FNF, Ribeiro R, et al. Glossite Migratória Benigna. Science in Health
Online. 2016; 7(1):7-10.
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