A Presença Indígena Na Formação Do Brasil.

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 6

A PRESENÇA INDÍGENA NA FORMAÇÃO DO BRASIL

O REGIME TUTELAR

Aluna: Evellyn Albernaz Soares


Referencias:
Arnaud, Expedito. O índio e a expansão nacional. Belém: CEJUP,
1989.
Bastos, Aurélio Wander. “As terras indígenas no direito constitucional
e na jurisprudência brasileira”. In: Santos, Silvio Coelho dos
(org.). Sociedades indígenas e o direito: uma questão de direitos
humanos. Florianópolis: Ed. UFSC/CNPq, 1985, p.85-98.
Bigio, Elias dos Santos. Linhas telegráficas e integração de povos
indígenas: as estratégias políticas de Rondon (1889-1930). Brasília:
CGDOC/FUNAI, 2003.
Brasil. Leis. Legislação indigenista. Brasília: Senado Federal/Subsecretaria
de Edições Técnicas, 1993.
Brasil. SPI – Serviço de Proteção aos Índios. Relatório do SPI –
1953. Rio de Janeiro: SPI, 1953.
Cardoso de Oliveira, Roberto. A Sociologia do Brasil indígena.
Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro; São Paulo: EDUSP, 1972.
______. Do índio ao bugre: o processo de assimilação dos Terena.
Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1976.
Carneiro, João Marinonio Aveiro. Filosofia e educação na obra de
Rondon. Rio de Janeiro: Bibliex, 1988.
Davis, Shelton. Vítimas do milagre: o desenvolvimento e os índios
do Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
Erthal, Regina Maria de Carvalho. Atrair e pacificar: a estratégia
da conquista. 1992. Dissertação (Mestrado em Antropologia
Social) – PPGAS/MN, UFRJ, Rio de Janeiro, 1992.
Fontes para Pesquisa
126
Freire, Carlos Augusto da Rocha. Indigenismo e Antropologia: o
Conselho Nacional de Proteção aos Índios (CNPI) na gestão
Rondon (1939-1955). 1990. Dissertação (Mestrado em Antropologia
Social) – PPGAS/MN, UFRJ, Rio de Janeiro, 1990.
______. Sagas sertanistas: práticas e representações do campo indigenista
no século XX. 2005. Tese (Doutorado em Antropologia
Social) – PPGAS/MN, UFRJ, Rio de Janeiro, 2005.
Gagliardi, José Mauro. O indígena e a República. São Paulo: HUCITEC:
Editora da Universidade de São Paulo: Secretaria de Estado
da Cultura de São Paulo, 1989.
Magalhães, Edvard Dias (org.). Legislação indigenista brasileira e
normas correlatas. Brasília: FUNAI/CGDOC, 2003.
Mendes, Raimundo Teixeira. A civilização dos indígenas brasileiros
e a política moderna. Rio de Janeiro: Igreja Positivista do
Brasil, 1910a.
Mendes, Raimundo Teixeira. Em defesa dos selvagens brasileiros.
Rio de Janeiro: Igreja Positivista do Brasil, 1910b.
Miranda, Manoel & Bandeira, Alípio. “Memorial acerca da antiga
e moderna legislação indígena, contendo considerações sobre
a situação jurídica do índio brasileiro”. In: Oliveira, Humberto
de. Coletânea de leis, atos e memoriais... Rio de Janeiro: Imprensa
Nacional, 1947, p.55-86.
Miss ão Rondon. Apontamentos sobre os trabalhos realizados pela
Comissão de Linhas Telegráficas Estratégicas de Mato Grosso
ao Amazonas, sob a direção do Coronel de Engenharia Cândido
Mariano da Silva Rondon de 1907 a 1915. Brasília: Senado
Federal/Conselho Editorial, 2003.
Moreira Neto, Carlos de Araújo. “Relatório sobre a situação atual
dos índios Kayapó”. Revista de Antropologia, São Paulo, v.II,
n.1 e 2, p.49-64, 1959.
Oliveira, Humberto de. Coletânea de leis, atos e memoriais referentes
ao indígena brasileiro... Rio de Janeiro: Imprensa Nacional,
1947.
Pacheco de Oliveira, João. “Terras indígenas no Brasil: uma tentativa
de abordagem sociológica”. Boletim do Museu Nacional,
Rio de Janeiro, n.44, 30 de out. 1983. (Nova Série Antropologia).
______. O nosso governo: os Ticuna e o regime tutelar. São Paulo:
Marco Zero; Brasília, DF: MCT/CNPq, 1988.
127
Pacheco de Oliveira, João. “Redimensionando a questão indígena
no Brasil: uma etnografia das terras indígenas”. In: Pacheco de
Oliveira, João (org.). Indigenismo e territorialização: poderes,
rotinas e saberes coloniais no Brasil contemporâneo. Rio de Janeiro:
Contra Capa, 1998, p.122.
Ribeiro, Darcy. A política indigenista brasileira. Rio de Janeiro:
SIA/MA, 1962.
______. Os índios e a civilização: a integração das populações indígenas
no Brasil moderno. Petrópolis, RJ: Vozes, 1979.
Rocha, Leandro Mendes. A política indigenista no Brasil: 1930-
1967. Goiânia: Ed. UFG, 2003.
Rondon, Cândido Mariano da Silva. Pelos nossos aborígenes. Rio
de Janeiro: Papelaria Macedo, 1915.
______. “José Bonifácio e o problema indígena”. Revista do Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro, v.CLXXIV,
p.867-893, 1940.
Souza Lima, Antonio Carlos de. “Sobre indigenismo, autoritarismo
e nacionalidade: considerações sobre a constituição do discurso
e da prática da ‘proteção fraternal’ no Brasil”. In: Pacheco de
Oliveira, João (org.). Sociedades indígenas e indigenismo no
Brasil. Rio de Janeiro: Marco Zero: Ed. UFRJ, 1987, p.149-204.
______. “O governo dos índios sob a gestão do SPI”. In: Cunha,
Manuela Carneiro da (org.). História dos índios no Brasil. São
Paulo: Cia. das Letras: SMC/SP: FAPESP, 1992, p.155-172.
______. “Poder tutelar e formação do Estado no Brasil: o Serviço de
Proteção aos Índios e Localização de Trabalhadores Nacionais na
Primeira República”. Cadernos de Memória, Rio de Janeiro, v.1,
n.2, p.82-91, out. 96/mar. 97. (Museu da República/IPHAN).
______. “A ‘identificação’ como categoria histórica”. In: Pacheco de
Oliveira, João (org.). Indigenismo e territorialização: poderes,
rotinas e saberes coloniais no Brasil contemporâneo. Rio de Janeiro:
Contra Capa, 1998, p.171-220.
______. “Fundação Nacional do Índio (FUNAI)”. In: Abreu, Alzira
Alves de (coord.). Dicionário histórico-biográfico brasileiro:
pós-30. Rio de Janeiro: FGV, 2001, p.2426-2432.
Von Ihering, Hermann. “A questão dos índios do Brasil”. Revista
do Museu Paulista, São Paulo, v.III, 1911.
BIBLIOGRAFIA DO AUTOR:
Carlos Augusto da Rocha Freire é doutor em antropologia social pelo Museu
Nacional/UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) com a tese
Sagas sertanistas: práticas e representações do campo indigenista no século
XX (2005). Há mais de 20 anos trabalha no Museu do Índio como
pesquisador em política indigenista e história do indigenismo brasileiro.
Foi presidente-fundador da Comissão Pró-Índio do Rio de Janeiro
(1978), tendo publicado artigos sobre política indigenista em periódicos
científicos, jornais e livro. Coordenou grupos de trabalho para a identificação
de terras indígenas Guarani Mbyá (RS e ES) e Tupiniquim (ES).
Tem no prelo o livro O SPI na Amazônia: política indigenista e conflitos
regionais(1910-1932).

João Pacheco de Oliveira é antropólogo, professor titular do Museu Nacional,


curador das coleções etnográficas e leciona no Programa de
Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS). É também um dos
coordenadores do Laboratório de Pesquisas sobre Etnicidade, Cultura
e Desenvolvimento (LACED). Fez trabalho de campo entre os Ticuna,
quando escreveu sua tese de doutoramento (O nosso governo: Os Ticuna
e o regime tutelar. Rio de Janeiro: Editora Marco Zero, 1988) e
vários artigos posteriores (alguns reunidos em Ensaios em Antropologia
Histórica, Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 1999). Em 1986, juntamente
com líderes Ticuna, criou o Maguta: Centro de Documentação
e Pesquisa do Alto Solimões, que mais tarde deu origem ao Museu Maguta,
sediado em Benjamin Constant (AM). Orientou mais de 40 teses e
dissertações em antropologia, sobretudo no PPGAS/UFRJ. Foi professor
visitante de universidades no Brasil e no exterior, e presidente da Associação
Brasileira de Antropologia (ABA). Organizou a coletânea A viagem
da volta: etnicidade, política e reelaboração cultural no nordeste
indígena (Rio de Janeiro: Contracapa, 1999), ora em 2ª. edição (2004).
Atualmente desenvolve em conexão com a Fundação Joaquim Nabuco e
a Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito
Santo (APOINME), sob sua curadoria, o projeto de exposição Índios:
os primeiros brasileiros.
APRESENTAÇÃO:
A Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da
Educação (SECAD/MEC) tem enorme satisfação em publicar, em parceria como o
Laboratório de Pesquisas em Etnicidade, Cultura e Desenvolvimento (LACED), ligado
ao Departamento de Antropologia do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio
de Janeiro, o presente livro, parte da série Vias dos Saberes.
Uma de nossas mais importantes missões é propor uma agenda pública para o Sistema
Nacional de Ensino que promova a diversidade sociocultural, extrapolando o seu mero
reconhecimento, patamar já afirmado em diversos estudos sobre nossa sociedade, os
quais derivam, em sua grande maioria, de celebrações reificantes da produção cultural
de diferentes grupos sociais, que folclorizam manifestações produzidas e reproduzidas
no dia-a-dia das dinâmicas sociais e reduzem os valores simbólicos que dão coesão e
sentido aos projetos e às práticas sociais de inúmeras comunidades. Queremos interferir
nessa realidade transformando-a, propondo questões para reflexão que tangenciem a
educação, tais como: de que modo reverteremos a histórica subordinação da diversidade
cultural ao projeto de homogeneização que imperou – ou impera – nas políticas
públicas, o qual teve na escola o espaço para consolidação e disseminação de
explicações encobridoras da complexidade de que se constitui nossa sociedade? Como
convencer os atores sociais de que a invisibilidade dessa diversidade é geradora de
desigualdades sociais? Como promover cidadanias afirmadoras de suas identidades,
compatíveis com a atual construção da cidadania brasileira, em um mundo tensionado
entre pluralidade e universalidade, entre o local e o global? Como transformar a
pluralidade social presente no microespaço da sala de aula em estímulo para rearranjos
pedagógicos, curriculares e organizacionais que compreendam a tensão gerada na sua
positividade, a fim de ampliar e tornar mais complexo o diálogo entre realidades,
perspectivas, concepções e projetos originados da produção da diversidade sociocultural

RESUMO DA OBRA:
Os positivistas ortodoxos, envolvidos nos debates públicos sobre as várias frentes de
institucionalização da República, participaram ativamente da polêmica relativa à
capacidade (ou não) de evolução dos povos indígenas que, a partir de 1908,
fundamentou a discussão dos projetos indigenistas no Brasil regimentos do SPI (1910,
1911, 1936, 1942, 1943, 1945 e outros) estavam assim voltados para o controle dos
processos econômicos dirigidos aos índios, estabelecendo uma tipologia que permitisse
disciplinar as atividades a serem desenvolvidas nas áreas.
Algumas contradições básicas existiram no âmbito do SPI: enquanto se propunha a
respeitar as terras e a cultura indígena, agia trans115 ferindo índios e liberando
territórios indígenas para colonização, ao mesmo tempo em que reprimia práticas
tradicionais e impunha uma pedagogia que alterava o sistema produtivo indígena.
É no entrecruzamento dessas causas e motivações que deve ser buscada a chave para a
compreensão do indigenismo brasileiro, um regime tutelar estabelecido para as
populações autóctones que foi hegemônico de 1910 até a Constituição de 1988,
perdurando em certa medida até os dias atuais em decorrência da força de inércia dos
aparelhos de poder e cessão gratuita para o domínio da União das terras devolutas
pertencentes aos Estados, que se acharem ocupadas pelos índios, bem como a das terras
das extintas aldeias, que forem transferidas às antigas Províncias pela lei de 20 de
outubro de 1887 (Oliveira, 1947:133).
A presença indígena era julgada como algo transitório e os procedimentos pedagógicos
para que isso ocorresse seriam desenvolvidos no âmbito dos postos indígenas, no
aprendizado escolar formal nas escolas dos postos, ou através do ensino prático nas
oficinas mecânicas
(casa de farinha, engenho de cana, etc.) instaladas nos postos indígenas. Com base nos
processos de criação de terras indígenas existentes na Diretoria Fundiária da FUNAI, foi
possível realizar um levantamento das áreas regularizadas pelo antigo SPI, que se
encontram no quadro abaixo, distribuídas por regiões administrativas, perfazendo um
total de 54 reservas, abrangendo 298.595ha.
Em 1924, na inspetoria do Amazonas, o inspetor Bento Martins Pereira de Lemos já
havia medido, demarcado e garantido, com o governo estadual, a legalização de 10
posses indígenas (Freire, 2005). Lemos preparava-se, ainda naquele ano, para garantir
mais de 100 posses indígenas em sete municípios do Amazonas, todas de tamanho
variado, identificadas como lotes familiares e assim registradas. No final da década de
40, ele foi contra o acordo do SPI com o governo do Paraná, propondo o fracionamento
das terras indígenas em lotes familiares. Segundo Rondon,

As terras dos índios não correspondem a posses individuais, mas


constituem propriedade tribal. Os índios não têm propriedade
individual; a propriedade é da tribo, por conseguinte, não podemos dispor para
cada índio de uma certa área, como de hábito entre trabalhadores rurais
civilizados (...) O índio tem tradições de família e de sua tribo que o arraigam
ao solo em que vivem, e reage contra essas mudanças de local; além disso não
acredito que seja premente a necessidade da estruturação em sujeito, nem
considero muito grandes as reservas de terra existentes nesse estado, porque a
tribo de índios pode se desenvolver e se desenvolvendo precisará de mais terra
(Atas do CNPI, 1947, 13ª sessão)
(Freire, 1990:249).

A conquista dos povos indígenas do Brasil na época colonial contou com um recurso
pouco empregado por povos conquistadores: a disseminação de doenças e a ocorrência
de epidemias para as quais os povos em guerra ou dominados tinham baixa imunidade.
Ao causar mortalidade, o pós-contato iniciava o desequilíbrio das condições de
sobrevivência de um povo, que já enfrentava doenças endêmicas, como verminoses e
malárias: havia desnutrição, dificuldade de produção de alimentos, pioravam os cuidados
sanitários.As frentes de expansão econômica, os coletores de produtos diversos, enfim,
as pressões econômicas e ambientais junto aos povos indígenas que poderiam não ter suas
posses reconhecidas levaram fatalmente muitas famílias indígenas ao desespero
Era a realidade que se contrapunha ao SPI nos anos 60, uma vez que este órgão não
possuía servidores na área médico-sanitarista, mantendo alta a mortandade indígena no
pós-contato, como ocorreu com os índios Pakaa Nova (RO).No início do séc.
CRITICA DO RESENHISTA:
Na atualidade o Brasil compreende um território ao qual estão localizadas mais de
trezentas etnias indígenas, com uma gama sociocultural singular. A questão da presença
indígena não é recente, e por isso, fora tratada de diversificadas maneiras ao longo das
administrações governamentais desempenhadas pelos não indígenas durante estes cinco
séculos. O objetivo deste artigo é refletir sobre as políticas indigenistas adotadas ao longo
do processo histórico brasileiro. A metodologia utilizada é descritiva com o procedimento
metodológico de revisão de bibliografia. Como resultados constata-se que os indígenas
foram fundamentais no processo de colonização, mas que também foram vistos como
seres incivilizados aos quais deveriam ser tutelados pelo Estado. Outro desdobramento a
observar é que somente com a Constituição Federal de 1988 é reconhecida a presença
destes povos e permitido legalmente direitos básicos de viver sob sua ótica cultural
tradicional.
PUBLICO ALVO:
A obra tem como publico alvo os estudantes de licenciatura de diversas áreas e
profissionais da área de estudos indígenas assim como pesquisadores de outras áreas

Você também pode gostar