André Luís Carvalho - Caso 6 (HD)

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPERIOR

TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Mohamed, estrangeiro, casado, aposentado, portador do RG de nº _ e do CPF nº


_, endereço eletrônico _, residente e domiciliado _, nesta cidade, por seu advogado
infra-assinado, conforme procuração anexa, com escritório _, endereço que indica para
os fins do art. 77, V, do CPC, com fundamento nos termos do art. 5º, LXXII, da CF/88 e
da Lei 9.507/97, vem impetrar

HABEAS DATA

contra ato do Ministro da Segurança Nacional, vinculado ao Ministério da Segurança


Nacional, pessoa jurídica de direito público, com endereço _, endereço eletrônico _,
pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos:

I – DO CABIMENTO

A) Pertinência do objeto
O presente habeas data é cabível na medida em que, consoante o art. 5º, LXXII,
da CF/88 e o art. 7º, I, da Lei 9.507/97, houve recusa ao acesso de informações pessoais
acerca do impetrante constantes de registro de dados de entidade governamental, a
saber, o Ministério da Segurança Nacional.
O Superior Tribunal de Justiça é o foro competente para a apreciação do feito
vez que se trata de ato coator de Ministro de Estado, nos termos do art. 20, I, “b”, da Lei
9.507/97.

B) Informação personalíssima
Na dicção do art. 7º, I, da Lei 9.507/97, o caso dos presentes Autos refere-se a
informações relativas à pessoa do impetrante que constam, a princípio, no banco de
dados ou de registros do Ministério da Segurança Nacional, onde se teria a referência a
possível cometimento de atividade terrorista pelo impetrante.

C) Recusa administrativa
Como é possível depreender das provas pré-constituídas em anexo, o pedido
administrativo requerido pelo impetrante foi negado pelo Ministro da Segurança
Nacional, preenchendo-se o requisito do art. 8º, parágrafo único, da Lei 9.507/97.

D) Legitimidade
A legitimidade ativa do impetrante se perfaz na medida em que a informação a
cujo acesso foi negado se refere à pessoa do impetrante, em específico, a uma suposta
investigação por atividade terrorista na época em que morava no Brasil.
Já a legitimidade passiva do Ministro da Segurança Nacional reside na autoria
do ato que negou o acesso às informações pessoais do impetrante, conforme as provas
anexadas.

II – SÍNTESE DOS FATOS


Mohamed, cidadão estrangeiro, que residira durante aproximadamente 15 anos
no Brasil trabalhando na embaixada da Arábia Saudita e passara os últimos 20 anos de
sua vida no exterior, sem visitar o Brasil, decidiu, tendo em vista sua aposentadoria e ser
casado com uma brasileira, retornar ao Brasil, em princípio, de forma definitiva.
Após fixar residência em Brasília-DF, tomou iniciativa de rever os antigos
conhecidos, notadamente aqueles com que trabalhou nas relações diplomáticas. Ocorre
que, para sua surpresa, em conversa com esses colegas de longa data, foi informado de
“fofocas” e rumores de que o Ministério da Segurança Nacional – Ministério que possui
cadastros de todos os estrangeiros residentes no Brasil - o investigou por atividade
terrorista na época que morava no Brasil e por conta disso, ele (Mohamed), havia se
transferido para Arábia.
Indignado com esse boato, mas receoso de sua veracidade, Mohamed decidiu
averiguar a informação e apresentou um requerimento administrativo ao Ministério da
Segurança Nacional, solicitando cópia de todos os documentos de posse do referido
Ministério em que constasse o seu nome.
Dentro do prazo legal, Mohamed recebeu comunicado de uma decisão que
indeferia seu pedido, assinada pelo próprio Ministro da Segurança Nacional, em que
afirmava que o peticionário não teria direito a dados e registros protegidos por sigilo em
prol da segurança da sociedade e do Estado brasileiro.

III – FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A negativa administrativa ao acesso das informações pessoais do impetrante


configura grave violação ao princípio constitucional da publicidade e da legalidade, nos
termos do art. 37, caput, da CF/88, ao restringir acesso a informação personalíssima a
que seu titular tem direito de ter acesso, segundo o direito fundamental exposto no art.
5º, XXXIII, da CF/88, mas não apenas, conforme também o art. 7, II, da Lei 12.527/11.
Ora, ao contrário da justificativa dada pela autoridade coatora, não se trata de
informações imprescindíveis à segurança da sociedade e do Estado brasileiro porque o
impetrante nunca praticou qualquer ato que gerasse suspeitas acerca de sua conduta
profissional e proba que acumula desde que morou no Brasil. Prova disso é o seu
histórico limpo no tocante a atividades criminosas, nunca tendo se envolvido em
nenhum inquérito sequer, que dirá em condenações judiciais.
Desse modo, é imperioso que o impetrante tenho acesso às informações que lhe
dizem respeito pessoalmente e que constam em registro de dados do Ministério da
Segurança Nacional em razão de seu direito fundamental garantido pelo supracitado art.
5º, XXXIII, da CF/88.

V – DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer:


a) A notificação do coator, o Ministro da Segurança Nacional, para apresentar
informações no prazo de 10 dias, segundo o art. 9º da Lei 9.507/97;
b) A ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica
interessada;
c) A intimação do Ministério Público para manifestação, conforme o art. 12 da
Lei 9.507/97;
d) A procedência do pedido a marcar data e horário para que o coator apresente
ao impetrante as informações a seu respeito, constantes de registros ou banco
de dados, segundo o art. 13 da Lei 9.507/97;
e) A juntada das provas pré-constituídas a fim de provar a recusa
administrativa, consoante o art. 8º, I, da Lei 9.507/97.

VIII – DO VALOR DA CAUSA

Dá-se à causa o valor de R$ 1.000 (mil reais), nos termos do art. 292, I, do CPC.

Por fim, informa que a petição inicial é apresentada em duas vias com os
devidos documentos.

Termos em que pede deferimento.

Local, _ de _ de _

Advogado
OAB/_ nº _

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