Evolucionismo e Fixismo

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EVOLUÇÃO

Evolucionismo
e
Fixismo
FIXISMO
 Numa visão fixista as espécies são unidades
fixas e imutáveis que, num mundo igualmente
estático surgiram independentemente umas
das outras.

 Segundo o Criacionismo, as espécies foram


originadas por criação divina e, como tal, são
perfeitamente estáveis, mantendo-se fixas ao
longo dos tempos. Esta é uma teoria fixista.

 No final do século XVIII, o Criacionismo que até


então assumira um carácter dogmático, começa
a ser posto em causa.
CONTRIBUTOS PARA O EVOLUCIONISMO
Fixismo posto em causa
 Estudo sistemático das espécies actuais – iniciado por Lineu (séc. XVIII) ao desenvolver
um sistema de classificação dos seres vivos baseado na morfologia dos indivíduos. Lineu
foi um criacionista convicto mas os seus trabalhos contribuíram para o desenvolvimento
de ideias evolucionistas.

 Valorização do estudo dos fósseis – representam espécies que só aparecem em certos


estratos sedimentares e não existem na actualidade.
IDEIAS TRANSFORMISTAS

“Todos os animais provieram de um único animal que,


aperfeiçoando-se e degenerando, produziu, ao longo dos
tempos, todas as raças dos outros animais.”
“As espécies menos perfeitas, mais delicadas, menos activas,
menos armadas, já desapareceram ou vão desaparecer.”
Buffon, 1707 – 1788

“Vemos aparecer raças de cães, galinhas, etc. que não existiam na


Natureza. São inicialmente indivíduos fortuitos, que o acaso e
as gerações transformam em espécies.”
“Na combinação fortuita das produções da Natureza, só
subsistiram aquelas que apresentavam certas relações de
conveniência.”
Maupertuis, 1698 - 1759
Fixismo e evolucionismo.

Formas fósseis.
Fixismo e Evolucionismo
EVOLUCIONISMO
 No século XIX consolida-se a visão
evolucionista. Admite-se que as espécies se
alteram de forma lenta e progressiva ao
longo do tempo, originando outras espécies.

 Esta ideia alinha com uma percepção


dinâmica e transformista do mundo e resulta
de um vasto conjunto de contributos das
diversas áreas do conhecimento.

 A implantação definitiva das ideias


evolucionistas só foi possível com o
aparecimento de mecanismos explicativos
fundamentados e alicerçados em
argumentos claros.
EVOLUCIONISMO - Lamarck
Lamarck
Naturalista francês, é uma figura de referência na história do
evolucionismo sobretudo por ter sido o primeiro a
apresentar uma teoria explicativa coerente sobre os
mecanismos da evolução.

Jean-Baptiste de Monet
cavaleiro de Lamarck
1744-1829

“Os antepassados da girafa devem ter vivido em regiões desérticas, onde a erva era
rara. Assim, tiveram de tentar comer a ramagem das árvores; do esforço repetido
durante muito tempo para atingirem estas ramagens resultou, pouco a pouco, o
alongamento do seu pescoço (…) a girafa pode elevar a cabeça a 6m de altura.”
LAMARCKISMO - Leis de Lamarck
Lei do uso e do desuso
A necessidade cria o órgão apropriado e a função modifica-o, isto é, o
meio pode obrigar ao uso repetitivo de um órgão ou parte do corpo,
provocando o seu crescimento e desenvolvimento; ao contrário, a
falta de uso provocará a sua atrofia e até desaparecimento.

Lei da herança dos caracteres adquiridos


Os caracteres adquiridos, sob a acção modificadora
do meio e pelo uso e não uso dos órgãos, são
transmitidos às gerações seguintes.
Lamarckismo
1- Lamarck considerava que as alterações do ambiente e a necessidade
dos indivíduos seriam as causas responsáveis pela evolução.

2-”…uma ave é obrigada a viver em regiões inundadas ou transformadas


em lagos (…) faz esforços para este fim”. “À força de esforços
repetidos durante gerações, esta pele desenvolver-se-ia
lentamente…”

3- Lei do uso e do desuso:”…faz esforços para este fim; por isso ,afasta
os dedos e a pele que une a base destes adquire o hábito de se
distender.”
Lei dos caracteres adquiridos;”… as plantas transmitiram aos
descendentes as características que tinham adquirido para reter
água.”
4- Na tentativa de atingirem ramos de árvores mais altos para se
alimentarem, as girafas esticaram-se no sentido de esticarem o seu
pescoço o mais possível. Este uso continuado conduziu ao seu
desenvolvimento (lei do uso e do desuso). A característica vai ser
transmitida de geração em geração ( lei da transmissão dos caracteres
adquiridos).

5- Os membros das cobras constituíam uma dificuldade para a sua


deslocação entre vegetação densa ou aberturas estreitas. O facto de
não usarem os membros conduziu à sua atrofia e desaparecimento
(lei do uso e do desuso).

6- Os descendentes deveriam herdar as características transmitidas


pelo seu progenitor e , assim, apresentarem músculos desenvolvidos
(lei da transmissão dos caracteres aduiridos)
Weismann e a sua experiência.
EVOLUCIONISMO - Darwin
 Darwin
Naturalista inglês, desenvolveu a teoria evolucionista mais credível para explicar
a origem das espécies.

Recolheu dados e informações ao longo de mais de 20 anos, com destaque


para a sua viagem à volta do mundo, a bordo do Beagle (1831), com passagem
pelas ilhas Galápagos.

Charles R. Darwin,
1809 – 1882
• Publicou em
1859 o livro “On
the origin of
Species by Means
of Natural
Selection”

H.M.S. BEAGLE
Fundamentos do darwinismo - Geologia

 Influência da Geologia
A personalidade que mais influenciou Darwin foi Lyell.
Princípios deste geólogo que influenciaram Darwin:
- As leis naturais são constantes no espaço e no tempo; Charles Lyell
1797- 1875
- Deve-se explicar o passado a partir do presente;
- Na longa história da Terra ocorreram mudanças
geológicas lentas e graduais.
Durante a viagem, Darwin observou ainda numerosos
fósseis e descobriu nos Andes, a milhares de metros de
altitude, conchas de animais marinhos em rochas.
Fundamentos do darwinismo - Biogeografia
 Influência da Biogeografia
Darwin apercebeu-se da imensa biodiversidade,
dos padrões comuns de vida, das diferenças
ambientais, das adaptações dos seres vivos, das
migrações e interpretou casos concretos de
evolução como os tentilhões e tartarugas das
Ilhas Galápagos.
Fundamentos do darwinismo - Biogeografia
TENTILHÕES DE DARWIN
Fundamentos do darwinismo - Biogeografia

TENTILHÕES DE DARWIN
Fundamentos do darwinismo – Crescimento
populacional
O papel do Malthusianismo
Segundo Malthus, a população humana tende a crescer para
além das possibilidades do meio, sendo limitada por
factores externos, como a disponibilidade de alimento e a
propagação de doenças.
T. Malthus
1766 - 1834

Darwin aplicou estas ideias às populações animais


apercebendo --se da sua luta pela sobrevivência.
Fundamentos do darwinismo – Seleção artificial

Seleção artificial
Como criador de pombos, Darwin
apercebeu-se de que o Homem era capaz
de seleccionar, para reprodução, indivíduos
com características desejáveis.

Ao fim de algumas gerações,


os descendentes obtidos são
diferentes dos seus ancestrais.
Fundamentos do darwinismo – Seleção artificial
Como evoluem as espécies por selecção natural ?
Alguns pontos fundamentais da Teoria de
Darwin
 Os seres vivos da mesma população apresentam variações entre si
(variabilidade intraespecífica);
 As populações têm tendência a crescer em progressão geométrica, no entanto
o número de indivíduos não se altera muito de geração em geração (teoria de
Malthus). Assim, em cada geração é eliminado um grande número de
indivíduos (luta pela sobrevivência), devido à competição pelo alimento,
pela capacidade de fuga aos predadores, etc…
 Só sobrevivem os que estiverem mais bem adaptados, isto é, os que possuírem
características mais aptas, sendo os restantes eliminados. Existe, pois, uma
seleção natural, processo que ocorre na natureza e pelo qual só os
indivíduos mais bem dotados relativamente a determinadas condições do
ambiente sobrevivem – “sobrevivência do mais apto”.
 Os indivíduos mais bem adaptados vivem durante mais tempo e reproduzem-
se mais, transmitindo as suas característica à descendência, enquanto os
menos adaptados deixam menos descendência (reprodução diferenciada).
Darwinismo
Darwinismo
Limitações da Teoria Darwinista

 A Teoria Darwinista ainda hoje é aceite nas suas linhas


gerais, no entanto, revelou-se uma teoria incompleta:

- Não explica a variabilidade intraespecífica dentro das


populações;

- O conceito de “o mais apto” é relativo e temporal. É


relativo, pois uma característica pode ser favorável a uma
população e desfavorável a outra, e é temporal, as
condições do meio podem mudar e nessa altura as
características mais favoráveis deixam de o ser.
Lamarckismo

A escassez de alimento criou a necessidade das girafas chegarem


a ramos mais altos;

as girafas de tanto de esforçarem e esticaram o pescoço, este


ficou cada vez maior (lei do uso e do desuso);

esta característica foi sendo transmitida aos seus descendentes – lei


da herança dos carateres adquiridos;

ao longo do tempo,as girafas apresentam todas pescoço longo.


Darwinismo

Numa população de girafas havia girafas de pescoço longo e


girafas de pescoço curto - variabilidade intraespecífica;

perante uma mudança de ambiente (escassez de alimento)


estabelecia-se entre elas uma “luta pela sobrevivência”, estando
as girafas de pescoço longo melhor adaptadas nesse ambiente;

verifica-se, deste modo uma seleção natural em que apenas os


mais aptos sobrevivem – sobrevivência do mais apto;

os indivíduos melhor adaptados sobrevivem durante mais tempo e


reproduzem-se mais, transmitindo as características aos seus
descendentes – reprodução diferencial, enquanto os menos aptos
vão sendo progressivamente eliminados;

a longo prazo todos os indivíduos da população de girafas irão


apresentar pescoço longo.
Argumentos do evolucionismo
Anatomia comparada
Grau de semelhança dos caracteres
morfológicos

Animais aparentemente diferentes apresentam semelhanças


anatómicas,
Sugerem…
Existência de um ancestral comum
Anatomia comparada

Estruturas homólogas, são


estruturas que apresentam
uma origem embrionária
idêntica, possuem idêntica
organização estrutural e
idêntica posição relativa,
podendo desempenhar
funções diferentes.
Anatomia comparada

EVOLUÇÃO DIVERGENTE

Verifica-se a divergência de organismos a partir de um grupo ancestral


comum que, pode ter colonizado diferentes habitats e, por isso, sofreu
Pressões seletivas distintas.
Anatomia comparada
• As estruturas homólogas permitem construir séries filogenéticas, que
traduzem a evolução dessas estruturas em diferentes organismos

Séries filogenéticas progressivas – os órgãos homólogos apresentam uma


complexidade crescente. A partir de um órgão ancestral simples foram
surgindo órgãos cada vez mais complexos. Ex. sistema nervoso e coração dos
vertebrados.
Anatomia comparada
Séries filogenéticas regressivas - os órgãos homólogos tornam-
se, progressivamente, mais simples. A partir de um órgão
ancestral mais complexo foram surgindo órgãos cada vez
mais rudimentares. Ex. membros dos cavalos, membros das
serpentes.
Anatomia comparada

Estruturas análogas
Apresentam origem embriológica diferente, são anatomicamente diferentes
apresentando funções semelhantes em ambientes semelhantes, mas não
evidenciam parentesco.
Anatomia comparada
EVOLUÇÃO CONVERGENTE
Indivíduos de diferentes grupos, com origens distintas, colonizaram
ambientes semelhantes, onde estiveram sujeitos a pressões seletivas
idênticas.
Apresentam estruturas que desempenham funções semelhantes.
Anatomia comparada

 Estruturas homólogas
São estruturas que apresentam uma
origem embrionária idêntica,
possuem idêntica organização
estrutural e idêntica posição relativa,
podendo desempenhar funções
diferentes. Descendem por
evolução divergente de um  Estruturas análogas
ancestral comum. Apresentam origem embriológica
diferente, são anatomicamente
diferentes apresentando funções
semelhantes em ambientes
semelhantes, mas não evidenciam
parentesco. Surgem por evolução
convergente e ilustram o efeito
adaptativo da selecção natural.
Anatomia comparada
Estruturas vestigiais
Estruturas atrofiadas, com função não evidente sem
importância fisiológica num determinado grupo de seres
vivos, enquanto que noutros grupos são desenvolvidos e
funcionais.
Anatomia comparada

Membrana
nictitante da
galinha

Estas estruturas evidenciam que, contrariamente, ao que defendem os fixistas, os


indivíduos de uma dada espécie não se mantiveram imutáveis, mas foram-se
alterando ao longo do tempo sendo seleccionados de acordo com as condições
ambientais.
Argumentos paleontológicos
Dados que melhor apoiam o evolucionismo!

 Fósseis
Os fósseis, ao revelarem
espécies inexistentes
actualmente, contrariam a
ideia da sua imutabilidade e
apoiam o evolucionismo.
Argumentos paleontológicos

Archaeoptéryx
Forma de transição entre as aves e
os répteis actuais. Era do tamanho
de um pombo. Terá vivido há 150
milhões de anos.
Argumentos paleontológicos

Pteridospérmica
Espécie Medullosa moei com cerca de
cinco metros de altura e cujas
sementes se ligavam às folhas. Terá
existido há 350 M.A.
Argumentos paleontológicos

Ictyostega
Peixe com patas, com
barbatana dorsal e com
pulmões primitivos, pelo
que é considerado uma
forma intermédia entre os
peixes e os anfíbios.
Argumentos paleontológicos

A descoberta de séries completas de fósseis ilustram modificações graduais


sofridas ao longo do tempo (amonites, elefantes, cavalos, …) e ajudam a construir
árvores filogenéticas.
Argumentos citológicos

 Teoria Celular (Schleiden e Schwann - 1839)


Todos os organismos são constituídos por células sendo a célula
a unidade estrutural e funcional, com vias metabólicas idênticas
em seres vivos muito diferentes. Isto indica uma origem
comum.
Argumentos embriológicos

O estudo comparativo do desenvolvimento embrionário de Peixes, Anfíbios, Répteis, Aves


e Mamíferos permite verificar que os embriões são muito semelhantes nas primeiras
etapas desse desenvolvimento, contudo, nas etapas seguintes as diferenças vão-se
acentuando.
Argumentos Bioquímicos

Consideram-se fortes argumentos a favor de uma origem


comum para todos os seres vivos os seguintes factos:

-A constituição de todos os organismos pelo mesmo tipo de


biomoléculas ( prótidos, lípidos, glícidos, ácidos nucleicos,
água…);

-A intervenção do DNA e do RNA no mecanismo global de


produção de proteínas;

-A universalidade do código genético que coordena a síntese


proteica.
Argumentos Bioquímicos
Hibridação do DNA
Nesta técnica misturam-se cadeias
de DNA desenroladas de espécies
diferentes. Espera-se que o
emparelhamento entre as cadeias de
espécies diferentes ocorra. Quanto
mais rápida for a formação de
moléculas híbridas e quanto maior
for a quantidade de bases
complementares emparelhadas, mais
próximas serão as espécies do ponto
de vista filogenético.
Neodarwinismo – T. Sintética da
Evolução
 Neodarwinismo- reformulação do darwinismo à luz dos
conhecimentos da Genética.

 Questões não esclarecidas pelo darwinismo:


 Como surge uma variação?
 Como é transmitida uma variação hereditária?
Neodarwinismo

Neodarwinismo – Teoria Sintética da Evolução


Como surge uma variação?
 Mutações - alterações génicas (na sequência
nucleotídica) ou cromossómica (na disposição
dos genes ou no número de cromossomas). Se
forem viáveis e favoráveis, sendo transmissíveis
constituem uma fonte primária de
variabilidade genética.

 Recombinação genética – a reprodução


sexuada contribui para aumentar a variabilidade
através da meiose (crossing-over e separação
aleatória de cromossomas homólogas) e da
fecundação (união aleatória dos gâmetas).
Neodarwinismo

Selecção natural e genética


A selecção natural não actua sobre genes isoladamente mas sim sobre indivíduos
com toda a sua carga genética.

Os indivíduos portadores dos conjuntos génicos mais


favoráveis (determinantes de características vantajosas)
sobrevivem mais tempo e originam maior descendência
(reprodução diferencial), tornando mais frequentes os
seus genes.
Neodarwinismo

POPULAÇÃO COMO UNIDADE EVOLUTIVA

Conjunto de indivíduos da A evolução ocorre ao nível da população


mesma espécie, que vive
num determinado local e ao
mesmo tempo.
Os indivíduos com características mais
vantajosas serão seleccionados em relação
a outros menos favorecidos
Neodarwinismo

Numa determinada população existe variabilidade genética devido à


ocorrência de mutações e recombinação génica resultante da
reprodução sexuada (meiose/crossing-over e separação aleatória
dos homólogos e fecundação levando ao aparecimento de indivíduos
com características diferentes.

perante uma mudança de ambiente estabelece-se entre eles uma “luta


pela sobrevivência” verificando-se, deste modo, uma seleção natural
em que apenas os mais aptos sobrevivem – sobrevivência do mais
apto;

Os indivíduos portadores dos conjuntos génicos mais favoráveis


(determinantes de características vantajosas) sobrevivem mais tempo e
originam maior descendência (reprodução diferencial), tornando
mais frequentes os seus genes.
Neodarwinismo

 Fundo genético e evolução

Fundo genético – conjunto de


todos os genes presentes numa
população num dado momento.

Evolução – Actualmente define-


se evolução como uma mudança
no fundo genético das
populações.

A POPULAÇÃO É A UNIDADE
EVOLUTIVA
Neodarwinismo
FACTORES DE EVOLUÇÃO

 Mutações

 Migrações

 Deriva Genética

 Cruzamentos ao Acaso

 Selecção Natural
Darwinismo – Selecção Natural

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