SENAR-Cafés Formacao Da Lavoura

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Coleção SENAR 188

Café: formação
da lavoura
Presidente do Conselho Deliberativo
João Martins da Silva Junior

Entidades Integrantes do Conselho Deliberativo


Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA
Confederação dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG
Ministério do Trabalho e Emprego - MTE
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA
Ministério da Educação - MEC
Organização das Cooperativas Brasileiras - OCB
Confederação Nacional da Indústria - CNI

Diretor Executivo
Daniel Klüppel Carrara

Diretora de Educação Profissional e Promoção ocial


Andréa Barbosa Alves
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural

188
Coleção SENAR

Café: formação
da lavoura

SENAR – Brasília, 2017


© 2017, SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL – SENAR

Todos os direitos de imagens reservados. É permitida a reprodução do


conteúdo de texto desde que citada a fonte.

A menção ou aparição de empresas ao longo dessa cartilha não implica que


sejam endossadas ou recomendadas por essa instituição em preferência a
outras não mencionadas.

Coleção SENAR - 188


Café: formação da lavoura

COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE MATERIAIS INSTRUCIONAIS


Bruno Henrique B. Araújo

EQUIPE TÉCNICA
José Luiz Rocha Andrade / Marcelo de Sousa Nunes / Valéria Gedanken

FOTOGRAFIA

Luiz Clementino

AGRADECIMENTOS

Ao produtor Francisco Andrade Silva (Fazenda Santa Edwirges), a Inovacafé


(UFLA), a Fundação PROCAFÉ, a Fazenda São Sebastião, a Fazenda São José,
ao produtor Vagner Teixeira Reis (Fazenda São José), a Fazenda Campestre, a
Fazenda Chamusca, a Fazenda Santa Helena, a Fazenda Padre Vitor e a Fazenda
Mata Virgem,
por disponibilizarem as instalações, equipamentos e funcionários para a produ-
ção fotográfica.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural.


Café: formação da lavoura/ Serviço Nacional de Aprendizagem
Rural (SENAR). — 1. ed. Brasília: SENAR, 2017.
92 p. il.

ISBN 978-85-7664 -157-5

1. Café 2. Formação da lavoura. I. Serviço Nacional de Aprendizagem


Rural (SENAR) II. Título.
CDU - 633.73
Sumário
Apresentação.................................................................................................5

Introdução......................................................................................................7

I. Escolher a área...........................................................................................8
1. Conheça o mercado consumidor........................................................8
2. Faça um estudo prévio da disponibilidade de recursos
financeiros.............................................................................................. 9
3. Conheça a infraestrutura e logística da região.................................9
4. Verifique a disponibilidade de mão de obra da região..................10
5. Considere os aspectos ambientais e climáticos da região............10
6. Considere os aspectos agronômicos na escolha da área.............11
7. Conheça os consórcios com outras atividades agrícolas..............14

II. Escolher a espécie e as variedades que serão cultivadas.................16

III. Definir o sistema de plantio.................................................................19


1. Conheça o sistema de lavouras abertas..........................................19
2. Conheça o sistema de lavouras adensadas....................................21

IV. Obter as mudas de café........................................................................23

V. Preparar a área e realizar o plantio.....................................................24


1. Limpe e uniformize a área.................................................................24
2. Defina a localização dos talhões de café e dos carreadores........27
3. Construa os terraços...........................................................................28
4. Defina as linhas de plantio da lavoura.............................................29
5. Faça a amostragem do solo...............................................................30
6. Corrija o solo........................................................................................36
7. Prepare o sulco ou a cova para plantio............................................41
8. Faça o plantio das mudas ..................................................................50

VI. Conduzir a lavoura em formação.......................................................62


1. Controle as plantas daninhas............................................................62
2. Controle as pragas...............................................................................70
COLEÇÃO SENAR • Nº 188

3. Controle as doenças............................................................................77
4. Faça a adubação de cobertura..........................................................83
5. Faça a desbrota....................................................................................85
6. Faça o uso de quebra-ventos.............................................................86
7. Faça o replantio....................................................................................87
8. Faça a irrigação de salvamento.........................................................88

Considerações Finais..................................................................................89

Referências...................................................................................................91

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5

Apresentação

O elevado nível de sofisticação das operações agropecuárias definiu


um novo mundo do trabalho, composto por carreiras e oportunida-
des profissionais inéditas, em todas as cadeias produtivas.

Do laboratório de pesquisa até o ponto de venda no supermercado,


na feira ou no porto, há pessoas que precisam apresentar competên-
cias que as tornem ágeis, proativas e ambientalmente conscientes.

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) é a escola que


dissemina os avanços da ciência e as novas tecnologias, capacitando
homens e mulheres em cursos de Formação Profissional Rural e Pro-
moção Social, por todo o país. Nesses cursos, são distribuídas cartilhas,
material didático de extrema relevância por auxiliar na construção do
conhecimento e constituir fonte futura de consulta e referência.

Conquistar melhorias e avançar socialmente e economicamente é o


sonho de cada um de nós. A presente cartilha faz parte de uma série
de títulos de interesse nacional que compõem a coleção SENAR. Ela
representa o comprometimento da instituição com a qualidade do
serviço educacional oferecido aos brasileiros do campo e pretende
contribuir para aumentar as chances de alcance das conquistas a
que cada um tem direito.

Um excelente aprendizado!

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural

www.senar.org.br

Café: formação da lavoura


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7

Introdução

A cafeicultura é uma das atividades mais representativas do agro-


negócio nacional, com grande relevância do ponto de vista social e
econômico, nas regiões onde está instalada.

O Brasil lidera a produção e a exportação de café verde no mundo,


além de ser um dos maiores consumidores da bebida.

No país, são cultivadas duas espécies de café: a arábica e a conilon.


A maior produção é representada pela espécie arábica, com 76% da
produção nacional. As lavouras são perenes e estão localizadas principal-
mente nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo. A espé-
cie conilon, também perene, representa 24% da produção e é cultivada
principalmente nos estados do Espírito Santo, Rondônia e Bahia.

Em função de um mercado cada vez mais competitivo, é importante


que o produtor conheça bem o empreendimento para garantir sus-
tentabilidade econômica, social e ambiental. Antes de decidir pela
cafeicultura, deve ser feita uma análise do mercado, da viabilidade
financeira da atividade e se região possui condições de solo, clima e
logística compatíveis com o negócio. Além disso, é importante verifi-
car se há possibilidade de se associar a grupos de produtores locais,
com o objetivo de reduzir custos, facilitar a comercialização e, conse-
quentemente, aumentar a rentabilidade.

Esta cartilha fornece as principais informações para orientar o pro-


dutor sobre a formação da lavoura do café. Auxilia na escolha da
espécie e das variedades, com demonstrações em sequência de ope-
rações envolvidas no preparo da área, na implantação e na condução
da lavoura de café em formação.

Café: formação da lavoura


I Escolher a área

Para a escolha da área, é de extrema importância ter o conhecimen-


to prévio dos aspectos sociais e econômicos da região onde será im-
plantada a lavoura de café.

1. Conheça o mercado consumidor

O café é um produto predominantemente comercializado em gran-


de escala, in natura, no mercado nacional e internacional. Por ser
uma commodity, tem os preços regulados a nível internacional, com
pequenas variações nacionais.

A espécie arábica é caracterizada por possuir uma bebida de me-


lhor qualidade. Assim, possui um maior valor de comercialização,
além de possibilitar o acesso a mercados diferenciados, como o
de cafés especiais.

O conilon possui uma bebida neutra e com maior teor de cafeína,


sendo muito demandado pela indústria de café solúvel e usado na
composição de misturas, comumente chamadas de blends, com o
café arábica.

A comercialização do café, normalmente, é feita por meio de inter-


mediários, que fazem a ligação entre os produtores e a indústria, que
por sua vez repassa para o mercado consumidor final. Procure e co-
nheça as cooperativas, associações ou grupos de agricultores da re-
gião, para facilitar a venda do seu produto e a aquisição de insumos.

8
9

Existe também a possibilidade de investir em uma marca própria de


café industrializado, agregando valor ao produto e vendendo direta-
mente para o consumidor.

2. Faça um estudo prévio da disponibilidade


de recursos financeiros

A implantação e a condução de uma lavoura de café demandam


uma grande disponibilidade de recursos financeiros. Faça um pla-
nejamento prévio da necessidade de desembolso e do retorno do
investimento, visto que a primeira receita significativa virá dois anos
e meio após o plantio. O controle do fluxo de caixa (movimento de
receitas e despesas da lavoura de café em um determinado perío-
do, como a safra) é fundamental para a sustentabilidade financeira
da propriedade e do produtor.

Atenção

O ideal é que o produtor faça um plano de negócios da atividade.

3. Conheça a infraestrutura e logística da região

3.1. Verifique a disponibilidade de meios de transporte

Observe se na região onde será implantada a lavoura possui a estru-


tura logística para escoar a produção, assim como para transportar
os insumos e materiais necessários para o desenvolvimento da ativi-
dade cafeeira.

Café: formação da lavoura


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3.2. Verifique a disponibilidade de apoio técnico

O acesso à assistência técnica de qualidade e aos polos tecnológicos


é de grande importância para o sucesso da atividade, por isso, consi-
dere estes aspectos na escolha da região.

3.3. Faça o levantamento de fornecedores de


insumos e equipamentos

A cafeicultura é uma atividade que demanda uma grande quantida-


de e variedade de insumos e equipamentos. É importante conhecer
os estabelecimentos mais próximos de sua propriedade, que oferta-
rão esses produtos e serviços.

4. Verifique a disponibilidade de mão de


obra da região

Basicamente existem dois tipos de cafeicultura: de montanha -


que é instalada em locais onde não é possível a mecanização e
por isso demanda grande quantidade de mão de obra; e a meca-
nizada - que demanda menor quantidade de mão de obra, porém
com maior qualificação. É preciso considerar em qual das duas
situações o empreendimento se enquadra e avaliar se a região
atende suas necessidades.

5. Considere os aspectos ambientais e


climáticos da região

Procure os órgãos ambientais competentes com o objetivo de se


informar sobre a legislação vigente para a região. É importante ter

10
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cuidado para não formar lavouras em áreas de reserva legal, pre-


servação permanente e proteção ambiental, além de verificar qual
a temperatura média, o volume de chuvas e a altitude ideal para a
espécie de café que será cultivada.

6. Considere os aspectos agronômicos na


escolha da área

6.1. Conheça a topografia

Dê preferência a terrenos com até 20% de declividade, pois permi-


tem a mecanização total da lavoura, facilitando os tratos e reduzindo
os custos. Declividades acima de 20% limitam a mecanização, espe-
cialmente na etapa de colheita, dificultando o manejo das lavouras,
consequentemente, aumentando os custos. Terrenos com mais de
50% de declividade, caso possível, devem ser evitados.

6.2. Conheça o solo

Os solos para a cafeicultura devem ser profundos, bem drenados,


com teor de argila entre 15% e 50%, sem impedimentos físicos como
pedras, cascalhos e outros.

6.3. Verifique a disponibilidade de água

A água é um insumo fundamental na cafeicultura. É utilizada para


irrigação complementar na formação da lavoura, nas pulverizações,

Café: formação da lavoura


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aplicações de agrotóxicos e em irrigação em áreas marginais (com


índice pluviométrico abaixo da média), além de ser usada de forma
opcional em alguns processos de pós-colheita.

Por essas e outras razões, é necessário observar se há disponibilida-


de e fácil acesso à água e analisá-la, verificando a sua qualidade para
a utilização no empreendimento.

6.4. Verifique o acesso à área

As formas de acesso à área devem ser observadas com cuidado. Es-


colha áreas com maior facilidade de acesso e que favoreçam o trans-
porte e a movimentação. Pois, durante todas as fases do empreendi-
mento, ocorrerá um grande trânsito de pessoas, veículos, máquinas,
insumos e do próprio produto.

6.5. Examine a linha de geada

As geadas são eventos climáticos que provocam o congelamento das


plantas e podem acarretar grandes prejuízos à lavoura de café. Em
casos extremos, causam a morte dos cafeeiros. Esse fenômeno é for-
mado pelo acúmulo de ar frio intenso nas partes mais baixas dos
terrenos e através de ventos gelados nas faces expostas ao mesmo.

Ao implantar a lavoura de café, observe se no entorno da área existe


uma limitação de altitude nos plantios de culturas susceptíveis a gea-
da, como o próprio café. Verifique o histórico do local para saber qual
o risco de incidência das geadas.

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Plantio de café limitado à linha de geada

Lavoura de café queimada pela geada

Atenção

Assim como a delimitação da linha de geada, é recomendável que


as áreas abaixo das lavouras de café possuam fácil escoamento
para o ar frio.

Café: formação da lavoura


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6.6. Examine a face do terreno

Prefira, caso a topografia permita, terrenos com face leste-oeste, que


possuam melhor distribuição da insolação sobre planta ao longo do
dia, permitindo um ligeiro aumento de produtividade e um menor
ataque de pragas e de doenças.

Terrenos situados na face norte-sul, por sua vez, provocam escalda-


duras de um lado da planta por excesso de insolação e autossombre-
amento do outro lado pela pouca luminosidade, provocando doen-
ças e resultando em menor produtividade.

7. Conheça os consórcios com outras


atividades agrícolas

Caso tenha interesse de investir em outra fonte de renda, faça um es-


tudo de mercado e considere a possibilidade de consórcio da lavoura
cafeeira com outras culturas agrícolas, como grãos, espécies frutífe-
ras e florestais e com a criação de animais que possuam hábitos que
não prejudiquem a lavoura de café.

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Lavoura nova de café consorciada com feijão nas entrelinhas

Café: formação da lavoura


Escolher a espécie e as
II variedades que serão
cultivadas

Após serem observados todos os fatores envolvidos na escolha do


local onde será implantada a lavoura de café, escolha qual a espé-
cie e as variedades que ele irá plantar. Abaixo estão relacionadas as
principais características das duas espécies mais cultivadas no Brasil:

• Café arábica

Os principais estados que cultivam a espécie arábica são Minas Ge-


rais, Espírito Santo e São Paulo. Possui melhor desenvolvimento em
áreas com clima mais ameno, sendo a temperatura média ideal en-
tre 19°C e 22°C. Áreas com temperaturas médias entre 18°C e 19°C
e entre 22°C e 23°C são consideradas marginais, sendo necessário
um acompanhamento técnico mais detalhado. Adapta-se melhor em
altitudes superiores a 800 m, necessitando de pelo menos 1.200 mm
de chuva por ano.

• Café conilon

Os principais estados que cultivam a espécie conilon são Espírito


Santo, Rondônia e Bahia. Possui melhor desenvolvimento em áre-
as com clima mais quente, sendo a temperatura média ideal entre
22°C e 26°C. Áreas com temperaturas médias abaixo de 22°C, assim
como acima de 26°C, são consideradas marginais, sendo necessário
um acompanhamento técnico mais detalhado. Adapta-se melhor em
altitudes inferiores a 800 m, necessitando de pelo menos 900 mm de
chuva por ano.

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Atenção

Caso a região não proporcione os índices pluviométricos


necessários para a espécie escolhida, é considerada marginal e
necessita de complementação via irrigação.

Faça a opção entre a espécie arábica ou conilon, definindo as varieda-


des a serem plantadas de acordo com suas necessidades e condições
locais. Busque o auxílio de um técnico especializado e com experiência
prática na região, para a escolha das cultivares que mais se adaptam
ao seu caso específico. Procure um equilíbrio entre fatores, como: pro-
dutividade; qualidade; susceptibilidade a pragas e doenças e diferen-
tes maturações, objetivando escalonar a colheita; entre outros.

O Quadro 1 resume as variedades mais utilizadas na atualidade para


o café arábica e o Quadro 2 para o café conilon.

Quadro 1. Variedades café arábica


Arquitetura Cor dos Maturação
Variedade Porte Vigor
das plantas frutos dos frutos

Catuaí Tardia e
Baixo Alto Cilíndrica Vermelha
Vermelho desuniforme

Catuaí Tardia e
Baixo Alto Cilíndrica Amarela
Amarelo desuniforme

Mundo Cilíndrica a Média e


Alto Muito alto Vermelha
Novo cônica uniforme

Cilíndrica a Precoce e
Acaiá Alto Muito alto Vermelha
cônica uniforme

Tardia e
Topázio Baixo Alto Cilíndrica Amarela
desuniforme

Tardia e
Rubi Baixo Alto Cilíndrica Vermelha
desuniforme

Continua...

Café: formação da lavoura


COLEÇÃO SENAR • Nº 188

Continuação

Quadro 1. Variedades café arábica


Arquitetura Cor dos Maturação
Variedade Porte Vigor
das plantas frutos dos frutos

Precoce e
IAPAR 59 Baixo Médio Cilíndrica Vermelha
desuniforme

Icatu Tardia e
Alto Alto Cilíndrica Vermelha
Vermelho uniforme

Icatu Precoce e
Alto Alto Cilíndrica Amarela
Amarelo uniforme

Média a
Catucaí Cilíndrica a
Baixo Alto Vermelha tardia e
Vermelho cônica
desuniforme

Média a
Catucaí Cilíndrica a
Baixo Alto Amarela tardia e
Amarelo cônica
desuniforme

Bourbon Precoce e
Alto Baixo Cilíndrica Vermelha
Vermelho uniforme

Bourbon Precoce e
Alto Baixo Cilíndrica Amarela
Amarelo uniforme

Quadro 2. Variedades de café conilon


Maturação Tamanho médio
Variedades Clones Vigor
dos frutos de peneira

Diamante ES
9 Alto Precoce 14
8112

ES 8122 -
9 Alto Intermediária 15
Jequitibá

Centenária
9 Alto Tardia 14
ES8132

Emcapa 8141
– Robustão 10 Alto Intermediária 15
Capixaba

Emcaper 8151
– Robusta Sementes Alto Desuniforme 15
Tropical

Vitória – Precoce e
13 Alto 13
Incaper 8142 uniforme

18
Definir o sistema
III de plantio

Os sistemas de plantio variam basicamente em função do número


de plantas por área e do seu arranjo espacial (distribuição e posi-
cionamento) no terreno, sendo mais comumente classificados como
lavouras abertas e adensadas.

1. Conheça o sistema de lavouras abertas

São lavouras com maior espaçamento entre as ruas de café e com


distância reduzida entre as plantas na linha de plantio, facilitando a
mecanização dos tratos culturais, permitindo maior insolação e redu-
zindo a necessidade de podas.

No café arábica são utilizados espaçamentos entre plantas que vão


de 0,5 m a 0,8 m na linha de plantio, por larguras que variam de
3,5 m a 4 m entre as ruas, resultando em populações que de 3 mil
a 5 mil plantas por hectare. As variedades de porte baixo como os
Catuaís, em função da menor necessidade de podas, são mais com-
patíveis a esse sistema, embora sirva para todas as variedades.

Para o café conilon, o sistema aberto é o que consiste em espaça-


mentos em torno de 1 m a 1,5 m entre plantas na linha de plantio,
por cerca de 3 m entre as ruas, resultando em populações com apro-
ximadamente 3 mil plantas por hectare.

Esse sistema é mais utilizado em projetos de média e grande escala


que necessitam do manejo mecanizado para sua viabilidade.

Café: formação da lavoura


Arábica - 3,5 a 4 metros

Conilon - 3 metros

Arábica - 0,5 a 0,8 metros

Conilon - 1 a 1,5 metros

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2. Conheça o sistema de lavouras adensadas

São lavouras com espaçamento reduzido na linha de plantio e entre


as ruas de café resultando, normalmente, em maiores produtivida-
des, maior facilidade no controle de plantas daninhas em função do
autossombreamento e na maior necessidade de podas.

No café arábica, o adensamento é feito por espaçamentos que vão de


0,5 m a 0,8 m na linha de plantio por larguras de 2 m a 3,2 m entre
as ruas, resultando em populações de 5 mil a 10 mil plantas/ha. Varie-
dades de porte alto, como o Mundo Novo, apesar de provocarem um
fechamento mais rápido das ruas pelo maior crescimento das plantas,
são muito vigorosas e possuem grande resposta às sucessivas podas
que o sistema exige, sendo as mais compatíveis a essa forma de plantio.

Para o café conilon, o sistema adensado é o que consiste em espaça-


mentos em torno de 1 m entre plantas na linha de plantio por cerca
de 2 m entre as ruas, resultando em populações com aproximada-
mente 5 mil plantas por hectare.

Arábica - 2 a 3,5 metros

Conilon - 2 metros

Café: formação da lavoura


COLEÇÃO SENAR • Nº 188

Arábica - 0,5 a 0,8 metros

Conilon - 1 metro

Esse sistema é mais indicado aos produtores de menor escala que


necessitam de maior produção por área e que têm disponibilidade
de mão de obra. Este manejo limita bastante a mecanização dos tra-
tos culturais e da colheita em determinadas situações.

Atenção

O adensamento pode ser recomendado também para áreas


montanhosas de café arábica, com o intuito de realizar o manejo de
safra zero, que visa eliminar uma safra baixa para gerar uma grande
produção no ano seguinte, facilitando e barateando a colheita manual.

22
IV Obter as mudas de café

O produtor pode comprar as mudas prontas de viveiristas e de ou-


tros produtores de café ou optar por produzi-las em sua proprie-
dade, para reduzir custos de produção e de transporte, além de ter
maior controle sobre a quantidade e a qualidade dos insumos utili-
zados no processo.

Em qualquer uma das duas situações, de compra ou de produção,


certifique-se da qualidade das mudas, que devem possuir de 4 a 6
pares de folhas definitivas, serem livres de pragas e doenças, bem
nutridas e estarem aclimatadas ao sol.

Café: formação da lavoura


Preparar a área e realizar
V
o plantio

1. Limpe e uniformize a área

A limpeza consiste na eliminação da vegetação não lenhosa anterior


e na eliminação de obstáculos como pedras, tocos e paus, que pos-
sam dificultar o plantio e/ou o manejo da lavoura.

A uniformização é a operação que consiste em deixar o terreno o


mais homogêneo possível através do nivelamento da topografia e do
enchimento de covas e buracos na área, entre outros.

Atenção

Em áreas anteriormente ocupadas por lavouras de café, é


recomendável um período de descanso do terreno, para a
implantação de uma nova lavoura, para reduzir a infestação de
pragas e doenças no local.

Alerta Ecológico

1. Na limpeza da área, deve ser observada a legislação ambiental.


Tome cuidado para não desmatar áreas de preservação
permanente, proteção ambiental, reserva ecológica, entre outras.

2. Durante a uniformização do terreno observe o tipo de solo


e a sua declividade, para evitar problemas com enxurradas e
com erosão.

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Precaução

Utilize os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como botas


ou botinas com perneiras, luvas, óculos de proteção, protetor
auricular, chapéu de aba larga ou boné árabe, calça e camisa de
manga comprida.

1.1. Faça a limpeza e a uniformização de forma


manual

A limpeza manual pode ser feita com o uso de foices, machados, en-
xadas e outros, podendo ser utilizados equipamentos como roçadei-
ras costais e motosserras, que podem agilizar e facilitar o serviço.
A uniformização manual pode ser feita com o uso de enxadas, pás,
baldes e outros. É importante ter bom senso nesta etapa, por ser
uma operação onerosa e de difícil realização.

Atenção

Caso faça o uso da motosserra, é preciso ter o porte legal deste


equipamento e estar com toda a documentação em dia.

Limpeza da área com foice

Café: formação da lavoura


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Limpeza da área com roçadeira portátil motorizada

1.2. Faça a limpeza e a uniformização de forma


mecanizada

Em situações onde é possível ser feita a limpeza e a uniformização


mecanizada da área, podem ser utilizadas máquinas como roçadei-
ras, trinchas, grade, arado, máquina de esteira e motoniveladora.
Estas duas últimas são mais utilizadas para nivelamento do terreno.

Área limpa com trator de esteira

26
27

2. Defina a localização dos talhões de café e


dos carreadores

Os talhões, também denominados de glebas, deverão ser o mais


uniforme possível em relação ao tipo de solo, topografia, sistema
de plantio e variedade. Observados esses quesitos, faça a separação
dos talhões e a construção dos carreadores, que tem por objetivo fa-
cilitar a logística e a movimentação de máquinas, insumos, pessoas,
veículos além de ser utilizado para dividir as glebas.

carreador 1
carreador 3
talhão 1
carreador 4 talhão 2
talhão 3
talhão 4
carreador 5 carreador 2
talhão 5
talhão 6

talhão 7
carreador 6

Café: formação da lavoura


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3. Construa os terraços

A construção de terraços é uma prática conservacionista, que visa prote-


ger o solo contra erosão. Para isso, procure um profissional especializa-
do para fazer um projeto de posicionamento e construção dos terraços.

Modelo de terraço coberto

Modelo de terraço aberto

28
29

4. Defina as linhas de plantio da lavoura

É a marcação dos sulcos feita seguindo determinado alinhamento


das ruas de café, onde serão plantadas as mudas. Pode ser realizada
em nível ou em linha.

• Plantio em nível

Este plantio prioriza a marcação das ruas de café em função da de-


clividade do terreno, devendo contar sempre com um profissional
especializado para fazer a alocação das ruas, terraços e curvas de
nível no terreno. Proporciona a conservação do solo pelo controle
da erosão e tem como ponto negativo um menor desempenho ope-
racional em áreas mecanizadas.

Café: formação da lavoura


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• Plantio em linha

Forma de plantio que visa o alinhamento reto e o maior comprimen-


to das ruas de café, o que favorece um maior rendimento operacio-
nal e facilita a mecanização da lavoura.

Atenção

1. O plantio em linha não elimina a necessidade da construção de


terraços, visando à conservação dos solos.

2. No plantio em linha, priorize manejos ecológicos de plantas


daninhas, mantendo-as no meio da rua de café, fazendo roçadas
periódicas, com o intuito de proteger o solo, evitando erosão e
melhorando a infiltração de água.

5. Faça a amostragem do solo

Faça a amostragem do solo antes de qualquer intervenção nele.


As amostras são feitas nas camadas de 0 a 20 cm, para avaliar a
textura do solo, sua fertilidade e necessidade de correção. Tam-
bém deve ser feita a amostragem de 20 cm a 40 cm e de 40 cm a
60 cm, para avaliar o teor de alumínio e cálcio nas camadas mais
profundas do solo, o que pode ser fator limitante para o pleno
desenvolvimento do sistema radicular.

30
31

Essas amostras são compostas por 20 subamostras, que são homo-


geneizadas dentro de um recipiente, caracterizando o solo do talhão.

5.1. Reúna o material

• Balde;

• Trado;

• Saco plástico;

• Etiquetas; e

• Caneta.

Precaução

Utilize EPIs como luvas, botas ou botinas e perneiras para fazer a


amostragem do solo.

5.2. Delimite a gleba a ser amostrada

Gleba a ser amostrada

Café: formação da lavoura


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5.3. Faça o caminhamento em zigue-zague para


retirada das subamostras

5.4. Faça a limpeza superficial do local de coleta das


subamostras.

Limpe os locais de coleta de subamostras retirando folhas, galhos e


restos culturais.

32
33

Café: formação da lavoura


COLEÇÃO SENAR • Nº 188

5.5. Retire a subamostra

Para retirar a subamostra, introduza o trado na camada de solo


desejada.

Atenção

1. As subamostras comporão a amostra que será encaminhada ao


laboratório.

2. Retire as subamostras sempre da mesma camada para compor


cada amostra.

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5.6. Homogeneíze as subamostras

5.7. Retire a amostra

A amostra deverá ser retirada e colocada num saco plástico para que
seja enviada ao laboratório.

Café: formação da lavoura


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5.8. Identifique a amostra

5.9. Envie a amostra para um laboratório de análise


do solo

Atenção

Procure um profissional especializado para interpretar e fazer as


recomendações técnicas a partir da interpretação dos resultados
da análise.

6. Corrija o solo

De modo geral, os solos nas regiões aptas a implantação das lavou-


ras de café possuem uma baixa fertilidade natural, sendo necessário
corrigi-los, para nutrição adequada da planta. A correção é feita, ba-
sicamente com o uso de calcário, gesso e fósforo.

Precaução

Utilize EPIs, como botas ou botinas com perneiras, luvas, óculos de


proteção, chapéu de aba larga ou boné árabe, calça e camisa de
manga comprida para fazer a aplicação manual dos corretivos.

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• Calcário

Visa elevar o pH do solo, neutralizar o alumínio e fornecer os nu-


trientes cálcio (Ca) e magnésio (Mg). Para calcular a necessidade de
calcário, podemos usar a seguinte fórmula:

NC = T x (V1-V2), onde:
PRNT
NC = Necessidade de calcário
T = CTC (Capacidade de troca catiônica)
V1 = Saturação de bases ideal para o cafeeiro
V2 = Saturação de bases verificadas na análise de solo

PRNT = Poder Relativo de Neutralização Total (é o índice que deter-


mina a velocidade de reação do calcário no solo. Quanto maior o
PRNT, maior a velocidade de reação).

Exemplo:

T= 9; V1= 60%; V2 = 40% e PRNT= 85%

NC = 9 x (60-40) = 9 x 20 = 180 = 2,1


85 85 85

NC = 2,1 toneladas de calcário por ha.

Atenção

1. Deve ser dada preferência para calcários dolomíticos, que são


os que possuem maior teor de Mg, pois este nutriente possui alto
custo de aquisição quando adquirido separadamente.

2. Calcários com PRNT acima de 100 possuem granulometria


muito fina, afetando a qualidade e eficiência de aplicação pela
dispersão das partículas pelo vento, sendo necessário o seu
umedecimento antes do uso.

Café: formação da lavoura


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• Gesso

Tem como função induzir o desenvolvimento do sistema radicular


em profundidade, fornecendo os nutrientes cálcio (Ca) e enxofre
(S), neutralizando o alumínio nas camadas mais profundas do solo.
A quantidade necessária de gesso pode ser calculada considerando
cerca de 30% da dosagem de calcário a ser utilizada, podendo ser
aplicado em cobertura.

Atenção

1. A dose de gesso na formação da lavoura não deve ultrapassar


0,5 ton/ha em solos arenosos; 1 ton/ha em solos de textura média
e 2 ton/ha em solos argilosos.

2. Em solos inicialmente muito pobres, o uso do gesso deverá ser


analisado com cuidado, pois pode promover o carreamento dos
poucos nutrientes disponíveis nas camadas superficiais para as
mais profundas, não sendo possível a sua absorção pelas mudas
nas etapas iniciais do plantio.

• Fósforo

O fósforo é um nutriente que favorece o enraizamento das plantas,


sendo requerido em grandes quantidades para a formação de lavou-
ras de café arábica e conilon. A dosagem recomendada no plantio
deverá ser a indicada pela análise de solo da área.

Quando o nível de fósforo estiver abaixo de 10 mg/dm³, é conside-


rado baixo. Teores entre 10 e 20 mg/dm³ indicam solos com teor
médio. Solos com teor acima de 20 mg/dm³ são considerados com
alto nível do nutriente.

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39

Atenção

Para aplicar a quantidade ideal de superfosfato na área,


consulte um agente de assistência técnica da região e siga as
recomendações.

6.1. Faça a correção manual

Consiste na aplicação dos corretivos de forma manual, com auxílio


de um dosador.

Café: formação da lavoura


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6.2. Faça a correção mecanizada

Consiste na aplicação mecânica dos corretivos. Os equipamentos


que podem ser utilizados nesse processo são: distribuidora ou es-
parramadeira de adubos e calcário, carreta e pá.

Trator com distribuidor de adubos e calcário

Trator com esparramadeira de adubos e calcário

40
41

Trator com carreta

7. Prepare o sulco ou a cova para plantio

Precaução

Utilize EPIs como botas ou botinas com perneiras, luvas, óculos de


proteção, protetor auricular, chapéu de aba larga ou boné árabe,
calça e camisa de manga comprida para preparar os sulcos ou as
covas para o plantio.

7.1. Faça a abertura da cova ou do sulco

7.1.1. Faça a abertura da cova

As covas deverão ter as dimensões de 40 cm de largura por 40 cm de


altura e 40 cm de comprimento.

Café: formação da lavoura


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a. Reúna o material

• Enxada, enxadão, cavador ou motocoveadores.

b. Limpe o local onde será feita a cova

c. Marque o espaçamento entre as ruas de café

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d. Marque o espaçamento entre plantas na linha de plantio

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e. Abra a cova para plantio de forma semimecanizada ou manual

Motocoveador Enxadão

7.1.2 Faça a abertura do sulco

O sulco nada mais é do que a abertura de uma faixa no terreno, onde


será instalada a linha de plantio. É uma operação realizada de forma
mecanizada, com o uso de sulcadores, obtendo-se uma profundida-
de mínima de 40 cm.

a. Realize a sulcação (aber-


tura de sulcos) da pri-
meira linha de plantio

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b. Delimite o espaçamento entre linhas

Acople uma baliza na lateral do trator para delimitar o espaçamento


entre linhas.

c. Faça o sulco das demais linhas de plantio

Utilizando-se da baliza faça os demais sulcos para plantio.

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7.2. Faça as correções e adubações na cova ou


no sulco

7.2.1. Corrija e adube a cova

Após determinadas as quantidades dos corretivos a serem aplicados


no solo, se a aplicação for feita de forma manual, o cálculo da dosa-
gem/cova deverá ser realizado dividindo-se o total a ser aplicado no
hectare (ha) pelo número de covas da área.

Exemplo:

DP = NC ÷ NP

Onde:

DP = Dosagem/cova/planta
NC = Necessidade de calcário: 2,1 ton/ha ou 2.100 kg/ha
NP = Número de plantas (covas)/ha = 3.500 plantas
DP = 2.100 kg/ha / 3.500 plantas/ha = 0,6 kg/cova.

Atenção

Este cálculo serve tanto


para o calcário, quanto
para o fósforo e o gesso.

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7.2.2. Corrija e adube o sulco

Após determinar as quantidades dos corretivos a serem utilizados


no solo, se a aplicação for feita de forma mecanizada, o cálculo da
dosagem deverá ser realizado pegando a dosagem/ha e dividindo-a
pelos metros lineares da mesma área.

Exemplo:

DM = NC ÷ ML (1 ha)

Onde:

DM = Dosagem por metro linear

NC = Necessidade de calcário = 2,1 ton/ha ou 2.100 kg/ha

ML = Metros lineares = 10.000 m² (corresponde a 1 ha) ÷ 4 m (corres-


ponde a largura da rua de plantio) = 2.500 m lineares.

DM = 2.100 kg/ha ÷ 2.500 m = 0,84 kg/ metro linear

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Atenção

Este cálculo serve tanto para o calcário, quanto para o fósforo e


o gesso.

7.3. Faça o fechamento do sulco

Após abertura e correção do sulco, feche-os para que as reações


químicas corretivas aconteçam. Para tanto, use os seguintes
equipamentos:

• Subsolador de três hastes: passe o subsolador de 2 a 3 vezes


no sulco, com a função de revolver o solo, misturar os corretivos
e realizar o seu fechamento.

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• Dreno: este equipamento possui um disco de corte, uma haste sub-


soladora com cerca de 1,2 m de comprimento e além de dois reser-
vatórios para os corretivos do solo, permitindo a subsolagem e a cor-
reção em maiores profundidades, seguido do fechamento do sulco.

• Batedor de Covas: este implemento promove o revolvimento


do solo junto com os corretivos aplicados, realizando um melhor
preparo do sulco e uma melhor mistura dos insumos, quando
comparado ao subsolador de três hastes.

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Atenção

1. Se possível, os produtores devem optar pela utilização do


dreno seguido do batedor de covas, o que melhora a qualidade
do serviço.

2. Em áreas onde foram abertas as covas, o fechamento é feito


logo após a colocação da muda no solo. Todavia, o ideal é que se
espere uma leve compactação do solo no sulco ou na cova, após
uma ou mais chuvas, para depois se realizar o plantio.

8. Faça o plantio das mudas

Ação que consiste na transferência das mudas do viveiro para o sulco


ou cova de plantio.

Precaução

Utilize EPIs como botas ou botinas com perneiras, luvas, óculos de


proteção, protetor auricular (caso de plantio mecanizado), chapéu
de aba larga ou boné árabe, calça e camisa de manga comprida
para fazer o plantio das mudas.

Alerta Ecológico

As partes retiradas dos saquinhos, utilizados como recipientes


das mudas, não devem ficar na área de plantio e precisam ser
descartados corretamente.

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8.1. Faça o plantio manual das mudas nas covas

8.1.1. Faça o molhamento do substrato das mudas

Operação realizada momentos antes do plantio, com o uso do re-


gador ou colocando o recipiente com o substrato das mudas direta-
mente na água.

8.1.2. Faça o corte transversal do fundo do saquinho da muda

Faça um corte transversal de 2 cm, com o uso de um canivete ou faca,


retirando o fundo do saquinho plástico para desobstruir a passagem
das raízes, evitando o problema conhecido como “peão torto”.

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8.1.3. Distribua as mudas no campo

As mudas devem ser acomodadas em caixas de plástico ou madeira


e distribuídas de forma manual, com uso de carroças, carretas ou
qualquer veículo disponível ao produtor. Elas devem ser colocadas
manualmente ao lado de cada cova de plantio.

Mudas distribuídas no campo para facilitar a logística

Muda ao lado da cova de plantio

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8.1.4. Coloque a muda na cova

a. Faça um corte longitudinal no saquinho da muda

Tome cuidado para que não haja o destorroamento do substrato, o


que pode dificultar o pegamento da muda.

Corte longitudinal do saco plástico

b. Coloque a muda no interior da cova

Ao colocar a muda no interior da cova, deixe o substrato no nível do


solo ou levemente abaixo dele.

Colocação da muda na cova

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Atenção

1. Evite deixar a muda muito abaixo do nível do solo, para evitar


o seu “sufocamento”.

2. Evite deixar a muda muito acima do nível do solo para que


não ocorra o ressecamento do substrato.

8.1.5. Retire o saquinho da muda

O saquinho plástico que envolve


o substrato da muda tem que ser
retirado logo que ela é colocada no
interior da cova. Puxe-o pela parte
superior e tome cuidado para não
danificar a parte aérea e o sistema
radicular da muda.

8.1.6. Preencha a cova e faça


uma leve compressão no solo

Depois de colocar a muda na cova,


preencha o espaço vazio com terra
e faça uma leve compressão para
firmá-la no solo.

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8.2. Faça o plantio manual das mudas no sulco

8.2.1. Reúna o material

– Corda; e
– Fita ou barbante para fazer a marcação.

8.2.2. Marque o espaçamento entre as plantas na linha

a. Estique uma corda paralela ao sulco

A corda deve ser esticada a 10 cm de distância na lateral em relação


ao centro do sulco.

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b. Faça a marcação dos espaçamentos na corda

Marcação do espaçamento na linha de plantio

Atenção

Mantenha a corda esticada para evitar erros na marcação da


distância entre as mudas.

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8.2.3. Faça o coveamento manual nos sulcos

Com uma cavadeira, faça uma cova no centro do sulco e ao lado da


marcação feita na linha.

Cova na marcação

8.2.4. Molhe o substrato das mudas

8.2.5. Faça o corte transversal do fundo do saquinho da muda

8.2.6. Distribua as mudas no campo

Muda ao lado das covas de plantio no sulco

Café: formação da lavoura


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8.2.7. Coloque a muda na cova

a. Faça um corte longitudinal no saquinho da muda

b. Coloque a muda no interior da cova

Atenção

Ao colocar a muda na cova, cuidado para não destorroar o


substrato, que deve ficar no nível do solo. Se ficar muito abaixo
pode acontecer o sufocamento da muda; se ficar muito acima o
substrato ficará ressecado.

8.2.8. Retire o saquinho da muda

8.2.9. Preencha a
cova e faça uma leve
compressão no solo,
ao redor da muda

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8.3. Faça o plantio mecanizado das mudas

Em relação ao plantio mecanizado, atualmente, existem duas máqui-


nas para fazê-lo. Ambas possuem uma estrutura que acomoda as
mudas, que substitui o trabalho de marcação do espaçamento entre
as plantas na linha e também o coveamento manual, aumentando
significativamente o rendimento do serviço.

Plataformas que podem ser utilizadas no plantio mecanizado

8.3.1. Molhe o substrato das mudas

8.3.2. Faça o corte transversal do fundo do saco da muda

8.3.3. Acomode as mudas em
caixas

Coloque as mudas em caixas de


plástico ou de madeira, para fa-
cilitar o transporte e a sua aco-
modação no compartimento da
máquina de plantio.

Café: formação da lavoura


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8.3.4. Distribua as caixas nos carreadores ao redor dos talhões

8.3.5. Coloque as caixas na plantadora

Abasteça o compartimento de espera da máquina de plantio com as


caixas cheias de mudas.

8.3.6. Coloque as mudas no compartimento de plantio


da máquina

Faça a retirada das mudas da caixa e à medida que for necessário,


coloque-as uma a uma no compartimento de plantio da máquina.

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8.3.7. Retire o saco da muda

Após a colocação da muda na cova, pela máquina, retire o saco


plástico.

Alerta Ecológico

Os restos dos saquinhos utilizados nas mudas não devem ficar na


área, devendo ser corretamente descartados.

8.3.8. Acomode a muda e faça uma leve compressão no solo

Acomode a muda no solo e faça uma leve compressão para firmá-la.

Café: formação da lavoura


Conduzir a lavoura
VI em formação

O período de formação da lavoura de café é aquele compreen-


dido entre o plantio e a primeira produção significativa que, ge-
ralmente, ocorre aos dois anos e meio, após a implantação das
mudas no campo.

1. Controle as plantas daninhas

As plantas daninhas surgem espontaneamente na área de plantio


e quando manejadas incorretamente, podem interferir no cresci-
mento e desenvolvimento do cafeeiro. Elas competem diretamente
por nutrientes, água e luz. Por isso, devem ser manejadas de forma
correta, de modo a usufruir dos benefícios que essas plantas pro-
porcionam, como a maior retenção de água, o controle da erosão e
a produção de matéria orgânica.

Em geral, as plantas daninhas são divididas em plantas de folhas largas


e de folhas estreitas. Abaixo, são citadas aquelas mais recorrentes en-
contradas nas lavouras de café no Brasil.

• Plantas de folhas largas: o caruru, o picão-preto, a trapoeraba, a


beldroega, a falsa-serralha, a corda-de-viola, entre outras.

• Plantas de folhas estreitas: a braquiária, a grama-seda, a mar-


melada, a tiririca, entre outras.

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Precaução

Utilize EPIs como botas ou botinas com perneiras, luvas, óculos


de proteção, protetor auricular (caso o controle seja mecanizado),
chapéu de aba larga ou boné árabe, calça e camisa de manga
comprida para fazer o controle de plantas daninhas.

1.1. Controle as plantas daninhas na linha de plantio

Para evitar a competição que as plantas daninhas exercem sobre as


mudas de café, mantenha uma faixa limpa com largura aproximada
de 50 cm de cada lado das plantas.

Café: formação da lavoura


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1.1.1. Faça o controle manual

O controle pode ser feito manualmente com o uso de enxadas


ou foices.

1.1.2. Faça o controle semimecanizado

O controle pode ser feito com o uso de roçadeiras portáteis.

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1.1.3. Faça o controle mecanizado

O controle pode ser feito mecanicamente com o uso de roçadeiras


tratorizadas, trinchas, grades, enxadas rotativas e capinadeiras.

Controle na linha efetuado por grade Controle de plantas daninhas, na linha


de plantio, com roçadeira, gerando
biomassa

Atenção

1. Priorize métodos que não revolvam o solo e que produzam


matéria orgânica, como o manejo com roçadas.

2. Como o controle de plantas daninhas é uma das atividades


mais recorrentes e onerosas ao longo do ano agrícola, fique
atento ao consumo de combustível. Faça uma combinação de
métodos e equipamentos para diminuir os custos.

Café: formação da lavoura


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1.1.4. Faça o controle químico

O controle químico pode ser feito com o uso de herbicidas, que são
agrotóxicos. Existem produtos com efeito em pré ou pós-emergência
das plantas. Outros herbicidas fazem o controle seletivo das que têm
folha larga ou estreita.

Os produtos pré-emergentes devem ser aplicados, preferencialmen-


te, sobre o solo limpo e livre de restos culturais.

A aplicação desses herbicidas pode ser feita de forma manual, com o


uso de pulverizadores costais ou de forma mecanizada com o uso de
triciclos adaptados, pulverizadores tratorizados ou autopropelidos.

Controle químico manual Controle químico mecanizado


com pulverizador costal com
chapéu de Napoleão

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Atenção

1. Para realizar o controle químico, é necessário consultar um


profissional habilitado para obter a prescrição do produto e o
tipo de aplicação em receituário agronômico.

2. Siga a indicação recomendada pelo fabricante no receituário


agronômico em relação à dose, estágio de controle, época de
aplicação, volume de calda e tecnologia de aplicação de cada
agrotóxico.

3. Faça a rotação de produtos utilizados nas lavouras, para


evitar a seleção de plantas daninhas resistentes.

4. Pela proximidade das plantas daninhas com as plantas de


café, o controle químico na linha requer mais cuidado. Por isso,
fique sempre atento para que não haja contato do herbicida com
o cafeeiro.

5. Os pulverizadores devem ser revisados e calibrados para


maior eficiência dos produtos, evitando desperdício.

Alerta Ecológico

1. O produtor deverá respeitar a legislação ambiental vigente,


fazendo o preparo da calda (água + produtos) em locais
apropriados para este fim, e descartar corretamente as
embalagens vazias.

2. Os pulverizadores devem ser revisados e calibrados


para maior eficiência dos produtos, evitando desperdício e
contaminação ambiental.

Café: formação da lavoura


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Precaução

Para a aplicação de agrotóxicos, utilize os EPIs recomendados.

1.2. Controle as plantas daninhas nas entrelinhas

Os métodos de controle de plantas daninhas nas entrelinhas são os


mesmos utilizados nas linhas de plantio, porém com menos rigor.
Em alguns casos, essas plantas são desejáveis nos cafezais, porque
protegem o solo, aumentam a infiltração de água, atuam como que-
bra-ventos, melhoram a textura do solo e, com o manejo por roça-
das, aumentam a disponibilidade de matéria orgânica.

Controle manual com Controle químico manual Controle semimecaniza-


foice com pulverizador costal do com roçadeira portátil

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Controle químico mecanizado com roçadeira

Controle químico mecanizado com pulverizador

Café: formação da lavoura


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2. Controle as pragas

As principais pragas a serem combatidas na formação da lavoura


de café são:

• Bicho-mineiro

O Bicho-mineiro é uma mariposa branca prateada, que coloca os ovos


na superfície superior das folhas. Suas lagartas se alimentam das fo-
lhas, formando galerias e/ou minas. As regiões destruídas vão secando
e são facilmente descartáveis, causando desfolhamento das plantas.

O ciclo desta praga varia de 19 a 87 dias, podendo ocorrer de 8 a


12 gerações por ano. Esse é um grave problema em regiões mais
quentes, pois favorecem o surgimento da praga.

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• Formigas

Provocam danos na parte aérea da planta, que fica sem folhas, di-
minuindo a fotossíntese e, consequentemente, o desenvolvimento
dos cafeeiros.

• Cupins

Causam danos ao sistema radicular das plantas, acarretando um me-


nor desenvolvimento e até mesmo a morte dos cafeeiros.

Café: formação da lavoura


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• Ácaro Vermelho

O ataque de ácaro vermelho é facilmente identificável, pois provoca


uma coloração bronze e sem brilho nas folhas, dando um aspecto
empoeirado. Os insetos podem ser vistos a olho nu caminhando na
superfície das plantas.

• Cochonilhas

Existem, pelo menos, seis espécies e gêneros diferentes de cocho-


nilhas que atacam o cafeeiro. As principais são a cochonilha de pla-
ca (Orthezia praelonga) que ataca principalmente ramos, folhas e
frutos sendo um problema maior no café conilon; e a cochonilha
branca ou farinhenta (Planococus citri, Planococus minor) que ata-
ca tanto o café conilon como o arábica, é a que causa os maiores
prejuízos, pois atacam os frutos e secretam uma substância com
aspecto de algodão. Esses insetos sugam os botões florais acarre-
tando o abortamento de frutos nos estágios menos desenvolvidos
de granação (enchimento dos grãos).

Uma característica comum ao ataque de cochonilhas é a presença de


fumagina, camada escura formada por fungos do gênero Capnodium,

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que surge a partir de um líquido açucarado excretado pelas pragas.


Esse líquido atrai também formigas que fazem a disseminação da
cochonilha pelas lavouras, além de protegê-las com terra.

Fumagina nas folhas do cafeeiro indicando ataque de cochonilhas

• Lagartas

O ataque de lagartas em lavouras de café geralmente é identificado


pelo corte das folhas, provocando lesões que favorecem a entrada
de doenças como a mancha de Phoma/ Ascochyta (Phoma spp.) e a
mancha aureolada (Pseudomonas spp.).

Existem muitas espécies de lagartas que podem ser consideradas


pragas do cafeeiro. Praticamente todas causam prejuízos muito
parecidos, sendo que as duas principais para o café arábica são
a mariposa amarela (Eacles imperialis magnífic) e a mede palmo
(Oxydia saturniata).

Lagarta atacando cafeeiro Folha cortada e excrementos indicando


ataque de lagartas

Café: formação da lavoura


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2.1. Conheça as formas de controle de pragas

As principais formas de controle das pragas em lavouras em forma-


ção são:

• Controle genético: é realizado com o uso de variedades resisten-


tes às pragas.

• Controle cultural: é realizado com a adoção de práticas agronô-


micas que favorecem a presença de inimigos naturais, assim como
o plantio de árvores que criam um microclima desfavorável a pre-
senças de determinadas pragas.

• Controle químico: é realizado com a aplicação de agrotóxicos es-


pecíficos para determinada praga. A aplicação desses inseticidas
geralmente é feita via foliar, podendo ser realizada de forma ma-
nual, com o uso de pulverizadores costais ou de forma mecaniza-
da, com triciclos adaptados, com pulverizadores com capacidade
de armazenamento de 400 litros (este pode ser adaptado para
áreas mecanizadas e não mecanizadas) até 2.000 litros de calda.

Controle químico manual com pulverizador costal

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Controle químico mecanizado com pulverizador de 400 ou 2000 litros

Controle químico mecanizado com triciclo adaptado

Café: formação da lavoura


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Atenção

1. Para realizar o controle químico, é necessário consultar um


profissional habilitado para obter a prescrição do produto e tipo
de aplicação em receituário agronômico.

2. Siga a indicação recomendada pelo fabricante e no receituário


agronômico sobre dose, estágio de controle, época de aplicação,
volume de calda e tecnologia de aplicação de cada produto.

3. Faça a rotação de produtos utilizados nas lavouras, para evitar


a seleção de pragas resistentes.

4. As pulverizações devem ser feitas preferencialmente nos


horários cujas temperaturas são mais amenas, para garantir a
eficiência dos produtos aplicados.

5. Os pulverizadores devem ser revisados e calibrados para


maior eficiência dos produtos, evitando desperdício.

Precaução

Utilize EPIs necessários para a aplicação de agrotóxicos.

Alerta Ecológico

Respeite a legislação ambiental vigente. Faça o preparo da calda


(água + produtos) em locais apropriados para este fim. Descarte
corretamente as embalagens vazias.

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3. Controle as doenças
As principais doenças a serem combatidas na formação da lavoura
de café são:

• Ferrugem (Hemileia vastatrix)

Causada por um fungo, é a principal doença do cafeeiro. Possui


fácil identificação por ser caracterizada pelo aparecimento de
manchas amarelas translúcidas que aumentam gradativamente
até formar uma pulverulência de cor alaranjada. Quando não é
controlada, provoca grande desfolhamento das plantas e, conse-
quentemente, a seca de ramos, prejudicando seriamente a produ-
ção do ano seguinte.

• Cercóspora (Cercospora coffeicola)

Popularmente conhecida como olho de pomba, é causada por


um fungo e ataca as folhas e os frutos do cafeeiro. Nas folhas, os
sintomas são o aparecimento de manchas circulares de colora-
ção castanho clara a escura formada por um centro branco. Nos
frutos, ocorrem lesões deprimidas e de cor escura, o que força a
maturação precoce dos grãos.

Café: formação da lavoura


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Ocorrem de forma muito frequente em viveiros e plantios novos, ata-


cando as folhas das mudas.

Cercóspora no fruto do cafeeiro Cercóspora na folha do cafeeiro

• Mancha de Phoma (Phoma spp) / Ascochyta (Aschochyta spp)

A mancha de Phoma é provocada por um fungo, que ataca folhas,


flores e frutos novos. São bem característico o ataque aos dois pri-
meiros pares de folhas provocando manchas escuras nas bordas das
folhas. Em condições favoráveis, é disseminada rapidamente e causa
sérios prejuízos à produtividade da lavoura, secando os ramos pro-
dutivos e causando o abortamento de frutos novos

A mancha de Aschochyta é considerada uma espécie de Phoma com


sintomas levemente diferentes, como a cor amarronzada das man-
chas nas folhas e com a presença de anéis concêntricos.

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• Mancha Aureolada (Pseudomonas seringae pv. garcae.)

Provocada por bactéria, tem como sinais o desfolhamento das plan-


tas, a seca de ramos e o abortamento de frutos em estágio inicial.

Os sinais nas folhas são manchas escuras com uma borda amarelada,
o que dá origem ao nome da doença.

• Amarelinho (Xylella fastidiosa)

Causada por bactéria, possui como sinais as folhas novas pequenas


com coloração amarelada, os entrenós curtos e as folhas velhas com
queima das bordas.

Café: formação da lavoura


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No café conilon, é conhecida como “marronzinho”, pois ocorre a seca


dos ponteiros ficando o topo da planta de cor marrom.

• Rizoctoniose (Rhizoctonia solani)

Causada por fungo que habita


o solo que, geralmente, conta-
mina a muda na fase de viveiro
atacando-as cerca de um ano
após o plantio, causando le-
sões na base do tronco, levan-
do a morte da planta.

80
81

3.1. Conheça as formas de controle de doenças

As principais formas de controle das doenças em lavouras em for-


mação são:

• Controle genético: é realizado com o uso de variedades resisten-


tes às doenças.

• Controle cultural: é realizado com a adoção de práticas agronô-


micas que favorecem a presença de inimigos naturais, nutrição
adequada da planta, plantio de árvores com função de quebra-
-ventos e uso de mudas livres de patógenos.

• Controle químico: é realizado com a aplicação de agrotóxicos es-


pecíficos para determinada doença. A aplicação desses produtos,
geralmente, é feita via foliar. Pode ser realizada de forma manu-
al, com o uso de pulverizadores costais ou de forma mecanizada,
com triciclos adaptados, pulverizadores com capacidade de arma-
zenamento de 400 litros (este pode ser adaptado para áreas me-
canizadas e não mecanizadas) até 2.000 litros de calda.

Controle químico manual com Controle químico mecanizado com


pulverizador costal pulverizador de 400 ou 2000 litros

Café: formação da lavoura


COLEÇÃO SENAR • Nº 188

Controle químico mecanizado com triciclo adaptado

Atenção

1. Para realizar o controle químico, é necessário consultar um


profissional habilitado para obter a prescrição do produto e tipo
de aplicação em receituário agronômico.

2. Siga a indicação recomendada pelo fabricante e no receituário


agronômico sobre dose, estágio de controle, época de aplicação,
volume de calda e tecnologia de aplicação de cada agrotóxico.

3. Faça a rotação de produtos utilizados nas lavouras, com o


intuito de evitar a seleção de patógenos resistentes.

4. As pulverizações devem ser realizadas, preferencialmente,


nos horários com temperaturas mais amenas, mantendo a
eficiência dos produtos aplicados.

5. Os pulverizadores devem ser revisados e calibrados para


maior eficiência dos produtos, evitando desperdício.

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Precaução

Utilize EPIs necessários para a aplicação de agrotóxicos.

Alerta Ecológico

1. Respeite a legislação ambiental vigente, fazendo o preparo


da calda (água + produtos) em locais apropriados para este fim.
Descarte corretamente as embalagens vazias.

2. Os pulverizadores devem ser revisados e calibrados para maior


eficiência dos produtos, evitando desperdício e contaminação
ambiental.

4. Faça a adubação de cobertura


A adubação de cobertura é feita após o plantio da lavoura, podendo
ser manual – utilizando sacolas e canecas medidoras – ou mecaniza-
da, com a utilização de adubadeiras.

Adubação manual de Adubação mecanizada de cobertura


cobertura

Café: formação da lavoura


COLEÇÃO SENAR • Nº 188

Atenção

Periodicamente, faça a amostragem de solo e das folhas, para


verificar o estado nutricional das plantas e a disponibilidade de
nutrientes.

4.1. Faça a adubação de cobertura de 0 a 18 meses


Aplique os fertilizantes que contenham, prioritariamente, os nu-
trientes nitrogênio e potássio. A dosagem vai depender do espa-
çamento, da variedade e de outras variáveis identificadas pelo téc-
nico responsável.

Os micronutrientes, em geral, são fornecidos em pulverizações via


foliar, aproveitando-se eventuais aplicações de fungicidas, em inter-
valos de 30 a 40 dias, nos meses chuvosos do ano, limitando-se, no
máximo, a 5 parcelamentos.

4.2. Faça a adubação de cobertura de 18 a 30 meses


Neste período, a nutrição da planta torna-se mais complexa em
função da carga de café que será colhido no ano seguinte, pois os
frutos funcionam como um dreno de nutrientes requeridos pelo
cafeeiro. Portanto, a partir desta idade, o acompanhamento cons-
tante de um profissional especializado torna-se fundamental para
obter bons resultados.

As aplicações de fertilizantes químicos normalmente são feitas em


intervalos de 30 a 40 dias, nos meses chuvosos do ano, limitando-se
no máximo a 4 parcelamentos. Em alguns casos, a aplicação de mi-
cronutrientes é realizada no solo.

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5. Faça a desbrota
A planta jovem de café arábica
deve ser conduzida com ape-
nas um ramo ortotrópico (tron-
co principal), sendo necessária
a retirada de brotos que sur-
gem com o desenvolvimento
das plantas.

No caso do café conilon, de-


vem ser conduzidas 4 hastes
principais, sendo eliminadas
aquelas que surgem com o de-
senvolvimento das plantas.

Café Conilon

Atenção

A execução da desbrota nas plantas jovens, tanto no café


arábica quanto no conilon, pode ser realizada de forma manual
ou com o uso de tesouras, canivetes, estiletes e outros similares.

Precaução

Utilize EPIs como luvas, calça, camisa de manga comprida, chapéu


de aba larga ou boné árabe, botas ou botinas e perneiras e óculos
de proteção para realizar a desbrota.

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6. Faça o uso de quebra-ventos

Os quebra-ventos têm a função de proteger as plantas jovens de café


contra o vento excessivo, que favorece a propagação de pragas e do-
enças além de aumentar a desidratação das plantas, provocando um
maior consumo de água.

Essas barreiras podem ser classificadas em quebra-ventos temporá-


rio e permanente:

• Quebra-ventos temporários:

Mais utilizados na fase de formação da lavoura. Consistem no plantio


de culturas anuais, como o milho, ou mesmo a própria condução das
plantas daninhas nas entrelinhas de plantio.

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• Quebra-ventos permanentes:

Consistem na utilização de plantas de porte arbóreo, geralmente


espécies florestais ou frutíferas, com o intuito de sombreamento e
proteção das plantas ao longo do ciclo de vida da lavoura de café.

7. Faça o replantio
Consiste na reposição de mudas que morreram, após a implantação
da lavoura, devido a fatores diversos. Essas devem ser retiradas e
substituídas por mudas novas e sadias.

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Atenção

1. O replantio pode ser feito com o uso de mudas com um ano


de idade (chamadas “mudões”) com o intuito de deixar a lavoura
nova o mais uniforme possível.

2. No período de formação da lavoura jovem, a prática de


replantio deve ser constante para manter a população de
plantas inicialmente prevista.

8. Faça a irrigação de salvamento


Durante o período de formação da lavoura de café, existe a possi-
bilidade de ocorrer veranicos ocasionando falta d’água que podem
causar grandes prejuízos às plantas jovens e, em casos extremos,
até a sua morte. Neste caso, faça a irrigação de salvamento, que é o
fornecimento de água durante estes períodos específicos.

Podem ser usados equipamentos de irrigação ou tanques de água


tracionados por tratores ou caminhões-pipa.

Atenção

A prática da irrigação
complementar ou
de salvamento deve
ser realizada nas
horas mais amenas
do dia e, se possível,
preferencialmente à noite,
aumentando assim a
eficiência da operação.

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Considerações Finais

É fundamental que o produtor faça um estudo da viabilidade técni-


ca, econômica e ambiental, para a escolha da região, da espécie, da
variedade, bem como, do manejo a ser adotado para condução da
lavoura em formação. Por ser uma cultura perene, as etapas detalha-
das nesta cartilha devem ser realizadas da maneira mais criteriosa
possível.

Em função das frequentes atualizações tecnológicas, ambientais, legis-


lativas e econômicas, a busca pelo conhecimento deve ser constante,
assim como o cuidado e a atenção com a segurança, o planejamento
e o controle da produção, o bem-estar dos trabalhadores e o uso
consciente dos recursos naturais envolvidos no processo produtivo,
também são de extrema importância para o sucesso da atividade.

Café: formação da lavoura


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