Ae Sec bg10 Teste Maio21
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BIOLOGIA E GEOLOGIA
10.º ANO
Grupo I
A evolução de uma estrutura exterior à membrana celular permite às plantas solucionar o desafio
da osmorregulação em ambientes de água doce, mas com uma contrapartida: a perda de
mobilidade. Pelo contrário, no reino animal, a osmorregulação deve-se à evolução de um sistema
vascular que permite que a maioria das células se encontre banhada em linfa intersticial, uma
alternativa à existência de proteções rígidas semelhantes às das células vegetais, que permite a
mobilidade das células e dos organismos.
As camadas rígidas também colocam constrangimentos ao desenvolvimento de sistemas de
transporte de longa distância; nas plantas evoluíram dois sistemas de transporte: um sistema de
pressão positiva que permite o transporte de seiva rica em açúcares e um sistema de pressão
negativa que garante o transporte desde o solo até aos órgãos fotossintéticos.
A água no xilema pode conter vários gases dissolvidos, como dióxido de carbono, oxigénio ou
nitrogénio, que, sob tensão, têm tendência para abandonarem a solução: formam-se bolhas
submicroscópicas, que podem acumular-se e expandir, formando rapidamente bolhas de ar
(cavitação), que podem obstruir o vaso condutor (embolia), interrompendo assim a coluna de água.
A probabilidade de ocorrência de cavitação nestes vasos condutores foi apresentada como objeção à
principal teoria para explicar o transporte ascendente nas plantas.
As propriedades da água e as características estruturais dos vasos condutores de seiva bruta
facilitam o transporte: ligações por pontes de hidrogénio garantem a coesão entre moléculas de
água e a manutenção no estado líquido da água sob tensão; por outro lado, as bolhas podem ficar
contidas num elemento de vaso ou num traqueído, com a água a fluir lateralmente, contornando o
elemento bloqueado.
Osório Matias, Pedro Martins, A. Guerner Dias, Paula Guimarães, Paulo Rocha
A figura 1 mostra diferenças em várias espécies vegetais ao nível da probabilidade de ocorrência
de cavitação no xilema.
Baseado em New insights into the hydraulics of trees (consultado em fevereiro 2021), Tyree , M. T., Sperry, J.S.
(1989) Vulnerability of xylem to cavitation and embolism. Annu. Rev. Plant Phys. Mol. Bio. 40:19-38
Osório Matias, Pedro Martins, A. Guerner Dias, Paula Guimarães, Paulo Rocha
4. O sistema de transporte de pressão positiva nas plantas
(A) não depende da existência de uma pressão de turgescência ao nível das folhas.
(B) é constituído por células transportadoras sem conteúdo celular.
(C) não envolve o transporte de produtos da fotossíntese.
(D) exige o dispêndio de energia por parte da planta.
5. A cavitação é um fenómeno
(A) que pode comprometer a eficácia da fotossíntese.
(B) que, segundo os dados, apenas ocorre em plantas de grande porte.
(C) que resulta dos gases respiratórios transportados nos vasos floémicos.
(D) que demonstra que pode ocorrer a condensação de gases no xilema.
8. Refira a designação da teoria que atualmente melhor explica o transporte por pressão
negativa, nas plantas mais altas.
9. Justifique porque é possível afirmar que a relação inversamente proporcional entre a pressão
no xilema e probabilidade de ocorrer cavitação parece ser independente da espécie de planta.
Osório Matias, Pedro Martins, A. Guerner Dias, Paula Guimarães, Paulo Rocha
Grupo II
Documento 1
Polvos, lulas, chocos e náutilos são moluscos pertencentes à classe Cephalopoda e são parentes
evolutivos de invertebrados aquáticos (de água doce e salgada) e terrestres, como as ostras e os
caracóis, respetivamente. Os polvos são dos cefalópodes que mais curiosidade têm despertado no
público em geral e na comunidade científica, em especial pelas suas capacidades na resolução de
problemas complexos e pelas particularidades ao nível do sistema cardiovascular, nomeadamente a
presença de três corações e a cor invulgar do seu sangue.
O sistema circulatório dos cefalópodes é único entre os moluscos: para além do coração dorsal,
designado coração sistémico, apresentam um par de corações próximo das brânquias, os corações
branquiais (figura 1). O sangue apresenta uma proteína rica em cobre, a hemocianina, que se encontra
dissolvida no plasma e que, na sua forma oxigenada, apresenta uma cor azulada. A presença desta
molécula torna também o sangue mais viscoso; por outro lado, facilita o transporte de oxigénio a
baixas temperaturas.
No polvo-comum (Octopus vulgaris), o coração é constituído por um ventrículo e duas aurículas e,
como em todos os cefalópodes, o coração parece ser um tecido altamente aeróbico. Ao contrário dos
corações dos peixes, o coração sistémico de O. vulgaris recebe oxigénio arterial diretamente das
brânquias, o que garantirá um bom fornecimento de oxigénio. Ainda assim, alguns estudos indicam
que o músculo cardíaco apresenta, nestes invertebrados, um fornecimento coronário separado.
Coração
sistémico
Brânquias
Corações
branquiais
2
3
Sangue oxigenado no
coração sistémico
1 4
Figura 1 - Sistema circulatório de um cefalópode.
Baseado em https://telanganatoday.com/, www.simbiotica.org, www.britannica.com
Osório Matias, Pedro Martins, A. Guerner Dias, Paula Guimarães, Paulo Rocha
2. Ao nível do sistema cardiovascular, os polvos distinguem-se dos mamíferos
(A) por apresentarem lacunas e pelo transporte de oxigénio dissolvido no plasma.
(B) pela cor do sangue e por apresentarem um coração com duas cavidades.
(C) por não possuírem hemoglobina e por apresentarem mais do que um órgão propulsor.
(D) pela presença de brânquias como superfície de trocas gasosas.
4. Seria correto ordenar, por ordem crescente de grau de eficácia na distribuição de gases e
nutrientes, os sistemas de transporte de
(A) cão, golfinho e choco.
(B) canário, salamandra e esponja.
(C) abelha, crocodilo e morcego.
(D) sardinha, sapo e girafa.
Osório Matias, Pedro Martins, A. Guerner Dias, Paula Guimarães, Paulo Rocha
Documento 2
Os crocodilos são, geralmente, predadores de emboscada: mantêm-se imóveis, por vezes
submersos, à espera de uma presa, sendo que estes animais apresentam períodos entre ventilações
que podem durar horas.
O coração dos crocodilos é, em parte, distinto do de outros répteis: apresenta quatro
compartimentos, com um sistema de desvio do sangue, que permite condicionar o trajeto do sangue
que seguiria para os pulmões, de forma a acelerar a transição para uma taxa metabólica mais baixa
aquando das submersões.
A endotermia, ou a manutenção da temperatura corporal constante à custa do metabolismo,
implica taxas metabólicas elevadas quando os animais se encontram em repouso. Esta característica
permite níveis de atividade mais elevados, mas implica um maior consumo de oxigénio e de
“combustível celular”, comparando com vertebrados ectotérmicos, como sapos e lagartos.
A figura 2 mostra a anatomia do coração de diversos vertebrados.
A B C
Figura 2 - Diferenças na anatomia do coração de diferentes vertebrados (RAt, aurícula direita; LAt, aurícula
esquerda, RV, ventrículo direito; LV, ventrículo esquerdo; PA, artéria pulmonar; RA, aorta direita; LA, aorta
esquerda).
Baseado em www.nature.com
Osório Matias, Pedro Martins, A. Guerner Dias, Paula Guimarães, Paulo Rocha
11. Complete o texto seguinte com a opção adequada a cada espaço.
Transcreva para a folha de respostas cada uma das letras, seguida do número que corresponde à
opção selecionada. A cada letra corresponde um só número.
a) b) c)
1. um mamífero e um
1. mamíferos e aves 1. iguais
crocodilo
2. aves e répteis 2. inferiores 2. uma ave e um peixe
d) e)
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Grupo III
Nos últimos anos, tem aumentado o interesse pela conversão de biomassa em etanol, considerado
o combustível líquido mais “limpo” alternativo aos combustíveis fósseis. A energia da biomassa poderá
ser vital para milhões de seres humanos, e poderá constituir uma fonte de energia viável para
compensar a diminuição das reservas naturais.
Poderão ser utilizadas diversas substâncias para a produção de etanol: no caso da celulose,
promove-se um processo designado “sacarificação e fermentação simultâneas” (SSF), que combina a
hidrólise enzimática da celulose com a fermentação dos açúcares obtidos (sabe-se que este processo
resulta numa elevada produção de etanol). Outra vantagem da SSF é que requer quantidades
reduzidas de enzima, uma vez que a etapa que envolve leveduras contribui para a redução do efeito
inibitório dos produtos resultantes da hidrólise.
Contudo, a SSF requer condições de sacarificação e fermentação compatíveis, nomeadamente ao
nível da temperatura, pH e concentração de substrato. Uma dificuldade na utilização deste método
prende-se com as diferenças entre as temperaturas ótimas para a sacarificação (40 °C - 50 °C) e para a
fermentação (20 °C - 35 °C). De forma a preservar a viabilidade das leveduras, a SSF deverá ocorrer
entre 30 °C e 38 °C.
Sabe-se que a fermentação é afetada por fatores como pH, a pO2 (pressão de oxigénio) e a
temperatura. Um estudo procurou testar a capacidade de crescimento e fermentação da glicose de
uma estirpe da levedura Saccharomyces cerevisiae em temperaturas próximas do valor ótimo para a
sacarificação.
Osório Matias, Pedro Martins, A. Guerner Dias, Paula Guimarães, Paulo Rocha
pH não controlado
Tempo de incubação (horas)
Figura 3 - Variação da concentração de etanol para diferentes valores de pH, ao longo de uma semana
(concentração inicial de glicose de 40 kg.m-3).
Baseado em Lin, Y. et al. (2012) Factors affecting ethanol fermentation using Saccharomyces cerevisiae
BY4742. Biomass and Bioenergy, 47, p. 395-401
Osório Matias, Pedro Martins, A. Guerner Dias, Paula Guimarães, Paulo Rocha
5. A celulose é uma substância orgânica
(A) comum em plantas, como polissacarídeo de reserva.
(B) que contribui para a rigidez das células vegetais.
(C) que pertence ao grupo das moléculas aminoacídicas.
(D) que entra na constituição da membrana celular.
8. O meio utilizado para o crescimento das leveduras foi submetido a temperatura de 121
°C durante 20 minutos.
Explique a importância desta etapa no procedimento experimental, tendo em conta o
objetivo do estudo apresentado.
Osório Matias, Pedro Martins, A. Guerner Dias, Paula Guimarães, Paulo Rocha