Stefanovic, R. o Apocalipse de João
Stefanovic, R. o Apocalipse de João
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1- edição:
4- impressão: 1,5 mil
Tiragem Total: 8 mil
2019
Stefanovic, Ranko
O Apocalipse de João : desvendando o último
livro da Bíblia / Ranko Stefanovic ; tradução
Cecília Eller Nascimento. —Tatuí, SP : Casa
Publicadora Brasileira, 2018.
18-22231______________________________________________ CPP-228.06
índices para catálogo sistemático:
Os ti xtos bíblicos citados neste livro foram extraídos da versão Almeida Revista
e Ati ializada, 2a edição, salvo outra indicação.
Prefacio................................................................................................................ 7
Introdução.......................................................................................................... 9
1 • O Evangelho de P atm os......................................................................... 13
2 • Em Meio aos C andeeiros..................................................................... 2 0
3 • O Povo de Deus nas C idades................................................................26
4 • A Entronização do C ordeiro...............................................................38
5 • Os Sete Selos..........................................................................................4 6
6 • O Povo Selado de D e u s.......................................................................... 53
7 • As Sete Trom betas..................................................................................6 0
8 • Um Inimigo D errotado........................................................................ 6 8
9 • Satanás e seus A liad o s.......................................................................... 75
1 0 - 0 Evangelho Eterno de D e u s................................................................ 83
11 • As Sete Últimas P ragas..........................................................................9 0
12 • Juízo Sobre Babilônia............................................................................ 97
13 • "Faço Novas Todas as Coisas” ............................................................. 105
Prefácio
à edição em língua portuguesa
Os editores
Introdução
Abordagens interpretativas
Nenhum livro da Bíblia foi submetido a tantas abordagens interpreta
tivas quanto o Apocalipse. A questão de como interpretar e aplicar suas
profecias despertou diversos debates ao longo dos últimos séculos. Hoje
existem quatro abordagens interpretativas distintas ao livro.
Preterista. O preterismo (do latim praeter, que significa “passado”) é um
método de interpretação que atribui todo o significado do Apocalipse ao
passado, especificamente com relação à igreja cristã na Ásia Menor e suas
dificuldades com Roma na época. De acordo com esse ponto de vista, o
Apocalipse não prediz o futuro, mas foi escrito para encorajar os cristãos
da época de João a perseverar na fidelidade a Deus.
Futurista. Em contraste com o preterismo, o futurismo interpreta as
profecias do Apocalipse exclusivamente da perspectiva do tempo do fim.
O s intérpretes futuristas defendem que os eventos descritos em Apoca
lipse 4 a 22 se cumprirão rapidamente, logo antes da segunda vinda de
Cristo. O futurismo interpreta os símbolos do Apocalipse da maneira mais
10 O Apocalipse de João
Estrutura do santuário
A estrutura do Apocalipse também está intimamente relacionada aos
rituais do santuário do Antigo Testamento, uma vez que o livro faz diver
sas referências ao templo e seus móveis. Por meio dessa estrutura, o Apoca
lipse é dividido em sete partes principais que refletem as cerimônias diárias
e anuais do santuário terrestre. Cada uma dessas partes é introduzida por
uma cena no santuário.
A sequência dessas cenas introdutórias no templo revela uma progres
são dentro do santuário celestial que começa com sua inauguração. Esta
é sucedida pelas etapas de intercessão, julgamento, fim da intercessão e
ausência de atividade sacerdotal. A sequência é concluída quando Deus Se
une a Seu povo na Nova Jerusalém.
A estrutura do Apocalipse, baseada nos padrões diários e anuais do
santuário, nos ajuda a localizar as principais visões do livro dentro de seu
contexto histórico. Primeiro, ela aponta para Apocalipse 11:19 como uma
linha divisora entre a seção histórica do livro e a seção relativa ao tempo do
fim. Ao passo que a primeira metade do Apocalipse está concentrada pri
mariamente na era cristã, a segunda focaliza de forma exclusiva o tempo
do fim, especialmente após o término da mediação de Cristo. Isso revela
que as visões dos sete selos e das sete trombetas perpassam toda a histó
ria cristã, ao passo que as sete últimas pragas ocorrerão no tempo do fim.
Estrutura tríplice
Além do prólogo (Ap 1:1-8) e do epílogo (Ap 22:6-21), o corpo princi
pal do Apocalipse é dividido em três partes distintas: (a) as mensagens às
sete igrejas, que se concentram na situação histórica dessas congregações
da Ásia Menor durante a época de João (Ap 1:9-3:22) [que tipificam os
12 O Apocalipse de João
* Nota dos editores: Essa estrutura tríplice está baseada na percepção do autor, o que por si é
digno de elogio, enquanto tentativa de derivar a estrutura do próprio texto bíblico. Contudo,
nesse arranjo literário, corre-se o risco de enfatizar o aspecto histórico e minimizar a dimensão
prqfética. O s adventistas e outros cristãos têm interpretado as sete igrejas como sete períodos da
história da igreja cristã (ver Francis D. Nichol [ed.], Comentário Bíblico Adventista do Sétimo D ia
[Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2014], v. 7. p. 832-834; Clinton Wahlen, no artigo "Letters
to the seven churches: historical or prophetic?", publicado na revista Ministry, novembro de
2017). Ellen White também entendia as sete igrejas como sete períodos da igreja cristã: “Os
nomes das sete igrejas são símbolos da igreja em diferentes períodos da era cristã. O número
set* indica plenitude e simboliza o fato de que as mensagens se estendem até o fim do tempo,
enquanto os símbolos usados revelam o estado da igreja nos diversos períodos da história do
mundo” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 586).
Capítulo
0 Evangelho
de Patmos
Ele voltaria a fim de os levar para Si (Jo 14:1-3). O Apocalipse retoma essas
duas promessas e conta como, em primeiro lugar, Jesus cumpre a pro
messa de estar com Seu povo no decorrer da história, até o fim (Ap 1-18);
e segundo, como virá na conclusão deste mundo para estar junto aos fiéis
(Ap 19-22).
Sem o Apocalipse, nosso conhecimento do ministério de Cristo no Céu
em favor de Seu povo seria vago. O Apocalipse comunica a essência do
evangelho como "as boas-novas” e aponta enfaticamente para o Cristo glo
rificado como o único que, em virtude da própria morte, venceu a morte e
a sepultura (Ap 1:17,18). Jesus nunca abandonará Seu povo e sempre estará
com ele, até vir uma segunda vez a fim de levar os fiéis para o lar.
que estaria com Seus filhos para sustentá-los nos momentos difíceis, Jesus
disse: "Ora, estas coisas vos tenho dito para que, quando a hora chegar, vos
recordeis de que Eu vo-las disse” (Jo 16:4).
Devemos ter em mente que o cumprimento das profecias do tempo do
fim não deve ser alvo de especulação e sensacionalismo. O Apocalipse nos
informa a respeito dos acontecimentos do tempo do fim, mas não revela
exatamente quando e como eles acontecerão. Diversos livros e sites pre
dizem com exatidão como essas profecias se cumprirão, porém a maioria
dessas ideias são enganosas. Não foram extraídas da Bíblia, mas da imagina
ção de pessoas que se baseiam em interpretações alegóricas ou manchetes
de jornais. O tempo e a maneira do desenrolar dos acontecimentos finais
são segredos de Deus, reservados somente para Ele mesmo (Mt 24:36;
At 1:7). Eles só ficarão totalmente claros para nós quando se cumprirem,
não antes (Jo 14:29; 16:4).
Quando compreendidas de maneira adequada, as profecias do Apoca
lipse atendem a propósitos práticos: ensinar-nos como viver o hoje e como
nos preparar para o futuro. O estudo das profecias deve nos tornar pessoas
melhores, motivar-nos a levar nosso destino a sério e nos inspirar a alcan
çar outras pessoas com a mensagem do evangelho.
* Nota dos editores: N a perspectiva adventista, as sete cartas não se destinam somente em
conjunto à igreja cristã em todos os tempos, mas cada igreja corresponde a um período profético.
Em conjunto, elas falam a todas as épocas; particularmente, cada uma fala a uma era específica.
18 0 Apocalipse de João
tesl emunho fiel durante Sua jornada terrena, Jesus recebeu as honras do
primogênito e foi exaltado à posição mais elevada, acima de todos os pode
res e toda autoridade no Céu e na Terra (Ef 1:20-22; IPe 3:22).
[Após declarar a verdadeira identidade de Jesus, João passa a descrever
aquilo que Cristo faz (Ap 1:5b, 6). Essa atuação tripla corresponde a Seus
três títulos. No texto original, “Àquele que nos ama” é uma atividade em
andamento, ou seja, Ele nos ama continuamente. Esse amor abrange tanto
o passado quanto o presente e o futuro. Aquele que nos ama nos libertou de
nossos pecados por meio de Seu sangue. No texto original, o verbo “liber
tou” se refere a um ato completo no passado. Na cruz, Jesus morreu e provi
denciou uma perfeita e completa expiação dos nossos pecados.
O Apocalipse relata não apenas o que Cristo fez por nós, mas também
o que podemos nos tornar Nele. Ele nos “constituiu reino, sacerdotes para o
Seu Deus e Pai” (v. 6; cf. Ap 5:9,10). Os remidos desfrutam essa condição por
causa do que Cristo realizou na cruz do Calvário. Tal condição, assegurada
originalmente para o antigo Israel, cumpriu-se em sua redenção da escravi-
dãq do Egito e na promessa de que os israelitas seriam Seu reino de sacerdo
tes (Êx 19:5,6). Esse título privilegiado é oferecido à igreja cristã, que passa a
ser parte do verdadeiro Israel de Deus (IPe 2:9,10). Aquilo que foi oferecido
a Israel como promessa futura é ofertado, a partir desse momento, aos cris
tãos com base no que Jesus fez no passado.
Referências
1Bruce M. Metzger, Breaking the Code: Understanding the Book ofRevelation (Nashville, TN:
Abingdon Press, 1993), p. 23.
2 Robert H. Mounce, The Book o f Revelation, New International Commentary on the New
Testament (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1977), p. 68.
3 Lancelot C. L. Brenton (trad.), The Septuagint with Apocrypha: Greek an d English (Peabody,
M A: Hendrickson, 1986).
Capítulo
Em Meio aos
2
João em Patmos (1:9)
Candeeiros
João começa relatando que estava em Patmos por causa de seu tes
temunho fiel ao evangelho (Ap 1:9). O s autores cristãos da era primitiva
são unânimes em afirmar que João foi exilado nessa ilha rochosa e esté
ril pelas autoridades romanas, a fim de impedi-lo de anunciar o evange
lho. Enquanto prisioneiro, o idoso apóstolo suportou muitas dificuldades
durante o exílio em Patmos. A tradição cristã relata que ele foi obrigado a
realizar trabalhos forçados em pedreiras.1
A experiência de João em Patmos tem algum impacto sobre a lingua
gem e as imagens do Apocalipse. Por exemplo, a tribulação que ele supor
tou por causa do testemunho fiel ao evangelho se tornou precursora da
experiência do povo fiel em um mundo hostil, mas, de maneira especí
fica, da grande tribulação que o povo de Deus precisará enfrentar no fim
dos tempos (cf. Ap 7:14). Além disso, provavelmente, João tenha pensado
na ilha montanhosa de Patmos quando lhe foi revelado o desaparecimento
das ilhas e montanhas no tempo do fim (Ap 6:14; 16:20).
É perceptível, de maneira especial, a proeminência de imagens do mar e
da água no livro (que ocorrem 26 vezes). Uma vez que João estava confinado
a Patmos, o mar também passou a significar separação e sofrimento para ele.
As águas tempestuosas em volta da ilha serviram de símbolo para as con
dições sociopolíticas perturbadoras do mundo. O mar também está rela
cionado ao abyssos ("abismo sem fundo”), que é simbolicamente a morada
de Satanás e seus demônios (cf. Ap 13:1 com 17:8). É desse mar metafórico
que o apóstolo viu a besta saindo para oprimir o povo de Deus (Ap 13:1).
A meretriz Babilônia foi vista sentada "sobre muitas águas” (Ap 17:1; cf. v. 15).
Em Meio aos Candeeiros 21
le\ ado em visão no “dia do Senhor” (Ap 1:10). Parece que, para ele, o “dia do
Sefihor” era um momento especial.
Na Bíblia, há dois dias especificados como dia do Senhor. O primeiro é
o s étimo dia, o sábado. Deus o chama de “Meu santo dia” (Is 58:13) e “Meus
sábados” (Êx 31:13; Ez 20:12, 20). Jesus Se intitulou “Senhor do sábado”
(IV t 12:8; Mc 2:28). Isso mostra claramente que João pode ter recebido a
visão no sétimo dia, o sábado, como o dia do Senhor.
Outro dia que recebe esse título na Bíblia é o “dia do Senhor” escato-
lógico, mencionado com frequência tanto no Antigo (Is 13:6-13; Jl 2:11, 31;
A m 5:18-20; Sf 1:14; Ml 4:5) quanto no Novo Testamento (lTs 5:2; 2Pe 3:10).
Re ere-se ao momento em que Deus dará fim à história deste mundo e esta-
be ecerá uma nova ordem. No Novo Testamento, o “dia do Senhor” diz res-
pe: to exclusivamente à segunda vinda de Cristo.
É particularmente significativo que, na Bíblia, o sábado tenha um sig
nificado escatológico (Is 58:13, 14; 66:23) e seja um sinal de livramento
(Dt 5:15; Ez 20:10-12). Essas realidades fazem com que seja razoável pen-
saHque João cunhou a expressão “dia do Senhor” para combinar dois con
ceitos bíblicos em um: dizer a seus leitores que ele foi levado em visão para
o dia escatológico do Senhor a fim de testemunhar os eventos que ocorre
riam na conclusão da história da Terra (cf. Ap 1:7), bem como lhes contar
que essa visão ocorreu em um sétimo dia. Isso se encaixaria na descrição
dos eventos finais do Apocalipse e destacaria o papel central do sábado no
drs m a do tempo do fim.
Jesus tem o cabelo branco do “Ancião de Dias” de Daniel 7:9. Seus olhos
são como chama de fogo; Seus pés, como bronze polido; e Sua face brilha
como o rosto da figura divina na visão de Daniel (Dn 10:6; cf. Mt 17:2). Sua
voz, "como voz de muitas águas” (v. 15), é a voz de Deus em Ezequiel 43:2
(cf. Dn 10:6). Por meio da imagem dessa figura semelhante a homem, João
reconhece rapidamente o Senhor glorificado, com todas as Suas caracterís
ticas e prerrogativas divinas.
Ao aplicar essas imagens do Antigo Testamento a Cristo, João uti
liza as palavras “como” e “semelhante”, sugerindo um significado meta
fórico, em vez de literal. No mundo antigo, o cabelo branco ou grisalho
significava sabedoria e experiência (Jó 15:10; Pv 20:29). Os olhos de Cristo,
como chama de fogo, indicam Sua capacidade de penetrar até os segredos
mais escondidos do coração humano (Ap 2:18,23). Seus pés, como bronze
polido, simbolizam estabilidade e força (Ez 1:7); Sua voz, como trombeta e
“voz de muitas águas”, é a voz de Deus falando (Ez 43:2); e Seu rosto resplan
decente havia sido mencionado em Sua exaltação (Mt 17:2, 3). Além disso,
munido de uma espada de dois gumes que sai de Sua boca (Hb 4:12), Cristo
surge e age com toda a autoridade de Deus.
Ao usar os termos das descrições de Deus do Antigo Testamento,
esse retrato de Jesus apela em particular aos judeus. No entanto, para os
gentios, a mesma descrição poderia evocar a imagem da deusa helénica
Hécate, popularmente adorada na Ásia Menor ocidental na época de João.
Os pagãos lhes atribuíam autoridade universal. Eles a consideravam a ori
gem e a governante do céu, da terra e do Hades (o submundo), bem como
a agente por meio da qual tudo isso chegaria ao fim. Ela se manifestava de
três maneiras, correspondentes a cada parte do Universo: sua forma celes
tial era Selene ou Luna (a lua); sua forma terrena era Artêmis ou Diana;
e sua forma do submundo era Perséfone. Era chamada de “detentora da
chave”, pois se acreditava que ela tivesse a chave para as portas do Hades.
A seu respeito, foi escrito: "Começo [...] [e] fim [...] tu és, e somente tu a
tudo governas. Pois todas as coisas vêm de ti, e em ti se fazem todas as coi
sas. Eterna, chegas até o fim delas”.2
Jesus Se apresentou aos gentios como sua única esperança. Tudo aquilo
que desejavam em sua religião pagã poderiam encontrar em Cristo. Sua
autoridade ultrapassava a de Hécate e a de qualquer outra autoridade no
céu, na terra ou debaixo da terra (cf. Fp 2:10). Em virtude da própria morte
24 O Apocalipse de João
na cruz, Jesus quebrou o poder da morte e isso Lhe deu poder para possuir
“as chaves da morte e do inferno” (Ap 1:18). Por causa de Sua morte e ressur-
rei ão, Jesus vive para sempre e está com Seu povo e o sustenta.
Referências
1 Plínio menciona Patmos como um local de exílio [N atural History 4.23.11). Ver Irenaeus,
AgainstH eresies 5.30.3; Eusebius, EclesiasticalH istory, 3.18-20.
2 Ver David E. Aune, Revelation 1-5, Word Biblical Commentary (Dallas, TX: Word Books,
1997), v. 52 a, p. 104-115.
3 Ver Philip Schaff, History ofthe Christian Church, 3a ed. (Nova York, NY: Charles Scribners
Sons, 1910), v. 1, p. 13-20.
Capítulo
O Povo de Deus
3
nas Cidades
Éfeso
Localizada na encruzilhada entre duas estradas principais, Éfeso era um
famoso centro político, comercial e religioso. Com uma população de apro
ximadamente 250 mil habitantes, era uma das maiores cidades do Império
Romano. Na cidade, havia dois templos dedicados à adoração do impera
dor, além de 15 templos para outras divindades. O maior deles era o templo
de Artêmis (ou Diana dos romanos), uma das sete maravilhas do mundo
antigo. No entanto, a cidade era conhecida pela criminalidade, imoralidade
e superstição.
I Jesus Se apresenta à igreja de Éfeso como “Aquele que conserva na mão
direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro” (Ap
2:1), representando Sua presença na igreja e o conhecimento da situação
que ela enfrenta. Ele a elogia por suas qualidades positivas. Apesar de viver
num ambiente idólatra, cercados por um estilo de vida pagão e práticas
imorais, os membros daquela comunidade trabalhavam duro e demonstra
va n perseverança na causa do evangelho, permanecendo firmes diante da
pe 'seguição. A igreja também era correta na doutrina, exercendo discerni
mento ao testar falsos apóstolos, sem tolerar os falsos ensinos (v. 2,3).
IEm particular, eles resistiam aos nicolaítas (v. 6). Embora a identidade
prçrisa dos nicolaítas não seja clara, alguns autores cristãos primitivos os
identificam como os seguidores de Nicolau de Antioquia, um dos sete diá
conos da igreja de Jerusalém, que acabou se tornando um herege (At 6:5).'
O s nicolaítas defendiam concessões e conformidade com práticas pagãs, a
fim de evitar o desconforto e as dificuldades do isolamento social e a perse
guição iminente. Esse grupo agia de forma semelhante a alguns membros da
0 Povo de Deus nas Cidades 27
Esmirna
IEsmirna estava localizada em uma grande encruzilhada da rota comer
cial greco-asiática e abrigava o porto mais acessível e seguro da Ásia. Natu
ralmente, isso transformava Esmirna em um centro cultural, religioso e
político. Ostentando um estádio famoso, uma biblioteca e o maior teatro
público da província, mereceu o título de “glória da Ásia".
A cidade também era o centro da adoração ao imperador. Como ato de
lealdade, todos os cidadãos tinham a obrigação de comparecer ao templo
uma vez por ano a fim de queimar incenso diante da estátua do imperador
e proclamar: "César é Senhor!” Quem cumpria essa exigência recebia um
certificado que permitia ter um negócio ou emprego. Aqueles que se recu-
sayam enfrentavam perseguição ou morte.2
I
Jesus Se apresenta à igreja de Esmirna como “o primeiro e o último, que
esteve morto e tornou a viver” (Ap 2:8). As características de Cristo corres
pondem de forma adequada à situação da igreja. Ele entende a condição
dela, pois também foi perseguido até a morte. O s membros enfrentavam
extrema pobreza; muitos estavam desempregados e eram excluídos, alguns
O Povo de Deus nas Cidades 29
sofriam prisão e até a morte - tudo por Cristo. Os judeus que se distancia
vam dos cristãos e os difamavam foram chamados por Jesus de "sinagoga
de Satanás” (v. 9).
É compreensível que os cristãos de Esmirna vivessem em constante
temor, pois enfrentavam perseguições. Jesus, porém, apelou aos fiéis para
que permanecessem até a morte a fim de que recebessem a "coroa da vida”
(v. 10). A guirlanda entregue ao vencedor dos Jogos Olímpicos da Antigui
dade era passageira, mas a coroa prometida por Cristo aos fiéis de Esmirna
era a vida eterna, concedida por ocasião de Sua segunda vinda (2Tm 4:8).
Os vencedores de Esmirna recebem a promessa de que não sofrerão
"dano da segunda morte" (Ap 2:11). A morte física não passa de um sono
temporário: por isso, não é uma tragédia, graças à esperança da ressurrei
ção. É a segunda morte que deve ser temida, pois é a morte eterna, da qual
não haverá ressurreição.
A experiência da igreja de Esmirna simboliza profeticamente a perse
guição aos cristãos em todo o Império Romano durante o 2a e o 3a séculos.
Os “dez dias” mencionados no verso 10 apontam para a notória persegui
ção iniciada pelo imperador Diocleciano e levada adiante por seu sucessor
Galério (303-313 d.C). Dessa maneira, a igreja de Esmirna representa um
período da história da igreja, começando por volta do início do 2a século
até 313 d.C, quando Constantino, o Grande, emitiu o conhecido Edito de
Milão, concedendo liberdade religiosa aos cristãos.
Pérgamo
Ao longo de mais de dois séculos e meio, Pérgamo serviu como a capital
política, intelectual e religiosa da Ásia. Era também uma das cidades mais
elitizadas do mundo helénico. Ostentava uma biblioteca que rivalizava com
a de Alexandria, abrigando quase 2 mil obras. De todos os templos magnífi
cos de Atena, Dionísio e Esculápio, a obra-prima era o enorme altar a Zeus,
com um a fumaça que ascendia constantemente dele. Histórias de curas
milagrosas pelo “salvador" Esculápio, o deus grego da cura, espalhavam-se
a partir do imenso asclêpieion (templo de Esculápio ou Asclépio), do lado
de fora da cidade. Essa saturação de paganismo realmente fazia de Pérgamo
o lugar "onde Satanás habita" (v. 13).
Jesus aparece como “Aquele que tem a espada afiada de dois gumes”
(v. 12). O imperador romano detinha o ius gladii (o direito à espada)
O Apocalipse de ]oão
j
Ti atira
A cidade de Tiatira abrigava muitas associações comerciais locais. Em
lugar de templos ou centros administrativos, era a menos importante das
sete cidades mencionadas no Apocalipse. Essas associações controlavam
as numerosas profissões existentes na cidade, e não era permitido ter um
negócio sem ser membro de uma delas. Contudo, cada associação tinha
um deus padroeiro e fazia festas em homenagem a ele, muitas vezes acom
panhadas de atividades imorais, como por exemplo a prostituição ritual.
A recusa em participar resultava em consequências terríveis, sanções
severas ou expulsão das associações. Essas penalidades eram um desafio
significativo para os cristãos do Ia século. •
Para Tiatira, Jesus Se apresenta como o Filho de Deus. Seus olhos fla
mejantes simbolizam Sua habilidade de ver a parte mais íntima dos seres
humanos (Ap 2:23) - sondando a mente e o coração (o centro da inteli
gência) -, uma capacidade que pertence somente a Deus (Jr 17:10). Os pés
de bronze polido enfatizam Sua posição intransigível contra as influências
sedutoras dentro da igreja.
Cristo descreve a igreja de Tiatira como amorosa, fiel, voltada para o
serviço e perseverante. Em contraste com Éfeso, suas obras posteriores de
amor são maiores do que as primeiras. No Novo Testamento, amor e fé
andam juntos (G15:6; Ef 1:15; lTs 3:6). Além disso, o serviço é resultado do
amor, e a perseverança é produto da fé (Cl 1:23; 2Ts 1:3,4).
Entretanto, possivelmente, Tiatira tolerasse uma mulher influente, a
quem Jesus dá o apelido de Jezabel, que também pode ser entendida sim
bolicamente. No Antigo Testamento, Jezabel foi a famosa rainha esposa de
Acabe que levou Israel à apostasia (lRs 16:31-33). De maneira semelhante
aos nicolaítas, essa “Jezabel” afirmava ser profetisa de Deus, alegando que
não havia problema os cristãos cumprirem as exigências das associações
comerciais (Ap 2:20) e aceitar “comerem coisas sacrificadas aos ídolos e
praticarem a prostituição” (v. 14). Sua influência levou muitos a transigi
rem com o paganismo.
A prostituição espiritual de Jezabel é precursora da Babilônia, a
grande meretriz, que, no tempo do fim, seduzirá os líderes mundiais
para o serviço a Satanás (Ap 17:1-7). Um a vez que a atuação da prostituta
ocorre na cama, é no leito que Jezabel e seus consortes - aqueles que
aceitam seus ensinos - serão julgados (ver Ap 2:22). Jesus trará grande
i O Apocalipse de ]oao
Sardes
■ Sardes tem uma história esplêndida. Seis séculos antes do Apocalipse
ser escrito, era uma das maiores cidades do mundo, a capital do opulento
reino lídio. Era conhecida como o centro comercial das indústrias têxteis,
de tingimento e lã, oferecendo a seus cidadãos um estilo de vida luxuoso.
Localizada em um morro bem íngreme e com apenas uma rota de acesso,
consistia em uma fortaleza natural. Compreensivelmente, seus habitantes
tinham excesso de confiança e vigiavam mal os muros da cidade, quando o
faziam. Em razão disso, a cidade foi capturada de surpresa em duas ocasiões,
primeiro por Ciro, o Grande (547 a.C), e posteriormente por Antíoco III
(214/213 a.C). Em ambas as ocasiões, soldados inimigos escalaram o pre
cipício à noite e encontraram os muros sem vigilância, invadindo depressa
aquela cidade arrogante e sem defesa.
| O tom de Jesus é alarmante e severo desde o princípio, dando apenas
repreensões. Elas não dizem respeito a nenhum pecado específico, mas à
complacência e letargia espiritual. Apesar da reputação que a igreja tinha
d0 estar viva, Ele a encontra espiritualmente morta, refletindo uma cidade
que sobrevivia da reputação passada. As obras de Sardes não estavam à
altura daquilo que Deus esperava, pois careciam do poder transformador
0 Povo de Deus nas Cidades 33
Filadélfia
Filadélfia era um a cidade próspera que ficava na estrada imperial, a
qual conectava todas as partes do oriente com o ocidente. Desde o prin
cípio, havia a intenção de que Filadélfia fosse uma cidade missionária
34i 0 Apocalipse de |oão
Laodiceia
Por causa de sua localização favorável na principal estrada comercial
entre Éfeso e a Síria, Laodiceia era um dos grandes centros comerciais do
mundo antigo. Sua riqueza provinha, em grande parte, da luxuosa lã negra
usada para fabricar roupas, bem como de sua posição como importante
centro bancário, armazenando grandes quantidades de ouro.
Laodiceia também ostentava uma escola de medicina que produzia
um unguento para os olhos, feito com pó da Frigia misturado com óleo.
A cidade era tão rica que rejeitou auxílio imperial após ser devastada por
um terremoto em 60 d.C , explicando que a ajuda era desnecessária. De
fato, o único revés foi a falta de água, a qual era levada até a cidade por meio
de um aqueduto de quase 10 km de extensão. Abastecida tanto por uma
fonte termal quanto por água gelada das montanhas, a cidade ganhou a
fama de ter água morna.
Laodiceia está em um a condição tão ruim que Jesus não tem nada
de positivo para dizer a respeito dela. A pesar da ausência de acusações
específicas de pecado, apostasia ou heresia, nenhuma outra igreja recebe
um a repreensão tão severa da parte de Cristo. Ele compara o suprimento
de água da cidade aos membros, nem agradavelmente frios, nem quen
tes, m as mornos. Por esse motivo, Jesus estava prestes a vomitá-los da
boca (Ap 3:16).
A igreja reflete a complacência de uma cidade cheia de si. Crendo que a
riqueza é um sinal de favor divino, por isso não sente necessidade alguma.
Infelizmente, sua riqueza material não se traduz em riqueza espiritual.
Pelo contrário, os cristãos de Laodiceia acabam experimentando o efeito
oposto. Nesse caso, a palavra grega para “pobre” (ptõchos) significa pobreza
extrema. Além disso, a falta de consciência da própria condição os deixou
espiritualmente cegos. Que irônico para uma cidade conhecida por trata
mento para os olhos!
36 0 Apocalipse de João
Referencias
1 Iranaeus, Against Heresies 1.26.3; 3.11 (The Ante-Nicene Fathers, eds. A. Roberts; J. Donaldson
(Njova York, NY: Charles Scribner's Sons, 1913], v. 1, p. 352,426-429); Hippolytus of Rome, The
lim itation o f A ll Heresies 7.24 (The Ante-Nicene Fathers, eds. A. Roberts; J. Donaldson [Nova
Ycik, NY: Charles Scribner's Sons, 1919]), v. 5, p. 115.
O Povo de Deus nas Cidades 37
2 Ver William Barclay, The Revelation o f John, The Daily Study Bible, 2a ed. (Filadélfia, PA:
Westminster John Knox Press, 1976), v. 1, p. 76-78.
3 William Ramsay, The Letters to the Seven Churches, 2a ed. (Peabody, MA: Hendrickson, 1994),
p. 214.
Capítulo
A Entronização
4 do Cordeiro
Por fim, têm uma coroa de ouro da vitória nas mãos, reservada de forma
exclusiva para os santos triunfantes (Ap 2:10; 3:11; cf. 2Tm 4:8; Tg 1:12). Essas
co?oas da vitória não são coroas da realeza, o que mostra que os 24 anciãos
sãq seres humanos vitoriosos, não governantes de outros mundos.
Todos esses detalhes apontam para o fato de que os 24 anciãos con
sistem em um grupo simbólico, que representa a humanidade redimida.
O s dois grupos de 12 se referem às 12 tribos de Israel como símbolo do
povo de Deus no Antigo Testamento e aos 12 apóstolos como símbolo
do povo de Deus no Novo Testamento. Na nova Jerusalém, as 12 portas
recebem o nome das 12 tribos de Israel, ao passo que os 12 fundam en
to^ recebem o nome dos 12 apóstolos (Ap 21:12-14). Logo, os 24 anciãos
representam todo o corpo do povo de Deus, tanto do Antigo quanto do
Novo Testamentos.
No Antigo Testamento, havia 24 divisões de sacerdotes que trabalha
vam por turnos nas cerimônias do templo (lCr 24:4-19). Cada divisão era
liderada por um sacerdote-chefe, havendo então 24 sacerdotes-chefe no
total (v. 5). Na tradição judaica, esses sacerdotes-chefe eram denominados
"anciãos". De maneira semelhante, os cantores do templo eram organiza
dos em grupos de 24 (lCr 25:8-31). Note que as atividades dos 24 anciãos
no Apocalipse consistem em louvar e adorar continuamente a Deus
(Ap 5:9, 10; 19:4), como faziam os cantores do templo. Além disso, a apre
sentação das orações dos santos ao Senhor espelha a obra dos sacerdo
tes. Logo, assentados em tronos, os 24 anciãos exercem um papel duplo de
sacerdotes e reis (cf. Ap 5:8-10).
Os quatro seres viventes (4:6b-8). De cada lado do trono, existem quatro
seres celestiais, olhando para os quatro pontos cardeais. Eles são diferentes
de todos os seres celestiais que João viu antes e são bem-parecidos com os
qu srubins da visão que Ezequiel teve do trono de Deus (Ez 1:5-14; 10:12-15).
Ta ato Ezequiel quanto João contemplaram o mesmo número de seres, e
arpbos se referem a eles como "quatro seres viventes”. Os dois comparam
sua aparência ao leão, ao novilho ou boi, a um ser humano e a uma águia
voando. Em ambas as situações, os seres viventes são cobertos de olhos. Por
finá, as duas visões os relacionam intimamente ao trono.
Ao passo que os seres viventes da visão de Ezequiel têm quatro rostos
e quatro asas (Ez 1:6), os quatro seres viventes do Apocalipse têm seis asas
corno os serafins da visão de Isaías (Is 6:2). Da mesma forma que os serafins
A Entronização do Cordeiro 41
Poitanto, ao tomar o rolo alguns instantes depois (Ap 5:8), Jesus assume
Seu lugar no trono à destra do Pai, ou seja, aceita Seu papel de novo gover
nante da casa real de Davi (v. 5).
O livro está “selado com sete selos” (v. 1). Nos tempos antigos, a ratifi
cação de um documento legal era realizada por meio de uma impressão
feita com um anel sinete ao final do conteúdo. A fim de impedir adulte
rações, o documento também era enrolado e amarrado com fios. O selo
era impresso em gotas de argila ou cera onde os fios estavam amarrados.
Não era possível abrir o documento e conhecer seu conteúdo sem romper
o sélo. Somente uma pessoa autorizada podia romper o selo e abrir o docu
mento sem sofrer nenhuma consequência.
N a época de João, era comum a prática de selar documentos com mais
de um selo. A lei romana ditava que alguns documentos fossem selados
com no mínimo sete selos. O rolo simbólico que João contemplou em visão
era como um documento legal enrolado, amarrado com uma corda e selado
nas extremidades externas com selos de cera afixados aos nós. Como tal,
não poderia ser aberto, nem seu conteúdo revelado até que todos os sete
selos fossem rompidos.3
Í
)aniel e Apocalipse mostram que, se havia uma mensagem a ser com-
ndida em um momento posterior, o selamento era a maneira de Deus
ocultar a revelação até o tempo designado (Dn 12:4, 9; Ap 10:4). O rolo de
Ap acalipse 5 é selado com o propósito de ocultar seu conteúdo e mantê-lo
esc andido. Por causa do selo, ninguém “podia abrir o livro, nem mesmo
olhar para ele” (Ap 5:3). Só seria possível abri-lo se a pessoa autorizada rom
pes se todos os selos.
Apocalipse 10:7 mostra que seu conteúdo está ligado ao “mistério de
De rs” e Seu propósito na solução do pecado, salvação da humanidade caída
e e itabelecimento do reino eterno. Esse mistério permaneceu escondido
por eras, mas foi parcialmente revelado com a vinda de Cristo e a pregação
do evangelho (Rm 16:25, 26; Ef 3:1-12). Ellen G. White comenta que o livro
selado contém o registro do grande conflito, que inclui a
A cena do Pentecostes
O estabelecimento de Cristo no trono celestial ocorreu na época do
Pentecostes (At 2:32-36)7 Durante Sua entronização à destra do Pai, Jesus
Se tornou o governante legítimo da Terra. O Espírito Santo desceu sobre
os discípulos a fim de cumprir a promessa que Jesus lhes fez (Jo 14:16-18).
Apocalipse 5:6 menciona os sete Espíritos sendo “enviados por toda a terra”.
O si sete Espíritos denotam a plenitude da atuação do Espírito Santo no
mundo (sete é o número da plenitude). Ao passo que anteriormente no
livro o Espírito Santo está perante o trono (cf. Ap 1:4; 4:5), no capítulo 5 Ele
é enviado para a Terra. O envio do Espírito Santo está diretamente ligado à
inauguração do ministério de Cristo após o Calvário.
,A obra do Espírito Santo na Terra em conexão com a exaltação
de Cristo ao trono celestial é significativa. De acordo com João 7:39, o
Espírito Santo “não fora dado, porque Jesus não havia sido ainda glorifi
cado”. M as em seu sermão no Pentecostes, Pedro explicou que a vinda do
Espírito Santo à Terra era resultado da exaltação de Cristo ao trono celes
tial à destra de Deus (At 2:32-36). A vinda do Espírito Santo durante o Pen
tedostes foi a garantia celestial de que Jesus havia comparecido perante o
Pai e de que Seu sacrifício em prol da humanidade fora aceito. Depois disso,
A Entronização do Cordeiro 45
Referências
1Richard M. Davidson, "Tipologia do Santuário”, em Estudos Sobre Apocalipse, ed. Frank
Holbrook, Série Santuário e Profecias Apocalípticas (Engenheiro Coelho, SP: Unaspress, 2017),
v. 6, p. 147.
2 Ellen G. White, O Desejado de Todas a s N ações (Tatui, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2004),
p. 834.
3 George E. Ladd, Apocalipse: Introdução e Comentário, Série Cultura Bíblica (São Paulo, SP:
Edições Vida Nova; Mundo Cristão, 1986), p. 61.
4 Ellen G. White, Manuscrito 667, "Prophetic Interpretation", em M anuscript Releases (Silver
Spring, MD: Ellen G. White Estate, 1990), v. 9, p. 7.
5 Adela Yarbro Collins, The Apocalypse, New Testament Message (Collegeville, MN: Liturgical
Press, 1979), v. 22, p. 39.
6 Ibid.
7 No Novo Testamento há muitos textos declarando que, durante Sua ascensão, Cristo Se
assentou à destra de Deus e recebeu autoridade, poder e domínio universal (Rm 8:34; E f 1:20
22; Cl 3:1; Hb 10:12; 12:2; IPe 3:21,22).
Capítulo
Os Sete Selos
5
O s sete selos do Apocalipse revisam a mesma história das sete igrejas.
Começando com os quatro cavaleiros do Apocalipse, os selos relatam a
experiência da igreja ao longo das eras. A chave para desvendar o signifi
cado teológico dos quatro cavaleiros, bem como do restante dos selos, está
no relacionamento pactuai entre Deus e Israel no Antigo Testamento. No
Novo Testamento, a chave que ajuda a explicar os selos é o entendimento
adequado do sermão apocalíptico de Jesus no Monte das Oliveiras.
INo Antigo Testamento, Deus fez uma aliança com Israel no Sinai,
prometendo que, se o povo Lhe obedecesse, Ele o reconheceria como Seu
povo escolhido (Êx 19:5, 6). Enquanto os israelitas permanecessem den
tro do relacionamento de aliança, Deus Se comprometeu a abençoá-los.
O s livros de Levítico e Deuteronômio (sobretudo Lv 26:3-9 e Dt 28) con
têm um a longa lista de bênçãos para os israelitas, caso eles vivessem de
acordo com a instrução divina. Do contrário, caso transgredissem a
aliança, um a série de maldições se seguiriam (Lv 26:21-36; Dt 32:23-25).
Es$as advertências incluem quatro pragas - bestas selvagens, espada,
peste e fome - que recairiam sobre Israel por quebrar a aliança. A fim de
reconquistar as pessoas, as maldições funcionavam como medidas dis
ciplinares, por meio das quais Deus punia Seu povo quando este se afas
tava. O Senhor prometeu perdoar os israelitas se eles se arrependessem
e se voltassem para Ele.
O Apocalipse retrata de maneira vívida a experiência da igreja desde
o ’entecostes até a segunda vinda por meio da imagem das maldições
da aliança. O s quatro cavaleiros simbolizam a experiência de vitória do
po|Vo de Deus, dando-lhe o direito de compartilhar do trono de Jesus
Os Sete Selos 47
contra 'os que não conhecem a Deus e contra os que não obede
cem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. Estes sofrerão penalidade
de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do Seu
poder, quando vier para ser glorificado nos Seus santos e ser admi
rado em todos os que creram, naquele dia (porquanto foi crido entre
vós o nosso testemunho) (2Ts 1:8-10).
6
Apocalipse 7 é um parêntese entre o sexto e o sétimo selos; mas, ainda
assim, se encaixa bem na sequência. A abertura do sexto selo nos leva à
segunda vinda de Cristo, e Apocalipse 7 responde à pergunta cheia de
pânico dos ímpios: “Quem é que pode suster-se?" (Ap 6:17). A resposta é o
povo selado de Deus.
Os ventos
Apocalipse 7 começa com quatro anjos "em pé nos quatro cantos da
terra, conservando seguros os quatro ventos da terra”, os quais impedem
a destruição da terra, do mar e das árvores (v. 1). A expressão "quatro can
tos da terra” é um a forma antiga de se referir aos quatro pontos cardeais.
Isso denota a relevância global da cena.
No Antigo Testamento, o vento simboliza as forças destrutivas que
Deus utiliza para executar o juízo sobre os ímpios (Jr 23:19,20; Os 13:15).
Jeremias se referiu ao juízo iminente sobre Jerusalém como um vento
forte e escaldante proveniente do deserto (Jr 4:11-13). Também viu
“um vento destruidor” devastando Babilônia (Jr 51:1, 2). A imagem dos
“quatro ventos” é um conceito bem conhecido do Antigo Testamento
(Jr 49:36). Em visão, Daniel contempla “os quatro ventos do céu” que “agi
tavam o m ar Grande” (Dn 7:2, 3). A passagem a seguir do livro de Ecle
siástico m ostra que os judeus da época de João entendiam que os ventos
simbolizavam o juízo divino: “H á ventos que foram criados para castigo
e no seu furor são um flagelo, no momento final desencadeiam a sua
violência, e saciam o furor do Seu Criador” (Eclesiástico 39:28, Bíblia de
Jerusalém ).
54 O Apocalipse de Joao
brs nco são as que saíram da grande tribulação (v. 14). Elas lavaram as vestes
no sangue do Cordeiro e, por isso, estão diante do trono de Deus, servin
do' O dia e noite em Seu templo (v. 15). Isso mostra que a grande multidão
é a última geração do povo de Deus - aqueles que passarão pela grande tri
bu ação das sete últimas pragas.
Ao identificar esse grupo, é importante ter em mente uma caracterís-
tic literária do Apocalipse. Trata-se do padrão “ouvi" e “vi”. Com frequên
cia João ouve acerca de algo na visão. Em seguida, ele vê o que ouvira antes,
porém, com um símbolo e uma perspectiva diferente. Por exemplo, em
Apocalipse 5:5, João ouve que o Leão da tribo de Judá venceu. M as o que
ele|vê alguns instantes depois é o Cordeiro como tendo sido morto (v. 6).
O Leão e o Cordeiro são dois símbolos de Cristo: o Leão mostra o que
Crjsto fez, e o Cordeiro revela como Ele fez.
p s s a é a situação que encontramos em Apocalipse 7. João ouve que o
nú nero do povo selado de Deus é 144 mil; mas, para ele, esse povo parece
urr a multidão grande e incalculável. Isso mostra que os 144 mil e a grande
mi ltidão são o mesmo grupo - o povo de Deus do tempo do fim em dife-
rer tes momentos e circunstâncias.4
Parece claro que os 144 mil são retratados como a igreja militante, orga
nizada em 144 divisões militares, marchando para a guerra final da história
de$te mundo. A grande multidão, em contrapartida, é apresentada como a
igreja triunfante, que saiu da guerra e celebra a vitória. O conflito terminou
e por isso já não há mais necessidade de uma organização em divisões mili-
tarjes. Para João, aquelas pessoas parecem uma multidão impossível de ser
calculada. O motivo para não conseguir contá-la não está relacionado com
o grande número, mas com a aparência de uma multidão inumerável, em
contraste com os 144 mil, que podem ser numerados com facilidade.
INenhuma passagem da Bíblia diz que, no tempo do fim, Deus terá uma
última geração de santos que atingirá um nível de santidade não alcançado
por aqueles que viveram antes. O s 144 mil não são um grupo seleto, sepa-
rac o do restante do povo do Senhor, que receberá privilégios especiais não*
* Neta dos editores: Há pelo menos três correntes de interpretação sobre esse tema: (1) a de que
os É 4 mil e a grande multidão são o mesmo grupo; (2) a de que eles são grupos diferentes; (3) a
grande multidão representa todo o grupo dos remidos, incluindo os 144 mil (Francis D. Nichol
[e d l Comentário Bíblico Adventista do Sétimo D ia [Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2014],
v .7 p . 868, 869).
0 Povo Selado de Deus 59
concedidos ao restante dos remidos. Os 144 mil não são os únicos perse
guidos nem os primeiros a ser selados. Além disso, não são os únicos remi
dos nem os primeiros a ser considerados sem mácula diante do trono.
No reino de Deus, todo o Seu povo, sem distinção, recebe a promessa de
vestes brancas (Ap 3:4,5; 6:11; 19:8). Isso denota que todos os integrantes do
povo de Deus sejam iguais perante o Senhor, sem clãs, hierarquias ou privi
légios disponíveis apenas para uns, mas não para outros.
Capítulo
As Sete
7 Trombetas
Apocalipse 8:2 inicia uma nova visão, com sete anjos tocando trom
bei as. Conforme as trombetas soam, uma série de eventos vai se desen
cadeando na Terra. Ao abordar essa visão, é importante recordar uma
característica literária especial repetida diversas vezes no livro: o interlúdio.
A medida que começa uma nova descrição da visão, João interrompe seus
comentários e insere outra cena com um conteúdo diferente.
dos homens vistos por ele em visão pergunta quanto tempo demoraria
até a perseguição dos santos terminar e os eventos profetizados acontece
rem. Em resposta, o mensageiro celestial ergue as mãos ao céu e jura por
Aquele que vive para sempre que a perseguição do povo de Deus durará
"um tempo, dois tempos e metade de um tempo” (Dn 12:7), então virá o
fim. Até que esse momento chegue, o povo do Senhor deve esperar com
paciência (v. 12).
Apocalipse 10 ecoa Daniel 12 de forma clara, com exceção da expres
são "já não haverá mais tempo”, que substitui a frase "um tempo, dois tem
pos e metade de um tempo” de Daniel. “Um tempo, dois tempos e metade
de um tempo” é a designação simbólica do período profético de 1.260 anos,
quando o povo de Deus foi perseguido pelo poder do anticristo. O fim viria
após esse período profético.
Em Apocalipse 6:10, encontramos a súplica contínua do povo oprimido
de Deus: “Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas,
nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” Eles recebem a
instrução de esperar um pouco mais (v. 11). Já em Apocalipse 10:6, o povo
de Deus recebe a certeza, por meio de um juramento divino, de que “não
haverá mais tempo”. O Senhor ouviu o clamor de Seu povo, encontrado no
quinto selo. Os eventos do tempo do fim logo deveriam ocorrer.
Embora o tempo do fim profetizado por Daniel já esteja em andamento,
o anjo adverte João de que ainda não é o fim. É somente ao toque da sétima
trombeta que o fim virá e o mistério de Deus será cumprido, conforme
anunciado pelos profetas (v. 7) e por Daniel em particular.
O mistério mencionado pelo anjo abrange todo o propósito de Deus: esta
belecer Seu reino eterno, simbolizado pelo livro selado de Apocalipse 5, que
será aberto na vinda de Cristo. Nesse momento, conforme declarou Paulo,
Deus “não somente trará à plena luz as coisas ocultas das trevas, mas também
manifestará os desígnios dos corações” (ICo 4:5). Na segunda vinda, a pleni
tude desse mistério será revelada a todo o Universo (Ap 20:11-15).
se acham em pé diante do Senhor” (Ap 11:4). Nesse verso, João aponta para
a v são de Zacarias do candelabro e das duas oliveiras (Zc 4:2, 3). Foi dito a
Zai jarias que as duas oliveiras representavam “os dois ungidos” em pé junto
ao senhor da Terra (Zc 4:14), isto é, Josué, o sumo sacerdote, e Zorobabel, o
go> ernador da Judeia. Assemelhando-se aos papéis de Josué e Zorobabel, as
du; is testemunhas são retratadas em termos sacerdotais e reais.
Em seguida, João retrata as duas testemunhas como Elias e Moisés
(Ap 11:5, 6). Elias fechou o céu para que não chovesse por três anos e meio
(equivalentes a 1.260 dias; cf. lRs 17; Lc 4:25) e fez cair fogo do céu sobre os
soldados que foram prendê-lo (2Rs 1:9-14). De maneira semelhante, as duas
testemunhas mandam fogo de suas bocas sobre os inimigos e fecham os
céus para que não chova durante 1.260 dias (ou três anos e meio). Assim
como Moisés transformou água em sangue e feriu a terra do Egito com
toda sorte de pragas (Êx 7-11), as duas testemunhas também têm autori
dade para transformar água em sangue e ferir a terra com pragas.
Quem são essas duas testemunhas? Estudiosos apontam para dois
asp ectos: (1) a Palavra de Deus - o Antigo e o Novo Testamentos;3 e, mais
rec sntemente, (2) o povo de Deus, que testemunha da veracidade da Bíblia
e do evangelho para o mundo. Apocalipse 11:8, possivelmente, mostre que
as duas testemunhas são uma entidade única, em lugar de duas (o grego diz
“o cadáver delas”). Talvez seja também apropriado ver as duas testemunhas
como o povo do Senhor em seu papel real e sacerdotal, pregando a Bíblia
como a Palavra de Deus (cf. Ap 1:6; 5:10). É por causa de sua fidelidade à
Bíblia que o povo do Senhor sofreu ao longo da Idade Média, durante o
período profético dos 1.260 dias ou 42 meses (Ap 6:9; 12:6,13,14).
Ao tratar das duas testemunhas, Ellen G. White as identifica como o
Antigo e o Novo Testamentos, mas, na descrição desse símbolo, inclui tam
bém o povo de Deus, que foi tão perseguido quanto o texto sagrado:
Referências
1 O texto grego mostra que o anjo estava sobre o altar, não no altar, como sugerem outras
traduções. Ver Ranko Stefanovic, "The Angel at the Altar (Revelation 8:3-5): A Case Study on
Intercalations in Revelation", Andrews University Seminary Studies 44, n° 1 (2006), p. 79-94.
As Sete Trombetas 67
2Ver Mishnah Tamid, 4:1—5:6. Conferir Emil Schürer, The History o f the Jewish People in the Age
o f Jesus Christ, 2* ed. (Londres: T & T Clark, 1979), v. 2, p. 299-308.
3 Francis D. Nichol (ed.), Comentário Bíblico Adventista do Sétimo D ia (Tatuí, SP: Casa
Publicadora Brasileira, 2014), v. 7, p. 887.
4 Ellen G. White, O Grande Conflito (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2005), p. 267.
5 Jacques B. Doukhan, Segredos de D aniel: Sabedoria e Sonhos de um Príncipe no Exílio (Tatuí, SP:
Casa Publicadora Brasileira, 2018), p. 23, nota 7.
6 G. K. Beale, The Book o f Revelation, New International Greek Testament Commentary (Grand
Rapids, MI: Eerdmans, 1999), p. 603.
Capítulo
Um Inimigo
8 Derrotado
A mulher (12:1,2)
Em visão, João contempla um grande sinal no céu. Algo especial e notá
vel é mostrado nessa passagem (cf. Ap 12:3; 15:1). A palavra grega sêmeion
“sinal” denota a apresentação simbólica de um objeto real. Esse sinal con
siste em uma mulher vestida de sol com a lua debaixo dos pés, com uma
guirlanda de 12 estrelas na cabeça. Ela está em trabalho de parto, prestes a
dar à luz um filho.
I Na Bíblia, a figura da mulher é um símbolo do povo de Deus, seja ele fiel
ou apóstata. No Antigo Testamento, Israel, o povo da aliança, é chamado
com frequência de a esposa de Deus (Is 54:5; Jr 3:20). Quando Israel era fiel
à aliança com Deus, era chamado de mulher pura e fiel. Por outro lado, o
Israel apóstata e idólatra era retratado como uma prostituta. Esse conceito
é transportado para o Novo Testamento e aplicado à igreja (cf. 2Co 11:2;
Ef|5:25-32). No Apocalipse, o povo fiel a Deus é representado como uma
mulher fiel (Ap 19:7, 8; 22:17), enquanto os apóstatas e infiéis são retratados
como uma meretriz (cap. 17; 18).
A imagem de uma mulher com belos adornos em trabalho de parto traz
à memória diversas passagens do Antigo Testamento. Para começar, ecoa
Um Inimigo Derrotado 69
O dragão (12:3-6)
Em oposição à mulher, está o dragão ou Satanás, que é a serpente de
Gênesis 3. Suas sete cabeças representam os reinos na história, por meio
dos quais ele trabalhou para se opor aos planos e propósitos divinos no
mundo e para oprimir o povo de Deus (Ap 17:9-11). O s dez chifres em sua
cabeça simbolizam autoridades políticas (v. 12). A s sete coroas na cabeça
do dragão se referem à falsa alegação de Satanás de ter domínio sobre este
mundo (cf. Lc 4:6). Essas imagens revelam que o diabo estava por trás do
Império Romano quando houve a tentativa de destruir o Messias tão espe
rado, Jesus Cristo.
Satanás é um inimigo real, não uma figura imaginária. O fato de que
Deus havia anunciado que viria Alguém nascido “de mulher”, que esmagaria
a cabeça da serpente (Gn 3:15), fez com que o diabo esperasse o Filho pro
metido nascer para tentar destruí-Lo. Embora desejasse matar esse Filho,
Satanás não conseguiu, uma vez que o Filho foi levado para o Céu (Ap 12:5)
- uma referência à exaltação de Cristo ao trono celestial (Ef 1:20-22; IPe 3:21,
22). A exaltação de Cristo serve para introduzir a cena seguinte (Ap 12:7-12).
A ida de Cristo ao Céu resultou na expulsão permanente de Satanás (v. 10).
O Apocalipse de )oão
70
À medida que Cristo é levado para o trono de Deus no Céu, a mulher
que simboliza a igreja encontra proteção divina durante o período profé
tico de 1.260 dias. Ao longo desse período, ela aguarda o retorno de Cristo
e o estabelecimento de Seu reino eterno.
Satanás foi expulso do Céu pela primeira vez no início de sua rebelião
contra o governo de Deus. Ele queria tomar o trono celestial, a fim de ser
“semelhante ao Altíssimo" (Is 14:14). Ele se revoltou de forma aberta con
tra Deus, mas foi derrotado e lançado à Terra. Ao enganar Adão, o inimigo
usurpou o governo e o domínio sobre esta Terra (Lc 4:6). Jesus o chamou
de “príncipe deste mundo” (Jo 12:31, ARC; 14:30; 16:11).
Mesmo após ser expulso, Satanás ainda tinha acesso ao Céu.
O livro de Jó o retrata participando de assembleias celestiais na presença
de Deus e fazendo acusações contra Jó (Jó 1:6-12; 2:1-7). De maneira seme
lhante, Zacarias o contemplou em visão acusando o sumo sacerdote Josué
perante a corte celestial (Zc 3:1,2).
A situação mudou com a morte de Jesus na cruz. O domínio sobre a
Terra foi transferido de Satanás para Cristo. Sem dúvida, essa transferência
de autoridade não ocorreu sem resistência da parte do inimigo, que, mais
uma vez, se revoltou abertamente contra Deus. N a ocasião, Satanás e seus
associados foram expulsos para sempre do Céu.
Com a expulsão de Satanás, “veio a salvação, o poder, o reino do nosso
Deus e a autoridade do Seu Cristo” (Ap 12:10). Desde então, Satanás e os
anjos caídos foram confinados como prisioneiros na Terra até receberem
seu castigo (2Pe 2:4; Jd 6). Satanás não tem mais acesso às cortes celestiais e
não pode mais acusar o povo de Deus no Céu.
Embora o destino de Satanás tenha sido decidido com sua expulsão do
Céu, sua derrota ainda não é completa. Ele ainda reivindica o domínio sobre
a Terra, por isso o Céu faz esta advertência: "Ai da terra e do mar, pois o
diabo desceu até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe
resta” (Ap 12:12). A referência à terra e ao mar aponta para a dimensão glo
bal dessa advertência. A esse respeito, Apocalipse 13 é especialmente signi
ficativo, uma vez que um dos associados de Satanás surge da terra e o outro
do mar, a fim de persuadir os habitantes da Terra a se aliar a ele na crise final.
Essa linguagem ecoa a saída de Israel do Egito (Êx 19:4). Assim como
Deus cuidou de Israel durante os anos que o povo passou no deserto
(Dt 8:15-18), Ele cuida da igreja durante o período profético de 1.260 dias
em que ela está no deserto (538-1798 d.C). Durante aquele período, o povo
de Deus sofreu perseguição pelo poder do anticristo (Ap 13:5). A igreja
roí nana perseguiu aqueles que optavam pelos ensinos bíblicos em vez da
tradição. Milhões de cristãos sofreram martírio por sua fidelidade ao evan
gelho. O povo fiel a Deus encontrou refúgio em lugares isolados, a fim de
eséapar da perseguição e das influências corruptoras da igreja instituída.
N o esforço de destruir a mulher, “a serpente arrojou da sua boca, atrás
da mulher, água como um rio, a fim de fazer com que ela fosse arrebatada
pelo rio” (Ap 12:15). Essa torrente de água que vem da boca da serpente lem
bra as palavras enganosas que ela proferiu no jardim do Éden (Gn 3:1-5). Da
mçsma forma, Satanás está tentando destruir o povo de Deus com uma
enxurrada de falsos ensinos. No Antigo Testamento, a imagem de uma tor
rente de água é usada com frequência como símbolo dos inimigos do povo
de Deus, que o atacam e destroem (SI 69:1,2; 124:2-5; Is 8:7,8; Jr 47:2).
A água como um rio que sai da boca do dragão tem dois significados:
pe; seguição e falsos ensinos. São essas as armas que Satanás utiliza contra o
povo de Deus durante o período profético de 1.260 dias na era medieval. No
entanto, a terra resgata a mulher de maneira providencial, ao tragar a água
mandada pelo dragão (Ap 12:16). Mais uma vez, João utiliza a linguagem do
êxodo. Assim como a terra tragou os egípcios que estavam perseguindo os
israelitas (Êx 15:12), a amistosa terra engole a torrente de perseguição e fal
sos ensinos que o dragão usou para tentar destruir a mulher.
Referências
1Leon Morris, Revelation, ed. rev. Tyndale New Testament Commentaries (Grand Rapids, MI:
Eerdmans, 1987), p. 152.
Capítulo
Satanás e
seus Aliados
9
Em Apocalipse 13, a visão de João passa a se concentrar em uma besta
monstruosa que surge do mar. N a Bíblia, a figura de uma besta é símbolo
de um poder político; já o mar representa as condições sociais e políticas
tempestuosas, da qual emergem os poderes malignos que atacam o povo
de Deus (cf. Dn 7:2,3).
O fato de que os dez chifres da besta do mar têm uma coroa real mostra
que o poder representado pela besta do mar aparece após a queda do Impé
rio Romano, um período em que as nações resultantes surgiram e exerce
ram autoridade política.
Satanás delega poder e autoridade à besta: “E deu-lhe o dragão o seu
poder, o seu trono e grande autoridade” (Ap 13:2). Essa cena copia a entroni
zação de Cristo em Apocalipse 5. Assim como o Pai deu Seu trono e auto
ridade a Cristo (cf. Ap 2:27; 3:21), o dragão concede seu trono e autoridade à
besta, investindo-a como sua corregente e representante na Terra. Isso con
firma que a besta do mar desempenha a função de segundo membro da
falsa trindade. Essa aliada de Satanás quer tomar o lugar de Jesus Cristo na
mente e no coração do povo.
João prossegue dizendo que, em determinado momento da história,
uma das cabeças da besta recebe uma ferida mortal, que causa sua morte.
M as a ferida mortal é curada e a besta é trazida de volta à vida (Ap 13:3).
Issd espelha a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. No grego, a mesma
palavra usada para se referir à morte da besta é utilizada para se referir à
morte de Cristo, o Cordeiro (Ap 5:6). Essas três fases da existência da besta
do mar são definidas em Apocalipse 17:8 em termos da besta que “era e não
é" d “está para emergir”. Essa descrição consiste em uma antítese do título
divino: “Aquele que era, que é e que há de vir” (Ap 4:8; cf. 1:4).
A ressurreição da besta provoca um deslumbramento entre os habitan
tes da Terra. Em admiração, eles adoram tanto a besta quanto o dragão que
está por detrás dela, dizendo: "Quem é semelhante à besta? Quem pode pele
jar contra ela?” (Ap 13:4). Essa declaração implica que ninguém é semelhante
a besta nem capaz de guerrear contra ela. A frase “Quem é semelhante à
besta?” contrasta com “Quem é como Deus?” (cf. Êx 15:11; SI 35:10; Mq 7:18).
A eícpressão “Quem é como Deus?” está relacionada ao significado hebraico
do nome Miguel, o mesmo que derrota o dragão no Céu (Ap 12:7). Levando
em conta essa compreensão, parece evidente que a besta do mar é uma aliada
de Satanás no tempo do fim. Ela realiza sua missão enganadora se apresen
tando como uma contrafação de Jesus Cristo e Seu ministério de salvação.
A besta da terra
A segunda besta provém da terra - a mesma terra que, em Apocalipse
12:14 a 16, salvou a mulher da torrente de água lançada pelo dragão durante
o período profético de 1.260 anos. Isso revela que o poder representado pela
besta da terra ocorre em um território amigável para a igreja, em algum
momento posterior à era medieval. Ao passo que a primeira besta surge do
mar, essa provém da terra. Quando mencionados juntos no Apocalipse, a
terra e o mar representam todo o planeta (cf. Ap 10:2), o que dá um desta
que global ao embuste de Satanás no tempo do fim.
Em síntese, a besta da terra revela as seguintes características:
j* Sobe ao poder mundial depois que a besta do mar recebe uma ferida
mortal, após a Revolução Francesa. Trata-se de um poder exclusivo do
tempo do fim.
'» Apresenta uma aparência inofensiva e semelhante a Cristo, usurpando
Dele o símbolo de cordeiro.
► Tem aspecto de cordeiro, porém revela espírito satânico, uma vez
que fala como dragão —uma alusão clara à serpente do jardim do Éden
(Gn 3:1-5).
Satanás e seus Aliados 79
besta que recebeu a ferida mortal. Uma imagem é a cópia de alguma reali
dade. Essa profecia mostra que os poderes mundiais serão seduzidos a fim
de çriar um sistema de religião estatal, semelhante ao que existia na Idade
Média. Quando os poderes civis e políticos se unirem às principais orga
nizações religiosas para impor uma religião às pessoas, a imagem da besta
será formada.
Toda essa cena espelha Daniel 3. Nesse capítulo, o rei Nabucodonosor
ordena aos súditos de seu reino, sob ameaça de morte, que adorem a ima
gem de ouro que ele mandou erigir. Assim como a adoração da estátua de
ouro era compelida por um decreto legislativo na época de Daniel, a exi
gência por adoração popular no tempo do fim será apoiada por poderes
civis, forçando toda a Terra a adorar a besta do mar.
Apocalipse 13 indica que os Estados Unidos, em grande parte protes
tante, assumirão um papel de liderança na cura da ferida mortal da besta
do mar. Explica ainda que o sistema político-religioso utilizado por Sata
nás |durante a Idade Média se levantará novamente nos dias finais deste
mundo, conquistando e controlando tanto a consciência quanto a adora-
çãojdos habitantes da Terra. Essa profecia aponta para o reavivamento da
intolerância medieval no tempo do fim (Ap 13:15). A besta com aparência
de cordeiro vai se aliar à besta do mar para estabelecer uma união religiosa
e impor a instituição que caracterizou o cristianismo medieval na Europa
ocidental e no Oriente.
Referências
1Áçgel Manuel Rodriguez, Future Glory: The 8 Greatest End-Time Prophecies in the Bible
(Hagerstown, MD: Review and Herald, 2002), p. 104.
2 Papa Leão XIII, Praeclara G ratulationis Publicae (The Reunion o f Christendom), 20 de junho
de 1894, citado por: Don F. Neufeld; Julia Neuffer (eds.), Seventh-Day Adventist Bible Students'
Sdurce Book, Commentary Reference Series (Washington, DC: Review and Herald, 1962), v. 9,
p. 684.
* William G. Johnsson, “The Saints’ End-Time Victory Over the Forces of Evil”, em Symposium
0/4 Revelation - Book 2, (ed.) Frank B. Holbrook, Daniel and Revelation Committee Series
(Silver Spring, MD: Biblical Research Institute, 1992), v. 7, p. 30.
5 Richard Rice, Reign o f God, 2l ed. (Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 1997), p. 403.
Capítulo
0 Evangelho
Eterno de Deus
10
A seção anterior, Apocalipse 12 e 13, dá ao povo de Deus no tempo
do fim a firme certeza da promessa de Cristo de estar sempre do seu lado
durante a prova escatológica final. Ao longo desses tempos difíceis, o povo
do Senhor recebe a ordem de anunciar uma mensagem especial, retratada
por intermédio de três anjos voando no meio do céu com proclamações
direcionadas aos habitantes da Terra.
A palavra grega angelos (“anjo”) significa “mensageiro”. N a Bíblia, os
anjos costumam representar seres a serviço de Deus (cf. M l 2:7; Lc 1:13).
Apocalipse 14:12 relaciona claramente os três anjos ao povo de Deus do
tempo do fim. É esse povo que leva a mensagem divina de advertência a
todo o mundo.
Referências
1 Ver Kurt Aland et at, (eds.), The GreekNew Testament, 4* ed. (Nova York, NY: United Bible
Societies, 1993), p. 863.
Capítulo
As Sete Últimas
11 Pragas
não havia intercessão no templo. Apocalipse 15:8 reflete essa ideia, a qual
nos diz que o ministério mediador de Cristo será concluído antes do der
ramamento das sete últimas pragas sobre a humanidade rebelde. A porta
de oportunidades se fechará de maneira definitiva, e o destino de todos os
seres humanos será decidido (Ap 14:14-20).
Em terceiro lugar, as pragas das trombetas são restritas em alcance e
efeito. Elas só afetam uma parte do reino de Satanás - a expressão “a terça
parte” é repetida constantemente no texto (Ap 8:7-12; 9:15, 18). Quanto às
sete últimas pragas, porém, nenhuma restrição é feita. Fica claro que elas
são mais abrangentes. Observe a declaração: “E morreu todo ser vivente
que havia no mar” (Ap 16:3).
Por fim, as sete trombetas abrangem um longo período da história,
desde o Ia século até a segunda vinda de Cristo. Períodos de tempo rela
tivamente duradouros estão ligados a elas (Ap 9:5, 15; 11:2, 11), ao passo
que nenhuma estrutura temporal profética é especificada para as sete últi
mas pragas. Elas afetam a humanidade no fim da história por um período
relativamente curto antes da segunda vinda de Cristo e ocorrem dentro da
estrutura temporal das sete trombetas.
Literal ou simbólico?
U m a questão importante e difícil a respeito da natureza das pragas é se
elas são literais ou simbólicas. Com frequência, a linguagem do Apocalipse
é simbólica. Isso parece óbvio ao interpretar os selos e as trombetas, mas
a situação se mostra diferente com as sete últimas pragas. O fato de que as
cinco primeiras pragas causam dor física e sofrimento intensos, levando as
pessoas a maldizer a Deus, mostra que elas são literais (Ap 15:8-11). Isso é
afirmado em Apocalipse 7:16. Esse verso declara que os 144 mil não terão
mais fome nem sede e que o sol escaldante não os assolará mais. Tudo isso
parece se referir a provações literais. No entanto, a sexta praga, que con
duz à batalha do Armagedom, contém linguagem simbólica e espiritual.
E a praga final, que fala da queda da Babilônia do tempo do fim, parece m is
turar significado literal e simbólico.
lEm meio a tudo isso, é importante lembrar que as sete últimas pragas
são uma profecia que ainda se cumprirá. A verdadeira natureza da profe
cia) será plenamente compreendida quando ela se cumprir. Sejam literais ou
figuradas, as sete últimas pragas exporão a impotência da trindade satânica
para ajudar a humanidade sofredora e vindicarão a Deus e Seu governo.
com aparência de rã, que se dirigem aos líderes do mundo a fim de “ajuntá-los
para a peleja do grande Dia do Deus Todo-Poderoso” (Ap 16:14). Esses
demônios são o “fôlego" da trindade satânica no engano final.
Esses espíritos lembram a praga das rãs no Egito (Êx 8:1-15). Ela foi a
última praga que os magos de faraó conseguiram reproduzir, a fim de usar
sua influência corruptora para induzir o faraó a se opor persistentemente
a Deus. Por fim, o faraó rejeitou a mensagem que Deus havia enviado por
intermédio de Moisés.
À luz desse contexto do Antigo Testamento, os três demônios seme
lhantes à rã da sexta praga consistem na última tentativa satânica de falsi
ficar a obra de Deus. Eles são retratados como a contrafação dos três anjos
de Apocalipse 14, enviados com um evangelho falso a fim de persuadir as
autoridades políticas e seculares do mundo a se aliar a eles contra Deus e
Seu povo, no preparo para o grande dia do Todo-Poderoso. Portanto, esses
três demônios semelhantes a rãs são agentes poderosos de Satanás, que
seduzirão os moradores da Terra a participar da batalha final.
Essa situação lembra o “espírito mentiroso” (lRs 22:22) que incitou
o rei Acabe a recusar a mensagem enviada por Deus e ir para a batalha
(v. 21-23). Satanás está determinado a ser vitorioso na crise final, por isso
permite que os espíritos demoníacos realizem sinais milagrosos. O método
de persuasão desses espíritos é o engano, o que combina perfeitamente
com o plano de Satanás no tempo do fim de atrair as pessoas para seu lado,
em vez de levá-las para perto de Deus (Ap 13:13,14).
As atividades da trindade demoníaca resultarão em grande sucesso. As
nações do mundo serão enganadas mais uma vez e sujeitarão seus poderes
a Satanás. Dessa forma, elas se arregimentarão contra o povo de Deus, pre
parando o palco para a batalha final.
Referências
1Ellen G. White, O Grande Conflito (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2005), p. 628,629.
2 Heródoto, The Histories, 1.191. Oregistro que Heródoto faz da captura de Babilónia porCiro foi
cc nfirmada nos tempos modernos pelo Cilindro de Ciro, o qual narra a conquista de Babilônia
p<ílos persas sem qualquer batalha. Ver James B. Pútchzrd, AncientN earEastern Texts Relating
to the Old Testament, 31 ed. (Princeton, NJ: Princeton University Press, 1969), p. 315.
Capítulo
Juízo Sobre
Babilônia
dominará e controlará a política mais uma vez, assim como o fez durante
a Idade Média. Contudo, existe uma diferença notável entre o período
medieval e o tempo do fim. Enquanto a besta do mar, representante da
igreja medieval, era um poder político-religioso, a besta escarlate tem cará
ter exclusivamente político. Os poderes religiosos e políticos são distintos
no tempo do fim.
n a fogo” (Ap 17:16). Ser queimada com fogo era o castigo para a filha de um
sumo sacerdote que se envolvesse com a prostituição (Lv 21:9). Isso é mais
um indício de que a meretriz Babilônia denota um sistema religioso infiel a
Deus que, no tempo do fim, perseguirá o povo do Senhor.
A cena conclui com um lembrete de que Deus está no controle, e os
ímpios não podem ir além do que Ele permite (Ap 17:17). As ações dos
poderes políticos enganados cumprem o juízo divino sobre a Babilônia e
acabam por concluir os propósitos divinos na crise do tempo do fim.
, Apocalipse 18 dá continuidade ao tema da destruição da Babilônia que
0 capítulo anterior inicia. Esse sistema religioso apóstata encheu sua taça
de abominações e está prestes a receber o cálice do vinho da ira de Deus
(Ap 16:19). No capítulo 17, o julgamento desse sistema religioso apóstata do
tempo do fim é retratado usando os termos da execução de uma prostituta
(segundo a lei mosaica). Já no capítulo 18, é descrito como uma rica cidade
comercial que afunda no mar.
Referências
1 Elen G. White, O Grande Conflito (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2005), p. 382.
' William G. Johnsson, "The Saints' End-Time Victory Over the Forces of Evil", em Symposium
on Révélation - Book 2, (ed.) Frank B. Holbrook, Daniel and Révélation Committee Series
(Silver Spring, MD: Biblical Research Institute, 1992), v. 7, p. 17.
Capítulo
“Faço Novas
Todas as Coisas”
13
Finalmente chegamos ao fim, ou melhor, ao novo princípio do mundo,
como sempre deveria ter sido. A conclusão do Apocalipse é o ápice da his
tória deste planeta.
O fim do Armagedom
Chega o momento de a confederação satânica receber sua merecida jus
tiça. João vê um anjo clamando em alta voz às aves do céu a fim de reuni-las
para comer a carne dos exércitos da Terra, “a grande ceia de Deus" (Ap 19:17).
Isso contrasta radicalmente com o convite anterior para a ceia das bodas do
Cordeiro (v. 9). O s chamados para a ceia das bodas do Cordeiro são bem-
aventurados, ao passo que os impenitentes recebem a ameaça de se tornar a
horrenda ceia dessas aves. O s leitores do Apocalipse se deparam com uma
escolha: aceitar o convite para a ceia das bodas do Cordeiro ou estar entre
os oponentes de Cristo, que serão comidos por abutres.
Faço N o vas Todas as Coisas' 107
O milênio (20:1-10)
A batalha do Armagedom resulta na desolação e no despovoamento da
Terra. Os ventos destruidores das sete últimas pragas provocaram muita
destruição, transformando o planeta em um deserto estéril (cf. Ap 7:1). De
acordo com Ellen G. White:
108 O A pocalipse de )oao
Referências
1Ellen G. White, O Grande Conflito (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2005), p. 657.
2 Robferto Badenas, “New Jerusalem - the Holy City", em Symposium on Revelation - Book 2,
(ed.IFrank B. Holbrook, Daniel and Revelation Committee Series (Silver Spring, MD: Biblical
Research Institute, 1992), v. 7, p. 255.
oje, o liv ro do A p o ca lip s e a tra i m ais a te n ção do que nunca,
in sp ira n d o film e s, livro s, pesquisas e a rtig o s jo rn a lís tic o s
em to d o o m undo. A inda assim p e rm ane ce para m uitos com o
um livro o b scu ro e in co m p re e n síve l. A lg u n s ainda exploram
esse liv ro b íb lico para p ro p a g a r ideias absurdas sobre o
fu tu ro , e m p u rra n d o o livro ainda m ais para a o b scuridade.
C ontudo, a p ró p ria p alavra grega apocalipse, "re v e la ç ã o ", tem algo
a dizer. 0 liv ro não está fe ch a d o , mas a cessível a to d o aquele que
s in c e ra m e n te deseja c o m p re e n d ê -lo .
f
é professor de Novo Testamento no Seminá
rio Teológico Adventista da Universidade Andrews, em Berrien
Springs, Michigan. Além de ser autor de muitos livros e artigos
sobre o Apocalipse, ele tem um doutorado com ênfase no tema.
É casado com Estera e tem dois filhos.
Illllllllllll
9 ll7 8 8 5 3 4 ll5 2 6 7 5 3 11
In terp reta çã o B ib lica