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SAÚDE MENTAL E
ESPIRITUALIDADE
Fabricio H. A. de Oliveira e Oliveira
Médico (UFMG)
Especialização em Dependência Química (UNIFESP)
Residente em Psiquiatria (I. Raul Soares – Rede
-FHEMIG)
Especialista em Medicina do Tráfego (Fac. Ciências
Médicas – MG)
Objetivos
PARTE 1 PARTE 2 PARTE 3
ASPECTOS HIPOCRATICOS
A) DEMONIZAÇÃO DA DOENÇA: SENHOR PUNE NABUCODONOSOR
REDUZINDO-O A UM LOBO, POR EX.)
X
INICIO DE UMA TENTATIVA DE “BIOLOGIZAÇÃO” DA DOENÇA, E DA CRENÇA
EM SEUS MECANISMOS PSICOFISIOLOGICOS, COM A PERGUNTA
SIMBÓLICA: “QUE DEUS OFENDI, E QUE ENTIDADE ME PUNE, E PELO
QUÊ?”) com HIPOCRATES
B) ARISTÓTELES (CARDIOCENTRICO – CORAÇÃO COMO CENTRO DAS
FUNÇÕES EMOCIONAIS) X HIPOCRATICOS (CEREBROCENTRICO – CEREBRO
COMO CENTRO DAS FUNÇÕES MENTAIS)
FONTE: CLÍNICA PSIQUIÁTRIA VOL. 1. (USP)
DA ANTIGUIDADE
ASPECTOS HIPOCRATICOS
NA OBRA DE HIPOCRATES
DADOS SOBRE
•HISTERIA
•EPILEPSIA – “SOBRE A DOENÇA SAGRADA”
•INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS
•DESCRIÇÃO DOS QUADROS DE DELIRIUM (ANTIGA FRENITE)
•DESCRIÇÃO DAS FOBIAS, PSICOSES PUERPERAIS, DENTRE OUTROS
ESTADOS, ETC.
•DESENVOLVIMENTO DE METODOS PSICOTERÁPICOS E RUDIMENTOS DA
PSICOEDUCAÇÃO.
FONTE: CLÍNICA PSIQUIÁTRIA VOL. 1. (USP)
DA ANTIGUIDADE
MODELO DE “SANIDADE MENTAL” – Fruto das vitória das forças benignas (de Deus,
anjos, arcanjos) contra as forças malévolos da “Satanás” e seus “demônios”.
AÇÕES DA INQUISIÇÃO POR 150 ANOS, MILHARES DE MULHERES MORTAS ( À PECHA DE BRUXAS,
FONTE: CLÍNICA PSIQUIÁTRIA VOL. 1. (USP)
DO QUE HOJE SERIAM AS PSICÓTICAS OU HISTÉRICAS DE FREUD)
Algo em comum com o Manual de
Critérios diagnósticos da CID-10 para
identificação dos “Anômalos”?
PARACELSUS
-1493-1541
-ORIGENS DOS TRANSTORNOS
PSIQUIÁTRICOS: “QUANDO OS
-MÉDICO SUIÇO
INSTINTOS SUPLANTAVAM O
-REJEITOU A TEORIA HUMORAL
ESPÍRITO”.
Aspectos Históricos :
Mitos e Verdades
• A ideia de que religião e psiquiatria sempre
estiveram em conflito é senso comum.
• A alegada oposição entre a iluminada
medicina e a teologia obscurantista, assim
como entre o médico humanista e o religioso
cruel, tem sido profundamente questionada.
(Kroll, 1973; Vandermeersch, 1991)
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Aspectos Históricos:
Mitos e verdades
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Aspectos Históricos:
Mitos e verdades
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A sofisticação intelectual faz do ateísmo algo elegante no final do Séc. XIX e começo
do Séc. XX
Aspectos Históricos: Mitos e verdades
• Segundo Lukoff et al. (1992), um fator que
pode ter contribuído para essa atitude
negativa em relação à religiosidade seria a
existência de um “abismo religioso” entre
profissionais de saúde mental e seus pacientes.
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Diminuindo o
“Religious GAP”
• Falta de Treinamento
• Lacuna entre prática e os
conhecimentos sobre a • O número de estudos que
importância da R/E para a vida investigam a relação entre R/E
dos pacientes e de sua e saúde tem crescido
abordagem no contexto clínico exponencialmente.
• Hoje existem, literalmente,
milhares de estudos na área.
• Grande carência de textos de
boa qualidade sobre o tema
em língua portuguesa se
constitui num marcante fator
limitador na educação
continuada nesse tópico pelos
profissionais de saúde em
nosso país. (Moreira-Almeida)
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E o que é Espiritualidade? E Saúde?
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Crenças espirituais pelo mundo
País Temos uma alma (%) Há vida após a morte (%)
Índia 81 66
Estados Unidos 96 81
Indonésia 99 99
Brasil 82 71
Paquistão 100 100
Bangladesh 99 56
Nigéria 97 88
Rússia 67 37
Japão 71 51
México 93 76
Filipinas 96 86
Alemanha 88 45
Egito 100 100
Fonte: www.worldvaluessurvey.org
Envolvimento Religioso do Brasileiro
Dimensões da religiosidade %
Filiação
68
Católico 24
Protestante 2
Espírita 1
Outras 5
Sem religião
Frequenta mais de uma religião 11
Frequência a serviços religiosos
≥ 1 vez por semana 37
1 a 2 vezes por mês 18
Algumas vezes por ano 14
Raramente 18
Nunca 12
O quanto a religião é importante em sua vida?
Muito importante 83
Um pouco importante 11
Indiferente 4
Não é importante 2
Fonte: Moreira-Almeida
Espiritualidade e Religiosidade
Religiosidade Espiritualidade
Sistema organizado de crenças, “Relação com o sagrado ou o
práticas e símbolos desenvolvidos transcendente (Deus, poder
para facilitar a proximidade com o superior, realidade última)”
sagrado ou transcendente”
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RELIGIOSIDADE,
ESPIRITUALIDADE E SUICÍDIO
• Entretanto, dados consistentes
encontrados:
Algumas considerações – Relacionava maior envolvimento religioso
-Hoje se sabe a importância que a com menor frequência de suicídio.
religião tem para a vida do individuo – Muitos estudos indicam que o nível de
-Diferença desta importância para envolvimento religioso em uma dada área é
indivíduos diferentes da mesma inversamente proporcional ao número de
religião mortes por suicídio.
-Grupos religiosos podem sofrer forte
influencia das crenças religiosas de
gerações anteriores • Possíveis mecanismos:
– uma rede social de apoio, outros mecanismo
– crenças na vida após a morte,
– Autoestima e objetivos para a vida,
– modelos de enfrentamento de crises,
– significado para as dificuldades da vida,
– Uma hierarquia social que difere da
hierarquia socioeconômica da sociedade,
– além de desaprovação enfática ao suicídio
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RELIGIOSIDADE, ESPIRITUALIDADE E
USO/DEPENDENCIA DE SUBSTANCIAS
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OS "10 MELHORES ESTUDOS" EM
ESPIRITUALIDADE E "SAÚDE MENTAL"
• Eles foram escolhidos baseados em estudos, análises estatísticas e
debates entre os autores das descobertas e integração com outras
pesquisas na área. Um rápido sumário descreve cada citação.
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Quando “não se indica” a coleta da
Historia Espiritual
• para realizar procedimentos de curta duração,
– Papanicolau
– tratar um resfriado
– uma dor de cabeça
– outro problema menor
• Na sala de emergência e
• Admissão em uma UTI.
E os “melhores” momentos?..
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Quando seria mais “indicado” colher
a historia espiritual?
• Durante a entrevista clínica de um paciente novo.
• Em pacientes com doenças crônicas e graves, bem como
quando tenha havido morte e o luto estiver presente.
• Quando o paciente recorre ao hospital por um problema
novo ou exacerbação de uma condição antiga.
• Quando da admissão em uma casa de repouso ou instituição
de longa permanência, bem como em hospice.
• Durante a realização de um check-up para manutenção
da saúde.
• Especialmente quando decisões médicas precisam ser
feitas e que poderiam afetar as crenças religiosas/espirituais do
paciente.
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4 Casos
Clínicos
Caso 1 – Do Budismo Motivacional
• Paciente 35 anos • Veio para Belo Horizonte para
• “A minha tolerância é zero” “ganhar a vida”
• Iniciada ao Budismo do Norte • Empregou-se como auxiliar de
de Minas na infância “serviços Gerais”, enfadada da
atividade, começou a orar
• Interrompeu suas atividades para mudar e profissão
aos 13 anos “para namorar”, e
“acabou tendo filhos cedo” • O Ritual dela:
– 01 hora de manha e um a hora
a tarde
– Membro da linha da “Ação e
Reação”
• A retomada da Religião
– “Tava tudo muito difícil”
– A distorção cognitiva-
conceitual (A explicação da
Patroa)
Caso 2 – Universitária de Medicina
com Pais Evangélicos Ortodoxos
• 18 anos • E aí, como abordar a
• Recém egressa na Espiritualidade desta
universidade paciente?
• Vem do Interior para
Estudar
• Perfil de Pais muito
ortodoxos
• Chega ao Pronto Socorro
em Coma alcóolico
• Se nega a conversar
sobre religião
Caso 3 – Um “Espírita-Equizofrênico”
• 47 anos • E aí, como abordar a
• Aposentado pelo INSS devido ao Espiritualidade desta paciente?
quadro de Esquizofrenia
• Relato de inadaptação ao
trabalho
• Espírita de berço
• Alega ter “abandonado” o
Espiritismo, pois percebeu
melhora com o remédio, “passei
a ver e ouvir só coisas boas”
• Apresenta inúmeros relatos
“paradigmáticos” de sua
mediunidade, embora ainda não Ver Revista de Psiquiatria Clínica,
confirmada pelos envolvidos Moreira Almeida (2011) para proposta
• A Supervisão do caso e o viés em de diagnóstico diferencial para o Cid-11
Psiquiatria pela Psicanálise / 33 (suppl.1): s21-s28
Caso 4 –” “A via crucis – De remédio
em remédio, de “religião em religião, e
de namoro em namoro”
• Solteira, atriz, renda de 10 a 15 salários mínimos
• Católica “não praticante”
• Iniciou com psicanalise, aos 25 anos
• Queixas de labilidade de humor associada ao término de seus relacionamentos. Inapetência,
aumento de peso, ansiedade e medo de ser deixada sozinha.
• Ficou grávida, abortou.
• Mais um ano de psicanálise
• Sugestão de um amigo: Psicoterapia de grupo e praticar a doutrina do Santo Daime
• Rompeu relacionamento, após viagem aos EUA, novo rompimento
• Internada. Uso de Diazepam, amitriptilina, sem melhora. Troca pra ISRS, depois Venlafaxina,
sem melhora.
• Tentou o Espiritismo, terapia e vidas passadas, sem resultado.
• Iniciou medicação para emagrecer, com piora do quadro. (após morte de um companheiro
idoso, muito rico). Inúmeros outros parceiros. (Dançarina em boate)
• Usou antipsicótico, submetida a sessões de ECT. (Inúmeros outros relacionamentos
frustrados)
Fonte: (Mari, & Pita) Psiquiatria por meio de Casos Clínicos. Adaptado. (Ed. Manole)
Caso 4 –” “A via crucis – De remédio
em remédio, de “religião em religião,
e de namoro em namoro”
Situação de “estabilidade”
•Usando Sertralina em situações de Estresse
•Encontrou emprego estável, relacionamento estável com um músico,
mudou-se para o interior.
•Parou de cantar e passou a ser modelo.
•Uso constante de maconha associada a praticas de Ioga e Vegetarianismo
•Aos 34 anos, torna-se especialista em música indígena sul-americana
•“A paciente acredita que a medicação tenha sido fundamental e a
psicoterapia lhe tenha proporcionado o entendimento de sua vida.”
Fonte: (Mari, & Pita) Psiquiatria por meio de Casos Clínicos. Adaptado. (Ed. Manole)
A história espiritual – CSI-MEMO
• Suas crenças religiosas/espirituais oferecem conforto
ou são fontes de estresse?
• Você tem crenças espirituais que podem influenciar
suas decisões médicas?
• Você é membro de alguma comunidade espiritual ou
religiosa, e ela oferece apoio? Qual?
• Você tem outras necessidades espirituais que gostaria
que alguém as atendesse?
(Koenig, 2007)
Como abordar significado existencial em um paciente
não religioso?
(Koenig, 2007)
• Como o paciente está lidando com a doença?
• O que dá significado ou propósito na atual situação da doença?
• O que ou quais crenças culturais são usadas e que podem
influenciar o tratamento?
• Quais são os recursos sociais disponíveis para apoiá-lo
em casa ou no hospital?
• Obs.:
• e se o paciente não tem uma religião? Se ele é agnóstico ou mesmo
ateu, de que maneira se pode acessar informações relevantes
concernentes a crenças culturais que possam influenciar minha prática
clínica?
• É importante termos em mente que não só crenças religiosas/espirituais
influenciam e impactam condutas médicas, etc.
• a proposta de antes aplicar o questionário a si mesmo