Revista-5 (1959)
Revista-5 (1959)
Revista-5 (1959)
ANO V V N”. V
Tipofjrafúi d’ «A ACAO
G RA TO
19;>9
BANCO DE CRÉDITO COMERCIAL S/A
MATRIZ: FORTALEZA
| FILIAIS:
CRATEUS
CR ATO
1GUATI
JUÀZEIRO DO NORTE
SENADOR POMPEl
SOBRAL
E X P E D IE N T E IN IN T E R R U P T O DE 7,00 AS 10,00 HS
ÓRGÃO DO
INSTITUTO CULTURAL D O CARIRI
ANO V N' . V
Tipografia d’ «A A Ç Ã O »
CRATO
1959
DIRETORIA A T U A L D O INSTITUTO CUL
TURAL D O CARIRI.
E L E IT A E M O U T U B R O D E 1959
J. de Figueiredo Filho,
P e. Antônio Gomes de A raújo
João Lindemberg de Aquino
LANDIM
CRUZ NEVES
Contemporâneo do dito capitão José Paes Landim nes
te Cariri e casado com Joana Fagundes da Silveira, baiana de
Pambu, filha do português Manuel de Barros e Sousa e sua mu
lher Joana Fagundes da Silveira. — O Sargento-mor Manuel da
Cruz Neves, houve, com a mesma Joana Fagundes da Silveira,
entre outros, os seguintes filhos: Antônio (tenente), Marcelino,
JESUS
Coevo do capitão José Paes Landim e do sargento-
mor Manuel da Cruz Neves e, como êle, imigrante nêste vale,
Tom ás V arela de Lima, português, casado com Mariana Rufina
Calado, pernambucana, do C abo—casou seu filho, capitão M a
nuel Antônio de Jesus, igualmente, do Cabo, com Luísa Paes
Landim, filha do citado casal, capitão Domingos Paes Landim—
Isabel da Cruz Neves (5).
O capitão Manuel A n t ô n i o de Jesus e Luísa Paes
Landim residiam no dito Engenho de Santa Teresa.
MARTINS
Precisamente em 15 de setembro de 1761, já estava
morando na Ribeira do Rio dos Porcos, em terras que vieram
a integrar-se nos territórios dos municípios de M ilagres, Mauriti,
Brejo Santo, Jati e Porteiras —o capitão Bartolomeu Martins de
M orais, português, do Porto, casado com a baiana, da cidade
de Salvador, Ana M aria F e r r e i r a (6). Seus latifúndios se
transmitiram aos filhos, sete ao todo, todos casados. Seu neto
materno, coronel Pedro Martins de Oliveira Rocha, chefe polí
tico, em Milagres, da facção contrária à do juiz local, Manuel
de Jesus da Conceição Cunha, ao tempo em que João Brigido
fundara e dirigia o semanário «O Araripe», nesta cidade («O
Araripe», 1855—65, C rato—C eará)—afigurou-se o maior senhor
de fazendas entre os seus pares na área dos atuais municípios
VASCO
Colono neste Vale, imigrado de Portugal, português,
êle próprio sitiante na terra a d o t i v a , Pedro Francisco Vasco
casou-se com Francisca Rodrigues Lima, filha do capitão Bar
tolomeu Martins de Morais e sua referida mulher. (7)
*
* *
De Pedro Francisco V asco e Francisca Rodrigues
Lima, citados, nasceu Rita Maria de Lima, também conhecida
por Rita Martins, que convolou núpcias com o capitão Manuel
Antônio de Jesus Júnior, filho dos mencionados capitão Manuel
Antônio de Jesus e Luísa Paes Landim (8).
Filha do capitão Manuel Antônio de Jesus Júnior com
sua referida mulher.—Maria Martins de Jesus matrimoniou-se,
com o irmão, de pai e mãe, de seu pai. M ajor João Antônio
de Jesus (9).
7) Liv. de «Notas*, n' dez, XSlt—12, fis. 92, 1" Cart., de Antônio Macha
do, CRATO--Ce.
8) Liv. de reg. de Oas., 1826 — 27, fie. 26, paróquia de M. V<lha.
9) Informação prestada ao autor pela veneranda senhora Rita Martins
de Josus, domiciliada na cidade de Ba baiha, e neta paterna do
mencionado casal, capiião Manuel Antônio de Jesus Júnior — Rita
Martins.
NOTA: Um filho dêste ú'timo casal, Pe Manuel Antônio Martins de
Jesus, foi deputado provincial
12 I T Ay T E R A
24) Liv. de «Notas», n° 25, U2, íts. 181 e seg. cart. cit. — Liv. de reg.
bat., 1840 — 48 fls. 23, paróquia de Batbalha.
2*)
26) Liv. de reg. de bat., 1748 — 64, fl.«. 36, paróquia de Missão Velha —
Liv. de reg. de cas. fls. 24, par. citada.
27) Liv. de reg. de cas , 1765 — 70, fl«. 55. par. de M. V«lha.
28) Liv. de reg de cas., 1773 — 181*', íls. 18, par. citada.
29l Livro de reg. de Cas., 1795 — 1803, paróquia citada.
1 T A V T K ft A 15
Conexos
Os Capitães José Landim, Manuel Antônio de Jesus
e Bartolomeu Martins de Morais, citados, assinaram, respecti
vamente as atas das eleições dos Procuradores da Obra da
Matriz da Povoação de São José dos Cariris Novos, realizadas,
sucessivamente, em dois de maio de 1768 e em p r i m e i r o de
janeiro de 1792 (30).
Aquela povoação foi o núcleo inicial da atual cidade
de Missão Velha e sede da primeira freguesia criada e inau
gurada no Cariri, primeiro sob a invocação de Nossa Senhora
da Luz, substituída, depois, pela de São José.
No curso da construção da Matriz reuniam-se, na
sede da paróquia, convocados pelo Vigário, os principais da
freguesia, para a realização de e l e i ç ã o dos procuradores de
recursos econômicos, que o faziam nas zonas de sua influência.
Ato contínuo, depois desta escolha, a assembléia designava, den
tre os presentes, um administrador e um tesoureiro. Exerceram,
esta última função, o capitão João Correia Arnaud e, como já
3ü) Livro Mas Ele çOes dos Procuradores da Cbra da Matr z de Sâo José
dos Cariris fsovts, tis. de 1 a 6.
ÍTAYTERA
A N D RÉ DA SIL V A BRA N D Ã O
Pároco» (31)
31) Liv. de Óbito, fU. 36, paróquia de Missão Velha, 1788— 18C6.
32) Liv. de reg, de Óbito, citado, fis. 67, Paróquia cit.. anos citados
I T AY T £ R A 17
20 I T AY T E R A
T R A N S F E R ID O PA RA O RIO O CEL. R A I
M U N D O T E L E S PIN H EIR O . Seguiu de Fortaleza
para o Rio, acompanhado da Exma. Esposa D. Valde-
lice. o nosso consócio e grande amigo — Cel. Raimun
do Teles Pinheiro. Viajou pelo Aratimbó, no dia 25 e
serve no Estado Maior do Exercito. Na Capital Cea
rense exercia o comando do C .P.O .R ., cargo que desem
penhou com o brilhantismo de sempre. O Cel. Teles,
intelectual de valôr. era o representante do Instituto,
em Fortaleza. Agora contamos com sua valiosa coope
ração, mesmo na Capital da República.
V E R B A EST A D U A L . Graças à boa vontade
do atual secretário da Fazenda, Renato Braga, dos prin
cipais intelectuais do Ceará e sócio correspondente do
I.C.C., recebemos, com certa facilidade a subvenção es
tadual do ano passado, na importância de dez mil cru
zeiros, arranjada pelos deputados Decio Teles Cartaxo
e Cincinato Furtado Leite.
V E R E A D O R E S A M IG O S DO IN S T IT U T O .
No ano passado, o vereador José Pinheiro Esmeraldo,
atual vice-prefeito apresentou o projeto de auxilio ao
Instituto de vinte mil cruzeiros. Em Setembro, do cor
rente ano, coube ao consócio José de Paula Bantim, a-
presentar o projeto de subvenção a IT A Y T E R A, na
importância de vinte mil cruzeiros.
O último projeto não passou por já existir sub
venção de igual importância no Orçamento.
UM CAPÍTULO oo» —
OEVASSAMENTO DO CARIRI
7 -.. 2 .. % z4d.ni&nto-
A BANDEIRA DO CEARÁ
Ofertado ao nosso presidente pelo intelec
tual Mario Linhares que passou alguns meses em
Fortaleza, vindo do Rio onde reside, recebemos «A
BANDEIRA DO CEARA», de nosso sócio corres
pondente Manuel Albano Amora. É um trabalho
contando a história da Bandeira do Ceará, escrito
com aprumo e inteligência. Foi editado em opús
culo pela Im prensa Universitária do Ceará.
«PASSOS NO CORREDOR
Um sapato fez barulho
no corredor longo
e acordou o silêncio.
Uns passos fizeram reviver uma esperança,
alim entar uma ilusão,
renascer o amor,
povoar uma lembrança.»
36 ITAYTERA
na, veio para Fortaleza e ali ficou até 1925 quando faleceu, no
dia 15 de maio daquele ano, após uma prostração de trinta
dias. Viveu 73 anos.
Assim terminou, trágica e melancòlicamente, a poderosa
«oligarquia belenista», gerada pela «oligarquia aciolina» que, em
1912, teve igual sorte. E caiu nos momentos exatos de seu apo
geu, quando seu chefe comandava a política regional e era 3o
Vice-Presidente do Estado.
O coronel José Belém e seu irmão Antônio Belém dei
xaram filhos e netos ilustrados (médicos, professores, juristas,
etc), que exercem suas profissões no Ceará e noutros Estados
da federação.
ili
Cel. Antônio Luiz Alves Pequeno
O coronel Antônio Luiz Alves Pequeno (filho de varão
honrado de igual nome, natural do Icó e projetado marcante
mente na política cratense) nasceu em Crato a 16 de Dezembro
de 1863 onde instruiu-se bem e dedicou-se ao comércio de teci
dos, substituindo seu pai na direção de sua tradicional loja
instalada à rua Grande n° 80 (hoje João Pessoa), baixos do
sobradão que ostenta o nome «Edifício Antônio Luiz» gravado
pelo seu atual inquilino, José Eurico Ribeiro da Silva, em
homenagem ao seu fundador. Era casado com d Marieta Tei
xeira Mendes Pequeno, filha do coronel Alfredo Teixeira Men
des, também imigrado do Icó.
Revelando-se, desde moço, infenso a política, o coronel
Antônio Luiz atingiu a maturidade como simples eleitor e com
pletamente afastado das rusgas maquiavélicas sendo, por isso
mesmo, acatado e respeitado por todos os cratenses, sem dis
tinção de côr partidária e social. Em 1903, porém, contando já
quarenta anos de idade, viu-se forçado pelas circunstâncias a
alterar seu m odus vivendi e reviver o passado heróico de seu
genitor, assumindo subitâneamente, como já vimos, a chefia de
uma rebelião popular contra a prepotência de um chefe político
poderoso. Vencedor no embate e. empunhando o bastão do man
do, tratou de estabilizar sua vitóua, destruindo tôdas as raizes
da autocracia vencida, organizando sua oligarquia, acabando
seu negócio, passando a viver dos resultados da política e
modificando, assim, a orientação de sua vida.
Tomando as rédeas do governo municipal, a 29 de junho
de 1904, o coronel Antônio Luiz se viu na contingência de man
ter a cidade, durante mêses, sob a rigorosa vigilância de capan
gas, dadas as ameaças dos vencidos de retomarem o poder pela
fôrça. Disto resultaram arbitrariedades e atentados, inicialmente,
que deixaram o povo desconfiado de que o pequenUm o não
1TAYTf cKA 5õ
NOTAS
M ajor Franklin Benjam in de Carvalho
Não podia eu encerrar êste trabalho sem que dissesse
algo sôbre êste cratense de tão altos sentimentos de bondade,
revelados naquela trágica noite de 7 de novembro de 1903,
recebendo e protegendo com extraordinária coragem e decisão
os seus próprios inimigos contra a sanha dos sicário3 do capitão
Jesuino. O major Franklin Benjamin de Carvalho nasceu a 11
de setembro de 1847, era casado com d. Maria Dulcinéa de
Carvalho e faleceu a 3 de fevereiro de 1923, deixando dois
filhos: Francisco e Júlio dos quais só existe Francisco. O major
Franklin foi um dos melhores amigos que teve o coronel Belém
e que ajudou a defender sua residência nos dias do cêrco fatal
dos m a x ;xes, ultrapassando a tragédia sem deixar inimigos e
gozando depois a amizade e o respeito do coronel Antônio Luiz
e de sua familia.
Informações
O s dados que me nortearam a redação dêste resumo
histórico foram colhidos, para o capítulo «1», do livro «Pequena
História do Ceará», de Raimundo Girâo; e, para os capítulos
«II» e «III», de alguns recortes de jornais da época da luta,
existentes no Instituto Cultural do Cariri e oferecidos a êste
sodalicio pelo escritor Hugo Catunda. Ajudaram-me ainda com
Informes preciosos os srs. José Alves de F i g u e i r e d o , padre
l T A f TiíRA 57
homem de verdade. Não digo isso porque êle fôsse meu amigo.
Mas o Brasil até hoje só teve dois homens: Dom Pedro II e
Epitácio.
O cigarro estava apagado entre seus dedos. Tirou a
caixa de fósforo, riscou um, acendeu, e continuou:
— Um oficial todo cheio de alamares, ajudante de or
dens do Comandante, foi me mostrar o navio. Falava um por
tuguês de negro da Costa ou de cigano recém-chegado, mas eu
entendia ou fazia que entendia, por educação. O navio tinha ca
da canhão que metia mêdo. Diante dêles os da guerra do Pa
raguai pareciam brinquedos de menino amarelo... Deram 21 ti
ros quando o Epitácio desembarcou e outros 21 quando êle vol
tou para a bordo. O sr. acredite se quizer: mas em Campina
Grande, Cajazeiras, Crato e até em Natal, no Rio Grande do
Norte, não ficou um copo inteiro ou vidraça que não rebentas
se com o estrondo...
Antes de eu desembarcar na lancha do Comandante
do couraçado, o Epitácio me chamou e disse:
—Velhinho, agora você vai comigo para o Rio, nêste
navio.
Foi uma entaladela dos diabos, «seu» doutor! Fiquei en
gasgado, mas recobrei o ânimo e disse a êle:
—Você não está vendo, Epitácio, que eu não vou an
dar num navio dêsses, onde só tem gringos! Há mais de 30
anos que não viajo pormar, posso enjoar, um carcamano dêsses
tira uma pilhéria ou faz um ar de riso para mim e ai não tem
conversa: enterro cinco polegadas da minha «pernambucana» no
bucho dêle e de quem vier apoiá-lo! O melhor é eu ir mesmo
por terra...
Disse e desembarquei. Deram outra salva de sete tiros.
Ficou todo mundo espantado, olhando para mim. Não demorei
na capital. Vim aqui para a praia, preparei a matalotagem, limpei
bem meu cavalo—o sr. sabe, eu tenho dois animais bons: Auto
móvel e Almofadinha— e dias depois viajei para o Rio, pelo
sertão.
—A cavalo, da Paraíba para o Rio?—indaguei, incré
dulo.
—Sim senhor, a cavalo. Puxei pelo «quartáo», dormi
pouco, descansei somente o necessário e quinze dias depois es
tava em frente ao Catête. Apeei-me, amarrei o cavalo numa ár
vore e entrei no Palácio. Um oficial quiz me deter. Dei-lhe um
empurrão e disse com voz grossa:
—V á avisar o Epitácio que o velhinho está aqui! Ele
ficou espantado mas foi. Dai a pouco o Presidente desceu as
escadas, abraçou-me, perguntou pela Paraíba velha. Conversámos
62 ITAYlÊRA
« IT A Y T E R A s
«Tenho em mãos Itaytera, n. I V — ano IV»
Magnífica.
Incontestavelmente, Itayíera cresce com a mes
ma pujança do seu nascimento. Àcho muito, é folego
demais para um pugilo de idealistas...
Não sei se neste meu julgamento vai elogio
ou injuria á comissão organizadora e propulsora da revista.
Se injúria houver, tanto melhor: eu é que me
reço compaixão pela carência de contacto com o poten
cial de cultura do meio em que viví, apenas, para não
perder o batismo de «caririense.»
O nome do José de Figueiredo, por si só, basta
para garantir a prosperidade de Itaytera, como contra
forte dessa robusta cadeia de intelectuais que» no Ceará
e no Brasil, entesoura o filão genético ■desse < rato len
dário e precocemente metropolitano.
Sente-se nas páginas de Itaytera, a trepidação
do mel quente, a alegria dos canaviais em holocausto à
riqueza nativa nessa tendência ardorosa de cratizar o
Carirí, tão fecundo e tão bravo» com harmoniosos' sa
télites dessa civilização vertente dos mananciais do vale
encantado.»
{T rech o de trabalho do Dr, Leite M aranhão, publica
do no «O P O V O » de Fortaleza).
Eli
BOTIOffl
Celso Gomes de Matos
CRATO
(Ao grande historiador Padre Antonio Gomes)
Crato — antigo Miranda *— fecundado
Pelo Itaytera lindo e sinuoso,
No sopé do Araripe situado,
Em terreno feraz e dadivoso.
Miranda por Frei Caries foi fundado,
Sendo o chão de Filgueiras poderoso.
Foi Alencar, ali, aprisionado
Qual revolucionário valoroso!
Oh! gleba de civismo e liberdade,
Onde há um povo nobre, de verdade,
E um heráldico e gran canavial!
Assim — por teu progresso e boniteza —
Do Nordeste és a mais bela princesa,
Do Carirí futura capital!
Ubajara, 1957 PEDRO FERREIRA
snüBflcne a snMPflio
Por ocasião das festividades de encerra
mento da Semana de Sampaio, o tenente-
coronel RAIMUNDO TELES PINHEIRO,
comandanfe do CPOR de Fortaleza, pro
nunciou, no Cemitério de São João B atis
ta, no dia 24 do corrente ante o túmulo
do bravo genersl cearense, a saudação abai
xo, como preito de gratidão ao patrono da
infantaria:
«GENERAL ANTÔNIO DE SAMPAIO!
Patrono insígne da Infantaria Brasileira!
A solenidade patriótica, a festa cívica que ora assistes,
é um preito de admiração e de reconhecimento das Forças Ar
madas da Guarnição de Fortaleza a ti, herói-mártir, símbolo de
bravura indômita de dignidade, de audácia e de patriotismo in-
conteste.
Neste local e neste momento de vibração e de entusias
mo, de emoção e orgulho, com o coração pulsando no mesmo
descompassado e violento ritmo do coração da Pátria reconhe
cida, homenageamos mais uma vez á encarnação de tôdas as
virtudes morais e cívicas do militar autêntico que, durante lon
gos 36 anos, da planície, como simples soldado, aos píncaros
altanados do generalato, percorreu nêste comprido estádio, tôda
enorme e esplendente gama do dever, da abnegação e do he
roísmo — viagem imensa de peregrinação por tôdos os qua-
drantes da Pátria, e além fronteiras, pelos inóspitos e desconhe
cidos chãos do Uruguai, da Argentina e do Paraguai.
Apesar de nascido pobre longe dos centros populacio
nais de importância, nos distantes sertões combustos de Tambo-
ril, desprovido da rica plenitude das letras que enriquecem o
intelecto, mercê do teu caráter inquebrantável, da tua personali
dade vertical, do teu elevado padrão de galhardia, varonilidade
e energia, do teu desprendimento e fé cívica, alcançaste a grande
ventura de servir muito e servir bem, a ponto de, enroupado na
púrpura do teu próprio sangue, iluminares exuberantemente tôdos
os «degráus infinitos da escadaria da História».
84 ITAYTERA
EU QUISERA CANTAR
É o título do livro de versos do poeta potiguar—
Vicente Lopes de Sousa. É poeta na expressão do
têrmo. Tinha sentimento. Parece que ficou da época do
romantismo para o século atual. Morreu cedo. Sofreu e
faz a gente sofrer ao sentir sua dôr.
Nasceu êle em Alexandria, no Rio Grande do
Norte e passou algum tempo no Rio, onde se sentiu
preso de intensa nostalgia. Seu livro póstumo foi prefa
ciado por nosso conterrâneo, residente na Capital da
República e também poeta — Jayme Sinando. Copiamos
alguns versos de Vicente Lopes de Sousa:
«Janeiro... uma tristeza em minha vida...
Mês das férias... meu tempo de estudante!
Janeiro a capelinha alva da ermida...
E uma saudade louca, indefenida.
Meu pai a cachimbar, morosamente,
E as cadeiras de couro na calçada.
Janeiro.., uma chuvinha, água corrente,
Alegria na aldeia, em minha gente...
Atoleiro na estrada...»
TURISMO —
— N O C A R IR I
Q,, c£im lem & ztq, d e AquU tO .
r
ita y tera 93
SO B A SU P E R V ISÃ O DO I. C. C., FO I G RA N D E O M O
V IM E N T O IN T E L E C T U A L DE C R A TO , DO
ANO PA SSA D O PARA CÃ.
O movimento de publicações de livros tem sido relati-
vamente grandioso, do ano passado para cá e tudo sob inspi
ração direta ou indireta do Instituto Cultural do Cariri. Tivemos
o lançamento do quarto número de «Itaytera,» em reunião do
Rotary Clube. Dias depois, aparecia «Ana Mulata», primeiro vo
lume da CO LEÇÃO «ITA YTERA » escrito pelo veterano das
letras e da imprensa cratense—José Alves de Figueiredo, edição
da IM PR EN SA U N IV E R SIT Á R IA , em cooperação com o
I. C. C. Quase simultaneamente, o Serviço de Informação Agrí
cola, do Ministério da Agricultura, lançava EN G EN H O S DE
RA PA D U RA DO CARIRI, de J. de Figueiredo Filho. O livro
foi pouco difundido no Ceará, visto ter sido a edição adquirida
pelo S. I. A. Agora temos a quinta edição da revista oficial de
nossa agremiação, com duas separatas, uma de Duarte Junior e
outra de José de Figueiredo Brito. Em preparo, temos a H IS
T O R IA DO PA D RE CÍC ERO , a ser editada, no Rio, de autoria
de nosso antigo Secretario Geral e socio efetivo-Capitão Otacilio
Anselmo e Silva. O segundo volume da COLEÇÃO «IT A Y T E -
RA» será o esperado livro póstumo de Irineu Pinheiro— «E F E
M É R ID ES DO CARIRI», já entregue á Imprensa Universitária
do Ceara.
94 ITAYTÉRA
Valha-me Rilke
— Ist er eins Hiersiger?
Keats responde; Happy is England
— Happy birthday,
happy birthday, Hilda! —
Por fim, vejamos o canto décimo segundo, que nos me
rece especial atenção. Carvalho da Silva é, agora, realista puro,
lembrando o Junqueiro filosófico, moralista. Já não interessa
mais a amada, que, apesar de todas suas sutilezas e obstinações,
ministrou-lhe, entanto, a grande lição de vida, resumida em:
«Não hás de ver-me phtysico: bem sei
que não te verei hectica.
Do nosso amor saudável tirarei
Minha doutrina esthetka.
«O vago amor platônico — êsse absintho
Contrário à Natureza.
Será crestado pelo sol do Instincto,
Ardente de pureza.»
À razão sobrepuja-se a sensibilidade. A finalidade é o
homem.
Narcisista, comprova-o sobejamente a estrofe primeira do
canto décimo, como outra qualquer que lhe tomássemos ao acaso:
«Lidia, o sol que cresce ao meio dia
Desaparece à tarde.
Á noite êle não arde
E nno nos alumia.
Mas nos teus olhos, Lidia.
Há sempre a côr do dia.»
Aliás, o narcisismo é característica inerente aos cantares
de Carvalho da Silva—a amada, sempre amada e só”— confir
mando assim, portanto, predição inicial de nossas considerações
sôbre «A Fênix Refratária.»
Ressalta-se, em tempo, que em nenhuma dessas tentati
vas Carvalho da Silva realizou-se plenamente. O filosófico do
canto décimo segundo, aproxima-se ainda, pela forma, do Gon-
gorismo. Satânico, domina-o sempre o ideial da poética trova-
doresca.
«A Fênix Refratária» pode considerar-se uma experiên
cia feliz, mesmo pela grande penetração poética de seu autor.
E Carvalho da Silva é, antes de tudo, um poeta em busca da
renovação que lhe outorgue o título de verdadeiro artista: a
criação de realidades novas.
1TAYTERA
SINFONIA INTERIOR
Recebemos o livreto de poemas «SINFONIA INTERIOR»
Mais outro livro de verso desse poeta inato — José Newton
Alves de Souza. Canta as belezas eternas de Deus. É a alma
da criatura que se aproxima do Criador em estrofes maviosas,
em estilo modernista. O livro é prefaciado pelo culto sacerdote
— Pe. Antonio Feitosa que sabe bem definir o Autor. Preci
samos mostrar o poeta, embora em pequeno trecho:
A MÚSICA EVANGÉLICA
Se a mensagem do Bem inda não ouviste,
ao folhear o Livro,
despoja-te do chumbo escravizante:
Sentir-te-as harmonico e sutil,
leve, completo, iluminado...
... e ouvirás a Musica do Ceu.
A MORTE É O SILENCIO
A morte,
Ê mistério,
É o silêncio,
É o fim!
É uma interrogação,
É o terminar de uma jornada!
É lágrima,
É luto,
É em breve ser esquecido...
É o passado,
É ao desprezo ser legado...
É o deixar de sofrer!...
É o segredo do túmulo,
Ê a eternidade,
Ê o nada!
João D antas (Monteiro)
Campina Grande, M/IV/1959
G tacílio A nselm o e Silva
C A P ÍT U L O I
O m eio
O Cariri, cuja área territorial abrange vinte Municípios
da região meridional do Ceará, (1) é um contraste surpreendente
na paisagem comburida do Nordeste. Pela sua configuração
fisiográfica, fertilidade do solo e amenidade do clima, é a^.antí'
tese da vasta zona que o circunda, verdadeiro oásis cujas terras
verdejantes têm sido, no decorrer dos tempos, refúgio e asilo
dos fugitivos das sêcas periódicas.
NOTAS
N A C A M A R A MUNICIPAL - V O TO DE
LOUVOR A O INSTITUTO
O Presidente do I. C. C. recebeu o seguinte e
honroso oficio da Camara Municipal de Crato:
Do Snr. Presidente da Camara Municipal de
Crato
Ao Presidente do Instituto Cultural do Cariri
Assunto: Comunica voto de louvor
Snr. Presidente
Comunico a V . S. que, por requerimento do ve
reador Araújo Filho, foi consignado em ata do dia 27
do corrente, um voto de louvor pela decorrência do sex
to aniversário do Instituto Cultural do Cariri, brilhante
mente dirigido pelo ilustre conterrâneo.
Sem outro assunto para o momento, aproveito o
ensejo para comunicar a V . S. e aos demais membros
desse sodalicio, que se encontra em tranmitação por
esta casa, projeto de autoria do vereador Osvaldo Al
ves de Sousa, que abre credito especial, destinado a
ereção de um marco no local onde tombou o herói ca-
ririense Joaquim Pinto Madeira, e que será entregue ao
Instituto Cultural do Cariri.
Atenciosas Saudações Assinam: José de Alcan-
tara Vilar, Derval Peixoto, respectivamente Presidente
e Secretario.
12* I T a YTERA
Tristeza—cantos da serra,
Melancolias do mar...
Micróbio que me desterra,
E me impede em minha terra
A minha mãe abraçar.
Vicente Lopes de Souza
Alexandria
— BARBALHA—
escreve A ntônio M a rch et Callou
M AD RU GA DA DE UM DOM IN G O Q U A LQ U ER
Um barbalhense, ainda sonolento, vai marinhando a
escada de caracol da tôrre direita da Matriz, torcicolosamente.
É o sacristão. São quatro horas e quinze minutos.
O sino que há pouco sonorizou indolentemente quatro
badaladas, tange agora agitado a chamada da missa das cinco
horas. O povinho do vale galga a meia colina, meio apressado.
Os habitantes do Bairro Sim p les do alto do plano inclinado
da cidade que começa na montanha e vai por ela progredindo,
vem declinando para o destino que marca o músico da tôrre.
A matriz se enche dêles de mistura com uma fração do escól
urbano, num mesmo gesto de religiosidade.
Em geral, por tôda a parte, a missa dos albores pertence
aos humildes que não possuem big indumentária ou dos ociosos
que desejam transpor o dia sem incômodos.
Domingo em Barbalha ê, realmente, o dia do Senhor.
Sucedendo-se as cenas do Monte da Paixão: às sete, missa para
o povo em geral: às oito, para os estudantes; às nove: para as
crianças, na Igreja do Rosário, quando se finalizam, até mesmo,
as aulas de catecismo, ministradas por diversas catequistas.
Nêste turno matinal e à tarde se realizam as sessões
semanais das onze associações religiosas seguintes: Pia União
das Filhas de M a r i a , C r u z a d a E u c a r i s t i c a , Senhoras
de Caridade, Mães Cristãs, Congregação Mariana, Apostolado
da Oração, Irmãos do Santíssimo, Vicentinas, Guarda de Honra
do Santíssimo Sacramento e Doutrina Cristã. Há, ainda, a Liga
Contra o Protestantismo que, somente em raras circunstâncias,
se reune em sessão acidental.
Na segunda-feira o ciclo das atividades da vida barba
lhense se estira na cidade, no vale, na serra, nas oficinas, nos
armazéns, nos consultórios, nos quarteirões, nos sítios, nas cha
padas, nos eirados... A despeito do caririense quedar, em geral,
negligente, intoxicação no corpo, preguiça na alma (mens sana
in corpore sano) durante a semana, Barbalha se agita laboriosa,
pequena, muito pequena como expressão territorial, engastada a
sede entre outras a pouca distância: para Missão Velha, 22
klms; para Crato, 27; para Juàzeiro do Norte, 15; próximo dos
limites de Jardim e Serrita (Pernambuco), aproveita o Município
o que pode dos seus 603 klms2
128 ITAYTERA
NATAL, 20/11/1959
134 1TAYTERA
“ I T A Y T B B A ”
Trecho de apreciação do escriíor RAIMUNDO G IR A O :
Mas, em nossa opinião, o trabalho mais pe
netrante e de valor decisivo para a história cearense é
o do Padre Antonío Gomes de Araújo sobre o «Padre
Pedro Ribeiro da Silva», o fundador e primeiro cape
lão da hoje rica e próspera Cidade de Juazeiro do Nor
te, As excogitações históricas e genealógicas do Padre
Gomes já apanharam fama e respeito, pelo seu benedi-
tinismo e o seu poder exegético. O homem cava, apro
funda, mergulha e sai com a gema legítima. Não falseia e
veste as suas conclusões com entusiástico vigor, como o en
tusiasmo de quem, de fato, segurou às mãos a verdade
procurada. Se, porventura, esse arroubo o levasse a qual
quer exagêro, ninguém o censuraria por isso,certo, como
é, que êle é dominado pelas naturais e confortantes ale
grias de quem descobre, de quem encontra a incógnita.
Neste seu estudo acerca da função de inicia-
dor do Padre Pedro Ribeiro traz-nos o Padre Gomes
informes claros, que convencem da edificante atuação
daquele velho sacerdote na criação de um núcleo huma
no que, posteriormente, o misticismo converteu num po
deroso aglomerado cívico, econômico, moral e sentimental.
A luz se fez, inconfundível, em tôrno dos pri-
mórdios ou origens da grande e tão discutida cidade,
em que viveu e se projetou o, igualmente, tão discuti
do Padre Cícero Romão Batista. O Padre Ribeiro, re
almente, «semeou em terreno fértil» e o outro, com a
sua presença messiânica, regou a árvore até que se tor
nou frondosa e se encheu de frutos.
Enfim, podemos afirmar que, de fato, este nú
mero de IT A Y T E R A é vistosa pedra no colar das be
las conquistas do Instituto Cutural do Cariri. Conquis
tas que vêm no mais esperançoso crescendo.
Ficámos de peito cheio com a sua leitura, e o
volume ficará em nossa coleção encadernada a couro, no
lugar que merece. (Raimundo Girão,)
<fo«O POVQ»
IT à YTBRà lâd
«■ ENCRUZILHA D A S DE DESTINOS»
«ENCRUZILHADA DE DESTINOS», d» Alice Pimen-
ía, é volume de 604 páginas, editado pela LIVRARIA F R E I
TA S BASTO S, do Rio. É história movimentada do casal Dr,
joaquim Pimenta e Dona Alice Pimenta, de autoria da última.
Não concordo com muitas das idéias do livro, mas reconheço
na autora, belo estilo, sinceridade e muito amor à causa do
operariado, nos tempos de suas lutas, em Recife, braço direito
que foi, de seu marido —o cearense Joaquim Pimenta. Também
procede ela do Dr. Raul Azedo, homem bom e dedicado à
causa do proletariado de então. A obra é viva e cintilante. Re
trata bem uma época agitada. Foi a fase do despertar do ope
rariado nacional, para encarar frente a frente os seus proble
mas e solucioná-los, por métodos certos ou errados. A literatu
ra de Dona Alice é terna. Comove ve-la no meio daquela luta
tremenda, em que o conforto pessoal foi totalmente sacrificado
pelo casal até a leitores como eu, educado noutra doutrina e
arraigadamente fiel à Igreja. Temos também de confessar peca
do grave, de cunho social. O operariado brasileiro não foi des
pertado pelos que seguiam, naquele tempo, os mesmos postula
dos que me norteam presentemente. Os clarins foram vibrados,
com destemor, por gente do quilate do Dr. Raul Azedo, Dr. Joa
quim Pimenta e Dona Alice Pimenta.
O capitulo com que a autora encerra o livro é muito hu
mano. Toca-nos bem ao coração sentimental de brasileiros do Nor
deste. Vejamos, ao menos, as derradeiras frases de «ENCRU
ZILHADAS DE DESTINOS», espécie de memória de dois re
volucionários, nascidos e criados nas terras adustas do Nordeste:
«Aquela noite a de 22 de Julho e fazíamos 34 anos de
casados.
Não chamei a atenção de Pimenta para a data.
No céu um balão retardatário seguia seu destino... Pa
recia querer lembrar-nos que a noite seria de S. João.
E Caxangá, com suas fogueiras, que eu pulava de ban
da, sem coragem de passar por cima, como Noemi e Iracema
faziam, de pés descalços, acordou do silêncio, Na penumbra,
mamãe, vovô, papai, Oscar Benigno e Carlinho, que tantas ve
zes vi em torno das labaredas, estavam agora ao meu lado.
Pimenta moveu-se; mas não acordou...
E Caxangã novamente, com seus balões, suas fogueiras.
E os seus mortos...»
Paremos, é muito bonito, mas o tempo vôa célere.
J. F. F.
126 ITA Y T E R A
O S A L E N C A R E S N O P A R L A M E N T O N A C IO N A L
A N T O N IO D E A LE N C A R ARAR1PE
(De 1.822 a 1.889)
1) — José Martiniano de Alencar (Pe.), Deputado ás Cortes
Portuguesas (1.821 — 1822), substituiu o deputado efetivo Jo-
José Inácio Gomes Parente. Deputado e Constituinte em 1.823
Deputado na 2a. legislatura, 1.830— 1833. Senador em 1.832,
até a morte.
2) Pe. Carlos Augusto Peixoto de Alencar (1.838— 1841,
1 .8 4 2 - 1 .8 4 5 -1 .8 4 7 ) DEPU TA DO
3) Conego José Ferreira Lima Sucupira (1.838 - 1.841). «
4) Pe. Carlos Augusto Peixoto de Alencar, 7a. legis
latura— 1.848. «
5) Domingos José Nogueira Jaguaribe (1.857— 1.860). «
6) José Martiniano de Alencar (1.861 — 1.864). «
7) Domingos José Nogueira Jaguaribe (1.861 — 1.864). «
8) Domingos José Nogueira Jaguaribe (1.869— 1.872). «
9) José Martiniano de Alencar (1.869— 1.872). «
10) Tristão Alencar Araripe (1.869— 1.872). «
11) José Martiniano de Alencar (1.872— 1.873). «
12) Leonel Martiniano de Alencar (1.869— 1.872 —
Amazonas) «
13) Paulino Nogueira Borges da Fonseca (1.869—1.872). «
14) Tristão de Alencar Araripe (1.869— 1.872). «
15) José Martiniano de Alencar (1.878). «
16) Paulino Nogueira Borges da Fonseca (1.878).) «
17) Tristão de Alencar Araripe (1.878). «
18) Joaquim Bento de Sousa Andrade (genro do Senador
Alencar, 1.867— 1.870). «
19) Joaquim Bento de Sousa Andrade (1.878— 18.81). «
20) Meton da Franca Alencar (1.8S1 — 1.884). «
21) Tristão de AleDcar Araripe (1885— 1889). «
22) Domingos José Nogueira Jaguaribe, filho, (1.885-1 889)«
23) Domingos José Nogueira Jaguaribe (1.871 — 1.889).
SE N A D O R . «
O BSERV A Ç Ã O : O s drs. F rancisco. Antonio e Jesuino de Sousa M ar
fins, descendentes dc M artha d e A lencar, representaram o
Piauí com o D eputados, nos períodos de 1.834/37; 1.838/41;
1.842/44; 1.853/56, e 1.857/60.
N a R epublica foram Senadores; A lencar Guimarães (P a
raná), neto d o Senador A lencar; Almirante A lexandrino de
A lencar (A m azonas), descendente d e In acia, irmã d a he
roina Barbara, e José A cioli, genro d o D eputado Meton
A lencar, o velho.
Relacionaremos, de outra oportunidade, os que integraram
a Camera dos Deputados no atual regime.
FORTALEZA DE 1897
PAULO ELPID IO
Vim à Fortaleza, pela primeira vez, em 1897. Lá no
Crato me diziam que, na capital do Farmacêutico Ferreira, nin
guém se perdia, desde que soubesse jogar dama. De fato, cer-
tifiquei-me que, do fim da Rua Formosa, lado das areias, se
avistava o mar. E, ainda, de qualquer ponto que a gente esti
vesse avistava o açude dos Boris, como chamavam os cratenses.
Os meus conterrâneos tinham razão. An fava de olhos fechados
em Fortaleza, aquele que conhecesse bem o jogo dos velhos—o
taboleiro de pedras redondas.
Demorei alguns dias. De minha cabeça não saía a zoa
da do mar, aquelas águas se remexendo continuamente, reta
lhadas de branco, empolgavam-me. Convidei um companheiro
e, ás duas horas da tarde, chegámos bem pertinho do M O N S
T R O E SV E R D E A D O (a essa hora ele é realmente como ob
servou José de Alencar), tirámos tôda roupa e, com cautela, se
gundo as recomendações que trazíamos, tomámos um banho,
quase na areia. Nunca eu havia estado em uma cidade ilumi
nada.
Andar ncs bondes foi para mim um ótimo divertimento, Que
gôsto, tomar um dêsses veículos na Praça do Ferreira e descer
no Benfica, por exemplo, um dos pontos finais das cinco linhas:
—Jacarecanga, Outeiro, Prainha, Benfica e Estação da Estrada
de Ferro de Baturité. De meia em meia hora, batia uma sinêta
no prédio velho da Intendência, e os burros, com peitorais de
guizos, levavam as primeiras chicotadas, escorregavam os cas
cos ferrados no calçamento e lá iam conduzindo a deselegante
carruagem, cheia de passageiros. Como os fins das linhas não
eram distantes, daí a outra meia hora se encontravam, novaraente,
nos pontos de partida, a fim de repetirem a mesma operação.
Na Praça não faltavam meninos com taboleiros de ro-
letes, uns com casca e outros descascados. Café Java, construção
de madeira que ficava a sudéste do animado Logradouro, era o
lugar frequentado pelas pessoas de maior destaque da época.
Ainda conservo bem nítido na memória, o aspéto bíbli
co do P E IX O T Ã O , refestelado em uma cadeira, com sua bar
ba hirsuta, um grosso correntão na casa do colete, sustentando
um relógio de aço, quase do tamanho de um pires. Eu vi pu
xar, consultando talvez a hora de ir ao Palácio, em sua visita
habitual ao Comendador Antonio Pinto Nogueira Accioly, que
vinte e tantos anos governou o Estado. Esses, poucos dias, fo
238 ÍTAYTfíttA
S E R T A N E JA C E A R E N S E
IOSÊ ALVES DF. FIGUEIREDO
E la nasceu na terra de Iracem a
E tem no roseo lábio — Flor louçã —
T od o sabor do mel de Irapnan
E um cheiro acre d c trevo c de jurema.
N ela, a arrogância faz lembrar M oema
M as tem crendices a gentil cunhan
E basta ouvir o canto da cauan
P'ra que tom ada dc pavores trema,
O corpo livre das severas penas
Que a moda im põe ã carne delicada,
Tem o candor de um ramo d e verbenas.
Venus marmórea — lábio meu revela
Pela m ão de artista burilada
T alvez não fosse mais perfeita e bela.
ATE’ LOGO,
MEU FILHO
OUIXADÁ F EL iC iO
Crato, 1959,
Qual a versão certa da casa
asceu o Pe. Cícero,
em Crato?
Descendente de ilustres troncos fundadores dêste Cariri
hoje ainda vigorosos em seus prolongamentos, o Cônego Climerio
Correia de Macedo, ou Cônego Climério, ou Padre Climerio,
como é mais conhecido sob êstes ceus, é uma das figuras mais
venerandas do clero desta Diocese.
Membro do Cabido Metropolitano da Arquidiocese do Rio
de Janeiro na qual serviu por anos, ao tempo do Cardeal Arcoverde,
de há anos vive quase anacoreta no retiro de sua mansão no
sitio Limoeiro, do municipio de Juazeiro do Norte, onde nasceu,
e se fez adulto.
Sôbre sua pessoa convergem as simpatias e gratidão das
camadas pobres e miseráveis da região que dele recebem os
benefícios duma esclarecida e experimentada clínica homoepática
gratuita, êle mesmo é um pobre entre êsses pobres.
Em 1956, vim a saber que o Cônego Climério retinha
de memória rico acervo de fatos importantes da crônica do Crato
e Juazeiro de antanho. Testei-o sôbre o assunto em sua própria
mansão no dia 25 de Julho, daquele ano. E foi uma delicia,
ouvi-lo. Apesar de seus noventa anos de idade, então ainda
incompletos, manifestou uma tenacidade e vivacidade de memória,
surpreendentes sobretudo em tôrno de fatos mais recuados.
Quem nos ouvisse, de logo tne identificaria na condição de
aluno, todo atenção à exposição do mestre autorizado. A tantas,
habilmente encaminhei a frutuosa palestra para o assunto— Padre
Cicero e os milagres do Juazeiro. A traços rápidos, seguros e
substanciais, Cônego Climerio traçou-lhe a crônica, discorrendo
com precisão e desembaraço.
Foi por ocasião desse encontro, que se prolongou das 7 ás 10,30
da manhã daquele dia, que interpelei o ilustre e ilustrado Co-
nego Climerio a propósito da casa em que, na então vila do
Crato, teria nascido o Padre Cicero. Sua resposta pronta e ca
tegórica: «Minha tia paterna, Missias Correia de Macedo, cortou
o cordão umbilical do Padre Cicero numa casa que foi substi-
342 1TAYTERA
Comerciários.
Trata-se duma conclusão a que chegou o saudoso pri
meiro Presidente do Instituto Cultural do Cariri, Irineu Noguei
ra Pinheiro, depois de ouvir a preta T e re sa —também conheci
da na vizinha cidade do Juazeiro, por «Teresa do Padre», escra
va, que foi, do Padre Cicero, que a apanhou no curso de sua
vida de sacerdote, pois não a herdou, como se vê do inventario
de seu pai, e era ela metade em anos do que êle.
No afan de ilustrar a efeméride do nascimento do Pa
dre Cicero para o seu livro «Efemérides do Cariri» — ainda iné
dito mas já a caminho de impressão — Irineu Pinheiro não se
advertiu quando interpelou «Teresa do Padre», de que ela já
começava a mergulhar no crepúsculo da própria memória, cuja
desintegração começara. Pois eu também conversei-a, vezes
muitas, sôbre seu falecido senhor- a quem chamava «senhorzi-
nho». E o fiz em casa do então vigário de Juazeiro, o já hoje
falecido monsenhor Joviniano Barreto, a quem «Teresa do Pa
dre» muito estimava, no que era correspondida. Do que ela me
transmitira, temi aproveitar qualquer coisa pois a memória lhe
ondulava a qualquer passo. Exemplo: Disse-me que o Padre
Cícero fora o segundo dos tres filhos que a mãe tivera. Para tes
tar-lhe a memória, que não me parecia exata, inquiri-a sôbre aque
la afirmação noutra oportunidade. Resposta: «Parece que Se»
nhôrzinho foi o segundo filho de dona Quinou.» Volvidos uns
mêses reataquei o assunto: «Não tenho bem certeza».
Do confronto da versão de «Teresa do Padre» e da
que se lhe contrapõe, isto é, da «co-parceira do Padre», ressalta
que a segunda sobrepunha-se à primeira, embora não fique
derimida a questão sob o angulo da Ciência Histórica, cuja lei
é o imprevisto.
Por isto foi prematura a tentativa, felizmente não con
sumada, que se fez para, apôr, oficialmente, uma placa em de
terminada casa citadina em que teria nascido o Padre Cicero,
placa indicativa deste importante evento. Tentativa atribuída a
suposta inspiração do Instituto Cultural do Cariri, que não po
dería ter dado, como não deu semelhante passo num assunto
que não recebeu ainda a sentença decisiva do tribunal da his
tória.
144 ITAYTERA
CONVITE AO IN STITU TO
Crato, 22 de novembro de 1959
Prezado Senhor:
O dia 6 de dezembro próximo, aniversário de Sagração
Episcopal do Exmo. Sr. Dom Francisco de Assis Pires, será o
dia da gratidão de toda a Diocese para com o seu estremeci
do Pastor.
Às 9 horas, será celebrada Missa Solene com Assistên
cia Pontificai, na Sé Catedral.
Temos por isto, a grata satisfação de convidar V . Excia.
e a Instituição que dirige, para estas solenidades, principalmente
para a da tarde, quando as distintas Autoridades e Delegações
poderão assistir ao desfile, ao lado do Palanque, na Praça da Sé.
Permitimo-nos, outrossim, de sugerir se telegrafasse a
S. Excia. num testemunho de apreço, que daria maior fulgor à
homenagem, com a leitura dessas mensagens, antes das aclama
ções finais.
O sentido de nossa manifestação será prestar um prei-
to de amor e gratidão, bem como pedir eloquentemente, em no
me de todo o povo, digne-se S. Excia. de permanecer conosco
até o fim dos seus dias.
Certo de sua simpatia e adesão, subscrevemo-nos Servo
em Jesus Cristo
Pe. Rubens Lóssio
Cura da Catedral
N .~O I.C.C. fêz-se representar naquelas justas homenagens.
«Itaytera» no Estada do Rio
Abrimos espaço hoje para apresentar trabalho
sôbre município fluminense, bem de longe, já nas íron-
terias do Espirito Santo. Como é que nós do I. C. C,.
com programa quase que estritamente regional, iremos
focalizar trecho do estado do Rio? Tudo isso é conse
quência do poder de penetração de «ITA YTERA ».
Conquistou-nos esta revista numerosos amigos, no sul e
norte do pais. Êm bom Jesus do Itabapoana, em Bagé,
no Rio Grande do Sul, no Rio, em S. Paulo e em Porto
Alegre, no Clube Nordestino. O deputado paranaense,
de Londrina—Hugo Cabral, por ter lido «ITA YTERA »,
por duas vezes deu-nos subvenção da quota que tinha
direito, como representante de Paraná, no Palacio Ti-
radentes.
Pedro Gonçalves Dutra é farmacêutico, estabele
cido em Bom Jesus de Itabapoana, bem perto da terra
capichaba. É fluminense, procedente dos fundadores
daquela prospera e bonita cidade. Tomou-se de amor a
Crato que não conhece pessoalmente porque apenas o
conheceu e s p i r i t u a l m e n t e , através das páginas de
«ITA YTERA ».
Agora enviou-nos colaboração sobre sua terra,
para que o cratense e o cearense possam conhece-la e
assim mais firmar seu amor pelo Brasil em geral.
M U N ICÍPIO D E BOM JE S U S DE
ITA BA PO A N A R. J.
Especialmente para «ITA Y TE R A »
Escreve-Pedro Gonçalves Dutra
A memória de minha mãe, filha de um dos cons-
trutores da grandeza de Bom Jesus e também parti
cipante daquela obra de pioneirismo. (I)
7 de Junho de 1822
N’esta foi eleito para louvado da divisão dos terrenos da
villa do Jardim a Joaquim Ferreira Pinheiro que será notificada.
28 de Agosto de 1822
— A DESCIDA DA
MONTANHA —
Aiacoque. Sam paio ----------
A multidão acompanhava o Mestre
Naquela tarde azul—avermelhada,
Revestida da luz do sol poente.. ,
Era o ocaso uma fogueira ardente!.. -
Feliz, aquele povo regressava
KACI LDO
F. S. N.
Poucas cidades do interior cearense tiveram vida intele
ctual tão ativa, quanto a simpática e histórica cidade do Crato.
Então, na seara do periodismo, o seu labor foi bem expressivo,
em cento e quatro anos de uma imprensa fragmentada pela
meteórica existência de uns 170 jornais, alí publicados. Nomes
dos mais ilustres glorificaram o seü jornalismo, valendo citar,
entre os mortos, João Brígido dos Santos, seu imortal fundador,
José Joaquim Teles Marrocos (o químico dos milagres de Ma
ria de Araújo), Fenelon Bomilcar da Cunha, João Batista de Si
queira Cavalcanti (pai do fabuloso Teófilo Siqueira), Belisário
Távora, Soriano de Albuquerque, Manoel Peixoto de Alencar,
e dentre os que estão a brilhar em diferentes campos do pensa
mento: Elias Siqueira, Figueiredo Filho, Martins d’Alvarez, Pe
dro Felício, Martins Filho, Fran Martins, José Newton Alves
de Sousa, e tantos outros.
Kalcido Dantas Laranjeira, que tem um lugarzinno na
história literária do Crato, pertenceu à plêiade dos jovens idea
listas cratenses de 1920—1930, época em que pontificaram, na
poesia e na prosa, Manoel Nobre, Pedro Felício, Marfins Fi
lho e o tarimbado jornalista José Alves de Figueiredo. A partir
do aparecimento de «O CRISOL», órgão do Grêmio Araripe
Junior, saido a lume em 1922, Kalcido se fêz presente em qua
se todas as publicações dêsse decênio, estando o seu nome a
figurar, como redator, nos periódicos «A CLASSE», «O ALFI
N ETE» e «A ÉPOCA», influenciado por Augusto dos Anjos,
escreveu o sonêto naturalista «O VERME» que hoje repugna
a si próprio mas que ao estampá-lo nos idos de 1925, deu tes-
temuuho de que a fase do naturalismo brasileiro penetrou, como
outras fases da nossa literatura, até os recessos da metropole
do Cariri.
No meu convívio ao lado de Florival Matos, outra fi
gura singular das letras cratenses, tive oportunidade de conver
sar muito sôbre Kalcido Dantas, êste apaixonado das belas
coisas do pensamento, que se viu obrigado a quebrar a sua
pena, quando encarando a realidade da vida, teve que lutar pe-
ia sua sobrevivência, nessa eterna Estrada de Tobacco, na hu
manizada expressão de Ereskine Caldwell. Como muitos filhos
do Crato, que prestaram a sua contribuição ao periodismo da
Princêsa do Cariri, Kalcido Dantas viU-se forçado a abandonar
POSSIBILIDADES
ECONÔMICAS DO
CARIRI
Àntonio de Alencar Araripe
(Deputado Federal, pela U .D .N . do C eará)
chapada.
Os dos «pés-de-serra» precisam de ser molhados.
Na levada vinda diretamente das fontes sopedâneas do
Araripe fazem os agricultores, aqui e ali, cada qual em seu
sítio, umas pequenas aberturas chamadas sangradouros ou «la
drões,» pelos quais se escôa determinada quantidade de água
distribuída, á enxada, em inúmeros regozinhos, pelas terras que
se desejam irrigar».
(«O Cariri», do dr. Irineu Pinheiro, pág. 57).
O aproveitamento das quedas dágua, uma das quais,
a da Batateira, mede de descarga 400 litros por segundo, para
a produção de energia, é problema que mal foi aflorado, com a
instalação de pequena turbina, que serve á iluminação de Crato.
Havendo mais de 100 fontes, que se desprendem dos
sopés do Araripe, está claro que um sistema geral de aprovei
tamento hidráulico deve figurar entre as providências que o
progresso econômico da região reclama.
O Cariri esteve sempre excluído das providências rela
tivas ao combate aos efeitos das sêcas.
Não foi incluído no programa rodoviário, manteve-se
fora das cogitações em matéria de açudagem, nunca se cuidou
do racional aproveitamento das fontes perenes, das terras úmi
das, dos extensos e íertilíssimos baixios, que possui.
A serra do Araripe, com a sua manifesta capacidade
de grande centro de produção agrícola e pastoril, continua de
safiando as atividades oficiais para atingir os objetivos a que
se presta.
Se a região em parte tem a sua produção garantida,
mesmo quando ocorrem as sêcas, logo concluíam os técnicos
da administração pública que deveria ser excluída da área onde
seriam empregados os recursos destinados ás obras e serviços
do respectivo combate.
As terras beneficiadas com a irrigação das águas das
fontes, — mesmo porque aquela se realiza, como vimos, por
processo rotineiro, — representam parcela reduzida do território
da região.
Fora do raio de ação das ditas águas, isto é, dos pés-
de-serra e brejos, o território caririense sofre os efeitos da ca
lamidade climatérica em todo o seu rigor
Se dispõe de maior densidade de população e abastece
os sertões circunvizinhos, caber-lhe-ia a prioridade nos planos
de viação.
A qualidade excepcional de suas terras, os vastos bai
xios que ali se contam, estendendo-se às vêzes por dezenas de
quilômetros, a elevada pluviosidade, a dedicação aos trabalhos
I TA YTERA 157
ATAS DA ANTIGA...
Continuação da pág. 147
31 de Agosto de 1822
N’esta foi aberto um officio da camara das Lavras e
para se entrar no conhecimento do mesmo mandaram convocar
os cidadãos d’esta villa, abaixo declarados (11 indivíduos que
assignaram).
1 de Setembro de 1822
...onde se achava a camara presidida pelo corregedor
da comarca e mais auctoridades e cidadãos abaixo assignados,
para effeito de se tratar com parecer de todos sobre o cumpri
mento de um decreto de S. A. R. tendente á divisão do Brasil.
N’esta foi decidido por voto geral que se devia cumprir
o decreto de S. Alteza Real independente de mais nada e que
se procedessem logo ás eleições de parochia na fôrma do de
creto para não retardar de modo algum o fim a que ellas se
dirigem e vermos mui depressa ao lado de S. A. R. os deputa
dos d’esta província, para alli se tratar quanto antes os negó
cios tendentes á prosperiedade e felicidade do Brasil, e que des
tinava o dia 7 do corrente, precedendo-se editaes e aviso ao
reverendo porocho (Vicente José Pereira) para ficar certo na
parte que toca, etc.
Assignaram 31 indivíduos entre os quaes Tristão, padre
Vicente, Filgueiras, Amancio, Leandro Bezerra, José Victoriano,
Cardoso, etc., com o ouvidor Lago.
9 de Setembro de 1822
N’esta accordaram em officiar ao tenente commandante
do destacamento para se retirar em razão de ser suspeito à
causa, ficando o sargento commandando o destacamento, offi-
ciando-se ao dito sargento para ficar comandando o destaca
mento.
N’esta se deu parte aos Srs. da junta do governo do
procedimento do dito tenente.
20 de Setembro de 1822
N’esta accordaram em se officiar a S. A. R. dando-lhe
parte de todo o acontecido e opposições à seus reaes decretos
de 1 a 3 de junho do corrente anno n’esta província.
N’esta accordaram em officiar ao tenente Manoel An-
tonio Diniz, perguntando-lhe a causa das atuaes patrulhas e al
voroço da villa do Icó, onde elle se acha commandando o des
tacamento.
0 D IR E IT O NO A N T IG O
TESTAM ENTO
Valdetário Pinheiro Mota
Juazeiro, C e.
que Moisés faz esta proibição, para evitar que ficassem privados
de um objeto de primeira necessidade, cuja falta os reduziría à
morte pela fome. Êstes moinhos eram de braços, e ainda hoje
são usados pelos árabes.» (Padre Antonio Pereira de Figueire
do—«Bíblia Sagrada», vol. II, pag. 230).
A lei atual manda excluir da penhora as provisões de
comida, uma vaca leiteira e outros animais necessários à alimen
tação do devedor, os veículos dos funcionários públicos, os
livros, máquinas, utensílios e instrumentos necessários ou úteis
ao exercício de qualquer profissão, o prédio rural de valor igual
ou inferior a dois mil cruzeiros e outros bens. (Cod. Processo
Civil, art. 942).
No Livro de Tobias (cap. VIII, vers. 24), encontramos
esta notícia: «E, de tudo que possuía, Raquel deu a metade a
Tobias e declarou por escrito que a outra metade que restava
passaria a Tobias depois da morte.» Temos, nêste trecho, per
feita antevisão da doação e do testamento. De feito, o nosso
Código Civil considera doação o contrato em que uma pessoa,
por liberalidade, transfere do seu patrimônio, bens ou vantagens
para o de outra, que os aceita (art. 1.165) e explica que testa
mento é o ato revogavel pelo qual alguém dispõe, no todo ou
em parte, do seu patrimônio para depois da morte, (art. 1.626).
Até mesmo o Direito Administrativo teve o seu advento
consignado na Bíblia, Lê-se, no versiculo 5 do capítulo X X IV
do Deuteronômio: Quando um homem tiver tomado uma mulher
há pouco tempo, não irá à guerra, nem se lhe imporá cargo
algum público, mas estará descansado sem culpa em sua sasa,
afim de passar alegre um ano com sua mulher.» Expressão cor
relata é encontrada no art. 153, n. I, no Estatuto dos Funcio
nários Públicos Civis da União que, por motivo de casamento,
permite ao funcionário faltar ao serviço até oito dias sem res
trições de direitos ou vantagens.
II - Direito Penal
Afirma-se com acerto que o primeiro Código ditado à
humanidade foi o Decálogo—palavras do Senhor, com estas pro
ibições entre outras: Não matarás, não cometerás adultério, não
furtarás e não dirás falso testemunho contra teu próximo. (Êxo
do, cap. X X , vers. 13 a 16). No Código Penal em vigor, en
contram-se disposições correspondentes. De fato, é crime matar
alguém (art. 121), cometer adultério (art. 240), furtar (art. 155),
fazer afirmação falsa, como testemunha (art. 342).
Há previsão da tentativa, no versículo 12 do capítulo
21 do mesmo livro Êxodo: «O que ferir um homem, querendo
ITAYTERA 163
XII — do Pequisciro
XIII — da Taboqueira
X IV - da Nova Olinda
XV — das Olarias
XVI — da Cadeia
X V II — do Pimenta
Praças:
À — da Matriz
B — de S. Vicente
C — do Rosário
D — do Matadouro
Entre as ruas são mais bonitas e bem edificadas: a
Pedra Lavrada, Larangeiras, Formosa, Grande, Fogo e Valia:
entre as travessas: a da Ribeira Velha, do Sucupira, do Charu-
teiro e da Califórnia; entre as praças: a da Matriz, S Vicente
e Rosário.
Existem na cidade: 1147 casas de telhas e 400 de palha
e taipa: ao todo 1547; 20 sobrados; um Seminário; uma Casa
de Caridade; 1 Recolhimento; 1 hospital: 6 egrejas; 1 cadeia e
casa de camara; 1 theatro; 1 ponte; 2 pontilhões: 1 açude; 2
mercados; 3 cemitérios e 10 a 11 mil habitantes.
Prédios—Os sobrados são de um só andar e construídos
á moderna.
O Seminário foi construído em 1874 a 1875 por ordem
de D. Luiz, Io Bispo do Ceará, e funcionou até 1877 sendo
então fechado por causa da secca. Teve sempre matricula de
50 a 60 alumnos. Tem 35 portas de frente: é de construção mo
derna e imponente.
Casa de Caridade - Construída em 1868 pelo Rvd. Dr.
lbiapina; é de boa construção e dentro de um sitio de fructeiras,
proximo ao riacho Grangeiro (perenne). É a maior do Estado;
tem 2 9 portas de frente. Já teve mais de cem pessoas, hoje são
84 as pessoas n’eíla recolhidas. Existe na cidade um recolhimen
to de mulheres (a que chamam — Convento) de propriedade do
Padre Manoel Felix de Moura; é uma casa particular, só se
distinguindo das outras pelas numerosos cellas ou cubículos em
que está dividida. Já teve 50 e tantas pessoas, hoje terá 30 ao
muito (Está na planta n° 20).
Egrejas—A Matriz (planta n° 7) é um grande e formoso
templo; limpa, porem muito simples internamente. Tem uma só
torre, onde está um bom relogio,
S. Vicente—Egreja de tamanho regular, boa construcção,
limpa, com uma só torre, de feia apparencia externa em vista da
desproporcionalidade da torre com a frente. Tem um patrimônio,
constante de um sitio de plantação de cannas chamado «S. V i
ITAYTERá it>7
21:410
Do districto da cidade são tirados 2:449 habitantes que
moram nos suburbios, ficando a população urbana na rasão de
11 mil pelo calculo de Malthus (7 habitantes por casa) assim o
numero de casas da cidade de 1547 a população é de 10:829,
ou 11 mil arredondando os números.
Em 1861 (Pompeu, Ens. Estatistico) a cidade do Crato
tinha 550 casas, de telha e 600 de palha (e nos arredores outro
tanto) ao todo 1150 casas, e consumia de 8 rezes diariamente,
com uma população de 8 mil habitantes; hoje consome 11 a
12 reses.
A população é composta de adventicios e naíuraes do
município, Estes foram oriundos de duas famílias que domina
vam-se P orteiras e Corrente, mas tal tem sido o entrelaça
mento que raro é o indivíduo natural do Crato que não pertença
a uma das duas famílias, ou ás duas ao mesmo tempo. Predo
minam também os Alencares, depois os Limas, Macedos e t c .,
rnas hoje estão completamente lançadas na massa da população
e as famílias que se salientam pelo seu numero são: os Bezerra,
Alves Pequeno, Maia, Gomes de Mattos, Lobos, Mellos, e ou
tras tantas as quaes fazem parte das duas primitivas Porteiras
e Corrente ou estão nellas entrelaçadas.
x x x x
N O T A S:—A rua do Matadouro permanece como mes
mo nome, não tendo sido acceita pelo povo a denominação de
178 ITAYTERA
MORRE O ESCRITOR
G U STAVO BARROSO
Justamente três meses após ter estado em Crato, faleceu
na Capital da Republica, onde residia, o grande escritor Gustavo
Barroso, cearense de renome internacional. O fato lutuoso para
as letras nacionais ocorreu no dia 2 de Dezembro, no Hospital
dos Servidores, depois de vários dias de doença. Nasceu no dia
29 de Dezembro de 1888, em Fortaleza, filho do casal—Filino
Barroso e Ana Dodt Barroso, Estudou no Liceu do Ceará e
bacharelou-se pela Faculdade de Direito, deste Estado, em 1911.
Dedicou-se á carreira das letras, tendo publicado diversas obras
que tornaram o seu nome de fama até mundial. Nunca esqueceu
o Ceará que ocupa o centro de seu trabalho intelectual, nas
diversas facetas de sua aprimorada inteligência.
Por duas vezes foi presidente da Academia Brasileira de
Letras.
Entre os dias primeiro e dois de Setembro, do ano em
curso, esteve no Cariri visitando os pontos principais de Crato
e Juazeiro. Pronunciou belíssima e instrutiva conferência na RA
DIO ED U CA D O RA DO CA RIRI, sob os auspícios do Instituto
Cultural do Cariri.
172 ITAYTERA
B O LE TIM DA UN IVERSIDADE
A Biblioteca do Instituto Cultural do Carirí rece
be com regularidade o BOLETIM DA UNIVERSI
DADE DO CEARÁ, bem assim todas as obras edi
tadas pela IMPRENSA UNIVERSITÁRIA Agrade
cemos
SY M PO SIU M
É o nome da bem feita revista, publicada pela
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBU
CO.. É dirigida pelos padres jesuítas: Audisio Mosca
de Carvalho e nosso conterrâneo Pedro de Mello. Traz
ótima colaboração, assim atestando o grau de cultura
dos dirigentes daquela Universidade, das mais bem
organizadas do Brasil.
O HOMEM-VASSOURA
É outro livro, filho da cultura multiforme de nosso
amigo e socio correspondente — Abelardo Montenegro.
É o elogio do candidato Janio Quadros, escrito com a
boa linguagnm daquele bom escritor cearense.
182 IT A T E U A
2 de Outubro de 1822
N'esta accordaram em officiar á junta provisória da
Parahiba, para mandar dois officiaes para commandar as milícias
d’esta villa e igualmente pedindo auxilio á mesma.
N'esta accordaram cm officiar ao capitão-mór e coronel
para aprontarem suas tropas paia auxiliarem os eleitores.
5 de Outubro de 1822
Nesta accordaram fazer um officio ao capitão-mór d’esta
villa José Pereira Filgueiras fazendo ver o estado actual da
villa do Icó contra a causa de S. A. R.
Accordaram mais em officiar aos thesoureiros dos reaes
dizimos para darem por empréstimo o dinheiro que em si tiverem
para munição da tropa, que vai para o Icó.
Accordaram que se passasse mando para que o dito
procurador entregasse a Joaquim Pinto Madeira, capitão de
ordenanças, a quantia de 214$ 160.
Accordaram mais representarem aos eleitores na occasião
da reunião delles na villa do Icó a respeito do melhoramento
e augmento da causa do Brasil n’esta comarca.
Accordaram mais que se passasse mandado para que o
procurador nomeado Francisco José Cesar entregasse ao com-
mandante do esquadrão de cavallaria Romão José Baptista a
quantia de cem mil réis, e com recibo do dito commandante lhe
ser levada em conta.
Accordaram mais requererem ao coronel commandante
da cavallaria Leandro Monteiro o preenchimento de duas com
panhias, primeiro e segunda, do dito regimento.
6 de O utubro de 1822
Accordaram em que o sargento-mór José Victoriano
Maciel ficasse livre da pena de residir dentro da villa por
estarem certificados queelle não era inimigo da causa, e que se
officie.
21 de Outubro de 1822
......... e eleitores de porochia d'esta freguezia para ele
gerem um membro, que ha de servir no governo temporário
installado no dia 16 do corrente mez na villa do Icó, e se pros
seguindo ã votos foi eleito pela camara e eleitores o capitão-mór
Continua na página 184
— RAPADURAS —
AÍI RIGHT
Copyrigh dos «Diários Associados»
RIO, 11. (Meridional)—O número 13 do Documen
tário da Vida Rural de que é responsável o José Vieira, como
diretor do Serviço de Informação Agrícola, trata da rapadura do
Cariri e foi escrito por José de Figueiredo Filho. Tudo muito
bem feito, bem arrumado, ótima impressão, etc..
A leitura da publicação, para mim, que não sou, nun
ca fui, mas tenho muita vontade de ser agricultor, valeu pelas
profundas recordações que me trouxe da infância.
A rapadura do Cariri alimentou-me bastante na me
ninice. Comida com farinha seca, branca como leite, representa
va uma verdadeira delícia. A minha zona no Ceará é da Serra
Grande, do outro lado do Estado. As rapaduras de lá, eram
boas, também, mas as do Cariri, para o meu paladar superavam-
nas. Talvez fosse porque vinham de fora, de longe.
Desde os verdes anos a gente sabe que santo de ca
sa não faz milagre. Era assim com a rapadura, será igualmen
te assim com tudo o mais. A humanidade é uma eterna insatis
feita. Quando se tem tudo em casa, de bom e do melhor, des
preza-se para ir procurar além outras coisas.
Em verdade, porém, a rapadura encerada de Barba-
lha e adjacências tinha um sabor especial, que me regalava a
mim e aos frangotes de meu tempo.
Não sei se hoje a situação é a mesma. Devo diver
que fiquei até surpreendido com a notícia de que ainda se fabri
cam rapaduras naquela zona.
Desde a sua criação, êsse Instituto de Açúcar e do
Álcool não tem feito outra coisa senão perseguir, acabar com os
engenhos, primitivos, sim, mas insubstituíveis no coração de quan
tos em dia nasceram, cresceram e gozaram o espetáculo das
moagens, as velhas juntas de bois a rodarem, desde o raiar da
aurora até ao escurecer, em tôrno daquelas moendas, das quais
a garapa escorria sem cessar. Os tachos de cobre se enchiam
sob a labareda dos bagaços de cana e mel pouco a pouco se
apurava, indo depois para as fôrmas de madeira de rapadura,
alimento de pobre, produção barata.
Atualmente, o que resta de tudo aquilo não represen
284 ITAYTERA
ta, segundo imagino, nada do que foi êste Brasil naquelas pris-
cas eras.
Grande êrro, do ponto de vista histórico, a campanha
contra os engenhos. Está bem que se fizesse o Instituto, povo
ando-o, como aos outros, de funcionários entre os quais, aliás
tenho velhos amigos; mas a meu ver, tornar-se-ia necessário con
servar esses marcos da nossa formação que eram os engenhos
sem êsse mal necessário da máquina. Desde os albores da colô
nia, constituiram eles a nossa primeira manifestação de economia,
despertaram a cobiça dos piratas e dos invasores. Tinham, por
tanto, uma tradição que deveria ser respeitada.
V eja nessa interessantíssima publicação, que no Carirí
subsiste apenas meia dúzia de engenhos de bois, um em Barba-
lha, quatro ou cinco no Crato, dois no Juazeiro do meu padrinho
Padre Cícero!
Maldito seja quem acabou com essa atividade tão
nossa, que havia chegado até à época das autarquias através de
sucessivas gerações, enriquecendo a literatura indígena de assun
tos que os futuros escritores poderão versar de oitiva. (Extr.)
4 de Novembro de 1822
N esta accordaram em se officiar ao ouvidor da com arca
para que immediatamente se recolhesse á cab eça d’ella, ordenan
do-lhe o faça da parte de S. A . R . e que da parte do mesmo
senhor m andasse fazer sequestro rigoroso nos bens do thesourei-
ro de ausentes M an oel do N ascim ento Silva para segu rança
do alcan ce publico do mesmo thesoureiro. Igualm ente accordaram
officiar á cam ara de S. João do Príncipe ou outra qualquer
onde se ach ar o dito ministro para no caso d’elle não querer
annuir á requisição d’esta cam ara dar-lhe voz de preso á ordem
de S . A . R ., e auxiliar ao official da diligencia, para a condu-
cção do dito ministro á cabeça da com arca e em taes casos farão
sequestro em todos os seus bens.
14 de Novembro de 1822
N 'e sta accordaram em officiar á cam ara da Fortaleza
e todas da província para se recolher o cofre nacional n'esta
cabeça de com arca, até que as cousas tornem a seu antigo
estado.
N ’esta accordaram mais em mandar um official de milí
cias encontrar um enviado, que se diz vem do R io de Janeiro
remettido ao capitão-m ór d’esta villa, conduzindo com toda a
honra á nossa presença, para indagarm os se é verdadeiro e
enviado ou se é traição.
16 de Novembro de 1822
N 'esta accordaram em se fazer trez livros para servirem
de registro e mais clareza necessária ao governo provisorio.
19 de Novembro de 1822
........... Senad ores, nobreza, clero e povo para effeito de
se dar posse ao governo temporário conciliador da com arca do
C rato do C eará e req uerer-se e d ar-se as providencias neces
sárias tendentes ao bem e m elhoramento da causa publica do
B rasil, e sendo ahi foi lido pelo presidente em altas vozes o
termo de installação do governo temporário d’esta com arca que
foi installado na villa do Icó pelo collegio eleitoral reunido na-
quella villa no dia 16 de Outubro de corrente anno, e logo pe
la cam ara e povo foi eleito d’entro tres m embros, que presentes
estavam , para presidente com voto geral e capitão-m or José P e
reira F ilgu eiras, e para secretario do mesmo governo foi eleico
por voto geral e Revm . A ntonio M anoel de Souza.
lT A V T .f i li A 189
27 de Novembro de 1822
N 'esta se procedeu a eleição de procurador geral, que
ha de ir para a côrte do Rio de Janeiro, a participar á S. A.
R . defensor perpetuo do Brasil, os movimentos d’esta província,
que deram motivo á installação do Exm. governo temporário e
requerer tudo quanto fôr a bem desta província e foi eleito por
voto geral o Exm°. membro do governo temporário José Joaquim
Xavier Sobreira (isto foi feito á requisição do governo temporário).
N ’esta accordaram em officiar á todas as camaras para
que representem á S. A. R. o procedimento do governo provi-
sorio d’esta provincia enviando-lhe os officios, que lhe dirigiu o
mesmo governo, que mostra a opposição aos decretos de S. A.
R., e que o conductor das participações é o procurador geral
José Joaquim Xavier Sobreira.
Assignados —David Ferreira do Espirito S a n to —José
Francisco de Gouvêa Ferraz—Vicente Amancio de Lima —João
Franklin de Lima— Francisco José de S o u z a - Felix Gomes de
M ello—João Gonçalves Pereira de A lencar—Alexandre Raymun-
dó Pereira.
N ’esta se deu uma casa segura para prisão de Diniz, e
e José Felix.
. . . D ezem bro de 1822
........... Para effeito de se communicar á S . A. R. a
opposição que tem feito o ex-presidente da junta provisória da
capital José Raymundo do Paço de Porbem Barbosa á causa
publica do Brasil, por ser elle a móla real de todos os males,
que tem desorganisado a paz e tranquilidade publica influindo
do modo possível para obstar o progresso da nossa independencia
.a fim de que elle nos não prejudique mais, tomando assento no
exercicio de conselho de estado por ser incompatível a sua con-
ducta com os sãos desejos de seus constituintes, quando deposi
tam em suas mãos plenitude de poderes para representar tudo
que convier a seu bem, accrescendo a illegalidade de sua nome
ação pelo publico soborno, que constituiu á pluralidade de votos,
que n’elle recahiu e igualmente accordaram, que este mesmo
termo fosse remettido ás camaras da provincia, para que ellas se
dirijam ao mesmo Senhor participando-lhe a mesma verdade.
26 de D ezem bro de 1822
N ’esta foram abertos uns officios da secretaria do estado
dos negocios do reino e outro da camara da cidade do Rio de
Janeiro.
N ’esta accordaram em mandar publicar dous decretos
de S . M. Imperial de 18 de Setembro de 1822 e outro da data
do mesmo.
ITAYTERÀ 191
4 de Janeiro de 1823
N ’esta accordaram em mandar que os empregados do
thesouro nacional façam pagar o destacamento estacionado n’esta
villa de todo o soldo vencido até Io de Janeiro.
(Mandou também promover uma subscripção entre o
povo para a festa da acclamação no dia 6 de Janeiro, visto não
haver dinheiro no cofre da camara.
6 de Jan eiro de 1823
N ’esta accordaram, visto não se ter obtido o donativo
competente para a festa, transmutar-se a dita festa para o dia
12 do corrente.
12 de Jan eiro de 1823
No mesmo dia, mez e anno ás 11 horas do dia reuniu-se
nos paços do conselho, o presidente e mais officiaes do conselho
comigo escrivão da camara, para effeito de irem assistir á festa
solemne que haviam designado em acção de graças pela feliz
aclamação de S. M. I. e C. defensor perpetuo do Brasil, e to
mando as suas varas e formando-se em corpo de camara sahi-
ram em direitura á igreja matriz acompanhados dos homens
bons d’esta villa e seu termo na mesma matriz e acharam o
parocho com o clero e musica, e logo passou a ser exposto o
Santíssimo Sacramento e ao depois celebrou o mesmo parocho
m íTA TERÁ
Saudade do pé da serra
E das casinhas caiadas
Das mulheres com os cestos
Com frutas muito asseadas,
Dás aguas um pouco turvas
Serpejantes nas levadas,
Dos cambiteiros pressurosos
Que se encontram nas estradas.
Saudades da primasia
Das éspessurosas mangueiras
Do grato entusiasmo
Das altas macaubeiras,
Com cachos amarelados
Orgulhosas altaneiras
Teem encantos e não pedem
Homenagem às palmeiras
Eu tenho imensa saudade
Das belezas da cidade
Casas templos magníficos
Com tanta sublimidade,
Salões, aristocracia
Da melhor sociedade
Pessoal garboso altivo
Cada peito a liberdade.
Adeus terra favorita,
Tu me ensinaste a cantar
1TAYTERA ■197
Exu — 1958
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D escrip çã o da C idade do C ra ío em 1822, pelo D r. G ustavo
H o ra cio . . , . . . . . 1 6 5
U m a P a rce la da F a m ília M en ezes do C ariri — Bruno de
M en ezes . . . . . . . 1 7 3
O s P á u s de A ra ra e a C o lo n ização H o lan d esa no P aran á —
Jó sio de A le n ca r A rarip e . . - . . 1 7 9
R ap ad u ras — A ll R ig h t . . . . . 1 8 3
R elem brand o um H erói de C an u d os . . . . 1 8 5
D a . M a ria A rn ald in a de A le n ca r, P o etisa do S e r tã o — M e -
on S o a re s dá A len ca r . . . . . 1 9 5
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D E PÓ SIT O S A PRA ZO F IX O
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