Modelo - Atividade - Peça 09 - Contrarrazões.

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XXVIII EXAME DA ORDEM

2ª FASE DIREITO PENAL

GABARITO – ATIVIDADE – PEÇA 09

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE


MACEIÓ/AL

JOÃO, já qualificado nos autos da ação penal nº ..., que lhe move a Justiça Pública, por seu advogado
que esta subscreve, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, dentro do prazo legal, oferecer

CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO

com fulcro no artigo 600 do Código de Processo Penal.

Termos em que,

Pede deferimento.

Local, 13 de novembro de 2018.

Advogado, OAB

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CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO

Processo nº ...

Apelante: Justiça Pública

Apelado: João

Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte,

Colenda Câmara,

Douto Representante do Ministério Público

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Em que pese o indiscutível saber jurídico do douto representante do Ministério Público, impõe-se
a manutenção da respeitável sentença proferida pelo Juízo de primeiro grau, pelas razões de fato e de
direito a seguir expostas.

I – DOS FATOS

João foi denunciado, processado e condenado pelo Juízo de primeiro grau pela prática do crime
tipificado no artigo 33 da Lei 11.343/06, com a aplicação da causa de diminuição do artigo 33, §4º, e da
causa de aumento do artigo 40, inciso VI, da mesma Lei.

Segundo consta da denúncia, no dia 04 de maio de 2018, caminhava com o adolescente Marcelo,
cada um deles trazendo consigo uma mochila nas costas. Realizada uma abordagem por policiais, foi
constatado que, no interior da mochila de cada um, havia uma certa quantidade de drogas, razão pela
qual elas foram, de imediato, encaminhadas para a Delegacia.

Realizado laudo de exame de material entorpecente, constatou-se que João trazia 25 g de


cocaína, acondicionados em 35 pinos plásticos, enquanto, na mochila do adolescente, foram encontrados
30 g de cocaína, quantidade essa distribuída em 50 pinos.

A pena restou fixada em 1 ano, 11 meses e 10 dias de reclusão, em regime inicialmente aberto, e
195 dias multa, entendendo o magistrado pela substituição da pena privativa de liberdade por duas
restritivas de direitos.

II – DO DIREITO

(APRESENTAÇÃO DA TESE) Inicialmente, deve ser afastada a alegação da acusação de


ocorrência de nulidade. Vejamos.

(PREMISSA MAIOR) Nos termos do artigo 57 da Lei 11.343/06, o interrogatório, no procedimento


especial em questão, seria o primeiro ato da instrução. Todavia, conforme entendimento firmado pelo E.
Supremo Tribunal Federal, em respeito à ampla defesa, tal ato deve ser o último da instrução.

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(PREMISSA MENOR) No caso, o interrogatório de João foi realizado ao fim da instrução, de
acordo, portanto, com a orientação jurisprudencial a respeito do tema, razão pela qual não há que se falar
em nulidade.

Ademais, a nulidade não foi arguida pela acusação em momento oportuno, ou seja, em seus
memoriais, o que reforça a impossibilidade de seu reconhecimento.

(CONCLUSÃO) Assim, não deve ser acolhido o pedido de anulação.

(APRESENTAÇÃO DA TESE) De outro lado, igualmente não assiste razão à acusação ao


requerer a condenação do apelado pelo crime do artigo 35 da Lei 11.343/06.

(PREMISSA MAIOR) Nos termos do mencionado tipo legal, configura-se a associação para o
tráfico se “associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer
dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei”.

A esse respeito, conforme o entendimento firmado pelo C. Superior Tribunal de Justiça, a despeito
de a lei prever a configuração do tipo penal com a prática “reiterada ou não” dos crimes de tráfico de
drogas, a sua aplicação depende da estabilidade e permanência da associação, não bastando que seja
para a prática de apenas um delito.

(PREMISSA MENOR) No caso em pauta, não há qualquer indicativo de que a associação tenha
ido além do tráfico de drogas objeto do presente feito, configurando-se, portanto, mero concurso de
agentes, sem associação de caráter estável e permanente.

(CONCLUSÃO) Portanto, deve ser mantida a absolvição quanto ao crime do artigo 35 da Lei
11.343/06.

(APRESENTAÇÃO DA TESE) Ainda, não merece acolhimento a pretensão da acusação de


aumento da pena base.

(PREMISSA MAIOR) O artigo 59 do Código Penal traz as circunstâncias a serem sopesadas pelo
Magistrado sentenciante ao realizar a dosimetria da pena base, dentre as quais está a das consequências
do delito,

(PREMISSA MENOR) Em seu recurso de apelação, a acusação requer a exasperação da pena


base, pois seriam desfavoráveis as consequências do delito, “diante das consequências graves que vem
causando para a saúde pública e a sociedade brasileira”.

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Ocorre que tal argumento diz é genérico e abstrato, somente sendo possível a exasperação da
pena base em vista das consequências específicas do caso concreto. Assim, o acolhimento de tal pedido
resultaria em bis in idem.

(CONCLUSÃO) Desta feita, não deve ser acolhido o pedido ministerial de exasperação da pena
base.

(APRESENTAÇÃO DA TESE) Também deve ser desprovido o apelo da acusação quanto ao


pedido de afastamento da atenuante da confissão.

(PREMISSA MAIOR) Conforme a Súmula 545 do C. Superior Tribunal de Justiça, sempre que o
réu confessar e a sua confissão for utilizada para a formação do convencimento do juiz, deve ser aplicada
a atenuante prevista no artigo 65, inciso III, alínea d, do Código Penal.

(PREMISSA MENOR) In casu, como bem ponderado pelo juízo sentenciante, houve confissão e
ela foi utilizada para a condenação do apelado.

(CONCLUSÃO) Assim sendo, deve ser mantida a atenuante em questão.

(APRESENTAÇÃO DA TESE) Não deve ser acolhido, ainda, o pedido de afastamento da causa
de diminuição do §4º do artigo 33 da Lei 11.343/06.

(PREMISSA MAIOR) Prevê o mencionado dispositivo legal que nos delitos definidos no caput e
no §1º do mesmo artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, desde que o agente
seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização
criminosa.

(PREMISSA MENOR) No presente caso, o fato de o réu responder à ação penal por crime de furto
não justifica o reconhecimento de maus antecedentes, nos termos da Súmula 444 do Superior Tribunal
de Justiça, por analogia bem como conforme o artigo 5º, inciso LVII, da Constituição Federal.

Com efeito, não havendo condenação transitada em julgada, não há que se falar na existência de
antecedente, em respeito ao princípio da presunção de inocência.

(CONCLUSÃO) Portanto, deve ser mantida a causa de diminuição em pauta.

(APRESENTAÇÃO DA TESE) De seu turno, também o regime inicial deve ser mantido no aberto.

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(PREMISSA MAIOR) Nos termos do artigo 33, §2º, alínea “c”, do Código Penal, os condenados a
uma pena privativa de liberdade não reincidentes têm direito a iniciar o cumprimento da pena no regime
inicialmente aberto.

(PREMISSA MENOR) In casu, a pena aplicada foi de 1 ano, 11 meses e 10 dias de reclusão,
dentro, portanto, do patamar para o regime inicial aberto.

Ademais, incidindo a causa de diminuição do §4º do artigo 33 da Lei 11.343/06, o crime deixa de
ser hediondo. E mesmo que fosse, não se aplica a previsão de regime inicial fechado do artigo 2º, §1º,
da Lei 8072/90, declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, por violação à individualização
da pena.

(CONCLUSÃO) Portanto, correta foi a fixação do regime inicial aberto.

(APRESENTAÇÃO DA TESE) Por fim, igualmente não merece reparo a substituição da pena
privativa de liberdade por restritivas de direitos.

(PREMISSA MAIOR) Conforme prevê o artigo 44 do Código Penal, é possível a substituição da


pena em condenação a penas de até 4 anos, por crimes sem violência ou grave ameaça, sendo favoráveis
as demais circunstâncias.

(PREMISSA MENOR) No presente caso, estão preenchidos todos os requisitos, destacando-se


que a vedação abstrata do benefício viola a individualização da pena e é inconstitucional, conforme já
decidido pelo Supremo Tribunal Federal. Inclusive, nesse sentido, o Senado editou a Resolução 5/2012,
suspendendo a eficácia da vedação de substituição da pena contida no artigo 33, §4º, da Lei 11343/06.

(CONCLUSÃO) Portanto, deve ser mantida a substituição da pena.

III – DO PEDIDO

Ante o exposto, requer seja desprovido o apelo ministerial, mantendo-se a sentença de primeiro
grau.

Local, 13 de novembro de 2018.

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