GC - Vulcanismo

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O QUE É IMPORTANTE DIZER SOBRE AS ROCHAS

Qualquer pessoa, mesmo a menos letrada, dirá que as pedras:


– não são fabricadas ou feitas por gente (a ciência diz que são entidades naturais);
– que não se amolgam (a ciência diz que são rígidas);
– que geralmente não se esboroam nem se esfarela (a ciência diz que são coesas);
– que fazem mossa onde quer que batam (a ciência diz que são duras).
Para o cidadão comum, pedra (do grego “pétra”) é, pois, uma entidade natural, rígida, coesa e
dura, que se apanha do chão.
Apanhamos uma pedra do chão, mas, quando estudamos, falamos quase sempre de rochas.
Num modo de falar corrente, podemos dizer que as pedras são bocados de rocha.
O pior que se pode fazer no ensino das rochas ou das pedras, como toda a gente lhes chama, é
apresentá-las desinseridas dos respetivos contextos prático e cultural, precisamente os que têm
mais probabilidades de permanecer na formação global do cidadão, em geral, e, naturalmente
também, dos estudantes.
Insistir, como tem sido uso e abuso, nas definições estereotipadas e nas listagens para “empinar”
e, pior ainda, fazer de tudo isso matéria de ensino obrigatório, tendo em vista a passagem nas
provas de avaliação, é um erro grave com consequências conhecidas. Proceder assim não é
ensinar, é amestrar.
Os alunos passam mas continuam a ignorar a matéria que lhes foi debitada. Matéria que lhes
seria útil, em termos de bagagem cultural, como cidadãos.
Por esta via, não há formação possível, com a agravante de condenar tal aprendizagem, não só
ao esquecimento, como também à sua inclusão no grupo das matérias escolares que se rejeitam
ou se detestam, num sentimento que fica para a vida.
Todos falamos de rocha como sinónimo de pedra, com base num conhecimento comum,
empírico, vulgar, ligado à experiência quotidiana mesmo do mais iletrado dos cidadãos. Dizemos
rochedo quando o afloramento de rocha é grande e apelidamos de rochoso um terreno com a
rocha à vista. Rocha é um galicismo que, entre nós, se sobrepôs ao termo “roca”, bem mais
antigo, talvez pré-romano. Cabo da Roca, ou “Focinho da Roca” no dizer dos homens do mar,
deve o seu nome a esta versão arcaica da palavra rocha.
O conceito atual de rocha e os vários conhecimentos com elas relacionados percorreram uma
caminhada tão longa quanto a do “Homo sapiens”, caminhada de que temos testemunhos na Pré-
história e variadíssimos relatos escritos desde a Antiguidade.
Na sua gíria própria, entendível entre pares, os profissionais falam de rochas, dizendo que são
sistemas químicos, mono ou polifásicos (ou seja, com um ou mais minerais), resultantes do
equilíbrio termodinâmico atingido pelos seus constituintes em determinados ambientes.
Entendendo-se por constituintes os elementos químicos incluídos nos respetivos minerais.
Por outras palavras, acessíveis ao comum das gentes, pode, então, dizer-se que as rochas são
corpos naturais formados por associações mais ou menos estáveis de minerais compatíveis entre
si e com o ambiente onde foram gerados e que são elas, as rochas, que constituem a capa rígida
da Terra que, por essa razão, recebeu o nome de litosfera.
Antes de prosseguir esclareça-se que, no jargão próprio da mineralogia e da geoquímica, os
minerais são considerados fases, no sentido físico-químico da palavra. Com efeito, neste sentido,
uma fase é uma porção de matéria química e estruturalmente homogénea, e, uma qualquer
espécie mineral, é isso mesmo.
Por convenção, noâmbkito da sedimentologia, entre as rochas sedimentares cabem certos
materiais não consolidados como os barros, as areias soltas, as cascalheiras e ainda outros, de
natureza não mineral, como os carvões fósseis e o petróleo (óleo de pedra). Chamar rochas ou
pedras a estes materiais, às vezes tão afastados da imagem vulgar de “coisa dura, rígida e
coesa”, decorre do conceito geológico de rocha sedimentar, no qual se inclui o modo de
ocorrência e o respetivo processo de formação (petrogénese).
A mecânica das rochas (disciplina que estuda certas propriedades das rochas como resistência
ao esmagamento, à tracção, à torção, à flexão, porosidade, permeabilidade e outras) define-as
como entidades sempre rígidas e coesas e duras, como também se diz, vulgarmente) com
capacidade de suportar cargas e que, na eventualidade de terem de ser escavadas ou removidas,
há que usar tecnologias com explosivos. Este conceito corresponde, aliás, à ideia mais divulgada
de rocha, como atrás se referiu. É o “bedrock” dos autores ingleses.
Além das muitas que conhecemos na Terra, já estudámos rochas do nosso satélite natural,
nomeadamente, basaltos e anortositos trazidos da sua superfície. Mercúrio, Vénus e Marte são
também planetas rochosos e igualmente rochosos ou pedregosos são ainda os núcleos dos
cometas e muitos dos asteróides, de que temos conhecimento pelos meteoritos caídos na Terra.
Quando se apelidam as rochas de magmáticas, sedimentares ou metamórficas não se está
apenas a rotulá-las para efeitos de arrumo ou arquivo, muito menos se estão a criar novos
vocábulos para sobrecarga dos estudantes ou do cidadão em geral. Estes adjectivos
acrescentados à palavra rocha informam, de imediato, sobre a sua origem:
– magmática ou sedimentar, qualquer delas em resultado de processos naturais fáceis de
entender;
– metamórfica, em consequência de um outro processo, muito menos ao alcance da vivência do
vulgo, mas que se explica sem grandes dificuldades.
Apelidam-se de metamórficas as rochas que, posteriormente a uma primeira formação, como
magmáticas ou sedimentares, foram submetidas a pressões e/ou a temperaturas, no interior da
crosta, que lhes modificaram, a composição e/ou a textura.
Foi através do estudo das rochas que desvendámos o essencial dos acontecimentos geológicos
que marcaram a história deste «Planeta Azul», no qual a vida encontrou condições para despertar
e onde evoluiu ao ponto de se interrogar sobre essa mesma história.
Os conhecimentos diretos, de que hoje dispomos, relativos às rochas da Terra limitam-se aos que
se obtêm pelo estudo das que afloram à superfície, das recolhidas em dragagens nos fundos
marinhos e das retiradas da profundidade, quer em minas, quer através de sondagens. Esta
profundidade, que não excede 3 km, no primeiro caso, e 11 km, no segundo (na península de
Kola), pode considerar-se insuficiente, se comparada com as três a quatro dezenas de
quilómetros de espessura média da crosta continental.
É já muito o conhecimento que temos desta capa (a crosta ou crusta, como alguns dizem e
escrevem) mais superficial do nosso planeta. Temo-lo através das rochas que constantemente
vemos e pisamos, muitas delas geradas em zonas profundas, trazidas à superfície pelos
enrugamentos de origem tectónica, geradores das montanhas, e, subsequentemente, postas a
descoberto pela erosão.
Outras rochas próprias de muito maiores profundidades, inclusive do manto inferior, como é o
caso dos xenocristais e dos xenólitos, isto é, cristais e fragmentos de materiais líticos gerados
nessas regiões e que ascendem à superfície, na sequência de atividade vulcânica, englobados ou
encravados nos produtos magmáticos que ali se formaram ou por ali passaram. Na ilha da
Madeira, por exemplo, são frequentes os xenólitos olivínicos que ascenderam até à superfície no
seio das lavas envolvidas no processo vulcânico que originou esta e muitas outras ilhas.
As rochas a que temos acesso mais ou menos directo representam uma parcela importante da
diferenciação da Terra e, à semelhança da água, do ar e dos seres vivos são o resultado de
imensas transformações, numa vasta e complexa rede de inter-relações ocorridas ao longo dos
tempos neste «planeta vivo», pleno ainda de energia interna (sob a forma de calor) a que se
adiciona toda a que lhe chega do exterior, isto é, a radiação solar. Como escreveu Maurice
Mattauer, “as pedras nascem, vivem e morrem; como nós; elas têm uma idade e uma história”
Petrologia e litologia são duas disciplinas que estudam as rochas ou as pedras. Se bem que os
étimos"petra! (latim) e "lithos" (grego) sejam sinónimos, petrologia e litologia encerram conceitos
diferentes, ainda que relacionados entre si.
– A petrologia é um ramo da geologia com dimensão de ciência, de vastos recursos nos campos
da física, da química e, naturalmente, também, da matemática, em busca do conhecimento da
origem, natureza, constituição e evolução da Terra no âmbito do Sistema Solar e do Universo.
– A litologia, outro ramo da geologia, é habitualmente entendida como a disciplina que estuda as
rochas num campo prático. Serve a geologia de engenharia, tendo em vista a implantação de
grandes edifícios e outras obras volumosas, cujas fundações exigem o conhecimento dos
terrenos. A litologia dá igualmente respostas à pedologia (o estudo dos solos) e à indústria
extrativa de rochas ornamentais, usadas na arquitectura, na cantaria ou na estatuária, e de
rochas industriais, exploradas como importantes matérias-primas para a construção civil, a
cerâmica, o vidro, o cimento, a cal e a indústria química.

O QUE É IMPORTANTE SABER SOBRE VULCANISMO (1)


O vulcanismo na Antiguidade
Comparativamente aos vulcanólogos, petrólogos, geoquímicos, geofísicos e outros
investigadores, direi, em boa verdade, que sei muito pouco. Digamos que sei o que tive de
aprender para escrever os livros (de ensino e de divulgação) que escrevi e ensinar, em termos
básicos, anos a fio, aos milhares de alunos que frequentaram as minhas aulas, do básico ao
superior nas muitas escolas e universidades por onde andei.
Tenho acompanhado com algum pormenor esta prolongada e importante fase de actividade do
vulcão Kilauea, na Grande Ilha de Havai. Este acontecimento tem despertado curiosidade muitos,
de entre os quais, tem havido alguns que se me têm dirigido interessados neste espectacular e
importante fenómeno geológico.
Para as populações da Antiguidade, ribeirinhas do Mediterrâneo, as únicas a conviverem com
vulcões e os medos a eles associados, as manifestações vulcânicas (e também os sismos) foram,
desde sempre, os acontecimentos de natureza geológica que conheceram melhor, não nas suas
causas, mas nos seus efeitos tantas vezes catastróficos.
Na Grécia antiga, Platão (429-347 a. C.), o fundador da Academia de Atenas, interessou-se pelo
vulcanismo, admitindo a existência de um rio subterrâneo de lama fervente e incandescente, o
“pirofiláceo” que, segundo ele, serpenteava pelo globo terrestre e alimentava os vulcões. Esta
mesma ideia já fora divulgada na obra poética do seu conterrâneo Píndaro (518-438 a. C.), na
qual se fala da existência de um canal ardente, o “typhone” que, em profundidade, ligava a região
de Nápoles à Sicília, com ramificações subterrâneas, explicando assim as erupções do Etna e
das ilhas Lipari, no Mar Tirreno.
Cerca de meio século antes, Empédocles (495-435 a. C.), médico e filósofo grego, nascido em
Agrigento (então colónia grega) na Sicília, admitira a existência de um fogo central que
alimentava reservatórios pouco profundos que, por seu turno, asseguravam a actividade dos
vulcões, antecipando, assim, o conceito de câmara magmática, hoje comprovado
Aristóteles (384-322 a. C.), nascido em Estagira, na Macedónia, contrariava a ideia de
Empédocles, ensinando que o fogo era o quarto e o mais periférico dos quatro “princípios” ou
elementos (ditos aristotélicos), na sequência “terra, água, ar e fogo”, e que, portanto, não podia
ocupar a posição central.
Muito mais tarde, Estrabão (64 a C.-24 d. C.), o conhecido geógrafo grego, contrariando as ideias
do estagirita, procurou relacionar a elevação das montanhas (comprovada a partir da presença aí
de conchas de moluscos marinhos) com a existência de um fogo central que alimentava os
vulcões. Ao observar o Etna e a ilha vulcânica de Ischia (Pitecusas) no Mar Tirreno, admitiu que
os ventos ateavam o fogo vulcânico. Nessa altura, com o Vesúvio adormecido, descreveu-lhe o
cimo “como um lugar que havia estado incendiado em outros tempos e que se apagara por falta
de combustível”.
O poema Aetna, da segunda metade do século I, de autor latino desconhecido, põe em destaque
as preocupações da época no domínio do vulcanismo. Fala de uma fornalha alimentada por
enxofre, alúmen e asfalto que se incendiava devido à presença de “lapis molaris”, nome de lava
que largava chispas quando percutida.
O QUE É IMPORTANTE SABER SOBRE VULCANISMO (2)
O vulcanismo na Idade Média e no Renascimento
Durante a Idade Média, o vulcanismo continuou a preocupar, sobretudo, as populações do sul da
Europa, por ser só aí que se podia observar a respectiva actividade. Neste período prevaleceram
as ideias e os temores que marcaram a Antiguidade, acrescidos de crenças religiosas que viam
nas erupções vulcânicas uma expressão do fogo do Inferno. 
Seguidor das ideias de Aristóteles, de há muito arreigadas e defendidas pela Igreja, o italiano
Tomás de Aquino (1225-1274), escolástico dominicano, opunha-se à ideia de um fogo central.
Recorde-se que o estagirita (Aristóteles nasceu em Estagira, na Macedónia) ensinava que o fogo
era o quarto e o mais periférico dos quatro “princípios” ou elementos, na sequência “terra, água,
ar e fogo”, e que, portanto, não podia ocupar a posição central.
Contrariamente, já em pleno Renascimento, o filósofo Francesco Patrizi da Cherso (1529-1597),
nascido na Croácia, igualmente dominicano, mas seguidor das ideias de Platão e devotado
opositor das de Aristóteles, deu uma contribuição para as ciências da Terra que, embora breve,
se considera avançada na época. No livro que nos deixou, “De sede inferi in Terris quaerenda”
explanou a ideia de um fogo no interior do planeta, não produzindo chamas, como acontece na
combustão, mas, sim, concebido como um fundido incandescente, à semelhança da lava a sair
do vulcão, antecipando ideias surgidas mais tarde com Descartes (1596-1650), Buffon (1707-
1788), Hutton (1726-1797) e Laplace (1740-1827).
É desta época, o bolonhês Ulisse Aldrovandi (1522-1605), o naturalista que, pela primeira vez,
usou a palavra “geologia” como significado que hoje lhe atribuímos. Fundador do Museu de
História Natural de Bolonha e do Orto Botânico da Universidade, na mesma cidade, Aldrovandi,
considerado por muitos como o “pai das ciências naturais”, interessou-se pelo vulcanismo e pelos
seus produtos. No seu livro “Geologia Ovvero de Fossilibus”, entre outros aspectos, descreveu e
deu o nome de variolito a um certo tipo de basalto inicialmente vítreo (traquilito), mas que sofreu
desvitrificação posterior, adquirindo uma textura marcada por esférulas que hoje sabemos serem
compostas por cristalitos de plagioclase e de piroxena dispostos segundo um padrão
fibrorradiado, definindo um tipo de textura petrográfica que ficou conhecida por variolítica. 
Em finais do Renascimento, na continuação das crenças religiosas ainda vigentes, eram muitos
os que viam nos vulcões as “bocas do inferno”. Eram também muitos os estudiosos que
acreditavam ser o vulcanismo mantido por substâncias combustíveis existentes em profundidade,
como enxofre, betumes e carvões fósseis. Assim, os vulcões eram entendidos como os
respiradouros por onde entrava o ar necessário a esses fogos. Discordando destas ideias, o
sacerdote, filósofo, astrónomo e matemático francês, Pierre Gassendi (1592-1655) pôs em dúvida
não só a existência de combustível nessas profundidades, como a possibilidade de o ar
atmosférico, necessário à combustão, descer até aí.

O QUE É IMPORTANTE SABER SOBRE VULCANISMO (3)


O começo da atitude científica face ao vulcanismo
Em Itália, o físico e matemático, Giovanni Alfonso Borelli (1608-1679), foi autor do primeiro estudo
vulcanológico guiado pela observação e interpretação física deste fenómeno geológico. A
descrição cuidada que fez da erupção do Etna, em 1669, afasta-se da concepção escolástica
dominada pelo pensamento de Aristóteles, e marca o começo da atitude científica no domínio das
ciências da Terra. Pioneiro na investigação científica moderna insistiu na necessidade de
observação dos fenómenos e na formulação de hipóteses como vias condutoras dessa
investigação.
Um seu contemporâneo, o jesuíta alemão Athanasius Kircher (1602-1680), naturalista,
matemático, físico, alquimista e inventor, figura marcante pelo eclectismo do seu saber, estudou
vários vulcões actuais italianos, tendo exposto as suas conclusões sobre esta matéria na obra
que produziu ente 1664 e 1678, “Mundus Subterraneus”. Kircher defendia a existência de um fogo
verdadeiro e natural localizado no centro da Terra, fogo que, retomando a ideia de Empédocles,
afirmava comunicar com reservatórios menos profundos que, por seu turno, alimentavam a
actividade dos vulcões.
Décadas mais tarde, o veneziano Anton Lazzaro Moro (1687-1763)), vulcanista e pioneiro do
plutonismo, defendia que as montanhas se teriam elevado acima do oceano primordial pela força
do vulcanismo que considerava alimentado pelo fogo central.
Em Inglaterra o biólogo e sacerdote católico, John Turberville Needham (1713-1781), membro da
Royal Society, admitia que as fontes de calor geradoras do vulcanismo se encontravam abaixo da
superfície, numa zona contínua de rocha em fusão, subjacente à litosfera, a que se deu o nome
de pirosfera.
Em apoio desta tese surgiam as ideias do filósofo alemão Emmanuel Kant (1724-1804),
considerado como um dos grandes e mais influentes pensadores do século XVIII. Na sua teoria,
segundo a qual, à semelhança dos outros planetas do Sistema Solar, a Terra teria passado por
um estado de fusão, conservando, ainda, calor interno necessário à defesa, não só dessa tese,
como da que afirmava a origem magmática do granito.
Uma tal concepção foi recuperada pelo físico, geólogo e glaciologista escocês, James David
Forbes (1809-1868) que, à semelhança do inglês Needham, no século anterior, concebia a Terra
como uma esfera de material fundido (pirosfera), envolvida numa capa rígida de relativamente
pequena espessura. Estudou os vulcões extintos do Vivarais (Ardèche, França) e defendia que o
vulcanismo era um dos efeitos do calor interno da Terra.
Uma outra contribuição no mesmo sentido foi dada, em 1827, pelo francês Pierre Louis Antoine
Cordier (1777-1861). Este professor de geologia no Muséum National d'Histoire Naturelle de Paris
estudou o aumento gradual da temperatura à medida que se desce na crosta (introduzindo o
conceito de grau geotérmico), pelo que defendia que a maior parte do interior do planeta
mantinha o estado de fusão original. Esta ideia, vinda de trás, de um interior da Terra em fusão
(pirosfera) rodeado por fina capa rochosa, arrefecida e sólida, conhecida por litosfera, ainda
prevalecia nos primeiros anos do século XX.
Na imagem, o vulcão Popocatepetl, no México.

O QUE É IMPORTANTE SABER SOBRE VULCANISMO (4)


Tenta-se hoje explicar, a quem não sabe, as duas actuais e terríveis (para quem as sofre)
ocorrências desta importante manifestação do calor interno do nosso planeta, a do Kilauea, na
ilha de Havai, e a do Fuego, na Guatemala. Entretanto lembremos algo mais do que importa
saber sobre este tema.
No dizer de Victor Hugo Forjaz, açoriano, vulcanólogo de profissão e coração, meu brilhante ex-
aluno, “a actividade vulcânica pode ser considerada a mais impressionante das manifestações
geológicas do nosso Planeta”.
Desde os primórdios da Terra, como planeta diferenciado, há de 4000 milhões de anos, o
vulcanismo têm sido um importante agente de regeneração da litosfera. Com efeito, largas
extensões dos vários continentes (por exemplo, o planalto do Decão, na Índia) bem como os
fundos oceânicos são formados por materiais de origem vulcânica (basaltos, rochas afins e
derivadas). Para além de agente regenerador da litosfera o vulcanismo gerou os gases que
permitiram a constituição de partes da atmosfera e da água dos oceanos e, consequentemente,
da da biosfera.
Caso particular do magmatismo, o vulcanismo consiste na transferência, do interior do planeta
para a superfície, de calor e de material rochoso no estado de fusão total ou parcial, que lhe
permite mobilidade. Nesta transferência, sempre houve e continua a haver libertação de vapor de
água (os fumos brancos que se elevam no ar) e de gases, entre os quais dióxido de carbono e os
muito tóxicos dióxido de enxofre e sulfureto de hidrogénio (o vulgar ácido sulfídrico das
garrafinhas de mau cheiro do antigamente, no Carnaval)
Na actualidade, o vulcanismo é entendido, não só como processo de natureza físico-química
desencadeado a diversas profundidades, desde a crosta ao núcleo, com particular incidência no
manto como, ainda, de natureza reológica, ou seja, o que diz respeito à deformação e
escoamento dos materiais sólidos (rochas) ou fluídos (o fundido ou magma 3 os gases)
associados.
Ao contrário do plutonismo, acerca do qual apenas podemos dissertar indirectamente a partir das
respectivas rochas que, só afloram à superfície, muito posteriormente à respectiva formação, já
frias e consolidadas, o vulcanismo permite-nos presenciar, não só a génese dos materiais
rochosos a ele associados, como também a edificação de formas de relevo muito particulares e
específicas de cada tipo de actividade. Tais formas são o que habitualmente, em termos não
eruditos, se entende por vulcões, isto é, relevos mais ou menos pronunciados, de forma cónica
(na visão estereotipada), edificados pela acumulação de lávas e/ou piroclastos (cinzas e outros
materiais no estado sólido). Na concepção mais abrangente, os vulcões são descritos como
aparelhos de comunicação do interior do planeta com o exterior, qualquer que seja a sua
morfologia, através dos quais se dão as citadas transferências de calor e de materiais rochosos,
referidos na generalidade por vulcanitos.
Há actualmente relativa unanimidade entre os autores quanto ao tipo de aparelhos vulcânicos
definidos em termos morfológicos e de actividade de entre os quais se destacam dois: os “vulcões
em escudo” como o Kilauea, cuja recente actividade temos podido ver através das TVs, e os 
“estratovulcões” ou “vulcões compósitos”, como o da trágica erupção do Fuego, na Guatemala,
ontem noticiada, que causou dezenas de mortes, centenas de feridos e milhares de deslocados.
A 45 km, a SW da cidade de Guatemala, o vulcão Fuego, com uma altura de 3763 m derramou
mantos de lava incandescente, descendo pelas encostas e projectou no ar colunas de cinzas que
atingiram cerca de 5000 m de altitude.
Os VULCÕES EM ESCUDO são relevos cónicos muito rebaixados, edificados pelo empilhamento
de sucessivas escoadas de lava, geralmente muito fluida, que, por essa razão, se espraiam
facilmente ocupando extensas áreas. Exemplificados nas ilhas Havai e, não obstante a ocorrência
esporádica de curtos episódios explosivos, com projecção de piroclastos, as suas erupções são
relativamente tranquilas e pouco ruidosas, caracterizando um, entre os tipos de actividade
definidos por Lacroix, designado tipo havaiano. Nestes vulcões a lava transborda de uma cratera
ou brota de fissuras na vertente do vulcão e escoa-se, sob a forma de autênticos rios de lava. até
atingir o mar, em oito dias, e que se manteve durante quase um ano chegando, mesmo, a atingir
o mar. 
Nestas ilhas as lavas recebem a designação “pahoehoe” e “aa” consoante o aspecto da superfície
da escoada. Nas primeiras, características de lavas mais fluidas, a superfície é lisa ou
encordoada, enquanto que, nas segundas, a superfície é escoriácea e muito irregular. Podem
considerar-se aqui, ainda, lavas em blocos, que resultam da disjunção da escoada, à medida que
a lava progride e arrefece. 
No vulcanismo havaiano ocorrem certas estruturas de colapso da cratera inicial, ou em escoadas
espessas limitadas por falhas subcirculares, conhecidas por caldeiras de tipo havaiano, de que é
exemplo a cratera do vulcão Kilauea na mesma ilha. Em períodos de actividade estas depressões
são inundadas por lavas muito fluidas, dando origem aos espectaculares lagos de lava.
Os ESTRATOVULCÕES OU VULCÕES COMPÓSITOS constituem aparelhos geralmente
cónicos, com maior declive (por vezes, >45°) do que o dos aparelhos havaianos, e edificado por
camadas alternantes de lavas e de piroclastos acumulados em torno da cratera principal ou de
outras adventícias. Este é, em linhas gerais, um modelo muito simplificado deste tipo de vulcões.
Na realidade, a estrutura interna destes aparelhos é bem mais complexa. Deve acrescentar-se
que a sua imponência se deve, em parte, à existência de densa rede de filões que consolidam o
cone vulcânico. Os estratovulcões estão especialmente representados pelos mais espectaculares
vulcões conhecidos, de que são paradigmas o Fuji, no Japão, o Estromboli, nas ilhas Lipari
(Sicília), o Mayon, nas Filipinas e o vulcão do Pico, nos Açores.
A actividade comum neste tipo de aparelhos vulcânicos foi definida no vulcão Estromboli e, por
isso, é designada estromboliana. Trata-se de uma actividade mista com efusões de lavas, via de
regra, menos fluidas do que as do tipo havaiano, alternantes com períodos explosivos de pouca
violência, de que resultam projecções de materiais piroclásticos, geralmente bombas, farrapos de
escória, no geral ainda plástica e lapili e cinzas. Comuns na margem oriental do Anel de Fogo do
Pacífico, s\ão muitos ao longo da faixa orogénica no Oeste das Américas (Montanhas Rochosas e
Andes), entre os quais o agora tristemente falado Fuego, e pelos
Nas imagens: fotografias do Fuego, em repouso e da noticiada erupção.
O QUE É IMPORTANTE SABER SOBRE VULCANISMO (5)
O vulcanismo estudado e apresentado em termos considerados modernos surge no século XX
com o geólogo e vulcanólogo suíço Rittmann (1893-1980), director do Instituto de Vulcanologia da
Universidade de Catânia, posteriormente transformado no Instituto Internacional de Vulcanologia.
A partir de 1926, a trabalhar no Instituto de Mineralogia de Nápoles, procedeu a investigações
sobre o Vesúvio e a região vulcânica vizinha, focando principalmente a Ilha Ischia, no Golfo de
Nápoles.
Nos estudos pioneiros que levou a cabo procurou explicar a relação existente entre a actividade
vulcânica, a evolução magmática e a tectónica. O seu livroVulkane und ihre TätigkeitOs Vulcões e
sua Actividade), com uma primeira edição em 1936, é o mais antigo tratado sobre vulcanologia
em moldes científicos recentes. Rittmann procurou também relacionar a natureza química dos
basaltos das ilhas vulcânicas com os oceanos onde emergiam e opôs-se à ideia generalizada de
que a Crista Média Atlântica (Dorsal Meso-Atlântica) era uma cadeia de montanhas submarinas
de natureza orogénica, ou seja elevada por compressão ao nível da crosta oceânica. O seu
prestígio à escala internacional, levou-o à presidência, por três mandatos consecutivos, da
Associação Internacional de Vulcanologia e Química do Interior da Terra. O mineral rittmannite,
um fosfato hidratado de alumínio, cálcio, ferro e manganês, é uma homenagem à sua memória.
Ligeiramente mais recente, o geólogo e geofísico canadiano, John Tuzo Wilson (1908-1993), um
dos pioneiros da nova concepção tectónica global, amplamente divulgada como Teoria da
Tectónica de Placas, deduziu que as ilhas de Hawai resultaram da passagem da placa oceânica
onde elas se inserem sobre um ponto-quente (hot spot), que explicou com sendo o resultado da
chegada à superfície de plumas ou penachos convectivos muito quentes “mantle plumes”, com
origem no manto profundo. Este ponto quente, segundo o autor, estando fixo, alimentou o
vulcanismo que deu nascimento àquelas ilhas, ao longo de uma linha correspondente ao percurso
dessa placa sobre ele, e continua a alimentar a espectacular erupção do Kilauea, na Ilha Grande.
Esta inovação de Wilson, posteriormente alargada a muitos outros pontos-quentes pelo geofísico
norte-americano William Jason Morgan (1935-2013), continua a ser aceite por grande parte da
comunidade científica como explicação para o magmatismo intraplacas. Nesta concepção, alguns
geólogos portugueses da actualidade (Pedro Madureira, João Mata, Cyntia Mourão e outros) têm
procedido a estudos especializados em volvendo isótopos de gases nobres (assinaturas
isotópicas) para porem em evidência a origem profunda, no manto inferior, das plumas que terão
estado na origem das rochas vulcânicas de que são feitas as ilhas dos arquipélagos dos Açores e
de Cabo Verde.
Nas imagens: Vulcão do Fogo, Cabo Verde, à esquerda, e Vulcão do Pico, Açores, à direita.
O QUE É IMPORTANTE SABER SOBRE VULCANISMO (6)
O vulcanismo é, por assim dizer, um dos escapes da energia interna do planeta. Num dado ponto
ele surge, manifesta-se durante mais ou menos tempo, com interrupções (períodos de
inactividade ou de quiescência) mais ou menos espaçadas e extingue-se sempre que cessem as
fontes de calor que geram os fundidos de que se alimenta. O vulcanismo considera-se extinto
quando o período de retorno médio, definido pela periodicidade das erupções ocorridas na última
fase do seu desenvolvimento, tenha sido ultrapassado.
Além dos VULCÕES EM ESCUDO e dos ESTRATOVULCÕES, descritos em post anterior,
consideram-se, ainda:
VULCÕES EM CALDEIRA -
Caracterizam-se por uma depressão, no geral subcircular, muitíssimo mais ampla do que a da
cratera principal no seu interior. Esta morfologia resulta tanto da subsidência por abatimento
gravítico da parte central do vulcão após esvaziamento mais ou menos acentuado das câmaras
magmáticas intracrustais, como da explosão de grande parte do cone vulcânico inicial. A
actividade particular deste tipo de vulcões resulta de grandes pressões intracrustais que induzem
ascensão magmática violenta, acompanhada de hidrovulcanismo e de intensa desgaseificação.
As primeiras são designadas caldeiras de subsidência ou de colapso. Nestas o edifício fica
parcialmente desapoiado e afunda-se, por acção da gravidade, no interior da câmara magmática
entretanto esvaziada. Ao abater, esta parte do vulcão fica limitada por falhas bem evidenciadas
por escarpas abruptas que rodeiam e fecham a caldeira, muitas vezes transformada num lago,
por acumulação das águas pluviais. No seu interior é frequente actividade vulcânica posterior,
com surgimento de novos cones. As segundas, designadas caldeiras de explosão podem atingir
60 km de diâmetro, como é o caso da caldeira do Krakatoa, evento histórico que deu origem à
definição de um outro tipo de actividade conhecida por krakatoana. 
Em Agosto de 1883, elevou-se da ilha uma enormíssima nuvem negra. Em menos de um dia
foram ejectados mais de 18 km3 de rocha pomítica, formou-se uma caldeira com cerca de 6 km
de diâmetro e 1 km de profundidade e produziram-se vagas com 20 a 30 m de altura (tsunami)
sentidas nos litorais mais próximos, que afogou mais de 36 000 pessoas. Esta explosão que
envolveu um pequeno grupo de ilhas vulcânicas, entre Java e Samatra, adormecidas desde 1680,
produziu outros efeitos à escala global. O estrondo foi ouvido a milhares de quilómetros de
distância e a onda de choque foi sentida em todo o mundo. A poeira mais fina atingiu a
estratosfera a cerca de 27 km de altitude, manteve-se aí anos e circulou por toda a Terra, dando
origem a surpreendentes pôr e nascer do Sol que inspiraram alguns artistas. As ilhas que restam
da enormíssima explosão delimitam a caldeira submersa e estão cobertas por centenas de
metros de espessura de pomitos. Em 1927 começou a formar-se no interior da caldeira um
pequeno cone de cinzas, logo baptizado de Anak Krakatoa (filho de Krakatoa) e em 1960
registou-se um pequeno derrame de lava.
Também na Indonésia, na ilha de Sumbawa, a explosão do supervulcão Tambora, em 1815,
excedeu em violência a do Krakatoa. Este acontecimento, seguido do colapso da caldeira,
produziu um volume de ejecta (piroclastos) estimado em 40 km3. O número de vítimas mortais
elevou-se a mais de dez mil e a fome afectou mais de 80 000 pessoas. A última erupção teve
lugar em 1967.
Uma outra grande caldeira submersa situa-se no mar Egeu (Grécia). A grande explosão, de que
resta Santorini, teve lugar no ano 600 a. C., afundou a cidade de Akroteri e ficou na história como
uma das grandes catástrofes associadas ao vulcanismo. A última erupção deste estratovulcão
teve lugar em 1950, com a formação de um doma lávico e algumas escoadas.
Via de regra os vulcões em caldeira, de que temos exemplos mais modestos, com destaque para
as das Sete Cidade, do Fogo e das Furnas, na Ilha e São Miguel, Açores, estão associados a
grandes emissões de pedra pomes em aparelhos compósitos. 
(continua)
O QUE É IMPORTANTE SABER SOBRE VULCANISMO (7)
A trágica erupção do Vesúvio, perto de Nápoles, no ano de 79 d. C., foi descrita por Plínio, o
Novo. Tipo particular de actividade explosiva, esta erupção histórica destruiu e soterrou
Herculano e Pompeia e vitimou a maioria dos seus habitantes. Nesta catástrofe, causada pela
abundante “chuva” de cinzas, acompanhada de emissão de gases tóxicos, morreu o seu tio, o
grande naturalista Plínio, o Velho, facto que o levou a atribuir a este tipo de erupção o nome
pliniano. A erupção pliniana caracteriza-se por projecções intensas, violentas e contínuas de
piroclastos pomíticos, durante um curto espaço de tempo (de algumas horas a dois ou três dias),
acompanhada de projecção de cinzas a altitudes superiores a 20 km, sendo aí dispersos pelo
vento, percorrendo grandes distâncias.
Em Maio de 1980, o vulcão do monte Santa Helena, no estado americano de Washington, deu-
nos uma expressiva e trágica imagem de uma violentíssima explosão, quase instantânea, como
um tiro de canhão, seguida de um sopro gigantesco, a que se dá o nome de blast. Na manhã de
18 de Maio de 1980 este monte era um imponente cone vulcânico com 2950 m de altitude. Ao
cair da noite já perdera uma parte importante da sua grandiosidade. Uma enorme nuvem de gás e
cinzas abriu uma cratera em forma de ferradura esventrada para norte, por onde transbordou uma
colossal avalanche com 25 km de extensão. Desta catástrofe natural resultou a destruição de 500
km2 de floresta com cerca de dez milhões de árvores e a morte de cinquenta e sete pessoas
vitimadas quer pela explosão, quer pela toxiciade dos gases, quer ainda pela precipitação
sufocante das cinzas e pela citada avalanche. Integrado no conjunto montanoso conhecido por
“Cascade Range”, este vulcão perdeu 400 m do tronco superior, atingindo hoje apenas a cota de
2550 m. Uma última erupção, explosiva, teve lugar em 1998, com a formação de um pequeno
doma na nova cratera.
O QUE SE PASSOU COM O VULCÃO FUEGO, NA GUATEMALA
A propósito da trágica erupção do vulcão Fuego, na Guatemala, e de ouvir os “pivots” das nossas
TVs falarem, constantemente e só, de derrames de LAVA, quando se não vê lava nenhuma e,
apenas e só pó, muito pó, um “rio” de pó, solicitei o apoio do Prof. João Mata, meu brilhante ex-
aluno e mais entendido de que eu neste tema.
Eis o esclarecimento que teve a gentileza de me facultar:
“O que na Guatemala provocou aquela devastação foi a ocorrência de uma Escoada Piroclástica
ou Fluxo Piroclástico (Pyroclastic Flow), que acontece quando, numa erupção explosiva, ocorre o
colapso gravítico de uma coluna eruptiva. Os fluxos que, como na Guatemala, envolvem material
fino e pouco denso dão origem aos ignimbritos se a temperatura for suficientemente elevada para
soldar os materiais depositados. Os que envolvem materiais densos não vesiculados e de
maiores dimensões são as chamadas nuvens ardentes”. Acompanha uma bela figura da Oxfor
Research
O QUE É IMPORTANTE SABER SOBRE VULCANISMO (9)
DOMAS E AGULHAS 
Alguns autores consideram ainda um tipo explosivo muito mais violento a que deram o nome de
ultrapliniano, de que se conhece uma coluna piroclástica com mais de 50 km de altura. Nos
efeitos destrutivos este confunde-se com o tipo peleano, descrito e assim designado por Lacroix,
em que a lava, muito ácida, consolida no interior da chaminé, sendo posteriormente «empurrada»
para o exterior. 
O clássico tipo peleano deve o nome à montagne Pelée161, na Martinica, tendo sido descrito com
base nas características observadas na violenta ¬erupção ocorrida em 8 de Maio de 1902.
Verificou-se, então, uma enormíssima explosão que foi seguida de libertação de uma nuvem
espessa e densa, carregada de cinzas incandescentes — nuvem ardente ou escoada piroclástica
— que desceu rapidamente a encosta e, em alguns minutos, destruiu a cidade de São Pedro com
os seus cerca de 30 000 habitantes. Posteriormente, da chaminé começou a elevar-se um
gigantesco rolhão de rocha vulcânica (agulha peleana), identificada como dacito, à velocidade de
alguns metros por dia, que chegou a atingir mais de 300 m de altura, tendo sido parcialmente
destruído pela erosão nos tempos que se seguiram. Assim, o material magmático, ultraviscoso,
impedido de se derramar, origina quer agulhas, quer cúpulas ou domas (ou domos) que emergem
da própria chaminé. Se os domas ascendem parcialmente sólidos, entupindo a cratera, a forma
descrita toma a designação de doma-chaminé (plug dome). Tanto as agulhas como os domas
mostram nas suas paredes, mais ou menos verticais, superfícies lisas (polidas) e estriadas em
resultado do atrito com as paredes da chaminé durante a protrusão.
As nuvens ardentes são massas gasosas densas e sobreaquecidas, -resultantes da libertação de
gases submetidos a elevadas pressões e temperaturas, e transportam consigo uma grande carga
algo viscosa, por vezes, incandescente, além de mate¬riais finamente pulverizados. É este
conjunto que constitui a escoada piroclástica. Esta carga acaba por se depositar nas áreas
circundantes, formando espessos depósitos piroclásticos particulares, com aspectos texturais
próprios, indicadores de fluência e que, uma vez consolidados, constituem os ignim¬britos.
Actualmente há tendência em considerar certos «mantos riolíticos», não como escoadas lávicas
de natureza riolítica (demasiado viscosa), mas sim como ignimbritos de composição granítica
depositados na sequência da imobilização de nuvens ardentes.
Já descritos do ponto de vista morfológico no capítulo dedicado às estru¬turas magmáticas, os
domas e agulhas são constituídos por produtos lávicos de composição essencialmente riolítica a
traquítica, que ascendem muito lentamente na chaminé principal ou em outras secundárias,
formando relevos arredondados ou pontiagudos. A agulha da montanha Pelada, fotografada e
descrita por Lacroix, é uma das características essenciais das erupções peleanas.
O QUE É IMPORTANTE SABER SOBRE VULCANISMO (9)
CONES DE ESCÓRIA –
Correspondem a pequenos aparelhos resultantes de erupções pontuais, piroclásticas, de
natureza basáltica. Com dimensões modestas, na ordem dos 50 a 300 m de altura, exibem
vertentes cujos declives variam sobretudo em função da granulometria dos materiais. Estes cones
podem formar-se na dependência de vulcões mais importantes, quer centrais quer fissurais, de
que é bom exemplo o Complexo Vulcânico dos Picos, a norte de Ponta Delgada, que une o
vulcão das Sete Cidades ao vulcão do Fogo.
MAARS – 
De pequenas dimensões, estes aparelhos vulcânicos apresentam crateras subcirculares a
elípticas alongadas, relacionadas com sistemas de falhas múltiplas, de vertentes exteriores
variadas mas frequentemente suaves, associados a hidrovulcanismo, de que há exemplos na ilha
das Flores e em S. Miguel (Açores) (maar de Congro).
PILLOW LAVAS
Uma referência especial deve ainda ser feita às erupções submarinas de lavas, um tipo muito
especial de actividade vulcânica, certamente o mais frequente na Terra. Basta que nos
lembremos que a maior parte da actividade vulcânica do planeta está associada aos fundos
oceânicos. Desta actividade resultam as “pillow lavas” (ou simplesmente, “pillows”) saídas ao
longo de aberturas fissurais (fracturas) ou pontuais, designadas boccas. A lava sai sob a forma de
rolos (na acepção de travesseiros) ou almofadas, a que já se fez referência. Estas estruturas
formam-se rapidamente, solidificam, libertam-se do centro emissor e acumulam-se umas sobre as
outras, empilhando-se, como o que hoje se pode observar em afloramentos na ilha de Santa
Maria (Açores). Normal¬mente as emissões de pillows estão associadas a cinzas hialoclastíticas
que, uma vez consolidadas, dão origem a hialoclastitos.
Nesta ronda pelos diferentes aparelhos vulcânicos e tipos de erupções, merece referência a
actividade submarina conhecida por surtseyana. Caracterizada ao largo da Islândia, na sequência
do nascimento, em 14 de Novembro de 1963, de uma pequena ilha baptizada de Surtsey, em
evocação a Surtur, gigante mitológico do fogo. Este tipo de actividade, iniciada no fundo do mar, a
200-300 m de profundidade, associa emissão de grandes quantidades de vapor de água e
projecção de cinzas finas, pulverizadas pelo contacto da água oceânica (que penetra na
chaminé), com a lava ascendente. Estes piroclastos que se elevaram a 5 km de altura
acumularam-se, formando um cone que emergiu das águas formando a pequena ilha. Em 18 de
Novembro Surtsey tinha 550 m de diâmetro e 45 m de altura. Seis dias mais tarde estes valores
subiam para 900 e 100 m, respectivamente. A 5 de Fevereiro do ano seguinte a ilha tinha 1300 m
de diâmetro por 174 m de altura. Seguiram-se as efusões lávicas em Abril, actividade que se
manteve por mais de um ano. No ano seguinte reiniciou-se a actividade explosiva que passou
novamente a efusiva em Agosto de 1966. A este tipo de acti¬vidade poderá equiparar-se a
erupção dos Capelinhos, na ilha do Faial (Açores), em 1957. Os vulcanólogos islandeses
anteciparam-se aos portu¬gue¬ses na caracterização e adjectivação deste novo tipo de erupção.
Se assim não tivesse acontecido o seu nome seria hoje capeliniano.
Sem grandes efeitos, importa deixar aqui uma nota de actualidade sobre o já designado por
Vulcão Oceânico da Serreta, situado a cerca de 9 km a NW do Farol do mesmo nome, na ilha
Terceira (Açores), a uma profundidade de cerca de 500 m e cuja actividade começou a esboçar-
se em 18 Dezembro de 1988, terminando em 2 de Outubro de 2000. Nessa data, num local
próximo da Baixa da Serreta, onde em 1867 teve lugar uma outra erupção submarina, foram
vistas colunas de «fumos brancos», (uma maneira popular de dizer vapor de água) a sair das
águas do mar, acompanhadas de bolhas de gás e da emersão de rocha fumegante, «pedras
ferventes», no dizer local. Interpretados como de pillow lavas densamente vesiculadas no interior,
o que lhes permitia flutuação tempo¬rária, estes corpos que se escapam de bocas vulcânicas,
acabavam ¬sempre por submergir dando origem a acumulações rochosas submarinas,
envolvidas por cinzas hialoclastíticas (fotografadas por submersível telecomandado),
relaciona¬das com este tipo particular de actividade vulcânica já denominada serretiana.
O QUE É IMPORTANTE SABER SOBRE VULCANISMO (10)
Vulcão Krakatoa
Em 1883, a 29 de Agosto, a ilha de Krakatoa, localizada no estreito de Sunda, entre as ilhas de
Sumatra e Java, na Indonésia, desapareceu quando, no grande vulcão que a construíra, julgado
extinto, ocorreu uma erupção violentíssima, considerada a segunda erupção vulcânica mais fatal
da história e uma das maiores erupções de que há registo. 
Este evento histórico deu origem à definição de um outro tipo de actividade conhecida por
krakatoana. 
Nesse dia, elevou-se da ilha uma enormíssima nuvem negra, tendo sido ejectados mais de 18
km3 de rocha pomítica (pedra-pomes), formando-se uma caldeira com cerca de 6 km de diâmetro
e 1 km de profundidade. 
A explosão originou um tsunami, com vagas com 20 a 30 m de altura, sentida nos litorais mais
próximos, que afogou mais de 36 000 pessoas. 
O estrondo causado por esta explosão foi ouvido a milhares de quilómetros de distância e a onda
de choque foi sentida em todo o mundo. 
A poeira mais fina atingiu a estratosfera a cerca de 27 km de altitude, manteve-se aí anos e
circulou por toda a Terra, dando origem a surpreendentes pôr e nascer do Sol que inspiraram
alguns artistas. 
As ilhas que restam da megaexplosão delimitam a caldeira submersa e estão cobertas por
centenas de metros de espessura de pomitos. Em 1927 começou a formar-se no interior da
caldeira um pequeno cone de cinzas, logo baptizado de Anak Krakatoa (filho de Krakatoa) e em
1960 registou-se um pequeno derrame de lava.
O QUE É IMPORTANTE SABER SOBRE VULCANISMO (11)
O estratovulcão Tambora
Em 1815, o estratovulcão Tambora na ilha de Sumbawa (Indonésia), com 2850 m de altitude,
registou uma catastrófica explosão que excedeu, em violência, a do Krakatoa. Este
acontecimento, seguido do colapso da caldeira, produziu um volume de ejecta (piroclastos)
estimado em 40 km3. Depois da erupção, a montanha do vulcão ficou com metade da altura
anterior( (cerca de 4300m), tendo-se formado uma enorme caldeira, hoje contendo um lago.
O número de vítimas mortais elevou-se a mais de 11 000 e a fome afectou entre 60 000 a 80 000
pessoas.
O estratovulcão Santorini
Uma outra grande caldeira, mas esta submersa, situa-se no mar Egeu (Grécia). A grande
explosão, de que resta a ilha de Santorini, teve lugar no ano 600 a. C., afundou a cidade de
Akroteri e ficou na história como uma das grandes catástrofes associadas ao vulcanismo. A última
erupção deste estratovulcão teve lugar em 1950, com a formação de um doma lávico e algumas
escoadas.
O QUE É IMPORTANTE SABER SOBRE VULCANISMO (12)
Não há manual de ensino que não fale do Vesúvio ou da montanha Pelada, cuja agulha, fotografada e desenhada por
Lacroix, figura em quase todos. A maioria fala dos rios de lava incandescente dos vulcões havaianos ou das explosões do
Krakatoa e de Santorini. Pouco ou nada se diz, porém, das cerca de 40 erupções, que, em média, ocorrem todos os anos a
nível mundial, um número modesto face aos mais de 1500 vulcões activos durante o Holocénico.
É evidente que não cabe aqui uma enumeração exaustiva dos vulcões terrestres. Todavia é interessante referir mais alguns
de que temos registo histórico, que se tornaram mais conhecidos quer pelas suas características particulares, quer por terem
ficado relacionados com factos considerados importantes para a ciência e para as populações. São apresentados por ordem
alfabética, por não se pretender usar um critério sistemático, sempre difícil de respeitar, e por serem de mais fácil procura
por parte do leitor.
Asama, no Japão, é um estratovulcão que registou mais de uma centena de erupções desde 685 a. C. Em 1783 vitimou cerca
de 1300 pessoas numa emissão violenta de piroclastos seguida de escoadas de lama (lahars) que soterraram aldeias vizinhas.
Em 1909 foi ali instalado um observatório vulcanológico que permitiu que, através dos sismos registados, se previssem as
erupções.
Cerro Negro, na Nicarágua, é um cone de cinzas nascido em 1850. A última erupção data de 1995.
Chinchon (El), no México, é um estratovulcão que ficou célebre pelas grandes erupções ocorridas em 1982.
Cotopaxi, no Equador, é um dos estraovulcões mais altos (5974 m) do planeta. A última erupção data de 1942.
Erebus, na Antárctica, é um estratovulcão coberto de gelo e neve, descoberto em 1841. Em 1960 surgiu na cratera um lago
de lava, com cerca de 100 m de diâmetro.
Estromboli, nas ilhas Lipari, Sicília, é o estratovulcão que serviu de base à defenição da actividade estromboliana. Está em
erupção praticamente contínua desde há dois mil anos, com pequenas projecções incandescentes todos os 15 a 30 minutos,
razão pala qual é conhecido por «Farol do Mediterrâneo».
Etna, na Catânia, Sicília, onde ocorrem erupções desde do tipo havaiano ao estromboliano. Desde que a sua actividade foi
conhecida, em 1500 a. C., já teve mais de 150 erupções, algumas bastante violentas, como a de 1908. A penúltima,
moderada, ocorreu em 1998 e uma das mais espectaculares teve início em Junho de 2001.
Eyjafjallajökull, na Islândia, ficou célebre pelas erupções ocorridas em 2010, que projectaram grandes quantidades de
cinzas na atmosfera causando graves perturbações no tráfego aéreo europeu.
Fogo, em Cabo Verde, é um estratovulcão activo, cuja última erupção teve início em finais de 2014. A ocorrida em 1995,
cobriu 6 km2 com cerca de 80 milhões de metros cúbicos de lava. No interior da caldeira, destaca-se o monte Orlando,
edificado em 1955, assim chamado em homenagem ao geógrafo e professor Orlando Ribeiro.
Fournaise (Piton de la), na ilha da Reunião, no Índico, é um vulcão em escudo semelhante aos havaianos. Desde 1664 já
entrou em erupção mais de cem vezes. A penúltima teve lugar em 2000 e a última ocorreu neste ano de 2001.
Fuji, a «montanha sagrada», no Japão central, é o estratovulcão típico, arquétipo do cone vulcânico. Com uma erupção
registada em 701 d. C., já entrou em actividade 15 vezes desde essa data. A última erupção teve lugar em 1707, com ejecção
de cerca de 1 km3 de blocos, bombas e cinzas, que atingiram Tóquio.
Galeras, na Colômbia, registou uma erupção em 14 de Janeiro de 1992, que vitimou seis vulcanólogos que lhe estudavam a
actividade.
Grimsvöten, na Islândia, entrou em actividade em Outubro de 1996 sob os gelos do vasto glaciar Vatnajökull de que
resultou um imenso volume de água (cerca de 3109 m3) que rapidamente se transformou numa torrente lamacenta de gelo e
rochas (jokulhlaup). Este tipo de eventos já aconteceu cerca de 25 vezes desde 1332.
Hekla, na Islândia, é um estratovulcão de que se registaram importantes erupções em 1990, (prevista e anunciada com horas
de antecedência) e em 1991.
Katmai, no Alasca, é um estratovulcão com caldeira no cume e lago. A erupção de 1912 foi uma das mais grandiosas
registadas nos tempos históricos. Em apenas dois dias as cinzas (30 km3) cobriram uma vastíssima área e as escoadas
piroclásticas cavaram um vale com cerca de 3 km de largo e 20 km de comprimento, criando o que ficou a chamar-se o
«Vale dos 10 000 Fumos». A caldeira no cume tem 5 km de diâmetro, tendo-se formado por colapso durante aquela
erupção. A última teve lugar em 1974.
Lulailaco, no Chile, é o mais alto estratovulcão conhecido em terra.
Macdonald, no Pacífico sul, é um vulcão submarino (seamount), cujo cume fica 30 m abaixo da superfície do mar. Foi
descoberto como vulcão activo em 1967.
Mayon, nas Filipinas, estratovulcão imponente, conhecido desde 1616, data a partir da qual já entrou em actividade
explosiva e lávica mais de quarenta vezes, a última das quais em Junho de 2001.
Nevada de Ruiz, na Colômbia, registou uma violenta erupção em 1985. Com consequências particularmente trágicas, o
«Leão Adormecido», assim se dizia deste vulcão, reentrou inesperadamente em actividade. A calote de gelo e neve existente
no topo deste vulcão, acima de 5400 m de altitude, fundiu parcial e rapidamente, dando origem a um volumoso lahar, isto é,
um imenso manto de lama (água, cinza vulcânica e blocos rochosos), que soterrou campos e povoações até cerca de 80 km
da sua origem. Esta tragédia, ocorrida a 13 de Novembro, fez desaparecer, em minutos, Armero e 25 000 dos seus
habitantes, o equivalente a cerca de 90% da sua população.
Na imagem, o Erebus, na Antárctida. O leitop poderá ver, no Google, belas ima gens dos vulcões referidos no texto.
O QUE É IMPORTANTE SABER SOBRE VULCANISMO (13)
Nyiragongo, no Zaire, é um estratovulcão com caldeira no topo e lago de lava quase permanente. Já entrou em erupção
cerca de cinquenta vezes desde 1854, datando a última de 17 de Janeiro de 2002 com efeitos catastróficos sobre a cidade de
Goma, parcialmente invadida e destruída por um largo «rio de lava», obrigando à fuga de milhares de habitantes.
Paricutin, no México, permitiu assistir em 1943 ao nascimento de um vulcão. Tudo começou em Fevereiro com ruídos e
tremores que antecederam a abertura de uma fenda num terreno cultivado, de onde começaram a sair fumos, logo seguidos
de projecções de cinzas e escórias. Ao fim de um dia, o cone vulcânico atingia 30 m de altura e, passada uma semana,
ultrapassava os 100 m. As explosões violentas sucederam-se e as lavas escoriáceas não mais pararam de invadir os terrenos
envolventes, num raio de vários quilómetros. A aldeia que lhe deu o nome desapareceu sob as cinzas, a cidade de San Juan
acabou invadida pelas lavas e, em 1951, o vulcão eleveva-se a mais de 500 m.
Pinatubo, na ilha de Luzon, no norte das Filipinas, foi igualmente notícia de primeira página em Junho de 1991. O mundo
viu-o e aos seus efeitos em expressivas imagens televisionadas. Na mais grandiosa erupção do século, as cinzas ejectadas
em quantidade invulgar, deram origem a nuvens que se ¬elevaram a 40 km de altitude, fazendo do dia noite. Sobre as
vertentes do ¬vulcão acumu¬laram-se cerca de 30 mil milhões de metros cúbicos de cinzas, numa situa¬ção de perigo
eminente pela formação de lahares na estação das chuvas, o que levou à evacuação de cerca de 25 000 habitantes. Além dos
efeitos locais, esta erupção induziu um abaixamente de temperatura generalizado, que travou o aquecimento global. Por
outro lado enfraqueceu a camada de ozono. Este ¬vulcão, era consi¬derado adormecido, pois não havia registo histórico da
sua ¬actividade.
Popocatepelt, no México, entrou bruscamente em actividade no final do século xx, após seis anos de dormência. Mais
conhecido por El Popo, já registou uma quinzena de erupções desde 1512, tendo algumas delas projectado fumos e
piroclastos a mais de 2,5 km de altura. A sua mais violenta erupção teve lugar em 1720 e a mais recente em 2001.
Santa Helena, no estado americano de Washington. (Ver atrás, neste capítulo).
Santorini, no mar Egeu. (Ver atrás, neste capítulo).
Soufrière (La), na ilha de Monserrate, nas Antilhas, reentrou em actividade em 1995, o que levou à evacuação de 8000 dos
seus 12 000 habitantes vizinhos e à deslocação para a parte norte da ilha dos 4000 restantes. A capital foi atingida por
nuvens ardentes e lahares.
Tavurur, na Papuásia (Nova Guiné), este vulcão e o seu vizinho Vulcan entraram simultaneamente em erupção explosiva a
19 de Setembro de 1994, obrigando à evacuação de 80 000 pessoas.
Unzen, no Japão, entrou em actividade no dia 3 de Junho de 1991, tendo ficado na história das tragédias associadas ao
vulcanismo, ao provocar a morte de dois dos mais célebres vulcanólogos e divulgadores da sua ciência, o casal Katia e
Maurice Krafft, um final que eles próprios preconizaram.
Usu, na ilha de Okaido, no Japão, proporcionou em 1999 imagens que inundaram as páginas dos jornais e os ecrans da
televisão, numa confirmação do grande interesse do público por estas manifestações naturais.
Vesúvio, perto de Nápoles, na Itália. (Ver atrás, neste mesmo capítulo). A últi¬ma erupção teve lugar em 1994.
Vulcano, nas ilhas Lipari, Sicília, é um estratovulcão predominantemente piroclástico, citado como paradigma de um tipo
particular de actividade a que foi dado o nome de vulcaniana ou subpliniana. Desde 200 a. C. Já ali se verifi¬caram dez
erupções explosivas, a última das quais em 1890.
Na imagem, cratera do Nyiragongo. O leitor poderá ver, no Google, belas imagens dos vulcões referidos no texto.

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