Anais SINRAD - Edicao Completa
Anais SINRAD - Edicao Completa
Anais SINRAD - Edicao Completa
Mauricio Balensiefer
Coordenador do SINRAD
11° SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS
DEGRADADAS
COMISSÃO ORGANIZADORA
Coordenação Geral
Coordenação Executiva
APRESENTAÇÕES ORAIS
26 W. L. Biscaia1; L. T. Maranho1.
1
Universidade Positivo (UP), Rua Professor Pedro Viriato Parigot de
Souza, 5300, Campo Comprido, CEP: 81280330, Curitiba – Paraná,
Brasil.
e-mail: [email protected], (41) 9 8740-0803.
FABACEAE LINDL. NA AMAZÔNIA: POTENCIAL PARA
RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS E GRUPOS
ECOLÓGICOS
53 F. B. GIACOMELLI; G. A. MORAIS
ESTABILIZAÇÃO DO Pb EM SOLOS
CONTRASTANTES CONTAMINADOS, REMEDIADOS
ATRAVÉS DA ADIÇÃO DE FOSFATOS
C. L. Centeno(1); R. L. Peroni(2)
(1)
Departamento Nacional de Produção Mineral
Superintendência de Santa Catarina
R. Álvaro Millen da Silveira, 104
91
Centro – Florianópolis/SC – Brasil - CEP 88020-180
[email protected]
Tel: (48) 3216-2300
(2)
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e
de Materiais
Av. Bento Gonçalves, 9500 - Setor 4 - Prédio 74 - Sala 211
Agronomia - Porto Alegre/RS – Brasil – CEP 91501-970
[email protected]
AVALIAÇÃO DA VULNERABILIDADE DE RESERVAS
PARTICULARES DO PATRIMÔNIO NATURAL NO
MUNICÍPIO DE TOLEDO – PR UTILIZANDO MÉTRICAS DA
PAISAGEM
E. M. Moratelli1 e G. M. Carmona2
1
Bióloga, Mestrado em Biologia Vegetal. Goldenbras Consultoria
97
Ambiental Ltda.; Rua Felipe Schmidt, 657, sala 402, CEP: 88010-001,
Florianópolis, SC, Brasil; e-mail: [email protected];
Telefones: (48) 99638 4481/3025 5056.
2
Engenheiro Civil. Carmona Consultoria Ambiental Ltda.,
Florianópolis/SC; e-mail: [email protected], Telefone
(48) 99962 0164.
R. O. Oliveira
99
RG Bioengenharia Ltda
Rua Marginal, 89 – Bairro Primavera I – Paracatu/MG - Brasil
[email protected]
Telefone: (38) 3672 4899
R. O. Oliveira
104
RG Bioengenharia Ltda
Rua Marginal, 89 – Bairro Primavera I – Paracatu/MG - Brasil
[email protected]
Telefone: (38) 3672 4899
RESUMO
INTRODUÇÃO
A Bacia Hidrográfica é uma importante unidade de planejamento, onde é necessário
fazer o manejo adequado para que todos usufruam desse ecossistema de forma
sustentável. Esta vem sofrendo alterações nas suas estruturas físicas, consequentes das
ações antrópicas. Modificações estas que exercem efeitos sobre a produção e transporte
de sedimentos (MACHADO, 2003). Para a realização de propostas de manejo em
bacias, primeiramente produzem-se dados, com objetivo de elaborar um diagnóstico,
tais levantamentos que ressaltam analises de drenagem, geologia, geomorfologia, solos
e outros atributos, podem levar a compreensão de questões na dinâmica ambiental
decorrentes nas bacias hidrográficas (SOUZA E FERNANDES, 2000).
Na Zona de transição Amazônia-Cerrado ainda apresenta escassez de dados referentes a
estudos ambientais, mesmo sendo uma região de grande interesse nacional e
internacional, por apresentar a relação de dois biomas. A grande complexidade desta
região impede estudos que quantifique os atributos ambientais, apresentando
manguezais, babaçuais, campos abertos e inundáveis e uma série de bacias lacustre em
sistema de “rosários”. Por esta razão os impactos ambientais que interferem na
paisagem são desconhecidos. As geotecnologias fornecem subsídios para o manejo e
planejamento de áreas degradadas com baixo custo, tempo e diferentes escalas
(FARIAS FILHO, 2012).
Uma ferramenta que vem se tornando cada vez mais importante para diversos estudos
de cunho ambiental, principalmente para o manejo e planejamento de bacias
hidrográficas é o Sensoriamento Remoto, que proporciona dados pelos quais é possível
compreender aspectos do relevo e dos atributos ambientais que formam as paisagens
(FIGEIREDO, 2005).
O programa Shuttle Radar Topographic Mission (SRTM) desenvolvido pela agencia
espacial americana (NASA) foi desenvolvido no intuito de enriquecer a alimentação de
dados altimétricos dos continentes terrestres. A coleção de dados topográficos
levantados a partir de plataforma orbital proporcionou um importante avanço científico
e tecnológico para o estudo do meio físico. Este sistema de radar operou baseando-se na
técnica de interferometria a fim de obter dados para elaborar um MDE em escala quase
global. Os dados SRTM, na forma em que foram disponibilizados para nosso
continente, apresentam resolução espacial de 3 arcos de segundo (~90m) e resolução
vertical de 1m (VALERIANO E ROSSETTI, 2009).
Desta forma, considerando os impactos ambientais e a fragilidade dos ecossistemas na
região da área de estudo, o presente trabalho teve como objetivo a utilização das
geotecnologias para realizar a caracterização ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio
Mearim, possibilitando uma análise detalhada na região, gerando subsídios para futuros
programas de manejo e planejamento ambiental.
METODOLOGIA
ÁREA DE ESTUDO
A Bacia Hidrográfica do Rio Mearim (Figura 1) situa-se na zona de transição da
Amazônia- Cerrado do estado do Maranhão, ocupando a porção sudoeste e boa parte do
Golfão Maranhense, sendo a maior Bacia Hidrográfica do estado, incluindo as sub-
bacias Pindaré e Grajaú. A nascente do Rio Mearim localiza-se na Serra da Menina,
entre os municípios de Formosa da Serra Negra, Fortaleza dos Nogueiras e São Pedro
dos Crentes, seguindo para o norte, onde desemboca na Baía de São Marcos, entre os
munícipios de São Luís e Alcântara (UEMA/NUGEO, 2009). O Baixo Mearim,
apresenta meandros que vem sendo erodidos por meio de alterações antrópicas no uso
da cobertura vegetal e assim produzindo alterações no curso do rio e também
provocando o avanço da salinidade em grandes quantidades, sem valor estimado
(ASSINE et al, 2010).
Figura 1. Localização da área estudada
CARACTERIZAÇÃO E PROCESSAMENTO DE DADOS
Primeiramente os dados temáticos pré-existentes forma adquiridos os dados do satélite
Shuttle Radar Topography Mission (SRTM) pertencente da base de dados USGS da
NASA. Para a delimitação da bacia hidrográfica e delineamento da drenagem foram
realizadas pelo software Quantum GIS (QGIS), um sistema livre de informação
geográfica (MANGHI, 2011). Em seguida foram obtidos os dados ambientais para a
caracterização ambiental da área de estudo na base nacional pertencente ao Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), caracterizados na Tabela 1.
Tabela 1. Caracterização dos dados utilizados.
Atributo Escala Cartográfica Resolução Fonte
Espacial
Geologia 1:250.000 - IBGE (2012)
Geomorfologia 1:5.000.000 IBGE (2006)
Solos 1:5.000.000 IBGE (2001)
Vegetação 1:250.000 IBGE (2008)
Drenagem 1:1.000.000 IBGE (2014)
Drenagem 1:250.000 Satélite SRTM
Elevação 1:250.000 30m Satélite SRTM
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Através da caracterização da Bacia hidrográfica do Rio Mearim, foram identificados e
analisados os resultados a partir da representação cartográfica dos tipos de solos, de
geomorfologia, geologia e vegetação.
GEOLOGIA
Segundo o mapa de geologia (Figura 2), observa-se alta heterogeneidade de rochas,
totalizando em 14 unidades, onde as mais predominantes na região foram a Formação
Itapecuru, Cobertura Detrito- Laterítica Paleogênica e Formação Grajaú.
O Grupo Itapecuru é uma formação composta por vários tipos de rochas, como arenitos,
siltitos, argilitos, folhelhos associados com arenitos depositados em vários ambientes
fluvial, lagunar e deltaico (ANAISSE JÚNIOR, 1999).
GEOMORFOLOGIA
Os Tabuleiros dos Rios Gurupi/ Grajaú, assim classificados pelo IBGE (1995), também
denominado de Baixos Platôs da Bacia do Parnaíba, representam um agrupamento de
extensas áreas planas associadas a baixas altitudes (CPRM, 2013). A Baixada
Maranhense é uma extensa planície interior inserida em uma planície sazonalmente
inundável de pântanos, água doce, pântanos salinos, mangues, maré lamosas e canais
estuarinos (TEXEIRA; SOUSA FILHO, 2009).
PEDOLOGIA
Figura 3. Mapa de Geomorfologia
O mapa pedológico da Bacia do Rio Mearim apresentou treze tipologias distintas, entre
as quais destacam-se o Latossolo Amarelo Distrófico, Argissolo vermelho-amarelo
Distrófico e Argissolo vermelho-amarelo Eutrófico (Figura 4).
O Latossolo Amarelo é um dos principais tipos de solos que mais se destacam no ponto
de vista econômico do Estado do Maranhão, expressando 33,87% no território
(CARVALHO FILHO, 2011). Por causa do intemperismo, a maioria dos Latossolos são
pobres em nutrientes naturais. Os Latossolos Amarelo Distrófico são solos formados
por material mineral que se encontram em avançados estágios de intemperização,
possuem matriz 7,5YR ou na maior parte dos primeiros 100cm são amarelos e possuem
saturação de bases baixas na maior parte dos primeiros 100cm (EMBRAPA, 2006).
VEGETAÇÃO
Em relação a vegetação da região (Figura 5), esta divide-se em nove categorias, onda as
mais predominantes são as Vegetações Secundária e Atividades Agrárias, com
ocorrência de Áreas Pioneiras da Vegetação com Influência Fluvial e/ou Lacustre.
Figura 5. Mapa da Vegetação
Vegetação Secundária, ocorre em áreas onde a vegetação natural foi retirada pelo
homem, para outros fins, como agricultura, mineração ou pecuária. Depois do abandono
desses locais, pela falta de produção, a vegetação local adota características diferentes
de acordo com o tempo e uso da terra. O solo desse tipo de vegetação torna-se mais
pobre, por causa da perda de matéria orgânica, pelas queimadas e contaminação de
produtos químicos das culturas. A vegetação com Influência Fluvial, são comuns em
planícies aluviais que refletem períodos chuvosos. Nestes terrenos, conforme a
quantidade de água empoçada e o tempo em que ela permanece, a vegetação vai de
pantanosa criptofítica até terraços alagáveis temporariamente de terófitos. Em algumas
áreas as Arecaceae dos gêneros Euterpe e Mauritia se agrupam, formandos os famosos
açaizais e buritizais (IBGE, 2012).
REFERÊNCIAS
ANAISSE JÚNIOR, J. Fácies costeiras dos depósitos Itapecuru (Cretáceo), Região
de Açailândia, Bacia do Grajaú. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do
Pará, Centro de Geociências, Curso de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica,
1999.
ASSINE, M. L. et al. Compartimentação geomorfológica, processos de avulsão fluvial e
mudanças de curso do Rio Taquari, Pantanal Mato-Grossense. Revista Brasileira de
Geomorfologia, v. 6, 2010.
BANDEIRA, Iris Celeste Nascimento. Geodiversidade do estado do Maranhão.
Organização: Iris Celeste Nascimento. – Teresina: CPRM, 2013.
BARBOSA, G.V.; BOAVENTURA, R.S.; NOVAES PINTO, M. Geomorfologia. In:
BRASIL. Departamento Nacional da Produção Mineral. Projeto RADAM. Folha SB.23
Teresina e parte da folha SB.24 Jaguaribe; geologia, geomorfologia, pedologia,
vegetação e uso potencial da terra. Rio de Janeiro: DNPM, 1973.
CARVALHO FILHO, R. Solos do Estado do Maranhão. In: Seminário sobre
Aspectos Geoambientais e Socioeconômicos do Maranhão. São Luis: SAGRIMA. 2011.
RESUMO
ABSTRACT
The research objective was the characterization of the water Permanente Preservation
Areas (PPA) in the Rio Claro municipality (Sao Paulo state) regarding the land-
use/land-cover and, model the effect of total forest restoration on landscape structure.
We proposed the follow scenarios in order to evaluate the PPA forest restoration effect
in landscape structure, the scenarios analyzed were: diagnostic of current fragment and
PPA; fragment and PPA recomposed in 15 m for the rivers and 50 m for the spring;
fragment and PPA recomposed in 30 m for the rivers and 50 m for the spring. To
quantify the effects of landscape structure, were calculated Landscape Ecology Metrics.
The results showed that the PPA of the municipality has 59,95 % of vegetation, and the
degraded area mainly occupied by pasture (18.25%) and sugarcane (7.02%). With the
restoration of PPA proposed by simulated scenarios 2 and 3, there was a reduction in
the number of patch in the landscape, reduction of the number of small patch, and
would increase the natural area in 1609,56 ha to scenario 2 and 2762,73 ha to scenario
3. It is concluded that the completed restauration of PPA result in changes of landscape
structure, reducing the effects of forest fragmentation.
INTRODUÇÃO
MATERIAL E MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
300
250
200
150
100
50
0
até 1 1a5 5 a 10 10 a 25 25 a 50 50 a 100 > 100
Figura 4. Distribuição de classe de tamanho dos fragmentos florestais (ha) para os
cenários analisados.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRAUMAN, K.A., DAILY, G.C., DUARTE, T.K., MOONEY, H.A. The nature and
value of ecosystem services: an overview highlighting hydrologic services. Annual
Review of Environment Resources, v. 32, p. 67–98, 2007.
MELLO, M.; PETRI, L.; LEITE, E. C.; TOPPA, R. H. Cenários ambientais para o
ordenamento territorial de áreas de preservação permanente no município de Sorocaba,
SP. Revista Árvore, v. 38, n. 2, p. 309-317, 2014.
Ribeiro MC et al., 2011. The Brazilian Atlantic Forest: a shrinking biodiversity hotspot.
In: Zachos FE & Habel JC (eds.). Biodiversity Hotspots. Berlin; Heidelberg: Springer-
Verlag. part 4, p. 405-434.
RESUMO
INTRODUÇÃO
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo está sendo realizado na RPPN Floresta das Águas Perenes, situada no
município de Brotas, interior do estado de São Paulo, pertencente à empresa
International Paper do Brasil Ltda. A RPPN possui 809,78 ha e está inserida no Bioma
Cerrado e sua fitofisionomia é caracterizada como vegetação secundária de Cerrado e
Cerradão. Antes ocupada por pastagens, nos últimos 44 anos foi destinada ao cultivo de
eucalipto. (INTERNATIONAL PAPER, 2013).
Desse modo, o monitoramento de indicadores hidrológicos e de estrutura da
vegetação esta sendo realizado em 2 (dois) tratamentos com diferentes estágios de
condução de regeneração natural e um em fragmento natural: (T1) área com
regeneração desde 2012; (T2) área com regeneração desde 2006, e (T3) fragmento de
floresta intocado desde 1973.
Foram instaladas em cada tratamento três parcelas de 20x20m alocadas no
sentido do declive. Os indicadores avaliados foram de estrutura da vegetação e
hidrológicos, monitorados em cada parcela, totalizando nove repetições em cada
tratamento. Os indicadores hidrológicos do solo, juntamente com a cobertura do solo e a
luminosidade foram avaliados entre parcelas e foram medidos mensalmente, tendo seu
início em Fev/2016 e término em Set/2016.
Tabela 1. Descrição da metodologia aplicada para cada parâmetro avaliado nos três
tratamentos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A quantificação da precipitação na área de estudo, foi coletada através de 91
pluviômetros instalados nas parcelas e os resultados estão demonstrados na Figura 1
abaixo, onde verificamos que os meses chuvosos se deram em fevereiro e março,
começando a diminuir as chuvas a partir de julho, mas com uma significativa
quantidade nos meses de maio e junho.
250,0
200,0
Precipitação em mm
150,0
100,0
50,0
0,0
Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set
Umidade em %
Resistência a
0,5 50
0,0 0
Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set
Tratamento 1 Tratamento 2
Tratamento 1 Tratamento 2
Figura 2: Valores de resistência de penetração (MPa), Figura 3: Valores de umidade do solo (%), para os
para os Tratamentos, coletados nos meses de fevereiro Tratamentos, coletados nos meses de fevereiro a
a setembro de 2016, na RPPN Floresta das Água setembro de 2016, na RPPN Floresta das Água
Perenes, Brotas, São Paulo. Perenes, Brotas, São Paulo.
500
Velocidade de Infiltração
400
300
mm/h
200
100
0
Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set
Tratamento 1 Tratamento 2 Tratamento 3
12,00 0,0915
0,0815
10,00
Volume de água (mm)
4,00 0,0415
0,0315
2,00
0,0215
0,00
0,0115
30 60 90 120 150 180
30 60 90 120 150 180
Tempo (segundos) Tempo (segundos)
Tratamento 1 Tratamento 2 Tratamento 3 Tratamento 1 Tratamento 2 Tratamento 3
Figura 5: Infiltração acumulada coletada nos meses Figura 6: Velocidade de infiltração da água coletado
de fevereiro a setembro de 2016, a cada 30 s, na RPPN nos meses de fevereiro a setembro de 2016, a cada 30
Floresta das Águas Perenes, Brotas, São Paulo. s, na RPPN Floresta das Águas Perenes, Brotas, São
Paulo.
Resistência à penetração
Classe
MPa
Extremamente baixa < 0,01
Muito baixa 0,01 - 0,1
Baixa 0,1 - 1,0
Moderada 1,0- 2,0
Alta 2,0 - 4,0
Muito alta 4,0 - 8,0
Extremamente alta > 8,0
(1)
Adaptadas de Beutler et al. (2001).
Tais resultados condizem com estudos de Beutler et al. (2001) onde uma área de
Cerrado Nativo é comparada com outras áreas sob diferentes tipos de sistemas manejo,
o fragmento de mata nativa se mostrou menos resistente a penetração (0,2 MPa) do que
as demais (1,4MPa), demonstrando que as máquinas utilizadas na preparação do solo
compacta o mesmo desde as primeiras camadas. Corrobando com os resultados de Jesus
et al. (2015), que estudaram duas áreas que ocorreram a colheita de Eucalipto, com
forwarder em Minas Gerais, em que a máquina passava duas vezes ou oito vezes em
solo sem resíduos e com resíduos com casca ou sem casca. Os resultados mostraram que
o número de passadas do forwarder e tipo de resíduo influenciaram na resistência à
penetração, sendo assim oito passadas no ato da colheita leva à maior compactação do
solo e que estes efeitos mantém-se até ao fim da próxima rotação. Portanto, pode haver
restrição à penetração das raízes de eucalipto, no próximo plantio, uma vez que valores
de resistência à penetração acima de 3,0 MPa foram observados.
Já Campos e Alves (2005), estudaram área de mata nativa de Cerrado
juntamente com áreas em estágio avançado de degradação e áreas em regeneração após
plantio, obtiveram valores menores de resistência à penetração em mata nativa de
Cerrado (0,72 MPa), seguido da área em regeneração (2,38 MPa) e valores superior para
área em avançada degradação (5,92 MPa), isso é explicado pela ausência de plantas e
cobertura morta, presença de camada compactada nessa e pelo menor conteúdo de água
no solo.
Para a umidade do solo, o alto valor do tratamento 1, de acordo com Avila,
Mello e Silva (2010), pode estar diretamente relacionada com a cobertura vegetal do
solo, esta por sua vez controla a dinâmica da água em bacias hidrográficas,
independentemente do seu porte. Confrontando com resultados de Oliveira (2007), as
diferenças entre as umidades do solo para cada estágio de restauração, 3,5 e 11 anos
(32,8 e 35,4 %, respectivamente) não foram significativas, mas concluiu-se que as
umidades do solo estão dentro das condições favoráveis para o desenvolvimento da
vegetação, comprovando o que diz Avila, Mello e Silva (2010).
O tratamento 3 também se diferenciou do tratamento 2 quanto a umidade do
solo, obtendo um maior valor. No presente estudo notou-se que os três tratamentos são
ausentes de solo exposto, favorecendo assim a retenção da água no solo. Para ilustrar
um possível comportamento da umidade do solo aferida no presente estudo, Rodrigues
et al. (2012), realizaram um estudo que solos com ausência de florestas podem
apresentar maior quantidade de água armazenada desde a superfície até os 3 metros de
profundidade, quando comparado com o solo sob floresta, no caso do estudo
Eucalyptus. Essa diminuição é resultado da transpiração, pois as raízes das árvores
absorvem água e nutrientes do solo para o processo de evapotranspiração. A redução da
densidade populacional tende a aumentar o conteúdo de água no solo (RODRIGUES et
al., 2012 apud LEITE et al., 1999), como decorrência da menor taxa de transpiração.
Analisando a velocidade de infiltração, os tratamentos não se diferenciaram
entre si (Tabela 2), mas observa-se que o tratamento 2 obteve a melhor velocidade de
infiltração e o tratamento 1 a menor.
Menores taxas de infiltração estão relacionadas ao surgimento de camadas de
solo compactadas que são originadas da diminuição na qualidade da estrutura de um
solo, resultando em maior escoamento superficial. Esse processo acelera a degradação
do solo com o aumento das taxas de erosão. (SOUZA, 2015 apud PORTELA et al.,
2010).
Estudo de Romeiro, Bonini e Neto (2014), que avaliaram as infiltrações do solo
para área de cultivo com Eucalypto, área de pastagem e uma área de vegetação natural,
mostrou que a vegetação natural obteve uma infiltração mais eficiente (43,3 mm/h),
comparado com a área de Eucalipto (19,8 mm/h) e não tendo diferença significativa
com a área de pastagem (41,7 mm/h). Esse comportamento foi o esperado, pois na
vegetação natural a qualidade física do solo é melhor (maior porosidade e menor
densidade do solo) devido à presença de matéria orgânica e cobertura do solo pela
serrapilheira. Já no eucalipto as linhas e entrelinhas da cultura são desprotegidas e sobre
sofre com o impacto da água da chuva. A pastagem obteve um valor bom de infiltração
de água, a braqueária cobre o solo e impede a água de desestruturar o solo e as raízes e
massa seca fornecem matéria orgânica para a manutenção desse solo (ALVES e
SUZUKI, 2004; ROMEIRO, BONINI e NETO, 2014;). Resultados obtidos no estudo de
Senna et al. (2015), estão de acordo com o estudo anterior, onde a área de mata nativa
de Cerrado alcançou valores de infiltração maiores (7000 mm/h), que as plantações de
Eucalipto de 15 e 2 anos.
Tais resultados não corrobam com o presente estudo, pois o tratamento 2 obteve
maiores valores de infiltração do que o tratamento 3, podendo ser explicado pela
ausência de solo exposto, onde as raízes e a massa seca da braquiaria fornecem proteção
contra a desestruturação do solo, aumentando a quantidade de armazenamento da água e
matéria orgânica para o mesmo.
Analisando o índice de luz (Figura 7), o tratamento 1 chegou a valores de 100%,
ou seja, obteve valores semelhantes quando medimos à pleno sol, no tratamento 2 a
incidência de luz foi um pouco menor, abaixo dos 90% e o tratamento 3 apresentou
valores abaixo de 10%.
120
100
80
Luminosidade %
60
40
20
0
Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set
Tratamento 1 Tratamento 2 Tratamento 3
CONCLUSÃO
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RESUMO
ABSTRACT
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
Para avaliar o IIAN, foi extraída a soma dos valores dos parâmetros
macroscópicos obtidos pela aplicação da tabela 1. Esta somatória permite o
enquadramento das nascentes avaliadas em cinco classes, conforme apresentado na
tabela 2. As classes representam o nível do estado de conservação mediante os
diferentes parâmetros macroscópicos avaliados em campo.
RESULTADOS
Nascentes classe A
Foram enquadradas na classe A quatro nascentes, entretanto, embora estejam
avaliadas como em ótimo estado de conservação, a avaliação dos parâmetros
demonstrou a vulnerabilidade das nascentes em relação á proximidade com estradas. A
nascente 27 encontra-se a uma distância superior a 100 metros da estrada mais próxima,
já as nascentes 7, 28 e 36 estão a uma distância entre 50 e 100 metros da estrada mais
próxima. Dentre os parâmetros avaliados positivamente, a dificuldade de acesso foi o
mais expressivo, em sua maioria devido a barreiras naturais como declividade acentuada
do terreno e rede de drenagem, inviabilizando o desenvolvimento de atividades
agrícolas nessas áreas. Em relação à vegetação, esta fica restrita marginalmente à quebra
abrupta do terreno nas redes de drenagem, confrontando-se nas porções superiores da
topografia com pastagens, carreadores e estradas.
Nascentes classe B
Quatro nascentes foram avaliadas em bom estado de conservação. A avaliação
dos parâmetros demostrou a vulnerabilidade das nascentes da classe B em relação à
proximidade com estradas. Em comparação com a classe A, as nascentes em bom
estado de conservação estão localizadas a uma distância inferior de 50 metros da estrada
ou residência mais próxima. Este fato tornou-se relevante na avaliação do estado de
conservação, já que esta distância é inferior à definida pelo Novo Código Florestal.
(BRASIL, 2012).
A vegetação e proteção do local também contribuíram diretamente para o
enquadramento destas nascentes em um nível de conservação inferior. As nascentes 25
e 26 apresentaram vegetação preservada, no entanto, as nascentes 4, 33 e 34
apresentaram baixa degradação na vegetação e a nascente 2, apresentou uma vegetação
em estágio avançado de degradação.
Nascentes classe C
Das sete nascentes classificadas como estado de conservação razoável, os
parâmetros mais vulneráveis foram: proteção do local e vegetação, proximidade com
estradas e coloração da água. Em sua maioria as nascentes encontram-se inseridas em
áreas de cultivo de cana de açúcar, silvicultura e pecuária. Todas as nascentes desta
classe apresentaram a ausência de mata ciliar e proteção das Áreas de Preservação
Permanente (APP), e ainda, presença de espécies invasoras como a braquiária
(Braquiária sp.) e capim colonião (Panicum maximum).
Em relação à distância das estradas, cinco nascentes encontram-se a menos de 50
metros da estrada mais próxima. Dentre os parâmetros avaliados e ainda em
comparação com as nascentes da classe A e B, verificou-se impactos também para o
parâmetro de coloração da água. Embora as nascentes 10 e 35 estejam a mais de 100
metros de distância da estrada mais próxima, em menor frequência, foi constatado
também o uso por animais, e ainda na nascente 35 foi verificado evidências de uso por
humanos.
Nascentes classe D
Assim como na classe C, a vegetação e proteção do local, proximidade com
estradas e coloração da água, foram impactos recorrentes entre as classes. No entanto, as
nascentes da classe D mostraram-se também expressivamente vulneráveis aos
parâmetros de uso por humanos e animais. A vegetação mostrou-se em estágio de
degradação avançado, não apresentando nenhum tipo de proteção. Seis nascentes
encontram-se muito próximas às estradas e residências, destacando-se a nascente 14
localizada a menos de 15 metros da residência mais próxima. Em relação à coloração da
água, destacamos que dez nascentes apresentaram alterações, todas inseridas em matriz
de pastagem.
O uso por animais e uso por humanos foram avaliados pela presença de animais
nas redes de drenagem e áreas de APP e ainda pela captação de água. Quatro nascentes
apresentaram apenas uso por animais, quatro nascentes uso por humanos e nove
nascentes apresentaram uso por ambos. Neste contexto fica evidente que alteração da
qualidade da água é inerente à ausência de proteção do local e consequente degradação
da vegetação, somados aos potenciais tipos de uso associados.
Nascentes classe E
Conforme previsto, a vulnerabilidade dos parâmetros verificados na classe D
estendem-se também à classe E. Contudo, as nascentes enquadradas nesta classe
apresentaram-se vulneráveis ainda aos parâmetros presença de lixo e odor da água.
Considerando as nascentes em péssimo estado de conservação, todas as
nascentes encontram-se altamente degradadas, apresentando vegetação esparsa com
dominância de espécies invasoras, sem nenhum mecanismo de isolamento da área de
APP. Todas as nascentes estão a uma distância inferior a 50 metros da estrada ou
residência mais próxima. Foi constatada a captação de água e presença de animais nos
corpos hídricos e áreas de APP, e nestas nascentes a água apresentou alterações de
coloração e odor. As nascentes encontram-se inseridas em matrizes de pastagem e cana
de açúcar o que permite inferir que o uso e ocupação do solo estão intrinsicamente
ligados aos processos de degradação demostrados pelos parâmetros avaliados.
DISCUSSÃO
CONCLUSÃO
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RESUMO
INTRODUÇÃO
Os metais pesados (e.g. Arsênio, cádmio, cobre, cromo, mercúrio e chumbo) são
originados a partir das rochas que dão origem aos solos, mas, atualmente, as atividades
antrópicas têm influenciado a sua concentração nos solos (WUANA E OKIEIMEN,
2011; TCHOUNWOU et al., 2012, HUGEN et al., 2013).
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Isso pode ser em função do teor de argila nos solos construídos, onde há pouca
predominância de argila neles. Trabalhos como de Li et al. (no prelo), Licina et al.
(2017), Dayani, Mohammadi e Khorasgani (2010) e Kabata-Pendias (2011) confirmam
tal tendência.
Outro fator que pode contribuir para tais valores baixos, é a presença de matéria
orgânica, oriunda da turfa e da cama de ave (adubação), pois a turfa apresenta grande
capacidade de adsorção de cromo (KYZIOL, 2002), embora salienta-se que esse fato é
menos provável, em função do tempo decorrido entre a coleta e a recuperação (7 anos) e
o fato da área controle apresentar teores semelhantes de matéria orgânica.
Tais resultados são semelhantes aos encontrados por Costa, Zocche e Souza
(2007) ao avaliarem a concentração de chumbo e zinco em gramíneas estabelecidas em
áreas degradadas pela mineração de carvão; e por Campos et al. (2015) ao avaliarem os
teores de metais pesados em solos construídos no município de Lauro Müller,
encontram teores baixos tanto nas áreas recuperadas quanto nas áreas naturais.
Kabata-Pendias (2011) 3 90
Melo et al. (2002) avaliaram a presença de metais pesados nos solos de uma
bacia hidrográfica do nordeste brasileiro, sendo os valores médios de cromo e chumbo
em solos oriundos de rochas calcárias, respectivamente, 21 mg/kg e 9,5 kg/mg. Os
mesmos autores encontraram para solos oriundos de arenitos concentrações médias de 6
mg Cr/kg e 2,6 mg Pb/kg.
Nogueira et al. (2008) avaliaram as concentrações de chumbo e cromo em um
Latossolo Vermelho enquanto aplicavam diferentes doses de lodo de esgoto após nove
anos, sendo que em um dos tratamentos, não havia aplicação de lodo, o que resultou em
teores de chumbo e cromo de 14,49 mg/kg e 26,82 mg/kg, respectivamente.
Na Sérvia, áreas recuperadas com top soils (na mineração de carvão) foram
avaliadas quanto a presença de metais pesados, sendo obtidos valores entre 68,7 – 129
mg/kg de cromo e 19,6 – 64 mg/kg de chumbo (LICINA et al., 2017)
Xing e Chen (1999) levantaram como valores de referência nos solos chineses
concentrações de chumbo e cromo nos intervalos de 0,68 – 1.143 mg/kg e 0,33 – 272
mg/kg, respectivamente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entretanto, uma avaliação com outros metais pesados e uma avaliação de risco é
imprescindível para que tais solos sejam utilizados para outros usos futuros, como
agropecuária.
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Universidade Federal de São Carlos, Rodovia João Leme dos Santos (SP-264), Km 110,
Bairro do Itinga, Sorocaba, SP – Brasil, email: [email protected], (15)-32295905
RESUMO
Introdução
A indústria de extração mineral gera um efeito multiplicador na economia e na
produção como no emprego, pois os bens que extrai fornecem insumos tanto para a
indústria de transformação quanto para o setor de construção, e os seus
empreendimentos geram, na sua esfera de influência, um amplo conjunto de atividades
conexas de bens e serviços. Embora a atividade mineral, por ser um dos importantes
setores da economia brasileira traga riqueza e crescimento econômico, tal atividade
antrópica está entre as que mais causam impactos socioeconômicos e ambientais
negativos, afetando, portanto, o território onde se realiza a mineração. Dentre as etapas
da atividade está a supressão de vegetação ou impedimento de sua regeneração
(FERNANDES; ALAMINO; ARAÚJO, 2014).
Recuperar áreas degradadas passou a ser parte da mineração a partir do Decreto
nº 97.632/89 (BRASIL, 1989) que dispõe sobre Plano de Recuperação de Área
Degradada (PRAD) pela mineração, sendo o instrumento jurídico e político que
determina que o responsável pela atividade minerária, recupere a área explorada, a fim
de que a mesma possa voltar a desempenhar um papel relevante na sociedade.
A regeneração natural da vegetação é definida segundo o Decreto nº 8.972,
de 23 de Janeiro de 2017 em seu artigo 3º parágrafo IV, como “processo pelo qual
espécies nativas se estabelecem em área alterada ou degradada a ser recuperada ou em
recuperação, sem que este processo tenha ocorrido deliberadamente por meio de
intervenção humana” (BRASIL, 2017). Segundo Campos e Landgraf (2001), a
regeneração é um “processo natural em que cada espécie desenvolve características
próprias em equilíbrio com as condições ambientais, onde a dinâmica natural permite a
perpetuação de todas as espécies vegetais”.
“Em áreas onde a ocorrência de perturbações é constante e intensa, o processo de
restauração pode se tornar lento ou mesmo ser inibido” (MAGNAGO et al., 2012). Isto
pode reduzir o avanço do processo de sucessão ecológica, e consequentemente
comprometer o aumento da complexidade estrutural da vegetação e perpetuação das
espécies vegetais (GANDOLFI; LEITÃO FILHO; BEZERRA, 1995). Outro aspecto
importante de mudanças sucessionais está relacionado à invasão de espécies exóticas que
representa notável ameaça à biodiversidade (PRACH e WALKER, 2011).
Frente à problemática da restauração de áreas de mineração degradadas, este
estudo teve como objetivo caracterizar a composição e estrutura fitossociológica da
vegetação presente nas pilhas de estéril de diferentes idades e compará-las com o
fragmento florestal nativo adjacente às cavas de mineração. Dessa forma, verificar a
efetividade da regeneração natural e a influência da exótica Leucaena leucocephala
sobre as pilhas de estéril em mineradoras de calcário, além de fornecer subsídio à
recuperação de áreas degradadas em mineração.
Material e Métodos
A pesquisa foi conduzida em uma empresa mineradora de calcário para insumos
agrícolas e agregados para construção civil, localizada no Município de Salto de
Pirapora no Estado de São Paulo, Brasil. Com uma extensão de 26.657,88 hectares, a
mineradora encontra-se entre as longitudes 47°31'52.12” e 47°30'42.27" e latitudes
23°39'22.67” e 23°38'28.89".
Para avaliação da regeneração natural foi realizado o levantamento da
composição e estrutura fitossociológica em pilhas de estéril abandonadas desde 2013
(Área I) e 1994 (Área II), e para acompanhar o desenvolvimento da vegetação foi
escolhido uma área de referência com fragmento florestal nativo (AR) adjacente às
cavas de mineração (Figuras 1 e 2).
Foram utilizados o método de parcelas (MUELLER-DOMBOIS e
ELLENBERG, 1974), com a instalação de 12 parcelas de 10 m x 10 m em cada
ambiente, agrupadas em trez pontos com espaçamento de 10 metros entre si, totalizando
em cada ambiente a àrea amostrada de 1.200 m2.
Os mesmos parâmetros e dimensões mensurados nas pilhas de estéril foram
realizados no fragmento florestal nativo. As coletas ocorreram no período de julho de
2015 à junho de 2016, onde foram analisadas informações quanto à composição e
estrutura fitossociológica em cada parcela das diferentes áreas.
Obteve-se o DAP (Diâmetro à Altura do Peito) de todos os indivíduos lenhosos
vivos (árvores, arbustos e subarbustos) com altura ≥ 1,30m do solo, estes foram
identificados e marcados com plaquetas de alumínio. O reconhecimento das espécies foi
realizado em in situ, quando possível, ou partes vegetativas e/ou reprodutivas das
plantas não reconhecidas no local, foram coletadas para identificação por meio de
literatura especializada e consulta a herbários. As famílias foram nomeadas com base no
Angiosperm Phylogeny Group III (APG III, 2009) e grafias dos nomes e sinonímias das
espécies foram conferidas na Lista de Espécies da Flora do Brasil do Instituto de
Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (2016) e identificadas quanto à espécie e
tipo (nativa ou exótica) e categoria sucessional (pioneira e não pioneira).
Com o auxílio do software Fitopac 2.1 (SHEPHERD, 2009), obteve-se as
variáveis fitossociológicas da estrutura horizontal da vegetação, especificamente
frequências absoluta (FA) e relativa (FR), densidades absoluta (DA) e relativa (DR),
dominâncias absoluta (DoA) e relativa (DoR) e índices de valor de importância (IVI) e
valor de cobertura (IVC) de acordo com Mueller-Dombois e Ellenberg (1974) (Tabela
1). A diversidade florística foi estimada por meio do índice de diversidade de Shannon-
Wiener (H’) (MAGURRAN, 1988).
Resultados e Discussão
Na área total amostrada (3600 m²), foram inventariados 1622 indivíduos,
distribuídos em 50 espécies e 27 famílias (Tabelas 2 e 3). Na Área I (Figura 3), foram
encontrados 309 indivíduos, 11 espécies e 6 famílias. As espécies mais representativas
foram a Leucaena leucocephala (179) e Trema micranta (59), correspondendo a 77%
das espécies amostradas e por consequência, suas respectivas famílias: Fabaceae (188),
Cannabaceae (59). Na Área II (Figura 4), houve um incremento no número de
indivíduos (700), espécies (18) e famílias (10). Assim como na Área I, a L.
leucocephala foi a espécie de maior ocorrência (576), seguida da Piper dilatatum (24) e
Allysia virgata (21), o quê totalizou 89%, aproximadamente. Quanto às famílias, as
mais representativas foram: Fabaceae (588), Asteraceae (30), Piperaceae (24). Na AR
(Figura 5), foram amostrados 613 indivíduos, 34 espécies e 22 famílias. As espécies de
maior ocorrência foram Piper amalago (143), Nectandra megapotamica (126),
Machaerium sapitatum (75), Eriobothrya japonica (54) e Cupania vernalis (33),
perfazendo a aproximadamente 70% do total. Com relação às famílias, os indivíduos
estão distribuídos em: Piperaceae (149), Lauraceae (126), Fabaceae (96), Sapindaceae
(58). No caso da AR, houve 1 indivíduo Indeterminado.
Nas Áreas I e II, não houve nenhum plantio para recuperar as áreas degradadas
pela deposição de estéril, apenas inicialmente uma camada de solo superficial foi
sobreposta às rochas e apesar disso, a vegetação estabeleceu-se no local. Pela
comparação dos valores de riqueza total, observa-se que houve um incremento de 309
indivíduos na Área I para 700 indivíduos na Área II, o que indica um avanço no
processo de desenvolvimento da cobertura vegetal.
A AR, embora ainda seja uma floresta jovem em desenvolvimento sucessional,
apresentou estrutura e composição mais complexa que nas áreas I e II. Além da
presença da família Piperaceae o avanço da sucessão pode ser verificado pela presença
da família Lauraceae como a família mais representativa. Para Tabarelli e Mantovani
(1994), a família Lauraceae é indicativa da transição da floresta pioneira para um
estágio sucessional mais avançado no domínio da Floresta Atlântica, juntamente com
Meliaceae. Nesse estudo, a Meliaceae foi a segunda maior família na Área II, com 45
indivíduos, distribuídos em 3 espécies. Ainda na Área II, a família Piperaceae é a
segunda maior riqueza, sendo indicativa de que a vegetação presente nas pilhas de
estéril está em avanço de sucessão ecológica. No sub-bosque, elas tendem a ocorrer
mais frequentemente em áreas menos sombreadas.
Na distribuição das espécies em grupo ecológico, as pioneiras predominaram em
número de indivíduos e espécies nas áreas I (100%) e II (88,8%) (Figura 6). O grupo
das espécies pioneiras é considerado como chave para o processo de recuperação, pois
segundo Rodrigues; Monteiro; Cullen (2010) as pioneiras são responsáveis pelo
impulso inicial, rápido recobrimento do solo e por criar condições para outras espécies
se estabelecerem. No entanto, de acordo com Brancalion; Gandolfi, Rodrigues (2009)
uma densidade elevada de espécies pertencentes ao grupo das pioneiras pode
comprometer os processos ecológicos futuros da área em restauração, principalmente
quando a área em restauração estiver em local distante de fontes de propágulos
(fragmentos florestais) ou desprovidas de sementes armazenadas no solo, e, assim,
inviabilizar o processo de sucessão florestal. Contudo, como nas proximidades dos
depósitos de estéril existem remanescentes florestais em estágio sucessional mais
avançado, o enriquecimento com espécies finais de sucessão deverá ocorrer de forma
natural.
Foi observado na Área II, o início de estabelecimento de espécies não pioneiras,
os quais corresponderam a 11,12% dos indivíduos amostrados, distribuídos em 18
espécies. O sombreamento proporcionado pelo dossel já está possibilitando a
regeneração de espécies de estádios serais mais avançadas, como Nectandra
megapotamica e Dahlstedtia muehlbergiana. Espera-se com o passar do tempo que as
espécies pioneiras sejam substituídas por espécies de sucessão mais avançadas.
Conclusões
Foi constatada a ocorrência da regeneração natural nas pilhas de estéril e como
esperado, houve o aumento de diversidade de espécies ao longo do tempo. Observou-
se que a Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit (leucena) se estabeleceu mais
expressivamente que as demais espécies levando a inferir que a espécie esteja
inibindo o desenvolvimento de outras espécies ocorrerem nas pilhas de estéril. No
entanto, a espécie não invadiu o fragmento florestal nativo.
A composição e estrutura fitossociológica indica que a vegetação presente nas
pilhas de estéril está em transição da floresta pioneira para um estágio sucessional
mais avançado. No entanto, as pioneiras predominaram em número de indivíduos e
espécies.
O H’confirmou que as pilhas de estéril estão em processo de restauração e
possuem ainda baixa diversidade quando comparada com a área do fragmento
florestal nativo adjacente à cava da mineração.
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8-15, out. 2007.
B.R.S., SETTA1
1
PUC-Rio, Rua Marquês de São Vicente, 225 – Gávea, Rio de Janeiro - RJ,
[email protected], (21) 3527-1001.
RESUMO
Introdução
O atual ritmo acelerado de crescimento demográfico, sobretudo nas áreas urbanas, do
avanço tecnológico e de um padrão de consumo predominantemente consumista tem
levado a um aumento considerável na quantidade de geração de resíduos sólidos
urbanos (RSU). Tal fato é considerado um dos principais problemas ambientais da
atualidade, à medida que se reduz a disponibilidade de áreas para o devido tratamento
de rejeitos e para disposição final adequada, além da falta de infraestrutura sanitária
adequada (REZENDE et al., 2013).
Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil (ABRELPE, 2015), os números
referentes à geração de RSU revelam um total anual de 79,9 milhões de toneladas no
país, o que corresponde a um aumento 1,7% de 2014 a 2015, período em que a
população brasileira cresceu 0,8% e a atividade econômica (PIB) retraiu 3,8%. Tal fato
pode estar associado ao atual hábito social da população, que consome cada vez mais
alimentos processados em embalagens descartáveis. De acordo com o estudo realizado
pelo IBRE (Instituto Brasileiro de Economia) / FGV (Fundação Getúlio Vargas)
(ABRE, 2016), o valor bruto da produção física de embalagens atingiu R$ 55,1 bilhões,
um aumento de aproximadamente 6,17% em relação aos R$ 51,9 bilhões de 2013.
Dos 79,9 milhões de toneladas produzidos no Brasil, 72,5 milhões de toneladas foram
coletados, demonstrando um índice de cobertura de coleta de 90,8% para o país
(ABRELPE, 2015). Há oito anos este índice era de 62% e hoje o índice já está próximo
a países da União Europeia e dos Estados Unidos com 99% e 95%, respectivamente
(BNDES, 2012). No entanto, o volume de resíduos enviados para destinação
inadequada foi quase de 30 milhões de toneladas de resíduos, sendo dispostos em lixões
ou aterros controlados, os quais não apresentam medidas necessárias de segurança para
a proteção do meio ambiente contra danos e degradações (ABRELPE, 2015).
A disposição inadequada de resíduos em lixões e aterros controlados promove
consequências graves ao meio ambiente e à saúde pública, como a contaminação de
mananciais superficiais e de lençóis freáticos por infiltração de lixiviados produzidos a
partir do processo de decomposição da matéria orgânica, comprometendo seu uso
domiciliar, erosão do solo pela compactação dos resíduos e atração de vetores
transmissores de doenças (JUNKES, 2002; SETTA, 2016). Além disto, segundo
Pukkala et al. 2010 (apud GOUVEIA, 2012), estudos têm indicado que áreas próximas
a aterros apresentam níveis elevados de compostos orgânicos e metais pesados, e que
populações residentes nas proximidades desses locais apresentam níveis elevados desses
compostos no sangue, o que pode torná-las vulneráveis a diversos tipos de câncer,
anomalias congênitas e mortes neonatais precoces.
Na maioria dos municípios brasileiros, a administração pública se limita ao
recolhimento do lixo domiciliar, depositando-o em locais afastados da população e de
maneira inadequada no ambiente (JUNKES, 2002). Além disto, muitos municípios
brasileiros apresentam dificuldades para o destino adequado dos resíduos sólidos,
sobretudo os de menor porte, tais como: a precariedade da infraestrutura sanitária, a
falta de informações consistentes sobre dados sanitários, a ausência de espaços físicos
amplos para a construção de aterros sanitários, dificuldades financeiras, técnicas e
estruturais para implantar a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010)
(BRASIL, 2010), e as taxas de métodos nobres de tratamento de resíduos, como
compostagem, incineração e reciclagem, ainda caminham lentamente (GOUVEIA,
2012; ASSAD & SIQUEIRA, 2016).
Diante deste cenário, a legislação ambiental vem sendo aprimorada bem como os
instrumentos de tutela ambiental que aplicam estas leis, como o Termo de Ajustamento
de Conduta (TAC), aplicado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, como
instrumento de gestão ambiental, na erradicação dos lixões no Estado. Este instrumento
é aplicável em todas as formas de tutela ambiental, preventiva ou reparatória,
comportando-se de maneira eficiente, uma vez que permite aos órgãos públicos
legitimados à ação civil pública tomar do causador de danos a interesses difusos e
coletivos o compromisso de que venha a adequar a sua conduta às exigências legais,
mediante cominações, com eficácia extrajudicial (SAROLDI, 2005).
O Município de Volta Redonda, área de estudo deste trabalho, está localizado na Região
Sul Fluminense do Estado do Rio de Janeiro e se enquadra na temática apresentada.
Possuía um lixão como local de destinação de seus resíduos durante os 27 anos de
operação. O lixão recebia 169,4 toneladas diárias (IZABELLA et al., 2012), o que
ocasionou danos ambientais significativos nas suas áreas de influências e levou o
Ministério Público do Rio de Janeiro a autuar a Prefeitura Municipal de Volta Redonda,
aplicando-a um TAC. Sendo assim, este trabalho buscou realizar uma caracterização
ambiental da área do vazadouro do Município de Volta Redonda, com o intuito de
avaliar sua recuperação ambiental.
Material e Métodos
Área de estudo
Criado pela Lei nº 2185 de 17 de julho de 1954, o município de Volta Redonda é o mais
populoso da região sul do Estado do Rio da Janeiro, com 263.659 mil habitantes (IBGE,
2016). Localiza-se no trecho médio do vale do rio Paraíba do Sul, entre as serras do Mar
e da Mantiqueira, entre os paralelos 22º24’11” e 22º 38’ de latitude sul e os meridianos
44º9’25” e 44º 25’ de longitude oeste, segundo Greenwich (FEEMA, 1991). É, junto
com os municípios Resende e Barra Mansa, uma das mais importantes economias da
região.
Aplicação metodológica
Os dados primários foram obtidos por meio de entrevistas com os representantes legais
dos órgãos ambientais, tais como Secretaria de Meio Ambiente de Volta Redonda
(SEMA-VR), a Unidade Administrativa da ARIE Floresta da Cicuta e Instituto Estadual
do Ambiente, e no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), mediante
agendamento prévio, a fim de se obter possíveis informações como aspectos históricos
do lixão, fatos legais que ocorreram para a desativação e características peculiares da
área.
As vistorias à área de disposição dos resíduos foram acompanhadas por um técnico
ambiental da prefeitura que contribuiu com informações sobre o histórico das operações
e as atividades em andamento para a recuperação ambiental. Entretanto, uma grande
totalidade dos dados aqui apresentados foi baseada na inspeção visual do local, onde se
buscou conhecer e avaliar os aspectos relacionados a:
Infraestrutura existente;
Características físicas e biológicas da área;
Aspectos históricos da operação do lixão;
Possíveis impactos ambientais ao solo, ar, água e saúde humana;
Presença de animais.
Já os dados secundários foram obtidos através de pesquisas sobre estudos ou trabalhos
publicados em plataformas de pesquisas, como o Google Acadêmico, Scielo ou
Periódicos Capes, em livros, revistas, legislação, repositórios acadêmicos, bibliotecas
digitais de instituições de ensino e artigos científicos como fontes de consulta. Além
disto, técnicas de SIG (Sistema de Informações Geográficas) foram utilizadas como
ferramenta de geoprocessamento, como o software Quantum Gis (QGIS) e Google
Earth, para possibilitar uma melhor interpretação da área de estudo.
Resultados e Discussão
Análise do processo de remediação ambiental do vazadouro
Em 2005, a Prefeitura Municipal de Volta Redonda (PMVR) foi acionada pelo MPF
para assinar um TAC, número 2003.5104002992-9. Além disto, também assinaram o
termo o MPRJ, Ministério Público do Trabalho (MPT), a FEEMA, o IBAMA e a
empresa proprietária do terreno (MPF, 2016). No entanto, desde então, a PMVR tem
encontrado dificuldades para atender as ações impostas pelo TAC.
Houve discussões entre a PMVR e os Municípios de Pinheiral, Rio Claro, Barra do Piraí
(somente o bairro Califórnia) e Barra Mansa, para formar um consórcio e construir um
Centro de Tratamento de Resíduos (CTR) regional, para processamento e destinação
final de resíduos domiciliares, de serviços públicos e resíduos de serviços de saúde. No
entanto, posteriormente, Barra Mansa optou por construir um aterro sanitário próprio e,
para isto, contou com apoio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente.
Em 2009, em atendimento ao que foi estabelecido em uma reunião realizada no
Ministério Público Federal, Gabinete do 1° Ofício, foi encaminhada, no dia 14 de
dezembro de 2009, pelo INEA, uma orientação técnica de forma a nortear as ações
emergenciais a serem executadas no vazadouro municipal. Após cinco anos de estudos e
discussões, no ano de 2010 a Câmara de Vereadores de Volta Redonda foi palco de uma
audiência pública, no dia 18/05/2010. Em pauta, estava a implantação do CTR no bairro
Santa Cruz. A audiência foi requerida pelo vereador Edson Quinto (PR), devido à
mobilização dos moradores dos bairros que não concordaram com a localização
proposta. Portanto, a ideia de formar consórcio intermunicipal não foi concretizada e a
PMVR teve que prosseguir com a remediação do vazadouro.
Em 2011, o Ministério Público, o INEA e o ICMBio cobraram ações mais concretas e
efetivas por parte do Município para o cumprimento do TAC, assim sendo algumas
medidas foram tomadas, como: projetos de remediação com as revisões solicitadas pelo
INEA, para a obtenção da autorização Licença de Operação e Recuperação (mais de
dois projetos foram rejeitados pelo INEA); obras de melhorias no lixão atual evitando o
descarte de chorume no Rio Brandão; compra da autoclave, equipamento que faz a
esterilização de resíduos de serviço de saúde (RSS); contratação de empresa para estudo
locacional de nova área para instalação do CTR, que até o momento não foi decidido.
Em reunião realizada no dia 13 de outubro de 2011, no Ministério Público Federal foi
relatado que em razão do descumprimento do TAC, por parte do Município de Volta
Redonda, foram ajuizadas mais duas ações civis públicas pelo Ministério Público
Federal ao Município (Processo 2010.51.04.001168-1 e 2003.51.04.002535-3),
relacionadas, respectivamente, aos itens 1.8 (tratamento do chorume) e 2.1 (projeto de
adequação ambiental da área do lixão). Na ocasião o procurador da república Dr.
Rodrigo da Costa Lines determinou algumas recomendações, inclusive que o INEA
deveria notificar o Município sobre o cumprimento das determinações do TAC, e caso
não cumprisse deveria interditar o vazadouro.
Como o novo prazo estabelecido para atender as recomendações do procurador não
foram cumpridas, que seria até 30 de dezembro de 2011, os resíduos sólidos
domiciliares deveriam ser encaminhados para o CTR de Barra Mansa, o qual foi
construído e é operado pela empresa Haztec. Além disto, o procurador Rodrigo da Costa
Lines determinou que os resíduos sólidos deveriam ser encaminhados para o CTR Barra
Mansa a partir do 28 de maio de 2012, o que foi cumprido na íntegra pelo Município.
Em 2014, a decisão judicial (Processo 0001167-25.2010.4.02.5104), referente ao
projeto de remediação do vazadouro e ao tratamento de chorume, inferiu uma multa
pessoal ao prefeito do Município de Volta Redonda, na época Antônio Francisco Neto,
por não atender às determinações do MPF. Tal fato fez com que o MPF emitisse uma
notificação pelo não atendimento das condicionantes da Autorização Ambiental, emitida
em dezembro de 2014 pelo INEA, e três autos de constatação à Prefeitura de Volta
Redonda, os quais evidenciaram que a prefeitura ainda não havia solicitado a LAR
(Licença Ambiental de Recuperação).
Em 2015, a PMVR requereu a LAR ao INEA, através do processo E-
07/002.09815/2015, o qual estabeleceu medidas a serem implantadas objetivando a
remediação do vazadouro e medidas mitigadoras a serem adotadas após o encerramento
(INEA, 2015). Tais medidas imputadas pelo INEA se encontram na Tabela 1.
Tabela 1: Medidas mitigadoras para remediação ambiental do vazadouro de Volta
Redonda.
Corpos hídricos
Figura 4: Lago a montante com a superfície repleta de macrófitas. Fonte: Próprio autor.
Lopes (2016) realizou em seu trabalho o índice de estado trófico para fósforo (IETPT)
nos lagos encontrados no vazadouro de Volta Redonda. Aplicou a equação modificada
por Toledo Jr. et al., (1990), pois não havia dados referentes à clorofila a disponíveis.
Os resultados encontrados por Lopes (2016) encontram-se na Tabela 2. A equação
utilizada para o IETPT se dá seguinte forma:
IETPT = 10 {6 - [ln (80,32 / PT) / ln2]};
tal que,
IETPT = índice de estado trófico para fósforo; e
PT = concentração de fósforo total, medida à superfície da água (μg.L-1).
Caracterização do chorume
A massa de resíduos que está aterrada sofre decomposição pela ação dos micro-
organismos, que degradam a fração orgânica presente nos resíduos. A parte líquida,
denominada chorume ou lixiviado, resultante da decomposição percola pelo talude e, no
seu ponto mais baixo, ela extravasa pelo solo. Na Figura 5, pode-se observar o acúmulo
de chorume na margem do talude, o qual é posteriormente succionado por uma bomba e
transportado até o tanque armazenador.
Entretanto, no dia da visita em maio de 2016, percebeu-se que havia um excesso de
chorume acumulado na margem do talude, podendo haver um risco de percolação do
líquido até o lago mais próximo ou até mesmo de infiltrar pelo solo. Com a chegada da
estação do verão, este risco é potencializado devido à ação de chuvas mais intensas, o
que demonstra a necessidade de maior acompanhamento, segurança e monitoramento
desta atividade.
O chorume que percola pelos taludes são coletados por uma rede de drenagem e
redirecionados para uma lagoa de estabilização. Anteriormente, havia duas lagoas em
operação, mas apenas uma está em funcionamento. Posteriormente, o efluente final é
succionado, armazenado em tanques e enviado para a estação de tratamento da CSN,
localizada no bairro Vila Santa Cecília. No entanto, de acordo com o funcionário da
prefeitura, Romualdo Machado, “a produção semanal de chorume é de 35 m³, sendo
enviados para a estação de tratamento da CSN apenas 8 m³ semanais” (FOLHA DO
AÇO, 2016).
A unidade de tratamento de RSS foi construída no ano de 2011, devido à exigência do
INEA. No entanto, ela não está mais em operação desde dezembro de 2012, pois, de
acordo com os funcionários presentes no dia da visitação, o encerramento das operações
naquele ano proibiu o recebimento de resíduos de serviços de saúde, não sendo mais
necessária a utilização da autoclave e outros equipamentos para a esterilização destes
resíduos.
Como exigência da LAR (INEA, 2015), foram construídos poços de monitoramento
para a produção do metano (Figura 6), formado a partir da degradação da matéria
orgânica presente nos resíduos. Segundo relatos dos funcionários do local, no início da
instalação destes poços, a produção deste gás era muito alta e havia até o risco de
explosão. No entanto, segundo os próprios funcionários, atualmente, a produção de
metano é muito baixa, não havendo qualquer risco aos funcionários do local. Vale
ressaltar que não foram encontrados dados disponibilizados pela PMVR, referentes à
produção de metano que comprovem efetivamente a ausência de riscos aos
funcionários.
Na Figura 6, próximo ao ponto de monitoramento de metano, também se pode verificar
processos erosivos na encosta, mesmo apresentando o crescimento de gramíneas. A
implantação e a operação destes empreendimentos envolvem constantes atividades de
remoção, adição e/ou substituição do solo, o que acaba removendo a proteção natural
fornecida pela cobertura vegetal, deixando o solo exposto à ação de intempéries
(chuvas, ventos e irradiação solar excessiva).
Fauna e Flora
Conclusão
Os riscos à saúde pública e ao meio ambiente advindos dos resíduos sólidos requerem
decisões que envolvem o gerenciamento adequado dos mesmos, aliados, também, à
integração entre políticas econômicas, sociais e ambientais pelo Poder Público. Neste
sentido, a disposição de resíduos em aterros caracteriza-se por uma atividade de alto
potencial poluidor, uma vez que a produção de resíduos sólidos urbanos é um processo
muito heterogêneo, devido sua composição se derivar de resíduos domésticos ou
industriais, de áreas pobres ou ricas, de coleta generalizada ou seletiva. Sendo assim,
ocorre o risco da mistura com os resíduos orgânicos e materiais perigosos, os quais
exigem maiores medidas de segurança para o gerenciamento.
O processo de remediação ambiental do vazadouro de Volta Redonda perdurou por
muitos anos e trouxe sérias consequências ao meio ambiente. O exemplo do município
demonstra que a questão do tratamento adequado para o lixo urbano não é vista, até o
momento, como prioridade pelas autoridades competentes, sobretudo pela
administração pública, a qual adotou medidas de pouca ou nenhuma eficácia quanto à
remediação dos passivos ambientais, pois o vazadouro ainda não foi totalmente
remediado.
Apesar do responsável legal do Município de Volta Redonda tenha sido acusado e
julgado por não cumprir as condicionantes ambientais da Licença Ambiental de
Recuperação, a atuação do órgão estadual demonstrou-se pouco efetiva em fiscalizar o
cumprimento das condicionantes, de exigir da prefeitura municipal a regularização do
processo de licenciamento da operação e a remediação dentro do prazo, o que poderia
ter reduzido os danos ambientais. Desta forma, o caso de Volta Redonda mostra as
mesmas dificuldades apresentadas pela maioria dos municípios brasileiros, seja técnica,
estrutural ou financeira, em atender a legislação ambiental.
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RESUMO
Drimys brasiliensis Miers, popularmente conhecida como cataia ou casca d’anta, é uma
espécie de hábito arbustivo ou arbóreo pertencente a família Winteraceae que está
distribuída da Australásia até as Américas. Ocorre em diversos locais do Brasil
principalmente associada a Floresta Ombrófila Mista (FOM) mas também em outros
ecossistemas. É uma espécie que pode ultrapassar 20 m de altura, de flores muito
vistosas que pode ser usada dentre outros fins, para recuperação de áreas degradadas.
Possui potencial madeireiro reduzido, o que é compensado pelo potencial condimentar e
medicinal de sua casca. A exploração indiscriminada da casca de D. brasiliensis em
remanescentes florestais pode ameaçar as populações da espécie. Desse modo o objetivo
do presente estudo foi avaliar e quantificar a população de D. brasiliensis, visando o
manejo sustentável de sua casca em um fragmento de Floresta Ombrófila Mista em
regeneração natural no município de Lages – Santa Catarina. Para tanto foram
levantados 82 indivíduos de D. brasiliensis em uma área de aproximadamente 1,3
hectares (ha). Desses, 44 indivíduos foram classificados como regenerantes e 38
classificados como juvenis ou adultos. A altura média da população foi de 3,76 m. Por
se tratar de um remanescente que sofreu distúrbio recente tendo o número de indivíduos
comprometido, o manejo de extração da casca da cataia não se justifica no local.
Introdução
O gênero Drimys pertence à família Winteraceae que compreende oito gêneros e
aproximadamente 70 espécies distribuídas da Australásia até as Américas onde este
gênero é o único representante da família. A espécie Drimys brasiliensis Miers é
conhecida popularmente como casca d’anta ou cataia (SCHULTZ, 1975; BARROSO,
1978; LORENZI, 1992; LONGHI, 1995).
Em território nacional D. brasiliensis ocorre nos três estados que compõe a
região Sul e também na Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do
Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo (CARVALHO, 2008). Em Santa Catarina
a espécie ocorre na Floresta Ombrófila Mista (FOM) e de modo relictual na Floresta
Ombrófila Densa (FOD) (RADOMSKI, et al., 2013). Torna-se muito frequente também
na zona da matinha nebular (TRINTA & SANTOS, 1997).
É considerada uma espécie de hábito arbustivo à arbóreo, podendo ultrapassar
os vinte metros de altura. Seu tronco pode se apresentar reto ou tortuoso, possui folhas
simples, alterno-espiraladas, espatuladas, glabras e discolores, chegando a medir 12 cm
de comprimento. As flores são bissexuais, de coloração branca, dispostas em
inflorescências umbeliformes de duas a cinco flores (ROTTA, 1997 apud
CARVALHO, 2008). Os frutos são do tipo baga, de coloração escura e as sementes são
reniformes, também escuras (ABREU, 2002 apud CARVALHO, 2008). A dispersão de
seus frutos e sementes é zoocórica e barocórica predominantemente.
A cataia possui diversos usos, como na indústria madeireira, fornecendo madeira
amarelada com largas veias róseas, às vezes castanho-claras, sempre firmes e fáceis de
trabalhar, prendendo bem os pregos, porém pouco resistente (obras internas). Pode ser
usada em carpintaria. Caixotaria, e também como lenha e carvão, além de ser indicada
para paisagismo de pequenos espaços. (TRINTA; SANTOS, 1997; BACKES;
IRGANG, 2002).
A casca da espécie possui potencial medicinal e é usada como estomáquica,
antiescorbútica, antidiarreica sudorífica e tônica e têm sido utilizada medicinalmente a
partir da exploração de plantas em populações naturais (MARIOT et al., 2010). Porém,
ainda não existem estratégias de manejo de populações naturais sustentáveis.
De acordo com Arantes e Schiavini (2011) conhecer o número de indivíduos de
uma determinada população é essencial. Deste modo pode-se prever as consequências
do tamanho dessa população e também o índice de sobrevivência dos seus integrantes.
Além disso, evidencia-se ainda que a estrutura de uma determinada população, resulta
de diversas força bióticas e abióticas, fazendo com que o arranjo da mesma seja
alterado.
Dessa maneira estudos sobre estrutura populacional precisam ser realizados para
auxiliar nas práticas de manejo florestal sustentável. Neste sentido, o objetivo do
presente estudo foi avaliar e quantificar a população de Drimys brasiliensis Miers,
visando o manejo sustentável de sua casca em um fragmento de floresta ombrófila mista
em regeneração natural no município de Lages.
Material e Métodos
O estudo foi realizado no município de Lages, em um remanescente florestal
pertencente a Fazenda experimental do Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV) da
Universidade do Estado de Santa Catarina, UDESC. Localizada na BR 282 Km 195,
Lages, SC nas Coordenadas 27°44148.55”S e 50°05’04.97”O.
Lages é um município que pertencente ao Planalto Serrano Catarinense, com
158.846 habitantes e uma extensão territorial de 2.631,504 Km2, estando a 937 metros
de altitude média (IBGE, 2014). Segundo a classificação climática de Köppen, a região
apresenta clima Cfb, ou seja, clima temperado úmido e sem estação seca definida. A
temperatura média anual varia de 13,8 ºC a 15,8 ºC. A precipitação pluviométrica total
anual pode variar de 1.360 mm a 1.600 mm e a umidade relativa do ar varia de 80% a
83% (EPAGRI, 2002).
O município de Lages está inserido na Bacia Hidrográfica do Rio Canoas e do
Rio Pelotas, com topografia de suave-ondulada a ondulada, com vegetação de Floresta
Ombrófila Mista Montana. Os solos predominantes são Cambissolos nas baixadas e
Neossolos Litólicos nas encostas (IBGE, 1992).
Uma das mais importantes formações florestais a Floresta Ombrófila Mista
(FOM), assim denominada por Veloso e Góes Filho (1982) com posterior adaptação do
IBGE (1992), é um tipo de vegetação do planalto meridional, trata-se de um
ecossistema do Bioma Mata Atlântica característico da região sul do Brasil e de
algumas áreas da região Sudeste. Tendo como sua principal característica a presença
predominante da Araucaria angustifolia (Bertol) O. Kuntz, a FOM também é conhecida
como Floresta de Araucária ou Mata de Araucária (VELOSO et al., 1991).
A FOM abriga diversas espécies que formam comunidades diferenciadas em
florística e na estrutura ecológica. Há uma alta riqueza na floresta de araucária, seus
componentes arbóreos representam um elevado nível de biodiversidade, mesmo com
sua aparente simplicidade (SANQUETTA, 2005). Dentre as espécies além da araucária,
pode-se citar: Ocotea porosa, Luehea divaricata e Cedrela fissilis, e outras espécies não
madeiráveis, comuns nessa tipologia florestal, como Dicksonia sellowiana e Maytenus
ilicifolia (NASCIMENTO et al., 2001).
A coleta de dados foi realizada em outubro de 2016, em uma área amostral de 1,3
ha. Primeiramente foi realizado o caminhamento pela área, para conhecer a mesma e
localizar os indivíduos da espécie. Por se tratar de uma área diminuta foram levantados
todos os indivíduos presentes no local, ou seja, foi realizado um recenseamento.
Mensurou-se a altura dos indivíduos inferiores a 1,3 m com auxílio de trena.
Para os de maior porte foi usado um hipsômetro. Foram aferidos dois diâmetros
distintos, o Diâmetro à Altura do Colo (DAC) nos indivíduos de pequeno porte,
regenerantes, com altura inferior a 1,3 m utilizando-se para isso de um paquímetro, e a
circunferência a Altura do Peito (CAP) para os indivíduos maiores, de maior diâmetro,
com o auxílio de uma fita métrica. Após a coleta de dados, a CAP foi transformada em
Diâmetro à Altura do Peito (DAP), através da seguinte fórmula:
Resultados e Discussão
Registraram-se 82 indivíduos de D. brasiliensis na área de estudo, a maioria,
53,6% (44 ind.) representada por indivíduos de pequeno porte, classificados como
regenerantes. Os demais, 46,4% (38 ind.) foram classificados como juvenis e adultos,
sem distinção, pois não foram encontrados indivíduos em fase reprodutiva durante o
período do estudo de caso.
Mariot (2008) em seu estudo realizado na Reserva Genética Florestal de Caçador
(RGFC), região de fitogeografia muito semelhante à da região de Lages, encontrou uma
média de 195 indivíduos de cataia por hectare. No presente estudo, foram estimados 65
indivíduos de cataia por hectare. Essa população é três vezes inferior quando
comparadas ao estudo citado acima, esse déficit de indivíduos pode ser justificados por
alguns fatores, como por exemplo a herbivoria e/ou influência de gado bovino que
existe no local do estudo.
A área basal calculada apresentou valor de 0,30 m2 por hectare, inferior a área
basal encontrada em estudo feito por pelo mesmo autor supracitado, com a mesma
espécie no município de Caçador. Esse valor inferior encontrado no presente estudo se
deve possivelmente a diminuta população local de D. brasiliensis que possui indivíduos
de menor diâmetro.
Carvalho (2008), indicou que a época de floração para a espécie em Santa
Catarina é a partir de outubro se estendendo até fevereiro, no entanto não foram
observados indivíduos com estruturas reprodutivas durante o presente estudo em fins de
novembro. Isto possivelmente se deu devido a estação hibernal ter se prolongado na
região, muito além do comum.
Em contrapartida, Mariot (2008) em estudo fenológico feito em Caçador- SC,
constatou que o período de florescimento iniciou-se em dezembro e prolongou-se até
abril. Sendo assim, é provável que exista diferença de épocas de florescimento da
espécie dentro do próprio estado, sendo influenciada possivelmente por fatores
climáticos distintos em cada região de ocorrência.
Inferior Superior
(cm) (cm) Frequência
0,1 2,27 46
2,28 4,45 1
4,46 6,63 4
6,64 8,80 8
8,81 10,98 9
10,99 13,16 7
13,17 15,34 7
.
Os dados foram distribuídos em sete classes diamétricas conforme a tabela 1. O
padrão natural para espécies florestais nativas de "j invertido" (HIGUCHI et al., 2013),
não foi observado nesta população (Figura 1). Possivelmente pela forte influência do
gado bovino que tinha livre acesso a área do remanescente florestal, comprometendo
assim a estrutura do fragmento (ALVES FILHO et al., 2012).
Como esse distúrbio cessou a alguns anos, o número de indivíduos regenerantes
é muito maior do que o número de indivíduos entre dois e quatro cm de diâmetro, que
muito provavelmente eram regenerantes durante o distúrbio.
Conclusão
O livre acesso do gado bovino ao remanescente em questão prejudicou o
processo de regeneração natural da espécie D. brasiliensis, neste sentido a mesma não
pode ser explorada nesta área tendo em vista o manejo sustentável de sua casca. De fato,
são necessários estudos mais aprofundados para conhecer a estrutura populacional da
espécie no fragmento estudado.
Referências bibliográficas
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influência direta da usina Santa Vitória, na região do Triângulo Mineiro- MG.
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LONGHI, R.A. Livro das árvores e arvoretas do sul. Porto Alegre: L & PM, 1995.
176p.
Universidade Federal do Paraná (UFPR), Av. Cel. Francisco H. dos Santos, 210, Jardim
das Américas, Curitiba, Paraná, CEP 81.531-970. Contato: +55 (041) 99520-3279. E-
mail: [email protected]
RESUMO
Em tempos onde se buscam ações que visam suprir as necessidades atuais dos seres
humanos alterando-se minimamente possível o Meio Ambiente, encontra-se na
Engenharia Natural alternativas para algumas obras de estabilização geotécnica de
elevado impacto ambiental da Engenharia Tradicional. A Engenharia Natural procura se
beneficiar das características técnicas da vegetação, para servir como elemento
estrutural em questões, por exemplo, que envolvam a estabilização de encostas ou
controle da erosão superficial do solo. Visando estabilizar processos de degradação de
modo a integrar as técnicas necessárias da Engenharia ao Meio Ambiente, de maneira
que a percepção visual, bem como o risco ambiental dessas intervenções seja mínimo e
a eficácia seja plena em comparação às técnicas convencionais. Entretanto, a grande
dificuldade de sua aplicabilidade é, em sua concepção, estabelecer parâmetros técnicos
e analíticos que possibilitem projetar a estrutura nos moldes da prática moderna da
Engenharia. Neste contexto, a pesquisa em questão busca elaborar uma metodologia de
dimensionamento da técnica da Engenharia Natural para uma de suas configurações
específicas: a trança viva. Essa técnica é utilizada em estabilização de margens de
cursos d’água através da fixação de estacas (vivas ou não) no solo, entrelaçando-as com
ramos flexíveis de vegetação. Fez-se necessário o estudo minucioso de exemplos de
aplicação encontrados na literatura, sendo obtidos parâmetros com elevada dispersão
entre os autores consultados, sendo que apenas no diâmetro mínimo das estacas, a
dispersão de dados atingiu 44,4%. Fato esse, que comprovou a necessidade da
elaboração de um modelo estrutural que, por fim, permitiu o estabelecimento de um
critério adequado de dimensionamento de modo semelhante à abordagem analítica da
Engenharia contemporânea, apresentando o procedimento de cálculo em um fluxograma
e exemplificado através da aplicação da metodologia em uma margem degradada pelos
efeitos erosivos das correntes de um curso d’água na cidade de Curitiba (PR), buscando
recuperá-la.
1 INTRODUÇÃO
A Engenharia Natural (também conhecida como Bioengenharia dos Solos4) pode ser
entendida como um segmento da Engenharia que emprega elementos vivos (vegetação)
para solucionar problemas técnicos relacionados ao solo e à sua estabilização, como
erosão de encostas, deslizamento de taludes e assoreamento de rios. O principal objetivo
da Engenharia Natural é racionalizar os métodos construtivos, de maneira que existam
funcionalidades estruturais e ecológicas na solução de problemas de instabilidade de
solos (FERNANDES; FREITAS, 2011), ou seja, realizar intervenções estabilizantes
visando baixo impacto ambiental. Nas intervenções, faz-se uso das chamadas técnicas
biológicas, ou biotécnicas, que são o uso conjunto de elementos biologicamente ativos,
especialmente vegetação, com elementos inertes, como elementos de madeira, peças
metálicas e até mesmo estruturas de concreto (PINTO, 2009).
Nas obras de Engenharia Natural, entretanto, também existem algumas limitações que
fazem com que o seu uso seja pouco explorado. O desconhecimento desse ramo da
Engenharia, agregado à dificuldade de estabelecer parâmetros técnicos específicos de
implantação, de segurança estrutural e de eficácia de suas diversas técnicas, nos moldes
modernos da Engenharia Tradicional, são limitações que impedem a difusão do uso das
biotécnicas em aplicações práticas de estabilização. A Engenharia Natural tem sido, em
muitos lugares e intervenções, aplicada como método alternativo e artesanal, de maneira
que sua implantação quase sempre se dá de forma empírica, sem padrões de
aplicabilidade universal e sem dimensionamento analítico. Contudo, as técnicas da
Engenharia Natural apresentam algumas vantagens quando comparada às técnicas
convencionas pelo fato de utilizarem materiais locais, manterem os aspectos naturais do
ambiente e reduzirem os custos provenientes do transporte. O menor uso de maquinário
e a baixa qualificação necessária da mão de obra também são elementos que podem
reduzir o custo (PINTO, 2009). Portanto, existem diversas vantagens que justificam
estudos mais aprofundados dessas estruturas – abrangendo diversas áreas da Engenharia
–, a fim de facilitar sua utilização.
4
Soil Bioengineering, em inglês.
Motivado pela grande necessidade de pesquisas cientificas na área, este trabalho tem
por objetivo elaborar uma metodologia de cálculo para o dimensionamento de uma das
técnicas da Engenharia Natural denominada trança viva5. A Figura 1 ilustra uma
intervenção por trança viva na estabilização das margens de um córrego no Rio Grande
do Sul, Brasil.
Figura 2: Trança viva implantada no Rio Grande do Sul, Brasil (SUTILI, 2007).
A trança viva consiste, basicamente, em uma estrutura de varas vivas entrelaçadas,
fixadas ao solo através de estacas – vivas (vegetação) ou inertes (madeira, concreto ou
aço) – e imersas parcialmente em água. A trança serve como uma proteção mecânica
contra o impacto da água, controlando a erosão superficial das margens em cursos
d’água.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
2.1.ELEMENTOS DA ESTRUTURA
A tranças viva, como a grande maioria das obras da Engenharia Natural, são compostas
por elementos inertes e vivos (vegetação). Os elementos inertes possuem a finalidade de
garantir a estabilidade da estrutura nos estágios iniciais que seguem a implantação da
intervenção, enquanto a vegetação se desenvolve, e no caso da trança viva, constituem-
se pelo uso de estacas (ainda que se possa usar estacas vivas). Os elementos vivos
assumem a função de estabilização da margem a partir do processo de brotação dos
ramos, que juntamente com as estacas – quando vivas –, compõem os elementos
considerados vivos da estrutura. A Figura 2 apresenta uma configuração típica da trança
viva com a ilustração dos elementos vivos e inertes apresentados.
5
Em Portugal, a trança viva é conhecida como entrançado vivo. Na Itália, recebe o nome de viminata
viva. Em língua alemã de flechtzaun. Em inglês, wattles fences ou living wattle work. Na Espanha como
fajina de empalizada trenzada.
Figura 3: Arranjo típico da trança viva (adaptado de VENTI et al., 2003)
2.2.ESTUDOS DE CASO
Foram analisados, ao todo, cinco estudos de casos encontrados na literatura onde a
trança viva foi utilizada, para analisar as possíveis aplicações e o desempenho da
estrutura. A Tabela 1 apresenta um resumo de três casos onde a trança foi construída em
margens, na qual, havia a necessidade de estabilizar a margem devido a erosão do solo
causada pelas correntes do curso d’água.
Tabela 7: Casos reais encontrados na literatura de tranças construídas em
margens
Um outro critério analisado foi quanto à escolha da vegetação. Para a trança viva, as
plantas escolhidas devem apresentar um conjunto de características que ajudem a
controlar fenômenos erosivos superficiais. As plantas do gênero Salix foram as mais
recomendadas pelos autores. No Brasil, existe apenas uma única espécie nativa, o Salix
humbolditiana. Entretanto, existem outras espécies identificadas no país que podem ser
utilizadas nas tranças vivias, como a Phyllanthus sellowianus, Sebastiania schottiana e
Senna reticulata (SOUSA, 2015).
2.3.CONJUNTO PARAMÉTRICO
A literatura especializada dispõe uma série de parâmetros relacionados à implantação da
trança viva, tais como diâmetro ( ) e comprimento ( ) das estacas e dos ramos ( ,
), além de critérios relacionados ao espaçamento necessário entre as estacas ( ), a
altura da trança ( ) e a profundidade necessária à cravação da estaca ( ). A Figura 3
ilustra, em uma vista frontal da estrutura, os parâmetros que serão analisados no
dimensionamento.
Figura 5: Modelo Estrutural: (a) Vista superior da estrutura (b) Vista lateral de
uma seção qualquer.
3.2.METODOLOGIA DE DIMENSIONAMENTO
Nesta seção, a partir das análises geotécnica, hidráulica e estrutural, foi elaborado um
procedimento de cálculo para o dimensionamento das tranças vivas.
Se essas duas condições forem respeitadas, isso conduz que a trança (construída
paralelamente ao curso d’água) possuí viabilidade técnica para ser implantada na
margem ou talude especificado.
(3)
(5)
) (7)
Além dessas condições, a resistência ao cisalhamento em sua seção mais crítica será
analisada, considerando a tensão paralela às fibras , tem-se o valor de muito
baixo (na faixa de 0,2 MPa), podendo ser desprezado para efeitos práticos.
Para um solo drenado, sem sobrecarga e não coesivo, obtido pela equação do 3º grau
abaixo:
(13)
Após calculado , faz-se necessário realizar a verificação do deslizamento através do
equilíbrio das cargas horizontais, sendo que a razão entre as cargas estabilizantes e as
cargas instabilizantes não poderá ultrapassar 1,5, então:
(14)
Onde:
3.3.FLUXOGRAMA DE CÁLCULO
A fim de facilitar o entendimento da metodologia proposta, o fluxograma abaixo
(Figura 8) indica o procedimento de cálculo para o dimensionamento das tranças vivas.
4 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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de Poblet, Espanha: Generalitat Valenciana, 2008.
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VENTI, A. D. et al. Manuale tecnico di Ingegneria Naturalistica della Provincia di
Terni. 2003.
RESUMO
Introdução
Material e Métodos
Área de estudo
Amostragem
Onde: DAP: Diâmetro da altura do peito (m); CAP: Circunferência da altura do peito; π:
Pi (Constante matemática).
Resultados e Discussão
1.1.1
Dentre as espécies de maior predominância encontrada no Parque Jirau Alto, a
mais encontrada foi a Hovenia dulcis Thunb com ocorrência em 9 parcelas. A segunda
espécie de maior ocorrência encontrada foi a Musa paradisiaca L. Observou-se que
essas espécies têm uma boa dispersão ao longo do parque, indicando um quadro de
invasão biológica bastante avançada.
Nas parcelas 1 e 2 distribuídas no começo do parque Jirau Alto, observou-se
somente a espécie H. dulcis, indicando a alta invasão que ocorre nos locais mais
próximos à rua e que sofrem mais com a antropização (Tabela 1).
Par Família Nome científico Nome Popular Indivíduos Ht (m) DAP (cm)
P1 Rhamnaceae Hovenia dulcis Thunberg Uva-do-japão 3 18,80 20,42
Quantidade
Parque Parcelas Espécies
regeneração
1 Hovenia dulcis Thunberg 113
2
Hovenia dulcis Thunberg 59
Hovenia dulcis Thunberg 65
3
Musa paradisiaca L. 10
4 Musa paradisiaca L. 9
Jirau Alto
5 Hovenia dulcis Thunberg 530
Hovenia dulcis Thunberg
6 402
Hovenia dulcis Thunberg
7 336
Hovenia dulcis Thunberg
8 138
Hovenia dulcis Thunberg
9 176
Fonte: Os Autores (2017).
Conclusões
Referências bibliográficas
RESUMO
Materiais e Métodos
Área de estudo
O presente trabalho tem como área de estudo a bacia hidrográfica do Ribeirão do
Feijão (São Carlos, SP), com extensão de 22 km, que pertence à bacia hidrográfica do
rio Paraná. O estudo foi conduzido em áreas de mata ciliar na bacia do Ribeirão do
Feijão (22° 04’ 49” e 22° 09’ 12” S e 47° 42’ 59” e 47° 53’ 20” O).
O clima da região em estudo é Tropical de Altitude, com verões chuvosos e
invernos secos, pela classificação Köppen de Cwa (SETZER, 1966). A vegetação
característica desta área é de Floresta Estacional Semidecidua (IBGE, 2012), entretanto
está reduzida a pequenos fragmentos (16,4%) sendo substituída principalmente por
pastagem (38,7%) (COSTA, 2010). A área de estudo teve a implementação do Projeto
Plantando Águas entre 2006 e 2014. Este projeto foi organizado pela Organização Não
Governamental (ONG) Iniciativa Verde com parceria de instituições públicas, privadas
e produtores rurais com o objetivo de restauração de APP’s da bacia do Ribeirão Feijão.
Na área de drenagem da bacia hidrográfica do Ribeirão do Feijão o solo que
predomina é o latossolo vermelho amarelo (Figura 1), seguido de neossolo
quartzarênico. Nas margens do ribeirão estão presentes solos hidromórficos, visto que
são tipos de solos presentes em áreas úmidas. Na cabeceira, estão presentes os latossolo
vermelho amarelo, neossolo litólico e argissolo vermelho amarelo (EMBRAPA, 1981).
Resultados e Discussão
Umidade e granulometria
Os perfis de umidade e granulometria (Figura 2) apresentam padrões entre áreas.
Para umidade (A) há diferença em todas as profundidades (p<0,05) e em média a área
restaurada apresentou maior valor que o remanescente. A área de restauro apresenta
maiores porcentagens de argila silte e areia e o remanescente maiores de areia. A
diferença na composição textural do solo é um dos fatores determinantes do teor de
umidade; solos de textura argilosa tendem a reter mais umidade do que os arenosos
(GOMIDE et al; 2011). O teor médio de argila no ambiente de Remanescente foi 20%,
sendo responsável pela baixa umidade atual, cujo valor médio foi de 11,50%, enquanto
para o Restauro os valores médios de argila foram superiores a 40% – portanto, eles
retiveram maior umidade, cujo valor médio ficou acima de 19%.
Dentro dos perfis de cada área não houve diferença entre as profundidades para
nenhum parâmetro granulométricos analisados. Assim, as áreas não apresentaram
características de solos em áreas próximas a canais de drenagem, solos aluviais. Os
resultados correspondem a solos residuais formados a partir do intemperismo da rocha
parental (basaltos da formação Serra Geral), que devido ao lento processo de
intemperismo químico formou um perfil homogêneo em relação a granulometria ao
longo dos horizontes (DOS SANTOS, 2013).
Figura 2 - Umidade (A) e granulometria (B-F) nas camadas 0-20, 20-40, 40-60, 60-80,
80-100 cm das área remanescente e restaurada (n=3)
Figura 3- Resistência do solo à penetração em relação a profundidade (n=3).
Matéria orgânica
Os valores de matéria orgânica (Figura 4) apresentaram resultados distintos entre
as áreas, pois para o remanescente houve relação com a profundidade (p=0,006, R2=
0,8367), enquanto para o restauro esta relação não ocorreu (p=0,8195, R 2= 0,131). A
área de remanescente apresentou horizonte orgânico entre 0-20 cm, com 36,34 g.kg-1,
diferindo das demais camadas (p<0,05). Valores semelhantes são encontrados nas
camadas iniciais de matas ciliares (MELLONI et al., 2001).
Na área R os valores de matéria orgânica apresentaram média de 70 g.kg-1 e não
diferiram entre as camadas. Áreas restauradas podem aumentar rapidamente os teores de
matéria orgânica do solo (ALCÂNTARA, 2004), entretanto a área R apresenta altos
valores em todo o perfil, pois este parâmetro é relacionado com os altos índices de
argila encontrados. A matéria orgânica do solo tem grande afinidade com as partículas
argila e silte, tanto pelas características de possuir grande área superficial, como por
possuir diversos sítios reativos, o que resulta em maiores teores de matéria orgânica em
solos argilosos em comparação com arenosos (FELLER; BEARE, 1997).
Figura 4- Concentração de matéria orgânica em g.kg-1 pela profundidade do solo nas
áreas de remanescente e restauro (n=3)
Conclusões
As áreas estudadas apresentaram características granulométricas distintas,
entretanto não diferiram em densidade e resistência à penetração. Portanto, a área
restaurada pode ser analisada como em estágio sucessional avançado, com
características semelhantes a da florestas remanescentes. Essas medidas também podem
ser consideradas como bons indicadores para avaliar a qualidade do solo áreas em
restauração, independente das características granulométricas. A concentração da
matéria orgânica, apesar de responder rapidamente à cobertura do solo, não pode neste
caso ser usada na avaliação pois ela varia com as características do solo.
Referências
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introduction of riparian vegetation on shores of hydroelectric reservoirs (Southeast of
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1. Introdução
A degradação gerada por processos erosivos pode trazer prejuízos locais como
regionais. Tal degradação pode tornar inúteis áreas agricultáveis, afetar áreas urbanas,
como causar o assoreamento de cursos d’água pela excessiva perda de solos.
Geralmente, o assoreamento pela excessiva perda de material não é levado em
consideração na avaliação da degradação por processos erosivos (SILVA, 1990,
BOARDMAN, 2006).
Na bacia do rio das Mortes, Mesorregião Campos das Vertentes, em Minas
Gerais, como descrito por Ferreira (2005) e Embrapa (2006), a perda de solo e
consequentemente o assoreamento é um problema recorrente na região. Na região de
Lavras a São João del Rei (pertencente à Mesorregião Campos das Vertentes), em geral,
a origem e maior número de voçorocas estão relacionados com o manejo inadequado do
solo, como a queima de pastagens, exposição e compactação do solo, favorecendo a
erosão causada pela água (FERREIRA, 2005; FERREIRA, 2008; HORTA et al., 2009),
com a mineração (SILVA, 1990), e com as antigas estradas de terra rurais, as quais não
apresentavam sistemas de drenagens adequados e estão muito próximas às erosões ainda
observadas atualmente (FERREIRA et al., 2011; SAMPAIO et al., 2013).
Ainda que se tenham sido realizadas várias pesquisas nesta região e que se venha
confirmando a fragilidade e susceptibilidade do ambiente aos processos erosivos
combinadas com a intensa ação antrópica (SAMPAIO et al., 2015), para a própria
população e para os municípios vizinhos existem dificuldades na compreensão de que
isto é um problema ambiental, sendo as voçorocas muitas vezes ignoradas ou percebidas
dessa maneira apenas quando são alvo de depósitos de resíduos sólidos (próximas de
áreas urbanas) ou quando se perdem áreas agricultáveis (PEREIRA et al., 2014).
Adicionalmente, o fato de que estas áreas permanecem sendo utilizadas sem o devido
planejamento ambiental (SAMPAIO et al., 2015) e que os processos erosivos presentes,
muitas vezes, ainda apresentam elevada variabilidade de características e instabilidade
(OLIVEIRA, 2015), aponta para uma dificuldade de comunicação entre o que é
pesquisado e o que é efetivamente absorvido e aplicado na prática (BOARDMAN,
2006).
Assim, para a presente pesquisa, o município de Conceição da Barra de Minas
(MG), localizado entre os municípios de São Tiago, Ritápolis, São João del Rei e
Nazareno, foi caracterizado, visando identificar os prováveis condicionantes associados
as voçorocas. Esse município, pelo censo de 2010, apresenta população de 3.954
habitantes (IBGE, 2017), e o acesso se dá pela BR-381 (Rodovia Fernão Dias) até
Lavras, entrando-se na BR-265 sentido São João del Rei. Conceição da Barra de Minas
está inserido na Mesorregião Campos das Vertentes, e na Microrregião Campos da
Mantiqueira (EMBRAPA, 2006), sendo o clima classificado como Cwa (Köppen), com
precipitação média anual da série climática de 1991 a 2004 de 1460 mm, temperatura
média de 20,4°C e evapotranspirações potenciais e reais médias de 956 e 873 mm,
respectivamente (DANTAS, CARVALHO e FERREIRA, 2007).
Esta região se encontra sobre o Cráton do São Francisco, na parte sul, sendo que o
município apresenta porções expostas de rochas ultramáficas, mais evidentes próximas
ao Córrego do Forro (TOLEDO, 2002; TEIXEIRA, ÁVILA e NUNES, 2008); na bacia
deste córrego são presentes, ainda, as faixas de Greenstone com pequenas incidências de
Ortognaisse TTG (tonalito-trondhjemito-granodiorito). Próxima à área de estudo está
localizada a zona de cisalhamento do Lenheiro, onde se observam deformações de
metamorfismo com consequente sobreposição da província Sul-Mineira (TEIXEIRA,
ÁVILA e NUNES, 2008).
A região apresenta Latossolos Vermelho-Amarelos e Cambissolos de fertilidade
baixa e muito suscetíveis à erosão. Os primeiros são argilosos com um nível razoável de
dificuldade para utilização de máquinas em campo, e os segundos apresentam textura
variando de média a argilosa e maior impedimento à mecanização (EMBRAPA, 2006).
Conforme se tem uma redução das altitudes, observa-se que os horizontes B latossólicos
vão diminuindo em espessura, em uma progressiva transição de Latossolo para
Cambissolo (HORTA et al., 2009). É possível verificar a presença de Neossolos
flúvicos e Gleissolos háplicos e malânicos, sendo que estes são um pouco mais férteis
que os outros citados, com textura média e argilosa (EMBRAPA, 2006).
Segundo Fernandes Filho (2010), na área de estudo os Latossolos Vermelho-
Amarelos distróficos são predominantes, sendo que os da região são argilosos, com
enriquecimento residual em sesquióxidos, com maiores teores de Al2O3 e menores de
SiO2 (HORTA et al., 2009).
As vegetações típicas da região de Conceição da Barra de Minas são: floresta
tropical subcaducifólia, predominante nos locais em que se encontram os Latossolos
Vermelho-Amarelos; onde se observam os Cambissolos estão presentes as florestas
tropicais subperenifólias, campo cerrado tropical e cerrado tropical subcaducifólio; e em
relação aos Neossolos flúvicos e Gleissolos háplicos e malânicos, a vegetação é de
floresta tropical perenifólia de várzea e campo tropical hidrófilo. Assim, esta região é
um local de transição entre a Mata Atlântica e o Cerrado (FERREIRA, 2005;
EMBRAPA, 2006).
Em geral, a área apresenta diferentes aptidões para manejos de acordo com os
tipos de solo, relevo e susceptibilidade à erosão. As regiões com Latossolos Vermelho-
Amarelos são mais favoráveis a um cultivo com menos intensidade, e se for realizada
pastagem, deve ser restrita. Esta última consideração também deve ser feita para áreas
com Cambissolos, pois em muitas áreas são verificados solos rasos e relevo acidentado.
Já os locais com Neossolos podem ser utilizados para manejos menos intensivos, e os
com Gleissolos, podem ser utilizados para culturas com certa restrição, considerando-se
que existem áreas com drenagem deficiente (EMBRAPA, 2006). Entretanto, o que se
observa na região são os usos do solo demasiadamente próximos às erosões: plantações
sendo ativamente cultivadas nas bordas das voçorocas, remoção de camadas mais
resistentes e compactação, acelerando a perda de solos pela concentração do fluxo
d’água diretamente nas áreas mais susceptíveis, as expostas, causando instabilidade nas
voçorocas (SAMPAIO et al., 2016).
Muitas vezes a recuperação de processos erosivos como as voçorocas se torna
inviável por suas proporções e complexidade; sendo assim, a prevenção é tida como
uma das principais formas de se lidar com este problema ambiental (SILVA, 1990).
Porém, em países em desenvolvimento como o Brasil, este tipo de abordagem ainda é
negligenciado e impraticado (SAMPAIO et al., 2015). Ainda, a complexidade na
recuperação destes processos erosivos pode estar relacionada a uma maior compreensão
da interligação e potencial ampliação entre voçorocas, em uma visão não linear e
coletiva dos processos, o que necessita ser melhor estudado.
Os Sistemas de Informações Geográficas (SIG) são uma excelente ferramenta
para avaliação preliminar de processos erosivos; utilizando softwares como o
ArcMap™, é possível se ter uma visualização e compreensão de quais características
ambientais podem predominar para o agravamento dos processos (SAMPAIO et al.,
2013). Sendo assim, observando a necessidade de estudos para complementação de base
de dados para corretas utilizações futuras em relação à conservação do solo e
recuperação de áreas degradadas por processos erosivos, o presente trabalho tem por
finalidade avaliar estes processos na bacia do Córrego do Forro, localizada no
município de Conceição da Barra de Minas (MG), estudando o elevado número de
voçorocas na bacia em relação às características ambientais da área.
2. Materiais e Métodos
Raster
Reclassif Declivida Raster reclassificado
Reclass
y de Inicial nos intervalos
desejados
Shapefiles
das curvas
3D Raster Raster do
Topo to de nível,
Analysi Interpolatio MDE modelo digital
Raster hidrologia e
s Tools n de elevação
pontos
cotados
3. Resultados e Discussão
Os mapas da bacia do Córrego do Forro elaborados com a utilização dos
programas Esri® ArcMap ™ 10.1 e Google Earth Pro (versão 7.1.7.2606) são
apresentados nas Figuras 1, 2, 3 e 4. Na Figura 1, observa-se que na bacia do Córrego
do Forro tem-se um total de 12 voçorocas e, em sua grande maioria, estão associadas a
cabeceira de drenagem.
Na Figura 1, também é possível verificar as diferenças existentes entre a imagem
obtida em 1975 e em 2016. Essa diferença refere-se principalmente ao tracejado das
estradas locais e ao aumento do número de residências na área rural. Além disso, alguns
detalhes devem ser destacados: existem diferenças no traçado das vias, principalmente
próximos aos limites da bacia, que ocorreram devido à presença das voçorocas, que
provavelmente não existiam no ano de 1975. A única via que se manteve foi à estrada
principal; na Figura 1 boa parte desta via fica sobreposta pelas estradas de terra atuais,
porém as rotas antigas foram alteradas para melhorar o acesso à área urbana. Esse,
inclusive, pode ter sido um fator preponderante no surgimento das voçorocas, pois
Ferreira (2005) evidenciou que na região um dos principais condicionantes dos
processos erosivos, foi à concentração do fluxo da água causado pela abertura de
estradas rurais irregulares, as quais são compactadas e não tem um sistema adequado de
drenagem.
Figura 1 – Distribuição das voçorocas, estradas e residências na bacia do Córrego do
Forro (modificado de IBGE, 1975 e Google Earth Pro, 2016).
A partir dos dados da Figura 4, foi possível obter um porcentual de área recoberta
por cada uma das classes de declividade. Esses percentuais estão representados na
Figura 5.
Figura 4- Mapa das classes de declividade da bacia do Córrego do Forro.
4. Conclusões
A partir das análises realizadas, foi possível relacionar diretamente o impacto
antrópico com a presença das várias voçorocas na bacia do Córrego do Forro. Além
disso, a maior faixa de declividade da região (de 8-45%) observada pode levar à
consideração do relevo de ondulado a fortemente ondulado, o que, combinado aos
fatores supracitados e ao direcionamento do fluxo às voçorocas, amplia as condições
para que os processos erosivos se intensifiquem.
Os mapas apresentados e as informações discutidas podem ser utilizados para
prevenção e recuperação de áreas degradadas na bacia do Córrego do Forro: estas
informações podem ser úteis na gestão do uso do solo, no sentido de serem consideradas
as características ambientais desfavoráveis, tanto para expansão das residências e
estradas, quanto para a agricultura, a fim de se evitar o aumento da degradação do solo
por processos erosivos. Os dados obtidos podem ser usados para elaborar projetos de
drenagem e de contenção de sedimentos, por exemplo, no tocante à recuperação das
voçorocas.
5. Agradecimentos
6. Referências Bibliográficas
RESUMO
ABSTRACT
The experiment aimed to evaluate the influence of swine waste in the chemical and
physical attributes at a Tipycal Distrofic Red Latosol. We carried out the experiment in
the greenhouse of the Agronomy, Veterinary Medicine and Animal Science Faculty, of
the Federal University of Mato Grosso (UFMT). The soil was collected at Mato Grosso
Federal Institute of Education, Science and Technology - São Vicente, MT, classified at
Tipycal Distrofic Red Latosol and swine waste from production farm of the same
Institute. The design for the experiment was completely randomized, in factorial design,
5 x 4, with three replications. After 120 days of the experiment implantation samples
were collected in the lysimeter depth, and using methodology of EMBRAPA (1997)
evaluated the chemical and physical characteristics. The waste, in general, influenced
the pH in the 0.10-0.20 m depth, where the rate of 60 m3 ha-1 applied showed the higher
average, and Ca had waste influence the 120 m3 ha-1 rate applied to 0.20-0.30 and 0.30-
0.40 m depths. According to the increase of the waste rates the physical variables,
macroporosity and total density, showed higher average for treatment without addition
of the waste, different from what occurred for the microporosity and total porosity, that
no addition of waste had lower averages for these variables. With respect to
macroporosity, the rate of 60 m3 ha-1 applied had the highest average for 0-0.20 m
depth. It follows that great influence occurs in chemical and physical properties of soil
ground, when swine waste was additioned, with respect to the amount applied and
evaluated in the different depth.
2 Material e métodos
pHH2O 6,02
pH
5,47
CaCl2
Al 1,54
H+Al 2,51
Ca+Mg cmol/dcm 3,1
Ca 3 1,1
Mg 2
Profundida P 3,37
de 0,0 - 0,20 K mg/dm3 2,46
m SB cmolc/kg 3,1
CTC
5,6
pH7,0
t efetiva 4,6
V% 55,4
m% 33,1
Argila 435
Silte g dm-3 100
Areia 465
pHH2O 6,17
pH
5,54
CaCl2
Profundida Al 2,3
de 0,20 -
H+Al 2,1
0,40 m cmol/dcm
Ca+Mg 2,1
3
Ca 2,1
Mg 0
P 1,29
K mg/dm3 2,37
SB 2,1
CTC
cmolc/kg 4,2
pH7,0
t efetiva 4,4
V% 50,1
m% 52,2
Argila 430
Silte g dm-3 40
Areia 525
pH 7,2 7,2
N total 2857,14 1987,2
N
104,0 89,4
amoniacal
P2O5 569,39 439,87
K2O 24,69 19,5
Ca g L-1 91,84 73,4
S 110,01 87,34
Zn 2,86 1,73
Cu mg L-1 1,22 1,13
Fe 55,71 53,79
Mn 0,82 0,76
B 4,98 4,28
Ni 0,2 0,15
Pb <0,04 <0,04
Cr <0,15 <0,15
Cd <0,004 <0,004
D g cm-3 0,984 0,794
Para a realização das análises dos resíduos foi feita uma coleta de 5
amostras simples para uma amostra composta, a qual foi embalada em frasco plástico e
enviada para laboratório particular para análises, seguindo metodologia proposta por
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento-MAPA (1988).
2.6.2 Avaliação das alterações dos atributos do solo após aplicação do resíduo
de suinocultura
3 Resultados e discussão
Figura 2 - Médias de cálcio (Ca, cmolc dm-3) e magnésio (Mg, cmolc dm-3) do LVd
submetido à aplicação de cinco diferentes doses de resíduo de suinocultura para cinco
profundidades amostradas. Barras seguidas da mesma letra, para uma mesma camada de
solo, indicam que não houve diferença significativa entre os tratamentos pelo teste de
Tukey a 5% de probabilidade.
Figura 3 - Médias de fósforo (P, mg dm3) e potássio (K, mg dm3) do LVd submetido à
aplicação de cinco diferentes doses de resíduo de suinocultura para cinco profundidades
amostradas. Barras seguidas da mesma letra, para uma mesma camada de solo, indicam
que não houve diferença significativa entre os tratamentos pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.
Figura 5 - Médias de troca de cátions (t efetiva, cmolc/dm3) e saturação por bases (V,
%) do LVd submetido à aplicação de cinco diferentes doses de resíduo de suinocultura
para cinco profundidades amostradas. Barras seguidas da mesma letra, para uma mesma
camada de solo, indicam que não houve diferença significativa entre os tratamentos pelo
teste de Tukey a 5% de probabilidade.
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620 p.
RESUMO
1INTRODUÇÃO
2MATERIAL E MÉTODOS
3RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 pH
3.2 Crescimento
S.
0,828±0,02a 1,088±0,04bA 1,024±0,03a 1,159±0,07bA 0,981±0,01a 1,115±0,10bB
subspicatus
Letras maiúsculas na mesma coluna indicam diferenças significativas entre Chlorella e
Scenedesmus. Letras minúsculas na mesma linha indicam diferenças significativas entre
os tratamentos TC e TI para a mesma espécie. As diferençasestatísticas
foramconsideradasa um nível de significância de 95% (p≤ 0,05) pelo teste de Tukey.
FONTE: os autores (2017).
De acordo com Vaz, Costa e Morais (2016) a exposição aos gases contendo
moléculas como óxidos de nitrogênio (NOx), podem inibir o crescimento microalgal.
Contudo, constatou-se que as microalgas avaliadas nesta pesquisa não foram
completamente inibidas por essa exposição.Ao contrário, as mesmas cresceram mais no
tratamento com a injeção de gases do que no tratamento controle, sem injeção.
A partir dos dados obtidos, contatou-se que as duas espéciesnão apresentaram
um padrão de produção de biomassa relacionado com a concentração de gases pois, para
ambas, a maior produção foi apresentada ao final do teste 2. Sobretudo, ao comparar S.
subspicatuscom C. vulgarisconstatou-se maior produção para a primeira (Fig. 2). Ao
realizar as análises estatísticas e comparar os tratamentos TI entre as espécies, foram
observadas diferenças na produção de biomassa apenas para o teste 3, em que o
crescimento de S. subspicatusfoi significativamente maior que C. vulgaris(Tab.1). Isto
pode indicar que S. subspicatusé mais tolerante.
FIGURA 2 – Produção de biomassa seca por Chlorellavulgaris(Cv) e
Scenedesmussubspictus (Ss) durante os testes de tolerância aos gases. A. Teste 1 – 5%
de CO2 (v/v) e 30 ppm de NOx (v/v). B. Teste 2 – 7% de CO2 (v/v) e 40 ppm de NOx
(v/v). C. Teste 3 – 10% de CO2 e 60 ppm de NOx.
FONTE: os autores (2017).
4 CONCLUSÃO
AGRADECIMENTOS
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M. C. S., Lima
RESUMO
Foi realizado um trabalho de recuperação de uma área de manguezal que havia sido
aterrado para construção de uma campo de futebol em uma área da Área de Proteção
Ambiental (APA) Costa dos Corais no município de Maceió-AL, Brasil com os
objetivos de avaliar o desenvolvimento de plântulas e propágulos de Rhizophora mangle
e Laguncularia racemosa, verificar a eficácia do uso de tela vegetal composta por palha
de coqueiro entrelaçada e revestimento vegetal de feijão-da-praia (Canavalia rosea)
para estabilização das encostas na área em estudo e verificar a viabilidade do
envolvimento da comunidade em projetos de preservação e recuperação ambiental. Para
a realização do trabalho foi feita a retirada da camada de solo compactada, foi realizado
o plantio de propágulos e plântulas com altura de 0,4 a 0,6 m e medição da altura e taxa
de sobrevivência destes por 1 ano e 6 meses. Após a realização dos estudos, foi
observada taxa de sobrevivência de 90% e altura média igual a 1,20 m após 18 meses,
além de observar a capacidade de recuperação do solo e o reincorporação da fauna
nativa na área de estudo. Os resultados e conclusões deste estudo são importantes para o
desenvolvimento de políticas de recuperação e preservação de ecossitemas costeiros,
especialmente em áreas de manguezais.
Palavras Chave: Áreas degradadas, aterro, Apa Costa Dos Corais, alta taxa de
sobrevivência
INTRODUÇÃO
A Política Nacional do Meio Ambiente, Lei 6.938/ 1981, em seu art. 2º, destaca a
importância da atividade de recuperação de áreas degradadas para preservação,
melhoria e recuperação da qualidade ambiental. A atividade de recuperação de áreas
degradadas tem a capacidade de reestabelecer serviços e bens ecologicos que estas áreas
disponibilizam para a humanidade. Segundo Nobre et al., (2009) o governo se encontra
cada vez mais preocupado em promover a recuperação de áreas de Reserva Legal (RL)
e Áreas de Preservação Permanente (APP). No entanto, apesar da importância de tal
atividade, poucos trabalhos têm sido realizados no Brasil, principalmente em áreas de
manguezais. Estudos mostram que somente cerca de 5% das áreas de manguezais no
Brasil foram recuperadas em 2010 e a maioria destas atividades não são monitoradas,
permanecendo não documentadas, ou se encontram fragmentadas ou resumidas
(Ferreira & Lacerda, 2016).
Desta forma, este trabalho tem como objetivo avaliar de recuperação de uma área de
manguezal que havia sido aterrado para construção de uma quadra de vôlei em uma área
da Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais no município de Maceió-AL, Brasil
observando a capacidade do estabelecimento de Rhizophora mangle e Laguncularia
racemosa (L.) Gaertn. em sedimentos da região. Este estudo também visa verificar a
eficácia do uso de tela vegetal composta por palha de coqueiro entrelaçada e
revestimento vegetal de feijão-da-praia (Canavalia rosea) para estabilização das
encostas na área em estudo e checar a viabilidade do envolvimento da comunidade em
projetos de preservação e recuperação ambiental.
MATERIAIS E MÉTODOS
Com base em observações nas condições da área e na intensidade do impacto, foi feita
uma recuperação induzida do manguezal, visto que tais condições indicavam que o
processo de regeneração natural se encontrava insuficiente na área em estudo.
Posteriormente a área foi isolada com cercas compostas por estacas de espaçamento 2x2
metros e cinco fios de arame farpado, impedindo a passagem de pessoas e animais.
Optou-se por realizar o experimento com plântulas de Mangue Branco (Laguncularia
racemosa (L.) Gaertn.) e propágulos e plântulas de Mangue Vermelho (Rizophora
mangle L.).
A área em recuperação apresentou taludes laterais de aproximadamente dois metros de
altura com risco de erosão. Para diminuir o risco de erosão e reduzir o depósito de
material areno-argiloso na área, foi criada uma cobertura do solo localizado nos taludes
laterais através da instalação de uma camada de palha de coqueiro entrelaçada,
protegendo o solo das intempéries provocadas por vento, chuva, movimento da maré e
ações físicas de animais ou pessoas que caminhem sob os taludes, conforme ilustrado na
Figura 3.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com a Figura 6, pode-se notar que as plântulas transplantadas sofreram, nos
três primeiros meses, um baixo crescimento que foi recuperada a partir do quarto mês
após o transplante, provavelmente devido a um assentamento das plântulas no terreno,
além da adaptação dos indivíduos às condições encontradas no local de estudo.
140
120
100
Altura média (cm)
80
60
40
20
0
0 100 200 300 400 500 540
Dias
O plantio das espécies Mangue Branco (Laguncularia racemosa (L.) Gaertn.) e Mangue
Vermelho (Rizophora mangle L.) gerou inúmeros beneficios para o solo da região, tais
como aumento de quantidade de matéria orgânica do solo, redução do grau de
compactação do solo, além de aumentar a incorporação de nutrientes através do
carreamento destes durante o aumento do nível da maré.
Além disso, a instalação da camada de cobertura dos taludes feita com palha de
coqueiro forneceu condições favoráveis de fixação e presença de matéria orgânica,
essenciais para a sobrevivência e germinação das sementes de feijão-da-praia
(Canavalia rosea), espécie nativa da região. Essa técnica forneceu condições favoráveis
para a estabilização geotécnica dos taludes, reduzindo consideravelmente a perda de
solo, permitindo a manutenção do fluxo natural dos corpos hídricos da região, a
reestruturação da condições originais do solo e a sobrevivência das mudas de Mangue
Branco e Vermelho plantadas na área. Após a realização do experimento houve o
surgimento de animais nativos na área em estudo, como caranguejos e insetos
polinizadores os quais realizam a incorporação de matéria orgânica e oxigênio,
transporte de sementes e promovendo a reprodução das plantas.
Foi possível observar tambem que o plantio das mudas de Mangue branco e Vermelho
gerou condições adequadas de abrigo para a fauna existente na área, além do surgimento
de espécies nativas secundarias na área. Indicando assim, que o processo de regeneração
do manguezal na área de estudo ocorreu de forma rápida e eficiente.
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AGROFLORESTAIS, Brasília/DF, Anais.
W. L. Biscaia1; L. T. Maranho1.
1
Universidade Positivo (UP), Rua Professor Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300,
Campo Comprido, CEP: 81280330, Curitiba – Paraná, Brasil.
e-mail: [email protected], (41) 9 8740-0803.
RESUMO
Esta pesquisa tem como objetivo avaliar a eficiência dos consórcios de microrganismos
obtidos da rizosfera de Alternanthera philoxeroides para a biorremediação do petróleo.
Para tanto, foram estabelecidos dois consórcios, estes submetidos a testes de degradação
em reatores contendo 25 mL de meio mineral e 1% (v/v) de petróleo, para cinco
intervalos de tempo. Para cada consócio foram estabelecidos dois tratamentos, controle
(TC), sem inóculo e inoculado (TI), com 108 células mL-1 de cada bactéria, ambos em
triplicata e incubados em shaker a 30 ºC e 150 rpm. Em cada intervalo analisou-se
temperatura, pH, condutividade elétrica e biomassa. Foram realizadas análises por
cromatografia a gás e avaliada a produção de biossurfactante. Para as análises
estatísticas foram utilizados os testes T Student e Mann-Whitney. Os microrganismos
apresentaram capacidade de biodegradar os compostos de petróleo para usá-los como
fonte de carbono em seu metabolismo. Os resultados demonstraram que os consórcios
C1 e C2 degradaram petróleo, com taxas de degradação de 51,84 e 28,80%,
respectivamente, comprovando a eficiência dos consórcios para a biorremediação do
petróleo. O Consórcio C2 demonstrou maior eficiência para a biodegradação do
petróleo, o que pode indicar sua futura utilização em processos como bioaumentação.
1 INTRODUÇÃO
2 MATERIAL E MÉTODOS
Foram definidos dois consórcios (C1 e C2) a partir de combinações feitas com
os cinco microrganismos selecionados. Para C1 foram utilizados os microrganismos
aqui denominados como 1, 2 e 3, e para C2 os microrganismos 1, 2, 3, 4 e 5. A partir
disso, foram realizados testes para verificar o potencial de degradação de petróleo de
cada consórcio, sendo que, para isso, foram preparados reatores em frascos de
Erlenmeyer de 250 mL para cinco intervalos de tempo (T0, T24, T48, T72 e T96 h),
sendo dois tratamentos, controle (TC) e inoculado (TI), cada um em triplicata.
Para o tratamento controle (TC) foram preparados reatores contendo 25 mL de
meio mineral (g L-1) (K2HPO4 - 0,5; (NH4)2SO4 - 0,5; MgSO4.7H2O - 0,5; FeCl3 -
0,01; MnCl2 - 0,001; ZnSO4 - 0,0001; CaCl2 - 0,01) adaptado de Déziel et al. (1996) e
1% (v/v) de petróleo conforme proposto por Rahman et al. (2002b) e Omotayo et al.
(2012). O segundo tratamento (TI) foi composto por 25 mL meio mineral, 1% (v/v) de
petróleo como a única fonte de carbono e 1 mL do inóculo de cada microrganismo
(concentração de 108 células mL-1). Estes procedimentos seguiram metodologia
proposta por Mishra et al. (2004). Posteriormente, os tratamentos foram incubados em
shaker a temperatura de 30 ºC e 150 rpm.
O petróleo utilizado para os testes é caracterizado como pesado e apresenta
características como: densidade relativa (20±4 ºC) 0,90; densidade (ºAPI) de 23,8,
acidez total de 1,02 (mg KOH g-1); teor de sal 202 (mg NaCl L-1); água e o conteúdo do
sedimento de 0,60%; hidrocarbonetos saturados 49,8%; hidrocarbonetos aromáticos
25,4%; resinas de hidrocarboneto 22,4% e 2,4% de asfaltenos.
Para cada intervalo de tempo (T0, T24, T48, T72 e T96 h) e tratamento (TC e
TI) foram analisados os seguintes parâmetros: temperatura (T) e pH em pHmetro
TCP01 (Onda Científica, Campinas, Brasil), condutividade elétrica (CE) em
condutivímetro Handylab LF11 (SI Analytics, Mainz, Alemanha) e produção de
biomassa por absorbância (DO610) em espectrofotômetro com comprimento de onda de
610 nm.
Além disso, com a finalidade de avaliar a competição entre os microrganismos,
para TI foram realizadas diluições seriadas de 10-2 a 10-6 em solução salina. As
alíquotas das diluições de 10-6 foram inoculadas em duplicata em meio ágar-nutriente e
incubadas em estufa a 30 °C. Após, realizou-se a contagem das Unidades Formadoras
de Colônias (UFCs) de cada microrganismo.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.2.1 Temperatura
Para o consórcio C1, a faixa média de temperatura variou entre 18,63 °C e 23,92
°C, enquanto que, para o consórcio C2, a temperatura média variou entre 18,85 °C e
22,33 °C. Para ambos os consórcios, a média de temperatura nos tratamentos controle
foi maior que nos tratamentos inoculados. As diferenças significativas para o consórcio
C1 foram registradas nos intervalos T24h e T48h, e para o consórcio C2, apenas em
T24h.
Para C1, a temperatura de 23,78 °C apresentada no intervalo T24h está associada
a maior produção de biomassa e maior condutividade elétrica, e para C2 esta relação foi
verificada também, para o intervalo T24h que apresentou uma temperatura de 20,33 °C.
Resultados obtidos por Rahman et al. (2002a), relatam que, tanto os
microrganismos isolados quanto os consórcios de bactérias apresentaram uma
degradação máxima de petróleo pesado em uma temperatura de 30 °C. Estes mesmos
autores relatam que a temperatura influencia a biodegradação de petróleo devido às suas
características físico-químicas.
3.2.2 pH
Tanto para o consórcio C1, quanto para o consórcio C2, foram registradas
diferenças significativas de condutividade elétrica para todos os intervalos de tempo
avaliados (Tab. 2), o que indica que ocorreu atividade microbiológica.
A condutividade elétrica está relacionada com a atividade fisiológica dos
microrganismos, uma vez que, de acordo com Atekwana et al. (2004), a biodegradação
de petróleo está associada a uma alta condutividade elétrica devido ao consumo de
nutrientes pelos microrganismos que resulta na formação de íons dissociados.
Do mesmo modo, Dong et al. (2013) afirmam que ácidos orgânicos e íons são
gerados durante o processo de degradação, o que promove um aumento na
condutividade elétrica do solo. Segundo Yan et al. (2016), a condutividade elétrica do
solo está associada com mudanças na composição da comunidade bacteriana.
A B
A
Figura 2 – Crescimento dos microrganismos (1, 2, 3, 4, e 5) dos consórcios C1 e C2
durante os diferentes intervalos de tempo. A. Consórcio 1. B. Consórcio 2.
Tabela 4 – Médias (±desvios-padrão) das áreas dos picos dos tratamentos TC (controle)
e TI (inoculado) do consórcio C1 e respectiva porcentagem de degradação do petróleo
durante o intervalo de tempo T24h.
CONTROLE CONSÓRCIO 1
TEMPO DE EFICIÊNCI Mann-
PICO MÉDIA ± DP MÉDIA ± DP A
RETENÇÃ
% Whitney
O (min)
12477,20 ±
1 6,680 6008,87±567,85 51,84 0,00824*
7381,51
47111,53±36859,5
2 11,350 25644,33±9182,21 45,57 0,68890
4
35990,48±25636,7
3 11,431 20807,25±5107,69 42,19 0,47120
9
51207,90±35936,3
4 11,505 29940,73±7362,02 41,53 0,57520
2
69655,07±47918,4
5 11,643 36194,93±15692,98 48,04 0,57520
2
41122,78±30850,9
6 12,255 25253,38±3179,09 38,59 0,93620
8
24300,80±18278,0
7 12,414 14720,83±2297,65 39,42 0,93620
1
58499,67±48420,6
8 12,999 32763,85±10028,87 43,99 0,68890
3
36233,85±29691,1
9 13,674 21819,28±3419,77 39,78 0,93620
4
25753,05±23427,7
10 14,630 16002,20±1942,49 37,86 0,68890
1
31398,93±27230,1
11 15,242 17892,35±1991,15 43,02 0,68890
1
47565,18±36621,8
12 17,150 25630,28±4586,87 46,12 0,29800
1
* Valores seguidos por asterisco apresentam diferenças significativas pelo teste Mann-
Whitney (p≤0,05).
FONTE: as autoras (2015).
Tabela 5 – Médias (±desvios-padrão) das áreas dos picos dos tratamentos TC (controle)
e TI (inoculado) do consórcio C2 e respectiva porcentagem de degradação do petróleo
durante o intervalo de tempo T24h.
CONTROLE CONSÓRCIO 2
TEMPO DE MÉDIA ± EFICIÊNCI
MÉDIA ± DESVIO Mann-
PICO RETENÇÃ DESVIO A
PADRÃO Whitney
O PADRÃO %
1 5,801 47684,67±6064,63 35505,87±7726,83 25,54 0,02024*
2 6,958 52121,03±5815,98 39227,25±7164,95 24,74 0,02024*
3 7,022 18657,10±1936,90 14058,72±2602,46 24,65 0,01307*
4 8,044 31374,10±3617,26 23541,33±3667,00 24,97 0,01307*
5 8,304 67986,13±8101,07 51067,58±7563,57 24,89 0,01307*
340396,83±29014, 257634,00±47569,8
6 10,449 24,31 0,01307*
00 9
136694,25±28781, 100039,32±16306,3
7 10,900 26,82 0,04533*
46 9
8 11,083 86594,35±11821,34 62086,88±18836,55 28,30 0,02024*
9 11,777 68756,38±9812,92 51606,77±9969,02 24,94 0,03064*
119916,13±17383,
10 12,645 88331,97±20726,60 26,34 0,03064*
38
102870,08±13653,
11 12,784 73242,35±20247,33 28,80 0,01307*
43
12 13,763 46368,53±5969,35 34003,88±7843,25 26,67 0,02024*
* Valores seguidos por asterisco apresentam diferenças significativas pelo teste Mann-
Whitney (p≤0,05).
FONTE: as autoras (2015).
4 CONCLUSÃO
A eficiência dos consórcios para a biodegradação de petróleo foi comprovada,
uma vez que os resultados indicaram atividade microbiológica durante os testes onde o
petróleo foi a única fonte de carbono. Isso corrobora com a hipótese de que os
microrganismos possuem a capacidade de biodegradar os compostos de petróleo para
usá-los como fonte de carbono em seu metabolismo.
As análises de cromatografia e produção de biossurfactante demonstraram que o
Consórcio 2 demonstrou maior eficiência para a biodegradação do petróleo, o que pode
indicar sua futura utilização em processos como bioaumentação.
AGRADECIMENTOS
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RESUMO
1.INTRODUÇÃO
Ao escolher espécies para a recomposição vegetal de uma área degradada deve-
se levar em consideração as estratégias de estabelecimento, crescimento e características
silviculturais de cada grupo de espécies (COELHO, 2013). Esses grupos podem ser
chamados de grupos ecológicos, e têm o fator luz como determinante para a
classificação das espécies.
A classificação ecológica permite conhecer os mecanismos relacionados às
respostas das plantas aos diversos tipos de distúrbios e descrever suas características
biológicas, além defacilitar a modelagem da dinâmica da floresta no processo de
sucessão, tendo aplicação direta na recuperação de áreas degradadas, conservação, e no
manejo sustentável (FERRAZ, 2004).
Segundo Campello et al. (2005), as espécies podem ter seu comportamento
sucessional bastante flexível, podendo ocupar diferentes grupos ecológicos em função
das variações das condições ambientais da região. No entanto, é importante observar o
papel de cada grupo na sucessão ecológica, visto que determinadas espécies atuam
como facilitadoras para outras mais exigentes.
A classificação de Budowski (1965), focada nas características de florestas
tropicais, propôs a divisão das espécies em: pioneiras, secundárias iniciais, secundárias
tardias e clímax. As pioneiras teriam um papel de recobrir inicialmente o solo, por
serem normalmente espécies de rápido crescimento, muito exigentes de luz, de ciclo de
vida curto, precoces para a maturidade e de ampla dispersão zoocórica; as secundárias
iniciais, também de crescimento rápido e intolerantes a sombra diferenciam-se das
pioneiras pelo seu maior porte em diâmetro e altura e pela maior longevidade; as
secundárias tardias, tolerantes a sombra no estádio juvenil, produzem madeiras leves a
moderadamente pesadas; e as clímaces crescem à sombra das pioneiras e secundárias,
pois tem o ciclo de vida longo e geralmente possuem maior valor madeireiro, devendo
ser protegidas para formarem o dossel superior e posterior para um maior
aproveitamento (MACIEL et al., 2003; CAMPELLO et al., 2005).
Neste contexto, a escolha de espécies da família Fabaceae Lindl. para
recuperação de áreas degradadas é uma opção bastante vantajosa devido a sua grande
diversidade de espécies com representantes em todos os grupos ecológicos. Além disso,
é importante econômica e ambientalmente por sua capacidade de dispensar quase
totalmente a adubação nitrogenada devido a simbiose com microrganismos fixadores de
nitrogênio, e pelo grande aporte de matéria orgânica ao solo, proporcionando melhoria
nas condições fisico-químicas e fertilidade de solos degradados. Essa característica é de
grande interesse principalmente para as espécies pioneiras por fornecerem auxílio e
estímulo ao desenvolvimento de outras espécies secundárias e clímaces associadas
(TORRES et al., 2016).
O grupo das Fabaceae Lindl. (Leguminosae) é a terceira maior família de plantas
das Angiospermas reunindo 727 gêneros e cerca de 19.325 espécies (LEWIS, 2005),
que ocupam os mais variados habitats e ocorrem em todo o território brasileiro,
representando a maior parte da diversidade florística no domínio da Floresta Amazônica
(DE AMORIM et al.2016). As Leguminosae são utilizadas para os mais diversos fins,
sendo as espécies florestais madeireiras de grande valor econômico, como por exemplo,
as dos gêneros Hymenaea L., Dipteryx Schreb. e Copaifera L.
Diante disso, o objetivo deste trabalho foi realizar um levantamento
bibliográfico de espécies florestais da família Fabaceae Lindl. com potencial para uso
em recuperação de áreas degradadas na Amazônia, classificando-as de acordo com os
grupos ecológicos a fim de auxiliar a modelagem de programas de recuperação de áreas
degradadas.
2. METODOLOGIA
O estudo iniciou com a pesquisa bibliográfica, onde foram realizadas buscas de
espécies florestais da família Fabaceae Lindl. utilizadas em recuperação de áreas
degradadas − em artigos científicos, livros e literatura especializada, originando uma
tabela. Os dados foram tabulados no programa Microsoft Excel 2010. Foram utilizados
os sites Mobot e o lista de espécies da Flora do Brasil para auxiliar nas correções
nomenclaturais das espécies.
Na segunda etapa da pesquisa, buscou-se os grupos ecológicos de cada espécie
encontrada, utilizando-se a classificação de Budowski (1965), que as divide em:
pioneiras, secundárias iniciais, secundárias tardias, e clímaces, e essas informações
também foram tabuladas e separadas por subfamília. As diferentes classificações
encontradas nas literaturas consultadas foram adaptadas para a classificação de
Budowski de acordo com características como: exigência de luz, altura máxima, ciclo
de vida, dispersão de sementes, qualidade da madeira e velocidade de crescimento.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram pesquisados mais ou menos 39 artigos e encontradas na revisão
bibliográfica 63 espécies florestais de Fabaceae Lindl. com potencial para uso em
programas de recuperação de áreas degradadas. O maior número de espécies
encontradas foi para o grupo das Pioneiras, um total de 22 espécies. O grupo das
secundárias iniciais apresentou 14 espécies; as secundárias tardias 21 espécies; e as
clímaces 6 espécies (Figura 1).
Dentre as espécies pioneiras mais eficientes para o recobrimento inicial do solo
pode-se citar Mimosa caesalpiniifolia Benth. (sabiá), quepor sua baixa exigência em
fertilidade e umidade dos solosadapta-se bem em áreas muito degradadas, onde tenha
havido movimentação de terra e exposição do subsolo(CARVALHO, 2003). O
Schizolobium parahyba var.amazonicum Huber ex Ducke (paricá), que desenvolve-se
bem em solos de áreas que já foram alteradas pelas atividades de agricultura e pecuária,
apresenta rápida germinação e crescimento, aos 4 anos já atingeem média 19 cm de
diâmetro e 12 metros de altura(DE SOUZA et al., 2003). Assim como o paricá, Senna
multijuga (Rich.) H.S. Irwin & Barneby (canafistula), possui rápida germinação e suas
mudas podem atingir 20 cm após 4 meses de semeadura, sendode grande importância
no sombreamento de espécies tardias devido a grande ramificação de seus galhos
(CARVALHO, 2004).
No grupo das Secundárias Iniciais, Anadenanthera colubrina var. cebil (Griseb.)
Altschul é importante por tolerar solos compactados e de baixa fertilidade e
pelaassociação simbiótica das raízes com bactérias do gênero Rhizobium, assim como
as espécies Cassia ferruginea (Schrad.) Schrad. ex DC. e Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F.
Macbr., contribuindo com a fixação de nitrogênio no solo(FARIA et al., 1984).
Dentre as espécies secundárias tardias encontradas na pesquisa, Copaifera
langsdorffii Desf. e Dipteryx odorata (Aubl.) Willd. destacam-se pela importância
ambiental de seus produtos não madeireiros, como as sementes, utilizadas na
alimentação e na industria farmacêutica para a produção de óleos, o que valoriza a
manutenção da floresta em pé (CARVALHO, 2009). As madeiras produzidas por
espécies deste grupo possuem diversas utilidades, como a de Parkia multijuga Benth.
própria para produção de papel e celulose e a de Abarema jupunba (Willd.) Britton &
Killip indicada para caixotaria e lenha (LORENZI, 1998).
As espécies clímaces, além de sua longevidade, são importantes da recuperação
de áreas degradadas por formarem o dossel superior e produzirem madeiras de melhor
qualidade, muito utilizadas na construção civil, como a Hymenaea stigonocarpa Mart.
ex Hayne que, além disso é bastante procurada pela fauna, parte essencial da
estabilidade ecológica (CARVALHO, 2007).
Clímax 6
Secundária Tardia 21
Secundária Inicial 14
Pioneira 22
4. CONCLUSÕES
A partir dos resultados observou-se a grande diversidade de Fabaceae que
podem ser utilizadas em recuperação de áreas degradadas, confirmando a importância
da família neste sentido na região Amazônica. Além disso, a diversidade de grupos
ecológicos da mesma permite a eficiência e facilidade na implantação de programas de
RAD com leguminosas.
Confirmou-se, também, a grande necessidade de estudos acerca da classificação
ecológica das espécies a serem utilizadas nesses programas, tendo em vista que o
comportamento sucessional das espécies são flexíveis, atentando características
ambientais de cada região, contribuindo, dessa forma, para a maior facilidade na
modelagem e na eficiência dos mesmos.
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LEVANTAMENTO DE ESPÉCIES DE LEGUMINOSAE COM MAIOR EFICÁCIA
NA FIXAÇÃO DE NITROGÊNIO
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
2. METODOLOGIA
Foi realizado um levantamento bibliográfico das espécies, nome vernacular e o
hábito em sites especializados, literaturas e artigos. Assim, com os dados obtidos, foi feita
a tabulação e um gráfico no Microsoft Excel 2010. Posteriormente, para a correção
nomenclatural e confirmações dos nomes científicos, foram utilizados sites especializados
como o Mobot e lista de espécies da Flora do Brasil.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
MIMOSOIDEAE
CAESALPINIOIDEAE
CAESALPINIOIDEAE 4
MIMOSOIDEAE 16
PAPILIONOIDEAE 33
4. CONCLUSÕES
A utilização da família Leguminosae na recuperação de áreas degradadas, na
adubação verde e em alternativas para uso do solo é essencial, pois o uso desta se deve à
característica especial que possuem em relação às outras plantas, que é a capacidade de se
associarem com microrganismos do solo, como bactérias fixadoras que transformam o
nitrogênio atmosférico em compostos nitrogenados assimiláveis pelos vegetais.
Neste trabalho, todas as subfamílias apresentaram espécies com grande eficiência
em realizar absorção de nitrogênio. Papilionoideae demonstrou grande diversidade de
espécies e de hábitos (ervas, lianas, arbustos e árvores), tornando esse grupo
importantíssimo em programas de recuperação de áreas degradadas. Por outro lado,
Caesalpinioideae apresentou apenas quatro espécies, indicando que há necessidade de se
realizar mais pesquisas com este grupo, concordando com Herendeen (2000) que afirma
que está subfamília é a menos estudada e compreendida dentre as leguminosas.
Assim, os dados desta pesquisa indicam que há a necessidade da realização de
trabalhos com o intuito de se investigar outras espécies de leguminosas que contribuam
com os programas de recuperação de áreas degradadas.
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RESUMO
INTRODUÇÃO
MATERIAL E MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Florística
Foram registradas 53 espécies na mata ciliar do Rio Aquidauana e por levantamento
bibliográfico há possibilidade de ocorrência de mais 46 espécies (FINA et al. 2012),
totalizando 99 espécies para a região (Tabela 1). O número de espécies ocorrentes na mata
ciliar é certamente superior, e com a continuidade do estudo, abrangendo uma extensão
maior do rio, novas espécies devem ser adicionadas à listagem.
A maioria das espécies registradas é do componente arbóreo (67,7%), que foi o
foco do presente estudo, mas também há registro de herbáceas (13,1%), arbustos (9,1%),
lianas (7,1%) e subarbustos (2,1%). A composição florística é mista, resultado da presença
de espécies típicas das margens de rios e espécies características de cerrado, formação
vegetacional adjacente à mata ciliar. Houve registro também de espécies exóticas, como foi
o caso de: flamboyant (Delonix regia), jambolão (Syzygium cumini), leucena (Leucaena
leucocephala) e malva-roxa (Urena lobata) (Tabela 1).
Apenas duas espécies encontram-se em algum grau de ameaça. Aroeira
(Myracrodruon urundeuva) por conta de sua ampla utilidade e exploração, foi incluída na
lista oficial do IBAMA como ameaçada de extinção (IBAMA 2008). As espécies
constantes no Anexo I desta Instrução Normativa são consideradas prioritárias para efeito
de concessão de apoio financeiro à conservação pelo Governo Federal e devem receber
atenção especial no contexto da expansão e gestão do Sistema Nacional de Unidades de
Conservação-SNUC, inclusive nos planos de manejo das Unidades de Conservação, bem
como nos planos de conservação ex situ conduzidos no âmbito dos jardins botânicos e
bancos de germoplasma brasileiros (IBAMA 2008). O cumbaru (Dipteryx alata) consta
como vulnerável na lista da IUCN em função da conversão dos habitats naturais em
agricultura e pela exploração de suas sementes, que resultou em massivo declínio
populacional (IUCN 1998).
As espécies registradas estão distribuídas em 39 famílias, com destaque para
Fabaceae (19 espécies), Rubiaceae (6 espécies), Bignoniaceae, Euphorbiaceae e Malvaceae
(5 espécies cada). Fabaceae (ou Leguminosae) como uma das famílias mais diversificadas
em número de espécies é esperado, uma vez que representa uma das maiores famílias de
Angiospermas e também uma das principais do ponto de vista econômico (SOUZA;
LORENZI 2005). No Brasil ocorrem cerca de 200 gêneros e 1500 espécies (SOUZA;
LORENZI 2005). Em levantamentos realizados em matas ciliares no estado, essa família
(considerando as três subfamílias) também se destacou em riqueza (BATTILANI et al.
2005, REYS et al. 2005, BAPTISTA-MARIA et al. 2009), sendo família representativa
também em matas ciliares de outros estados brasileiros (ROMAGNOLO; SOUZA 2000,
VAN DEN BERG; OLIVEIRA FILHO 2000, BRACKMANN; FREITAS 2013). Segundo
LEITÃO FILHO (1987), as famílias Fabaceae, Meliaceae, Rutaceae, Euphorbiaceae,
Lauraceae e Myrtaceae são muito representativas em florestas no Centro-Sul do Brasil.
Praticamente toda a área amostrada encontra-se fortemente antropizada, há trechos
com dominância de sarã-de-espinho (Celtis spinosa) ou de bambu (Guadua paniculata),
outros trechos encontram-se desprovidos de mata ciliar, ou compostos apenas de espécies
exóticas. Esta simplificação da mata ciliar, promovida pelo homem, é extremamente
danosa, tanto para a qualidade da água quanto para a fauna silvestre que depende das
plantas como fonte de alimento.
Utilidade
As plantas nativas do território brasileiro estão intimamente ligadas à história e
desenvolvimento econômico e social do nosso país. As florestas são, também, essenciais
para a sobrevivência da fauna de mamíferos das regiões do cerrado e da caatinga, provendo
refúgio, água e alimento (REDFORD; FONSECA 1986). Isso é corroborado pelo fato de
que 80% das espécies registradas apresentam algum tipo de utilidade conhecida (Tabela 1).
Mais de 50% das espécies produz frutos zoocóricos, sendo importantes para manutenção
da fauna silvestre local. Cerca de 32% são utilizadas como remédio na medicina popular,
por exemplo, gonçalo-alves (Astronium fraxinifolium) é utilizada contra diarréia, é
balsâmica, o fruto cáustico possui óleo que é utilizado contra calo, dor de dente e parasitas
da pele, a macaúba ou bocaiúva (Acrocomia aculeata) tem uso diurético, contra abcessos e
doenças respiratórias, laxante e febrífuga, o paratudo (Tabebuia aurea) é tido como um
santo remédio pelo pantaneiro, que a utiliza para problemas de estômago, fígado, vermes,
diabetes, febre, frieira e estimulantes, entre tantos outros usos (POTT; POTT 1994).
Tabela 1. Relação das famílias e espécies coletadas na mata ciliar do Rio Aquidauana, MS, Brasil. Uso: A - Artesanato, F - Frutos utilizados
pelo homem, FF - Frutífera para fauna, I - Industrial, L - Lenha, M - Madeira, O - Óleo, R - Remédio, T - Tanino, Grupo ecológico: P -
Pioneira ou secundária inicial, NP - Secundária tardia ou climácica, SB - Espécie de sub-bosque. Am - Espécie sujeita a algum grau de ameaça
segundo Ibama ou IUCN, ex - Espécie exótica.
Grupo
Famílias Espécies Nome popular Hábito Uso ecológic
o
Anacardiaceae Astronium fraxinifolium Schott Gonçalo-alves Arbóreo M, R P
Anacardiaceae Lithraea molleoides (Vell.) Engl. Aroeira-brava Arbóreo FF, L P
Am
Anacardiaceae Myracrodruon urundeuva Allemão Aroeira Arbóreo M, R P
Annonaceae Annona coriacea Mart. Araticum Arbóreo F, FF P
Annonaceae Xylopia aromatica (Lam.) Mart. Pimenta-de-macaco Arbóreo FF, I, R, L P
Apocynaceae Aspidosperma cylindrocarpon Müll. Arg. Peroba-rosa Arbóreo M NP
Arecaceae Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart. Macaúba Arbóreo F, FF, R P
Arecaceae Scheelea phalerata (Mart. ex Spreng.) Burret Acuri Arbóreo FF, R P
Subarbustiv
Asteraceae Eupatorium odoratum L. Assa-peixe o R P
Asteraceae Mikania micrantha Kunth Jasmim-do-campo Liana R P
Asteraceae Vernonia scabra Pers. Assa-peixe Arbóreo R P
Bignoniaceae Cuspidaria sp. - Liana - P
Bignoniaceae Jacaranda cuspidifolia Mart. Caroba Arbóreo R, O, A P
Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook. f. ex S.
Bignoniaceae Moore Paratudo Arbóreo R, M, O P
Bignoniaceae Tabebuia impetiginosa (Mart. ex DC.) Standl. Piúva-da-mata Arbóreo R, M, O P
Bignoniaceae Tabebuia roseoalba (Ridl.) Sandwith Piuxinga Arbóreo O P
Boraginaceae Cordia glabrata (Mart.) A. DC. Louro-preto Arbóreo M, L P
Bromeliaceae Bromelia balansae Mez Gravateiro Herbáceo FF, R SB
Cannabaceae Trema micrantha (L.) Blume Periquiteira Arbóreo FF, L P
Cannabaceae Celtis spinosa Spreng. Sara-de-espinho Arbóreo FF, M, L P
F, FF, M, L,
Caryocaraceae Caryocar brasiliense Cambess. Pequi Arbóreo R P
Grupo
Famílias Espécies Nome popular Hábito Uso ecológic
o
Clusiaceae Vismia guianensis (Aubl.) Pers. - Arbóreo - NP
Combretaceae Buchenavia tomentosa Eichler Tarumarana Arbóreo F, FF, L P
Combretaceae Terminalia brasiliensis Spreng. Amêndoa-brava Arbóreo L P
Dilleniaceae Curatella americana L. Lixeira Arbóreo M, L, FF P
Dilleniaceae Doliocarpus dentatus (Aubl.) Standl. Cipó-de-fogo Liana FF P
Erythroxylaceae Erythroxylum suberosum A. St.-Hil. Pimenteira Arbóreo FF P
Euphorbiaceae Alchornea castaneifolia (Willd.) A. Juss. Saran Arbustivo FF SB
Euphorbiaceae Croton urucurana Baill. Sangra-d'água Arbóreo R P
Euphorbiaceae Sapium haematospermum Müll. Arg. Leiteiro Arbóreo FF, M P
Euphorbiaceae Sapium hasslerianum Huber Leiterinho Arbóreo - P
Euphorbiaceae Sapium longifolium (Müll. Arg.) Huber Saran Arbóreo FF P
Fabaceae Albizia niopoides (Spruce ex Benth.) Burkart Mulateira Arbóreo M, L P
Fabaceae Albizia saman (Jacq.) F. Muell. Farinha-seca Arbóreo F P
Fabaceae Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan Angico Arbóreo M, R, T, L P
Fabaceae Anadenanthera macrocarpa (Benth.) Brenan Angico Arbóreo M, R, T, L P
Fabaceae Andira cujabensis Benth. Angelim Arbóreo FF, L NP
Fabaceae Bowdichia virgilioides Kunth Sucupira-preta Arbóreo R, L P
Fabaceae Calopogonium caeruleum (Benth.) C. Wright Feijãozinho-da-mata Herbáceo - P
Copaíba/
Fabaceae Copaifera martii Hayne guaranazinho Arbóreo F P
Fabaceae Delonix regia (Bojer ex Hook.) Raf.ex Flamboyant Arbóreo NP
Fabaceae Dimorphandra mollis Benth. Faveiro Arbóreo R P
M, F, FF, R,
Fabaceae Dipteryx alata Vogel Am Cumbaru Arbóreo L NP
Fabaceae Hymenaea courbaril L. Jatobá-mirim Arbóreo M, F, R P
Fabaceae Indigofera hirsuta L. Anileira-do-pasto Herbáceo - P
Fabaceae Inga uruguensis Hook. & Arn. Ingá-do-brejo Arbóreo F, FF P
Grupo
Famílias Espécies Nome popular Hábito Uso ecológic
o
Fabaceae Inga vera Willd. Ingá-de-pobre Arbóreo F, FF P
Fabaceae Leucaena leucocephala (Lam.) de Witex Leucena Arbóreo P
Fabaceae Lonchocarpus sericeus (Poir.) Kunth ex DC. Ingazeiro Arbóreo M, L P
Fabaceae Pterogyne nitens Tul. Bálsamo Arbóreo M, L P
Fabaceae Stryphnodendron obovatum Benth. Barbatimão Arbóreo R, T P
Lamiaceae Peltodon radicans Pohl - Herbáceo - P
Lamiaceae Vitex cymosa Bertero ex Spreng. Tarumã Arbóreo M, R, FF, F P
Lythraceae Cuphea melvilla Lindl. Sete-sagrias Herbáceo - SB
Lythraceae Lafoensia pacari A. St.-Hil. Dedaleira Arbóreo R, M, L P
Malpighiaceae Byrsonima coccolobifolia Kunth Murici-pequeno Arbóreo FF, L P
Malpighiaceae Mascagnia benthamiana (Griseb.) W.R. Anderson Cipózinho Liana - P
Malvaceae Eriotheca gracilipes (K. Schum.) A. Robyns Paina-do-campo Arbóreo P
Malvaceae Helicteres guazumifolia Kunth Rosquinha Arbóreo R P
Malvaceae Sterculia apetala (Jacq.) H. Karst. Mandovi Arbóreo F, FF NP
Malvaceae Urena lobata L. ex Malva-roxa Arbustivo P
Malvaceae Waltheria indica L. Douradinha Herbáceo R P
Melastomatacea
e Desmoscelis villosa (Aubl.) Naudin - Herbáceo - P
Melastomatacea
e Miconia prasina (Sw.) DC. - Herbáceo FF SB
Melastomatacea
e Mouriri guianensis Aubl. Roncador Arbustivo FF P
Melastomatacea
e Rhynchanthera dichotoma (Desr.) DC. - Herbáceo - SB
Meliaceae Guarea guidonia (L.) Sleumer Marinheiro Arbóreo FF P
Meliaceae Trichilia pallida Sw. - Arbóreo FF P
Moraceae Brosimum gaudichaudii Trécul Mama-cadela Arbóreo R, F, FF P
Grupo
Famílias Espécies Nome popular Hábito Uso ecológic
o
Moraceae Ficus enormis (Mart. ex Miq.) Mart. Figueira Arbóreo FF NP
Moraceae Ficus sp. Figueira Arbóreo FF NP
Myrtaceae Psidium guajava L. Goiaba Arbóreo F, FF P
Myrtaceae Eugenia biflora (L.) DC. - Arbustivo FF NP
Myrtaceae Eugenia egensis DC. - Arbustivo FF NP
Myrtaceae Psidium sp. Goiabinha Arbustivo FF -
Myrtaceae Syzygium cumini (L.) Skeels Ex Jambolão Arbóreo F, FF NP
Onagraceae Ludwigia nervosa (Poir.) H. Hara Cruz-de-malta Herbáceo - P
Onagraceae Ludwigia sp. Cruz-de-malta Herbáceo - P
Opiliaceae Agonandra brasiliensis Miers ex Benth. & Hook. f. Tinge-cuia Arbóreo M, FF, L NP
Piperaceae Piper aduncum L. Pimenta-de-macaco Herbáceo FF SB
Piperaceae Piper angustifolium Lam. Herbáceo FF SB
Poaceae Guadua paniculata Munro Bambu - M, A P
Polygonaceae Triplaris americana L. Novateiro Arbóreo O P
Rhamnaceae Rhamnidium elaeocarpum Reissek Cafezinho Arbóreo FF, L, M P
Rubiaceae Randia armata (Sw.) DC. Limoeiro-bravo Arbustivo FF SB
Rubiaceae Alibertia edulis (Rich.) A. Rich. ex DC. Marmelo Arbóreo F, FF P
Rubiaceae cf. Rudgea sp. - Arbustivo FF -
Rubiaceae Coussarea hydrangeifolia (Benth.) Müll. Arg. Arbóreo - P
F, FF, M, R,
Rubiaceae Genipa americana L. Jenipapo Arbóreo O P
Rubiaceae Psychotria carthagenensis Jacq. Arbustivo FF SB
Salicaceae Casearia sylvestris Sw. Chá-de-frade Arbóreo FF, R, L P
Sapindaceae Paullinia pinnata L. Cipó-cinco-folhas Liana R, FF P
Sapotaceae Pouteria glomerata (Miq.) Radlk. Laranjinha-de-pacu Arbóreo FF NP
Smilacaceae Smilax fluminensis Steud. Japecanga Liana R, FF P
Urticaceae Cecropia pachystachya Trécul Embaúba Arbóreo FF, R P
Grupo
Famílias Espécies Nome popular Hábito Uso ecológic
o
Subarbustiv
Urticaceae Urera aurantiaca Wedd. Urtiga o R, FF SB
Vitaceae Cissus erosa Rich. Cipó-de-arraia Liana - P
Vochysiaceae Qualea grandiflora Mart. Pau-terra-macho Arbóreo M, L P
Vochysiaceae Qualea parviflora Mart. Pau-terra Arbóreo P
Pouco mais de 24% das espécies são utilizadas como madeira, empregadas em
obras internas, confecção de caixotarias, vigas, cibros, moirões, móveis, etc. Cerca de
23% é utilizada como lenha, 17 espécies tem seus frutos ou sementes consumidos pela
população humana, alguns constituindo fonte de renda para a população local, como é o
caso do jatobá (Hymenaea courbaril), pequi (Caryocar brasiliense), cumbaru (Dipteryx
alata), entre outras. Outras utilidades reconhecidas para a flora nativa local encontram-
se listadas na Tabela 1.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGRADECIMENTOS
RESUMO
Introdução
Resultados e Discussão
Conclusão
Solanum cassioides, por sua elevada representatividade em uma área de Floresta
Ombrófila Mista Alto-Montana em estágio inicial de sucessão florestal, pode ser
considerada como de elevado potencial para a restauração de áreas perturbadas. Seu
potencial também se confirma pelo elevado estoque de indivíduos jovens na área. Além
disso, destaca-se a importância da espécie para atração da fauna dispersora.
Referências Bibliográficas
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EEUU. Flora Neotrópica, Nova York, EEUU, n.63: 1-175 pp. 1994.
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áreas de preservação permanente no Planalto Catarinense. Floresta Ambiente, v. 20, n.
2, p. 173-182. 2013.
GANDOLFI, S.; FILHO, H. DE. F. L.; BEZERRA, C. L. F. Levantamento florístico e
caráter sucessional das espécies arbustivo-arbóreas de uma floresta mesófila
semidecídua no município de Guarulhos, SP. Revista Brasileira de Biologia, v. 55, n.
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SALAMI, B.; DALLA ROSA, A.; NEGRINI, M.; BENTO, M. A.; BUZZI JÚNIOR, F.
Variação florístico-estrutural em resposta à heterogeneidade ambiental em uma Floresta
Nebular em Urubici, Planalto Catarinense. Scientia Forestalis, v. 42, p. 439-450, 2014.
RESUMO
Introdução
Material e Métodos
Resultados e Discussão
Conclusões
Referências Bibliográficas
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Forest Symposium: Introduction and Workshop Synthesis. In: Tropical montane cloud
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RESUMO
Sistemas agroflorestais biodiversos (SAFs) possuem grande potencial para a produção
de serviços ambientais e, consequentemente, a recuperação de áreas degradadas e
participação na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. Viabilizam, também, a
produção diversificada de alimentos e possibilitam a obtenção de renda contínua ao
longo do ano. Entretanto, os agricultores que possuem esses sistemas são compensados
de forma incipiente, face aos grandes benefícios que proporcionam à sociedade,
carecendo de compensações especiais. Nesse contexto, desenvolveu-se um estudo
visando identificar os principais serviços ambientais produzidos por SAFs, segundo a
percepção dos agricultores responsáveis, bem como identificar algumas possibilidades
de compensações especiais a esses agricultores, para estimulá-los a continuar investindo
nesses sistemas. O estudo foi desenvolvido na região Oeste do Brasil, durante os anos
de 2015 a 2017, envolvendo 40 propriedades rurais com SAFs, localizadas no Estado de
Mato Grosso do Sul e nas regiões Oeste de São Paulo e Noroeste do Paraná. Foram
realizadas visitas aos agricultores que possuem SAFs, ocasião em que foram realizadas
entrevistas com cada família responsável, utilizando-se um roteiro semiestruturado,
contendo questões abertas e fechadas. Também se procedeu a observação direta no
campo para aferir, conjuntamente, algumas informações repassadas pelos agricultores. A
identificação de possibilidades de compensações especiais aos agricultores que possuem
SAFs, baseou-se em levantamento bibliográfico sobre Pagamentos por Serviços
Ambientais (PSA). Os resultados obtidos evidenciam que os SAFs produzem grande
diversidade de serviços ambientais, demonstrando elevada importância em processos de
restauração ambiental, inclusive de áreas de reserva legal e de preservação permanente.
Também se identificou que há várias alternativas para compensações, por meio de PSA,
aos agricultores que possuem esses sistemas e prestam serviços ambientais à sociedade.
Porém, depende dos poderes públicos (federal, estaduais e municipais) compreenderem
a relevância socioambiental desses sistemas, conceberem e implementarem programas e
projetos com essa finalidade.
Materiais e métodos
O estudo foi desenvolvido na região Oeste do Brasil, durante os anos de 2015,
2016 e 2017, envolvendo 40 propriedades rurais com sistemas agroflorestais
biodiversos, com diferentes arranjos e idades de implantação, localizadas no Estado de
Mato Grosso do Sul e nas regiões Oeste de São Paulo e Noroeste do Paraná.
Os agricultores participantes da pesquisa foram indicados por representantes de
instituições de pesquisa, ensino e extensão rural; organizações não-governamentais e de
agricultores (sindicatos, associações e cooperativas), além de prefeituras municipais.
Foram realizadas visitas a agricultores de base familiar que possuem SAFs
implantados de 2 a 15 anos, durante as quais se realizou o levantamento das
experiências e estabeleceram-se diálogos com os atores responsáveis. Em cada unidade
produtiva foi realizada uma visita guiada, percorrendo-se todo o sistema agroflorestal e
outros sistemas adjacentes, acompanhada de um ou mais componentes da família,
objetivando conhecer cada um dos sistemas estudados.
Ao mesmo tempo, foi realizada entrevista com cada família responsável pelos
SAFs, utilizando-se um roteiro semiestruturado, contendo questões abertas e fechadas,
conforme descrito por Amorozo et al. (2002) e Richardson (2012).
A partir das informações prestadas pelos atores locais, foram levantados alguns
aspectos considerados mais relevantes, baseados em controles das atividades realizadas
ao longo do tempo, bem como do etnoconhecimento (COSTA, 2006). Também
procedeu-se a observação direta no campo para aferir, conjuntamente, algumas
informações repassadas pelos agricultores.
Na etapa seguinte, as informações foram tabuladas e processadas
eletronicamente utilizando-se o Software Statistical Package for the Social Sciences –
SPSS (MARTINEZ; FERREIRA, 2007).
Resultados e discussão
Na Tabela 1 são apresentados os resultados inerentes a serviços ambientais
produzidos por sistemas agroflorestais biodiversos, tais como: diversidade de espécies
arbóreas e arbustivas, de inimigos naturais, de polinizadores, da biota do solo e da fauna
silvestre; sequestro de carbono na biomassa vegetal; ciclagem de nutrientes; produção
local de materiais orgânicos para o solo; matéria orgânica do solo; recuperação da
fertilidade do solo; supressão do uso de adubos químicos sintéticos e de agrotóxicos;
infiltração de água no solo e de microclima local.
Tabela 1. Serviços socioambientais produzidos por sistemas agroflorestais biodiversos,
segundo a percepção dos agricultores responsáveis pelos agroecossistemas.
Serviços ambientais %
Aumento expressivo da diversidade 87,5
vegetal................................................................................
Aumento da diversidade de inimigos 82,5
naturais.............................................................................
Aumento de 80,0
polinizadores...........................................................................................................
Aumento da biota do 82,5
solo............................................................................................................
Presença da fauna silvestre no 87,5
sistema........................................................................................
Sequestro de carbono na biomassa 75,0
vegetal..................................................................................
Eficiente processo de ciclagem de 85,0
nutrientes..............................................................................
Produção local de materiais orgânicos para o 85,0
solo......................................................................
Aumento da matéria orgânica do 72,5
solo.........................................................................................
Supressão de processos erosivos do 85,0
solo.....................................................................................
Recuperação da fertilidade do solo (química e física) 75,0
................................................................
Supressão do uso de adubos químicos 92,5
sintéticos.........................................................................
Supressão do uso de 77,4
agrotóxicos.................................................................................................
Melhoramento expressivo na infiltração de água no 90,3
solo............................................................
Melhoria do microclima 92,5
local......................................................................................................
Serviços sociais %
Produção de alimentos diversificados, sem resíduos 82,5
químicos...................................................
Manutenção da família no campo, com qualidade de 92,5
vida..........................................................
Constatou-se aumento expressivo da diversidade vegetal nos SAFs, expresso por
87,5% dos agricultores envolvidos na pesquisa (Tabela 1). Ressalta-se que SAFs
biodiversos são constituídos por média a alta diversidade de espécies vegetais
(MORESSI, 2014; NASCIMENTO, 2016; VIVAN, 2010).
Em um estudo realizado nas cinco regiões do Brasil, Padovan e Cardoso (2013)
identificaram que o aumento expressivo da diversidade vegetal nos SAFs e a
manutenção da umidade do solo, durante maior tempo em relação ao início das
atividades nesses agroecossistemas, foram os serviços ambientais constatados e
expressos pela maioria dos agricultores, ou seja, 93% dos entrevistados.
Diversos estudos mostram que esses sistemas são semelhantes a capoeiras em
regeneração, quando se refere à diversidade de espécies arbustivas e arbóreas. Também
registram-se, predominantemente, o surgimento de diversas espécies nativas,
regenerando naturalmente. Tais características evidenciam o potencial desses sistemas
para recuperação de áreas degradadas (FROUFE; SEOANE, 2011; MORESSI, 2014).
Diversos autores enfatizam o potencial da biodiversidade presente em SAFs de
base agroecológica, no provimento de recursos genéticos vegetais para produção
agrícola e geração de renda e na conciliação da produção à conservação e melhoria
ambiental, destacando-se e Molina (2016), Moressi (2014) e Oliveira Junior e Cabreira
(2012).
Altieri (2009) enfatiza que é fundamental primar pela complexidade ecológica
dos agroecossistemas. O autor salienta que, quanto mais diversificados e integrados
forem os sistemas de cultivos, mais próximos estarão da sustentabilidade ambiental
desejada e possível.
Nessa mesma ótica, o aumento da diversidade de inimigos naturais é outro
serviço ambiental destacável, que foi identificado e ressaltado por 82,5% dos
agricultores (Tabela 1), que expressaram a satisfação por não identificarem a ocorrência
de “pragas e doenças” em níveis preocupantes nas culturas de interesse econômico nos
SAFs, devido ao controle natural dos organismos que se alimentam de plantas vivas. De
acordo com Souza (2012a) SAFs mais antigos e com menor manejo são mais eficientes
para conservar comunidades diversificadas e menos sujeitas a variações bruscas na
abundância e na composição relativa ao longo do tempo, favorecendo o equilíbrio
ecológico. Os autores desenvolveram um estudo no Distrito Federal, por meio do qual
constatou-se maior riqueza e diversidade de inimigos naturais em sistemas
agroflorestais, em relação a sistemas compostos por diferentes espécies de hortaliças.
O aumento de polinizadores nos SAFs também foi um serviço ambiental
observado e enaltecido por 80% dos agricultores. Martinez et al. (2012) ressaltam que a
complexidade ambiental influencia positivamente na performance de frutíferas, como o
maracujá, por exemplo, resultando em maior tamanho de frutos e do peso da polpa, em
função da manutenção da umidade e temperaturas mais constantes nesses
agroecossistemas. Os autores também ressaltam que existe aumento da produtividade,
uma vez que há maior riqueza e atuação dos polinizadores, pois nesses sistemas existe
grande diversidade de habitats para o estabelecimento desses organismos.
Os agricultores constataram grande aumento da biota do solo ao longo dos anos,
expresso por 82,5% dos entrevistados (Tabela 1). Padovan e Cardoso (2013)
identificaram que 89% dos agricultores ressaltam a expressiva melhoria da vida do solo
sob SAFs, a partir de um estudo envolvendo agricultores das cinco regiões do Brasil.
Em uma pesquisa desenvolvida no Estado de Mato Grosso do Sul, Heid et al. (2012)
identificaram maior diversidade da mesofauna, em dois SAFs com cinco anos de
implantação, comparando-se com sistemas de pastagens e culturas de ciclo anual, sendo
todos conduzidos sob manejo em bases agroecológicas.
Ressalta-se a importância dos organismos de solos em vários processos vitais
para a sua funcionalidade. Organismos humívoros, detritívoros, geófagos, rizófagos,
xilófagos, predadores e parasitas exercem uma diversidade de papéis no ambiente. Esses
organismos atuam em processos de decomposição de resíduos orgânicos e humificação,
mineralização de nutrientes; imobilização e mobilização de nutrientes; fixação de
nitrogênio atmosférico; estruturação do solo e controle de pragas e doenças, entre
outros, beneficiando os agroecossistemas como um todo (DEVIDE; CASTRO, 2008).
Com relação à presença da fauna silvestre nos SAFs, 87,5% dos agricultores
constataram a frequência (Tabela 1), principalmente da avifauna, mas também a
presença de roedores, mamíferos de várias espécies, entre outros. Em um estudo
desenvolvido durante dez anos no Estado de Mato Grosso por Tito et al. (2011), os
autores identificaram que os SAFs promoveram importante conexão com fragmentos de
vegetação nativa, facilitando a migração da fauna silvestre.
Dentre os agricultores participantes da pesquisa, 75% identificam que os SAFs
estocam grande quantidade de carbono na biomassa vegetal, principalmente pelas
espécies arbóreas e arbustivas (Tabela 1). Porém, essa percepção dos agricultores é
bastante variável. Padovan e Cardoso (2013) identificaram que somente 44% dos
agricultores entendem que os SAFs biodiversos estocam grandes quantidades de
carbono pelas plantas, uma vez que esses SAFs são compostos por espécies de
diferentes características e capacidades de crescimento, sendo algumas muito rápidas e
outras muito lentas. Entretanto, a produtividade primária líquida varia de 2,54 a 16,27 t
C ha-1 ano-1 em SAFs de 9 e 14 anos, destacando-se SAFs mais jovens, com melhor
performance no sequestro de carbono (BRANCHER, 2010). Nascimento (2016) ressalta
que há variações na quantidade acumulada de carbono pelas espécies arbóreas e
arbustivas nos SAFs, em função da composição, idade e arranjos estabelecidos, entre
outros fatores, porém predominam elevados acúmulos. Silva et al. (2014) constataram
maior acúmulo de carbono em um SAF de oito anos, do que em uma área de vegetação
nativa adjacente ao sistema.
Dentre os agricultores que participaram da pesquisa, 85 e 75%, respectivamente,
verificaram supressão total de processos erosivos, bem como a recuperação da
fertilidade do solo (química e física), além de 72,5% que constataram aumento
expressivo da matéria orgânica do solo (Tabela 1).
Padovan e Cardoso (2013) ressaltam que nesses sistemas forma-se boa cobertura
do solo com a serapilheira, em função da produção contínua de grande quantidade de
materiais orgânicos, destacado neste estudo por 85% dos agricultores, conforme
apresentado na Tabela 1. Ressalta-se, também, a diversidade, a alta densidade e
profundidade das raízes das plantas, que compõem esses sistemas, resultando em
dinâmica e eficiente ciclagem de nutrientes, relatado por 85% dos participantes desta
pesquisa (Tabela 1); soma-se a isso a melhoria da estruturação do solo e de seus
atributos químicos e físicos.
Como uma das consequências, ocorre a supressão do uso de adubos químicos
sintéticos, relatada por 92,5% dos agricultores, neste estudo (Tabela 1). Conforme
depoimentos dos agricultores, quando iniciaram os SAFs, a maioria já era adepta ao não
uso desse insumo; uma pequena parte utilizou na implantação e foi reduzindo até
suprimir totalmente. Já a adesão pela supressão do uso de agrotóxicos foi relatada por
77,4% dos agricultores (Tabela 1), sendo que os demais restringem ao uso de herbicida
em algumas áreas de SAFs jovens, representando redução drástica desse insumo, a
exemplo do que foi constatado por Padovan e Cardoso (2013).
Esses processos integrados (ciclagem de nutrientes, produção contínua de
materiais orgânicos, cobertura do solo, ação das raízes das plantas, aumento da matéria
orgânica do solo, entre outros) atuam sinergicamente para a melhoria da qualidade do
sistema solo. Silva et al. (2012) identificaram aumentos nos estoques de nitrogênio,
fósforo, potássio e magnésio da serapilheira nos sistemas agroflorestais, assemelhando-
se aos estoques da mata e superior em relação aos estoques da área com culturas anuais.
Freitas et al. (2012) verificaram mudanças significativas na qualidade do solo
em um SAF de 21 anos de implantação, destacando-se: incremento nos teores de
matéria orgânica, menor densidade do solo e da resistência à penetração, comparado
com área de pastagem (mesma idade do SAF) e área de lavoura, desmatada há dois
anos.
Constatou-se, também, a capacidade de SAFs em recuperar e ou disponibilizar C
na solução do solo, sendo uma boa forma de utilização do solo, recomendada para
manter o C no ambiente terrestre (MARQUES et al., 2012).
Carmo et al. (2012) verificaram eficiente ciclagem de Manganês, Cobre, Boro e
Ferro no SAF, em razão dos teores adequados nas folhas da cultura de interesse
econômico, em um estudo envolvendo cafeeiro em SAFs e um sistema de cultivo
convencional de café. Tal fato pode ser justificado pelo aporte contínuo de material
vegetal ao solo que, após a decomposição libera micronutrientes para o solo e,
posteriormente, para absorção pelas plantas (PADOVAN; CARDOSO, 2013).
Nobre et al. (2012) constataram que a diversificação dos cultivos nos SAFs
influenciou no aumento da estabilidade dos agroecossistemas, em decorrência da
melhoria do equilíbrio biológico e da eficiente ciclagem de nutrientes, resultando na
supressão total de agroquímicos, bem como na menor dependência de insumos
orgânicos externos às unidades de produção.
A melhoria de atributos físicos do solo, a presença de boa cobertura pela
serapilheira e as raízes das espécies vegetais, se somam favorecendo a infiltração de
água no solo nos SAFs, o que foi relatado por 90,3% dos participantes da pesquisa
(Tabela 1).
Em um estudo semelhante, Padovan e Cardoso (2013) identificaram que 89%
dos agricultores constataram expressiva melhoria na infiltração da água no solo ao
longo dos anos nos SAFs, e 93% testemunharam sobre a manutenção da umidade do
solo durante maior tempo, em relação ao início das atividades nesses agroecossistemas.
Os resultados inerentes à infiltração da água no solo constatado neste estudo e os
resultados registrados por Padovan e Cardoso (2013), mostram a capacidade desses
sistemas em alimentar o lençol freático e, consequentemente, as nascentes e os
mananciais superficiais de água.
O expressivo aumento da diversidade vegetal nos SAFs, que é uma característica
básica destacável desses sistemas, aliada à melhoria da estrutura do solo e de seus
atributos químicos, bem como relacionado à infiltração de água no solo, evidenciam o
potencial desses sistemas em recuperar APPs, principalmente, próximas a mananciais
superficiais de água e de nascentes.
Neste estudo, 92,5% dos agricultores relataram que houve grande melhoria do
microclima local nos SAFs (Tabela 1), semelhante ao que foi constatado por Padovan e
Cardoso (2013). Esse serviço ambiental tem um significado especial para os
agricultores, pois é facilmente detectável, à medida que as espécies arbóreas vão
crescendo. Ressalta-se, também, que o microclima mais estável, influencia na
performance das espécies vegetais cultivadas, que compõem os sistemas, ou mesmo nos
animais que estiverem sendo criados. Também afeta positivamente a biota do solo, a
dinâmica da umidade do solo, na evapotranspiração, entre vários outros processos.
A presença das árvores contribui para regular a temperatura do ar, mantendo-a
mais estável ao longo do dia, reduzindo os extremos climáticos, amenizando o calor ou
o frio, tornando o ambiente mais favorável à vida (NAIR, 1993). O autor salienta que o
microclima influencia na dinâmica da ciclagem de nutrientes, atuando na velocidade de
decomposição da biomassa e mineralização de nutrientes e, consequentemente, sobre a
disponibilidade de nutrientes para as plantas.
Souza (2012b) verificou que o SAF com cafeeiro reduziu a amplitude de
variação da temperatura média do ar, em relação ao cultivo de cafeeiro a pleno sol, e
atenuou as temperaturas máximas, apresentando potencial para mitigar localmente os
efeitos do aquecimento global.
Em um estudo realizado na região Oeste do Brasil, Padovan et al. (2016)
constataram que mais de 90% dos SAFs estão situados próximos às residências,
caracterizando-se como “quintais agroflorestais”. Assim, efeitos positivos desses
sistemas, como o microclima e a disponibilidade contínua de alimentos, por exemplo,
proporcionam intenso bem-estar às famílias, em função de atenuação de temperaturas
extremas, de ventos excessivos e viabilização de segurança alimentar e nutricional. Esse
fato foi corroborado neste estudo, em que 82,5% dos agricultores relataram a produção
de alimentos diversificados, sem resíduos químicos, como algo de grande relevância às
famílias, e 92,5% dos agricultores que participaram da pesquisa enfatizaram que os
SAFs contribuem significativamente para manutenção da família no campo, com
qualidade de vida (Tabela 1).
Padovan e Cardoso (2013) e Souza (2012a) ressaltam que a agricultura familiar
tem grande potencial para prestar serviços ambientais à sociedade por meio dos sistemas
agroflorestais biodiversos. Os autores enfatizam que é possível e viável compor
agroecossistemas complexos, capazes de produzir diversos serviços ambientais,
contribuindo para alcançar grandes objetivos locais, regionais e globais, como produção
de alimentos diversificados, para atender à segurança alimentar e nutricional das
famílias, bem como aos mercados locais. Acrescentam, ainda, que os SAFs podem
contribuir expressivamente para a conservação da biodiversidade, bem como à solução
de outros problemas ambientais, além da mitigação de efeitos das alterações climáticas.
Nesse sentido, Molina (2016), Nascimento (2016) e Oliveira Junior e Cabreira
(2012) destacam que, além da diversidade de serviços ambientais prestados pelos SAFs,
esses sistemas fortalecem as comunidades locais, contribuindo para o desenvolvimento
rural sustentável.
Entretanto, os agricultores que possuem esses sistemas são compensados de
forma incipiente, face aos grandes benefícios que proporcionam à sociedade. Há
necessidade de viabilizar compensações aos agricultores por esses resultados altamente
expressivos, como, por exemplo, o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), com
intuito de apoiar as experiências existentes, bem como estimular novas iniciativas a
serem implementadas com SAFs.
De acordo com Foleto e Leite (2011), o PSA consiste em compensar o agricultor
através de remuneração, desconto em impostos, abatimentos em juros de
financiamentos, facilidades de acesso ao crédito e na comercialização da produção
oriunda de propriedades, entre outras formas, devido à manutenção dos serviços
ambientais. Os autores ressaltam que esses “instrumentos” de compensação aos
proprietários que prestam serviços ambientais, são de extrema relevância, pois exercem
funções inestimáveis e imprescindíveis à sociedade, para a qualidade da vida na Terra.
O PSA é uma ferramenta fundamental para a formulação e avaliação de políticas
públicas orientadas ao desenvolvimento sustentável e à preservação dos recursos
naturais, por meio do qual busca-se subsidiar a tomada de decisão do poder público e da
sociedade civil sobre a gestão desses recursos, apoiando iniciativas socioambientais
relevantes para a sociedade (NASCIMENTO et al., 2013).
No contexto mundial, Costa Rica destaca-se como pioneira na concepção e
implementação de mecanismos financeiros para serviços ambientais prestados por
proprietários de bosques, bem como àqueles que possuem SAFs biodiversos. O
programa FONAFIFO - Fundo Nacional de Financiamento Florestal, foi criado em
1996, por meio do qual reconhecem-se quatro tipos de serviços ambientais: a mitigação
das emissões de gases com efeito de estufa; a proteção da água para fins urbanos, rurais
ou hidrelétricas; a proteção da biodiversidade para conservação e uso sustentável e a
proteção dos ecossistemas, modos de vida e beleza natural para o turismo e científico
(FAVRETTO et al., 2012; FOLETO; LEITE, 2011).
Além disso, em Costa Rica criou-se uma taxa que incide sobre o consumo de
água e gasolina no país e a arrecadação é revertida aos proprietários de florestas nativas
ou plantadas; os prestadores de serviços ambientais recebem cerca de US$ 80, a cada
hectare de área preservada ao ano (FAVRETTO et al., 2012).
No México, em 2006, foram implementados os programas de Pagamento por
Serviços Ambientais: Serviços Hidrológicos (PSAH) e Carbono, Biodiversidade e
Agrossilvicultura (CABSA), no Município de Coatepec, Veracruz. Foi estabelecido um
fundo de confiança entre os consumidores de água, o qual premiava produtores rurais
que realizavam o manejo florestal sustentável e asseguravam a cobertura florestal, em
áreas de recarga da bacia hidrográfica; o pagamento foi realizado com base na
pontuação do projeto em cada propriedade, de acordo com critérios predefinidos
(FAVRETTO et al., 2012).
No Brasil, a implantação de mecanismos de PSA ocorre em áreas inundadas por
reservatórios, para a geração de energia elétrica, áreas de florestas nativas,
reflorestamentos, sistemas agroflorestais, áreas de reserva legal e preservação
permanente. A abordagem da preservação de recursos ambientais é relativamente
recente, em meados da década de 1980, e nos últimos anos vem se intensificando com a
realização de eventos científicos visando compartilhar novos conhecimentos e
consolidar conceitos nesta área, com intuito de subsidiar novas iniciativas (PORRO;
MICCOLIS, 2011).
Guedes e Seehusen (2011) identificaram 33 projetos e programas de PSA
envolvendo estoque de carbono, voltados ao Bioma Mata Atlântica, implementados nos
Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Bahia, Minas Gerais, Santa Catarina e
Rio Grande do Sul. Esses projetos e programas compreendem financiamentos para
implantação de sistemas agroflorestais, monitoramento, certificação e pagamentos por
serviços ambientais.
A maioria desses projetos promove reflorestamentos e a implantação de SAFs
em terrenos particulares, onde os proprietários se disponibilizam a participar do
programa para dedicar parte da propriedade a esta finalidade. Entre eles, destacam-se os
projetos: Carbono; Biodiversidade e Comunidade; Brasil Mata Viva; Recomposição da
Paisagem e SAFs (Café com Floresta); Florestas do Futuro; Ações Ambientais
Sustentáveis no Recôncavo Sul Baiano; Projeto Carbono Muriqui; Projeto de Sequestro
de Carbono; Mapa dos Sonhos do Pontal do Paranapanema; Plantando Água; Consórcio
de Formação Agroflorestal em Rede na Mata Atlântica; Corredores Florestais na Mata
Atlântica, além do Projeto Floresta Viva e Reserva Ecológica de Guapiaçu. Nos projetos
agroflorestais privilegiam-se ações de regeneração e recuperação florestal (GUEDES;
SEEHUSEN, 2011).
Dentre as possibilidades de compensações aos agricultores no Brasil, pode-se
destacar o Programa Produtor de Água, da Agência Nacional de Águas (ANA), que
remunera proprietários de terras que preservam suas propriedades nas bacias
hidrográficas do Rio Guandu, RJ e do Rio Jaguari, MG e nas microbacias do Rio
Moinho, do Rio Cancã e de Nazaré Paulista, SP. Esse programa apoia, orienta e certifica
projetos que visam à redução da erosão e do assoreamento de mananciais, a recuperação
e proteção de nascentes, e o reflorestamento com sistemas agroflorestais em áreas de RL
e APP, proporcionando a melhoria da qualidade e regularização da oferta de água
(CHIODI et al., 2013).
Outra forma de compensação financeira é através do Programa Ecocrédito, em
Montes Claros, MG, na região Sudeste do Brasil, que estabelece um crédito ambiental
para incentivar produtores rurais a preservarem e recuperarem áreas de relevante
interesse ambiental em suas propriedades, como: nascentes, matas ciliares, matas
originais, áreas de recargas e realizar reflorestamento com sistemas agroflorestais
(BERNARDES; SOUSA JÚNIOR, 2010; FOLETO; LEITE, 2011).
Destaca-se, também, o Projeto Oásis, nos mananciais da Região Metropolitana
de São Paulo, criado pela Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, no final de
2006. É caracterizado como um projeto de pagamentos por serviços ecossistêmicos, por
meio de contratos de premiação financeira de áreas protegidas, que valoram serviços
ambientais, como o armazenamento de água no solo, controle de erosão, manutenção da
biodiversidade e da qualidade da água (BERNARDES; SOUSA JÚNIOR 2010).
Com base no potencial de PSA, o Estado do Amazonas implementou uma
política denominada Programa Bolsa Floresta, com o objetivo de valorizar as florestas e
também gerar emprego, renda e promover a conservação ambiental. Visa combater a
pobreza e mitigar os efeitos das mudanças climáticas, por meio do desenvolvimento de
sistemas agroflorestais para a agricultura familiar (PORRO; MICCOLIS, 2011).
Os valores definidos para as compensações financeiras aos agricultores pelos
serviços ambientais são diferenciados entre propriedades, com base nas características
dos serviços verificados. A maioria dos projetos oferece pagamento mensal ou anual
para as famílias que aderem aos projetos. Como por exemplo, o Projeto Carbono
Seguro, que paga R$ 256,00 ha-1 ano-1 (GODECKE et al., 2014).
O Programa Bolsa Verde, estabelecido no Estado de Minas Gerais, proporciona
incentivos financeiros a proprietários rurais que desenvolvam ações de recuperação,
preservação e conservação de áreas necessárias à proteção da formação de matas
ciliares. Agricultores familiares e produtores rurais, cuja propriedade tenha área de até
quatro módulos fiscais, têm prioridade para o recebimento de compensações financeiras
(FOLETO; LEITE, 2011; SUPERTI; AUBERTIN, 2015).
O Estado de Santa Catarina, no ano de 2010, instituiu a Política Estadual de
Serviços Ambientais e regulamentou o Programa Estadual de Pagamentos por Serviços
Ambientais (PEPSA), o qual é composto por três subprogramas: Unidades de
Conservação, Formações Vegetais e Água (GJORUP et al., 2016).
O Município de São Paulo instituiu a Política de Mudanças Climáticas, a qual
prevê o princípio do “protetor-receptor”, segundo o qual são transferidos recursos ou
benefícios para as pessoas ou comunidades que auxiliem na conservação do meio
ambiente, garantindo que a natureza preste serviços ambientais à sociedade
(GODECKE et al., 2014).
No Município de Campo Grande, MS, instituiu-se o programa Manancial Vivo,
que prevê PSA realizada nas Áreas de Proteção Ambiental dos Córregos Guariroba e
Lajeado, localizados no Município de Campo Grande, MS. Este programa prevê
pagamentos aos produtores rurais que, por meio de práticas de manejos
conservacionistas e da melhoria na distribuição da cobertura de vegetação nativa na
paisagem, contribuam para o aumento da infiltração de água no solo e ao controle da
erosão, sedimentação e incremento de biodiversidade, principalmente com foco nas
ARLs e APPs (GUEDES; SEEHUSEN, 2011).
O Programa Proambiente foi criado em 2000 pela sociedade civil, na Amazônia,
e incorporado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) para contribuir com práticas
menos impactantes em sua produção, através da não-utilização de agrotóxicos e a
implantação de SAFs. Previa o desenvolvimento socioambiental da produção familiar
rural na Amazônia, com o objetivo de compatibilizar a conservação do meio ambiente
aos processos de desenvolvimento rural, com aproveitamento social e econômico da
terra, sob baixos riscos de degradação ambiental. Beneficiou agricultores com a
facilidade de crédito rural e gestão dos sistemas sustentáveis de produção, além da
assessoria técnica e extensão rural; fortaleceu organizações sociais, certificou
propriedades rurais enquadradas no programa e remunerou serviços ambientais
(OLIVEIRA; ALTAFIN, 2008).
Outra política pública de compensação financeira pela prestação de serviços
ambientais é a “Reposição florestal”, voltada para empreendimentos madeireiros. Trata-
se de um mecanismo de fomento ao reflorestamento de áreas, seja através do
cumprimento de regras de manejo florestal ou do pagamento de uma taxa de reposição,
para financiar reflorestamentos em outras áreas. Além disso, contempla a isenção fiscal
a proprietários de Áreas de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN´s),
sendo um mecanismo que isenta do pagamento do Imposto Territorial Rural (ITR)
(OLIVEIRA; ALTAFIN, 2008).
Como linha de crédito para cobrir custos de implantação e manutenção de áreas
de reflorestamentos e com sistemas agroflorestais que privilegiem espécies arbóreas
nativas, criou-se o PRONAF Florestal (MAY; TROVATTO, 2008; PAGIOLA et al.,
2013). Entretanto, Padovan e Cardoso (2013) constataram que a maioria dos
agricultores que possuem SAF nunca acessou essa linha de crédito, pois há severos
problemas na operacionalização, como por exemplo, o desinteresse das agências
bancárias e de instituições que elaboram projetos de financiamentos em divulgá-lo.
Destaca-se, também, o Fundo Estadual de Recursos Hídricos do Espírito Santo
(FUNDÁGUA), destinado à captação e à aplicação de recursos, como um dos
instrumentos da Política Estadual de Recursos Hídricos, para dar suporte financeiro e
auxiliar à implementação de áreas de reflorestamento, através de compensações
financeiras (FOLETO; LEITE, 2011; GUEDES; SEEHUSEN, 2011).
O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) Ecológico é um
mecanismo de compensação orçamentária aos municípios que abrigam áreas protegidas
em seu território, e recebem parte dos recursos financeiros arrecadados com base em
critérios ambientais (GUEDES; SEEHUSEN, 2011; PAGIOLA et al., 2013). Sabe-se
que os montantes de recursos recebidos por centenas de municípios brasileiros
compreendem elevadas quantias de recursos financeiros, os quais poderiam ser, pelo
menos parcialmente, aplicados para apoiar agricultores em projetos de SAFs
biodiversos.
A seguir são indicadas algumas possibilidades de compensações aos agricultores
que possuem ou pretendem implantar sistemas agroflorestais biodiversos:
1) Pagamento de bolsas aos agricultores por área cultivada com SAFs biodiversos,
pautados em princípios agroecológicos;
2) Redução de Imposto Territorial Rural (ITR);
3) Redução e até isenção de Imposto sobre ICMS para produtos oriundos de SAFs
biodiversos;
4) Redução de juros em financiamentos para custeios e investimentos;
5) Desburocratização na operacionalização de linhas de crédito, como o Pronaf
Florestal e Pronaf Agroecologia e flexibilização para que contemple as
peculiaridades desses sistemas;
6) Priorização a agricultores que possuem SAFs em bases agroecológicas, para
comercialização da produção junto a programa institucionais, como o Programa de
Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar
(PNAE), entre outros;
7) Assistência técnica qualificada, seguindo dinâmicas que contemplem as
peculiaridades desses sistemas na orientação dos agricultores; e
8) Atendimento prioritário em bancos públicos.
Conclusões
Sistemas agroflorestais biodiversos concebidos, implantados e conduzidos em
bases agroecológicas, produzem grande diversidade de serviços ambientais,
demonstrando elevada importância em processos de restauração ambiental.
Tendo em vista as multifunções desempenhadas por SAFs em bases
agroecológicas, estes podem ser recomendados para restauração de áreas degradadas,
inclusive Reservas Legais e em Áreas de Preservação Permanente, incorporando-as à
produção de alimentos e geração contínua de renda.
Há várias alternativas para compensações, por meio de pagamento de serviços
ambientais, aos agricultores que possuem sistemas agroflorestais biodiversos e prestam
serviços ambientais à sociedade. Porém, depende dos poderes públicos (federal,
estaduais e municipais) compreenderem a relevância socioambiental desses sistemas,
conceberem e implementarem programas e projetos para tal.
Referências Bibliográficas
CHIODI, R. E.; SARCINELLE, O.; UEZU, A. Gestão dos recursos hídricos na área do
Sistema Produtor de Água Cantareira: um olhar para o contexto rural. Revista
Ambiente & Água, v. 8, n. 3, p. 151, set./dez. 2013.
GODECKE, M. V.; HUPFFER, H. M.; CHAVES, I. R.; O futuro dos pagamentos por
serviços ambientais no Brasil a partir do novo Código Florestal. Desenvolvimento e
Meio Ambiente, v. 31, p. 31-42, 2014.
RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. ver e ampl. 14. reimp.
São Paulo: Atlas, 2012.
SILVA, S. M.; BRITO, M.; SALOMÃO, G. B.; CARNEIRO, L. F.; PEREIRA, Z. V.;
PADOVAN, M. P. Estoque de carbono no solo em sistemas de restauração ambiental na
região Sudeste do Estado de Mato Grosso do Sul, Brasil. Cadernos de Agroecologia, v.
9, n. 4, 2014. 12 p.
RESUMO
Introdução
Um dos principais desafios para mitigar os efeitos da degradação tem sido a
restauração não só da estrutura, mas também do funcionamento de sistemas degradados.
Porém, esse processo só será viabilizado se os agricultores puderem agregar benefícios
econômicos e sociais aos ganhos ecológicos (ALTIERI; NICHOLLS, 2011).
Nesse contexto, a adoção de sistemas agroflorestais biodiversos (SAFs) pode ser
uma opção viável aos agricultores, destacando-se como importante aliada à melhoria da
sua qualidade de vida, em função da produção de alimentos diversificados, madeira,
produtos medicinais, entre outros, aliados ao bem-estar e saúde pública proporcionados
pela sombra, melhoria da umidade do ar e temperatura atmosférica, além da proteção
dos solos e dos mananciais de água, bem como benefícios sociais (ABDO; VALERI;
MARTINS, 2008; PADOVAN; CARDOSO, 2013).
Em um estudo realizado em São Paulo, Froufe e Seoane (2011) constataram que
o SAF biodiverso e multiextratificado possui diversidade de espécies vegetais
semelhante à capoeira em regeneração e também identificaram o ressurgimento de
diversas espécies nativas regenerando naturalmente, mostrando o potencial desses
sistemas para recuperação de áreas degradadas. Arato, Martins e Ferrari (2003), ao
avaliarem a produção de serapilheira em um sistema agroflorestal implantado para
recuperação de área degradada em Viçosa-MG, encontraram valores semelhantes aos
encontrados em florestas estacionais semideciduais da região Sudeste do Brasil,
indicando que o sistema vem se comportando como uma floresta nativa em termos de
dinâmica da serapilheira.
A eficiente ciclagem de nutrientes pelas espécies vegetais que compõem os
SAFs promove expressiva melhoria na fertilidade do solo. Num estudo envolvendo
SAFs de diferentes idades no nordeste brasileiro, Iwata et al. (2012) constataram
aumento dos teores de nutrientes e do pH do solo, além de redução dos teores de Al³+ e
H+, resultando em melhoria da qualidade química do solo.
Outro aspecto importante na composição de SAFs biodiversos refere-se à
utilização de espécies arbóreas leguminosas, visando à fixação biológica de nitrogênio e
disponibilização desse nutriente ao sistema solo. Estudos desenvolvidos por Resende et
al. (2013) evidenciam o grande potencial desse grupo de arbóreas em aportar
expressivas quantidades de N ao sistema a cada ano, o que é fundamental para a
autossuficiência desse nutriente nesses agroecossistemas.
Quanto ao sequestro de carbono pela biomassa vegetal, Brancher (2010)
constatou produtividade primária líquida de 2,54 a 16,27 t C ha-1 ano-1 em SAFs de 9 e
14 anos na Amazônia, destacando-se os SAFs mais jovens com melhor performance no
sequestro de carbono.
Os SAFs podem exercer importante papel no microclima. Em estudos
conduzidos em Minas Gerais, envolvendo sistemas de cultivo de cafeeiro a pleno sol
(SPS) e em SAFs, Carvalho (2011) e Souza (2012) verificaram que o SAF atenuou a
temperatura do solo em relação a SPS. O SAF reduziu a amplitude de variação da
temperatura média do ar em relação ao SPS e atenuou as temperaturas máximas,
apresentando potencial para mitigar localmente os efeitos do aquecimento global.
Em SAFs, o equilíbrio biológico também é favorecido em função da diversidade
de espécies vegetais que formam a base da biodiversidade. Em um estudo conduzido no
Distrito Federal, Souza (2012) identificou maior riqueza e diversidade de inimigos
naturais em sistemas agroflorestais, em relação a sistemas compostos por diferentes
espécies de hortaliças. O autor constatou que SAFs mais antigos e com menor manejo
demonstraram ser mais eficientes para conservar comunidades diversificadas e menos
sujeitas a variações bruscas na abundância e na composição relativa de indivíduos,
favorecendo o equilíbrio ecológico. Heid et al. (2012), num estudo desenvolvido em
Neossolo Quartzarênico, em Mato Grosso do Sul, identificaram maior diversidade da
mesofauna em dois SAFs de cinco anos, em relação a sistemas com pastagem e culturas
de ciclo anual, sob manejo orgânico.
A fauna silvestre também é atraída por SAFs biodiversos, em função da
disponibilidade de alimentos e abrigos. Tito, Nunes e Vivan (2011) constataram
expressiva presença da fauna silvestre em sistemas agroflorestais, acompanhados
durante dez anos, em Mato Grosso, promovendo importante conexão com fragmentos
de vegetação nativa.
Atributos físicos e químicos do solo são favorecidos pelos SAFs biodiversos.
Freitas et al. (2012) constataram num estudo realizado em Tocantins, que o SAF (21
anos de implantação) propiciou mudanças na qualidade do solo, tais como: menores
valores de resistência à penetração e densidade do solo, bem como maiores teores de
matéria orgânica e umidade mais constante do solo, comparando-se com área de
pastagem (mesma idade do SAF) e área de lavoura, desmatada há dois anos. Marques et
al. (2012), em estudo realizado na Amazônia Central, identificaram a capacidade de
SAFs em recuperar e ou disponibilizar C na solução do solo, sendo uma boa forma de
utilização do solo recomendada para manter o C no ambiente terrestre. Num estudo
desenvolvido no Sul de Minas Gerais, envolvendo cafeeiro em SAFs e um sistema de
cultivo convencional de café, Carmo et al. (2012) verificaram eficiente ciclagem de
micronutrientes (Fe, Mn, Cu e B) no SAF. Constatou-se teores adequados desses
nutrientes nas folhas do cafeeiro, podendo ser justificado pelo aporte contínuo de
material vegetal ao solo que, após a decomposição, libera os micronutrientes para o solo
e, posteriormente, para absorção pelas plantas.
Padovan e Cardoso (2013), em um estudo realizado nas cinco regiões do Brasil,
constataram grande quantidade de serviços ambientais produzidos por sistemas
agroflorestais biodiversos implantados por agricultores, destacando-se: aumento
expressivo da diversidade vegetal, de inimigos naturais, da biota do solo e de
polinizadores; eficiente processo de ciclagem de nutrientes; grande sequestro de
carbono na biomassa vegetal; microclima estável nos agroecossistemas; produção local
de grande quantidade de materiais orgânicos para o solo; expressivo melhoramento na
infiltração de água no solo; manutenção da umidade do solo por maior tempo; e
supressão da erosão do solo, entre outros. Esses resultados indicam o grande potencial
desses agroecossistemas para processos de adequação ambiental de propriedades rurais,
quanto à recomposição de Áreas de Preservação Permanente (APPs) e de Áreas de
Reserva Legal (ARLs).
A partir desses referenciais relatados, fica evidente a importância desses
agroecossistemas para processos de recuperação de áreas degradadas, mantendo-as
produtivas e gerando renda continuamente. Entretanto, produtores que possuem esses
sistemas e técnicos da assistência técnica veem dificuldades que afetam a sua ampla
adoção.
Nesse contexto, desenvolveu-se um estudo com o objetivo de identificar os
principais problemas enfrentados no cotidiano, as demandas mais relevantes de pesquisa
e de compartilhamento de informações, bem como outras ações estruturadas e/ou
políticas públicas que apoiem a adoção desses sistemas.
Material e Métodos
A pesquisa foi realizada nos anos de 2015 e 2016, envolvendo 90 agricultores e
11 técnicos oriundos do Estado de Mato Grosso do Sul e regiões Oeste de São Paulo e
Noroeste do Paraná.
Durante atividades coletivas envolvendo o tema (dias de campo, cursos,
seminários, visitas técnicas e feiras), esses atores foram abordados aleatoriamente e
convidados para participarem da pesquisa. Explicou-se a cada um os objetivos da
pesquisa, bem como a sistemática que seria adotada.
As informações foram obtidas por meio de entrevistas baseando-se em um
roteiro semiestruturado composto por questões abertas e fechadas, possibilitando que
questões que não estavam previstas, mas que seriam úteis durante a pesquisa, pudessem
ser acrescentadas (RICHARDSON, 2012).
Na etapa seguinte, as informações foram tabuladas e processadas
eletronicamente utilizando-se a Planilha Eletrônica BrOffice Calc 2.2 e o Software
Statistical Package for the Social Sciences – SPSS (MARTINEZ; FERREIRA, 2007).
Resultados e discussão
Os sistemas agroflorestais biodiversos são complexos. Assim, compreendem
arranjos e processos que geram dúvidas de como concebê-los e manejá-los, por
exemplo. Também tendem a gerar produção diversificada que, por um lado, é algo
louvável, mas por outro geram novos desafios aos agricultores. Ou seja, há várias
dificuldades para se trabalhar com esses sistemas, as quais são apresentadas na Figura 1,
segundo a percepção de agricultores e técnicos.
90 82 82
80 71 71
68
70 61 61
Porcentagem
57
60 50
46
50
40
30
20
10
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Uma das dificuldades mais citadas pelos agricultores e técnicos (82%) refere-se
à existência de poucos canais de comercialização, uma vez que os SAFs tendem a
produzir boa diversidade de produtos durante todo o ano e os canais mais estruturados
de comercialização são especializados em um único produto, como: laranja, soja, milho,
cacau, entre outros, dependendo da região.
Nesse sentido, a organização dos agricultores pode minimizar muito esse
problema, pois, ao juntar a produção, viabiliza-se maior escala de oferta de cada
produto, possibilitando a ampliação de canais de comercialização (NASCIMENTO et
al., 2016).
Outra dificuldade relatada por 82% dos participantes da pesquisa, envolve a falta
de orientação qualificada e em quantidade suficiente, o que desencadeia outras
dificuldades, como: falta de capacitação para trabalhar com SAFs, falta de acesso a
crédito especial, falta de credibilidade em SAFs biodiversos, baixa consciência dos
consumidores quanto aos produtos orgânicos, as quais foram elencadas por 68, 50, 46 e
71%, respectivamente.
Essas dificuldades também foram constatadas por Padovan e Cardoso (2013) e
Nascimento et al. (2016), como entraves para a ampla adoção de sistemas agroflorestais
biodiversos. Conforme relatado por 61% dos agricultores e técnicos participantes da
pesquisa, falta reconhecimento governamental da importância dos SAFs e das
peculiaridades e necessidades inerentes a esses sistemas (Figura 1). Porém, há
necessidade de posturas proativas dos governos (federal, estaduais e municipais)
concernentes à extensão rural, pois os agricultores necessitam continuamente de
acompanhamento técnico, especialmente, quando envolvem arranjos complexos de
espécies vegetais herbáceas, arbustivas e arbóreas, como ocorrem nos SAFs. Esses
agricultores carecem de profissionais para auxiliá-los na elevação da autoestima, para
que acreditem mais em suas capacidades de enfrentarem novos desafios e superá-los;
dependem da elaboração de bons projetos, que representem suas demandas e
contemplem suas especificidades, e que esses profissionais sejam interlocutores junto às
agências bancárias de crédito. Além disso, os profissionais da extensão rural podem
articular junto a diferentes setores da sociedade para, juntos, implementarem amplos
processos de conscientização sobre a qualidade da produção obtida em SAFs, em
função das técnicas, práticas e processos utilizados nesses sistemas.
Dentre os agricultores e técnicos que participaram da pesquisa, 57%
expressaram que a carência de agroindústrias cooperativas é um gargalo (Figura 1), pois
eles têm consciência da importância da agregação de valor, mas a maioria das famílias
que possuem SAFs não tem estrutura para agroindustrializar os produtos desses
sistemas, tendo que vendê-los in natura.
Ressalta-se que o processo de agregação de valor à produção é estratégico e,
dentre as alternativas para tal, a agroindustrialização destaca-se, pois possibilita a
inclusão social no meio rural e aumenta as possibilidades de obtenção de renda pelas
famílias agricultoras. Gazolla, Niederle e Waquill (2012) ressaltam que, em geral, as
agroindústrias cooperativas processadoras de alimentos possuem características que as
diferenciam das demais, pois agregam valores sociais, culturais e ecológicos. Os autores
complementam que predominam iniciativas, as quais operacionalizam em pequena e
média escalas, quando ligadas à agricultura familiar, e visam acessar mercados locais e
regionais, ou seja, privilegiando os canais curtos de comercialização.
A mão-de-obra insuficiente para trabalhar com SAFs representa importante
dificuldade, conforme relatado por 61% dos participantes da pesquisa (Figura 1). Esses
sistemas biodiversos requerem mais mão-de-obra dos que em sistemas monoculturais,
pois algumas atividades não são mecanizáveis. Em diversas situações, essa carência
impossibilita a expansão desses sistemas, mesmo quando os agricultores entendem que
são estratégicos para a segurança alimentar e obtenção de renda contínua (PADOVAN;
CARDOSO, 2013).
Nesse estudo, a constatação de baixo nível de organização dos agricultores,
expressado por 71% dos participantes da pesquisa (Figura 1), não representa uma
peculiaridade daqueles envolvidos com esses sistemas. Nesse contexto, Ferrari (2011) e
Nascimento et al. (2016) ressaltam que cooperação entre pessoas de interesses comuns
minimizaria grande parte das dificuldades enfrentadas no cotidiano, inerentes à
atividade, além de se fortalecerem, formando uma rede de diferentes atores que
investem na construção de relações harmônicas para o bem da coletividade.
A Figura 2 mostra as demandas de pesquisas e compartilhamento de
informações envolvendo sistemas agroflorestais biodiversos, as quais foram
apresentadas por agricultores e técnicos.
79 80
80 73 75 74
71
70 64 64 64
60
48
50
Porcentagem
40
30
20
10
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
90 82
79
80
75
71
70 61 61
Porcentagem
57
60
50
40
30
20
10
0
1 2 3 4 5 6 7
Conclusões
Os agricultores e técnicos veem diversas dificuldades para trabalhar com
sistemas agroflorestais biodiversos. A organização dos agricultores é uma importante
estratégia para ajudar a superá-las. Porém, há indicativos importantes às instituições de
assistência técnica e extensão rural, de pesquisa, de ensino e de crédito rural, para
incorporarem ações estruturadas em seus planos de trabalho, as quais deem respostas
concretas a essa realidade constatada, bem como às demandas identificadas.
Referências bibliográficas
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agricultura familiar: uma parceria interessante. Revista Tecnologia e Inovação
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fev. 2017.
RESUMO
A retenção hídrica é um condicionante fundamental para o desenvolvimento dos
processos de restauração. Este estudo avaliou a capacidade de retenção hídrica da
serrapilheira acumulada e suas implicações em ambientes com níveis de restauração
florestal espontânea distintos em sítios florestais em estágio de sucessão secundário, da
Mata Atlântica. As amostras (0,25cm x 0,25cm) foram coletadas no Parque Natural
Municipal do Curió, Paracambi-RJ, em fevereiro (mais chuvoso) e agosto (menos
chuvosos), em dois sítios florestais. A retenção hídrica foi avaliada segundo o método
descrito por Blow (1955), que utiliza os níveis máximos de saturação e esgotamento de
umidade em estufa, até atingir peso constante. A média total da capacidade de retenção
hídrica da serrapilheira foi de 227,08%, não foi encontrada diferença estatística entre os
sítios. Em relação às estações do ano, houve diferença entre os 236% para estação seca
(inverno) e 219 % para estação chuvosa (verão), evidenciando que a serrapilheira
apresenta capacidade de retenção hídrica distinta provocada pelos efeitos de
caducifoliedade das espécies do fragmento, podendo sugerir que os ambientes oferecem
condicionantes ambientais distintos, e que isto pode afetar os processos de sucessão,
principalmente em relação a germinação de sementes trazidas pelas fontes de
propágulos, importante fator de desenvolvimento da restauração passiva.
Introdução
Material e Métodos
Caracterização da área
Unidades Amostrais
Metodologia
Onde:
CRH - capacidade de retenção hídrica (%);
MU - massa úmida (g);
MS - massa seca(g).
Para avaliar as possíveis diferenças em relação aos ambientes e, também, entre
as estações, os dados foram analisados através de ANOVA pareada de dois fatores
(períodos - verão e inverno) processados no programa SPSS 15, obtendo as médias e os
coeficientes de correlação entre os tratamentos.
Resultados e Discussão
Sítios Estações
Verão Inverno Média (Sítios)
S.A 218,58 247,59 233.08a*
S.B 219,38 223,72 221.55a
Média (estações) 218.98A** 235.65B 227,32 (média total)
*As médias seguidas pela mesma letra minúscula entre linhas não diferem entre si e as
**médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna não diferem entre si.
A maior CRH foi para o sítio A (S.A) no inverno (248%), segundo Mateus
(2015) indica que a água precipitada é segurada por mais tempo sobre a superfície do
solo, podendo facilitar a posterior germinação de sementes. No sítio A (S.A) no verão, o
provável efeito facilitador de germinação mostrou-se menos eficiente, já que a média da
CRH foi a menor.
Segundo Vallejo (1982) o tipo de material e o grau de decomposição, com
aumento da superfície específica, proporcionam maior retenção de água. A partir disso,
podemos inferir que a maior CRH para o período de inverno, pode estar associada com
o material predominante na serrapilheira dessa estação (espécies com maior aporte,
textura das folhas, tipo de material – folhas, galhos, frutos e grau de decomposição),
responsável por aumentar a capacidade de absorção e armazenamento de umidade.
As diferenças de CRH entre as estações podem estar relacionadas à diferença de
temperatura, precipitação e processo de decomposição, fatores que segundo Voigt e
Walsh (1976) estão relacionados ao fenômeno de absorção de umidade da serrapilheira
acumulada.
Conclusões
Referências Bibliográficas
BLOW, F. E. Quantity and hydrologic characterstics of litter under upland oak forests
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Köppen- Geiger climate classification. Hydrology and Earth System Sciences, v. 11,
p. 1633-1644, 2007.
¹Universidade Federal de Viçosa; Rua Pref. Nilson Batista Vieira 373, Bicas, MG,
Brasil; [email protected]; (32) 98861 1350
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
As Áreas de Preservação Permanente (APP’s) de zonas ripárias são definidas
pelo Código Florestal Brasileiro, como áreas protegidas localizadas nas margens de rios,
lagos e reservatórios e no entorno de nascentes, devendo ter a sua vegetação original
preservada (BRASIL, 2012). Como delimitado pela lei, uma vez que haja conversão
dessas áreas para o uso alternativo do solo, medidas a fim de recompor a vegetação
deverão ser cumpridas, com o objetivo de recuperar a função ecológica da área
(BRASIL, 2012). A condução da regeneração natural tem provado ser eficiente para
recuperação de ecossistemas alterados, principalmente em paisagens que mantenham
fragmentos florestais grandes como fonte de sementes (MARTINS et al., 2012;
MIRANDA NETO et al., 2014b; NORDEN et al., 2009; REZENDE et al., 2015;
RODRIGUES; MARTINS; BARROS, 2004; RODRIGUES et al., 2009; SILVA
JÚNIOR et al., 2004; VIEIRA; SCARIOT, 2006). Tal método de restauração ecológica
pode ocorrer por meio de quatro diferentes formas, simultaneamente: crescimento de
plântulas (banco de plântulas) e de indivíduos remanescentes; germinação de sementes
do banco de sementes do solo; rebrota de indivíduos a partir de raízes e rizomas e chuva
de sementes, via dispersão de diásporos (MARTINS, 2009; MARTINS et al., 2012).
O banco de sementes do solo (BSS) é responsável pela regeneração e
manutenção da estrutura e diversidade da vegetação após distúrbios naturais e
antrópicos (CALEGARI et al., 2013; GARWOOD, 1989; MARTINS et al., 2012),
sendo composto por um conjunto de sementes dormentes, enterradas na camada
superficial do solo (MARTINS et al., 2012; VIANI; RODRIGUES, 2008). A
composição e estrutura do BSS são influenciadas por fatores externos, relativos tanto às
vias de entrada, através da chuva de sementes e dispersão dos diásporos, quanto às vias
de saída, através da germinação, predação, doenças, perda de viabilidade, danos físicos
e fogo, constituindo-se em um sistema dinâmico e aberto (ALMEIDA-CORTEZ, 2004).
O estudo desses fatores auxiliam na compreensão das variações observadas na
diversidade, abundância e composição do BSS ao longo de gradientes ambientais, como
vegetações em diferentes estágios sucessionais (BAIDER; TABARELLI;
MANTOVANI, 2001; MIRANDA-NETO et al., 2010; ROOVERS et al., 2006;
WILLIAMS et al., 2008), bem como gradientes hidrológicos, com diferentes níveis de
inundação (BAO et al., 2014; CAPON; BROCK, 2006; GURNELL et al., 2007;
HANLON; WILLIAMS; MORIARITY, 1998; LU et al., 2010; SMITH et al., 2002;
STROMBERG; BOUDELL; HAZELTON, 2008; WILLIAMS et al., 2008).
A avaliação do BSS é empregada como uma importante ferramenta diagnóstica
do potencial de regeneração natural (CALEGARI et al., 2013; MARTINS, 2009;
MARTINS et al., 2008; MIRANDA NETO et al., 2014b; RODRIGUES; MARTINS;
BARROS, 2004). Assim, conhecer a heterogeneidade espacial e temporal do BSS na
paisagem, permite definir os fatores que influenciam a sua variação e, em última
instância, auxilia a elaboração de metodologias para acelerar o processo de sucessão
natural e recomposição da vegetação com espécies nativas da flora regional.
Os objetivos do presente estudo foram avaliar os efeitos do estágio de sucessão e
da inundação na composição, estrutura e diversidade do banco de sementes do solo,
bem como, avaliar o potencial de regeneração natural e propor estratégias de facilitação
dos processos de sucessão natural, para promover a restauração florestal na margem do
reservatório hídrico de uma usina hidrelétrica, na região serrana do estado do Rio de
Janeiro, Brasil.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. Área de estudo
Este estudo faz parte de um convênio firmado entre a empresa Brookfield
Renewable Energy e o Laboratório de Restauração Florestal da Universidade Federal de
Viçosa (LARF-UFV) através de interveniência da Sociedade de Investigações Florestais
(SIF-UFV). O estudo foi realizado na APP da margem do reservatório da Pequena
Central Hidrelétrica (PCH) Cajú, no rio Grande, um dos principais afluentes da margem
direita do rio Paraíba do Sul. O reservatório em questão localiza-se entre os municípios
de Santa Maria Madalena e São Sebastião do Alto, na Região Norte Serrana
Fluminense, no estado do Rio de Janeiro, Brasil.
De acordo com dados da Empresa de Extensão Rural do estado do Rio de
Janeiro, a vegetação original da região encontra-se profundamente modificada pela ação
antrópica, através da exploração agrícola e pecuária, atividades de longa data na região
(SEA, 2012). A cobertura do solo no entorno do reservatório é predominantemente de
pastagem com vários fragmentos pequenos e isolados de floresta secundária em estágios
inicial e médio de regeneração, sendo as principais fontes de diásporos de espécies
florestais para as áreas em sucessão secundária. O estudo foi realizado em três
ambientes, em diferentes estágios sucessionais, ao longo da margem do reservatório
(Figura 1).
Figura 1: Mapas de localização da área de estudo e dos pontos de coleta. FM: Floresta
em estágio médio, FI: Floresta em estágio inicial, PS: Pasto sujo.
2.2. Amostragem
Foram amostradas 20 parcelas de 2 x 2 m em cada um dos ambientes definidos:
Floresta em estágio médio (FM), Floresta em estágio inicial (FI) e Pasto sujo (PS),
totalizando 60 parcelas. Em cada ambiente, as parcelas foram alocadas de forma
sistemática, e divididas em dois transectos paralelos à margem do reservatório. Um
transecto foi alocado próximo à borda do reservatório, abaixo do nível de elevação
máxima da água, permanecendo inundado durante o período de cheia (transecto
Inundável - I) e o outro foi alocado mais distante da borda e acima do nível de elevação
máxima da água do reservatório (transecto Não Inundável - NI).
No centro de cada parcela foi excluída a camada de serapilheira não decomposta
e coletada uma amostra de solo de 0,30 x 0,30 m de área e 5 cm de profundidade. A
coleta foi realizado no mês de novembro de 2014 e as amostras foram acondicionadas
em sacos plásticos e levadas para a casa de sombra do Viveiro do Departamento de
Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG.
A avaliação do BSS foi realizada pelo método de emergência de plântulas
(BASKIN; BASKIN, 1998). As espécies identificadas foram classificadas quanto à
origem e o grau de naturalização em nativa, naturalizada ou exótica casual. Foi
realizada também uma classificação quanto à forma de vida de cada espécie, sendo
consideradas 5 categorias, árvore, arbusto, erva, subarbusto e liana/trepadeira/volúvel.
Ambas classificações foram baseadas na Lista de Espécies da Flora do Brasil
(REFLORA, 2015). As espécies foram agrupadas de acordo com a síndrome de
dispersão em endozoocóricas, epizoocoórica, hidrocóricas, anemocóricas e autocórica;
de acordo com a duração do ciclo de vida em anual ou perene; de acordo com o tipo de
propagação utilizada pela espécie em sementeira (reproduz exclusivamente por
propagação sexuada via produção e dispersão de sementes) ou rebrotadeira (reproduz
tanto por propagação sexuada quanto por propagação assexuada via rebrota de bulbo,
raiz, rizoma, etc.).
2.3. Análise de dados
Foram criadas curvas de rarefação a partir do cálculo do número de espécies e da
diversidade α de Fisher esperadas por parcela em função do número de indivíduos. Os
cálculos foram realizados no software EstimateS (COLWELL, 2013) com 100
aleatorizações.
Foram feitas Análises de Componentes da Variância (ACV’s) (CRAWLEY,
2007) para as seguintes variáveis resposta, riqueza de espécies, abundância de plântulas
e diversidade α de Fisher, considerando a estrutura hierárquica dos dados, com 10
parcelas amostradas em cada transecto dentro de cada ambiente. Antes de proceder as
análises, a diversidade α de Fisher foi calculada por meio da função “fisher.alpha” do
pacote “vegan” (OKSANEN et al., 2015) no software R versão 3.2.1 (R CORE TEAM,
2015) e a abundância de plântulas foi logaritmizada, a fim de atender os pressupostos da
distribuição Normal. Cada análise foi feita a partir de um modelo contendo as duas
variáveis explicativas, inundação e estágio de sucessão, considerando inicialmente
apenas o efeito aleatório das mesmas. O efeito do estágio de sucessão é dado pelo
variância entre ambientes, o efeito da inundação é dado pela variância entre os
transectos aninhados dentro de cada ambiente e o resíduo é dado pela variância entre as
parcelas aninhadas em cada transecto, dentro de cada ambiente.
O ajuste dos modelos foi através do método de Máxima Verossimilhança
Restrita (REML). Os modelos contendo apenas as variáveis de efeito aleatório foram
comparadas com Modelos Lineares de Efeito Misto (MLM’s) contendo as variáveis de
efeito aleatório e mais uma variável de efeito fixo que foi escolhida baseando-se no
resultado das ACV’s. Os modelos foram criados utilizando-se a função “lmer” do
pacote “lme4” (BATES et al., 2015a, 2015b) no software R. A comparação dos modelos
foi feita via Análise de Variância (ANOVA) (CRAWLEY, 2007). Quando os modelos
eram diferentes, a escolha do melhor modelo foi feita através do critério de Akaike
(AIC). Como os modelos comparados possuíam estruturas diferentes, o método de
ajuste foi mudado para Máxima Verossimilhança (ML) (CRAWLEY, 2007). Se o
melhor modelo fosse aquele contendo a variável de efeito fixo, a significância desse
efeito era avaliada por um teste de contraste de médias utilizando a função
“difflsmeans” do pacote “lmerTest” (KUZNETSOVA; BROCKHOFF;
CHRISTENSEN, 2015) no software R.
Para avaliar a similaridade do BSS entre os diferentes estágios de sucessão e
entre os transectos, foram construídos Diagramas de Venn representando o número de
espécies compartilhadas e exclusivas de cada área. A partir da matriz de presença-
ausência de espécies da comunidade, foi calculado o índice de Jaccard (J) como medida
de similaridade florística para cada par de área avaliado (MÜLLER-DOMBOIS;
ELLEMBERG, 1974).
Para avaliar a similaridade estrutural do BSS entre as áreas amostradas, foi
construído um Escalonamento Multidimensional Não-métrico (NMDS) no software R
usando a função “metaMDS” do pacote “vegan” a partir da matriz de abundância das
espécies e Bray Curtis como índice de similaridade. Para avaliar se há diferença
significativa na estrutura da comunidade, foram criados modelos com os escores do
primeiro e do segundo eixo da NMDS como variáveis resposta e os efeitos aleatórios
das variáveis estágio de sucessão e inundação. O modelo MLM foi criado a partir da
função “lmer” e ajustado pelo método ML. A partir desse modelo, foi feita uma ACV
para verificar a importância relativa de cada fator na variação dos escores da NMDS e,
em seguida, esse modelo sem efeitos fixos foi comparado com um modelo contendo
uma variável de efeito fixo selecionada de acordo com sua importância na variância
total. Para as variáveis significativas, foi feito ainda um teste de contraste de médias
utilizando a função “difflsmeans”.
Foram calculadas as proporções de indivíduos e de espécies para cada atributo
funcional por ambiente e por transecto com o objetivo de evidenciar os efeitos gerais do
estágio de sucessão e da inundação na distribuição desses grupos na comunidade do
BSS e ainda verificar os padrões funcionais existentes na mesma. Além disso, os
atributos funcionais foram representados também por meio de vetores na NMDS, a fim
de evidenciar a relação entre cada atributo e a similaridade florístico-estrutural das
parcelas da comunidade do BSS. Esses vetores foram criados utilizando a função
“envfit” do pacote “vegan” no software R.
3. RESULTADOS
Foram amostradas 9603 plântulas emergidas (1778,33 plântulas/m²),
pertencentes a 124 espécies, das quais 101 foram identificadas até o nível de espécie, 10
a nível de gênero, 8 a nível de família e 5 indeterminadas. As espécies identificadas
foram classificadas em 36 famílias botânicas. As famílias mais ricas foram Asteraceae
(29 espécies), Cyperaceae (8 espécies), Malvaceae, Fabaceae (7 espécies cada),
Euphorbiaceae e Poaceae (6 espécies cada).
As espécies mais abundantes no BSS da FM foram Stemodia verticillata (Mill.)
Hassl., Scleria gaertneri Raddi, Asteraceae 1, Solanum americanum Mill. e Cardamine
bonariensis Pers., que correspondem a 56,28% do total de indivíduos do banco desse
ambiente. As espécies mais abundantes no BSS da FI foram Parthenium hysterophorus
L., Scoparia dulcis L., Mecardonia procumbens (Mill.) Small, Solanum torvum Sw. e
Digitaria sanguinalis (L.) Scop., as quais correspondem a 48,45% da abundância total
dessa floresta. As espécies mais abundantes no BSS do PS foram Kyllinga brevifolia
Rottb., M. procumbens, D. sanguinalis, S. verticillata e Cyperus rotundus L., que
correspondem a 48,45% do número de indivíduos amostrados nesse ambiente.
Avaliando as curvas de rarefação do BSS, a FM apresentou a maior diversidade,
diferindo significativamente dos demais ambientes, e a FI apresentou o menor valor de
diversidade (Figura 2).
5. CONCLUSÕES
Ambos fatores, estágio de sucessão e inundação, afetaram significativamente o
BSS da margem do reservatório hídrico avaliado. A ação conjunta desses filtros sobre o
banco de sementes, foi responsável por criar heterogeneidade ambiental na paisagem,
refletido na forma de um mosaico de vegetações com diferentes estágios sucessionais e
composições florísticas. A elevada riqueza e abundância de ervas anuais, demonstra que
esse BSS herdou grande quantidade de sementes originadas das áreas de pasto sujo da
paisagem, inclusive o banco da FM, que se encontra no interior de um fragmento
florestal em estágio médio de regeneração.
Um ponto positivo a se observar no BSS amostrado é a composição de espécies
da família Poaceae, a qual é formada por espécies majoritariamente nativas, sem
ocorrência de gramíneas exóticas agressivas, como braquiária (Urochloa decumbens) e
capim gordura (Melinis minutiflora). Dessa forma, os altos valores de riqueza e
densidade do BSS e a presença de sementes de espécies arbóreas, mesmo que em baixa
densidade, sugere um alto potencial de regeneração natural, sobretudo pela ausência de
espécies invasoras e outras competidoras monodominantes. Apesar de ser um processo
lento, comparado com métodos convencionais, a condução da regeneração natural pode
ser extremamente viável para recomposição das matas ciliares.
Para acelerar o processo, é necessário integrar melhor o projeto de restauração
com a paisagem. A matriz da paisagem é dominada por pastagem, mas mantém
fragmentos florestais em estágios inicial e médio de sucessão, que funcionam como
fontes de sementes de árvores e outras espécies florestais, sobretudo aqueles fragmentos
mais próximos ao reservatório, compostos por espécies mais adaptadas às condições
ambientais da APP. Com objetivo de otimizar a dispersão de sementes dos fragmentos-
fonte para as áreas a serem restauradas, recomenda-se conjugar a regeneração natural
com técnicas de nucleação, como a transposição de galhadas, para criar micro-habitat
para fauna local, a instalação de poleiros de madeira ou bambu, que funcionam como
ponto de pouso e descanso para aves e morcegos dispersores, além da semeadura direta
em determinados trechos da APP. O reflorestamento com espécies nativas, que já vem
sendo realizado, deve ser mantido, mas direcionado principalmente para as áreas com
baixo potencial de regeneração, onde o BSS é muito pobre em espécies e de baixa
densidade, devido ao isolamento de remanescentes florestais ou a degradação do solo.
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RESUMO
INTRODUÇÃO
O jacarandá-da-bahia (Dalbergia nigra (Vell.) Allemão ex Benth.), pertencente à
família Fabaceae, é uma espécie secundária tardia, ocorrendo naturalmente em solos de
baixa fertilidade e possui crescimento de moderado a rápido, em locais fora de sua área
de ocorrência natural. Sua madeira é de boa qualidade, com aparência agradável e
indicada para construção de móveis de luxo. Recomendada para a produção de carvão e
lenha, a espécie pode ser usada em arborização de praças, parques e avenidas e é
indicada para recuperação do solo, por depositar razoável camada de folhas e mostrar
grande amplitude de tolerância ambiental (LORENZI, 2002; CARVALHO, 2003).
Devido a essa grande potencialidade, torna-se necessário conduzir estudos visando
melhorar o sistema de produção com técnicas que promovam melhor qualidade das
plantas, resultando em maior sobrevivência e crescimento após o plantio.
O êxito da formação de povoamento florestal depende, entre outros fatores, da
qualidade das mudas produzidas. Estas, além da sobrevivência, devem apresentar
capacidade de resistirem às condições adversas encontradas no campo e crescer o mais
rápido possível para competir com a vegetação espontânea e diminuir possíveis danos
causados por pragas florestais (CARNEIRO, 1995). Dentre os fatores que influenciam
na qualidade de mudas de espécies florestais, destaca-se volume do recipiente utilizado
e a fertilidade do substrato (LISBOA et al., 2012; ROSSA et al., 2013b).
Recipientes de maior volume proporcionam maior disponibilidade de nutrientes
e água, refletindo na qualidade morfológica das mudas produzidas em viveiros
(BRACHTVOGEL e MALAVASI, 2010; FARIAS et al., 2005; VIANA et al., 2008;
MESQUITA et al., 2009). No entanto, são necessários maiores volumes de substrato,
acarretando em maiores custos de produção, de transporte, de distribuição no campo e
de plantio (MELO et al., 2017). Para encontrar o equilíbrio entre o volume do recipiente
e a qualidade das mudas, pode-se utilizar fertilização química, principalmente com
fertilizantes de liberação controlada, visto que estes proporcionam melhor
aproveitamento dos nutrientes pelas plantas, o que diminui os riscos de lixiviação na
produção de mudas em tubetes e por, teoricamente, produzirem mudas com maior teor
de nutrientes, possibilitam maior sucesso após o plantio no campo.
O objetivo deste trabalho foi avaliar o crescimento de mudas de produzidas em
Dalbergia nigra tubetes de 110 e de 280 cm3, com doses crescentes de fertilizante de
liberação controlada N-P-K (15-09-12) aplicados no substrato base. Avaliou-se ainda, a
sobrevivência e crescimento inicial destas mudas após plantio na região norte
fluminense.
MATERIAL E MÉTODOS
A fase de viveiro foi conduzida no viveiro florestal da Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro, município de Seropédica, estado do Rio de Janeiro, de junho a
dezembro de 2015. A espécie utilizada foi Dalbergia nigra (Vell.) Fr. All. Ex Benth.
Foram semeadas em sementeira e posteriormente realizada a repicagem nos recipientes,
para evitar perdas no experimento por eventual baixa taxa de germinação.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, em
esquema fatorial 2 x 4 (dois volumes de tubetes e quatro doses de fertilizante de
liberação lenta), totalizando 8 tratamentos, com 5 repetições cada. Foram usadas
parcelas subdivididas, sendo as parcelas constituídas pelos diferentes recipientes e as
subparcelas pelas doses de fertilizante. No tubete de 110 cm3, cada repetição, foi
constituída por 8 mudas e no tubete 280 cm3 por 6 mudas; como forma de facilitar a
logística de distribuição dos tratamentos nas bandejas, que possuem 96 e 54 células
cada, para os tubetes 110 e 280 cm3, respectivamente.
O substrato utilizado foi composto de 100% de biossólido, disponibilizado pela
Companhia Estadual de Águas e Esgoto do Rio de Janeiro (CEDAE), proveniente da
estação de tratamento de esgoto (ETE) Ilha do Governador. No processo de obtenção do
lodo de esgoto desta ETE, utiliza-se tratamento a nível secundário, adensamento por
centrífugas e estabilização e secagem em leitos semipermeáveis. Antes da adição das
doses de fertilizante de liberação controlada, foi retirada uma amostra representativa do
biossólido para análise química (Tabela 1). Foi realizado ainda a análise de densidade
do substrato, que apresentou 0,72 kg.dm-3.
Tabela 1: Análise química (%) do biossólido utilizado como substrato para produção de
mudas de Dalbergia nigra
*1
pH *4 *2 *2 + *3
N P K Ca2+ *3
Mg2+ *3
Al3+ *5
M.O.
(H2O)
5,5 1,94 0,81 0,19 1,59 0,19 2,72 35,3
*1
pH em água; *2Extrator Mehlich 1; *3Extrator: KCl - 1 mol/L; *4N total - Digestão
Sulfúrica - Destilação Kjeldhal. 5Matéria Orgânica - C. Org x 1,724 - Walkley-Black.
Figura 1: Extrato do balanço hídrico mensal, da série histórica para o local de plantio,
localizado na Estação Ecológica de Guaxindiba, município de São Francisco do
Itabapoana, RJ.
Foram selecionadas para o plantio em campo as 20 mudas mais próximas da
média de diâmetro e altura de cada tratamento, totalizando 160 mudas implantadas. O
plantio foi realizado em dezembro de 2015, em sulcos de 50 cm de profundidade,
espaçamento 3 x 2 m e abertura das covas manualmente. As mudas foram distribuídas
em 20 linhas de plantio, intercalando uma muda de jacarandá-da-bahia e três mudas de
outras espécies. Após o plantio, fez-se a mensuração da altura das plantas, além do
croqui de localização de todas as plantas, com a identificação dos tratamentos. Em
função de aparente semelhança das características do sítio da área do experimento, o
delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, sendo cada muda
de jacarandá-da-bahia considerada uma repetição. Desta forma, o experimento foi
implantado com 8 tratamentos, e possuindo 20 repetições cada tratamento.
As avaliações consistiram na observação da sobrevivência das mudas aos 5 e 12
meses após o plantio. Nestas ocasiões, procedeu-se também a mensuração da altura da
parte aérea aos 5 meses após o plantio e altura e diâmetro ao nível do solo (DNS) aos 12
meses.
Para atender os pressupostos da análise de variância, testou-se a normalidade e
homogeneidade dos dados de cada variável mensurada na última medição, por meio do
teste de Bartlett, com 5% de probabilidade. Os tratamentos foram submetidos à análise
de variância (parcelas subdivididas) e, havendo significância, a comparação entre eles
foi realizada por meio do teste t, com 5% de probabilidade. Além disso, avaliou-se a
normalidade e homogeneidade dos dados de altura e DNS mensurados, constatando-se
não haver necessidade de transformação Para todas as análises, foi utilizado o software
Sistema de Análise Estatística e Genética (SAEG).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Constata-se pela Figura 2 que, aparentemente, as plantas de jacarandá-da-bahia
responderam a doses do fertilizante de liberação controlada e também a capacidade
volumétrica dos tubetes.
Tabela 2: Resumo da análise de variância (quadrado médio) para altura da parte aérea,
diâmetro do coleto, área foliar, massa de matéria seca de parte aérea (MSPA) e massa
de matéria seca de raízes (MSR) em função de diferentes recipientes e doses de
Osmocote Plus® N-P-K (15-09-12) para produção de mudas de aos 120 dias após a
repicagem.
Fonte de Variação GL Altura Diâmetro Área foliar MSPA MSR
Recipiente 1 2258,9* 15,8* 70386* 18,38* 0,91ns
Erro A 8 155,5 0,40 1213 0,31 0,42
ns
Dose 3 413,1,0* 4,29* 2050 2,21* 1,82*
ns ns ns
Recipiente*Dose 3 57,3 0,53* 1177 0,50 0,18ns
Erro B 24 49,0 0,14 1706 0,33 0,47
GL = grau de liberdade.
*significativo ao nível de 95% de probabilidade pelo teste F; ns não significativo ao
nível de 95% de probabilidade pelo teste F.
Constatou-se que, aos 120 dias após repicagem as mudas produzidas nos tubetes
de 280 cm3 apresentaram médias de todas as características morfológicas
significativamente superiores aquelas produzidas nos 110 cm3. Segundo Lisboa et al.
(2012) recipientes de menor volume, restringem o crescimento do sistema radicular, e
como a planta tende a crescer equilibradamente, isso reflete nos demais parâmetros
morfológicos. Lima Filho (2015), analisando o crescimento de mudas de quatro
espécies florestais nativas em tubetes, com volumes de 50, 110, 180 e 280 cm3
preenchidos com biossólido, concluiu que o tubete de maior volume produziu mudas de
maiores dimensões.
Com base na interação significativa entre recipiente e dose da análise de
variância (Tabela 3), foi realizado teste t, para cada dose, para verificar a ocorrência de
diferença significativa nas características de crescimento das mudas. Constata-se pela
Tabela 3 que, na testemunha, não ocorreu diferença significativa entre os recipientes.
Quando aplicado Osmocote Plus®, de maneira geral, as mudas produzidas em tubetes
de 280 cm3, apresentaram características de crescimento significativamente superior às
mudas produzidas nos tubetes de 110 cm3, com exceção do peso da massa seca de raízes
que foi significativo apenas quando aplicado 3 kg.m-3 de biossólido e nos demais não
ocorrendo diferença.
Conforme já mencionado, este maior crescimento nas mudas dos tubetes de 280
3
cm é devido ao maior volume de substrato e consequentemente maior oferta de
nutrientes, água e espaço para o crescimento radicular. José et al. (2005), produzindo
mudas de Schinus terebinthifolius, destacam que quanto menor o recipiente, menor será
a permanência dos elementos no substrato, tanto pelo consumo da muda, quanto por
lixiviação por causa da irrigação. Alguns estudos demonstram que a diminuição no
volume do recipiente causa restrição ao crescimento do sistema radicular e,
consequentemente, ocasiona menor altura das mudas de espécies florestais, como
Criptomerica japonica (SANTOS et al., 2000) e Peltophorum dubium
(BRACHTVOGEL e MALAVASI, 2010).
Em relação a resposta as diferenças significativas das doses (Tabela 2) as
equações de regressão das características de crescimento apresentaram coeficiente de
determinação (R2 inferior a 30%), devido a grande dispersão dos dados, características
próprias de variações de crescimento das mudas de jacarandá-da-bahia. Assim, houve
respostas, mas não foi possível detectá-las.
Os percentuais de sobrevivência aos cinco meses após o plantio, foram de 15 a
60% para mudas produzidas nos tubetes de 110 cm3 e de 45 a 85% para as mudas
produzidas em tubetes de 280 cm3 (Tabela 4). De acordo com o Art. 8º, item 4.2, da
Resolução INEA nº 89, de 03/06/14 (INEA, 2014), em reflorestamentos é aceitável
índice de mortalidade por espécie de até 20%, aos quatro anos após o plantio. Nesse
contexto, para as mudas produzidas em tubetes de 280 cm3, apenas aquelas que
receberam dose de fertilizante de 12 kg.m3 apresentaram sobrevivência superior a 80%
aos 5 meses após o plantio.
CONCLUSÕES
Para as condições que foram realizadas o estudo, recomenda-se o uso do tubete de 280
cm3, sendo o substrato enriquecido com a dose de 12 kg.m3 de adubação de liberação
controlada de N-P-K (15-09-12) por m3 de biossólido na época de enchimento dos
recipientes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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forma de mistura ao substrato no crescimento inicial de Peltophorium dubium
(Sprengel) Taubert em viveiro. Revista Árvore, Viçosa, v. 34, n. 2, p. 223-232, 2010.
RESUMO
Introdução
A mineração é uma das atividades que mais altera a superfície terrestre, afetando
desde o local explorado até o seu entorno, caracterizada com fonte de degradação
pontual (SOUZA et al., 2001). Esta atividade por força das suas especificidades
promove intensa degradação em pequenos sítios, impactando a água, o ar, a paisagem, o
solo, o subsolo e a vegetação, os quais são sentidos por toda a população (DIAS &
GRIFFITH, 1998; CORRÊIA, 2009; PINHEIRO, 2004).
Dentre os impactos ao meio ambiente gerados pela exploração mineral, está a
retirada de solo e subsolo, durante o decapeamento da área para a extração do minério
(SILVA et al., 2006). A destinação correta desse material é complexa, já que não têm
aproveitamento econômico, a solução invariavelmente repercute na formação de
grandes depósitos de aterros que apresentam restrições para construção civil.
Os taludes formados nas bordas dos aterros são ecossistemas novos, construídos
pelo homem, onde há pouca ou nenhuma agregação do solo. Desse modo suas partículas
não apresentam coesão natural, organização estrutural e são desprovidos de atributos
físicos e químicos que permitam a colonização e sustentação de espécies e sua
estabilidade física, sendo, portanto, ambientes altamente susceptíveis aos processos
erosivos de diferentes formas e magnitudes.
A crescente conscientização ambiental da sociedade e órgãos governamentais
aliada às ações dos ambientalistas tem acelerado a busca de novas “equações
ambientais”, que objetivam a minimização dos impactos a um baixo custo (SILVA,
2015). O grande desafio da comunidade acadêmica reside em oferecer alternativas
técnicas capazes de mitigar os impactos em sua consecução e, dentro do possível,
transformá-los em ativos ambientais, que venham a corroborar com a sustentabilidade
ambiental do empreendimento.
Nesse contexto, os projetos de reabilitação de áreas degradadas usam o
reafeiçoamento do terreno como meio de adequação do ambiente para receber as
técnicas de revegetação. Neste campo, os estudos ainda são incipientes, pois formas
geológicas associadas à paisagem não são possíveis de serem refeitas (PETERSEN et
al., 2004). Por isso em áreas de mineração a revegetação de taludes de estéril se torna
difícil, visto que o substrato contém baixos níveis de matéria orgânica, que auxilia na
estruturação e retenção de umidade do solo, atuando como fonte de nutrientes para os
vegetais (RUIVO, 1998).
Um modelo adotado como alternativa viável para auxiliar nos processos de
revegetação é através da implantação de medidas físico-biológicas, como “as
almofadas” (VALCARCEL & D'ALTÉRIO, 1998). As almofadas consistem em sacos
de ráfia com substrato orgânico e banco de sementes. Essas medidas consistem no
emprego de uma estratégia emergencial de reversão da problemática ambiental em curto
prazo, agilizando a sucessão ecológica e, criando ofertas de atributos ambientais para
que as espécies desempenhem seus serviços ecossistêmicos que se relacionam a
estabilização e funcionamento ambiental do meio físico (FRANCÊS &
VALCARCEL,1994; VALCARCEL & D'ALTÉRIO, 1998; VALCARCEL & SILVA,
2000).
Deste modo, o presente trabalho tem o objetivo de avaliar a estabilização da
superfície de taludes de aterro de terra solta, submetido a três tamanhos de áreas de
captação de chuvas intensas, dispostos em duas faces de exposição e submetidos à
medida físico-biológica de reabilitação de áreas degradadas.
Material e Métodos
Caracterização da área de estudo
A área de estudo localiza-se ao norte da Serra do Madureira-Mendanha, e integra
a bacia hidrográfica do Rio Guandu, região metropolitana do Rio de Janeiro, município
de Queimados (RJ), com a coordenada central 22°43'49.82"S e 43°32'43.87"O.
Situada no bioma Mata Atlântica, esta área é caracterizada por ambiente de
floresta estacional semidecidual. Os principais solos encontrados são Argissolos e
Latossolos Vermelho-Amarelos (SANTOS et al., 2013), o relevo é composto por
planícies flúvio-marinha, alternando com colinas isoladas (CPRM, 2001) e circunscritas
nos contrafortes da serra do Mar.
O clima tropical Aw (tropical chuvoso com inverno seco) segundo classificação
de Koppen (ALVARES et al., 2013). A precipitação média anual é de 1.274,3 mm
(INMET, 2016), ocorrendo de forma mal distribuída ao longo do ano, com períodos de
seca entre os meses de maio a setembro e os de maior precipitação entre os meses de
outubro a março (FIDERJ, 1978).
Antecedentes
Em 2011 para a instalação do empreendimento de mineração em Queimados
(RJ) se promoveu o aterro de área de várzea totalizando uma área plana como um platô
de 4,5 ha de superfície, com altura média de 20 m. O material estéril utilizado no aterro
foi retirado de diferentes procedências e amontoado sem ordenamento sequencial em
função da profundidade, contendo inclusive blocos de rocha extraídos da cava que
estava sendo desenvolvida pelo processo de mineração.
Essas áreas foram compactadas verticalmente, utilizando-se camadas sucessivas
de 0,30 m de aterro, espalhado com moto niveladora, umectada e compactada por meio
de rolos compactadores. Os taludes não tiveram compactação lateral, sendo formados a
partir de lançamento lateral. Estes taludes possuem 0,80 ha de área com 100% de
declividade.
A fim de recuperar a função e a forma do talude de aterro, no ano de 2012,
foram implantadas medidas físicas, biológicas e físico-biológicas.
As medidas físicas consistiram em obras de drenagem no topo e na base do
aterro. Já as medidas biológicas consistiram no plantio de sabiá (Mimosa
caesalpiniifolia Benth) com espaçamento de 0,5 m x 0,5 m e aroeira-pimenteira
(Schinus terebinthifolia Raddi) com espaçamento de 1 m x 1 m no topo do aterro,
formando um cinturão verde, e de ingá (Inga laurina Willd.), com espaçamento de 6 m
x 6 m na base do aterro.
A medida físico-biológica consistiu na implantação de almofadas no aterro
produzidas com sacos de ráfia de 60 kg repletos com banco de sementes coletado em
fragmentos florestais da região e solo orgânico proveniente de raspagem para
exploração de brita. O saco de ráfia seco é leve e, quando molhado, armazena umidade
por 60 dias. As almofadas foram dispostas equidistantes 2 x 2 m entre si. Foram
plantados sobre as almofadas coquetel de 6 sementes das espécies feijão de porco
(Canavalia ensiformis) e feijão guandu (Cajanus cajan) para formar microclima indutor
da germinação das espécies presentes no banco de sementes, dentro de um processo de
reabilitação. Estas espécies foram selecionadas por apresentarem características de
rusticidade, pequena demanda de nutrientes, rápido crescimento, sistema radicular
fasciculado, resistência as oscilações térmicas acentuadas em 24 horas e estresse
hídrico. Além disso, ambas depositam grandes quantidades de matéria orgânica e fixam
nitrogênio no solo (UFRRJ, 1991).
Tratamentos
A medida físico-biológica foi implantada no aterro em áreas com exposição
oeste e sul, que apresentam incidência de radiação solar (insolação matutina e insolação
vespertina) e interceptação das chuvas distintas.
Foram alocados quatros tratamentos de acordo com as características ambientais
distintas, sendo deixadas duas testemunhas onde não foram implantadas as medidas
físico-biológicas. A saber: Tratamento 1 (G1): talude sem almofadas e face Oeste (W);
Tratamento 2 (G2): talude sem almofadas e face Sul (S); Tratamento 3 (G3): talude com
almofadas face Sul (S); e Tratamento 4 (G4): talude com almofadas face Oeste (W)
As medidas foram implantadas em área amostral de aproximadamente 300m² em
taludes idênticos no tocante aos seus processos construtivos (comprimentos de rampa,
declividade e material). A área de rampa foi dividida e classificada em três faixas
altitudinais: e áreas de captação de chuvas distintas, de modo que as áreas mais
inferiores possuem áreas cumulativas: Área superior (AS) = Xm²; Área média (AM) =
X+Y m² e Área inferior (AI) = X+Y+Z m². No total foram realizadas 15 parcelas,
dispostas 2m entre si, por tratamento, compondo o universo amostral de 60 parcelas.
Avaliação dos parâmetros físicos
A fim de avaliar e testar a efetividades de aquisição de resistência pela presença
de vegetação regenerante, foram mensurados os seguintes parâmetros físicos do
substrato: análise textural, pelo método de pipeta descrito por Donagema et al. (2011);
densidade aparente pelo método anel de Kopeck, densidade real pelo método do balão
volumétrico e porosidade total (DONAGEMA, 2011); e resistência mecânica à
penetração (RP) através do penetrômetro de impacto Modelo IAA/Planalsucar (STOLF
1983).
Os pontos de análise e coleta foram dispostos no intervalo entre as parcelas, ou seja,
na área de influência de cada parcela, equidistantes 4 metros entre si. Nos taludes onde
não houve intervenção (testemunho), os pontos de análise e coleta foram amostrados
segundo o mesmo desenho amostral.
A análise dos dados quantitativos de textura do solo, densidade real e aparente e
porosidade total foi feita com base na interpretação Anova do teste “T” a 5% de
probabilidade de erro processados no programa SPSS 15. Para realização do teste
parametrico foi testada a homogeneidade e normalidade dos dados.
Resultados e Discussão
Densidade, porosidade total e textura
Transcorridos 4 anos da implantação das medidas, constatou-se que de forma
incipiente, os tratamentos G3 e G4 (com medidas) foram mais eficientes na indução do
processo de edafização, em comparação com as testemunhas.
Tabela 012: Análise das médias dos parâmetros físicos do substrato edáfico nos taludes
de aterro em Queimados, RJ.
T-Trat Argila Silte Areia Areia P.T DAP DR
P-Pont Fina Grossa
G1 26,6a 2,9a 15,1a 55,4a 47,75a 1,35a 2,59a
Para as testemunhas (G1 e G2) não foram observadas diferenças entre faces de
exposição (sul ou oeste), dessa forma a exposição diferenciada de atributos ambientais e
climáticos não interviram na resistência do substrato.
O comportamento do substrato sem a presença das medidas apresentou pouco ou
nenhuma resistência quando da leitura com o penetrômetro. Em muitos casos, a haste do
penetrômetro afundava completamente com o próprio peso do equipamento, semelhante
ao substrato “oco” em alguns pontos de análise.
Em campo foi observado o selamento do solo, provocado pelo efeito splash, de
modo que se conformava superficialmente, porém se tornava completamente instável a
qualquer esforço ou evento de chuva mais intensa.
Como a matéria orgânica presente no solo, tem poder agregador e de arranjo dos
agregados (COELHO & PEREIRA, 2006), a não adoção das medidas físico-biológicas
proporcionou uma menor força estrutural desse substrato, e por consequência o aumento
da susceptibilidade aos processos erosivos, seja pela presença reduzida ou ausência das
raízes na ancoragem do substrato, ou pela ausência do papel físico exercido pela ação
das almofadas, ou pelas obras físicas de drenagem.
Para os tratamentos com medidas G3 e G4, a presença da vegetação induzida ou
regenerante provocou mudanças consideráveis no substrato edáfico. A resistência à
penetração nos primeiros 10 centímetros do substrato foi maior onde houve a
implantação das medidas e a vegetação promoveu importante papel na estabilização do
terreno desde a superfície. Esse fator se justifica pelo “entramamento” das raízes da
vegetação surgida pela oferta adicional de meios para que espécies mais exigentes
conseguissem chegar, colonizar e se estabelecer nestes locais, reforçando
estruturalmente a superfície do substrato. Segundo Coelho & Pereira (2006) o aumento
da resistência ao cisalhamento do solo está vinculado diretamente à transferência direta
das tensões de cisalhamento para resistência das raízes à tensão. Essa transferência
ocasiona incrementos consideráveis na resistência, com consequente redução da
erodibilidade, e no aumento da estabilidade do solo.
Para as diferentes alturas à partir da rampa dos taludes, foram observados
diferenças, decorrente das áreas de captação distintas. (Figura 02).
Aa Ab
Aa
Ba Bb
A Três alturas e áreas de captação de chuvas distintas
Nota:
Aa
(AS-superior Xm2; AM-média
A 2 2
X+Y m ; AI - Inferior X+Y+Z m . Letras maiúsculas iguais correspondem: A= face de
Aa
exposição oeste e B= face sul. Letras minúsculas iguais representam tratamento sem e
com medidas, respectivamente
Conclusão
A medida físico-biológica propiciou celeridade na reabilitação de talude de
aterro modificando parâmetros físicos e bióticos estudados em exíguo espaço de tempo
(4 anos), afetando composição granulométrica, resistência superficial do substrato e
estabilização do talude. A face de exposição e tamanho da área de captação não
constituíram fatores ecológicos capazes de diferençar a oferta adicional atributos
ambientais para influir na reabilitação em 4 anos.
As medidas físico-biológicas constituem sinalizações inequívocas da oferta de
atributos ambientais entre áreas com e sem tratamento conservacionista, fator essencial
na celeridade da reabilitação de áreas degradadas por meio de composição da vegetação
adequada.
Referências Bibliográficas
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EMBRAPA - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Centro
Nacional de Pesquisa de Solos. Manual de métodos de análise de solo. Rio de Janeiro,
1997
RESUMO
INTRODUÇÃO
A sociedade moderna identifica-se como um modelo de transformação e
modificação do meio ambiente, no qual tem gerado o aumento de produção e do
consumo associado ao crescimento populacional e urbanização (BRAGA et al., 2002).
Com o processo acelerado de urbanização, as ações antrópicas provocam deterioração
dos ecossistemas, que causam a degradação ambiental.
De acordo com IBAMA (2016), a degradação ambiental ocorre quando há
remoção da vegetação nativa, da fauna existente, assim como, quando a camada fértil do
solo é exposta a intempéries e, consequentemente, alterando a qualidade e o regime de
vazão do sistema hídrico. O resultado disto é perda da capacidade de resistência e
resiliência da área necessitando intervenção antrópica no processo de recuperação
(MARTINS, 2009). Porém, atualmente, já existe uma crescente conscientização da
sociedade para estes problemas ecológicos ocorrentes, aumentando consideravelmente a
fiscalização ambiental e o aumento da procura por sementes e mudas nativas
(AZEREDO et al., 2003).
O banco de sementes, ou seja, a reserva de sementes que ainda não foram
germinadas em determinada área, é constituído por sementes que podem ser produzidas
localmente ou por transporte (zoocoria/anemocoria), sendo de suma importância para a
dinâmica e restabelecimento de ecossistemas florestais, inclusive os que sofreram
distúrbios, além de contribuir para a manutenção da diversidade das espécies
(GROMBONE-GUARATINI; RODRIGUES, 2002). Assim, quando deslocados para a
área degradada, estas espécies terão potencial para suprir elementos que se encontram
deficientes no solo, como carbono e nitrogênio, absorvendo nutrientes minerais,
degradando matéria orgânica e atuando em diversas atividades importantes para o
equilíbrio biológico do solo (MOREIRA; SIQUEIRA, 2002).
Em virtude do que foi mencionado, este trabalho teve como objetivo avaliar o
potencial de germinação do banco de sementes de uma área de Floresta Ombrófila
Mista no Planalto Catarinense para uso em áreas degradadas.
MATERIAL E MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Não foram observadas plântulas regenerantes na primeira avaliação realizada em
dezembro de 2016. Na segunda avaliação (Janeiro) foram contabilizadas 170 plântulas
regenerantes e na terceira avaliação (Fevereiro) 206 plântulas, totalizando 376
indivíduos avaliados. Dos indivíduos avaliados (Figura 2B), 88,83% apresentam-se
forma de vida herbácea. Apenas 5,05% dos indivíduos apresentam forma de vida
arbórea. Para indivíduos que apresentam forma de vida arbustiva ou subarbustiva,
representaram 0,53 e 1,06% dos indivíduos contabilizados, respectivamente.
15 A B
Plana
10 Declivosa
0
0 2 4 6 8 10
100
75
50
25
0
AR ER ARB SBA VAR
Família Espécie O FV C2 C3
Carex sp. N ER 35 17
Cyperus difformis L. N ER - 3
Cyperus odoratus L. NE ER 2 87
Cyperaceae Fimbristylis ferruginea (L.) Vahl N ER 16 18
Kyllinga brevifolia Rottb. N ER 8 2
Rhynchospora cf. alba (L.) Vahl EX ER 2 -
Rhynchospora corymbosa (L.) Britton N ER 1 1
ARB, ER,
Onagraceae Ludwigia octovalvis (Jacq.)P. H. Raven N 3 1
SBA
Conclusão
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRAGA, B., HESPANHOL, I., CONEJO, J. G. L., BARROS, M. T. L., SPENCER, M.,
PORTO, M., NUCCI, N., JULIANO, N., EIGER, S. Introdução à Engenharia
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BYNG, J. W.; CHASE, M. W.; CHRISTENHUSZ, M. J. M.; FAY, M.F.; JUDD, W. S.;
MABBERLEY, D. J.; SENNIKOV, A. N.; SOLTIS, D. E.; SOLTIS, P. S.; STEVENS,
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J.; HASTON, E.; MOLLER, M.; MOORE, M.; OLMSTEAD, R.; PERRET, M.; SKOG,
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Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering
plants: APG IV. Botanical Journal of the Linnean Society, v. 181, n. 1, p. 1–20, 2016.
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2011.
SHELDON, J. C. The behavior of seeds in soil. Journal of Ecology, v.62, n.1, p. 47-66,
1974.
F. B. GIACOMELLI; G. A. MORAIS
Universidade Estadual de Mato Grosso do sul (UEMS), Unidade de Ivinhema, Av. Brasil,
771, Bairro Centro, 79740-000, Ivinhema-MS, Brasil, [email protected]
(69) 998402579.
RESUMO
1.1.2 Introdução
Material e Métodos
Semeadura direta
Em campo, foram avaliadas três diferentes densidades de semeadura (D1=3, D2=6
e D3=12 sementes) em 2,5m lineares combinadas com três condições de cobertura das
sementes (C1= 2cm de solo, C2= 2cm de palha, C3= 2cm de solo + palha), sendo o
controle (C) representado pelas sementes dispostas sem cobertura (SC), totalizando 9
tratamentos e 3 controles assim denominados:
T1 – D1 C1 T4 – D2 C1 T7 – D3 C1
T2 – D1 C2 T5 – D2 C2 T8 – D3 C2
T3 – D1 C3 T6 – D2 C3 T9 – D3 C3
CD1 – D1 SC CD2 – D2 SC CD3 – D3 SC
Resultados e Discussão
% Germinação
60
50
40
30
20
10
0
Tempo de Germinação
Tabela 1. Porcentagem final (%E), tempo médio (TM) e velocidade média (VM) para
emergência de Guazuma ulmifolia submetida a diferentes densidades de semeadura (D)
e condições de cobertura (C): D1=3 sementes, D2=6 sementes e D3=12 sementes/2,5m
lineares; C1=2cm de solo, C2=2cm de palha, C3=2cm de solo+palha e SC=sem
cobertura (controle).
Tratamento %E TM VM
D1 C1 66.7 13 0.077
D1 C2 0 0 0
D1 C3 22.2 12 0.083
D1 SC 0 0 0
D2 C1 33.33 15.5 0.065
D2 C2 27.78 14.8 0.068
D2 C3 55.56 13 0.077
D2 SC 5.56 20 0.05
D3 C1 44.44 13.69 0.073
D3 C2 2.78 13 0.077
D3 C3 50 15.33 0.065
D3 SC 8.33 19 0.053
Conclusão
2 Referências Bibliográficas
CARR, D; BONNEY, N.; HUXTABLE, D.; BARTLE, J. Improving direct seeding for
woopy crops in temperate Australia: a review. Rural Industries Research and
Development Corporation, 2009.
COLE, R.J.; HOLL, K.D.; KEENE, C.L.; ZAHAWI, R.A. Direct seeding of late-
successional trees to restore tropical montane forest. Forest Ecology and
Management, v. 261, n. 10, p. 1590-1597, 2011.
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Microsite effects on the early establishment and growth of rainforest tree seedlings on
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234, n. 1-3, p. 333-343, 2006.
HAYWOOD, J.D. Durability of selected mulches, their ability to control weeds, and
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POTT, A.; SILVA, J.S.V.; GOMES, E.L. Características da Bacia Hidrográfica do Rio
Ivinhema. Revista GeoPantanal, n. 16, p. 109-124, 2014.
Clístenes Catete; Luis Guimarães; Brenda Silva; Laryssa Silva; Clísia Duarte; Gabrielle
Almeida; Ney Soares; Kleyse Leão; Ricardo Guimarães
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
2. MATERIAIS E MÉTODOS
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Figura 13: Densidade espacial dos casos de leishmaniose, mostrando o uso e cobertura
da terra no ano de 2004, em Barcarena (PA).
Porém, com os dados do uso e cobertura da terra do Projeto TerraClass do ano de 2014,
observou-se um aumento de áreas urbanas, apresentando uma extensão de 49,5 km²,
proporcionalmente aos casos de leishmaniose, que obtiveram crescimento em virtude
desse desenvolvimento, explicado a partir das mudanças econômicas, sociais e
ambientais da região. Diante disso, em 2014 o município de estudo exibiu intensa
movimentação e demanda industrial, garantindo a diminuição de áreas de pastagem para
9,52 km², conforme mostra a Figura 5.
Figura 14: Densidade espacial dos casos de leishmaniose, mostrando o uso e cobertura
da terra no ano de 2014, em Barcarena (PA).
Outros resultados importantes foram à criação de zonas de influencia ao redor dos casos
de leishmaniose como delimitação de perímetro de risco através da técnica de buffer. Os
contornos estão representados em círculos concêntricos de raios com intervalo de 250
metros até 1000 metros (Figura 6) e a sua sobreposição com as áreas degradadas (Figura
7).
Do total de 125 casos, 78 (62,4%) casos estão dentro do raio de 1000 metros de
distância em relação às áreas degradadas. Considerando somente os 106 casos rurais, 76
estão dentro deste limite, representando 71,7% (Tabela 1).
4. CONCLUSÕES
Com base no trabalho realizado, concluiu-se que:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RESUMO
1. Introdução
Recuperação de área degrada em unidade de conservação ambiental é um dos grandes
desafios para a conservação da biodiversidade. Atualmente, no bioma Cerrado existem
várias UCs com remanescentes inseridos em paisagens fragmentadas e degradadas, seja
aquelas colonizadas por espécies invasoras, ou que foram objeto de mineração e/ou
empréstimo de solos para construção civil, ou ainda que sofreram raleamento da
vegetação nativa devido a sofrerem constantes incêndios florestais originários por
atividades antrópicas. Nesse contexto, a restauração da vegetação nativa tem o objetivo
de potencializar o estabelecimento de florestas com riqueza de espécies vegetais
condizentes com a dos ecossistemas que estão inseridos, a fim de garantir a persistência
das florestas restauradas e proteger a biodiversidade nativa (Brancalion et al., 2010).
O plantio de espécies nativas do bioma Cerrado em área degradadas representa uma
importante ferramenta para incentivar o processo de sucessão ecológica, que com o
passar dos anos, podem formar uma vegetação em que muitas das funções da floresta
primária são parcialmente restabelecidas, onde a vegetação formada passa a absorver
água das camadas mais profundas do solo, atuando como sumidouro de carbono
atmosférico e auxiliando na transferência de nutrientes do solo para a biomassa,
tornando o solo local menos susceptível à erosão, auxiliando no aumento da atividade
microbiana e melhorando a estrutura e capacidade de retenção e infiltração de água, o
que ajuda na rápida recuperação dessas áreas (Wadt et al., 2003).
A recuperação de áreas degradadas em UCs torna-se recomendável quando comparamos
o cenário de ações antrópicas que ameaça os ecossistemas nativos. O enriquecimento de
áreas remanescentes de cerrado alterado dentro de UCs, por meio de plantios de
espécies nativas do bioma, permite que pequenas porções representativas dos
ecossistemas locais estejam verdadeiramente protegidos. Ao cobrir o solo com a
vegetação nativa, permite-se retornar parte dos processos ecológicos perdidos,
reestruturando populações vegetais e animais (Aquino et al., 2009).
No Distrito Federal - DF existem atualmente 72 parques ecológicos e urbanos
administrados pelo Instituto Brasília Ambiental – IBRAM, além de outras 22 unidades
de conservação de proteção integral ou de uso sustentável (unidades Distritais e
Federais). O DF também conta com outras categorias de parques, que são administrados
por suas regiões administrativas, unidades de conservação sob gestão do governo
federal e outras áreas de proteção de relevante interesse ecológico (GDF, 2013).
Infelizmente todas as unidades, seja Distrital, seja Federal, possui áreas com algum tipo
de degradação, o que compromete significativamente o equilíbrio ecológico dessas
unidades.
Segundo Lacerda (2017) os processos de degradação ambiental das áreas protegidas no
DF se revela também por meio do aparecimento de espécies exóticas ou do aumento
desordenado de espécies vegetais nativas oportunistas, devido principalmente aos
efeitos do parcelamento irregular do solo e a pressão exercida pela urbanização do
território. Essas pressões são sentidas dentro das áreas de proteção, expondo a fauna e a
flora a alterações profundas. Com a introdução de espécies vegetais exóticas, as nativas
perdem espaço e deixam de servir como fonte de alimento para a fauna local, uma vez
que as exóticas não compõem a dieta dos animais silvestres, quebrando os elos da
cadeia alimentar e influenciando drasticamente na diminuição da biodiversidade local e
na manutenção dos ecossistemas naturais, além de promover a extinção local de
espécies.
Neste contexto, a restauração ecológica constitui em alternativa para problemas
decorrentes do uso inadequado do solo. É tema que motiva e desafia a pesquisa,
discussões na mídia e preocupação de comunidades e governos, pois a vegetação é um
compartimento estruturante da paisagem, que presta diversos serviços ambientais, sendo
um fator de qualidade ambiental que atua em conjunto com outros fatores (ar, água e
solo) como elemento de equilíbrio à conservação de nascentes e cursos d’água, de
paisagens, dos solos e da biodiversidade, e, associada às questões sobre os mecanismos
de desenvolvimento limpo (MDL) e às mudanças climáticas globais (Aquino et al.
2009).
A Caesb, empresa responsável pelo saneamento ambiental do Distrito Federal, tem a
água como sua principal matéria prima, que é usada tanto para os sistemas de
abastecimento público quanto para os de esgotamento sanitário. Obrigatoriamente, é de
seu interesse direto a manutenção da boa qualidade e da quantidade de água que é
distribuída à população. Para tal, é necessário que as bacias hidrográficas das captações,
operadas pela Companhia, sejam protegidas e conservadas. Assim, a Caesb vem ao
longo do tempo desenvolvendo ações contínuas destinadas à proteção das bacias
hidrográficas de captação, envolvendo atividades de planejamento e manejo das
captações, obras de cercamento, sinalização e recuperação de áreas degradadas, além de
atividades de educação ambiental, prevenção e combate a incêndios florestais e ações de
monitoramento preventivo.
Algumas dessas bacias hidrográficas de captação encontram-se protegidas em Unidades
de Conservação, como a Estação Ecológica de Águas Emendadas, Parque Nacional de
Brasília, a Área de Proteção Ambiental do Descoberto, a Estação Ecológica do Jardim
Botânico, entre outras.
Nesse contexto, o presente artigo visa relatar a experiência da Caesb com a execução de
plantios de mudas nativas em áreas degradadas com infestação de gramíneas exóticas e
invasoras na Estação Ecológica de Águas Emendadas – ESECAE, localizada a montante
da captação de água do Fumal, operada pela empresa e também contribuir com o
conhecimento de restauração de áreas degradadas no bioma Cerrado.
2. Material e Métodos
2.1.Área de Plantio
O plantio objeto do presente trabalho foi realizado em quatro talhões degradados que
apresentam infestação de gramíneas exóticas dentro da Estação Ecológica de Águas
Emendadas – ESECAE, unidade de conservação de proteção integral, numa área total
de 8,81 hectares localizada em área de proteção de manancial.
A área objeto dos plantios (Figura 1) encontra-se inserida na bacia hidrográfica da
Captação do Fumal - CAP.FUM.001, dentro da Estação Ecológica Águas Emendadas -
ESECAE. Esta captação compõe o Sistema Produtor de Água Sobradinho/Planaltina e
produz um volume de 120 litros de água por segundo, capaz de atender 70.000 pessoas.
Situa-se próximo às coordenadas 216.127 m E e 8.274.791 m S, Datum WGS 84, Zona
23 L. A altitude local varia de 955 a 975 m do nível do mar.
O clima da região corresponde ao tipo Cwa da classificação de Köppen - tropical de
Savana, com duas estações bem definidas: seis meses de verão chuvoso e seis meses de
inverno seco. O índice de pluviosidade na região (estação pluviométrica mais próxima)
varia em torno 1.500 mm/ano com a concentração da precipitação pluviométrica no
verão, entre os meses de outubro a março. Nestas condições, o início dos plantios se
limitou aos meses mais chuvosos.
Os dados de precipitação de chuva, relativos ao período de 2011 a 2016, para avaliação
de disponibilidade hídrica para o plantio foram obtidos na Estação Pluviométrica da
Caesb, localizada na Estação de Tratamento de Esgoto ETE Vale do Amanhecer
(Código da estação 1547078), que se situa próxima à ESECAE.
A vegetação circunvizinha à área de plantio é representada por porções de Mata de
Galeria (Florestas Estacional Semideciadual Aluvial) do próprio córrego Fumal,
porções de Cerrado Sentido Restrito (Savana Arbórea Aberta) e áreas antropizadas.
Constitui em antigas chácaras, que foram desapropriadas e inseridas a área da ESECAE.
Devido às atividades agropecuárias exercidas no passado nessas áreas, os talhões de
plantio de recuperação eram infestados por espécies exóticas e invasoras, em especial as
gramíneas, com ocorrência de braquiárias (Brachiaria decumbens e Brachiaria
brizantha) e capim Jaraguá (Hyparrhenia rufa). Também pode ser observado ao longo
de toda área, a ocorrência de outras espécies exóticas introduzidas como a mucuna preta
(Mucuna pruriens), leucena (Leucaena leucocephala), eucalipto (Eucaliptus sp.), pinus
(Pinus sp.), limão-cravo (Citrus limonium) e bambu (Bambusa sp.), entre outras.
B
C
2.2.Atividades do Plantio
3. Resultados e Discussão
Pinto et al. (2007), em recuperação de área degradada, invadido por Brachiaria spp.,
verificou sobrevivência das mudas em torno de 57%, após 14 meses de plantio. Os
mesmos autores, citam que as taxas de sobrevivência para floresta estacional foram de
67%, 54% para matas de galeria e 49% para cerrado.
Considerando os exemplos apresentados, os plantios da ESECAE estão próximos dos
padrões encontrados nas tipologias vegetacionais do bioma Cerrado. Na tabela 4 são
apresentados os quantitativos de mudas vivas registradas no censo por talhão.
Tabela 04. Resultado do levantamento do quantitativo de mudas vivas do plantio
realizado em 2015 em área degrada na Estação Ecológica de Águas Emendadas -
ESECAE. Plantios realizados no período de dezembro de 2011 a janeiro de 2014.
Nº de mudas vivas
Talhão 2015
A 507
B 1.890
C 7792
D 5694
1600 1537
1437
1396,4
1400 1309,3
1242,6
1166,7
1200
960,7
1000
800
600
400
200
0
TOTAL
ano 2011 ano 2012 ano 2013 ano 2014 ano 2015 ano 2016 MEDIA HISTÓRICA
Mundim (2004) e Felfili et al. (2001), citam que as plantas na fase inicial são mais
susceptíveis aos períodos secos do que plantas em estágios mais avançados, que
desenvolveram sistema radicular substancial e relativo número de folhas maduras. Da
mesma maneira, espécies que têm desenvolvimento inicial mais lento vão permanecer
mais tempo susceptíveis aos estresses provocados por períodos secos ou veranicos do
que aquelas que apresentaram rápido crescimento, principalmente em fitofisionomias do
Cerrado com estações climáticas bem definidas com quase seis meses de seca.
Kanegae et al. (2000) citado in Mundim (2004), cita ainda, que em situação de déficit
hídrico, os primeiros meses após a emergência da plântula são os mais críticos para o
estabelecimento e sobrevivência da mesma.
4. Conclusões
5. Referências Bibliográficas
Aquino, F. G.; et al. 2009. Módulos para Recuperação de Cerrado com Espécies Nativas
de Uso Múltiplo. Embrapa Cerrados Planaltina, DF. Documentos, 250. 50p.
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Recursos Hídricos. Brasília, DF. 43p.:il.
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Pinto, J. R.; Coreia, C. R.; Fagg, C. W. & Felfili, J. M. 2007. Sobrevivência de Espécies
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recuperação de áreas degradadas. Anais do VIII Congresso de Ecologia do Brasil.
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Flora. vol. 2. Brasília: Embrapa, 2008.
RESUMO
Material e Métodos
Nardy et. al. (2002) apontam que a Formação Serra Geral se formou no final do
período Jurássico e início do Cretáceo (entre 140 a 120 milhões de anos), quando
ocorreu a extrusão de grande quantidade de material ígneo, proveniente de significativas
fendas abertas na crosta, provavelmente atrelada à separação do continente sul-
americano da
África
(abertura do
oceano
Atlântico).
Aspectos Pedológicos
distrófico(figura 4).
De acordo com levantamento realizado por Silva et. al., a baixa vulnerabilidade
a erosão laminar e linear nas unidades geomorfológicas Planalto Pitanga/Ivaiporã e
Planalto de Palmas/Guarapuava, predominam Latossolos de textura argilosa, associados
a relevo com baixa/moderada declividade, secundariamente Cambissolos e Neossolos
Litólicos textura argilosa, associados a relevo com moderada declividade, apresentam
moderada/alta vulnerabilidade a erosão.
A análise empírica a partir das variáveis declividade e solo permite ressaltar que o
índice de vulnerabilidade é classificada como muito fraca, fraca, média e forte. Porém,
deve-se destacar que de acordo com a classe mais significativa foi muito fraca.
Conclusão
VII - aumentar o índice total de áreas verdes para no mínimo 10% (dez por
cento) da área total do perímetro urbano atual, através de:
E segundo o Capítulo III que institui das Diretrizes para o Planejamento Físico-
territorial das Zonas Urbanas do município:
Referências
RESUMO
O objetivo deste estudo foi avaliar as relações ecológicas entre estratos de florestas em
processo de restauração em áreas mineradas. Foi feito levantamento florístico do
plantio, do banco de sementes do solo e da regeneração natural de três florestas
distintas, com um ano e seis meses (A1), cinco anos (A2) e doze anos (A3), todas em
processo de restauração florestal. Comparou-se a composição florística, categoria
sucessional e síndrome de dispersão das espécies arbustivo-arbóreas entre os estratos
das três florestas, através de análise de agrupamento. Houve similaridade florística entre
o banco de sementes e regeneração natural da floresta A2; e do banco de sementes da
floresta A3 com a regeneração natural da floresta A1. O dendrograma comparando as
diferentes categorias sucessionais mostrou a formação de um grupo com elevada
similaridade entre o banco de sementes das florestas A2 e A3 e da regeneração natural
das florestas A1 e A2, predominando neste grupo espécies pioneiras; e outro grupo com
elevada similaridade entre os plantios das três florestas e a regeneração natural da
floresta A3, com predomínio da categoria sucessional secundária inicial seguida pela
secundaria tardia. Com relação à síndrome de dispersão, houve elevada similaridade
entre banco de sementes do solo, regeneração natural e plantio nas três florestas (1,5
ano, 5 e 12 anos em processo de restauração), predominando a síndrome de dispersão
zoocórica. A similaridade entre o banco de sementes das três florestas e regeneração
natural das florestas A1 e A2, mostram que estas últimas estão em processo inicial de
sucessão. Diferentemente, a floresta A3 se encontra em estágio médio de sucessão,
predominando espécies secundárias iniciais e tardias no estrato de regeneração natural.
O predomínio de espécies zoocóricas em todos estratos avaliados é importante para a
atração de animais, o enriquecimento de espécies e o avanço da sucessão nas florestas
em restauração.
INTRODUÇÃO
A Mata Atlântica que correspondia a uma área de 1,1 milhão de km² e que hoje
está reduzida a uma área florestal de 300 mil km² altamente fragmentados, devido a sua
degradação ao longo dos séculos (Serviço Florestal Brasileiro, 2010), é considerada um
dos hotspots mundial devido exatamente a essa elevada perda da sua cobertura original,
alta biodiversidade e elevado grau de endemismo (Ferreira Júnior et al., 2012; Gazell et
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná –52
Brasil
al., 2012). No Estado de Minas Gerais o domínio da Mata Atlântica correspondia a 41%
da área do Estado e hoje está reduzida a 4% dessa área (Drummond et al., 2009).
Neste cenário de degradação ambiental da Floresta Atlântica que vem desde o
descobrimento do Brasil até os dias atuais com a expansão das áreas agrícolas, pecuária,
o desmatamento ilegal, a expansão imobiliária e atividades de mineração, vemos a
importância da preservação dos remanescentes florestais ainda existentes e a restauração
das áreas perturbadas e degradadas. Para que haja o restabelecimento da biodiversidade
e dos processos ecológicos é necessária a aplicação de um conjunto de intervenções
eficientes (Brancalion et al., 2010), além de conhecer a diversidade, estrutura e
funcionamento das florestas secundárias tropicais para melhor subsidiar ações de
manejo, conservação e práticas de restauração florestal (Franco et al., 2012).
A capacidade da floresta restaurada se perpetuar no tempo é um dos fatores mais
importantes para o sucesso do processo de restauração (Barbosa, 2008), sendo
fundamental a ocorrência de diversos acontecimentos como, a dispersão de propágulos
de espécies existentes no local e de fragmentos florestais do entorno, e a existência de
fauna dispersora, possibilitando assim, a regeneração natural da floresta em restauração
(Barbosa, 2008; Miranda Neto et al., 2012a). Assim, são essenciais a avaliação e o
monitoramento das florestas em processo de restauração para que se tenha êxito no
projeto de restauração implantado.
O estudo da florística das distintas fisionomias florestais e a comparação de sua
similaridade entre os diferentes estratos de uma comunidade florestal numa mesma
região assim como entre comunidades florestais de regiões diferentes é importante para
se avaliar as espécies mais importantes nessas comparações e permitir identificar
possíveis correlações com variáveis climáticas e consequente entendimento do
funcionamento da fitogeografia brasileira (Meira Neto e Martins, 2002). Esse tipo de
estudo auxilia também na avaliação de florestas em processo de restauração através da
correlação com outras florestas restauradas e com ecossistemas naturais preservados
(Miranda Neto et al., 2012b).
Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo avaliar as relações
ecológicas entre os diferentes estratos (plantio, banco de sementes do solo e regeneração
natural) de três florestas em processo de restauração em áreas mineradas, situadas na
região da Zona da Mata de Minas Gerais.
MATERIAL E MÉTODOS
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná –53
Brasil
temperado úmido com inverno seco e verão quente (Sá Júnior et al. 2012). A
temperatura média mínima anual é de 18,2°C e média máxima anual de 31°C, com
temperatura média anual de 23,5°C e precipitação média anual de 1.564 mm
(AGEVAP, 2013). A vegetação característica das regiões de estudo é classificada como
Floresta Estacional Semidecidual, inserida no Domínio Floresta Atlântica (IBGE,
2012).
Na floresta A1 o espaçamento de plantio utilizado foi de 1,5 x 1,5 m, na floresta
A2 espaçamento de 3,0 x 2,0 m e na floresta A3 foi de 1,0 x 1,0 m. Foram alocadas 40
parcelas de 3,0 x 3,0 m nas florestas A1 e A3 e 30 parcelas de 2,0 x 2,0 m na floresta
A2, para avaliação do banco de sementes do solo e da regeneração natural. Em cada
parcela lançada nas florestas de estudo foi retirada uma amostra de solo superficial de
0,25 x 0,30 x 0,05 m, as quais foram levadas para casa de sombra no viveiro do
Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa, para
contagem e identificação das plântulas emergidas. Em cada parcela das florestas
também foram mesurados a altura e o diâmetro ao nível do solo (DNS) de todos os
indivíduos arbustivo-arbóreos pertencentes à regeneração natural com altura ≥ 0,3 m e
DAP inferior a 5,0 cm. As espécies amostradas no banco de sementes, na regeneração
natural e no plantio das três florestas, foram identificadas e classificadas em categorias
sucessionais, de acordo com os critérios propostos por Budowski (1965) e adaptados
por Gandolfi et al. (1995) para florestas semidecíduas brasileiras, sendo: pioneiras,
secundárias iniciais e secundárias tardias. Foram também classificadas quanto às
síndromes de dispersão de propágulos em zoocóricas, anemocóricas e autocóricas (van
der Pijl, 1982).
A composição florística arbustivo-arbórea, as categorias sucessionais e as
síndromes de dispersão do estrato de regeneração natural (Reg), do estrato arbóreo
(plantio) e do banco de sementes do solo (BS) foram comparados entre as três florestas
(A1, A2 e A3) por meio de uma análise de agrupamento. O banco de dados consistiu de
uma matriz binária de presença e ausência de espécies, com exclusões de identificações
em nível de famílias e gêneros.
Procedeu-se inicialmente na conversão da matriz de dados binários em uma
matriz de medidas de proximidade (similaridade ou dissimilaridade) entre os pares de
unidades de observação (Johnson e Wichern, 1988). Para a similaridade florística foi
empregado o coeficiente de Jaccard (Mueller-Dombois e Ellenberg, 1974). E para as
similaridades da síndrome de dispersão e da categoria sucessional foi empregado o
coeficiente de Morisita (mod. Horn), a partir de uma matriz de dados quantitativos de
densidade de espécies (Kent e Coker, 1992).
Para interpretar a similaridade, foi utilizado o método de agrupamento UPGMA
(Unweighted Pair Group Method with Arithmetic Mean), produzindo um dendrograma
em que as amostras semelhantes, de acordo com as variáveis escolhidas, foram
agrupadas entre si (Moita Neto e Moita, 1998). As análises foram efetuadas no
programa FITOPAC 2.1 (Shepherd, 2010).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Brasil
arbustivo-arbóreas no banco de sementes, 80 na regeneração natural e 37 no plantio da
floresta que está em processo de restauração há 12 anos (A3).
O dendrograma comparando os estratos banco de sementes do solo, regeneração
natural e plantio das três florestas avaliadas, com relação à similaridade florística,
distinguiu dois grupos, um grupo formado pelo banco de sementes do solo das florestas
com 1,5 ano, 5 anos e 12 anos e a regeneração natural de 1,5 ano e 5 anos; e outro grupo
formado pelo estrato de regeneração natural com 12 anos e as espécies do plantio das
florestas com 1,5 ano, 5 anos e 12 anos (Figura 1). Miranda Neto et al. (2012b),
avaliando a similaridade florística de uma floresta restaurada com 40 anos no município
de Viçosa-MG, entre os mesmos estratos analisados no presente estudo, verificaram
que, diferente do presente estudo, não houve similaridade florística do banco de
sementes do solo com o estrato de regeneração natural e o estrato arbóreo.
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Brasil
A dissimilaridade entre a florística do plantio com o banco de sementes do solo e
a regeneração natural, provavelmente é devido a presença de fragmentos florestais
preservados próximos às florestas de estudo, que estão contribuindo com propágulos
para a recarga do banco de sementes do solo e para a regeneração natural. Outro motivo
é com relação as espécies do plantio da floresta A1 ainda não terem atingido o estágio
reprodutivo, assim como muitas espécies do plantio da floresta A2. Portanto, não
contribuindo ainda com propágulos para a regeneração natural e formação do banco de
sementes do solo.
O dendrograma comparando as diferentes categorias sucessionais entre os
estratos nas três florestas avaliadas mostram a formação de um grupo com elevada
similaridade entre o banco de sementes das florestas com 5 e 12 anos e da regeneração
natural das florestas com 1,5 ano e 5 anos (Figura 2), predominando neste grupo
espécies pioneiras, ou seja, de início de sucessão ecológica. Neste primeiro grupo houve
também similaridade com o banco de sementes da floresta com 1,5 ano, porém a
similaridade foi menor devido algumas espécies arbustivo-arbóreas não ter sido possível
a sua classificação em determinada categoria sucessional. Outro grupo foi formado com
elevada similaridade entre os plantios (1,5 ano, 5 e 12 anos) e a regeneração natural da
floresta com 12 anos (Figura 2), com predomínio das categorias sucessionais secundária
inicial e secundaria tardia, respectivamente. Mostrando que a floresta com 12 anos de
restauração florestal já está em um estágio médio de sucessão.
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná –56
Brasil
biodiversidade à área, juntamente com as espécies do plantio, e sua avaliação fornece
subsídio para o conhecimento da dinâmica de sucessão do ecossistema de referência
(Schievenin et al., 2012).
Com relação à síndrome de dispersão, podemos observar na Figura 3 que houve
elevada similaridade entre os estratos avaliados (banco de sementes do solo,
regeneração natural e plantio) nas três florestas (1,5 ano, 5 e 12 anos em processo de
restauração), predominando a síndrome de dispersão zoocórica, principalmente no
grupo formado pelo plantio com 5 anos e o estrato da regeneração natural das três
florestas. A presença de espécies zoocóricas em florestas em processo de restauração é
importante para a atração da fauna, principalmente, dispersora. Animais dispersores de
propágulos são fundamentais no favorecimento da complexidade de interações
ecológicas. A relação planta-frugívoro se torna essencial na aceleração da sucessão
florestal de florestas em restauração (Barbosa et al., 2012).
CONCLUSÕES
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná –57
Brasil
A similaridade da síndrome de dispersão, com predomínio de espécies
zoocóricas, foi constatada para todos os estratos em todas as três florestas, o que é
importante para a atração de animais e progresso da sucessão das florestas em
restauração.
Os resultados indicam que as ações de restauração florestal das áreas mineradas
vem possibilitando a sustentabilidade ambiental da atividade de mineração de bauxita
na região.
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BUDOWSKI, G. 1965. Distribution of tropical american rain forest species in the light
of successional processes. Turrialba, v. 15, p. 40-42.
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V. (ed.) Ecologia de florestas tropicais do Brasil. 2. ed. Viçosa: Editora UFV, 2012. p.
141-174.
GANDOLFI, S., LEITÃO FILHO, H.F. and BEZERRA, C.L.F. 1995. Levantamento
florístico e caráter sucessional das espécies arbustivo-arbóreas de uma floresta
semidecídua no município de Guarulhos, SP. Revista Brasileira de Biololgia, v. 55, p.
753-767.
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MUELLER-DOMBOIS, D.; ELLENBERG, H. Aims and methods of vegetation
ecology. New York: John Wiley & Sons; 1974. 547 p.
van der PIJL, L. Principles of dispersal in higher plants, 3rd ed. Springer-Verlag,
Berlin and New York. 1982.
(1) Projeto executado no ano de 2015 pelo USACE (United States Army Corps of
Engineers) em parceria com a CODEVASF
(2) Consultor Técnico, Eng. Hidráulico, USACE (United States Army Corps of
Engineers), Brasília, DF, Brasil – [email protected]
(3) Analista em Desenvolvimento Regional, Eng. Civil, CODEVASF, Brasília, DF,
Brasil – [email protected] (61) 2028-4556
(4) Analista em Desenvolvimento Regional, Eng. Cartógrafo, CODEVASF, Brasília,
DF, Brasil – [email protected] (61) 2028-4556
RESUMO
O rio São Francisco vem sofrendo, ao longo das últimas décadas, um contínuo processo
de erosão, assoreamento e diminuição da vazão. A produção, o transporte, a deposição e
a compactação de sedimentos são resultados de processos hidrossedimentológicos que
ocorrem naturalmente. A intensificação do uso do solo em razão do crescimento
populacional e econômico associada às práticas agrícolas e às atividades de irrigação e
mineração, acelerou esses processos, causando o aumento da quantidade de sedimentos
carreada para o leito do rio, e, por consequência, originando problemas sociais,
econômicos e ambientais aos setores de abastecimento de água, hidroelétrico, irrigação,
aquicultura e hidroviário. A solução para isto consiste na realização de um planejamento
e gerenciamento adequado dos recursos naturais da bacia. Para tanto, foi desenvolvido
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná –60
Brasil
pelo USACE (Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos) em parceria
com a CODEVASF (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e
do Parnaíba), um projeto de modelagem hidrológica e de produção de sedimentos para
compreender as dinâmicas do balanço sedimentar histórico e atual na bacia do rio São
Francisco, utilizando o modelo SWAT (Soil and Water Assessment Tool). Como
resultado deste estudo, gerou-se um mapa de Estimativa de Produção Anual de
Sedimentos na Bacia do Rio São Francisco, em escala nacional, que possibilitou, de
forma estratégica, dar suporte ao planejamento de ações de manejo e conservação da
água, solo e recursos florestais, mais especificamente ao controle de processos erosivos
e recuperação de áreas degradadas na bacia do rio São Francisco, por meio da
priorização de intervenções em sub-bacias com maior produção de sedimentos.
Palavras-Chave – modelagem hidrológica, produção de sedimentos, controle de
processos erosivos, recuperação de áreas degradadas, bacia do rio São Francisco
1- INTRODUÇÃO
A CODEVASF (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do
Parnaíba) é uma empresa pública vinculada ao Ministério da Integração Nacional, que
promove o desenvolvimento e a revitalização das bacias dos rios São Francisco,
Parnaíba, Itapecuru e Mearim com a utilização sustentável dos recursos naturais e
estruturação de atividades produtivas para a inclusão econômica e social. A
CODEVASF e o USACE (Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos)
firmaram no ano de 2012 um acordo de parceria intergovernamental de 5 anos para dar
suporte a projetos de melhorias de engenharia fluvial e navegação, bem como a projetos
de estabilização de margens ao longo do rio São Francisco.
A bacia hidrográfica do rio São Francisco tem grande importância para o país não
apenas pelo volume de água transportado na região semiárida, mas, também, pelo
potencial hídrico passível de aproveitamento e por sua contribuição histórica e
econômica para a região. Ela abrange 639.219 km 2 de área de drenagem (7,5% do país)
e vazão média de 2.850 m3/s (2% do total do país). O rio São Francisco é um corredor
de navegação historicamente relevante, que conecta importantes atividades de
agricultura e mineração que ocorrem nos estados de Minas Gerais (sudeste do país) e
Bahia (nordeste do país). O rio São Francisco tem 2.700 km de extensão e nasce na
Serra da Canastra, em Minas Gerais, escoando no sentido sul-norte por Minas Gerais,
Bahia e Pernambuco, quando altera seu curso para esse, chegando ao Oceano Atlântico
através da divisa entre Alagoas e Sergipe. A bacia do rio São Francisco (Figura. 1)
possui sete unidades da Federação – Bahia (48,2%), Minas Gerais (36,8%), Pernambuco
(10,9%), Alagoas (2,2%), Sergipe (1,2%), Goiás (0,5%), e Distrito Federal (0,2%) –, e
507 municípios (cerca de 9% do total de municípios do país). (CBHSF, 2016)
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná –61
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Figura 1: Limite da Bacia do rio São Francisco
O clima varia de úmido no sul (Alto São Francisco) a semiárido no norte (Submédio
São Francisco). A cobertura vegetal da bacia do rio São Francisco contempla
fragmentos de diversos biomas predominando a Floresta Atlântica em suas cabeceiras, o
Cerrado (Alto e Médio São Francisco), e a Caatinga (Médio e Submédio São
Francisco). Ocorrem, ainda, áreas de transição entre o Cerrado e a Caatinga, as florestas
estacionais decídua e semi-decídua, os campos de altitude e as formações pioneiras
(mangue e vegetação litorânea), as últimas no Baixo São Francisco. O cerrado cobre,
praticamente, metade da área da bacia, compreendendo quase todo o estado de Minas
Gerais e oeste e sul da Bahia, enquanto que a caatinga predomina no nordeste da bacia a
partir da divisa dos estados de Minas com a Bahia, justamente sob as condições de
clima mais severas. A floresta tropical, hoje quase totalmente devastada pelo uso
agrícola e pelas pastagens, ocorre na região do Alto São Francisco, principalmente nas
cabeceiras (MMA, 2006).
O rio São Francisco vem sofrendo, ao longo das últimas décadas, um contínuo processo
de erosão, assoreamento e diminuição da vazão. A produção, o transporte, a deposição e
a compactação de sedimentos são resultados de processos hidrossedimentológicos que
ocorrem naturalmente. A intensificação do uso do solo em razão do crescimento
populacional e econômico associada às práticas agrícolas e às atividades de irrigação e
mineração, acelerou esses processos, causando o aumento da quantidade de sedimentos
carreada para o leito do rio, e, por consequência, originando problemas sociais,
econômicos e ambientais aos setores de abastecimento de água, hidroelétrico, irrigação,
aquicultura e hidroviário.
Em 2014, a equipe CODEVASF-USACE estudou os impactos associados ao
desenvolvimento da bacia do rio São Francisco, especificamente para hidrologia e
produção de sedimentos (Projeto #6 – Modelo Hidrológico e de Produção de
Sedimentos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, 2014), bem como para o
transporte de sedimentos (Projeto #7 – Modelo de Transporte de Sedimentos no
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná –62
Brasil
Canal de Navegação do Rio São Francisco, 2014), o que permitiu melhorar o
entendimento global da dinâmica de sedimentos (produção e transporte) na bacia e no
canal de navegação rio São Francisco.
A CODEVASF, por meio do Programa de Revitalização das Bacias Hidrográficas dos
rios São Francisco e Parnaíba, desde 2004 vem implementando projetos de mitigação de
danos ambientais. Foram executadas dentro da bacia do rio São Francisco inúmeras
ações de manejo e conservação da água e do solo com intuito de melhorar a qualidade
da água, recuperar a hidrologia natural e reduzir a erosão do solo. Essas medidas
consistem na execução de práticas conservacionistas, tais como: bacias de
captação/sedimentação; terraceamento em nível; readequação de estradas vicinais;
proteção/cercamento de matas ciliares, matas de topo e nascentes;
contenção/estabilização de margens; e reflorestamento. Atualmente, estão sendo
desenvolvidos novos esforços de planejamento para aumentar as ações de mitigação de
danos ambientais.
Assim, este artigo tem por objetivo apresentar o projeto de modelagem hidrológica e de
produção de sedimentos, desenvolvido pela parceira USACE-CODEVASF, para
compreender as dinâmicas do balanço sedimentar histórico e atual na bacia do rio São
Francisco, utilizando o modelo SWAT (Soil and Water Assessment Tool). Como
resultado deste estudo, gerou-se um mapa de Estimativa de Produção Anual de
Sedimentos na Bacia do Rio São Francisco, em escala nacional, que possibilitou, de
forma estratégica, dar suporte ao planejamento de ações de manejo e conservação da
água, solo e recursos florestais, mais especificamente ao controle de processos erosivos
e recuperação de áreas degradadas na bacia do rio São Francisco, por meio da
priorização de intervenções em sub-bacias com maior produção de sedimentos.
2- MATERIAL E MÉTODOS
2.1- Modelagem Hidrológica e de Produção de Sedimentos
O modelo selecionado para avaliar a dinâmica de sedimentos na bacia do rio São
Francisco foi o SWAT (Soil and Water Assessment Tool - Ferramenta de Avaliação
de Solo e Água). O SWAT é um modelo de bacia hidrográfica contínuo (de etapas
diárias) baseado em dados físicos que tem sido utilizado intensamente para avaliar
hidrologia, produção de sedimentos, dinâmica de nutrientes, dentre outros processos. O
SWAT divide uma bacia hidrográfica em diversas sub-bacias e cada sub-bacia é então
dividida em Unidades de Resposta Hidrológica (Hydrologic Response Unit – HRUs).
Cada HRU é uma área de contribuição relativamente pequena que possui propriedades
uniformes de topografia (declividade), tipo de solo e uso do solo, e são determinadas a
partir da sobreposição e combinação destes dados.
O escoamento superficial é calculado no SWAT usando-se o método SCS-CN (USDA-
SCS, 1972) ou o método de Green e Ampt (Green e Ampt, 1911). O cálculo de
propagação de cheias é feito usando-se o método de coeficiente variável de acumulação
desenvolvido por Williams (1969) ou o método de propagação de Muskingum. O
SWAT simula a hidrologia de uma bacia hidrográfica utilizando uma simples equação
de equilíbrio da água (Equação 1):
(1)
Onde:
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná –63
Brasil
SWt= teor de umidade do solo final (mm H2O)
SW0 = teor de umidade do solo inicial no dia i (mm H2O)
Rday = precipitação no dia i (mm H2O)
Qsurf = escoamento superficial no dia i (mm H2O). Calculada utilizando o
método SCS de número da curva (Serviço de Conservação do Solo
USDA, 1972) e o método de infiltração de Green e Ampt (Green e
Ampt,1911)
Ea = evapotranspiração no dia i (mm H2O).
wseep = entrada de água na zona vadosa do perfil do solo no dia i (mm
H2O)
Qgw = escoamento de retorno ou escoamento base no dia i (mm H2O)
A erosão causada pela precipitação e pelo escoamento superficial é computada no
SWAT utilizando a Equação Modificada Universal de Perda do Solo (MUSLE)
(Williams, 1975). A MUSLE é uma versão modificada da Equação Universal de Perda
do Solo (USLE) desenvolvida por Wischmeier e Smith (1965). O modelo USLE fornece
estimativas de erosão sedimentar de longo prazo (anual), associadas à erosão de
córregos e escoamento laminar, enquanto que o MUSLE fornece estimativas da
produção total de sedimentos em etapas diárias através da incorporação de uma vazão
variável (Qsurf). A limitação do SWAT é que erosão de córregos e de
escoadouros/drenagens não são diretamente modelados e, em vez disso, parâmetros da
equação do MUSLE precisam ser artificialmente ajustados para levar em consideração
essas erosões.
A erosão do leito fluvial é frequentemente computada utilizando um modelo de
transporte sedimentar. Dezenas de modelos de transporte sedimentar têm sido
desenvolvidas para calcular a carga total de material do leito (veja, por exemplo,
Engelund e Hansen, 1967; Ackers e White, 1973; Yang, 1973; Brownlie, 1981; e Karim
e Kennedy, 1981). Essas equações, entre outras, podem ser utilizadas para calcular as
cargas sedimentares suspensas, cargas de fundo do leito, cargas de lavagem ou cargas
totais. Muitos canais estáveis possuem leitos propensos à erosão; contudo, a geometria
do canal mantém seu formato geral com o passar do tempo, não gerando diferença na
massa sedimentar depois do evento ou aumento na entrega de sedimentos a jusante (isto
é, a carga de sedimento entrando em um trecho estável é equivalente ao sedimento que
deixa o trecho estável e, portanto, o leito não contribui com nenhuma distribuição
adicional).
Ambas as erosões do leito e da margem do rio são calculadas no SWAT quando duas
condições são satisfeitas. Primeiro, a força do curso de água (ou capacidade do rio de
transportar sedimentos) precisa ser maior do que a quantidade do sedimento que está
sendo transportado. Num determinado momento, se houver mais sedimento sendo
transportado do que a capacidade de transporte, nenhuma erosão irá ocorrer e, em vez
disso, o sedimento excessivo será depositado. Segundo, a tensão de cisalhamento
exercida pela água no leito ou margem precisa ser maior que a tensão de cisalhamento
crítica para desalojar uma partícula do sedimento. As taxas de erosão em potencial são
calculadas com base na equação de excesso de tensão de cisalhamento de Hanson e
Simon (2001) na SWAT (Equações 2 e 3). A variável de tensão de cisalhamento efetiva
nas Equações 2 e 3 é baseada nas equações de Eaton e Miller (2004).
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná –64
Brasil
(2)
(3)
Onde:
(4)
,
(5)
,
(6)
Onde:
concsed,i = concentração inicial dos sedimentos suspensos no
reservatório (mg/m3)
sedwb,i = quantidade de sedimento na massa de água no início da
etapa de tempo i (toneladas métricas)
sedflowin = quantidade de sedimento adicionada ao reservatório com o
influxo (toneladas métricas)
Vstored = volume de água armazenado no reservatório no início da
etapa de tempo i (m3)
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná –65
Brasil
Vflowin = volume de água que entra no reservatório dentro da etapa
de tempo (m3)
concsed,f = concentração final de sedimento na massa de água
(mg/m3)
concsed,eq = concentração do equilíbrio do sedimento na massa de água
(mg/m3)
ks = constante do decaimento de primeira ordem (day-1). O valor
padrão é definido como 0,184, o que representa que 99% das partículas
de tamanho 1µm se separam da suspensão em 25 dias.
t= comprimento da etapa de tempo (configurada para 1 dia)
d50 = tamanho mediano da partícula do sedimento do influxo (µm)
Na dinâmica do reservatório, o modelo SWAT adota um reservatório bem misturado e,
portanto, a concentração de sedimento que flui para fora do reservatório é igual à
concentração do sedimento no sistema bem misturado. Para alcançar uma eficiência de
coleta perto de 100% em reservatórios grandes (como esperado nos grandes
reservatórios que foram modelados para este estudo), a sedimentação precisa ser
iniciada em uma baixa concentração e a constante do decaimento de primeira ordem
precisa assentar a maior parte do sedimento dentro de uma única etapa de tempo de 1
dia.
Outras fontes de acumulação (zonas profundas) no balanço sedimentar incluem
pântanos, depressões, planícies aluviais, e acumulação em canal. Cada zona profunda
sedimentar tem seu próprio conjunto de procedimentos (coletas tanto matemáticas
quanto de campo) para estimar as taxas de sedimentação. Por exemplo, Parker (2008)
lista oito equações diferentes que podem ser utilizadas para calcular as taxas de
sedimentação nas planícies aluviais pelo tamanho do grão. Parker também lista diversos
métodos de campo incluindo marcadores, extração e "cadeias de Leopold" (exemplo,
cadeias de vasculhamento) para estimar a sedimentação da planície aluvial. Essas zonas
profundas específicas não são o interesse primário desta pesquisa. Deve ser salientado
que o SWAT incorpora os mesmos métodos utilizados na sedimentação do reservatório
(uma abordagem do equilíbrio de massa) para calcular as taxas de sedimentação nas
depressões, pântanos, lagoas e lagos. A planície de inundação e outros reservatórios in-
stream são abordadas no SWAT utilizando os algoritmos de transporte e roteamento de
sedimento previamente descritos.
Gassman et al. (2007) conduziram uma revisão literária detalhada sobre as aplicações
onde o SWAT tem sido utilizado, incluindo: avaliações hidrológicas; fluxo de base em
sistemas influenciados pelo relevo cárstico; reabastecimento das águas subterrâneas;
aplicações de degelo; estudos sobre perda de poluentes; estudos sobre nitrogênio e
fósforo; estudos sobre pesticidas e surfactantes; análise de Melhores Práticas de
Gerenciamento (BMP); e mudança climática. Gassman descobriu que inúmeros estudos
têm mostrado a eficácia da SWAT na previsão de cargas sedimentares em diferentes
escalas de bacia hidrográfica (ver Arnold et al., 1999; Saleh et al.; 2000; Srinivasan et
al.; 1998).
Várias outras equações e processos estão incorporados no SWAT e são utilizados
indiretamente neste projeto, embora não estejam descritos aqui. Por exemplo, o ciclo (e
disponibilidade) de nitrogênio e fósforo foi modelado no SWAT para calcular a
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná –66
Brasil
densidade do cultivo; porém, esses parâmetros não foram calibrados especificamente no
modelo SWAT do rio São Francisco. Além disso, a recarga de águas subterrâneas e
afluxo lateral foi modelada no SWAT para calcular o balanço hídrico em cada etapa de
tempo. Esses processos intermediários são importantes para serem calculados no
desenvolvimento geral do modelo SWAT, mas não são os resultados diretos que estão
sendo investigados neste projeto. O foco do presente estudo é o balanço hidrológico e
sedimentar da bacia do São Francisco e, portanto, somente os processos associados a
distribuição e armazenamento da hidrologia, fontes de sedimento e fontes de
acumulação, foram focados neste trabalho. Mais informações sobre os inúmeros
processos intermediários incorporados no SWAT podem ser encontradas na
Documentação Teórica da SWAT2009 (Neitsch, et al., 2011).
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná –67
Brasil
dados global da cobertura do solo para o ano de 2005, com 300m x 300m de resolução.
A Tabela 1 lista as categorias de uso do solo associadas ao banco de dados GlobCover
2005. Os dados de uso do solo do GlobCover 2005 foram convertidos para categorias
SWAT de uso do solo. As estatísticas associadas às categorias SWAT de uso do solo
para a bacia do rio São Francisco estão inclusas na Tabela 2.
Cinco dos maiores reservatórios da Bacia de São Francisco foram adicionados ao
modelo (Figura 5). Esses reservatórios incluem Três Marias localizado em: 18° 12
51″ S, 45° 15 46″ W; Sobradinho localizado em: 9° 25 54″ S, 40° 49 40″ W; Luiz
Gonzaga localizado em: 9° 8´ 37″ S, 38° 18 40″ W; Paulo Afonso localizado em: 9°
24 57″ S, 38° 12 25″ W; e Xingó localizado em: 9° 37 27″ S, 37° 47 48″ W.
O principais pontos de captação de água para irrigação, num total de 26, foram
identificados pela CODEVASF (2013) e esses foram colocados no modelo SWAT. Os
nomes, localizações, vazão permitida e informações adicionais associadas a cada
operação de irrigação estão listados na Tabela 3.
Dados de clima para a bacia do Rio São Francisco foram obtidas do site Global Weather
Data for SWAT: http://globalweather.tamu.edu/. Este site inclui dados climáticos de
temperatura, precipitação, vento, umidade relativa e radiação solar dentro de um limite
de 5° (Latitude) por 5º (Longitude). Dados climáticos foram coletados de 1995 a 2006
em 1.254 locais ao longo da bacia. Embora a modelagem tenha sido designada para
incluir resultados diários de 2001 a 2006, todos os dados de 1995 a 2006 foram
coletados para o modelo ter um período “hotstart” suficiente (de 1° de janeiro de 1995 a
31 de dezembro de 2000).
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná –68
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Figura 2: Topografia/Declividade (ASTER GDEM, 30m, 2013) Figura 3- Tipos de
Solos (Embrapa, 1:5.000.000, 1981)
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Figura 4: Uso do Solo (ESA-GlobCover, 300m, 2005) Figura 5: Principais
Reservatórios da Bacia de São Francisco
Tabela 1. Uso do solo aplicadas ao Modelo SWAT da Bacia do Rio São Francisco
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GlobCover 2005 Assigned SWAT
Value Globcover 2005 Landuse Description Categroy Landuse
11 Post-flooding or irrigated croplands (or aquatic) AGRC
14 Rainfed croplands AGRR
20 Mosaic cropland (50-70%) / vegetation (grassland/shrubland/forest) (20-50%) AGRL
30 Mosaic vegetation (grassland/shrubland/forest) (50-70%) / cropland (20-50%) AGRL
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Coordinates Source Intake Permitted Flow SWAT
Name Name of Source
Latitude Longitude Type Type m³/h Basin
Gorutuba 15º 49' 55'' S 43º 15' 46'' W Gorutuba Dam Gravity 8762 55
Jaíba 15º 5' 24.088'' S 44º 5' 24.088'' W São Francisco River Pump 53529 56
Lagoa Grande 15º 44'55" S 43º18'36"W Gorutuba Dam Pump 8740 55
Pirapora 17º 14' 56" S 44º 51' 14" W São Francisco River Pump 3750 68
Barreiras do Norte 12º 4' 47.509" S 44º 57" 59.326" W Grande River Pump 12642 31
Ceraíma 14º 17' 23" S 42º 44' 8" W Carnaíba de Dentro Dam Gravity 539 46
Estreito 14º 49' 35" S 42º 48' 27" W Verde Pequeno Dam Gravity 4669 53
Formoso A 13º 11' 7" S 43º 38' 37" W Corrente River Pump 47160 42
Miroros 11º 27' 34" S 42º 20' 34" W Verde Dam Pump 3110 23
Nupeba 11º 48' 35" S 44º 43' 0" W Grande River Pump 14196 29
Piloto Formoso 13º 36' 16" S 44º 23' 45" W Formoso River Pump 1620 45
Riacho Grande 11º 55' 28" S 44º 50' 48" W Grande River Pump 8042 29
São Desidério 12º 21' 38" S 44º 58' 20" W São Desiderio Dam Gravity 4700 35
Bebedouro 9º 22' 44.775" S 40º 26' 38.103" W São Francisco River Pump 13320 12
Nilo Coelho 9º 25' 36.603" S 40º 49' 20.852" W São Francisco River Pump 83520 13
Betume 10º 25' 4" S 36º 33' 34.487" W São Francisco River Pump 7167 21
Cotinguiba-Pindoba 10º 16' 30" S 36º 46' 55" W São Francisco River Pump 6939 21
Propria 10º 12' 18.605" S 36º 50' 4.445" W São Francisco River Pump 5775 21
Boacica 10º 14' 04'' S 36º 38' 25'' W São Francisco River Pump 9345 21
Itiúba 10º 13' 13,2'' S 36º 47 53.4'' W São Francisco River Pump 3373 21
Marituba 10º 23' 38'' S 36º 33 8'' W São Francisco River Pump 4817 21
Curaçá 9º 3' 44'' S 40º 2' 52'' W São Francisco River Pump 19675 7
Mandacaru 9º 23' 3'' S 40º 26' 32'' W São Francisco River Pump 5200 12
Maniçoba 9º 17' 358'' S 40º 18' 57'' W São Francisco River Pump 23160 12
Salitre 1 9º 28' 52.644'' S 40º 37' 36.879'' W São Francisco River Pump 25200 22
Tourão 9º 24' 26.558'' S 40º 27' 31.108'' W São Francisco River Pump 47736 12
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná –72
Brasil
selecionada pelas seguintes razões: 1) a estação inclui um longo registro de vazão diário
(desde 1954) e ainda é uma estação ativa; 2) a estação inclui registros tanto de vazão
quanto de sedimento; 3) a estação hidrometeorológica está no médio Rio São Francisco
(a área de foco de impactos de navegação); e 4) a estação hidrometeorológica não sofre
grande influência de barragens/reservatórios.
Dados de sedimentos suspensos são coletados na estação de Morpará quatro vezes
por ano, utilizando um amostrador USDH-59, que coleta deposições de sedimentos
suspensos. Estudos anteriores mostraram que a descarga de fundo nesta estação é de
aproximadamente 25% da descarga sólida de suspensão (Creech, 2014). Estes dados
foram compilados em uma curva chave de sedimentos, e descargas mensais de
sedimentos foram calculadas pela duração da simulação SWAT (2001-2006). A
produção SWAT foi comparada com as descargas de sedimentos observadas, e um
PBIAS de -12.6 foi calculado pela duração da simulação (Figura 7). De acordo com
Moriasi et al. (2007), esta é considerada uma calibração “Muito Boa” de deposições
mensais de sedimentos.
A calibração da vazão e dos sedimentos para as condições basais do Rio São
Francisco foi obtida pelo ajuste de 15 variáveis para a vazão, e outras 14 variáveis para
descarga de sedimentos. A Calibração foi obtida pela combinação de métodos manuais
e utilização de programas de calibração automatizados SWAT-CUP.
3- RESULTADOS E DISCUSSÃO
O SWAT é capaz de calcular a erosão das margens e do leito, as fontes de
sedimentos de terrenos acima do leito (planalto), a deposição em reservatórios e
planícies de inundação, além da descarga sedimentar anual para o Oceano Atlântico, na
escala da bacia hidrográfica. O somatório desses resultados forma o balanço sedimentar
anual médio na bacia (Figura 8). Com relação às fontes de produção de sedimentos,
somente uma pequena porcentagem de erosão sedimentar total vem das margens do rio
São Francisco e das margens dos principais tributários (5,6%). A contribuição maior de
novos sedimentos para formação de bancos de areia vem de regiões acima do leito do
rio (94,4%). Com relação a deposição, a maior parte dos sedimentos fica retida nos
cinco principais reservatórios da bacia (72,4%). Apenas uma pequena porcentagem é
depositada na planície de inundação (menos de 1%). Finalmente, o modelo prediz que
aproximadamente 23 milhões de toneladas de sedimento por ano (24,8%) são
depositados no rio São Francisco
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná –73
Brasil
Figura 8: Balanço Sedimentar - Fontes de Sedimentos (Direita) e
Deposição de Sedimentos (Esquerda) na bacia do São Francisco
Os dados de topografia (declividade), tipos de solos e de uso do solo foram
combinados para criar as Unidades de Respostas Hidrológicas (HRUs). Para cada HRU
foi calculada a produção de sedimentos (ton/ha.ano) utilizando a Equação Universal de
Perda de Solos Modificada (Modified Universal Soil Loss Equation – MUSLE),
gerando o mapa de Estimativa de Produção Anual de Sedimentos na Bacia do Rio São
Francisco, em escala nacional (Figura 9).
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná –74
Brasil
É possível verificar que no estado de Minas Gerais concentram-se as sub-bacias
com maior contribuição de sedimentos, com destaque para as interbacias do Alto e
Médio São Francisco e as sub-bacias dos rios Indaiá e Abaeté, seguidas dos rios das
Velhas e Paracatu.
CONCLUSÕES
O modelo SWAT da Bacia do Rio São Francisco foi desenvolvido para calcular
um balanço sedimentar para a bacia hidrográfica e para analisar as mudanças no balanço
sedimentar desde o estabelecimento pré-Europeu. Com base nos resultados do modelo
SWAT, atualmente apenas um pequeno componente do balanço sedimentar existente é
devido à erosão das margens do Rio São Francisco. Aproximadamente 5,6% do
sedimento que está causando a formação de baixios no Rio São Francisco pode ter se
originado nas margens do Rio São Francisco ou nas margens dos principais afluentes.
Os restantes 94,4% dos sedimentos que estão causando a formação de baixios
originaram-se de fontes de sedimentos terrestres ou erosão de sedimentos que ocorrem
em afluentes menores.
Por meio do estudo realizado pela CODEVASF em parceria com USACE em
2013, conclui-se que é carreado efetivamente para o leito do rio São Francisco cerca de
22 milhões de toneladas/ano de sedimentos, o que vem contribuindo para o aumento de
bancos de areia no seu leito, acarretando prejuízos para os diversos usos múltiplos da
bacia, como: abastecimento humano, agropecuária, aquicultura, irrigação, navegação,
geração de energia, dentre outras atividades produtivas.
O mapa de Estimativa de Produção Anual de Sedimentos na Bacia do Rio
São Francisco permitiu, de forma estratégica, dar suporte ao planejamento das ações
de manejo e conservação da água, solo e recursos florestais, mais especificamente ao
controle de processos erosivos e recuperação de áreas degradadas na bacia do rio São
Francisco, por meio da priorização de intervenções em sub-bacias com maior
produção de sedimentos. Verificou-se, finalmente, que as sub-bacias do Alto e do
Médio São Francisco são as que mais contribuem para o aporte de sedimentos para
calha do rio São Francisco, especialmente porque estas regiões apresentam condições
edafoclimáticas favoráveis para o carreamento de sedimentos, (clima, tipo e uso do
solo, e relevo).
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XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná –78
Brasil
1.Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/Coordenação de Dinâmica Ambiental,
Caixa Postal 2223, Manaus (AM), Brasil [email protected] ; 2. Mineração rio do
Norte/Assessoria de Controle Ambiental, Porto Trombetas, (PA), Brasil; 3.
Universidade Federal do Amazonas/ Instituto de Natureza e Cultura, Benjamin Constant
(AM), Brasil [email protected]
RESUMO
Este estudo foi conduzido em parcelas reflorestadas com árvores nativas após extração
de bauxita em áreas da Mineração rio do Norte, no período de 1996 a 2007, com o
objetivo de determinar a evolução da diversidade biológica da comunidade edáfica e seu
estabelecimento nas áreas restauradas após impacto ambiental. As amostras foram
tomadas em plantios das décadas de 80 (1981 a 1987), década de 90 (1990 a 1999) e
2000 (2000 a 2007) nas estações chuvosa e seca. Paralelamente as tomadas de amostras,
foram realizadas medidas de temperatura na superfície e a 5cm de profundidade do solo.
A análise da comunidade edáfica foi baseada em amostragens de serapilheira/solo,
retiradas com sonda de 49cm2 a profundidade de 5cm, com extração em aparelho de
Berlese-Tullgren. Os resultados mostraram habilidade da comunidade edáfica colonizar
áreas reflorestadas, notadamente com o incremento de grupos de invertebrados a cada
ano trabalhado, assim como a diversidade biológica subiu em todos os reflorestamentos
estudados. Os grupos Acari, Collembobla e Formicidae se destacam como dominantes,
presentes em todas as parcelas, com pico populacional na estação chuvosa. Ao longo de
11 anos de monitoramento da comunidade edáfica em reflorestamentos, os resultados
mostraram a habilidade desenvolvida pela fauna em colonizar áreas em vias de
recuperação, o que representou soma anual de grupos e diversidade biológica. Este
conjunto da diversidade e a evolução do número de grupos, permite concluir que as
espécies vegetais nativas plantadas nas áreas impactadas, estão conduzindo a um
processo de reabilitação das áreas pela extração de bauxita.
INTRODUÇÃO
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Brasil
foi a partir de 1981 que foi iniciado o processo de restauração das áreas impactadas pela
extração de bauxita, com plantios de espécies florestais nativas (MRN, 1998, 2000).
O uso do solo pela atividade humana é a que mais afeta as mudanças dos
componentes do solo (Daniels, 1994; Lewinsohn et al., 2005). Uma forma de contornar
o processo do desmatamento é explorar a floresta e o solo de forma ecologicamente
correta. Porque, um componente importante do ecossistema florestal é a comunidade
edáfica (Lavelle et al., 2006) que é extremamente sensível às perturbações de grande
proporção (Gomes et al., 2007). Esta comunidade edáfica é constituída de uma
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná –80
Brasil
diversidade elevada de animais que têm o solo como o seu hábitat principal, e quando
expostos às intervenções humanas severas, é fatal sua diminuição ou eliminação do solo
(Oliveira, 1997, Vasconcelos, 2008). A comunidade edáfica pode retornar ao solo após
a recuperação da área impactada (Moço et al., 2005; Morais, 2010), mas é um processo
longo e o fator principal está aliado a produção primária do ambiente que vai acumular
as folhas no solo e ao mesmo tempo disponibilizar recurso alimentar e nicho para esta
biota (Corrêa-Neto et. al., 2001). Desta forma, é importante a utilização de um manejo
que assegure os processos físicos, químicos e biológicos do ecossistema florestal.
MATERIAL E MÉTODOS
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transportado em caixa de isopor para o INPA-Manaus e no Laboratório de Invertebrados
Terrestres, colocado em uma bateria de funis de Berlese-Tullgren recuperando-se a
fauna em vidros de 60 ml com solução de formol a 1%. O processo de extração
funciona através de calor, com lâmpadas de 40 watts que ligadas a partir do 2º dia da
colocação das amostras no aparelho extrator com temperatura inicial de 25ºC,
alcançando 45ºC aos oito dias, quando se encerra a extração da fauna.
Os invertebrados foram fixados em álcool puro, colocados em banho-maria para
aquecer o álcool com a finalidade de quebrar a tensão superficial do líquido obrigando
os invertebrados a descerem para o fundo do vidro. Após este processo os invertebrados
foram armazenados em álcool 80% glicerinado, separado e identificado em grandes
grupos. Este material encontra-se depositado no Laboratório de Invertebrados Terrestres
do INPA/CODAM.
Para cada ano de reflorestamento e cada estação, com base nos dados obtidos de
seis amostras, foram calculados a média aritmética (x), o desvio padrão (s) e a
abundância (%) para cada grupo taxonômico. Usou-se a análise de correlação, para
determinar se os grupos e fatores de temperatura do solo, acúmulo de folhas no chão e o
teor de água retido na amostra estão associados aos grandes valores ou do outro
(correlação positiva), ou se os pequenos valores de grupos estão associados com os
grandes valores dos fatores de temperatura, teor de água e acúmulo de folhas no chão ou
vice versa (correlação negativa)
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Décadas
Estações 80 90 2000
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chuvosa 87.763 28.907 16.918 133.588
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Figura 1. Número de indivíduos dos três grupos dominantes das duas
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Estudos tem mostrado que em áreas manejadas há em geral, aumento da
população de um grupo, favorecido por reprodução de espécies que se adaptam neste
novo ambiente. Resultados obtidos por Acioli & Oliveira (2015) que estudaram a
comunidade edáfica em floresta primária e plantio de castanheira-do-Brasil (Bertoletia
excelsa B.K.) obtiveram maior densidade de indivíduos de Acari e Collembola no
plantio em comparação com a floresta original, corroborando com os resultados deste
estudo.
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Tabela 2. Presença (+) ausência (0) e número de grupos da comunidade
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Décadas Florestas
CLASSES/Ordens 80 90 2000 Periquito Campina
INSECTA
Collembola + + + + +
Protura + + + + +
Diplura + + + + +
Thysanura 0 + + + +
Orthoptera + + + + +
Blattodea + + + + +
Isoptera + + + + +
Dermaptera + 0 0 0 0
Embioptera + 0 0 + 0
Psococptera + + + + +
Zoraptera + 0 + + 0
Thysanoptera + + + + +
Hemiptera + + + + +
Homoptera + + + + +
Coleoptera + + + + +
Trichoptera 0 + 0 + 0
Lepidoptera + + + + 0
Diptera + + + + +
Hymenoptera + + + + +
ARACHNIDA
Acari + + + + +
Araneida + + + + +
Palpigradi 0 0 0 + +
Pseudoscorpionida + + + + +
Phallangida + + + + +
Ricinulei 0 0 0 + 0
CRUSTACEA
Isopoda + + + + +
Copepoda + + + + +
CHILOPODA + + + + +
DIPLOPODA + + + + +
SYMPHYLA + + + + +
PAUROPODA + + + + +
OLIGOCHAETA + + + 0 +
Enchytraeidae 0 0 0 + +
Número de grupos 28 27 27 31 27
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30
déc/80 déc/90 déc/2000
25
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0
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2000
2002
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2005
2006
2007
Figura 4. Incremento anual de grupos da comunidade edáfica nos
30
déc/80 déc/90 déc/2000
25
Incremento anual. Grupos
20
15
10
0
1996
1997
1998
1999
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2002
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2006
2007
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O incremento anual da diversidade de grupos sugere que as espécies estão
encontrando nas áreas dos reflorestamentos exigências biológicas ideais para sua
manutenção naquele local. E este aumento está fortemente relacionado com a
diversidade da vegetação e produção de serapilheira. Nos reflorestamentos mais antigos
da década de 80, onde a vegetação teve bom desenvolvimento, a diversidade de grupos
foi elevada. Entretanto, nos reflorestamentos com pobreza de serapilheira no solo e sem
crescimento, a diversidade não aumentou significativamente, fato observado nos
reflorestamentos recentes, principalmente da década de 1990. Observa-se, entretanto,
que na década de 2000 (Figura 4) nos anos de 2006 e 2007, a diversidade ficou
praticamente equiparada a década de 80, surtindo o efeito da adição da camada orgânica
do solo e troncos.
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná –89
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CONCLUSÃO
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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áreas reflorestadas da Mineração rio do Norte (MRN) – Porto Trombetas, Pará,
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sobre a mesofauna do solo na Amazônia Central, Brasil. Ciência, Natureza e
Cultura na Região Amazônica, pp. 186 a 195. Org.: Guimarães, M.A.; Nakauth,
A.C.S.S.; Acioli, A.N.S. Editora Universidade Federal do Amazonas.
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entre os anos de 2008 a 2012. In: Anais XVII Simpósio Brasileiro de
Sensoriamento Remoto - SBSR, João Pessoa-PB, Brasil. 7028 – 7035.
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2017.
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LAVELLE, P.; DECAENS, T.; AUBERT, M.; BAROT, S.; BLOIUN, M.; BUREAU,
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MAJER, J.D.; BRENNAN, K.E.; MOIR, M.L. 2007. Invertebrates and the Restoration
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Australia. Restoration Ecology, 15 (4): 104-115.
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MORAIS, J.W. 2010. Mesofauna do solo em diferentes sistemas de uso da terra no alto
rio Solimões, AM. Neotropical Entomology, 39 (2): 145-152.
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Natural, Ecologia e Conservação de algumas espécies de Plantas e Animais da
Amazônia, Manaus: EDUA/INPA/FAPEAM, p. 99-105.
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná –92
Brasil
Universidade Tecnólogica Federal do Paraná, Câmpus Medianeira. Av. Brasil, 4232 –
Independência, Medianeira – PR. Brasil. CEP: 85884-000. E-mail: ppgta-
[email protected], fone: (45) 32408000.
RESUMO
O bioma Mata Atlântica é classificado como um “hotspot” mundial devido ao alto grau
de endemismo e elevada diversidade biológica, bem como à necessidade prioritária de
conservação em virtude de pressões antrópicas. No estado do Paraná restaram, com
exceção da vegetação da Serra do Mar e do Parque Nacional do Iguaçu (PNI), poucos
fragmentos pequenos. O objetivo deste estudo foi descrever a composição florística de
estratos regenerantes em florestas primária e secundária no oeste do Paraná com vistas a
subsidiar projetos de restauração ecológica. Foram demarcadas 30 parcelas circulares de
10 m2 cada, em ambas as florestas e coletados dados dos indivíduos de espécies
arbustivas e arbóreas com DAP < 5 cm e altura maior do que 50 cm. Foram coletadas
amostras para posterior identificação em laboratório através da comparação com
material de herbário. Foram registrados 589 indivíduos na floresta secundária (F.S.)
distribuídos em 43 espécies, e 831 indivíduos na floresta primária (PNI) distribuídos em
48 espécies. As espécies mais abundantes na floresta secundária foram Parapiptadenia
rigida e Pombalia bigibbosa, com 236 e 133 indivíduos, respectivamente, e as mais
abundantes na floresta primária foram Sorocea bonplandii e Inga marginata, com 181 e
81 indivíduos respectivamente.
1. INTRODUÇÃO
A Mata Atlântica foi uma das maiores florestas tropicais das Américas,
originalmente cobria cerca de 150 milhões de ha (RIBEIRO et al., 2009), do quais 130
milhões de ha em território brasileiro (CAMPANILI; PROCHNOW, 2006). Atualmente
restam apenas 7,4% de sua cobertura original (DI BITETTI; PLACCI; DIETZ, 2003).
Mesmo reduzida e fragmentada, abriga mais de 20 mil espécies de plantas, das quais 8
mil são endêmicas (MITTERMEIER et al., 2004; METZGER, 2009).
É um dos biomas mais importantes do Brasil, composto por um complexo de 15
Ecorregiões que se estende desde a costa Nordeste do Brasil até o norte do Rio Grande
do Sul, passando pelas montanhas costeiras do país até a bacia do Rio Paraná, no Leste
do Paraguai e na Província de Missiones, nordeste da Argentina. Dentre as 15
Ecorregiões se encontram a Ecorregião Florestas do Alto Paraná e a Ecorregião
Florestas de Araucárias, representadas atualmente por remanescentes florestais na
região oeste do estado do Paraná (DI BITETTI; PLACCI; DIETZ, 2003).
Essas Ecorregiões são formadas respectivamente por remanescentes de Floresta
Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila Mista, fragmentos que ficaram isolados
devido às atividades antrópicas na região, principalmente a partir da década de 1960. O
desmatamento da floresta primária para a expansão das fronteiras agropecuárias foi o
principal motivo dessa fragmentação (FERRETTI et al., 2006).
A vegetação predominante na Ecorregião Florestas do Alto Paraná é a Floresta
Estacional Semidecidual. Porém, outras comunidades de plantas podem ocorrer devido
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná –93
Brasil
a variações locais, como florestas de galeria, bambuzais e palmitais. A maioria das
florestas remanescentes foi explorada para obtenção de madeira e algumas são florestas
secundárias que regeneraram depois do desmatamento. Os fragmentos florestais,
portanto, são compostos tanto por florestas primárias como por secundárias, em
diferentes estádios de sucessão (DI BITETTI; PLACCI; DIETZ, 2003).
O principal e maior remanescente florestal brasileiro de Floresta Estacional
Semidecidual ocorre no Parque Nacional do Iguaçu, com 185.262 hectares, criado em
1939 pelo Governo Federal através do Decreto-Lei N° 1.035. O Parque foi ainda a
primeira Unidade de Conservação do Brasil a ser instituída pela UNESCO como Sítio
do Patrimônio Mundial Natural, título que divide com o Parque Nacional del Iguazú na
Argentina desde o ano de 1986 (SOUZA, 2015; MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE,
2015).
As florestas remanescentes da Ecorregião Florestas do Alto Paraná cumprem um
papel importante na conservação das microbacias hidrográficas. Elas garantem a
quantidade e a qualidade da água, sendo essenciais para a conservação dos rios e
córregos desta região. São vitais para a proteção das nascentes, evitam a erosão do solo
e assoreamento dos rios, proporcionando condições ambientais necessárias para a
sobrevivência humana nas cidades e no campo (DI BITETTI; PLACCI; DIETZ, 2003).
A perda e fragmentação de habitat, o isolamento e a degradação dos fragmentos
florestais foram identificados como as principais ameaças à conservação da
biodiversidade. Esses processos vêm ocorrendo em diferentes intensidades nas diversas
partes da Ecorregião Florestas do Alto Paraná (DI BITETTI; PLACCI; DIETZ, 2003).
Segundo Daronco, Melo e Durigan (2013), a fragmentação de ecossistemas
naturais e a ampliação de áreas agrícolas, resultam em isolamento dos habitats
remanescentes, comprometendo a dispersão de sementes e a regeneração da vegetação.
Diante deste cenário, restaurar um ecossistema degradado é uma maneira de
minimizar os impactos causados pela supressão da vegetação nativa. O restabelecimento
de processos ecológicos, propiciando condições ambientais favoráveis à instalação das
espécies nativas, tem sido denominado por alguns autores de restauração ecológica
(DARONCO, 2013). Ações de restauração ecológica, em geral, buscam imitar e/ou
incentivar o processo natural de sucessão secundária.
A sucessão secundária de uma floresta se inicia a partir de uma perturbação,
seguida por uma sequência de mudanças que leva a regeneração da comunidade em
diferentes séries sucessionais (RICKLEFS, 2003; PUIG, 2008).
O conhecimento sobre a composição florística e categorias sucessionais das
espécies do estrato regenerante de florestas primárias e secundárias é de fundamental
importância para o planejamento de ações de restauração. Nesse contexto, o objetivo
deste estudo foi descrever a composição florística de estratos regenerantes em florestas
primária e secundária no oeste do Paraná, bem como fornecer informações sobre a
categoria sucessional das espécies.
2. MATERIAL E MÉTODOS
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Brasil
coordenadas 25°20’59” S e 53°51’51” O, com altitude de 440 m acima do nível do mar.
A escolha das áreas foi feita com base na similaridade das características de topografia e
tipo de solo. As duas áreas apresentam topografia moderadamente inclinada de encosta
de morro com solo de transição entre latossolo e litossolo. A distância entre as duas
áreas em linha reta é de aproximadamente 5300 m. Na Figura 1 pode-se visualizar a
localização geográfica das áreas de estudo.
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Brasil
as parcelas demarcadas ficaram a uma distância aproximada de 2000 m da borda do
PNI.
Dentro das parcelas foram contados e identificados todos os indivíduos com
diâmetro do caule a 1,3 m acima do solo menor que 0,05 m e com altura igual ou
superior a 0,5 m. Os indivíduos que se situavam exatamente no limite da parcela foram
incluídos ou excluídos aleatoriamente por meio de arremesso de moeda (“cara ou
coroa”).
Para a identificação dos indivíduos foi coletado material botânico para
identificação por meio de comparação com exsicatas depositadas nos herbários da
Figueira da UTFPR – Câmpus Medianeira (FIG) e/ou Dom Bento José Pickel (SPSF)
do Instituto Florestal de São Paulo – SP., bem como consultas à literatura especializada.
Quando possível, a identificação foi também realizada em campo. As espécies foram
ordenadas em famílias e gêneros de acordo com o sistema APG IV (APG IV, 2016).
Para a verificação das grafias, sinonímias botânicas e hábitos de crescimento foi
consultada a Lista de Espécies da Flora do Brasil (JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE
JANEIRO, 2016).
A coleta foi feita com auxílio de podão e/ou tesoura e o material botânico
armazenado em sacos plásticos para o transporte e herborização de acordo com as
técnicas usuais (FIDALGO; BONONI, 1989). Todos os indivíduos amostrados
receberam uma identificação numérica, fixada na própria planta para que não fosse
contada em duplicidade. Para cada espécie encontrada nas parcelas, foram obtidas na
literatura (e.g. MORELLATO; LEITÃO-FILHO, 1992; GANDOLFI; LEITÃO-FILHO;
BEZERRA, 1995; LORENZI, 2002; CARPANEZZI; CARPANEZZI, 2006)
informações relativas à categoria sucessional (pioneira ou não-pioneira) (sensu
WHITMORE, 1989).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1. Lista das espécies de plantas arbustivas e/ou arbóreas encontradas nas
florestas secundária (F.S.) e primária (PNI) – Matelândia, PR. Hábito: arb –
arbusto, arv – árvore; CS, categoria sucessional: P – pioneira, NP – não-pioneira;
Nº - número de indivíduos.
FAMÍLIA/espécie Hábito Nº Nº C
F.S. PN S
I
ACANTHACEAE
Ruellia angustiflora (Ness) Lindau ex Rambo arb - 41 N
P
ANACARDIACEAE
Astronium graveolens Jacq. arv 2 - N
P
ANNONACEAE
Annona emarginata (Schltdl.) H.Rainer arb, arv 5 - P
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APOCYNACEAE
Aspidosperma polyneuron Müll.Arg. arv - 49 N
P
Tabernaemontana catharinensis A.DC. arb, arv 35 - P
ARECACEAE
Euterpe edulis Mart. arv - 25 N
P
BORAGINACEAE
Cordia ecalyculata Vell. arv 2 - N
P
Cordia trichotoma (Vell.) Arrab. ex Steud. arv 3 - N
P
EUPHORBIACEAE
Sebastiania brasiliensis Spreng. arb, arv - 12 P
FABACEAE
Bauhinia forficata Link arv 2 - P
Calliandra foliolosa Benth. arb, arv 22 9 P
Dalbergia frutescens (Vell.) Britton arb 5 - N
P
Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong arv - 1 P
Holocalyx balansae Micheli arv 5 10 N
P
Inga marginata Willd. arv 11 81 N
P
Inga vera Willd. arv 1 - P
Lonchocarpus cultratus (Vell.) A.M.G. Azevedo & arv 3 11 P
H.C.Lima
Machaerium stipitatum Vogel arv 12 4 N
P
Muellera campestris (Mart. ex Benth.) M.J. Silva & arv - 2 N
A.M.G. Azevedo P
Myrocarpus frondosus Allemão arv 1 3 N
P
Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan arv 236 3 N
P
Pterocarpus rohrii Vahl arv 1 - N
P
Senegalia polyphylla (DC.) Britton & Rose arb, arv - 1 P
LAURACEAE
Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez arv 2 33 N
P
Ocotea diospyrifolia (Meisn.) Mez arv 24 - N
P
Ocotea silvestris Vattimo-Gil arv - 2 N
P
LOGANIACEAE
Strychnos brasiliensis Mart. arb 6 N
P
MALVACEAE
Bastardiopsis densiflora (Hook. & Arn.) Hassl. arv 3 - P
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Heliocarpus popayanensis Kunth arv - 3 P
Pavonia sepium A.St.-Hil. arb, arv 1 - N
P
MELASTOMACEAE
Miconia discolor DC. arv - 11 N
P
MELIACEAE
Cabralea canjerana (Vell.) Mart. arv 1 - N
P
Cedrela fissilis Vell. arv 1 2 N
P
Guarea kunthiana A.Juss. arv 18 25 N
P
Guarea macrophylla Vahl arv - 1 N
P
Trichilia catigua A.Juss. arv - 16 N
P
Trichilia clausseni C.DC. arv - 5 N
P
Trichilia elegans A.Juss. arb, arv 8 67 N
P
Trichilia pallens C.DC. arv 3 - N
P
MORACEAE N
P
Sorocea bonplandii (Baill.) W.C.Burger et al. arb, arv 5 181 N
P
MYRTACEAE
Campomanesia guaviroba (DC.) Kiaersk. arv - 9 N
P
Campomanesia xanthocarpa (Mart.) O.Berg arv 1 - N
P
Eugenia burkartiana (D.Legrand) D.Legrand arv - 15 N
P
Eugenia florida DC. arv 1 - N
P
Eugenia subterminalis DC. arv - 1 N
P
Eugenia uniflora L. arv 1 - N
P
Plinia rivularis (Cambess.) Rotman arv - 3 N
P
NYCTAGINACEAE
Guapira hirsuta (Choisy) Lundell arb, arv - 1 N
P
PHYTOLACCACEAE
Seguieria aculeata Jacq. arv - 5 P
POLYGALACEAE
Acanthocladus brasiliensis (Klotzsch ex A.St.-Hil. arb - 1 N
& Moq.) Hassk. P
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná –98
Brasil
POLYGONACEAE
Ruprechtia laxiflora Meisn. arv 4 1 N
P
PRIMULACEAE
Myrsine loefgrenii (Mez) Imkhan. arv - 2 N
P
PROTEACEAE
Roupala montana Aubl. arb, arv - 1 N
P
RUBIACEAE
Ixora gardneriana Benth. arb 1 5 N
P
Psychotria carthagenensis Jacq. arb, arv 15 6 N
P
Psychotria leiocarpa Cham. & Schltdl. arb - 68 N
P
Rudgea jasminoides (Cham.) Müll.Arg. arv - 5 N
P
RUTACEAE
Balfourodendron riedelianum (Engl.) Engl. arv - 31 N
P
Pilocarpus pennatifolius Lem. arv 4 29 N
P
Zanthoxylum petiolare A.St.-Hil. & Tul. arv 1 - N
P
SALICACEAE
Casearia gossypiosperma Briq. arv 1 - N
P
SAPINDACEAE
Allophylus edulis (A.St.-Hil. et al.) Hieron. ex arb, arv 3 2 P
Niederl.
Cupania vernalis Cambess. arv - 2 N
P
Diatenopteryx sorbifolia Radlk. arv 1 7 P
Matayba elaeagnoides Radlk. arb, arv - 2 N
P
SAPOTACEAE
Chrysophyllum gonocarpum (Mart. & Eichler ex arv - 9 N
Miq.) Engl. P
Chrysophyllum marginatum (Hook. & Arn.) Radlk. arv 1 - N
P
Pouteria gardneri (Mart. & Miq.) Baehni arv 1 - N
P
SOLANACEAE
Brugmansia suaveolens (Willd.) Bercht. & J.Presl arb - 1 P
Cestrum strigilatum Ruiz & Pav. arb, arv 2 - P
URTICACEAE
Cecropia pachystachya Trécul arv 1 - P
VIOLACEAE
Pombalia bigibbosa (A.St.-Hil.) Paula-Souza arb 133 27 P
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná –99
Brasil
TOTAL 589 831
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 100
–
Brasil
desenvolvimento de espécies generalistas que tendem a excluir por competição outras
espécies mais exigentes (METZGER, 1999). Tais fatores mencionados podem ter
favorecido a abundância das espécies Parapiptadenia rigida e Pombalia bigibbosa no
fragmento de floresta secundária.
Espécies de alto valor comercial como Aspidosperma polyneuron (peroba-rosa),
Balfourodendron riedelianum (pau-marfim) e Euterpe edulis (palmito-juçara), estão
presentes somente na floresta primária. A ausência de indivíduos dessas espécies na
floresta secundária pode ter relação com a falta de fontes de propágulos no entorno do
fragmento de floresta secundária e/ou com a presença de algum filtro restritivo que
impeça a chegada e o estabelecimento das mesmas. Outro fator que pode ter contribuído
para essa ausência, é o processo histórico de extração e comercialização dessas espécies
durante a expansão das fronteiras agrícolas, que ocorreu de maneira acentuada nesta
região, confinando-as basicamente a remanescentes de florestas maduras
(CARVALHO; NODARI, 2007).
Em inventário fitossociológico da vegetação arbórea no PNI, Souza (2015),
destacou as espécies A. polyneuron, B. riedelianum e E. edulis com importância
fitossociológica elevada. Em remanescentes de Floresta Estacional Semidecidual, A.
polyneuron é destacada como sendo uma das espécies mais abundantes juntamente com
E. edulis, S. bonplandii, e algumas espécies da família Meliaceae (Trichilia e Guarea)
(ACCIOLY, 2013). Essas informações coadunam com muitos dos resultados obtidos no
presente estudo.
Quanto a categoria sucessional, os estratos regenerantes das florestas primária e
secundária apresentaram respectivamente 79% e 74% das espécies não-pioneiras
(Tabela 2). Em um estudo com florestas em diferentes estádios sucessionais, sob
domínio da Mata Atlântica, Liebsch, Marques e Goldenberg (2008), encontraram
percentuais para espécies não-pioneiras de 65,8% aos 25 anos, abaixo do verificado na
floresta secundária, e 79,1% aos 120 anos após perturbação, semelhante ao verificado
na floresta primária.
PNI 79
F.S 74
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 101
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Brasil
4. CONCLUSÃO
5. REFERÊNCIAS
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 102
–
Brasil
CARPANEZZI, A. A.; CARPANEZZI, O. T. B. Espécies Nativas Recomendadas
para Recuperação Ambiental no Estado do Paraná, em Solos Não Degradados.
Embrapa Florestas. Colombo - PR. 2006.
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 103
–
Brasil
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Manual
técnico da vegetação brasileira. 2ª edição. Revista e ampliada. Rio de Janeiro: IBGE.
275 p. 2012.
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 104
–
Brasil
MITTERMEIER, R. A. et al. Hotspots revisited: Earth’s biologically richest and
most endangered terrestrial ecoregions. Washington: Cemex, 2004. 390p.
RIBEIRO, M. C. et al. The Brazilian Atlantic Forest: How much is left, and how is
the remaining forest distributed? Implications for conservation. Biological
Conservation, v. 142, p. 1141 – 1153, 2009.
WHITMORE, T. C. Canopy gaps and the two major groups of forest trees. Ecology,
v. 70. 1989. p. 536-538.
Rubens Stipp(1); Daniel Ramos Pontoni(2); Jana Daisy Honorato Borgo(2); Vander
de Freitas Melo(3)
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 105
–
Brasil
(1)
Estudante de graduação do curso de Engenharia Florestal da UFPR. Rua dos
Funcionários, 1540 – Curitiba – PR – CEP 80035-050. [email protected]; (2)
Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo da UFPR. Rua dos
Funcionários, 1540 – Curitiba – PR – CEP 80035-050. [email protected];
[email protected]; (3) Prof. Adjunto do Dep. de Solos e Eng. Agrícola da
UFPR. Rua dos Funcionários, 1540 – Curitiba – PR – CEP 80035-050.
[email protected].
RESUMO
O chumbo é um dos principais elementos utilizados pelo homem, o que faz deste um
dos principais contaminantes presentes em solos. O presente trabalho tem por objetivo
esclarecer e identificar as mudanças mineralógicas e geoquímicas ocorridas em solos
com diferentes pH, previamente contaminados com Pb e remediados com P e Cl
(promovendo a estabilização química). Os solos foram coletados em regiões
geologicamente distintas: LV (arenito) e NV (basalto). A partir dos dados da
determinação da capacidade máxima de adsorção de Pb (CMAPb) dos solos montou-se
um experimento com o horizonte A dos solos, em esquema fatorial 2x2x2x4, sendo 2
solos, dois níveis de contaminação de Pb, dois pH e 4 doses de P seguindo as relações
molares de P:Pb de 3:5, 4,5:5, 6:5 e 12:5, avaliados em três épocas, por meio
determinação da solução do solo e MEV. A atividade de Pb2+ em relação ao pH
demostrou que, de maneira geral, houve supersaturação do chumbo em relação à curva
de solubilidade da Cloropiromorfita, indicando a formação deste mineral tanto aos 60
como aos 311 dias com o aumento das doses de P, o que foi confirmado por meio de
análise de MEV/EDS nas frações areia e silte nas amostras que receberam as maiores
doses de P.
INTRODUÇÃO
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 106
–
Brasil
ainda controlada por reações de adsorção e dessorção, precipitação e dissolução
(Alloway, 2013; Kabata Pendias & Pendias, 2001).
Na solução do solo o chumbo pode estar na forma iônica, Pb2+, pouco móvel,
mas em função das características eletroquímicas do solo pode formar diversos
compostos estáveis, tais como PbCO3 (cerussita), Pb(OH)2, Pb3(PO4)2, Pb3(CO3)2,
Pb5(PO4)3OH (hidróxipiromorfita) ou Pb5(PO4)3Cl (cloropiromorfita), sendo este
último, o mais estável no ambiente do solo (Lindsay, 1979).
O conhecimento da elevada afinidade do Pb por fosfatos e a alta estabilidade dos
complexos formados entre eles propiciou o desenvolvimento de técnicas de
imobilização química do Pb à base de fosfatos, que vem surgindo como uma alternativa
de baixo custo e alta eficiência frente a outras formas de remediação do solo, tais como
a biorremediação, a fitorremediação ou mesmo a remoção do solo contaminado (Souza,
2012).
Atualmente diversos estudos vêm sendo conduzidos com a intenção de
esclarecer a estabilização química do Pb pela adição de fosfatos (Bosso, 2007;
Hashimoto et al., 2009; Ryan et al., 2001; Scheckel et al., 2005; Cao et al., 2003).
Entretanto, a literatura é ainda incipiente em relação a estabilidade dos fosfatos de Pb
formados pela remediação.
Este trabalho visou avaliar as mudanças ocorridas na solução de dois solos com
textura, mineralogia e pH diferentes, previamente contaminados com Pb e remediados
com P e Cl (visando a estabilização química), através da avaliação da solução do solo,
modelagem de equilíbrios químicos e determinação por MEV.
MATERIAL E MÉTODOS
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Brasil
O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, com três repetições
em esquema fatorial 2x2x2x4, sendo dois solos, dois níveis de pH (natural e 7,0), duas
doses de Pb e quatro doses de P, totalizando 96 unidades experimentais (UEs), avaliadas
aos 30, 60 e 311 dias de incubação.
Para cada solo (48 sacos plásticos), 24 UEs receberam como fonte de corretivo
calcário em dose necessária para elevar o pH em água para 7,0, obtida através da curva
de elevação de pH para esses solos. O corretivo foi aplicado 30 dias antes da incubação
com Pb. Durante todo o experimento a umidade do solo foi mantida à 90% da
capacidade de campo (CC) a fim de propiciar a continuidade das reações nos solos.
As duas doses de Pb foram definidas em função da determinação prévia da
capacidade máxima de adsorção de Pb (CMAPb) das amostras: uma equivalente a
CMAPb (1x CMAPb) e outra equivalente a cinco vezes a CMAPb (5x CMAPb), para
cada solo (Tabela 2).
Após 30 dias de incubação com as doses de Pb foram retiradas 120 g de amostra
para avaliações e procedeu-se a aplicação das doses de P e Cl. Foram adicionadas
quatro doses de P e Cl, respeitando a relação molar P:Pb:Cl de 3:5:1; 4,5:5:1; 6:5:1; e
12:5:1, na forma de KH2PO4 e NaCl, respectivamente (Tabela 2).
Aos 60 e 311 dias após a adição de Pb foram realizadas novas retiradas de 120 g
de solo de cada UE para avaliações da solução.
Para a avaliação da solução foi realizada a sua extração utilizando-se o método
da pasta saturada (Embrapa, 2011). Adicionou-se 110 g de amostra em um becker
plástico de 250 mL e água ultrapura até atingir a consistência e espelhamento descritos
na metodologia. Em seguida, os recipientes foram tampados com filme plástico para
evitar perdas por evaporação e deixadas em repouso por 12 horas até atingir o equilíbrio
químico. Posteriormente, a pasta foi colocada em um conjunto de funil de buchner
contendo papel de filtro (filtração rápida), acoplado a um kitassato, e a solução foi
extraída sob vácuo, por cerca de 2 horas. A solução obtida foi então filtrada em
membrana de 0,45 µm de malha e congelada para determinações posteriores. As
concentrações de Pb foram determinadas nas soluções por meio de Espectroscopia de
Emissão Óptica com Plasma Induzido (ICP-OES), da marca Varian (720-ES).
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Brasil
fração silte, foi submetido a microscopia eletrônica de varredura (MEV) com a
microanálise por espectrometria de energia dispersiva de raios-X (EDS) no Centro de
Microscopia Eletrônica da UFPR.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Brasil
Figura 1. Atividade de Pb2+ em soluções do solo evidenciando o efeito do pH
(natural e 7,0) e do tempo de incubação (60 e 311 dias) para o LV plotada em diagrama
de equilíbrio de estabilidade mineral de fosfatos de chumbo (Lindsay,1979).
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Brasil
maneira geral, os 311 dias não foram suficientes para a formação de cristais maiores que
0,053 mm.
Na figura 3 é apresentada a amostra da fração silte do tratamento 16 (LV de
textura média) onde foram detectados os elementos Pb, P, O e Cl na composição do
mineral avaliado pelo espectro EDS no ponto 1 da imagem de elétron retro-espalhado,
indicando a formação da cloropiromorfita. O ponto 2 do espectro EDS indica a presença
de quartzo (Si e O).
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Brasil
Figura 3. Imagem de microscopia eletrônica de varredura (MEV) com elétron
retro espalhado de amostra da fração silte do tratamento 16 (tratamento com maior nível
de contaminação e maior dose de P) do LV e espectros de EDS em dois pontos da
imagem.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALLOWAY, B.J. Heavy metals in soils. 3.ed. Springer Science & Business
Media Dordrecht, 2013. 614 p.
CAO, X.R., MA, L.Q., CHEN M., SINGH S.P. & HARRIS W.G. Phosphate-
induced metal immobilization in a contaminated site. Environmental Pollution. 122:19–
28, 2003.
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 112
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Brasil
EMBRAPA/CNPS, 2011. 212p.
LINDSAY, W.L. Chemical Equilibria in Soils. John Wiley and Sons, Inc. New
York, 1979.
RYAN, J.A., ZHANG, P., HESTERBERG, D., CHOU, J. & SAYERS, D.E.
Formation of chloropyromorphite in a lead-contaminated soil amended with
hydroxyapatite. ENVIRONMENTAL SCIENCE & TECHNOLOGY. American
Chemical Society, Washington, DC, 35:3798-3803, 2001.
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Brasil
Associação dos Mineradores de Areia do Vale do Ribeira, Rua São Francisco de Xavier,
129 – Centro, Registro – São Paulo – Brasil, CEP 11900-000, E-mail:
[email protected]
RESUMO
O Vale do Ribeira possui uma natural vocação para atividades de baixo impacto
ambiental, em função da pequena atividade industrial e sistema agropecuário de
pequena escala. Neste sentido, as mineradoras de areia vêm buscando adequar suas
atividades industriais com o menor impacto ambiental, visando à proteção de Áreas de
Preservação Permanente (APP) e a integração e o desenvolvimento social sustentável
nas comunidades dos bairros em que as atividades de extração e mineração de areia são
realizadas. O presente trabalho foi realizado em uma área de mineração de areia, mais
especificamente em um trecho de mata ciliar no Rio Ribeira de Iguape, no município de
Registro-SP, durante o período de 16 meses foi realizado acompanhamento periódico da
recomposição florestal desta área, com visitas a campo e coleta de dados para a
avaliação do crescimento das espécies florestais. Foi avaliada a altura das plantas,
diâmetro do caule, índice de mortalidade de espécies, pluviosidade no período,
predominância de espécies e ataque por formigas. O projeto de restauração ecológica
em APP envolve o estudo e o acompanhamento em diferentes etapas, desde a
implantação das espécies florestais, e o monitoramento da área de estudo deve ser
cíclico e contínuo.
1. INTRODUÇÃO
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Brasil
Portanto, cada vez mais há necessidade de conservação da vegetação no entorno
de nascente e ao longo do curso d’água, pois tem sido constantemente relatada a
redução de vazão e o secamento de inúmeras nascentes de água, ocasionada pela perda
da vegetação. A recomposição da mata ciliar degradada constitui um dos fatores
importantes, juntamente com outras práticas conservacionistas, como a proteção da zona
das nascentes, através de uso adequado do solo, que é fundamental para recarga do
lençol freático, e a existência de mata de topo de morro, para fins de garantir a
qualidade e quantidade de água (SIMÕES, 2001).
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2. MATERIAL E MÉTODOS
Para o estudo, a área foi dividida em 9 parcelas e cada parcela era composta por
2 linhas de plantio das espécies florestais.
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Brasil
Profund. pH M.O. Presina Al3+ H+Al K Ca Mg SB CTC V%
CaCl2 g.dm-3 mg.dm-3 mmolc.dm-3 -
0-20
5,4 32 22 - 31 2,2 22 14 38 69 55
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foi utilizado o anexo III da SMA – 32/2014 como referência para realizar
planejamento do plantio e escolha das espécies para a restauração. Foi empregada a
técnica de plantio em área total utilizando, no período previsto em projeto, no mínimo
80 espécies florestais nativas de ocorrência regional, dentre aquelas elencadas na lista
oficial do Instituto de Botânica e/ou identificadas em levantamentos florísticos
regionais. Contudo, a resolução sugere que o número de espécies arbustivas e arbóreas
represente no mínimo 70% do número total de espécies utilizadas.
Na área amostrada verificou-se 95,8% de espécies florestais nativas da Mata
Atlântica, conforme a Tabela 2, apresentando um nível satisfatório do número total de
espécies arbóreas no total de espécies utilizadas conforme a resolução SMA – 32/2014.
A porcentagem de espécies pioneiras identificadas foi de 35,7% e não pioneiras
foi de 60,1%. A resolução SMA – 32/2014 estabelece o limite mínimo de 40% no
plantio de qualquer um dos dois grupos ecológicos de espécies pioneiras e não
pioneiras, no caso do plantio de espécies não pioneiras a proporção foi superior ao
estabelecido pela norma vigente. As espécies pioneiras apresentaram porcentagem
numericamente igual à estabelecida, ou seja, muito próximo ao valor ideal do limite
mínimo de plantio. Em relação à proporção de indivíduos a ser utilizadas em área total,
é indicado que o total de indivíduos de um mesmo grupo ecológico não exceda 60% do
total de espécies. Na área de estudo nenhum dos dois grupos extrapolou este percentual.
A proporção a ser utilizada em um projeto de restauração ecológica é de 40% de
espécies zoocóricas, conforme a resolução SMA – 32/2014, no presente estudo
constatou-se que do total de espécies deste grupo foi de 79%, sendo que das 24 espécies
estudadas, 19 são zoocóricas, valor acima do indicado pela resolução. A importância
das espécies zoocóricas está ligada principalmente ao enriquecimento da flora da região,
aumentando a presença de animais, como aves, contribuindo para a diversidade da flora
e fauna da região de abrangência da bacia do Rio Ribeira de Iguape.
Ao todo foram identificadas na área de estudo 143 plantas nas 9 parcelas
amostradas, sendo de 24 diferentes espécies, entre pioneiras e não pioneiras, e em sua
grande maioria espécies florestais nativas da floresta ombrófila densa.
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Quantidade Porcentagem (%)
Plantas 143 100
Nativas 137 95,8
Exóticas 6 4,2
Pioneiras 51 35,7
Não Pioneiras 86 60,1
Zoocóricas 19 79,2
Mortalidade 31 21,7
As espécies não pioneiras estudadas foram o Ingá (Inga vera), a Canela (Ocotea
corymbosa) e o Ipê Amarelo (Tabebuia umbellata), 2 espécies são zoocóricas, a Canela
e o Ingá e o Ipê Amarelo atualmente se encontra na lista das espécies vulneráveis
quanto à ameaça de extinção (IBAMA, 2015).
Figura 1: Frequência nas parcelas das espécies pioneiras e não pioneiras escolhidas para
as avaliações.
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Brasil
Na figura 2, visualizam-se os resultados de média de altura das espécies
pioneiras (Aroeira, Embaúba e Pau-Viola), ao longo do período de realização das
medições (2, 8, 14 e 18 meses). Observa-se que entre as 3 espécies avaliadas, a
Embaúba foi a espécie que mais se desenvolveu em altura, com incremento de 290% em
relação à altura inicial, seguida pelo Pau Viola (177%) e a Aroeira Pimenteira (115%).
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Figura 3: Altura média das espécies não pioneiras em função do tempo.
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Brasil
Figura 4: Diâmetro médio das espécies pioneiras em função do tempo.
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Brasil
Figura 5: Precipitações mensais ao longo de cada mês.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Brasil
CIIAGRO/IAC. Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas. Disponível
na internet em WWW.ciiagro.sp.gov.br. Acesso em: 10 dez. 2015.
INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS
RENOVÁVEIS. Portaria n°14, de 29 de maio de 2010. Dispõe sobre o uso de
agrotóxicos para uso emergencial no controle de espécies vegetais invasoras em
áreas de floresta nativa. Disponível na internet www.ibama.gov.br. Acesso em 13 dez.
2015.
MELO, A.C.G.,MIRANDA, D.L.C.,DURIGAN, G. Cobertura de copas como
indicador de desenvolvimento estrutural de reflorestamentos de restauração de
matas ciliares do Médio do Paranapanema, SP 2001, Brasil. Revista Árvore, v.31
Ministério do Meio Ambiente. Novo Código Florestal. Disponível na internet
www.planalto.gov.br
Pirâmide Extração e Comércio de Areia Ltda (PIRÂMIDE) disponível na internet
www.areiapiramide.com.br
SIMÕES, L. B. Integração entre um modelo de simulação hidrológica e sistema de
informação geográfica na delimitação de zona tampão riparia. 2001. 177p.
Dissertação (Mestrado em Agronomia)- Universidade Estadual de São Paulo, Botucatu-
SP.
Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Resolução 32 de 2014.
Disponível na internet www.ambiente.sp.gov/legislacao/resolucoes-sma/resolucoes-
sma-32-2014. Acesso em: 29 nov. 2015.
Sistema de Informações Geográficas da Bacia do Ribeira de Iguape e Litoral Sul
(SIGRB). Disponível na internet www.sigrb.com.br
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Brasil
Caverna do Diabo (PECD) e Área de Proteção Ambiental dos Quilombos do Médio
Ribeira (APAQMR) - Fundação para a Conservação e a Produção Florestal (Fundação
Florestal) - Avenida Caraitá, 312, Centro -Eldorado - CEP: 11960000 - SP - email:
[email protected] - Tel: (13)38711242.
³Graduado em Geografia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ),
Mestre em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Doutor em
Engenharia Civil pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio),
Professor adjunto do Instituto de Geografia da UERJ, atuando como colaborador no
Programa de Pós-graduação em Geografia - PPGEO-UERJ, como professor do quadro
permanente no mestrado profissionalizante em Gestão e Regulação de Recursos
Hídricos - PROFÁGUA, e como coordenador do Laboratório de Geotécnica Ambiental
LGA/UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Centro de Tecnologia
e Ciências, Instituto de Geografia, Maracanã - CEP: 20550900 - Rio de Janeiro, RJ -
email: [email protected] -Telefone: (21) 23340656.
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
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Brasil
97.596 km2 (MMA/SBF, 2010). Destaca-se que esta floresta é responsável por
fornecer abrigo e alimentação para todas as espécies da fauna, assim como por prestar
um importante serviço ambiental de proteção de nascentes e rios que abastecem 67% da
população brasileira (MMA/SBF, 2010). Essa vegetação também pode ser encontrada
nas margens dos rios, o que chamamos de mata ciliar, ou em alguns casos de mata de
galeria.
De acordo com Lima (1989), dentre os múltiplos serviços da mata ciliar estão,
principalmente, as funções hidrológicas, como: estabilizar as margens dos rios evitando
processos erosivos; funcionar como filtro entre as áreas mais altas e os corpos hídricos,
controlando o ciclo de nutrientes no escoamento superficial e subterrâneo; impedir ou
mesmo dificultar o transporte de sedimentos e poluentes difusos para os corpos
hídricos; interagir com a superfície d’água, proporcionando cobertura e alimento para a
fauna aquática; e manter a temperatura dos pequenos cursos d’água. Podemos ainda
acrescentar que a mata ciliar tem importante função na manutenção da vazão
ambiental ou ecológica dos recursos hídricos.
As matas ciliares foram incluídas em 1965 como de Proteção Permanente a
partir da Lei n. 4.771, de 15 de setembro de 1965, o Código Florestal Brasileiro, e dessa
forma passaram a ser protegidas. Da mesma forma, outras áreas também importantes
para a conservação da água no solo, como os topos das montanhas e áreas de
declividades acima de 45º foram protegidas. Destaca-se que essa lei garantiu que
pudesse existir uma faixa continua de proteção entre o rio e as áreas utilizadas para as
atividades agropastoris e urbanas. A Lei 12.651, de 25 de maio de 2012, que substituiu
o Código Florestal de 1965, em seu artigo 2º, ainda define Área de Preservação
Permanente (APP), como sendo a “área protegida, coberta ou não por vegetação nativa,
com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e
assegurar o bem-estar das populações humanas”.
Assim, podemos inferir que a disponibilidade e qualidade da água, e a proteção
das matas do entorno dos rios, estão intimamente ligados, e torna-se indispensável a
proteção dessa faixa marginal. Entretanto, apesar dessa importância, verifica-se um
aumento da pressão sobre essa vegetação com a expansão das atividades agropastoris
decorrentes do desenvolvimento econômico, sem haver o correto atendimento das
legislações ambientais, e acarretando em uma degradação acelerada das matas ciliares.
Surge daí a necessidade de fazer sua recomposição.
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 125
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Brasil
Segundo Carpanezzi (1998), um ecossistema perturbado é aquele que sofreu
distúrbio, mas ainda dispõe de meios de regeneração, em diferentes graus, mas
suficientes para recuperar-se em um período de tempo considerado aceitável. Por outro
lado, Carpanezzi et al. (1990), consideram que um ecossistema degradado seria aquele
que, após algum distúrbio, teve eliminados os seus meios de regeneração natural,
levando a uma baixa resiliência e, consequentemente, à necessidade de intervenção
antrópica para sua recuperação. Ainda de acordo com Carpanezzi (1998), há vários
objetivos opcionais que orientam a recuperação de um ecossistema perturbado:
“restauração à sua condição original de função e de estrutura; reabilitação, pela
restauração de apenas algumas características desejáveis que foram alteradas; criação de
um ecossistema novo, totalmente distinto do original; e abandono, o que pode levar a
um processo normal de sucessão ou, se o ecossistema está sujeito à erosão ou a outro
agente debilitante, a uma degradação futura”, sendo a reabilitação o nível de
recuperação mas utilizado na prática.
A edição do “novo Código Florestal”, Lei 12.651, de 25 de maio de 2012, em
seu artigo 4º, mantém as determinações anteriores quanto às faixas de mata ciliar para
cursos d’água naturais perenes e intermitentes, excluídos os efêmeros, mas traz algumas
novidades. A faixa marginal de APP passa a ser calculada a partir da borda da calha do
leito regular, e em especial as áreas de recomposição obrigatória, descritas em seu artigo
61-A, onde é levado em consideração a existência de áreas rurais consolidadas,
indiferente à largura do rio. A partir das áreas dos imóveis rurais, em módulos fiscais,
são computadas essas áreas. As áreas rurais de uso consolidado são definidas pelo “
novo Código Florestal” em seu artigo 3º, como sendo a “área de imóvel rural com
ocupação antrópica preexistente a 22 de julho de 2008, com edificações, benfeitorias ou
atividades agrossilvipastoris, admitida, neste último caso, a adoção do regime de
pousio”. Abaixo apresenta-se um resumo dessas dimensões de faixas de mata ciliar
(tabela 1).
Tabela 1. Larguras mínimas de APPs para cursos d’águas perenes e intermitentes,
segundo o “novo Código Florestal”, e a condição na ocorrência de áreas rurais
consolidadas.
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 126
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Brasil
≤ 1 1 > x ≤ 2 > x ≤ 4 >4
módulo 2 módulos módulos
módulo
s
Rios < 10 m 30 m de cada
lado
Rios 10 ≥ x ≤50 m 50 m de cada
lado
20 à 100 m
Rios 50 ≥ x ≤ 200 100 m de cada
5m 8m 15 m determinad
m lado
o no PRA
Rios 200 ≥ x ≤ 600 200 m de cada
m lado
Rios > 600 m 500 m de cada
lado
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 127
–
Brasil
conflitos decorrentes do binômio conservação x produção. A disponibilização de
informações técnicas que permita um planejamento participativo parece ser uma
alternativa interessante. Nesse sentido, segundo Almeida (1993), “(...) o mais ‘perfeito’
plano em nada resolverá as questões ambientais, se o espaço não for entendido como
uma instância social e não como um mero apoio das atividades humanas.
Explicitamente, a Lei Federal nº 9.433/1997 que estabelece a Política Nacional
dos Recursos Hídricos, traz entre seus fundamentos a gestão integrada e participativa:
“a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do
Poder Público, dos usuários e das comunidades” (grifo nosso). Entretanto, em se
tratando de um ambiente participativo, será essencial o gerenciamento de conflitos para
que não se configure um jogo de soma zero (Fiani, 2006), onde o ganho de um jogador
representa necessariamente a perda para o outro jogador, ou sobretudo leve a uma
decisão que implique na perda para ambas as partes, caracterizando a tragédia dos
comuns (Hardin, 1968). Pode ser, porque não, uma soma constante, onde ocorra a soma
dos benefícios recebidos por todos os entes envolvidos.
3 Nesse contexto, o trabalho busca gerar uma contribuição prática
fornecendo um plano de identificação de áreas passíveis de revegetação em Áreas de
Preservação Permanente (APPs). O objetivo deste trabalho, portanto, foi elaborar uma
proposta de formação de bancos áreas para a restauração da mata ciliar de um trecho
do Rio Ribeira de Iguape, no Vale do Ribeira, municípios de Eldorado e Iporanga, no
Estado de São Paulo, atendendo não só as expectativas da legislação ambiental,
principalmente no que se refere ao Projeto de Recomposição de Áreas Degradadas e
Alteradas (PRADA), instrumento do Programa de Regularização Ambiental (PRA),
instituído pela Lei nº 15.684, de 14 de janeiro de 2015, e regulamentado no Estado de
São Paulo pelo Decreto 61.792 de 11 de janeiro de 2016, mas também às necessidades
locais das comunidades tradicionais que ocupam essas áreas. Dessa forma, acredita-se
que o presente artigo contribui com informações adequadas sobre as áreas indicadas
para os interessados na elaboração de projetos de restauração florestal, e que
busquem reflorestamento com espécies nativas locais, principalmente os próprios
possuidores das áreas apontadas, em especial às CRQ’S.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Para este artigo foram utilizados dados de pesquisa e de campo, tendo sido
também congregadas informações disponíveis na literatura. O trabalho foi
desenvolvido em 2016, usando como fórum de discussão o Conselho Consultivo da
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APAQMR, municípios de Eldorado e Iporanga, no Vale do Ribeira, Estado de São
Paulo. Para a análise dos dados foi utilizado o programa QGIS e banco de dados do
Sistema de Cadastro Ambiental do Estado de São Paulo (SiCAR), sendo realizados todos
os processamentos necessários, como demonstrados a seguir:
2.1. Foi considerado como os limites da área de estudo o perímetro da
APAQMR, que abrangem as CRQ’s do Bairro Sapatu, André Lopes, Nhunguara e
Ivaporunduva, e outros imóveis menores, em trechos fora das CRQ’s, mas dentro do
território abrangido pela APAQMR. Especificamente estas áreas ficam às margens do
Rio Ribeira de Iguape, limitadas na margem direita pela rodovia SP 165 (Eldorado a
Iporanga), iniciando na CRQ Sapatu e terminando na CRQ Ivaporunduva.
2.2. Foram utilizadas imagens do tipo ortofotos produzidas em 2011 pela
Empresa de Paulista de Planejamento (EMPLASA), para a observação do espaço
antropizado.
2.3. A partir de informações que foram produzidas para alimentar o Sistema do
Cadastro Ambiental Rural do Estado de São Paulo (SiCAR/SP), foi possível utilizar o
polígono do Rio Ribeira de Iguape já delimitado, e construir um buffer com 15 metros
para as áreas coletivas situadas dentro das CRQ’s. Tendo em vista a Instrução Normativa
nº2/MMA de 06 de maio de 2014, a CQR se equipararam às propriedades com 4
módulos fiscais, e assim usufruiriam desta margem de 15 metros como recuperação
obrigatória. Na sobreposição de áreas declaradas por “particulares” no CAR com as áreas
reconhecidas para as CRQ’s, estas áreas foram a princípio desconsideradas, atribuindo-se
a faixa de recuperação obrigatória de 15 metros para às áreas coletivas. Para os demais
imóveis foram observadas suas áreas conforme declarado no Cadastro Ambiental Rural
(CAR), atribuindo-se a faixas marginais de 5 e 8 metros, tendo em vista que as mesmas
apresentavam áreas que não ultrapassavam a dois módulos fiscais. O módulo fiscal na
região representa 16 hectares. Em se tratando de áreas de recuperação obrigatória, a
largura média do rio não foi considerada. Outras áreas não declaradas no CAR deverão
ser alvos de levantamentos locais futuros para determinação da margem a ser restaurada.
2.4. Procurou-se investigar a existência de áreas que apresentassem alguma
restrição à restauração florestal, motivada por lei ou licenciamento, e que se
sobrepusessem ás áreas identificadas como de recuperação obrigatória. Assim,
identificamos áreas de domínio do Departamento de Estradas de Rodagens (DER) e as
áreas de servidão administrativa da concessionária de energia elétrica (ELEKTRO). A
partir dos polígonos das estradas, também produzidos para alimentar o SiCAR/SP, foi
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 129
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Brasil
feito o buffer de 25 metros de área de domínio para as estradas estaduais, sob
responsabilidade do DER, como é de conhecimento público, embora não se tenha
conseguido levantar ainda a legislação de referência. Para as estradas municipais, trechos
sob responsabilidades das prefeituras de Eldorado e Iporanga, foi verificado a existência
de apenas cinco metros de faixa de domínio, o que se refere ao leito da estrada
propriamente dito, e também ainda não foi possível levantar legislação em que conste
área superior a este valor. Este shapes de áreas de domínio do DER foram sobrepostos
aos shapes de áreas de recuperação obrigatórias. Com relação aos planos de informações
da ELEKTRO, embora tivéssemos solicitado a informação, por se tratar de dados que
guardam certa confidencialidade, até o momento não obtivemos a resposta sobre os
dados solicitados.
A escala escolhida foi a 1:1000 por se tratar de escala que permitia enquadrar
todas as áreas em folha A0, e ainda assim permitir boa visualização das áreas
trabalhadas.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Brasil
Cabe lembrar que, considerar apenas as áreas de recuperação obrigatória neste
trabalho, e não a totalidade da faixa marginal de APP, fundamenta-se no fato de existir a
sinalização de adesão ao PRA, sem a qual torna ineficaz a caracterização das áreas
rurais consolidadas, e por consequência o benefício das áreas de recuperação
obrigatória.
Pela sobreposição das áreas de domínio do DER aos shapes de áreas de
recuperação obrigatória, puderam ser constatadas algumas interseções entre estes planos
de informações. Estas áreas devem ser motivo de discussão junto com o DER, pois
parece haver uma restrição para a permanência de vegetação nestas áreas em
decorrência das atividades da rodovia ou mesmo por necessidade futura de ampliação.
Outrossim, a ausência desta vegetação pode implicar em riscos de danos para própria
rodovia em decorrência de processos erosivos já identificados.
Se faz necessário visitas a campo, priorizando os imóveis maiores em área,
como as CRQ’s, para exposição de benefícios direto da restauração florestal e como
estratégia para o PRA a se configurar. As visitas também serão necessárias para
levantamento das áreas não declaradas no CAR e que estão dentro do trecho
selecionado, não sendo ainda possível identificá-las por outros dados fundiários. Este
trabalho poderá ser feito pela Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) local, ou
seja, o ITESP e a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), nas
competências que lhe couber, assim como em parceria com a Fundação Florestal, órgão
que detém a gestão da APAQMR, e acompanhamento do Conselho Consultivo da
APAQMR.
A partir da assinatura de “termo de anuência” dos possuidores das áreas, os
dados poderão ser disponibilizados como banco de áreas no Sistema Integrado de
Gestão Ambiental (SIGAM) da Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Estado de
São Paulo (SMA), diretamente junto a agência local da Companhia Ambiental do
Estado de São Paulo (CETESB), ou ainda gerar projetos de iniciativa dos próprios
possuidores das áreas.
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Figura 1. Distribuição geográfica das áreas de estudo.
Figura 2. Carta Imagem com destaque para ao trecho do Rio Ribeira de Iguape na área de
estudo.
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Figura 3. Áreas de recuperação obrigatória conforme os módulos fiscais da Comunidades
Remanescentes de Quilombos e dos imóveis declarados no Cadastro Ambiental Rural.
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 133
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Brasil
4. CONCLUSÕES
A criação de banco de áreas para restauração florestal deve ser incentivada pelo
poder público junto a sociedade, sejam nas comunidades possuidoras de grandes
extensões territoriais, sejam entre os pequenos proprietários de imóveis de rurais.
Iniciativas como esta visam também aumentar o espectro de possibilidades de
empreendedores que necessitam realizar suas compensações ambientais em função de
suas atividades poluidoras/degradadoras, permitindo assim que estas compensações
sejam realizadas em áreas próximas, dentro da mesma bacia hidrográfica e
preferencialmente na mesma microbacia.
Embora a região possua alta capacidade de regeneração natural, ao observar o
alto grau de degradação em que estas áreas do estudo se encontram, apesar dos níveis de
restrição para sua utilização, os autores deste artigo consideram que o método
apresentado pode ser ideal devido ao custo de oportunidade ao se criar um banco de
áreas para que haja uma recuperação das margens dos rios, por meio da restauração da
vegetação riparia, dada a importância hidrológica dessa mata.
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 134
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de gestão da APAQMR e de pesquisa. Assim, destaca-se a importância da realização e
organização de parcerias entre as instituições públicas como prefeituras, Fundação
ITESP, Fundação Florestal, DER, CETESB, sociedade civil organizada e as
universidades, afim de melhorar o meio ambiente onde vivemos.
A utilização de ferramentas modernas na gestão de áreas, como programas de
Sistemas de Informações Geográficas, permite com maior exatidão o planejamento e
controle de futuras ações de restauração em áreas determinadas.
Conclui-se também que a restauração da mata ciliar deva ser feita a partir de
mudas florestais nativas adquiridas na própria região, dessa forma mantendo a genética
local e proporcionando geração de renda aos produtores da região. Constatou-se a
existência de viveiros locais com capacidade de fornecer mudas em quantidade e
qualidade desejáveis, entre eles viveiros comunitários da agricultura familiar, inclusive
com o Registro Nacional de Sementes, Matrizes e Mudas (RENASEM).
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Brasil
de dezembro de 1989. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, nº 6,
8 de janeiro. 1997. Seção 1, 4-8.
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Brasil
CARPANEZZI, A.A.; COSTA, L.G.S.; KAGEYAMA, P.Y. CASTRO, C.F.A. 1990.
Espécies pioneiras para recuperação de áreas degradadas: observação de
laboratórios naturais. In: Congresso Florestal Brasileiro, 6. Anais...Campos de
Jordão: SBS. p.16-221.
HARDIN, G. The Tragedy of the Commons. Science, Vol. 162. 13 dezembro, 1968,
1243-1248.
LIMA, W.P. “Função Hidrológica da Mata Ciliar”. In: Simpósio sobre Mata Ciliar:
Campinas – SP, Fundação Cargill, 1989.
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Brasil
SÃO PAULO. Lei nº 15.684, de 14 de janeiro de 2015. Dispõe sobre o Programa de
Regularização Ambiental - PRA das propriedades e imóveis rurais, criado pela Lei
Federal nº 12.651, de 2012 e sobre a aplicação da Lei Complementar Federal nº
140, de 2011, no âmbito do Estado de São Paulo.
RESUMO
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Palavras Chave: bioengenharia, talude, erosão, recobrimento
1 INTRODUÇÃO
As técnicas de bioengenharia de solos para estabilização de taludes consistem na
utilização de raízes e troncos como elementos para contenção e proteção do solo. Tais
técnicas envolvem a utilização combinada de vegetação e elementos inertes (como
concreto, pedra, madeira e geotêxteis), visando à estabilização e o controle de processos
erosivos, o que pode ser aplicado a taludes e encostas, margens de rios, sistemas de
trilhas, aterros sanitários e áreas mineradas dentre outros.
A evolução da bioengenharia de solos no Brasil deve ser compreendida dentro do
conjunto de perspectivas e técnicas da engenharia geotécnica, agronômica, florestal e
ambiental, utilizadas para a recuperação de áreas degradadas e para a solução de
problemas em taludes ao longo das últimas décadas. Existe grande quantidade de
referências relevantes especificamente sobre bioengenharia de solos no Brasil; empresas
com portfolio nacional e internacional, livros e publicações técnicas (Durlo & Sutili,
2005; Araújo et al, 2007; Griffith, 1986, Griffith et al. 1994), publicações em anais de
congressos e em revistas científicas (Coelho & Galvão, 1998, 2001; Souza &
Kobiyama, 2003; Holanda et al, 2008; Fernandes et al, 2009; Rosa & Durlo, 2009),
dissertações e teses (Souza, 1997, Coelho, 1999; Fortes, 2000; Magalhães, 2005;
Gomes, 2005; Sutili, 2007) estão entre a grande diversidade de material técnico
disponível sobre o assunto.
As principais tecnologias de bioengenharia de solos atualmente empregadas no Brasil
não seguem uma padronização técnica quanto ao estabelecimento de vegetação em
taludes de corte e controle de erosão em estradas. Atualmente destacam-se as seguintes
metodologias para a proteção do solo e estabelecimento de vegetação em taludes de
corte de estrada: grama em placas; plantio de mudas em covas/semeadura a lanço;
cobertura morta/ transposição de serrapilheira; hidrossemeadura; sacos de aniagem;
geossintéticos/ biomantas.
Neste trabalho foi realizada uma análise comparativa entre os resultados obtidos em
medições de campo da erosão dos solos, mediante a instalação de quatro parcelas de
controle de erosão, em função das taxas de recobrimento vegetal em um talude de corte
submetido a três diferentes técnicas de bioengenharia de solos.
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Localização e Clima Regional
O experimento foi conduzido dentro da área patrimonial do Aeroporto Internacional do
Rio de Janeiro Tom Jobim, localizado na Ilha do Governador, Rio de Janeiro, RJ, em
um talude de corte com 60 m de largura e 15 m de comprimento de rampa e inclinação
66%. O local específico situa-se nas coordenadas 22°47’53”S, 43°13’16”O ao lado
direito da pista de pouso e decolagem.
O clima regional é o Aw (Köppen), com uma estação seca definida, em geral de junho
até o final de novembro. A área encontra-se inserida no contexto da Baía de Guanabara,
na região da baixada, que se encontra quase sob domínio permanente da Massa Tropical
Atlântica, particularmente exposta à influência do mar. Com temperaturas superiores a
22°C e umidade relativa do ar superior a 78% na maior parte do ano, a área apresenta
um pluviosidade média anual de 1200 mm, concentradas nos meses de verão e com
precipitações podendo chegar a 200 mm/24hs.
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 139
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2.2 Substrato Geológico e Cobertura Pedológica
O substrato geológico local se insere na Formação Macacú, correspondente aos
depósitos sedimentares Terciários do Grupo Barreiras na região da Baía de Guanabara.
A Formação Macacú é constituída de sequências deposicionais de camadas de poucos
metros de espessura entrecruzadas de arenitos e argilitos com baixo grau de diagênese,
sendo conhecida por apresentar sempre casos extremos de voçorocamentos,
ravinamentos e degradação por processos erosivos, o que vem acarretando no
entupimento das drenagens e obras de arte em taludes e no comprometimento da
segurança de rodovias, ferrovias e aeroportos. Sua ocorrência na região é bastante
significativa, jazendo em geral originalmente subjacente a capeamentos mais recentes e
que dão origem a coberturas pedológicas. Sua abrangência inclui os municípios de
Itaboraí, Cachoeiras de Macacu, Duque de Caxias, São Gonçalo e Rio de Janeiro.
A cobertura pedológica original do local, formada a partir de capeamentos sobrejacentes
aos depósitos terciários, é composta de Latossolo Amarelo Distrófico argissólico, tendo
sido o solum completamente removido durante sua exploração como área de
empréstimo para a construção do aeroporto. As camadas de arenitos e argilitos, expostas
na face do talude estudado, constituem horizontes saprolíticos que quando expostos
normalmente se mostram altamente erodíveis.
Figura 1 – Vista frontal das parcelas de controle de erosão com três diferentes técnicas
de bioengenharia de solos implantadas e uma parcela deixada descoberta.
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 140
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a parcela foi recoberta com aparas de grama visando reter a umidade no solo e fornecer
condições para o pegamento da vegetação. As covas foram abertas (0.2 x 0.2 x 0.2 m) e
o plantio foi todo efetuado em dezembro de 2007. Em março foi realizado o replantio
para as mudas que não sobreviveram. A configuração das plantas no talude encontra-se
a seguir na XX.
Na Parcela III foi efetuado um plantio através de hidrossemeadura convencional,
utilizando-se de uma mistura de 4000L de água, 1 saco de Fosfato 10 kg), saco de
mulch (20 kg), 1 saco de NPK 4-14-8 (20 kg), 3 sacos de composto orgânico (esterco
bovino, 20 kg), 1 saco de sementes (20 kg) com sementes de feijão-guandu (Cajanus
cajan (L.) Millsp.), nabo forrageiro (Raphanus sativus), capim agulha (Braquiaria
humidicola), crotalária (Crotalaria juncea L.), calopogônio (Calopogonium mucunoides
Desv)., aveia preta (Avena strigosa Schreb.) e Setaria (Setaria sphacelata Schumach.)
(em torno de 2.5 kg de sementes para cada espécie). Esta mistura foi utilizada para a
aplicação na parcela e também em uma faixa de 30 m do talude acima, que possui
geometria semelhante (totalizando uma área de 500 m² para aplicação dos insumos nas
proporções adequadas). O talude foi primeiramente coveado, e, posteriormente, a
mistura foi bombeada e jateada através de um caminhão pipa adaptado. O plantio foi
executado no dia 8 de março de 2008 pela Empresa Fixa-Verde LTDA.
Na Parcela IV foi executado um plantio com aplicação da biomanta Anti-erosiva doada
pela Empresa Deflor Bioengenharia. O talude foi coveado, sendo adubado com Fosfato
Natural (2 kg), NPK 4-14-8 (2 kg), e esterco de curral. A seguir foram plantadas a lanço
sementes (4 kg) de braquiária (humidicola), feijão-guandu, nabo forrageiro, capim
gordura (Melinis minutiflora P. Beauv., detalhes desta espécie no quadro Erro! Fonte
de referência não encontrada.), crotalária (0.5 kg de sementes de cada espécie). O
plantio e a aplicação da biomanta foram ambos executados no dia 17 de janeiro. Na
etapa de preparo do solo para o semeio foi executado o microcoveamento. Os insumos
foram aplicados manualmente. No Talude foi necessária a implantação de cinco faixas
(o tratamento totalizou uma largura maior, abarcando a área de amortecimento à direita
e totalizando uma largura de 15 metros para a parcela. A biomanta foi estendida de cima
para baixo desenrolando-a após a sua fixação no topo do talude. Foi mantida uma
transposição entre as mantas formando transpasses laterais de pelo menos 5 cm.
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 141
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2.4 Avaliação da Cobertura Vegetal
A avaliação foi realizada mediante a geração de estimativas de taxas de recobrimento
para os diferentes tratamentos no decorrer do período de monitoramento através do
processamento e análise de imagens utilizando-se o Sistema Integrado para Análise de
Raízes e Cobertura do Solo - SIARCS®. O sistema, desenvolvido pela EMBRAPA-
CNPDIA (Jorge & Crestana, 1996), constitui uma excelente ferramenta para avaliar as
taxas de recobrimento no talude, pois o lado oposto da seção de aterro permite um
excelente ângulo frontal, conforme na figura anterior:
Foram selecionados 17 dias no decorrer do período de monitoramento para as
avaliações. Foram capturadas imagens frontais do talude, sendo a câmera posicionada
no lado oposto da seção de aterro. Foi elaborada uma grade para dimensionamento e
seleção de pontos de amostragem nas diferentes imagens, representando 4m² cada
célula. A amostragem envolveu a seleção de quatro regiões da grade para cada terço de
avaliação (superior - S, médio – M, e inferior - I), ou para cada tratamento 48m².
8-03-08 T1
3 RESULTADOS
3.1 Avaliação da Cobertura Vegetal
A Tabela 1 a seguir sintetiza os dados de taxas de recobrimento em porcentagem em
função dos dias onde ocorreu medição, terço do talude a parcela avaliados. A Figura 2
mostra as funções de recobrimento obtidas com base nos valores das taxas de
recobrimento para as diferentes parcelas avaliadas durante o período de monitoramento
em função dos números de dias após transplantio (DAT) ou emergência (DAE).
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20/3/08 55.72 50.58 39.66 48.65 xxx xxx xxx xxx 75.57 71.65 83.16 76.79
8/4/08 xxx xxx xxx xxx 19.94 11.56 3.71 11.74 100.00 100.00 100.00 100.00
10/4/08 30.17 70.07 52.33 50.86 29.29 19.52 6.94 18.58 100.00 100.00 100.00 100.00
8/5/08 57.17 68.58 46.25 57.33 28.70 36.12 7.57 24.13 100.00 100.00 100.00 100.00
28/5/08 79.68 72.05 72.05 74.59 39.08 19.73 2.41 20.41 100.00 100.00 100.00 100.00
24/6/08 76.36 82.09 62.97 73.81 56.63 32.75 10.17 33.18 100.00 100.00 100.00 100.00
21/7/08 61.32 82.91 63.43 69.22 35.68 20.12 6.55 20.78 100.00 100.00 100.00 100.00
8/8/08 86.29 49.79 67.90 67.99 16.91 16.91 16.91 16.91 100.00 100.00 100.00 100.00
26/8/08 45.85 59.76 36.98 xxx 18.26 18.26 15.87 17.46 100.00 100.00 100.00 100.00
27/11/08 92.83 91.34 68.63 84.27 46.74 43.70 13.49 34.64 100.00 100.00 100.00 100.00
29/12/08 86.51 89.28 73.82 83.20 45.13 38.98 30.73 38.28 100.00 100.00 100.00 100.00
24/1/09 100.00 81.66 74.14 85.27 55.94 62.54 30.04 49.51 100.00 100.00 100.00 100.00
17/2/09 96.91 95.91 91.06 94.63 48.19 57.49 33.97 46.55 100.00 100.00 100.00 100.00
29/5/09 94.30 94.30 92.67 93.76 87.68 31.33 26.46 48.49 100.00 100.00 100.00 100.00
100 60
90
Taxa de Recobrimento (%)
Taxa de Recobrimento (%)
50
80
40
70
60 30
50
20
40
30
y = 26.272Ln(x) - 69.966 10 y = -1E-06x3 + 0.0008x2 - 0.0745x + 20.245
2
R = 0.9412 R2 = 0.7941
20 0
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
0
100
200
300
400
500
600
100 R2 = 1
80
60
40
20
0
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
DAE (Dias)
(IV)
Figura 2. Funções de recobrimento obtidas com base nos valores das taxas de
recobrimento para as diferentes parcelas avaliadas (I, III e IV) em função dos números
de dias após transplantio (DAT) ou emergência (DAE).
As funções de recobrimento foram utilizadas na discussão obre o controle da erosão nas
parcelas uma vez que os dias nos quais ocorreram eventos de erosão não foram todos
monitorados com fotografias para medição da taxa de recobrimento, isto é, nestes casos
as taxas de recobrimento foram inferidas com base nestas funções de recobrimento.
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Brasil
Brasil
Precipitação (mm/24h)
Precipitação (mm/24h)
20
40
60
80
100
120
20
40
60
80
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20
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0
0
20
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0
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20
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0
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100
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60
40
20
0
21/09/07 21/09/07 21/09/07 21/09/07
21/09/07 21/9/07
21/9/07
11/10/07 11/10/07 11/10/07 11/10/07
11/10/07 11/10/07
11/10/07
31/10/07 31/10/07 31/10/07 31/10/07
31/10/07 31/10/07
31/10/07
20/11/07 20/11/07 20/11/07 20/11/07
20/11/07 20/11/07
20/11/07
10/12/07 10/12/07 10/12/07 10/12/07
10/12/07 10/12/07
10/12/07
30/12/07 30/12/07 30/12/07 30/12/07
30/12/07 30/12/07
30/12/07
19/01/08 19/01/08 19/01/08 19/01/08
19/01/08 19/1/08
19/1/08
individualizada em classes).
???
???
???
???
08/02/08 08/02/08 08/02/08 08/02/08
08/02/08 8/2/08
8/2/08
28/02/08 28/02/08 28/02/08 28/02/08
28/02/08 28/2/08
28/2/08
?
?
?
?
19/03/08 19/03/08 19/03/08 19/03/08
19/03/08 19/3/08
19/3/08
08/04/08 08/04/08 08/04/08 08/04/08
08/04/08 8/4/08
8/4/08
28/04/08 28/04/08 28/04/08 28/04/08
28/04/08 28/4/08
28/4/08
18/05/08 18/05/08 18/05/08 18/05/08
18/05/08 18/5/08
18/5/08
07/06/08 07/06/08 07/06/08 07/06/08
07/06/08 7/6/08
7/6/08
27/06/08 27/06/08 27/06/08 27/06/08
27/06/08 27/6/08
27/6/08
17/07/08 17/07/08 17/07/08 17/07/08
17/07/08 17/7/08
17/7/08
06/08/08 06/08/08 06/08/08 06/08/08
06/08/08 6/8/08
6/8/08
<10
14/11/08
PARCELA I
PARCELA I
PARCELA III
PARCELA IV
PARCELA II
04/12/08 04/12/08 04/12/08 04/12/08
04/12/08 4/12/08
4/12/08
solo (ton/ha) para as diferentes parcelas em avaliação.
60
?
?
?
?
21/8/09
Inf (mm/24hs)
21/08/09 21/08/09
(mm/24hs)
Inf (mm/24hs)
ES (mm/24hs)
21/08/09 21/08/09
ES (mm/24hs)
20 mm < X < 40 mm
Inf (mm/24hs)
ES (mm/24hs)
Inf (mm/24hs)
ES (mm/24hs)
mm< X < 40 mm
–
individualizadas por classes). A Figura 3 detalha os dados de escoamento superficial
séries históricas de monitoramento com os valores das precipitações (também
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Brasil
recobrimento.
Precipitação (mm/24h)
3.3 Discussão
Precipitação (mm/24h)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
20
30
40
50
60
70
80
90
100
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0
0
120
100
80
60
40
20
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
100
120
100
80
60
40
20
0
???
19/01/08 19/01/08 19/01/08
19/01/08 19/1/08
???
19/1/08
???
???
???
08/02/08 08/02/08 08/02/08 08/02/08
08/02/08 8/2/08
8/2/08
28/02/08 28/02/08 28/02/08 28/02/08 28/2/08
?
28/02/08 28/2/08
?
?
?
19/03/08 19/03/08 19/03/08 19/03/08
19/03/08 19/3/08
19/3/08
08/04/08 08/04/08 08/04/08 08/04/08
08/04/08 8/4/08
8/4/08
28/04/08 28/04/08 28/04/08 28/04/08
28/04/08 28/4/08
28/4/08
18/05/08 18/05/08 18/05/08 18/05/08
18/05/08 18/5/08
18/5/08
07/06/08 07/06/08 07/06/08 07/06/08
07/06/08 7/6/08
7/6/08
27/06/08 27/06/08 27/06/08 27/06/08
27/06/08 27/6/08
27/6/08
17/07/08 17/07/08 17/07/08 17/07/08
17/07/08 17/7/08
17/7/08
06/08/08 06/08/08 06/08/08 06/08/08
06/08/08 6/8/08
6/8/08
26/08/08 26/08/08 26/08/08 26/08/08
26/08/08 26/8/08
26/8/08
15/09/08 15/09/08 15/09/08 15/09/08
15/09/08 15/9/08
15/9/08
05/10/08 05/10/08
05/10/08 5/10/08
5/10/08
20
05/10/08 05/10/08
<10
25/10/08 25/10/08
25/10/08 25/10/08
25/10/08
PARCELA II
25/10/08 25/10/08
PARCELA IV
60 mm
mm
20 mm
<10 mm
<
mm<
PARCELA III
PARCELA I
<X
24/12/08 24/12/08
< 80
60 mm < X < 80 mm
mm
?
?
?
?
?
13/5/09
10mm
22/6/09
1/8/09
X < 60 mm
01/08/09
mm
(ton/ha)
(ton/ha)
21/08/09 21/8/09
21/8/09
(ton/ha)
(ton/ha)
–
ocorreram alguns eventos relacionados a precipitações de classes IV e V, que podem ser
implantação do experimento. Apesar de se tratar de um curto espaço de tempo,
considerados pontos de referência para avaliações posteriores, uma vez que na época as
técnicas de bioengenharia ainda não haviam sido aplicadas no talude, de modo que estes
Durante a primavera de 2007 foi possível monitorar 47 dias, ocorridos logo após a
entendimento sobre aspectos relativo ao estabelecimento da vegetaçãoo e as taxas de
estações do ano decorridas, uma vez que tal separação propicia um melhor
são eventos “controle” para estas parcelas. A Tabela 2 mostra os valores de erosão
O conjunto de dados obtidos neste trabalho foi discutido em função das diferentes
Figura 4. Perda de solo (ton/ha) nas diferentes parcelas avaliadas em função da
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(ton/ha), escoamento superficial (mm), infiltração (mm) e escoamento superficial (%)
para este período, quando a precipitação pluvial total foi de 271,85mm:
<3 mm
30 3mm < X < 5 mm
5 mm < X < 10 mm
10 mm < X < 20 mm
Precipitação (mm/h)
25 20 mm < X < 30 mm
>30 mm
20
15
10
0
7
2/ 007
7
07
6/ 007
8/ 007
4/ 007
6/ 007
8/ 007
7
12 200
14 200
16 200
18 200
20 200
22 200
24 200
26 200
28 200
30 200
12 200
14 200
16 200
18 200
20 200
10 200
10 200
20
2
/2
/2
/2
/2
/2
1/
1/
1/
1/
1/
1/
1/
1/
1/
1/
1/
2/
2/
2/
2/
2/
2/
/
/
11
11
11
12
12
12
12
/1
/1
/1
/1
/1
/1
/1
/1
/1
/1
/1
/1
/1
/1
/1
/1
/1
4/
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–
Brasil
dezembro o transplantio das mudas na Parcela I, bem como o plantio das duas linhas do
Capim Vetiver nesta mesma.
No verão de 2007/2008 foram registrados quatro dias chuvosos com classes de
magnitude diária superior à III (mais de 40 mm/24hs), com a precipitação máxima de 76
mm/24hs (Classe V). Durante este período houve problemas de cadastro e acesso do
funcionário de campo, ocasionando na perda de boa parte deste intervalo de coletas de
dados, tornando possível somente a aferição de três eventos de erosão. Um aspecto
importante em relação ao período é a aplicação das técnicas de bioengenharia nas
Parcelas III e IV, ocorridas nos dias 17 e 18 de janeiro e oito de março. As taxas de
recobrimento tiveram a maior parte de seu crescimento nesta estação, que é justamente a
primeira estação chuvosa após e durante os plantios, quando a vegetação apresenta
elevadas taxas de crescimento vegetativo. A taxa referente à Parcela I variou entre zero
e 49.94% e na Parcela IV esta taxa oscilou entre zero e 96%, o que indica elevadas taxas
de produção de biomassa logo nos primeiros meses nestes tratamentos, especialmente
na Parcela IV. Como a aplicação da hidrossemeadura na Parcela III ocorreu no dia 8 de
março e o período de emergência foi de em torno de 10 dias, a taxa de recobrimento
para esta parcela foi menor neste verão, variando de 0 a 19.63%. Posteriormente à
aplicação dos tratamentos referentes às Parcelas I e IV, no dia 22 de fevereiro de 2008,
foi registrado um evento referente a uma precipitação de 41.0 mm/24hs (Classe IV). O
valor máximo horário atingido no dia foi de 34 mm/h. As taxas de recobrimento foram
estimadas em 41% na Parcela I e 24% na Parcela IV neste dia. No que diz respeito à
erosão e ao escoamento superficial, a Tabela 3 compara valores de percentual de
recobrimento, perdas de solo, escoamento superficial e infiltração aferidos nas parcelas.
Tabela 3. Resumo de dados do dia 22 de fevereiro de 2008.
Parcela % Perda de Solo ES Inf.
I Recobrimento
41 (ton/ha)
2.21 (mm/24hs)
1.75 (mm/24hs)
39.25
II 0 2.58 2.72 38.28
III 0 3.41 2.45 38.55
IV 24 1.93 7.80 33.20
Observa-se que o percentual de recobrimento na Parcela I se apresentava
substancialmente maior que nas demais, uma vez que a implantação se deu por
transplantio de mudas e perfilhos. As perdas de solo monitoradas mostram efeitos
marcantes do recobrimento na Parcela I (2.21 ton/ha) em relação ao evento similar
ocorrido no dia 12 de novembro, conforme já comentado, quando a perda de solo foi de
três ton/ha para um evento de mesma classe e menor intensidade de precipitação (40.43
mm/24hs com máxima de 9.4 mm/h). Por fim, destaca-se que em ambos os casos as
condições de umidade antecedente são similares, isto é, os eventos ocorrem após uma
semana sem ocorrência de precipitações relevantes ou registros de eventos de erosão.
O outono de 2008 foi um período onde foi possível registrar uma grande quantidade de
eventos de erosão nas caixas coletoras (um total de nove eventos em 28 dias chuvosos
no período), uma vez que não houve problemas de acesso e o período foi marcado por
precipitações bastante acima da média. Sendo assim, nos dias chuvosos em que não
houve aferições de eventos neste período necessariamente não ocorreu escoamento
superficial nas parcelas. Um aspecto oportuno em relação ao período foi a pluviosidade
acima da média, com registros de grande magnitude, como no dia 26-03-08, em que
choveu um total de 106 mm em 24 horas. Neste dia em especial destacam-se os valores
muito elevados de perdas de solo (59.43 ton/ha) na Parcela III em função da lavagem do
material utilizado na hidrossemeadura. Isto quer dizer que boa parte do peso referente a
esta perda trata-se de esterco, adubo químico e sementes carreadas, sendo que
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 147
–
Brasil
posteriormente foram encontrados rebentos em vários locais ao longo das drenagens e
vias de acesso para onde drenam as águas do talude e da plataforma de aterro. Além
disso, o próprio material coletado neste dia possuía um aspecto mais escuro nesta
parcela. No que diz respeito ao aspecto hidráulico do evento, este foi o maior valor de
precipitação acumulada em 24 horas para todo o período de monitoramento. Os valores
registrados de escoamento superficial foram nitidamente superiores, entretanto, no que
diz respeito às perdas de solos, observa-se valores da mesma ordem de grandeza
anteriormente na primavera de 2007. Das chuvas de classes inferiores, destacam-se os
dias 6 e 10 de abril (7.0 mm - Classe I); 10-04-08 (22.0 mm – Classe III); 15-04-08
(10.0 mm – Classe -II). Sobre as taxas de recobrimento do solo, houve um bom
desenvolvimento na Parcela I (50.22 a 67.46%) e III (19.63 a 27.74%), sendo que na
demais parcelas as condições permaneceram iguais ao período anterior. Observando-se
que a aplicação da hidrossemeadura ocorreu no final do verão, pode-se dizer que a
vegetação apresentou um desenvolvimento bom no terço inferior, médio no terço médio
e muito incipiente no terço superior, fazendo com que os valores de perdas de solo e
escoamento superficial neste período se aproximem muito aos observados na Parcela II,
mesmo com as diferenças de erodibilidade apontadas anteriormente, principalmente no
dia 10 de abril, onde se pode observar uma grande redução das perdas de solo nas
Parcelas I e IV em detrimento das Parcelas II e III.
O inverno de 2008 foi marcadamente úmido, tendo sido possível registrar no período 11
eventos de erosão nas caixas coletoras. A magnitude dos eventos, entretanto, foi menor
em relação aos períodos anteriores, somente excedendo 20 mm nos dias 4 de julho
(quando foram registrados 20.2 mm) e 25 de junho (23.8 mm). Nestes eventos
registrados durante o período observa-se já um controle efetivo da erosão nas Parcelas I
e IV, observando-se uma redução de 100% na Parcela IV para vários eventos, inclusive
no dia 25 de junho. A taxa de recobrimento continuou a apresentar incremento na
Parcela I (67.46 a 77.97%) assim como na Parcela III (27.74 a 40.01%), porém observa-
se que o controle de erosão oferecido pela vegetação neste período foi bastante
incipiente, apresentando valores de perdas de solo muito superiores às Parcelas I e IV.
A primavera de 2008 representa o período em que o monitoramento, assim como o
plantio na Parcela I completam um ano. As precipitações foram bastante variadas, tal
qual no observado para o mesmo período no ano anterior, sendo possível à avaliação de
eventos de erosão referentes a precipitações de diferentes magnitudes. Com o objetivo
de avaliar o controle de erosão decorrido um ano de plantio, são apresentados na Tabela
4 dados referentes aos eventos dos dias:
Tabela 4. Comparação das perdas de solo, taxas de recobrimento e controle de erosão
após um ano de monitoramento.
Classe Precipitação
Dia Parâmetro Parc. I Parc. III Parc. IV
Chuva (mm/24hs)
Recobrimento (%) 0.0 0.0 0.0
5/11/2007 16.2
Perda de Solo (ton/ha) 0.3 0.1 0.25
Recobrimento (%) 78.7 28.7 100.0
II 28/9/2008 16.5
Perda de Solo (ton/ha) 0.2 0.1 0.0
Controle de Erosão
Diferença (%) 1.91 33.33 0.00 100.00
(%)
Recobrimento (%) 0.0 0.0 0.0
12/11/2007 40.43
Perda de Solo (ton/ha) 3.0 1.54 1.6
IV Recobrimento (%) 82.7 34.9 100.0
14/11/2008 50.5
Perda de Solo (ton/ha) 0.14 0.38 0.0
Diferença (%) 25.02 Controle de Erosão 95.33 75.32 100.00
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 148
–
Brasil
(%)
Os dados da Tabela 4 mostram que o controle da erosão aumentou nas Parcelas I e III
ao longo da estação, desde setembro até novembro de 2008. Na parcela IV, onde já não
estavam ocorrendo perdas de solo desde a estação anterior, continuou-se a não observar
praticamente nenhum valor de erosão. A diferença no controle da erosão em função das
classes de eventos foi considerável somente nas Parcelas I e IV, uma vez que as taxas de
redução, em relação aos eventos de mesma classe referentes ao ano anterior, mostram
valores de 33.33%; zero e 100%, respectivamente, para os eventos de Classe II, e
95.33%; 75.32% e 100%, para o evento de Classe IV.
No verão de 2008/2009 ocorreram precipitações semelhantes às ocorridas no ano
anterior. Apesar de no verão anterior não ter sido possível a aquisição de uma série com
número razoavelmente representativo de eventos, observa-se que a maior descarga
pluvial ocorrida no ano anterior foi registrada no início do outono de 2008, conforme já
comentado. As interpretações referentes ao período do verão de 2008/2009 são
detalhadas em duas partes. Primeiramente, para avaliar o controle de erosão em relação
ao período anterior, enfocando precipitações de maior magnitude, foram detalhados
dados referentes aos eventos dos dias 26 de março de 2008 (quando choveu 106 mm –
Classe VI) e 21 de janeiro de 2009 quando choveu 97.28 mm – Classe VI). No que diz
respeito ao controle de erosão e das perdas de solo durante estes eventos, a Tabela 5
detalha aspectos do recobrimento vegetal, perdas de solo no primeiro e segundo evento
e precipitação relacionada.
Tabela 5. Comparação das perdas de solo, taxas de recobrimento e controle de erosão
após um ano de monitoramento.
Precipitação
Dia Parâmetro Parc. I Parc. II Parc. III Parc. IV
(mm/24hs)
Recobrimento (%) 51.28 0 19.63 100
26-03-08 106
Perda de Solo 32.84 70.45 59.43 14.13
(ton/ha)
Recobrimento (%) 87.57 0 44.23 100
21-01-09 97.28
Perda de Solo 0.12 53.15 1.30 0.05
(ton/ha)
Observa-se que atingida uma determinada magnitude diária, as leitura nas Caixas II
ocorrem independente do controle de erosão da vegetação ou da parcela em avaliação
no talude, uma hipótese que se confirma uma vez que houve também registro de nível
na Caixa II para a Parcela IV. Os resultados mostram ainda um controle da erosão
efetivo em todos os tratamentos após o segundo verão, conforme apontam os valores de
perdas de solo nos eventos dos anos de 2008 e 2009. Apesar de uma diferença de 8.72
mm nos valores de precipitação referentes aos dois eventos, observa-se forte redução
das perdas de solo em 2009 em todos os tratamentos, sendo que o valor só ultrapassou
1ton/ha na Parcela III (1.3).
No Outono e no Inverno de 2009 as precipitações registradas foram inferiores as do
mesmo período do ano anterior, sendo que foi registrado um evento de 23.62 mm/24hs
no dia 28 de junho. A avaliação deste evento em relação a uma precipitação de mesma
classe no inverno anterior feita em relação ao dia 25 de junho de 2008, quando choveu
23.8 mm/24hs com um evento de mesma classe de magnitude, conforme detalham os
dados da Tabela 6.
Tabela 6. Comparação das perdas de solo, taxas de recobrimento e controle de erosão
referente aos invernos de 2008 e 2009.
Precipitação
Dia Parâmetro Parcela I Parcela III Parcela IV
(mm/24hs)
25-06-08 23.80 Recobrimento (%) 68.15 19.20 100.00
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 149
–
Brasil
Perda de Solo (ton/ha) 2.13 10.21 0.00
Recobrimento (%) 96.28 48.50 100.00
28-06-09 23.62
Perda de Solo (ton/ha) 0.01 0.06 0.01
Diferença (%) -0.180 Controle de Erosão 99.30 99.43 99.99
(%)
Os dados da tabela Tabela 6 mostram o controle da erosão efetivo no período
correspondente ao segundo inverno, correspondendo a mais de 99% em relação às taxas
anteriormente registradas para eventos de mesma magnitude.
4 CONCLUSÕES
O controle de erosão foi maior na Parcela IV (60.11%), seguido da Parcela I (53.63%) e
da Parcela III (32.94%). No que diz respeito ao escoamento, as reduções foram de
73.6% na Parcela IV; 31.7% na Parcela I e 7.8% na Parcela III em relação à Parcela de
controle. Na Parcela III, onde foi aplicada hidrossemeadura, foi constatado desempenho
similar ao observado em muitos taludes encontrados no Estado do Rio de Janeiro, o que
ocorreu porque a má fixação da massa de insumos e sementes jateada provocou seu
escorrimento e concentração no terço inferior, fazendo com que o desenvolvimento da
vegetação se limitasse praticamente a este terço.
A taxa de recobrimento se mostrou uma boa ferramenta de interpretação neste tipo de
avaliações, uma vez que possibilitou através das funções de recobrimento a
determinação de valores diferenciados por dia. Na interpretação de imagens frontais no
talude o SIARCS® se mostrou uma excelente alternativa para avaliar taxas de
recobrimento em taludes, especialmente nestas situações, pois a aquisição de fotos
frontais com bom ângulo é viável graças à localização destes em rodovias, ferrovias,
vias de acesso etc.
5 REFERËNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Araujo, G. H.; Almeida, J. R. & Guerra, A. J. T. 2ª. Ed. Gestão ambiental de áreas
degradadas. Rio de janeiro: Editora Bertrand Brasil Ltda., 2007.
Coelho, A. T.; Galvão, T. C.; Pereira, A.R. The effects of vegetative cover in the
erosion prevention of a road slope - Environmental Management and Health; V.
12 N. 1; 2001.
Durlo, M. A.; Sutili, F. J. Bioengenharia: Manejo biotécnico de cursos de água. Porto
Alegre: EST Edições. 2005. 189p.
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 150
–
Brasil
Fernandes, L.S; Griffith, J.J; Fonseca, D.M; Dias, L.E; Ruiz, H.A. 2009. Uso de
geomantas no controle da erosão Superficial hídrica em um talude em Corte de
estrada. Rev. Bras. Ci. Solo, 33:199-206.
Griffith, J.J.; Dias, L.E.; Jucksch. 1994. Novas estratégias ecológicas para a revegetação
de áreas mineradas no Brasil. In: Simpósio Sul-Americano, 1; Simpósio Nacional
de Recuperação de Áreas Degradadas, 2. Foz do Iguaçu, 1994. Anais...
Curitiba: FUPEF, P. 31-43.
Holanda, F.S.R; Rocha, I.P; Oliveira, V.S. Estabilização de taludes marginais com
técnicas de bioengenharia de solos no Baixo São Francisco. Rev. Bras. Eng.
Agríc. Ambiental, v.12, n.6, p.570–575, 2008.
Jorge, L.A.C; Crestana, S. (1996) SIARCS® 3.0: novo aplicativo para análise de
imagens digitais aplicado a ciência do solo. Congresso Latino Americano de
Ciência do Solo Águas de Lindóia-SP, Solo Suelo 96. Campinas: Sociedade
Brasileira de Ciências do Solo. 5p. CD-ROM.
Rosa, SF; Durlo, MA. Enraizamento de estacas de duas espécies de Salix com vistas à
estabilização de taludes fluviais. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 19, n. 1, p.
53-60, jan - mar, 2009.
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 151
–
Brasil
Sutili, F. J. Bioengenharia de solos no âmbito fluvial do Sul do Brasil. 2007. Tese
(Doutorado) – Departamento de Engenharia Civil e Perigos Naturais. Instituto de
Bioengenharia de Solos e Planejamento da Paisagem, Universidade Rural de
Viena, Áustria, 2007.
RESUMO
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 152
–
Brasil
Palavras Chave: mineração, espécies nativas, resíduos urbanos.
INTRODUÇÃO
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 153
–
Brasil
tratamentos com diferentes dosagens de biossólido e de resíduos de poda, estabelecidos
em área de empréstimo.
MATERIAL E MÉTODOS
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 154
–
Brasil
Figura 1 - Imagens da cobertura vegetal nas parcelas experimentais (5m x 20m cada
parcela), após 510 dias do plantio, geradas com sobrevoo (drone). Cada bloco
casualizado (15m x 60m) possui 09 tratamentos. a) Bloco I - parcelas ao norte; b)
Bloco II - parcelas centrais; e c) Bloco III - parcelas ao sul. Fonte: Fraga (2016).
A medição em altura foi realizada por meio de fita métrica ou vara metrada
dependendo da altura das plantas. São apresentados os resultados obtidos nas medições
realizadas no plantio (março de 2014) e aos 450 dias (junho de 2015) e 1000 dias
(dezembro de 2016) após o plantio. A sobrevivência das mudas foi avaliada em todas as
medições.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 155
–
Brasil
sobrevivência menor que esse percentual (Figura 2). Plantas de T. aurea apresentaram
percentual de sobrevivência total menor que 50%. A espécie apresentou alta
mortalidade (>65%) nos tratamentos e repetições com dosagens totais de lodo (L2) e
sobrevivência maior que 80% nos tratamentos sem adição do resíduo (L0). Esses
resultados indicam uma interação negativa da T. aurea com lodo e podem estar
relacionados com a preferência da espécie por solos distróficos (Tabela 1).
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 156
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Brasil
nutrientes por parte dos resíduos (Hart et al. 1988; Maia 2003) ou uma ocorrência de
ciclagem de nutrientes na área experimental.
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Brasil
dosagens de poda isoladamente. Para Hoffmann et al. (2004) espécies de formações
savânicas do Cerrado investem inicialmente no desenvolvimento do sistema radicular e
de órgãos de reserva para garantir a sobrevivência.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 158
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Brasil
BRADSHAW, A.D. Restoration: an acid test for ecology. In: W.R. JORDAN III, M.E.
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Circular Técnica: Monitoramento químico e físico do processo de compostagem de
diferentes resíduos orgânicos. São Carlos: Embrapa, 2005.
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Brasil
SUGIMOTO, L. Tratamento com lodo de esgoto faz nascer "oásis" em área deserta.
2005. Disponível em
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RESUMO
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 161
–
Brasil
podem se aliar aos mecanismos de comando e controle para alavancar a adequação
ambiental e a efetividade do princípio provedor-recebedor.
Introdução
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Brasil
não, às atividades de conservação e melhoria dos ecossistemas e que gerem serviços
ambientais, tais como, isolada ou cumulativamente:
c) a conservação da biodiversidade;
e) a regulação do clima;
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Brasil
socioambiental. Na prática, mensuram as emissões de GEE de seus consumos e
compensam seu impacto climático financiando a implementação da recomposição
florestal associada à sua pegada de carbono. No Sistema Cantareira, atua em parceria
com o projeto Conservador das Águas como um captador de recursos para as iniciativas
de restauração. Ao longo deste trabalho pretende-se abordar os aspectos técnicos do
programa Carbon Free, caraterísticas dos financiadores e resultados pontuais em
qualidade ambiental no município de Extrema –MG.
1. Materiais e Métodos
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 164
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Brasil
internalização. Isso porque a quantidade de árvores a serem plantadas depende da
emissão direta e/ou indireta causada pela atividade submetida ao cálculo de carbono. Se
determinada atividade emite uma certa quantidade de toneladas de dióxido de carbono
equivalente (tCO2e), essa mesma unidade de carbono poderia ser fixada com o
desenvolvimento de uma floresta com esse potencial de absorção.
O programa Carbon Free utiliza-se dos princípios e procedimentos propostos pelo GHG
Protocol para a mensuração das emissões das atividades das empresas. Em conjunto
com o GHG Protocol, são utilizadas metodologias e fatores de emissão desenvolvidos
pelo IPCC (2006 IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories), pelo
Ministério de Ciências e Tecnologia (MCT) e outras fontes de referência.
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 165
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Brasil
atmosfera, mas também a elevação da qualidade ambiental de paisagens rurais
brasileiras, maximizando benefícios para a biodiversidade, recursos hídricos e
conservação do solo.
2. Resultados e Discussão
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 166
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princípio de proteção do meio ambiente no longo prazo. Entre os princípios, pode-se
destacar:
O futuro das empresas exigirá que os custos ambientais sejam publicizados, mitigados e
absorvidos pelas mesmas, tanto por leis que regem os mercados, como por uma
sofisticação da demanda, que passará a exigir a internalização dos impactos ambientais
por parte das organizações. A reputação das empresas, portanto, será cada vez mais
relacionada com a forma com a qual elas lidam com suas próprias externalidades
negativas. “Na sociedade da informação em rede, o capital reputacional das empresas
ganha importância cada vez maior” (ABRAMOVAY, 2012).
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 167
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empresas dos mais variados setores. O quadro abaixo ilustra os números atingidos pelo
Programa Carbon Free nessa região:
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Nacional da Indústria
Portanto, a solução apresentada pelo Programa Carbon Free é encarada por empresas
dos mais variados setores como uma estratégia eficiente de internalização dos custos
ambientais de suas atividades. Os co-benefícios ambientais gerados pelos projetos de
restauração ecológica demonstram para os financiadores e para a sociedade que os
investimentos retornam em forma de serviços ambientais e incremento do valor das
marcas envolvidas.
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Brasil
Por meio dos financiamentos voluntários do programa Carbon Free, 30,5 hectares de
fragmentos degradados de mata nativa foram recompostos em parceria com o projeto
Conservador das Águas em Extrema -MG. O projeto, criado em 2005 e que se
fortaleceu com o Decreto 1.703 que regulamentou a Lei Municipal 2.100/2005, prevê
financiamento, pelo executivo, aos proprietários rurais para práticas conservacionistas
de solo, implantação de sistema de saneamento ambiental rural, implantação e
manutenção de APPs e implantação da Reserva Legal. Apesar de toda a área do
município estar inserida na Unidade de Conservação Estadual Área de Proteção
Ambiental (APA) Fernão Dias, criada pelo Decreto Estadual n° 38.925/97, o foco do
projeto é as Macrozonas de Conservação Ambiental previstas pelo plano diretor: “a
Macrozona de Conservação Ambiental compreende toda a área do Município acima da
cota de 1.200 (um mil e duzentos) metros, exceto nas Serras do Lopo, dos Forjos e de
Itapeva, que têm início na cota 1.100 (um mil e cem) metros, bem como as áreas que
margeiam os corpos d'água em todo o território municipal: 50 (cinquenta) metros das
margens dos rios Jaguari e Camanducaia, 30 (trinta) metros nas margens dos demais
cursos d' gua e raio de 50 (cinquenta) metros das nascentes” (Plano Diretor Lei
Complementar n, 083 De 25 de fevereiro de 2013). As interlocuções entre a prefeitura e
o proprietário que tem, nos limites de sua propriedade, áreas conforme as descritas
acima, são feitas de modo a conciliar os interesses de ambos os atores. A prefeitura
intenciona tornar unidade de conservação de proteção integral o máximo de áreas
possíveis da macrozona de conservação conforme o orçamento previsto pelo plano
plurianual destinado para o projeto. O proprietário, por sua vez, também vislumbra boa
oportunidade ao receber recursos da prefeitura para a destinação dos fragmentos
pertinentes à preservação permanente porque são, de modo geral, áreas de pasto
íngreme, degradadas e de baixa produtividade que, uma vez restaurados com mata
nativa, tem grande valor na provisão de serviços ambientais.
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Figura 17. Áreas 1, 2 e 3 que totalizam 30,5 hectares
Figura 18. Área 1 reconhecimento da área (out/2015), cercamento e abertura de berços (abri/2016)
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As áreas 1 e 2 receberam plantio das mudas em 2015 e a área 3, em 2017. Os critérios
de recomposição florestal estão descritos no protocolo do programa Carbon Free,
congruente com a metodologia Pacto da Mata Atlântica e nas resoluções de restauração.
As manutenções e o monitoramento das árvores são feitos tanto pela equipe de plantio
do Conservador das Águas quanto pela Iniciativa Verde.
A prefeitura conta com uma equipe capacitada para o plantio de nativas. A equipe
responsável pelo plantio e manutenção das mudas das recomposições financiadas pelo
Programa Carbon Free de 2017 é composta por 5 trabalhadores.
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 172
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Conclusão
Referências Bibliográficas
ABRAMOVAY, Ricardo .(2012). Muito Além da Economia Verde. Ed. Abril. São
Paulo.
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Brasil
de 1965 e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de
agosto de 2001; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 28 mai.
2012.
LIMA, Walter de Paula e ZAKITA, Maria Jose Britto. (2000). In: RODRIGUES, R. R.
e LEITÃO FILHO, H. F. (org.). Matas ciliares – conservação e recuperação. Ed. Edusp
Fapesp. São Paulo.
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 174
–
Brasil
MARTINS, OSVALDO STELLA. (2005). Determinação do potencial de sequestro de
carbono na recuperação de matas ciliares na região de São Carlos – SP. Tese de
doutorado. São Carlos : UFSCar.
Universidade Federal do Paraná, Av. Cel. Francisco H. dos Santos, s/n. Curitiba –
Brasil. [email protected].
RESUMO
A gênese dos processos erosivos hídricos lineares está ligada a processos naturais sendo
potencializadas pela ação antrópica. Os resultados destes processos causam um grande
impacto ambiental, pois elas podem ocorrer tanto no meio rural quanto do meio urbano,
sendo nesse último caso de grande significância, pois há a possibilidade de colocar em
risco a população. Nessas circunstâncias, a compreensão das causas e a interação com a
área urbana auxiliará o controle e futuros planejamentos ambientais e urbanos no
combate as feições erosivas. A problemática referente a erosão no noroeste do Estado
do Paraná foi publicada em diferentes eventos e estudada por diversos autores.
Atualmente, um convênio firmado entre o Laboratório de Biogeografia e Solos (LABS)
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 175
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Brasil
da Universidade Federal do Paraná e Serviço Geológico do Paraná - MINEROPAR,
permitiu o mapeamento e o cadastramento de feições erosivas a fim de ofertar subsídios
para um plano de gerenciamento de riscos, sendo esse artigo um produto desta análise.
Com uma característica particular de implementação da malha urbana no noroeste do
Estado do Paraná e relacionando fatores geomorfológicos, o presente trabalho tem por
objetivo analisar evolução das feições erosivas localizadas na área urbana do município
de Santa Cruz de Monte Castelo - PR, entre os anos de 2005 a 2016, através de imagens
de satélites disponibilizadas pelo banco de dados do Google Earth Pro.
INTRODUÇÃO
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pluviométricos são bem elevados e concentram-se em certas estações do ano
(GUERRA, 2011; IWASA e FENDRICH,1998).
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Brasil
prioritárias. No cadastramento, cada feição erosiva recebeu um código e nela há dados
quantitativos e qualitativos. O município de Santa Cruz de Monte Castelo insere-se
nesse contexto de ocupação, destacando-se pela presença de uma grande feição erosiva,
localizada na sua área urbana.
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as erosões lineares se formam e se desenvolvem devido a este tipo de configuração
urbana.
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Brasil
padrão viário, vias longas e situadas perpendicularmente às curvas de nível, no qual,
está junção, acelera a concentração e o escoamento da água pluvial. Conforme
Westphalen (2008), a associação entre velocidade de escoamento superficial na rede
viária com a presença de solos descobertos à jusante das vertentes, propícia o
desenvolvimento dos processos erosivos.
2.2. Localização
A cidade está localizada na porção norte (em relação ao rio Ivaí) da região
noroeste do Paraná (figura3), com extensão territorial de 442 Km², tendo uma
população estimada de 8.140 habitantes, sendo que mais de 70% da população vive na
área urbana da cidade (IBGE CIDADES, 2016). Com base no Mapeamento dos
Processos Erosivos em Municípios do Noroeste do Paraná, a cidade apresenta 1 grande
feição erosiva próxima a sua área urbana (figura 3).
2 MATERIAL E MÉTODOS
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Brasil
A primeira etapa para a compreensão da evolução das feições erosivas dentro da
cidade e no seu entorno corresponde ao seu cadastramento. Este método permite a
análise do comportamento das feições e o seu produto garantir dados mais concisos para
projetos de contenção.
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 181
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Figura 4 - Fluxograma do método para cadastramento das erosões urbanas. Fonte:
adapatado de IPT, 2012.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Crescimento
Código Ano Área (m²) Detalhe da cabeceira da feição
(m²)
2005 27.479 -
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Brasil
Em campo, realizado em 2016, foram observados outros fatores que determinam
o avanço da erosão linear cadastrada. Observou-se a bifurcação da erosão, solapamento
e movimento de massa, água no interior da erosão, pouco lixo na lateral da feição.
Também foi identificado obra de recuperção da cabeceira da erosão. (FIGURA 5).
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 184
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Brasil
O objetivo da drenagem urbana, em geral, é destinado à rápida remoção dos
volumes de água pluvial, dimensionando galerias, bueiros e canais da área central da
cidade. As águas superficiais, pluviais ou servidas, provenientes da bacia de
contribuição, devem ser captadas e conduzidas pelo interior da voçoroca ou desviadas
da cabeceira, até um lugar onde sua energia possa ser dissipada (IWASA E
FENDRICH, 1998).
4 CONCLUSÕES
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 185
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Brasil
Um planejamento adequado deve-se levar em consideração as tendências de
crescimento urbano e também as particularidades do meio físico, pois a falta destas
análises, em geral, tratando-se de erosões urbanas, contribui para o surgimento e o
desenvolvimento das feições erosivas.
A fim de evitar mais prejuízos à população destas cidades, deverá ser realizado o
planejamento de contenção a médio e longo prazo, além de um rígido e contínuo
monitoramento da evolução das feições encontradas por parte do poder público.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Brasil
JORGE, M.C.O. Geomorfologia Urbana: conceitos, metodologias e teorias. In:
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Revista Brasileira de Geomorfologia, v. 7, n. 2,2006, p. 3-11.
XI Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas – 04 a 06 de abril de 2017 – Curitiba – Paraná 187
–
Brasil
Brasil, Caixa Postal 19.011 - CEP 81531-980, telefone: (41) 3361-3614, e-mail:
[email protected].
RESUMO
INTRODUÇÃO
188
aumento da concentração de substâncias orgânicas e inorgânicas nas aguas subterrâneas
e pela eventual presença de microrganismos patogênicos (Ucisik & Rushbrook, 1998).
189
aliadas a demais dispositivos legais para que possam atender a sistemática complexa de
cada empreendimento cemiterial. O Estado de Santa Catarina ainda não possui
legislação ambiental específica destinada a cemitérios, porém durante o processo de
licenciamento a Instrução Normativa n⁰ 05 da FATMA (Fundação de Amparo à
Tecnologia e Meio Ambiente) serve de base para escopo mínimo de documentos e
estudos a serem apresentados, baseada no disposto na Resolução CONAMA 335/03 e
suas alterações.
Objetivos
190
2. Realizar análise granulométrica dos solos;
3. Realizar análise de metais pesados baseada na Resolução CONAMA 420/09 e
cromo;
4. Avaliar a contribuição para o solo da extração de carvão realizada na Bacia do
Rio Araranguá e atividades regionais relevantes;
5. Avaliar a contribuição para o solo proveniente de curtume existente nas
proximidades;
6. Propor medidas técnicas para implantação do cemitério parque
MATERIAL E MÉTODOS
A área objeto de estudo está localizada na área rural da cidade, com área de 3
hectares, compreendida sob as seguintes coordenadas;
Leste Sul
Pontos Amostrados
Metros(m)
191
1 643975,06 6797775,12
2 644146,30 6797590,21
3 644065,31 6797502,76
4 643892,90 6797687,49
Está localizado na Bacia Hidrográfica do Rio Araranguá, que faz parte do sistema
da vertente atlântica e compõe, juntamente com as bacias dos rios Urussanga e
Mampituba, a região hidrográfica do Extremo Sul Catarinense. A bacia do Rio
Araranguá apresenta uma área de drenagem de 3020 km², uma densidade de drenagem
de 1,95 km², sendo de 5.021 km o comprimento de seus cursos d'água.
A área objeto de estudo está localizada em uma zona rural, limitada ao Norte
pela rodovia BR 101, que é uma importante Rodovia de conexão entre norte e sul do
país, sendo integrante do corredor MERCOSUL, e principal acesso ao imóvel. Ao Leste
com estrada municipal do Mato Alto, ao Oeste com Germano Luis Amorim Filho
(Curtume) e ao Sul com Joacir Antônio Leal.
192
Figura 23: Localização da área de estudo segundo as vias de acesso
(GOOGLE, 2016)
Os imóveis adjacentes a área de estudo são utilizados em sua maioria para
atividade agrícola. Observa-se a existência de bairro residencial numa distância mínima
aproximada de 300 metros na porção leste, a existência de uma empresa de estocagem
de arroz em uma distância aproximada de 600 metros na porção sudoeste.
193
Tabela 16: Pontos amostrados para coleta de solos (UNESC, 2016)
Nível Profundidade
Pontos Coordenadas
freático Amostras Parâmetro da coleta da
amostrais UTM (m)
(m) amostra (cm)
Granulometria
P1a 20
Cromo
Granulometria
644071,70 E P1b 40
P1 1,4 Cromo
6797551,51 S
Granulometria
P1c Cromo 60
Conama 420
P2a Granulometria 20
644123,188 E
P2 1,4 P2b Granulometria 40
67975428,0 S
P2c Granulometria 60
Granulometria
P3a 20
Fertilidade
Granulometria
P3b 40
644115,00 E Fertilidade
P3 1,52
6797581,0 S Granulometria
P3c 60
Fertilidade
Granulometria
P3d 80
Fertilidade
Granulometria
P4a 20
Fertilidade*
Granulometria
P4b 40
644095,42 E Fertilidade*
P4 1,4
6797608,57 S Granulometria
P4c 60
Fertilidade*
Granulometria
P4d 80
Fertilidade*
P5a Granulometria 20
644092,45 E
P5 0,97 P5b Granulometria 40
6797628,59 S
P5c Granulometria 60
Granulometria
P6a 20
Fertilidade**
Granulometria
P6b 40
Fertilidade**
644067,37 E
P6 1,23 Granulometria
6797636,42 S P6c 60
Fertilidade**
Granulometria
P6d Fertilidade** 80
Conama 420
644043,02 E P7a Granulometria 20
P7 1,07
6797621,36 S P7b Granulometria 40
Granulometria
P8a 60
Cromo
644019,193 E
P8 0,97 Granulometria
6797610,15 S
P8b Cromo 80
Conama 420
194
P9a Granulometria 20
644042,19 E
P9 1,3 P9b Granulometria 40
6797673,23 S
P9c Granulometria 60
644027,06 E P10a Granulometria 20
P10 0,86
6797680,13 S P10b Granulometria 40
P11a Granulometria 20
644013,032 E
P11 1,47 P11b Granulometria 40
6797645,07 S
P11c Granulometria 60
643980,37 E P12a Granulometria 20
P12 0,92
6797645,59 S P12b Granulometria 40
P13a Granulometria 60
644020,014 E
P13 0,86 Granulometria
6797714,63 S P13b 80
Conama 420
Granulometria
P14a Cromo 20
Fertilidade***
644580,00 E
P14 >10 Granulometria
6797107,00 S
Cromo
P14b 40
Fertilidade***
Conama 420
*amostra composta: P4a, P4b, P4c, P4d
**amostra composta: P6a, P6b, P6c, P6d
***amostra composta: P14a, P14b
195
As amostras foram coletadas até alcançar o aquífero freático, pois não houve a
possibilidade de separar por horizontes o perfil do solo, pois o mesmo se encontra
antropofizado, com reversão de horizontes em toda a extensão do imóvel, visto que o
mesmo foi utilizado parcialmente para extração de areia durante alguns anos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
196
P3c 12 P6* 15
P3d 7 P14 9
P4* 12
Os valores de alumínio são considerados muito altos pois encontram-se acima
de 20mg/Kg variando de 2033,9 no P1c e 14.310,2 no P13b, decorrente dos efluentes da
bacia carbonífera. Os valores de Ferro (Fe) se encontram acima de 2,0 mg/kg variando
de 491,2 no P1c a 16.960,3 no P6d.
Aluminio Matéria
Classificação
(cmol/l) Orgânica Classificação
Mui (m/v - %)
to Bai Médi Bo Muito B Mui
baix xo o2 m om to Bai Médi Bo Muito B
Ponto Val
Val o baix xo o2 m om
Amostr Ponto or
or 1,0 o
ado 0,21 0,51 Amostr da
< 0, 1- 4,0
- - > 2,00 ado M. 0,71 2,01
21 2,0 < 0, 1-
0,50 1,00 O. - - > 7,00
0 71 7,0
2,00 4,00
P3a 0,32 0
P3b 1,04 P3a 0,4
P3c 1,22 P3b 5,2
P3d 0,33 P3c 4,4
P4* 1,56 P3d 0,4
P6* 1,06 P4* 4,9
P14 0,4 P6* 3,4
P14 0,3
*amostras compostas
Os valores Cr variam de <2 no P1c a 5,5 mg/kg no P13b, valor esse acima do
permitido pela Resolução do CONAMA 460/2013. O valor do Arsênio (As) no P6d
apresenta 5,5mg/Kg acima do valor permitido que é de 2,00 mg/ Kg (CONAMA
460/13). Os valores do Bario (Ba) encontram-se acima do permitido pela referida
resolução em todos os seus pontos variando de 4,0 no P1c a 15,4 no P6d, o valor de
chumbo nos pontos varia de 3,9 no P8b a 5,2 no P13b, também fora dos padrões da
legislação.
Os valores de Vanádio e Zinco estão muito elevados, acima dos limites definidos
pela Resolução CONAMA 420/09devido a proximidade com o curtume.
O Nitrogênio (N) que compreende Nitrato+ Nitrito, os valores estão bem acima
do permitido que é 10,0mg/Kg. Variando no ponto P6d de 309 a 772,8 mg/Kg no P14b.
Tais valores se justificam tendo em vista a ausência de rede coletora de esgoto no
município de Araranguá, sofrendo influência da área residencial localizada a montante
da área de estudo. Outro fato determinante para a contaminação do solo por nitrogênio
no local é a presença ostensiva da atividade agrícola no cultivo de arroz presente na área
de entorno ao local objeto de estudo.
CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
198
A caracterização do meio físico, das análises-físico-químicas do solo e análise
granulométrica efetuada permitiram as seguintes conclusões:
•O presente estudo deve servir para que sejam feitas mais investigações na Bacia do Rio
Araranguá no que tange a contaminação pelas diversas atividades existentes na região e
medidas para minimizar e eliminar os efeitos das mesmas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
199
CONAMA. 2016. Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução Nº460: dispõe
sobre critérios e valores orientadores de qualidade do solo quanto à presença de
substâncias químicas e dá outras providências. 01p. Ministério do Meio Ambiente.
EMBRAPA, 1997. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Serviço Nacional de
Levantamento e Conservação de Solos (Rio de Janeiro). Manual de métodos de análise
de solo. 2.ed.212p.
FAGERIA, N.K. Nutrição mineral. In: Vieira, N.R.A.; Santos A.B. dos; Santana, E.P.
(eds.) A cultura do arroz no Brasil. Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antonio de Goiás,
GO, 1999a. p.172-196.
FISHER, G.J., CROUKAMP, L., 1993. Ground Water Contamination and it's
Consequences, Resulting from the Indiscriminate Placing of Cemeteries in the Third
World Context. Conference Africa Needs Groundwater. University of the
Witwatersrand, Johannesburg, South Africa.
FOTH, H. D.; ELLIS, B. G. 1988. Soil fertility. New York: J. Wiley, 212 p.
200
V. J. Lourenço; L. R. Neto
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
201
As atividades das indústrias de extração de minerais são frequentemente
contestadas, motivando diversos conflitos de caráter econômicos, sociais e ambientais.
As autorizações de exploração dadas pelo Departamento Nacional de Produção Mineral
(DNPM) antes da criação da unidade de conservação federal, Floresta Nacional de
Ipanema, em 1992, é um assunto que está sendo alvo de ação civil por parte do
Ministério Público Federal (MPF) e aguarda julgamento do Tribunal Regional Federal
(TRF) desde 2010 (CRUZEIRO DO SUL, 2015).
Essas inúmeras ações contrárias a atividade, deve-se ao fato da exploração
mineral, mesmo que indispensável para as necessidades de vida da sociedade também
provoca significativos impactos ambientais e sociais, apresentando-se como tema de
grandes discussões entre ambientalistas e empreendedores quanto à exploração mineral
dentro de Unidades de Conservação, áreas estas com características ambientais
relevantes, tendo um papel significativo para a conservação e proteção da
biodiversidade e seus recursos naturais. Ainda, segundo Maia Neto (2010) há, inclusive,
sérias divergências doutrinárias, jurisprudenciais e mesmo institucionais. E tais
divergências têm gerado considerável insegurança jurídica, que é prejudicial aos dois
bens em discussão, meio ambiente e mineração.
Frente a essa problemática indaga-se quanto às possibilidades da legislação
vigente ao que se refere às atividades de mineração em Unidades de Conservação,
convidando a uma reflexão sobre quais são os riscos apresentados ao ecossistema
exposto a essa atividade.
A destruição de habitats compromete a sobrevivência de milhares de espécies,
porém os impactos sobre o funcionamento do ecossistema causados por essa atividade
industrial, pouco é analisado diante dos interesses de grandes empresas, justificados nas
necessidades econômicas do país.
No entanto, a forte atuação dos órgãos públicos, fiscalizadores, licenciadores
privados ou mesmo certificadores quanto as exigências legais de reparação dos passivos
ambientais, impulsionam a grande crescente de ações e estudos voltados à conservação
e restauração de ecossistemas, que é definida pela Society for Ecological Restoration
(SER, 2004) como o “ processo de ajudar a recuperação de um ecossistema que foi
degradado, danificado ou destruído.” Para o Ministério do Meio Ambiente (2015) a
recuperação de áreas degradadas está intimamente ligada à ciência da restauração
ecológica, sendo a restauração ecológica o processo de auxílio ao restabelecimento de
um ecossistema que foi degradado, danificado ou destruído, podendo o ecossistema ser
considerado recuperado e restaurado quando contém recursos bióticos e abióticos
suficientes para continuar seu desenvolvimento sem auxílio ou subsídios adicionais.
Mesmo com toda a importância e as exigências legais, pouca atenção tem sido
dada à avaliação e monitoramento das áreas restauradas, havendo hoje uma grande
carência de informações a serem respondidas pelas pesquisas e pelos trabalhos técnicos
nesse sentido. Parte desse problema se deve à forma como é abordado o conceito de
restauração ou recuperação, tanto pelos órgãos públicos, licenciadores, como pelos
setores privados onde muitas vezes é realizada apenas para o cumprimento de certas
exigências, sem que haja um efetivo comprometimento com a reconstrução de uma
comunidade funcional, sendo confundido muitas vezes com um simples plantio de
mudas da flora local, buscando a construção de uma floresta e não garantindo o sucesso
do projeto, se perpetuando efetivamente se forem reconstruídas, em tempo, as
complexas interações entre espécies vegetais e animais que permitem a manutenção das
populações locais e a evolução da comunidade implantada (GANDOLFI
&RODRIGUES, 2007).
202
Segundo Rodrigues e Gandolfi (2004), o uso de indicadores tem sido muito
discutido na busca de critérios para a avaliação de projetos de restauração, podendo
esses indicadores servir como um diagnóstico ambiental, de acordo com Durigan
(2011), esses indicadores “devem ser variáveis, perfeitamente identificáveis, fáceis de
medir, de fácil compreensão e que representem, de fato, o que se quer avaliar, de modo
que mostrem claramente a situação em cada momento”.
Diante dessa ampla possibilidade de indicadores possíveis de serem avaliados
em uma área em processo de restauração, ela deve ser restringida e adaptada em função
das demandas específicas do público qual os resultados do monitoramento serão
apresentados, facilitando o planejamento da avaliação e do monitoramento.
A gestão de unidades de conservação encontra diversas dificuldades, a grande
demanda e por vezes o reduzido número de servidores, impossibilitam a realização de
algumas atividades, principalmente as que demandem um tempo mais extenso. Os
problemas apresentados pelo Plano de Manejo da Floresta Nacional de Ipanema quanto
as necessidades de definir indicadores para o monitoramento de áreas em recuperação e
conforme o Subprograma de Monitoramento Ambiental que tem como objetivo “avaliar
periodicamente as condições ambientais dos componentes bióticos e abióticos;
acompanhar e monitorar o funcionamento e evolução dos ecossistemas naturais e
alterados [...]” (MMA, 2003), ressalta a necessidade da realização do presente estudo,
que teve o objetivo de avaliar por meio de indicadores ecológicos o atual estágio da
restauração ecológica, desenvolvido na Floresta Nacional de Ipanema, em Iperó, SP, a
maior área contínua florestada da região de Sorocaba, quanto ao funcionamento da
comunidade restaurada e a reestruturação do ecossistema da área explorada pela
mineradora Holcim por aproximadamente 50 anos, compreendendo os anos de 1951 a
2001, sendo responsável por um total 51 hectares de área degradada, na qual após o seu
encerramento deu-se início as atividades de recuperação da área, cujo término estava
previsto para 2012.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
203
nomeada em Zonas de 1 a 9, sendo cada zona localizada em áreas que possuíram
diferentes usos do solo.
Zona 1-Áreas de britagem e carregamento que englobam as instalações de
Britadores, onde os plantios foram realizados em novembro de 2009;
Zona 2 - Benfeitorias e edificações de apoio, incluindo residências, galpão de
testemunho, casa de bombas (caixas d’ água), almoxarifado e “antiga Vila residencial”,
onde os plantios foram realizados em novembro de 2009;
Zona 3 - Pit da mina Ipanema, onde os plantios foram realizados em janeiro de
2010;
Zona 4 - Instalações de apoio, incluindo escritórios, oficina, área de tancagem,
casa de bombas, onde os plantios foram realizados em junho de 2009;
Zona 5 - Pit da mina Felicíssimo Norte, não teve ação de restauração devido à
declividade, conforme constante nos Laudos Geotécnicos apresentados ao IBAMA, no
entanto, foi avaliada visualmente a reestruturação da área, sem aplicação de parcelas;
Zona 6 - Área decapeada para abertura da mina Felicíssimo Sul, onde os
plantios foram realizados no início de 2007;
Zona 7 - Depósito de estéril A, onde os plantios foram realizados em 2002;
Zona 8 - Depósito de estéril B, onde os plantios foram realizados em 2002;
Zona 9 - Depósito de estéril oeste, onde os plantios foram realizados em junho
de 2009.
Um dos principais desafios para a aplicação prática desse método foi à definição
do modelo de amostragem a ser utilizado, primeiramente pela diferença de idade entre
os plantios existente, apresentando diferentes estágios sucessionais, e também a escolha
de um grupo de indicadores que fosse eficiente para indicar a evolução do ecossistema
em restauração, tendo em vista que muitos deles foram registrados por levantamentos
visuais, com base na observação e julgamento do observador. O número de parcelas que
foram utilizadas baseou-se no definido no PACTO pela Restauração da Mata Atlântica
(BELLOTTO et al., 2009), estabelecendo uma porcentagem mínima de 0,5% da área
total da unidade avaliada.
A unidade amostral foi representada por 26 parcelas permanentes de 0,01 ha,
utilizando-se a medida de 10 m x 10 m cada, para a avaliação dos conjuntos de
indicadores.
2.1.2 Localização
a
e
Foram determinadas 3 parcelas permanentes em cada Zona, exceto para a Zona
4, na qual foram determinadas 5 parcelas, pois possuí um maior território, totalizando as
26 parcelas devidamente nomeadas em ordem alfabética de A a Z.
Todas as parcelas tiveram os vértices dos quadrantes registrados por meio de
suas coordenadas geográficas, utilizando um aparelho GPS (Global Positioning System)
Garmin eTrex30 portátil, conforme Tabela 1.
204
P1: 230283/7407205 P2: 230275/7407208
C
P3: 230266/7407215 P4: 230275/7407223
P1: 230115/7407157 P2: 230114/7407149
D
P3: 230107/7407148 P4: 230109/7407157
P1: 230195/7407189 P2: 230194/7407182
2 E
P3: 230188/7407180 P4: 230188/7407190
P1: 230113/7407221 P2: 230110/7407226
F
P3: 230119/7407232 P4: 230124/7407224
P1: 230294/7406980 P2: 230289/7406980
G
P3: 230283/7406986 P4: 230291/7406988
P1: 230259/7407009 P2: 230253/7407012
3 H
P3: 230251/7407016 P4: 230261/7407016
P1: 230320/7407044 P2: 230315/7407034
I
P3: 230322/7407036 P4: 230329/7407045
P1: 230436/7407197 P2: 230435/7407214
J
P3:230427/7407218 P4: 230429/7407205
P1: 230485/7407278 P2: 230480/7407296
K
P3: 230473/7407285 P4: 230477/7407277
P1: 230607/7407037 P2: 230605/7407043
4 L
P3: 230604/7407033 P4: 230614/7407031
P1: 23062 /7406714 P2: 230622/7406721
M
P3: 230616/7406718 P4: 230616/7406717
P1: 230742/7406562 P2: 230728/7406563
N
P3: 230727/7406557 P4: 230737/7406553
P1: 231024/7406343 P2: 231018/7406356
O
P3: 231009/7406348 P4: 231017/7406338
P1: 230911/7406258 P2: 230921/7406257
6 P
P3: 230922/7406266 P4: 230910/7406263
P1: 231038/7406120 P2: 231043/7406129
Q
P3: 231032/7406133 P4: 231027/7406127
P1: 231232/7406098 P2: 231240/7406092
R
P3: 231225/7406091 P4: 231216/7406093
P1: 231311/7406039 P2: 231314/7406052
7 S
P3: 231322/7406043 P4: 231320/7406035
P1: 231202/7406022 P2: 231211/7406021
T
P3: 231208/7406029 P4: 231499/7406032
P1: 230809/7407064 P2: 230818/7407065
U
P3: 230816/7407074 P4: 230805/7407074
P1: 230816/7407198 P2: 230822/7407203
8 V
P3: 230817/7407212 P4: 230810/7407208
P1: 231022/7407110 P2: 231019/7407102
W
P3: 231022/7407090 P4: 231030/7407100
P1: 230276/7406251 P2: 230278/7406258
X
P3: 230291/7406258 P4: 230286/7406247
P1: 230280/7406365 P2: 230287/7406367
9 Y
P3: 230295/7406359 P4: 230284/7406355
P1: 230359/7406387 P2: 230369/7406385
Z
P3: 230370/7406380 P4: 230361/7406374
205
2.2 SELEÇÃO DE INDICADORES
2.2.2 Diversidade
Os diferentes indicadores a serem monitorados nas áreas restauradas, a
diversidade é considerada representativa, uma vez que ela contribui para a manutenção
da integridade do ecossistema (SER 2004). Por meio do software FITOPAC 2.1 foram
calculados como medidas de diversidade: a riqueza de espécies, o índice de diversidade
206
de Sannon (BROWER & ZAR, 1984) e o índice de equabilidade de Pielou (1977). Os
indivíduos foram numerados com plaquetas, identificados segundo a espécie e a família,
e quando não identificados foram coletadas amostras para posterior identificação. Sendo
considerados todos os indivíduos arbóreos com CAP (Circunferência a Altura do Peito)
igual ou superior a 15cm, ou com altura igual ou superior a 1,5m cujo centro do tronco
se encontrava dentro da parcela.
A presença de outras formas de vegetação foi registrada por meio de
levantamento visual, epífitas, arbustos, lianas e espécies exóticas invasoras, indicam um
aumento da complexidade do sistema, se caracterizando como potencias indicadores.
Enquanto a presença de epífitas foi considerada como um indicador positivo, as lianas e
as espécies exóticas invasoras foram consideradas como indivíduos indesejáveis em
processos de restauração (FONSECA, 2011).
2.2.3 Estrutura
A estrutura da vegetação relaciona-se com a forma como ela está distribuída,
possibilitando o uso de diferentes indicadores para caracterizar essa propriedade.
Como meio de avaliação dos indicadores de estrutura da vegetação, para cada
parcela foi calculada a densidade de indivíduos (indivíduos. ha-1 ), a altura total dos
indivíduos sendo estimada visualmente por comparação com uma vara de 10 m, a
circunferência a altura do peito (CAP) de indivíduos igual ou superior a 15 cm (SILVA
& SOARES, 2001). Ainda como caracterização estrutural, foi considerada a presença de
indivíduos emergentes, o diâmetro da copa das árvores e a estrutura do sub-bosque.
Os atributos de estrutura do solo, como declividade, rochosidade e textura foram
analisados dentro de cada parcela. Tais atributos foram tratados como indicadores por
permitirem caracterizar o ambiente e prever práticas adequadas para cada situação
(FONSECA, 2011).
3. RESULTADOS
207
3.1 Indicadores de interferência antrópica
Nas Zonas 6, 7, 8 e 9 a intensidade da interferência antrópica foi baixa, devido a
estrutura da vegetação presente no plantio não necessitar de manutenção, diminuindo o
uso das estradas de acesso, contribuindo para a redução dos impactos locais. Nas demais
Zonas (1, 2, 3 e 4) as perturbações antrópicas não foram observadas, constatando-se
apenas as interferências relativas à roçagem e manutenção das estradas de acesso. Na
Zona 3, destacou-se a interferência humana como fator de degradação, pois se constatou
a presença de stands para treinamento de tiro por parte da fiscalização da unidade e
outras esferas policiais. Entre os impactos causados por tal atividade podem ser
destacados o abandono de ninho, a perturbação e o estresse da fauna.
As perturbações antrópicas configuram uma ameaça aos ecossistemas, de modo
que se não forem administrados podem prejudicar os objetivos de um projeto de
restauração.
208
2% 2%
4%
16%
Aut
40% P 30%
NP Zoo
ND
58% Ane
48%
209
7 10,747 44,876 2,172 1200,000
8 6,286 35,780 3,099 1233,333
9 7,089 34,747 2,483 1100,000
4. DISCUSSÃO
211
Vale também evidenciar e discutir a viabilidade de se manter stands para
treinamento de tiro em uma Unidade de Conservação, sendo que tal atividade interfere
diretamente com impactos negativos na qualidade de vida das espécies da fauna local,
principalmente das aves.
5. CONCLUSÃO
6. REFERÊNCIAS
Brower, J.E. &Zar, J.H. Field & laboratory methods for general ecology.2
ed. Wm. C. Brown Publishers, Dubuque, Iowa, 1984, 226p.
212
recuperação: subsídios à seleção de indicadores para avaliar o sucesso da
restauração ecológica São Paulo: SMA, 2011. Disponível em:
<http://www.ambiente.sp.gov.br/mataciliar/>.
213
MMA - MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Recuperação de Áreas Degradadas.
Disponível em:<http://www.mma.gov.br/destaques/item/8705-
recupera%C3%A7%C3%A3o-de-%C3%A1reas-degradadas> Aceso em 22 de
novembro de 2015.
SÃO PAULO. Resolução SMA 32, de 3 de abril de 2014. Fixa a orientação para o
reflorestamento heterogêneo de áreas degradadas e dá providências correlatas.
Diário Oficial Estado de São Paulo, Poder Executivo, São Paulo, 3 abr. 2014.
SER (Society for Ecological Retoration International & Policy Working Group).
2004.The SER international Primer on Ecological Restoration(available from
http://www.ser.org) acessoemNovembro de 2015. Society for Ecological Restoration
International, Tucson, Arizona.
RESUMO
214
vegetação florestal mais preservada. Para cada parcela de 10x10m foram coletadas 5
sub-amostras de serapilheira e solo perfazendo um total de 85 amostras, em pontos
distribuídos de forma aleatória com auxílio de um gabarito metálico de 0,5x0,5m
(0,25m2), colocado sobre a superfície do solo. O solo e a serapilheira desta área foram
raspados, até a profundidade de 5cm. Completados 06 meses de estudo do banco de
sementes da serapilheira germinaram nas bandejas 1.942 indivíduos/17m2, uma
estimativa de 1.142.352 propágulos de espécies fanerogâmicas/ha. Germinaram 52
morfoespécies, destas 100% (N=52) foram identificadas a nível de família; 92% (N=48)
a nível de gênero e 69% (N=36) a nível de espécie. As 52 morfoespécies do banco de
sementes da EERP pertencem a 21 famílias sendo as mais representativas em número de
indivíduos as Urticaceae (N=739; 38%), Solanaceae (N=268; 13,8%), Asteraceae
(N=300; 15%), Moraceae (N=155; 8%), Poaceae (N=87;4,5%) . A presença de
indivíduos herbáceos, trepadeiras, gramíneas e bambus tanto na área protegida como na
área impactada pelo fogo indica que há entrada de luz no sub-bosque suficiente para as
espécies heliófitas completarem seu ciclo de vida, produzindo sementes uma situação
que não favorece o desenvolvimento de um ecossistema florestal estável com alta
diversidade.
INTRODUÇÃO
215
regeneração natural, como parte do processo de sucessão vegetal, que está diretamente
relacionada, além de outros fatores, à existência do banco de sementes do solo. Assim, o
levantamento do estoque de sementes no solo é importante para avaliar a capacidade de
restauração de um ecossistema (GARWOOD, 1989; LEAL FILHO, 1992)
principalmente se este sofreu algum distúrbio como as queimadas.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo:
Localizada em área de expansão urbana declarada pelo município em 1988 e 2007, entre
as coordenadas 21˚ 12’ 57” latitude Sul e 47˚ 50’ 52” longitude Oeste e altitude entorno
de 540m, a Estação Ecológica encontra-se inserida na microbacia do córrego da
Serraria, com 2.618 ha e microbacia do córrego do Horto, com 253 ha, ambas sub-
bacias do Ribeirão Preto. A área protegida de pequena extensão, com 154,94 há, é uma
das 48 UC de proteção integral administradas pela Fundação Florestal (FUNDAÇÃO
FLORESTAL,2010). Também conhecida como Mata de Santa Tereza, é um dos 3
maiores fragmentos de floresta do município de Ribeirão Preto, que sofre com o
processo de urbanização, sendo classificada em seu Plano de Manejo na sua quase
totalidade como Zona de Recuperação não apresentando uma Zona Intangível. Em 31
de agosto de 2014 foram atingidos pelo fogo 95 ha da UC. Atualmente a área encontra-
se degradada e seriamente afetada pela ação de lianas.
216
abundância, estrutura, categoria sucessional, hábitos de vida e síndromes de dispersão)
do banco de sementes da floresta impactada pelo fogo estudada dão condições de
regeneração natural de espécies arbóreas? e se o banco de sementes do solo da área
impactada pelo fogo apresenta parâmetros diferentes à área não impactada pelo fogo da
floresta estacional semi-decidual presente na Estação Ecológica?
Para esta avaliação foram implantadas 10 parcelas na área impactada pelo fogo e 07
parcelas na que não foi tomada pelo fogo que possui a vegetação florestal mais
preservada. Para cada parcela de 10x10m foram coletadas 5 sub-amostras de
serapilheira e solo perfazendo um total de 85 amostras, em pontos distribuídos de forma
aleatória com auxílio de um gabarito metálico de 0,5x0,5m (0,25m2), colocado sobre a
superfície do solo. O solo e a serapilheira desta área foram raspados, até a profundidade
de 5cm, utilizando-se uma pá e acondicionado em saco plástico preto devidamente
identificado e lacrado e transportado para casa-de-vegetação localizada no Núcleo de
Estudos Ambientais da Universidade de Sorocaba (NEAS/UNISO), no prazo de 03 dias.
Em uma das amostras de cada parcela foi feita triagem manual com auxílio de lupa de
propágulos separando-os por morfoespécies, e determinando a viabilidade com o teste
de Tetrazólio (DELOUCHE, et al. 1962).
Cada uma das quatro amostras restantes foi colocada separadamente dentro de caixa
plástica de 43,5x29,6x7,5 cm dispostas em casa-de-vegetação coberta com sombrite
50%, sobre mesas a um metro e vinte centímetros do chão cimentado, situação que
favorece o bloqueio de contaminação com propágulos alóctones. As sessenta e oito
caixas plásticas com suas respectivas amostras receberam as mesmas condições de
temperatura, luminosidade e irrigação por dispersores. Foram intercaladas 05 bandejas
com areia esterilizada para verificação de possível entrada de sementes alóctones ao
ensaio. Todo ensaio foi coberto com tule para impedir a contaminação com propágulos
que pudessem entrar na casa de vegetação telada.
217
caracteres vegetativos das plântulas com espécies adultas identificadas na área de
estudo, por observação de características morfológicas, como filotaxia, formato de
folha, venação, presença de nectários extra-florais, presença e tipo de tricomas, presença
de glândulas. Estas plantas foram mantidas em casa de vegetação até confirmação da
identificação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
218
Asteraceae Sonchus oleraceus L. H Nc N Ane
Continuação...
Familia Espécie Hab CS OC SD
Asteraceae Baccharis dracunculifolia DC. Ab Nc N Ane
Asteraceae Crepis japonica (L.) Benth. H Nc E Ane
Asteraceae Ageratum conyzoides L. H Nc N Ane
Asteraceae Conyza canadensis (L.) Cronquist H Nc N Ane
Asteraceae Adenostemma brasilianum (Pers.) Cass. T Nc N Ane
Brassicaceae Cardamine bonariensis Pers. H Nc E Baro
Cannabaceae Trema micrantha (L.) Blum. A P N Zoo
Commelinaceae Commelina L. H Nc Ind Baro
Commelinaceae Commelina benghalensis L. H Nc E Baro
Convolvulaceae Ipomea sp (L). T Nc N Baro
Cucurbitaceae Morfo 4 T Ind Ind Ind
Euphorbiaceae Dalechampia scandens L. T Nc E Auto
Euphorbiaceae Dalechampia sp Post & Kuntze T Nc E Auto
Euphorbiaceae Croton floribundus Spreng. A P N Auto
Fabaceae Glycine wightii (Graham exWight&Arn.) T Nc E Baro
Verdc.
Fabaceae Enterolobium contortisiliquum (Vell) A Si N Baro
Morong.
Malpighiaceae Morfo 53 T Ind Ind Ind
Malvaceae Malvastrum sp T Ind Ind Ind
Melastomataceae Miconia latecrenata (DC.) Naudin Ab Nc N Zoo
Moraceae Sorocea bonplandii (Baill.) W.C.Burger et al A Si N Zoo
Moraceae Ficus sp Ab Ind Ind Zoo
Oxilidaceae Oxalis corniculata (L) H Nc E Baro
Phyllanthaceae Phyllanthus niruri (L) H Nc N Baro
Piperaceae Pothomorphe umbellata (L) Miq. Ab Nc N Zoo
Plantaginaceae Stemodia verticillata (Mill.) Hassl. H Nc N Baro
Poaceae Panicum sp (L) G Nc Ind Zoo
Poaceae Guadua angustifólia Kunth B Nc N Zoo
Rubiaceae Manettia cordifolia Mart. T Nc N Baro
Rutaceae Zanthoxylum fagara (L) A P N Zoo
Salicaceae Casearia sp A Ind Ind Zoo
Sapindaceae Cardiospermum halicacabum L. T Nc N Ane
Solanaceae Solanum americanum Mill. H Nc E Zoo
Solanaceae Solanum stipulaceum Willd. ex Roem. Ab P N Zoo
&Schult.
Solanaceae Morfo 52 T Ind Ind Ind
Urticaceae Cecropia pachystachya Trécul. A P N Zoo
Urticaceae Phenax Weed. H Nc N Baro
Urticaceae Urera baccifera (L) H Nc N Zoo
Verbenaceae Pluchea sagittalis (Lam) Cabrera H Nc N Baro
Verbenaceae Lantana canescens Kunth H Nc N Zoo
219
220
As 52 morfoespécies germinadas do banco de sementes da EERP pertencem a 21
famílias sendo as mais representativas em número de indivíduos as Urticaceae (N=739;
38%), Solanaceae (N=268; 13,8%), Asteraceae (N=300; 15%), Moraceae (N=155; 8%),
Poaceae (N=87; 4,5%) (Fig.1).
Asteraceae foi a família com maior número de espécies (N=10; 20%), maioria
herbáceas, 2 trepadeiras e uma arbustiva, seguida por Solanaceae (N=6; 12%)
Euphorbiacee (N=3; 6%); Urticaceae (N=3; 6%); (Fig.2).
221
Fig.2. Porcentagem de espécies por família germinados no banco de sementes da EERP.
Van Der Pijl (1982), Stiles e Rosselli (1993) afirmam que espécies pioneiras, em sua
maioria, possuem diásporos dispersos por frugívoros generalistas como, por exemplo, a
família Piperaceae e os gêneros Miconia, Leandra e Cecropia que geralmente são
dispersos por aves e Solanum por morcegos frugívoros. Como a família Asteraceae está
entre as três famílias de maior representatividade no banco de sementes da EERP (N=
10 espécies; 300 de indivíduos), a síndrome de dispersão anemocoria, representou 29%
das espécies encontradas no banco de sementes. Uma elevada porcentagem de sementes
anemocóricas sugere, segundo Penhalber e Mantovani (1997), certo grau de
perturbação em uma floresta já que se espera em florestas tropicais, 50 a 90 % das
sementes de árvores e arbustos dispersas por animais (HOWE ; SMALLWOOD,1982).
A dispersão de sementes é fundamental para regeneração de áreas que sofreram algum
222
tipo de distúrbio, pois através das plantas pioneiras podem dar início ao processo de
sucessão. Camargo (2013) fundamentado pelos resultados de pesquisa sobre o efeito do
fogo em uma Floresta Estacional Semidecidual em Viçosa (MG) afirmou que a área
impactada possuía capacidade de resiliência ao comparar as formas de vida, grupos
ecológicos e síndromes de dispersão que eram favoráveis à manutenção do ecossistema
florestal.
O número de indivíduos arbóreos é o triplo na área protegida pelo fogo, do que na área
impactada (Fig.3). Entretanto, o número de espécies arbóreas (N=7) é baixo, quando
comparado com a listagem do Plano de Manejo da EERP (FUNDAÇÃO FLORESTAL,
2010) que em uma avaliação ecológica rápida apresentou 174 espécies vegetais, destas
148 de hábito arbóreo. Trabalhos de banco de sementes em Florestas Estacional
Semidecidual também foram encontrados maior riqueza de arbóreas mesmo para
amostragens equivalentes (FRANCO et al., 2012) indicando uma situação desfavorável
na EERP para a regeneração natural do ecossistema florestal. A continuidade do ensaio
por mais meses poderá confirmar esta suspeita.
223
Fig. 2 Hábito dos indivíduos germinados do Banco de Sementes da área Protegida pelo
Fogo e área Impactada pelo Fogo na EERP.
A redução do número de indivíduos arbóreos na área impactada pelo fogo (Fig.2) é uma
constatação em pesquisas controladas sobre o efeito do fogo em Florestas Estacionais
Semideciduais. Camargo (2013) obteve uma redução no número total de sementes
germinadas do banco de sementes do solo após o tratamento com fogo, passando de 528
sementes antes do fogo para 429 sementes pós-fogo, o que resultou numa redução da
densidade de sementes germinadas de 1056 para 858 sementes/ m2, respectivamente, o
que equivale a uma redução na germinação de 18,75 % após o tratamento com fogo.
224
Foram triados 1703 diásporos/em 17 amostras/4,25m2 e identificados 34 morfoespécies
(Fig.7). No teste de tetrazólio em uma amostra 331 diásporos 17% eram viáveis e 83%
inviáveis. Uma projeção de 4 milhões de diásporos/ha, apenas 681.200 viáveis. Assim
grande parte dos diásporos encontradas no banco de sementes não poderão recompor a
vegetação. A diferença entre a projeção de diásporos por ha pela metodologia de
triagem na serapilheira e germinação do banco de sementes se deve que no processo de
triagem passam despercebidas sementes pequenas como por exemplo das cecrópias.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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VAN DER PIJL, L. Principles of dispersal in higher plants. 3. ed. New York:
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227
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Caixa Postal 476, Campus
Universitário Trindade. CEP 88040-900 Florianópolis (SC), Brasil.
[email protected].
RESUMO
INTRODUÇÃO
Responsável por 99,98 % das atividades extrativistas de carvão mineral, a região
sul do Brasil exerce importante papel no crescimento econômico do país. Juntamente
com o estado do Rio Grande do Sul, a região carbonífera de Santa Catarina deu suporte
para a intensa extração de minério de carvão iniciada em meados do século 19 (Barbosa,
2001). Desde então, a atividade tem gerado profundas modificações no cenário
ambiental destes locais provocando impactos no solo, poluição do ar e contaminação
dos sistemas hídricos (Martins Pompêo et al., 2004). Tendo em vista que a região
carbonífera é portadora de três importantes bacias hidrográficas (bacia do Rio
Araranguá, bacia do Rio Tubarão e bacia do Rio Urussanga), maior atenção deve ser
dada aos problemas de poluição ambiental dos recursos hídricos decorrentes das
práticas extrativistas, de modo a minimizar os impactos negativos e garantir a qualidade
dos mesmos.
Dentre os principais processos oriundos da atividade extrativista de minério de
carvão, a produção de Drenagem Ácida de Minas (DAM) é um dos fenômenos
228
responsáveis por grande parte da degradação dos recursos hídricos e do solo (Gazea et
al., 1996). Este fenômeno é descrito para diversas regiões do mundo em áreas de
extração de ouro, cobre, níquel e ferro (Akcil e Koldas, 2006; Novis e Harding, 2007).
A produção de DAM é decorrente da oxidação de sulfetos presentes nas rochas quando
expostos à água e ao oxigênio. A pirita (FeS2) é o principal mineral sulfetado
responsável pela produção de DAM. A formação de DAM é decorrente de um série de
reações de oxidação de sulfetos, catalisadas por microrganismos que apresentam
elevada atividade, principalmente em pH inferior a 3,5 (Moura, 2014).
Durante a oxidação de sulfetos, há liberação de alta concentração de íons H+,
resultando em baixo pH, e alta concentração de metais dissolvidos, dentre eles ferro
(Fe), arsênio (As), cobre (Cu), zinco (Zn), alumínio (Al) e manganês (Mn) (Novis e
Harding, 2007). A formação de elevada concentração de íons H+ que torna o ambiente
fortemente ácido e o aumento na concentração de metais comprometem o equilíbrio
físico-químico natural do meio aquático (Novis e Harding, 2007). Dessa forma, a
poluição causada por DAM é provavelmente o impacto mais significativo decorrente da
ação extrativista de minério na Região Carbonífera de Santa Catarina (Moura, 2014).
Em ambientes contaminados por DAM, além da elevada concentração de metais e
pH tipicamente entre 2 e 4, a disponibilidade de nutrientes é considerada baixa, sendo
estes locais caracterizados como oligotróficos (Johnson e Hallberg, 2005). Nesse
sentido, ambientes impactados por DAM tornam-se favoráveis para o crescimento de
um pequeno grupo de organismos adaptados a situações extremas, denominados
acidófilos ou ácido-tolerantes. Dentre os grupos de organismos capazes de crescer neste
tipo de ambiente, estão bactérias, fungos e comunidades de algas (Novis e Harding,
2007). Em trabalho de Druschel et al., (2004), a arquea Ferroplasma acidarmano foi
isolada de áreas impactadas por DAM na Califórnia. Algas do gênero Chlamydomonas
foram identificadas em ambientes fortemente ácidos como lagos ácidos de mineração e
lagoas vulcânicas (Silva, 2011). Stevens et al. (2012) descreveu a presença de algas do
gênero Euglena, Chlamydomonas, Microspora e predominância de Klebsormidium em
águas contaminadas por DAM em Ohio. Em trabalho realizado na Região Carbonífera
de Santa Catarina, Freitas et. al (2011) fizeram o levantamento de espécies de algas
presentes em ambiente contaminado por DAM. Dentre os gêneros encontrados foram
identificados Microspora, Eunotia, Euglena, Mougeotia e Frustulia.
De acordo com Gross (2000), para crescer em ambientes ácidos, com elevada
concentração de H+, algas acidófilas exibem mecanismos de redução do influxo de
prótons nas células, aumento na eficiência das bombas de prótons e mecanismo para
concentração de CO2 para fotossíntese. Estes mecanismos permitem que o citoplasma
permaneça com pH em nível alcalino, apropriado para o funcionamento de enzimas
dependentes de pH, as quais podem ser desnaturadas quando os valores desse parâmetro
são reduzidos. No entanto, segundo Spijkerman et al. (2007), para superar o gradiente
de prótons e uso de mecanismos que permitem manter o pH dentro do limite normal de
funcionamento celular, há maior demanda energética e metabólica, o que implica em
decréscimo na taxa fotossintética de algas crescentes em meio ácido.
Além do baixo pH, a alta concentração de metais pesados também é fator
limitante para o desenvolvimento de organismos em ambientes hostis, como os
contaminados por DAM (Novis e Harding, 2007). Os mecanismos de ação e as
respostas fisiológicas podem ocorrer de forma isolada, causados por um agente único
principal, como o pH, ou pela interação entre diferentes fatores impactantes, como por
exemplo, a variação de pH e da composição dos metais presentes no meio (Oberholster
et al., 2014). Estudos tem sido feitos para se entender se a distribuição das espécies de
algas presentes em águas contaminadas por DAM são relacionadas ao gradiente de pH
229
e/ou às concentrações dos metais. Em trabalho de Rousch e Sommerfeld (1999) buscou-
se avaliar se o pH ou as concentrações de Mn e Ni, separadas ou em combinações,
foram responsáveis pela distribuição de espécies de algas. Os autores concluíram que
elevadas concentrações de metais podem ser mais importantes na determinação da
distribuição de algas do que o pH em sistemas aquáticos afetados por DAM. Entretanto,
a toxicidade dos metais é pH-dependente. Segundo Oberholster et al., (2014), algas da
espécie Klebsormidium klebsii, Microspora tumidula e Oedogonium crassum isoladas
de locais impactados por DAM apresentaram bioacumulações dos metais Al, Fe, Mn e
Zn variáveis entre os pHs 3, 5 e 7, indicando que a bioacumulação dos metais varia com
o gradiente de pH.
Estudos que busquem avaliar a bioacumulação de metais por algas não só sob a
influência das interações de aspectos físicos da água, como pH em combinação com as
concentrações dos metais, mas também como a combinação dos diferentes metais e suas
concentrações no meio são de extrema importância. No entanto, ainda grande parte dos
trabalhos analisa a eficiência na captação dos metais isoladamente, o que diverge de
situações reais de poluição, as quais normalmente envolvem a presença de múltiplos
metais (Zeraatkar et al., 2016). De acordo com Mehta e Gaur (2005), a presença de um
metal pode alterar a distribuição de outros metais entre os componentes celulares,
interferindo na captação desses elementos pela alga. Chong et al. (2000) mostraram que
no caso de 10 cepas de algas cultivadas em solução contendo Zn e Ni, o metal Zn
provocou queda na bioacumulação de Ni quando comparada a bioacumulação de Ni em
meio que não continha Zn.
Sabe-se que são dois os principais mecanismos fisiológicos utilizados por algas
extremófilas para resistir a tais condições com elevada concentração de metais: a
adsorção dos metais por ligantes presentes na superfície celular e a captação ativa de
metais pela célula. A adsorção é o processo em que a célula é capaz de complexar
metais na superfície externa por meio da ligação dos íons metálicos à parede celular, à
membrana e polissacarídeos, impedindo a entrada dos metais no interior do citoplasma
(Mehta e Gaur, 2005). Por outro lado, a captação ativa de metais pela célula é
decorrente de mecanismos de seu sequestro para interior da célula. Os íons metálicos
são associados a moléculas intracelulares, como fitoquelatinas e metalotioneínas, que
atuam como ligantes citoplasmáticos na complexação dos metais. Os metais também
podem ser incorporados para o interior de organelas, como tilacóides e vacúolos (Mehta
e Gaur, 2005; Soldo et al., 2005). No entanto, segundo Mehta e Gaur (2005), a presença
de um metal pode mudar e interferir na distribuição de outros metais dentre os
componentes celulares. A adsorção e a captação ativa de metais pelas células são
mecanismos que podem operar em conjunto ou isoladamente para proteger as células
contra os efeitos nocivos dos íons metálicos. O principal objetivo de ambas as
estratégias acima citadas é evitar a exposição e dano de estruturas celulares sensíveis,
como DNA e proteínas, aos metais reativos (Soldo et al., 2005). Dessa forma, a
capacidade de crescimento e desenvolvimento de comunidades algais em ambientes
contaminados, bem como a captação de metais, leva ao interesse no estudo da aplicação
destes organismos na prática de biorremediação.
Atualmente, o processo de biorremediação é uma alternativa para a
descontaminação de um ambiente, propondo o cultivo de organismos resistentes em
locais poluídos visando a remoção completa ou parcial dos contaminantes (Vidali,
2001). O uso de organismos na biorremediação tem sido aplicado ao tratamento de
poluentes tais como águas residuais, derramamento de petróleo e efluentes tóxicos nos
diversos setores da indústria (Macek et al., 2000). Dentre eles, o uso para
descontaminação de águas contaminadas por DAM tem sido foco de vários trabalhos
230
(Das et al., 2009; Orandi et al., 2012; Stevens et al., 2012). Em pesquisa desenvolvida
por Rose et al., (1998), o uso de Spirulina sp. como parte do processo de tratamento de
água contaminada por DAM mostrou resultados otimistas para o uso da microalga a fim
de concentrar e captar os metais dissolvidos. Em trabalho de Oberholster et al. (2014)
observou-se que três algas filamentosas (Oedegonium crassum, Klebsormidium klebsii e
Microspora tumidula) isoladas de ambientes contaminados por DAM, e posteriormente
mantidas em laboratório, exibiram capacidade de bioacumulação dos metais alumínio,
ferro, manganês e zinco quando cultivadas em água contaminada por DAM.
Juntamente à desposluição e restauração de um ambiente contaminado por metais,
a prática de biorremediação pode ser atrelada à recuperação dos metais bioacumulados
na biomassa algal denominada dessorção (Volesky, 2007). De acordo com Volesky
(2007) a recuperação dos metais pela biomassa de um organismo seria o último passo
de todo o processo de descontaminação de um efluente. No entanto, a purificação e
obtenção do metal ainda agrega dificuldade e elevado custo.
Para elaboração de um projeto de biorremediação, é importante que seja feita a
identificação da comunidade microbiana que ocorra naturalmente no ambiente em que
se visa o tratamento (Uhlik et al., 2013). Dessa forma, organismos ocorrentes no local
podem ser usados para o tratamento. Ademais, alguns aspectos devem ser analisados
para a escolha do organismo e o método de biorremediação. Tais características são:
capacidade de crescimento e assimilação de metais pesados, facilidade de manipulação
e manutenção da cultura, tempo de crescimento do organismo, capacidade competitiva
com outros organismos, além da possível obtenção da biomassa para fins
biotecnológicos (Lourenço, 2006).
Segundo Novis e Harding (2007), Ulothrix está entre os principais gêneros de
algas filamentosas que ocorrem naturalmente em ambientes fortemente ácidos
contaminados por DAM. Algas do gênero Ulothrix pertencem ao filo Chlorophyta,
possuem talo filamentoso unisseriado com um cloroplasto parietal (Bicudo e Menezes,
2005). De acordo com Bicudo e Menezes (2005), algas pertencentes a esse gênero
possuem talo fixo ao substrato quando jovens e, livres e flutuantes quando adultas,
sendo considerado um gênero cosmopolita.
231
MATERIAL E MÉTODOS
232
4,4 mM, para zinco; 0; 0,37; 2,9 mM, para manganês; e 0; 0,0046; 0,0369 mM, para
níquel foram definidas totalizando 27 combinações. As concentrações acima citadas
foram selecionadas em virtude do valor encontrado desses metais em água contaminada
por DAM, segundo o trabalho de Moura (2014): 0,55 mM para Zn, 0,37 mM para Mn e
0,0046 mM para Ni, e as maiores concentrações abordadas no primeiro experimento:
4,4 mM para Zn, 2,9 mM para Mn e 0,0369 mM para Ni.
Pretendeu-se com este experimento analisar os efeitos dos metais na alga e suas
possíveis interações (sinergias e/ou antagonismos). Este ensaio foi conduzido de
maneira similar ao experimento anterior, com 5 réplicas para cada tratamento durante 8
dias.
233
concentração dos metais Zn, Mn e Ni, isoladamente. Para o Experimento 2, foi realizada
ANOVA bifatorial para constatar o efeito da concentração de cada metal pesado e a
interação entre eles. ANOVA unifatorial foi realizada no Experimento 3 para avaliar o
potencial de Ulothrix sp. para remoção de Zn, Mn e Ni na água contaminada por DAM.
Para isso a comparação entre a concentração dos metais na água com e sem a alga foi
realizada. As diferenças significativas foram determinadas pelo teste de Student-
Newman-Keuls ao nível de 5% de significância. Previamente às ANOVAs, foram
realizados testes de normalidade e homogeneidade de variâncias de Cochran. Todas as
análises estatísticas foram realizadas no software Statistica v.10 para Windows (Statsoft
Inc., 2010).
RESULTADOS
Somente os cultivos submetidos às concentrações acima de 0,27 mM-1 de zinco,
apresentaram queda na taxa de crescimento e danos aos processos fisiológicos. Para os
metais manganês e níquel não houveram diferenças significativas entre os tratamentos,
mesmo com o aumento de 8 vezes nas concentrações destes metais no meio (Fig. 1).
0,12
a (A) (B) (C)
0,10
Optical Density Chl. a
0,08
0,06 b
0,04
c
0,02
0,00
8000
a a (E) ab (F)
(D) a
Fluorescence (rel. units)
6000 b b b
4000
2000
c
0,8 a
(G) (H) (I)
b
0,6
Y(II)
0,4
0,2
0,0
Control 0.27 0.55 1.1 2.2 4.4 Control 0.18 0.37 0.73 1.46 2.9 Control0.0023 0.0046 0.0092 0.0185 0.0369
Nos cultivos em que os metais foram combinados (Fig. 2), somente os tratamentos
submetidos às concentrações mais altas de zinco apresentaram danos de crescimento,
independente da presença dos demais metais.
234
[Zn] [Mn] [Ni]
(A) (B) (C)
4.4 2.9 0.0369
4.4 2.9 0.0046
4.4 2.9 0
4.4 0.37 0.0369
4.4 0.37 0.0046 a a a
4.4 0 0.0369
4.4 0 0.0046
4.4 0.37 0
4.4 0 0
0.55 2.9 0.0369
0.55 2.9 0.0046
0.55 0 0.0369
0.55 0.37 0.0369
0.55 0.37 0.0046
0.55 0.37 0 b
0.55 2.9 0
0.55 0 0.0046
0.55 0 0
0 2.9 0.0369 b b
0 2.9 0.0046
0 2.9 0
0 0.37 0.0369
0 0.37 0.0046 c
0 0.37 0
0 0 0.0369
0 0 0.0046
0 0 0
[mM]
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8
235
60
50
40
% Element Removed
30
20
10
TIME vs Zn
TIME vs Mn
0
TIME vs Ni
-10
0 6 12 18 24 200 300
Time (Hour)
DISCUSSÃO
Os resultados apresentados neste estudo fornecem evidências adicionais sobre a
capacidade de Ulothrix sp. em sobreviver em condições com altas concentrações de Zn,
Mn e Ni sugerindo seu potencial para propostas de biorremediação. Os principais danos
em Ulothrix sp. podem ser observados somente nas concentrações mais altas de zinco.
Sabe-se que Zn é um micronutriente essencial no metabolismo celular, como para
formação de clorofila (Mane et al., 2014) e atua como cofactor importante para muitos
processos bioquímicos (Mikulic e Beardall, 2014). No entanto, o presente estudo
demonstrou que em altas concentrações, o Zn pode exercer efeitos tóxicos mesmo em
algas extremófilas. Efeitos negativos de Zn sobre respostas fisiológicas de Ulothrix sp.
podem ser observados na menor concentração de Zn testada (1,1 mM). A inibição da
divisão celular e destruição da clorofila foi mencionada como um exemplo dos efeitos
tóxicos de Zn por Pawlik-Skowron'ska (2001). Segundo Mikulic e Beardall (2014), a
exposição a altos níveis de zinco pode causar danos ao fotossistema II (PSII) e
diminuição na eficiência do ciclo de Calvin em microalgas. Efeitos negativos de Zn
foram detectados por Mane et al. (2014) em seis espécies de algas de água doce. No
estudo citado, Zn afetou clorofila, proteína, carboidratos, amido e aminoácidos em
concentrações de 1 mg Zn.L-1, ou seja, o equivalente a 0,015 mM Zn, níveis muito mais
baixos em comparação com o presente trabalho.
Ulothrix sp. mostrou alta tolerância a Mn e Ni. As respostas fisiológicas não
foram afetadas por esses metais, mesmo considerando as maiores concentrações e
236
combinações entre eles. Mn e Ni são micronutrientes para o desenvolvimento e
metabolismo de microalgas (Andersen, 2005). Por exemplo, em concentrações baixas
de Mn foi observada o aumento na biossíntese de clorofila (Mane et al., 2014).
Lustigman et ai. (1995) relataram que quando a microalga do gênero Chlorella foi pré-
exposta à baixas concentrações de níquel, a concentração total de clorofila foi maior do
que a do controle (sem qualquer tempo de contato com níquel). No entanto,
concentrações mais elevadas de ambos os metais podem inibir as atividades fisiológicas
da clorofila (Malcolm et al., 2004, Tam et al., 2001), o que não foi observado em nosso
trabalho.
Considerando que a maioria dos efluentes industriais e minerais contém uma
mistura de metais pesados, a combinação de metais pode atuar de forma antagônica,
sinérgica ou não interativa (Harris e Ramelow, 1990). Nos ensaios de combinações de
metais pesados realizados com Ulothrix sp., efeitos tóxicos de Zn também foram
detectados independentemente da presença de Ni e Mn, mesmo quando estes metais
estavam em altas concentrações. É sugerido que Zn possui maior afinidade aos sítios de
ligação presentes nas algas, quando comparadas com Mn e Ni, fazendo Zn ocupar
primeiro estes locais, bloqueando a ligação dos outros metais à superfície das células. O
mesmo foi sugerido por Garnham et ai. (1992), que observaram uma possível
competição de Zn e Mn pelos mesmos locais na superfície de células algais. Estes
autores referiram-se a este processo como uma inibição da absorção de Mn por Zn, uma
vez que o mesmo sistema de captura poderia ser responsável pelo transporte de ambos
os metais. Chong et al. (2000) mostraram que Chlorella vulgaris, C. sorokiniana e
outras oito espécies de diferentes microalgas apresentaram maior afinidade pela ligação
a Zn do que Ni. Quando cultivadas em meio contendo Zn e Ni, Zn causou queda na
bioacumulação de Ni nestas espécies quando comparadas ao acúmulo de Ni em cultivo
isento de Zn, indicando que Zn poderia suprimir a captação de Ni por células algais.
Ademais, no caso de Ulothrix sp., Mn sozinho e em combinação com Ni, não alterou o
efeito tóxico de Zn. Nota-se que a toxicidade de Mn e Ni não foram interativas, uma vez
que, as combinações destes metais causaram a mesma resposta fisiológica em Ulothrix
sp. quando comparadas com os efeitos destes metais sozinhos. O mesmo foi relatado
por Rousch e Sommerfeld (1999), onde a toxicidade de Mn não foi diminuída por Ni,
provavelmente devido à existência de um mecanismo de captação diferente para cada
metal.
A taxa de remoção de metal por Ulothrix sp. foi maior para Ni (50%), seguido por
Zn (40%) e Mn (30%). Orandi et al. (2012) observaram que em biofilme dominado por
Ulothrix sp. a taxa de remoção para Ni e Mn variou entre 45 e 50% quando cultivado
em DAM. No estudo citado, o menor metal removido foi Zn. Da mesma forma, em
estudo de bioremoção de Al, Fe, Mg, Mn e Zn por Oedogonium crassum,
Klebsormidium klebsii e Microspora tumidula, as três espécies bioacumularam menos
Zn do que os outros metais (Oberholster et al., 2014). O experimento foi conduzido em
três diferentes pH (3, 5 e 7) e em todas elas as espécies selecionadas expressaram um
mecanismo protetor que impediu que altas conentrações de Zn entrasse nas células em
comparação com a captação de outros íons metálicos.
237
Ulothrix sp. mostrou duas fases para captação de metais durante os 14 dias do
experimento. A primeira fase ocorreu durante as primeiras seis horas, possivelmente
decorrente do processo de adsorção (Zeraatkar et al., 2016). Esse fenômeno pode ser
rápido, com interações físicas passivas (eletrostáticas) ou químicas (complexação
superficial), resultando na complexação de metais na superfície extracelular de células
algais. O processo de adsorção ocorre em células vivas e mortas, e é um processo de
ligação independente do metabolismo. Após seis horas, as concentrações dos três metais
diminuíram ligeiramente, provavelmente associadas a uma segunda fase de biosorção. O
processo de captação ativa foi descrito como um processo lento e dependente do
metabolismo, envolvendo o transporte ativo de metais através da membrana celular para
as organelas intracelulares (Mehta e Gaur, 2005).
Taxas de remoção de metais por algas como Ulothrix sp. podem depender não
apenas da fisiologia específica da espécie, mas também da presença de outros
microorganismos (fungos, bactérias) e condições ambientais. Quando os testes de
potencial de biossorção de metal são aplicados a efluentes industriais reais, vários
aspectos do efluente devem ser levados em conta, como concentração de metal, carbono
orgânico dissolvido e pH (Orandi et al., 2012). Estas variáveis fisico-químicas afetam
tanto a especiação do metal quanto a ligação do metal na superfície celular. A maioria
dos estudos com microalgas (Chlorella, Chlamydomonas, Scenedesmus e
Pseudokirchneriella sp.) mostraram aumento na toxicidade do metal com o aumento do
pH, como resultado da diminuição da competição entre os íons metálicos e H+ pela
superfície celular (Arunakumara e Xuecheng, 2008). De acordo com Oberholster et al.
(2014), a bioacumulação de Al, Fe, Mg, Mn e Zn diminuiu em Oedogonium crassum,
Klebsormidium klebsii e Microspora tumidula, de acordo com a redução do pH. A
competição entre prótons (H+) e metais pelos mesmos locais de ligação na superfície
das células algais pode sugerir que a biomassa de Ulothrix sp. não assimilou mais
metais, uma vez que o baixo pH do efluente da DAM poderia ter afetado a captação de
metais pela biomassa. Como Ulothrix sp. pode ser cultivada em gradiente de pH (3-8)
(Rousch e Sommerfeld, 1999), é importante investigar o potencial de bioacumulação
dos metais em vários pHs para saber se o processo de bioacumulação de metais é pH-
dependente para esta alga. Além do pH, a presença da alta concentração de multi íons-
metálicos pode ter causado competição para os mesmos locais de ligação na superfície
celular, influenciando a captação de íons metálicos pela alga. Corder e Reeves (1994)
encontraram melhora na biosorção de Ni por autoclavagem de biomassa de
cianobactérias. No entanto, nenhuma das espécies estudadas bioacumularam Ni com a
mesma eficiência quando cultivadas em efluente real devido à presença de alta
concentração de íons Na. De modo semelhante, uma diminuição da concentração de Cu
no meio induziu uma diminuição da competição entre os íons Cu e Zn, permitindo
assim uma remoção aumentada de Zn por biofilme dominado por Ulothrix sp. (Orandi
et al., 2012). Os autores concluíram que a remoção de Zn pode ser adversamente afetada
pela presença de íons concorrentes.
A concentração da biomassa algal também é aspecto importante para a biossorção
de metais pesados (Mehta e Gaur, 2005; Zeraatkar et al., 2016). Maior concentração de
biomassa aumenta a remoção de metal devido à maior disponibilidade de locais de
ligação de metais pela superfície celular. Esse fenômeno foi demonstrado por Mehta e
Gaur (2001) onde o aumento de 100 vezes na biomassa de Chlorella vulgaris aumentou
a remoção de Ni e Cu de 13 a 65% e 10 a 85%, respectivamente, em soluções contendo
5 mg.L-1 de Ni ou Cu. Em estudo com Scenedesmus abundans, Terry e Stone (2002)
observaram competição pelos mesmos sítios de ligação entre Cu (II) e Cd (II) o que foi
atenuada com aumento da concentração de biomassa. Dado que o aumento das
238
concentrações de biomassa poderia aumentar a biorremoção final dos metais no meio,
os resultados de remoção dos metais Zn, Mn e Ni obtidos no presente estudo poderiam
ser maiores com o aumento da biomassa de Ulothrix sp. por unidade de volume.
CONCLUSÕES
REFRÊNCIAS
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242
A POLÍTICA DO ICMS ECOLÓGICO E A UTILIZAÇÃO DO CADASTRO
AMBIENTAL RURAL COMO SUBSÍDIO À RECUPERAÇÃO DE ÁREAS
DEGRADADAS NO ESTADO DO PARÁ6
RESUMO
Palavras Chave: políticas públicas, icms verde, cadastro ambiental rural, área
degradada, regularização fundiária
1. INTRODUÇÃO
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CF/88) inseriu em
seu bojo a questão ambiental, reservando para isso um capítulo específico (Capítulo VI)
contido no Título VIII, “Da Ordem Social”, inclusive tratando o meio ambiente
6
Parte do Trabalho de Conclusão de Curso do primeiro autor, apresentado a Faculdade de Direito da
Universidade Federal do Pará.
243
ecologicamente equilibrado como um direito humano fundamental, que deve ser
defendido e preservado pelo Poder Público e por toda a coletividade para presentes e
futuras gerações, conforme expresso em seu Art. 225, caput.
Com fins a promover proteção ambiental efetiva, o Estado deve adotar condutas
que possam minimizar os riscos das atividades econômicas que degradam o meio
ambiente e colocam em risco o seu equilíbrio, sem, no entanto, suprimir avanços
tecnológicos e a produção industrial. A adoção de políticas ambientais visa
compatibilizar o desenvolvimento econômico com a necessária conservação ambiental,
utilizando instrumentos, não apenas para fins arrecadatórios (fiscais), mas
comportamentais (extrafiscais), inseridos em políticas públicas ambientais que visam
regular e direcionar as ações, promovendo o bem-estar social, uma vez que os tributos
possuem também a função de intervir na economia ou na sociedade, sendo essa a sua
função extrafiscal.
O tributo extrafiscal é aquele que pretende estimular ou desestimular uma
conduta. Por exemplo, o Estado poderá aumentar a carga tributária de certas atividades
visando desestimular comportamentos contrários ao interesse público ou reduzir a
tributação incidente sobre condutas de interesse público conveniente. Esta função
ultrapassa o viés puramente financeiro e há reflexo em diferentes esferas de atuação
Estatal na sociedade, tal como a econômica, social e política.
Com relação ao meio ambiente, a extrafiscalidade consiste numa forma de
regulação, que busca a alteração das condutas dos agentes econômicos para adequá-las
ao alcance dos interesses coletivos administrados pelo Estado, devendo ser otimizada
sua utilização como instrumento de implementação das políticas de proteção ao meio
ambiente e ao desenvolvimento sustentável (SCAFF e TUPIASSU, 2004).
O princípio do poluidor-pagador obriga, por exemplo, o explorador de recursos
minerais a recuperar o meio ambiente degradado (art. 225, § 2º), estabelecendo sanções
penais e administrativas aos infratores, independentemente da obrigação de reparar os
danos causados (art. 225, § 3º). Este princípio a) busca evitar a ocorrência de danos
ambientais, possuindo um caráter preventivo; e b) ocorrido o dano, visa sua reparação,
tendo um caráter repressivo.
Por sua vez, o princípio do protetor-recebedor recompensa àqueles agentes que
deixaram de onerar o meio ambiente em benefício da coletividade, incentivando
economicamente quem protege determinada área ou deixa de utilizar seus recursos,
estimulando a preservação da mesma.
O princípio protetor-recebedor dispõe que o agente, público ou privado, que
protege um bem natural em benefício da coletividade, deve receber uma compensação,
não necessariamente financeira, como incentivo pelo serviço de proteção ambiental
prestado, ou seja, este agente recebe incentivos econômicos por ter deixando de utilizar
os recursos de uma determinada área, contribuindo assim para a sua preservação.
Os instrumentos econômicos expressos em políticas extrafiscais são de grande
utilidade em virtude de permitirem ao Estado ir além da arrecadação de tributos ao
direcionar suas políticas públicas às necessidades sociais, inclusive de proteção do meio
ambiente, atuando como um indutor de atividades ambientalmente desejáveis, cuja
fundamentação está no direito constitucional ao meio ambiente equilibrado. Em nosso
ordenamento há vários exemplos de demonstração da possibilidade de aplicação da
244
regra da extrafiscalidade na preservação ambiental. No âmbito da União, a Lei nº
9.393/96 prevê que serão excluídas da base de cálculo do Imposto Territorial Rural
(ITR) as áreas de floresta nativa e outras consideradas pela legislação como de
preservação permanente ou interesse ecológico, configurando-se, portanto, em hipótese
de isenção do referido tributo (Art. 10, II). Na esfera estadual, podemos citar a política
do ICMS Ecológico.
A CF/88 determina que 75% da arrecadação do Imposto sobre Operações
relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte
Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) sejam destinados ao estado
arrecadador para a sua manutenção e investimentos, e que 25% dessa arrecadação sejam
distribuídas aos municípios (CF, art. 158, IV), sendo que destes 25%, três quartos, no
mínimo, serão na proporção do valor adicionado fiscal nas operações relativas à
circulação de mercadorias e nas prestações de serviços, realizadas em seus territórios, ao
passo que até um quarto, será de acordo com o que dispuser lei estadual (CF, art. 158,
IV, parágrafo único).
Dentro desta perspectiva, parte do ICMS pode ser utilizado como ICMS
Ecológico, que corresponde à normatização e regulamentação da fixação de percentual
para fins de distribuição de receitas decorrentes da arrecadação de ICMS aos
municípios, de acordo com critérios ambientais adotados pelos Estados Brasileiros. Por
não ser um novo tributo, portanto, o ICMS repassado por critérios ambientais não
implica no aumento da carga tributária, implicando unicamente na adoção de critérios
ambientalmente relevantes para a repartição das receitas normalmente obtidas, sendo
este um dos pontos chaves da política (SCAFF E TUPIASSU, 2004).
A criação do ICMS Ecológico possui duas finalidades: a) estimular os
municípios a adotarem iniciativas de conservação ambiental e desenvolvimento
sustentável, seja pela criação de unidades de conservação, ou pela manutenção de áreas
federais ou estaduais, seja pela incorporação de propostas que promovam o equilíbrio
ecológico; e b) recompensar os municípios que possuam áreas protegidas em seus
territórios e que, dessa forma, estão impedidos de destinar a área para atividades
produtivas tradicionais que poderiam gerar maior arrecadação e consequente
participação na repartição do ICMS.
O Paraná foi o primeiro Estado Brasileiro a adotar o ICMS Ecológico como
medida de distribuição dos recursos provenientes das arrecadações de ICMS como
compensação aos municípios possuidores de áreas de conservação e/ou mananciais de
abastecimento em 1992 (PARANÁ, 1991). Posteriormente o ICMS Ecológico foi
adotado por outros estados, os quais diversificaram os critérios de acordo com a sua
realidade e necessidade local, não se restringindo apenas ao critério ambiental.
O Estado do Pará adotou em 2012 o ICMS Ecológico sob a denominação de
ICMS Verde, iniciando nesse mesmo ano um repasse de 2% do total, aumentando de
forma sucessiva a porcentagem de repasse até 2015, atingindo 8% (PARÁ, 2012).
Inicialmente, o ICMS Ecológico no estado era baseado em critérios quantitativos de
repasse, porém, esses critérios sofreram mudanças ao longo dos anos, sendo apresentada
em 2016 nova metodologia baseada em critérios qualitativos (PARÁ, 2016).
O atual Código Florestal, Lei nº 12.651, 25 de maio de 2012, em seu Art. 29
define o Cadastro Ambiental Rural (CAR) como um registro eletrônico, obrigatório a
todos os imóveis rurais, que objetiva integrar as informações ambientais das
propriedades e posses rurais, com delimitação das Áreas de Proteção Permanente
(APP), Reserva Legal (RL), remanescentes de vegetação nativa, área rural consolidada,
áreas de interesse social e de utilidade pública, visando traçar um mapa digital a partir
245
do qual são calculados os valores das áreas para diagnóstico ambiental e econômico e
combate ao desmatamento (BRASIL, 2016d).
Objetiva-se com este trabalho analisar o uso do CAR como critério ambiental de
regularização fundiária utilizado na partilha do ICMS Ecológico no Estado do Pará e
como este instrumento pode ser utilizado na recuperação de áreas degradadas no estado.
2. MATERIAL E MÉTODOS
A metodologia adotada caracteriza-se como exploratória, de tipologia
bibliográfica e descritiva. Realizou-se levantamento bibliográfico utilizando-se
inicialmente as fontes oficiais das legislações do Estado do Pará e federal disponíveis
nos Diários Oficiais eletrônicos, sítios das Assembleias Legislativas, bem como, as
compilações de legislações ambientais disponíveis nos sítios eletrônicos da SEMAS
(Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade) e secretaria de fazenda. Efetuou-se a
leitura das legislações, com a finalidade de verificar quais os critérios pautados na
política do ICMS Ecológico na cota-parte de repasse aos municípios e, de maneira mais
restritiva, examinando o critério de regularização fundiária pautada no CAR e
instrumentos similares. Foi considerado o levantamento das normas pertinentes
publicadas até o mês de dezembro de 2016. Foi procedida a análise do uso do CAR no
Estado do Pará como critério de repasse, com ponderações sobre a sua potencialidade
como subsídio à recuperação de áreas degradadas no estado.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. ICMS Ecológico
Especificamente quanto ao aspecto ambiental, cada estado poderá contemplar
aquilo que for mais relevante para a sua agenda ambiental, pois embora por força do
disposto no art. 167, inciso IV, da CF/88, haja vedação de vinculação de receitas
provenientes da arrecadação de impostos, as municipalidades beneficiadas pelo ICMS
ecológico poderão aplicar os recursos recebidos em programas de preservação
ambiental, visando manter ou melhorar seu índice de participação nas transferências de
ICMS.
O nascimento do ICMS Ecológico, portanto, configurou-se num instrumento de
política pública que tratou do repasse de recursos financeiros aos municípios que
abrigavam em seus territórios Unidades de Conservação ou áreas protegidas, ou ainda
mananciais para abastecimento de municípios vizinhos, dentro de um caráter
compensatório ao município, resultado de uma política ambiental alternativa com o
intuito de proporcionar maior investimento e incentivo na preservação do meio
ambiente.
O ICMS Ecológico não configura uma nova modalidade de tributo, pois
permanece com o mesmo fator gerador, a mesma base de cálculo e as alíquotas
incidentes, bem como, não há modificação em relação ao modo de cobrança do tributo.
Não se trata de um tributo ambiental em sentido estrito, cobrado em razão do uso do
meio ambiente pelos agentes econômicos, no qual a finalidade da cobrança se torna o
fundamento de validade do tributo. Por não ser um novo tributo, o ICMS repassado por
246
critérios ambientais não implica no aumento da carga tributária incidente sobre os
contribuintes, implicando unicamente na adoção de critérios ambientalmente relevantes
para a repartição das receitas normalmente obtidas, sendo este um dos pontos chaves da
política (SCAFF E TUPIASSU, 2004).
Surgindo inicialmente com um carácter compensatório, o ICMS Ecológico
evoluiu, transformando-se em mecanismo de indução de boas práticas à conservação
ambiental, o que atualmente mais o caracteriza (LOUREIRO, 2004; SCAFF e
TUPIASSU, 2004), representando, segundo Loureiro (1997, apud LOUREIRO 2002, p.
53), “uma promissora alternativa na composição dos instrumentos de política pública
para a conservação ambiental no Brasil”.
O potencial de indução da política do ICMS Ecológico assenta-se no fato de que
os Estados ao definir a adoção de determinados critérios ambientais atribuem
indicadores de aferição e avaliação, necessários para calcular o valor a ser repassado
para cada municipalidade, as quais tendem a construírem políticas ambientais que
atendam aos critérios pontuados, pois ao atenderem tais critérios, os programas
municipais passam a disputar o repasse desses recursos, configurando, portanto, uma
competição entre as municipalidades, na medida que, quanto mais os municípios
trabalharem na implantação e de ações nas áreas pontuadas e que impactam diretamente
nos indicares dos critérios de repasse, mais serão beneficiados com recursos financeiros
247
Fator 1, denominado de Regularização Ambiental é composto pelos seguintes
indicadores (Cadastro Ambiental Rural – CAR; Área de Preservação Permanente –
APP; Reserva Legal – RL e a Área Degradada – AD), contribuiu com um Peso de
38,618% no índice do ICMS Verde;
Fator 2, denominado de Gestão Territorial é composto pelos seguintes
indicadores (Áreas Protegidas de Uso Restrito; Áreas Protegidas de Uso Sustentável;
Desflorestamento e Desflorestamento em Áreas Protegidas), este fator apresenta um
Peso de 35,442% no índice do ICMS Verde;
Fator 3, denominado de Estoque Florestal é formado por um único indicador
(Remanescente Florestal), apresentando um Peso de 14,092% no índice do ICMS
Verde; e
Fator 4, denominado de Fortalecimento da Gestão Ambiental Municipal é
composto por um único indicador (Capacidade de Exercício da Gestão Ambiental), e
apresenta uma contribuição no índice do ICMS Verde com Peso de 11,848%.
Apesar de constar no Art. 3º da Portaria SEMAS nº 990/2016, bem como, no
Art. 3º da Portaria SEMAS nº 1272/2016 a previsão de que a metodologia detalhada de
cálculo dos índices de repasse da parcela do ICMS Verde seria disponibilizada no
endereço eletrônico da SEMAS, até 25 de dezembro de 2016, não havia no mesmo
nenhuma informação consolidada sobre a nova metodologia, mostrando-se inclusive
inapropriada a previsão de disponibilização de metodologia no site da SEMAS, haja
vista que os critérios adotados anteriormente tiveram sua metodologia de cálculo
publicada no Diário Oficial do Estado, o que representa uma segurança ao gestor
municipal e ao cidadão quanto à previsão de como se dará o cálculo dos recursos a
serem repassados aos municípios referentes ao ICMS Verde, além de coadunar com o
Princípio da Transparência na Administração Pública.
Dessa forma, a análise dos indicadores referentes aos critérios de repasse do
ICMS Verde aos Municípios a ser realizado em 2017, especificamente do Fator 1 –
Regularização Ambiental, foi baseada na Portaria SEMAS nº 990/2016, visto que a
forma de metodologia de cálculo ainda não consta publicada de forma detalhada e
transparente, porém sempre nos reportando às informações disponibilizadas no endereço
eletrônica da SEMAS, ao passo que focaremos nos aspectos conceituais adotados pelos
novos critérios.
248
O indicador CAR considera a cobertura realizada em relação à área cadastrável
de cada município. O Decreto Estadual nº 775/2013 foi o primeiro a definir o CAR
como critério de repartição de 50% do ICMS Verde, cuja adoção representou um
instrumento de incentivo às políticas públicas de auxílio à concretização das metas
traçadas no Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento da Amazônia (PPCAD)
através do Decreto nº 1.697, de 5 de junho de 2009, tendo como objetivos a redução
progressiva do desmatamento no Estado.
O CAR foi instituído no Estado do Pará através do Decreto Estadual nº 2.562, de
27 de novembro de 2006, sendo o estado primeiro a adotar esse sistema, estabelecendo
que o licenciamento das atividades rurais fosse precedido pelo cadastramento dos
imóveis rurais através do CAR-PA. O Decreto Estadual nº 1.148, de 17 de julho de
2008, estabeleceu o CAR-PA como um dos instrumentos da Política Estadual de
Florestas e do Meio Ambiente, obrigando o cadastro de todo imóvel rural localizado no
Estado do Pará, mesmo aquele que não exercesse qualquer atividade rural
economicamente produtiva, e passando a considerar os imóveis rurais não inscritos no
CAR-PA como ambientalmente irregulares (Art. 1º e parágrafo único).
O atual Código Florestal, Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, instituiu o CAR
em âmbito nacional seis anos depois de ser instituído no Estado do Pará, sendo um
registro eletrônico, obrigatório a todos os imóveis rurais, que objetiva integrar as
informações ambientais das propriedades e posses rurais, com delimitação das Áreas de
Proteção Permanente (APP), Reserva Legal (RL), remanescentes de vegetação nativa,
área rural consolidada, áreas de interesse social e de utilidade pública, visando traçar um
mapa digital a partir do qual são calculados os valores das áreas para diagnóstico
ambiental e econômico e combate ao desmatamento (BRASIL, 2016).
O CAR dentro deste contexto mostra-se relevante quanto à avaliação e
monitoramento da situação das Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal nas
propriedades rurais, além de conferir relevantes subsídios ao ordenamento territorial no
Estado, temos que a sua consideração como critério para repasse de ICMS Verde tem a
faculdade de induzir os gestores municipais a viabilizar a realização do cadastro em
seus territórios. O fator indutivo do ICMS Verde encontra-se aqui privilegiado
(MERLIN E OLIVEIRA, 2016).
A adoção do CAR como critério detentor de um peso de 50% no repasse do
ICMS Verde realizado até 2016 sugere a prioridade de aplicação desta política pelo
Governo Estadual, sendo que no ano-base de 2012 os municípios paraenses alcançaram
57,85% de cobertura em relação à área cadastrável do estado, bastante superior à meta
prevista no PPCAD: os municípios paraenses conseguiram cadastrar 336.019,97 km²
dos 580.870,36 km² de área cadastrável, conforme publicado na Portaria SEMA nº
1.562/2013, superando a meta prevista no PPCAD para o ano de 2012 que era de
180.000,00 km².
Com a nova distribuição de critérios (ou fatores) estabelecida pela Portaria
SEMAS nº 990/16, o CAR passou a ser um dos indicadores que compõem o Fator 1 –
Regularização Ambiental, o que se mostra coerente, pois o CAR além de manter a sua
posição como ferramenta de avaliação e monitoramento da situação ambiental dos
imóveis rurais, passa agora a ser avaliado conjuntamente com os demais indicadores do
Fator 1, este que representa agora um peso de 38,618% no índice do ICMS Verde do
Estado do Pará.
249
b) Área de Preservação Permanente (APP)
A Lei nº 12.651/2012 refere-se à APP como a área protegida, coberta ou não por
vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem,
a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora,
proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas (Art. 3º, II). Além da
função protetiva reconhecida por lei, Metzger (2010) destaca que as APPs prestam
outros serviços ambientais capitais.
De acordo ainda com a Lei nº 12.651/2012, as APPs podem ser instituídas em
função de sua localização (Art. 4º), em vista de sua vegetação estar situada em áreas
fundamentais para a prevenção contra erosão do solo, assoreamento, proteção do curso
dos rios e das nascentes como em faixas marginais de cursos d’água, entornos de lagos,
lagoas, reservatórios d’água artificiais, decorrentes de barramento ou represamento de
cursos d’água naturais, nascentes e dos olhos d’água perenes, com largura variável;
encosta ou parte desta com declividade superior a 45º; restingas; manguezais, bordas de
tabuleiros ou chapadas; topos de morros, montes e serras; áreas em altitude superior a
1.800 (mil e oitocentos) metros.
As APPs também podem ser instituídas em função da sua destinação, declaradas
áreas de interesse social (Art. 6º) quando as áreas cobertas de vegetação tiverem as
finalidades de conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos;
proteger várzeas, restingas ou veredas; abrigar exemplares da fauna ou flora ameaçados
de extinção; proteger sítios de excepcional beleza ou valor científico, cultural ou
histórico; faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; assegurar condições de
bem-estar público; auxiliar a defesa do território nacional e; proteger áreas úmidas.
Como se infere do seu próprio nome, as Áreas de Preservação Permanente são
áreas ambientalmente relevantes e, como tal, devem ter sua vegetação preservada já que
se destinam à proteção de suas funções ecológicas, sendo áreas, em regra, intocáveis e
com vedação do seu uso para fins econômicos diretos.
250
Segundo Metzger (2010), é um erro considerar as APPs equivalente a RL,
devido às características distintas dessas duas formações por seu embasamento
geológico e pedológico, clima e dinâmica hidrológica. Por conseguinte, a composição
da fauna e flora é muito variável quando comparadas as duas áreas, sendo essas
complementares. Portanto, a fusão de APP e RL deve ser efetuada somente em
situações específicas e que não ocasione a descaracterização da cobertura vegetal de
novas áreas. São as RL que permitem que a cobertura de vegetação nativa fique acima
dos limiares ecológicos, protegendo parte da biota nativa, e favorecendo os fluxos
biológicos entre Unidades de Conservação.
A natureza autodeclaratória do CAR como instrumento da regularização
fundiária na prática não leva em consideração os requisitos de localização da RL
contidos na Lei nº 12.651/2012, que determina que que localização da área de Reserva
Legal no imóvel rural deverá levar em consideração estudos e critérios do plano de
bacia hidrográfica, Zoneamento Ecológico-Econômico, a formação de corredores
ecológicos com outra Reserva Legal, Área de Preservação Permanente, Unidade de
Conservação ou outra área legalmente protegida, as áreas de maior importância para a
conservação da biodiversidade, e as áreas de maior fragilidade ambiental (Art. 14).
Metzger (2010) ressalta que delegar a localização da RL à escolha do
proprietário do imóvel aumenta os riscos de extinção de espécies características das
áreas mais propícias para uso econômico, mantendo apenas a biota de áreas menos
propícias ao uso, o que é regularizado pelo Decreto Federal nº 7.830, de 17 de outubro
de 2012. O autor ressalta também a importância da RL na conservação da
biodiversidade para áreas com vegetação fragmentada, enfatizando que grandes
fragmentos conservam melhor a diversidade de áreas do que pequenos fragmentos
isolados.
No Pará a reserva legal para fins de recomposição, na área rural consolidada foi
reduzida para 50%, pelas duas leis de Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE da Zona
Oeste e ZEE da Zona Leste e Calha Norte):
Segundo a Lei Estadual nº 7.398, de 16 de abril de 2010, que dispõe sobre o
Zoneamento Ecológico-Econômico da Zona Leste e Calha Norte do Estado do Pará, e
que indicou o redimensionamento da área de reserva legal de 80% para até 50% nas
áreas consolidadas e estabeleceu que nas zonas de consolidação não são recomendadas
atividades que impliquem em novos desmatamentos de vegetação primária ou
secundária em estágios médios e avançados de regeneração.
Segundo a Lei Estadual n° 7.243, de 9 de janeiro de 2009 que dispõe sobre o
Zoneamento Ecológico-Econômico da área de influência das rodovias BR-163
(Cuiabá/Santarém) e BR-230 (Transamazônica) – Zona Oeste, que indicou o
redimensionamento da área de reserva legal de 80% para até 50% nas áreas rurais
consolidadas.
d) Área Degradada – AD
O conceito de área degradada não consta na Lei nº 12.651/2012 ou legislação
federal anterior, contudo a referida lei prevê a recomposição de APP e RL com
supressão irregular para Programas de Regularização Ambiental (PRA) (Art. 59, § 4º).
251
Estas definições foram estabelecidas em âmbito nacional no Decreto Federal nº 7.830,
de 17 de outubro de 2012, sendo área degradada definida como “área que se encontra
alterada em função de impacto antrópico, sem capacidade de regeneração natural” (Art.
2º, V) e recomposição como “restituição de ecossistema ou de comunidade biológica
nativa degradada ou alterada a condição não degradada, que pode ser diferente de sua
condição original” (Art. 2º, VIII).
O conceito de área degradada surge na legislação como base para programas de
regularização ambiental que condicionam a recomposição dessas áreas. Segundo o
Decreto Federal nº 7.830/2012, a recomposição deve ser efetuada também em área
alterada, conceituada como “área que após o impacto ainda mantém capacidade de
regeneração natural” (Art. 2º, VI), tendo em vista que o Decreto Federal nº 8.235, de 5
de maio de 2014 determina que as áreas degradadas ou alteradas serão consideradas
antropizadas para efeitos de cadastramento no CAR (Art. 3º, § 4º). O Decreto
8.235/2014 estabelece ainda que a regularização das APPs, RLs e de uso restrito poderá
ser efetivada mediante recuperação, recomposição, regeneração ou compensação (Art.
2º).
Os maiores agentes causadores de alteração dos ecossistemas florestais
amazônicos são a exploração predatória de produtos madeireiros e não-madeireiros, a
implantação de pastagens, a agricultura de corte e queima e, mais recentemente, a
agricultura mecanizada de grãos, sendo que áreas alteradas são as que sofreram
desmatamento e exploração madeireira, podendo ser produtivas, que constituem
sistemas agrícolas ou florestais, ou áreas alteradas sem utilização econômica, ou seja,
áreas abandonadas após uso temporário (ALMEIDA; SABOGAL; BRIENZA JÚNIOR,
2006).
A eficácia da recuperação de fragmentos florestais depende da identificação dos
fatores de degradação e de alternativas para minimizar o processo de degradação e
recuperar a estrutura florestal, conservando assim a sua biodiversidade (VIANA e
PINHEIRO, 1998). No processo de recuperação não é aconselhável a substituição da
vegetação nativa por plantações homogêneas de espécies exóticas. Por outro lado,
sistemas consorciados de espécies nativas e exóticas não competitivas e de interesse
econômico em baixa densidade podem ser opções interessantes para algumas RLs da
Amazônia (METZGER, 2010).
No âmbito estadual, o Programa de Regularização Ambiental dos Imóveis
Rurais do Estado do Pará foi instituído pelo Decreto Estadual nº 1.379, de 03 de
setembro de 2015. Considerando que o Fator 1 está inserido dentro de políticas federais
e estaduais de regularização fundiária, considera-se errônea a denominação adotada de
“área degradada” ao indicador ora analisado, visto que o Decreto Estadual nº
1.379/2015 e a legislação federal correlacionada nesse tópico prevê que para regularizar
a propriedade é necessária a garantia de recomposição de áreas “degradada” ou
“alterada”. Sugere-se alterar a terminologia para área “alterada/degradada” e considerar
ambas as situações para efeito de cômputo do indicador.
252
inclusão de APP, RL e AD é considerada uma evolução do uso do CAR como critério
(ou fator) de repasse do ICMS Verde, o qual mensurava unicamente a proporção da área
cadastrada em relação à área cadastrável em cada município, sem considerar as
condições ambientais dentro das áreas cadastradas.
Ressalta-se que o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento
na Amazônia Legal (PPCDAm) possui um eixo dedicado ao ordenamento fundiário
(BRASIL, 2013). O Fator 1 pode ser relacionado, portanto, com a política de
regularização fundiária do Estado do Pará, não somente pela manutenção do CAR como
um dos seus indicadores, mas sim pela correlação existente entre todos os indicadores.
A indefinição fundiária na Amazônia e especificamente no Estado do Pará é
frequentemente citada em análises sobre as limitações para implantação de políticas de
produção sustentável e de conservação na região, mesmo com a disponibilidade de
tecnologias acessíveis, tais como mapeamento, monitoramento, cruzamento e análise de
dados, georreferenciamento, entre outros (BRITO e CARDOSO JUNIOR, 2015).
A consideração do Fator 1 dividida em quatro indicadores (CAR, APP, RL e
AD) remonta ao objetivo instituído na Lei nº 12.651/2012, de integrar as informações
ambientais das propriedades e posses rurais, com delimitação das Áreas de Proteção
Permanente (APP), Reserva Legal (RL), entre outras. Quando se acrescenta
consideração de área degradada ao fator, deve-se considerar se foram respeitadas as
tipologias vegetais da APP e RL, ou a previsão de sua recuperação.
Sendo assim, o CAR se reveste de importância quanto à avaliação e
monitoramento da situação das Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal nas
propriedades rurais do estado, além de conferir relevantes subsídios ao ordenamento
territorial (MERLIN e OLIVEIRA, 2016). Portanto, a utilização do CAR em um fator
associado às demais variáveis (RL, AD e APP) utilizadas na nova metodologia é mais
coerente que sua utilização como um critério isolado. Porém, são necessários ajustes
metodológicos, conforme esclarecido nos subtópicos do Fator 1, descritos acima.
Um exemplo desta importância em âmbito nacional é a utilização do CAR como
requisito necessário à retirada do Município da lista de maiores desmatadores da
Amazônia e passe a ser considerado com desmatamento monitorado, listagem prevista
no Decreto Federal nº 6.321, de 21 de dezembro de 2007: é necessário o alcance de
cobertura de 80% do CAR, excetuadas as unidades de conservação de domínio público
e terras indígenas homologadas, além de manter o desmatamento abaixo dos limites
estabelecidos pelo MMA (Art. 14).
Para que haja uma boa gestão dos recursos naturais é imprescindível a utilização
de instrumentos que possibilitem tal administração. De acordo com a Lei nº 6.938, de
31 de agosto de 1981, a qual dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente
(PNMA), os instrumentos de gestão ambiental são considerados mecanismos utilizados
pela administração pública com o intuito de alcançar os objetivos da política ambiental
(BRASIL, 1981). Entre tais instrumentos, podem ser incluídos o ICMS verde e o CAR,
no caso do Estado do Pará, tendo em vista que o CAR colabora para regularização das
APP e/ou RL, vegetação natural suprimida ou alterada no imóvel rural, já que identifica
no imóvel, por meio de planta e memorial descritivo, a localização dos remanescentes
de vegetação nativa, das Áreas de Preservação Permanente, das Áreas de Uso Restrito,
das áreas consolidadas e a localização da Reserva Legal, permitindo a partir de então
verificar em termos práticos se a propriedade está regular quanto ao que consta na
253
legislação da destinação do imóvel a tais áreas ou demonstrará a área que precisa ser
recomposta para regularização. É realizado um diagnóstico ambiental, com informações
da propriedade e das áreas passíveis de recuperação e/ou recomposição vegetal.
A Lei nº 12.651/2012 dispões que caso ocorra supressão da vegetação em área
de APP ou RL, o proprietário, possuidor ou ocupante é obrigado a promover a
recomposição da vegetação a partir de projetos de recuperação de áreas degradadas. É
baseado no CAR que o proprietário irá tomar medidas para promover a recomposição
e/ou recuperação dessas áreas a partir de orientações técnicas. O não cumprimento da lei
impossibilita o cadastro da propriedade, assim como a aplicação de sanções, além de
não ter acesso a crédito rural e a impossibilidade de obtenção de autorização ambiental.
O Estado do Pará foi o primeiro a formalizar o Programa de Regularização
Ambiental (PRA) a partir do Decreto estadual nº 1.379, de 03 de setembro de 2015,
criado para promover ações a serem desenvolvidas nos imóveis rurais por proprietários
e posseiros visando a adequação à legislação ambiental com a regularização do passivo
ambiental (áreas que precisam ser compensadas) em APP e Reserva Legal do estado,
consubstanciando-se numa aplicação prática do uso do CAR como subsídio à
regularização fundiária.
Conforme disposto no art. 1º do Decreto nº 1.379/2015, para execução do
Programa de Regularização Ambiental são estabelecidos seguintes instrumentos: I) – o
Cadastro Ambiental Rural – CAR; II) – o Termo de Compromisso Ambiental – TCA;
III) – o Projeto de Recomposição de Áreas Degradadas e Alteradas – PRADA; IV) – as
Cotas de Reserva Ambiental – CRA, quando couber.
CRA é outro sistema que contribui para a conservação do ecossistema, por ser
um instrumento alternativo para os proprietários que devem recuperar a área de RL, é
um meio de certificação de compensação dessa área. Os proprietários que possuem RL
em excesso, podem usá-las para cumprir o mínimo de RL na lei em outra propriedade
que precisa ser compensada, contanto que a perda da cobertura florestal seja antes de
julho de 2008 (IPAM, 2015).
Ainda de acordo com Decreto nº 1.379/2015, para aderir ao programa é
obrigatório previamente obter o CAR da propriedade, sendo um instrumento essencial
para sua efetivação, pois ele identifica a situação do imóvel rural, destacando a
existência de passivos ambientais e a área que precisa ser recuperada. A partir de então,
o proprietário pode assinar ao Termo de Compromisso Ambiental, o qual consiste de
um documento estabelecido juntamente com o Órgão Ambiental competente, que
estipula obrigações de manutenção de vegetação nativa existente na propriedade ou
posse rural, recomposição de APP e Reservas Legais, bem como descreve os
compromissos de adequação ambiental e legal das atividades produtivas nas áreas
destinadas ao uso alternativo do solo.
Posteriormente poderá ser elaborado o Projeto de Recomposição de Áreas
Degradadas e Alteradas (PRADA), que se trata de um estudo detalhado de acordo com
as características bióticas e abióticas locais do ecossistema, a partir do conhecimento da
vegetação remanescente para definir a metodologia a ser adotada pelo PRADA, sendo
conduzida de forma natural ou então com indivíduos plantados (SARTORI, 2015).
A regeneração natural proporciona a conservação, preservação e formação de
florestas, tanto para proteção integral quanto para o manejo das espécies de uso
254
sustentável. Ela refere-se às etapas de estabelecimento e desenvolvimento das plantas
(GAMA; BOTELHO; GAMA; SCOLFORO, 2003). O plantio de mudas é a técnica
mais eficaz para a Recuperação de áreas degradadas (RAD), pois não será necessário
esperar a germinação, porém seu o custo é elevado. A escolha das espécies é de extrema
importância, deve-se evitar o uso de espécies exóticas, escolher a classe sucessional de
cada espécie, dando preferência para as pioneiras e posteriormente as secundárias e
clímax (SARTORI, 2015).
Apesar de não ser obrigatório, o PRA traz múltiplos benefícios aliados ao meio
ambiente, assim como ao proprietário ou posseiro rural, pois há a possibilidade de
regularização das APP e/ou Reserva Legal, além de que ao aderir e cumprir o que
consta no TCA, não sofrerá punições por crime ambiental e haverá a extinção de
sanções devido supressão irregular da vegetação em áreas de APP - Reserva Legal e de
uso restrito, cometidas até 22/07/2008 de acordo com o Código Florestal (Art. 59, § 4º).
O PRA também pode ser utilizado como uma oportunidade de negócio, pois
permite conduzir a avaliação da melhor forma de regularizar ambientalmente o imóvel e
da utilização da terra visando o desenvolvimento econômico, onde o proprietário pode
explorar economicamente sua RL e sua APP, dentro dos critérios permitidos pela
legislação vigente.
Nessa perspectiva, sendo o CAR importante no que toca subsídios ao
ordenamento territorial no Estado, temos que a sua consideração como critério para
repasse de ICMS Verde tem a finalidade de induzir os gestores municipais a viabilizar a
realização do cadastro em seus territórios. O fator indutivo do ICMS Verde é aqui,
portanto, privilegiado.
Ressalta-se que o prazo para cadastramento dos imóveis rurais no país foi
alterado pela Lei nº 13.335, de 14 de setembro de 2016, estendido para dezembro de
2017, podendo ser prorrogado por ato do Chefe do Poder Executivo por mais um ano
(Art. 29) evidenciando que a partir de então as instituições financeiras não poderão
conceder crédito rural a produtores que não estiverem inscritos no CAR.
A obrigatoriedade da realização do CAR, portanto, impulsiona aos proprietários
de imóveis rurais regularizarem as propriedades em caráter progressivo previsto pelo
prazo de acordo com o que o Código florestal define. Com base no monitoramento e
recuperação de passivos ambientais, tais ações contribuirão para o ICMS verde, sendo
um instrumento econômico com potencial para reduzir o desmatamento no estado e a
regularização de APP, RL e AD, tendo em vista que o cumprimento disto implicará no
repasse de recursos públicos aos municípios.
4. CONCLUSÕES
Os novos critérios de repasse do ICMS Ecológico no Pará instituídos no ano de
2016 representam, do ponto de vista teórico de acordo com o estudo realizado neste
trabalho, uma evolução dos critérios originalmente adotados, com incremento de novos
indicadores, possuindo, portanto, coerência quanto ao fundamento de instituição desta
política no estado. A utilização do CAR com outros indicadores (APP, RL e AD) no
fator Regularização Ambiental e com maior porcentagem de repasse atribuída na
distribuição do ICMS Verde, denota um incentivo à política de regularização fundiária e
255
ambiental no Estado do Pará mais intenso que o adotado em outros estados brasileiros,
bem como, uma evolução neste critério em comparação ao adotado no Pará
anteriormente. Contudo, as ferramentas utilizadas precisam ser elucidadas na norma, tal
qual os instrumentos técnicos utilizados para a determinação do que seria área
degradada e de como a informação poderá ser utilizada na mitigação da irregularidade.
A política do ICMS Ecológico deve ser analisada como uma ferramenta dentro de uma
política mais ampla de preservação ambiental, com claras definições de prioridades e
mecanismos de gestão que possibilitem a sua avaliação.
REFERÊNCIAS
256
________. Ministério do Meio Ambiente (MMA). Plano de Ação para prevenção e
controle do desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm): 3ª fase (2012-2015) pelo
uso sustentável e conservação da Floresta/ Ministério do Meio Ambiente e Grupo
Permanente de Trabalho Interministerial. Brasília-DF: MMA. 174 p., 2013. Disponível
em:
<http://www.mma.gov.br/images/arquivo/80120/PPCDAm/_FINAL_PPCDAM.PDF>.
Acesso em: 26 dez. 2016.
________. Lei nº 13.335, de 14 de setembro de 2016. Altera a Lei nº 12.651, de 25 de
maio de 2012, para dispor sobre a extensão dos prazos de inscrição no Cadastro
Ambiental Rural e adesão ao Programa de Regularização Ambiental.
BRITO, Brenda; CARDOSO JR, Dário. Regularização fundiária no Pará: afinal qual
é o problema? Belém, PA: Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia -
IMAZON, 2015. 104 p.
MERLIN, Lise Vieira da Costa Tupiassu; OLIVEIRA, Adriano Carvalho. ICMS Verde
para a redução do desmatamento amazônico: estudo sobre uma experiência recente.
Veredas do Direito: Direito Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, Belo
Horizonte, [S.l.], vol. 13, n. 25, p. 277-306, Jan/Abr. 2016. Disponível em:
<http://www.domhelder.edu.br/revista/index.php/veredas/article/view/595>. Acesso em:
26 dez. 2016. Acesso em: 20 jun. 2016.
257
METZGER, Jean Paul. O Código Florestal tem base científica? Natureza &
Conservação vol. 8, n. 1, p. 1-5, 2010. Disponível em:
<http://doi.editoracubo.com.br/10.4322/natcon.00801017>. Acesso em: 22 dez. 2016.
258
SCAFF, Fernando Facury; TUPIASSU, Lise Vieira da Costa. Tributação e políticas
públicas – o ICMS ecológico. João Pessoa: Verba Juris, ano 3, n. 3, p. 151-187,
jan./dez. 2004. Disponível em:
<http://www.ies.ufpb.br/ojs/index.php/vj/article/viewFile/14806/8368>. Acesso em: 10
ago. 2016.
RESUMO
259
presente trabalho realizou a avaliação agronômica de uma escória siderúrgica, e seus
impactos no solo. Sendo realizada a incubação com Neossolo Quartzarênico Órtico
típico (RQo). Através do presente trabalho foi possível delinear parametros para o uso
de escórias de siderurgia na correção e fornecimento de nutrientes para o Neossolo
Quartzarênico Órtico típico (RQo), através da pesquisa qualitaiva com posterior análise
empírica dos resultados.
1 INTRODUÇÃO
260
No entanto, uma vez que a escória contém metais pesados em concentrações
mais elevadas do que na maioria dos solos, é levantada questões sobre a necessidade de
avaliar os potenciais riscos para a saúde humana e ambiental associada às aplicações,
para melhor compreensão geral das características físicas e químicas destes materiais
(PREZOTTI; MARTINS, 2012).
Dependendo do seu material de origem e o tratamento utilizado, as escórias
podem conter teores significativos de oxido de cálcio (CaO), oxido de magnésio (MgO),
silicatos de cálcio (CaSiO3) e silicato de magnésio (MgSiO3), com potencial para o uso
como corretivo de acidez do solo, são portanto, produtos capazes de neutralizar a acidez
e ainda levar nutrientes essenciais às plantas, principalmente o cálcio e o magnésio e
nutrientes benéficos como o silício. Geralmente os materiais empregados como
corretivos de acidez são óxidos, hidróxidos, escórias e carbonatos de Ca e Mg
(MALAVOLTA, 1980).
Entre os corretivos utilizados nos solos, o silicato de cálcio é uma das
alternativas que, além de eliminar a acidez do solo, funciona como importante protetor
das plantas contra os danos causados por doenças e insetos.
Segundo Korndörfer et al. (2004a), uma fonte de silício, pode ser recomendada
para uso agrícola caso tenha altos teores de Si solúvel, CaO e MgO, alta reatividade
(poder real de neutralização), boas propriedades físicas (granulometria fina, alta
densidade, etc.), efeito residual prolongado, baixo custo e tenha em sua composição
baixos teores de contaminantes (metais pesados e radioativos).
Vários estudos em campo e em casa-de-vegetação têm sido conduzidos para
verificar a eficácia dos produtos utilizados como fontes de silício. De modo geral, o que
261
se observa é que fontes de silício, como Wollastonita, escórias de alto forno
(CARVALHO-PUPATTO et al., 2003), agregados siderúrgicos, xisto e termofosfato
(PEREIRA et al., 2003), proporcionam incrementos nos teores de Ca e Mg trocáveis e
uma elevação do pH do solo, reduzindo a concentração de Al+3 fitotóxico. Além do
fornecimento de Ca e Mg, é importante mencionar que o uso de silicatos aumenta os
teores de Si no solo, variando conforme a fonte utilizada.
2 MATERIAL E MÉTODOS
----%---
-mg dm-3- --------------------- cmolc dm-3 ----------------
-
7
ROo 4,0 8,9 1,3 0,8 0,2 0,1 0,3 1,2 1,9 0,3 19
0
Observações: P, K = (HCl 0,05 N + H2SO4 0,025 N); Al, Ca, Mg = (KCl 1 N); M.O. =
(Walkley-Black EMBRAPA, 1997); SB = Soma de bases / t = CTC efetiva / T = CTC a
pH 7,0 / V = Sat. por Bases / m = Sat. por Al.
Areia
Areia Fina Silte Argila
Solo Grossa
262
RQo - Neossolo Quartzarênico Órtico Típico 516 280 79 125
-------------------------%------------------------
Fontes de nutrientes para as culturas devem ser analisadas quanto aos teores de
metais pesados em sua constituição, podendo ou não ser limitado seu uso em solos
agrícolas, pois seu acúmulo é preocupante e existe grande risco de serem transferidos
para as diferentes espécies de plantas.
263
Tabela 4 – Caracterização química quanto à presença de metais no produto Escória.
2.1 Tratamentos
Si Si Dose
Dose
Dose Total Solúvel Fonte/
(*)
Fonte/Material Fonte/
Si fonte/ NH4NO3 Materia
+Na2CO3 Material
Material l
g/300g
kg ha-1 % % kg ha-1
solo
Testemunha 0 - - 0 0
264
Wollastonita (padrão Si) 200 21,0 4,6 952,4 0,143
Com relação aos resultados obtidos, primeiramente foi feita uma análise de
regressão polinomial para as doses crescentes da fonte padrão (Wollastonita) e
posteriormente a análise do desempenho da Escória e da Wollastonita, utilizando o teste
de Tukey (ZIMMERMANN, 2004, p.37) com comparação entre as medias ao nível de
5% de probabilidade e auxílio do programa SISVAR (FERREIRA, 2008), sendo a
média das duas doses (200 e 400 kg ha-1) de cada fonte no solo.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
265
A B
Si no solo, mg dm-3
Si no solo, mg dm-3
8,0 ■ y = 0,0068x + 0,46; R2 = 0,93*
6,0 6,0
4,0
4,0
2,0
2,0
0,0
0 200 400 600 800 0,0
0 200 400 600 800
Doses de Si, kg ha-1
Doses de Si, kg ha-1
No solo estudado tanto aos 30 quanto aos 60 dias, a fonte mais eficiente em
disponibilizar Si foi a Wollastonita (Tabela 6), o que mostra a boa reatividade desta
fonte. A maior liberação de Si pela fonte teste, no solo estudado, mostra a boa
solubilidade do produto, o que provavelmente irá se refletir na absorção deste elemento
pelas plantas (RAMOS, 2005).
Tabela 6. Teores de Si no solo, extraídos com CaCl2 (0,01 mol L-1), após 30 e 60 dias de
incubação.
RQo
266
Escória 1,94 b 1,44 b
3.2 pH do solo
A B
pH do solo - CaCl2
5,0 5,0
4,0
4,0
3,0
0 200 400 600 800 3,0
0 200 400 600 800
Doses de Si, kg ha-1
Doses de Si, kg ha-1
RQo
------------------------------------------pH---------------------------------------
---
3.3 Ca e Mg no solo
A
Ca no solo, cmolc dm-3
2,0
1,0
0,0
0 200 400 600 800
Figura 3. Teores de Ca no solo extraído com KCL 1 mol L-1, 60 dias após o início da
268
incubação para o Neossolo Quartzarênico Órtico típico (A).
A
0,12
0,1
0,08
0,06
0,04
0,02
0
0 200 400 800
Figura 4. Teores de Mg no solo extraído com KCL 1 mol L-1, 60 dias após o início da
incubação para o Neossolo Quartzarênico Órtico típico (A).
269
As fontes testadas obtiveram baixos teores de Mg, aos 30 e 60 dias de incubação
(Tabela 9), fato esperado devido a baixa concentração deste elemento em suas
composições, estes resultados obtidos também foram observados para a Wollastonita
por Queiroz (2003), Ramos (2005) e Araújo (2007).
Médias seguidas de mesma letra na coluna não distinguem entre si (Tukey 5%)
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
270
materiais e a necessidade de estudos sobre a utilização daqueles resíduos que não foram
contemplados outrora pela análise responsável do uso de resíduos sólidos industriais em
solos para fins agrícolas.
REFERÊNCIAS
271
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pesquisa de solos (Rio de Janeiro-RJ). Manual de métodos de análise de solo. 2.
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272
RECUPERAÇÃO DE ÁREA DE EMPRÉSTIMO COM APLICAÇÕES DE
BIOSSÓLIDO E RESÍDUOS DE PODA E PLANTIO DE ESPÉCIES NATIVAS
RESUMO
A PNRS conceitua resíduo como todo material, substância, objeto ou bem descartado,
gerado por pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado. O tratamento de
esgotos urbanos gera um resíduo sólido e de natureza predominantemente orgânica
denominado lodo de esgoto. Esse resíduo, após tratado (biossólido), pode apresentar
características adequadas para aplicação nos solos. Os resíduos de poda de árvores
urbanas também podem ser utilizados como material estruturante de solos degradados.
Alternativas vêm sendo estudadas no país para a destinação do biossólido e dos resíduos
da poda de árvores visando à recuperação de áreas degradadas. O presente trabalho
acompanhou o crescimento inicial de espécies nativas do Cerrado, em área de
empréstimo, submetida a diferentes tratamentos com aplicação de biossólido e resíduos
de poda. Os tratamentos testados foram assim distribuídos: T0: L0P0 - grupo controle;
T1: L0P1 - poda parcial (122,5 Mg/ha); T2: L0P2 - poda total (245 Mg/ha); T3: L1P0 -
lodo parcial (270 m3/ha); T4: L1P1 - lodo parcial + poda parcial; T5: L1P2 - lodo
parcial + poda total; T6: L2P0 - lodo total (1.080 m3/ha); T7: L2P1 - lodo total + poda
parcial; e T8: L2P2 - lodo total + poda total. Cada parcela amostral ocupou uma área de
100 m2 (20 x 5) onde foram plantadas 60 mudas de 10 espécies (06 mudas/espécie). Foi
observada interação entre espécies e os diferentes tratamentos testados. As espécies
Acacia polyphylla, Schinus terebinthifolius, Peltophorum dubium e Anadenanthera
colubrina apresentaram maior crescimento relativo nos tratamentos com maiores
quantidades de lodo. As espécies da família Rubiaceae (Alibertia edulis e Alibertia
sessilis) e a espécie Copaifera langsdorffii não demonstraram interação significativa
com os resíduos. Os dados apresentados apontam que o reuso de biossólido e dos
resíduos de poda constitui uma alternativa viável para a recuperação de áreas de
empréstimo e para evitar impactos ambientais causados pelo descarte inadequado desses
resíduos.
INTRODUÇÃO
273
visando o manejo adequado dos resíduos sólidos e a promoção da qualidade ambiental
(BRASIL, 2010).
O tratamento de esgotos urbanos gera um resíduo sólido, pastoso e de natureza
predominantemente orgânica denominado lodo de esgoto. O lodo pode apresentar altos
teores de nitrogênio e fósforo dependendo do tratamento dado às águas servidas
(AQUILAR et al., 1994). Esse resíduo, após tratado, e passando a apresentar
características adequadas para aplicação nos solos, é denominado lodo estabilizado ou
biossólido (TAMANINI, 2004; CONAM-DF, 2006). A falta de alternativas viáveis para
a destinação final do lodo constitui um problema para a maioria das Estações de
Tratamento de Esgotos (ETE).
A poda de árvores nos centros urbanos também gera resíduos sólidos de madeira
que, apesar do baixo potencial poluidor, representam grandes volumes, o que dificulta
sua destinação final. Os resíduos de poda podem ser fonte de carbono, lignina e celulose
(FIALHO et al., 2007). Segundo Moretti (2013), a deposição do lodo e dos resíduos
vegetais em aterros, além de ocupar considerável espaço físico, pode favorecer a
ocorrência de incêndios. A deposição contínua do lodo, em solos de aterros, também
pode resultar na contaminação, por nitrato, de lençóis freáticos e cursos de água
(DYNIA et al., 2006).
Visando à apresentação de alternativas para a destinação adequada de resíduos
sólidos urbanos, várias pesquisas têm sido desenvolvidas no país em áreas mineradas
(CORRÊA & MÉLO FILHO, 2004, CORRÊA et al., 2010, FRAGA 2016). Uma fonte
muito comum de degradação nas áreas urbanas é a utilização de horizontes do solo para
a execução de terraplanagens. Como resultado, ocorre a formação de espaços
conhecidos como “áreas de empréstimo” (LOPES & QUEIROZ, 1994) cujo substrato
remanescente apresenta compactação, escassez de nutrientes e de matéria orgânica e
ausência de cobertura vegetal (CORRÊA & LEITE, 1998; KAGEYAMA &
GANDARA, 2004; CORRÊA et al., 2007).
Os resíduos vegetais podem ser aplicados em solos degradados como material
estruturante (REIS et al., 2000). O lodo de esgoto tratado ou biossólido apresenta
nutrientes orgânicos e inorgânicos com possibilidade de substituição da fertilização
mineral (HART et al., 1988; SINGH & AGRAWAL, 2008). O biossólido também pode
promover o desenvolvimento de micorrizas e facilitar o estabelecimento de
comunidades de plantas (WONG, 2003).
Uma das estratégias comuns para a recuperação de áreas no Cerrado é o plantio
de mudas de espécies arbóreas (DISTRITO FEDERAL, 1993). Segundo Faria et al.
(1997), o plantio de espécies arbóreas e o monitoramento do seu desenvolvimento, por
meio de medições periódicas, são importantes no sentido de orientar a escolha de
espécies e a forma de plantio. Para Valcarcel & Silva (1997) a utilização de princípios
teóricos da sucessão vegetal, na recuperação de ecossistemas degradados, constitui uma
ferramenta de reabilitação.
Trabalhos envolvendo o crescimento de mudas de espécies arbóreas, em casas
de vegetação, com utilização de substratos de lodo de esgoto e resíduos vegetais
compostados, são comuns. No entanto, pesquisas relacionadas ao desenvolvimento de
espécies arbóreas em campo, após incorporação de resíduos urbanos não compostados
ou “in natura”, são escassas.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de Estudos
274
A área de estudos está localizada no Distrito Federal, na área de empréstimo do
Pátio da antiga Rodoferroviária de Brasília (15°46’32’’S; 47°56’56”W). Está localizada
ao Norte da DF-087 (Via Estrutural) e a Oeste da DF-003 (EPIA), próxima ao Setor de
Armazenagem e Abastecimento Norte (SAAN).
Preparo do experimento
A área do experimento está contida em parcela de 2.700 m2 da área de
empréstimo (180x15). Essa parcela permaneceu com solo exposto, não tendo tido
qualquer tratamento anterior ao experimento. Foi utilizado o delineamento experimental
de blocos casualizados, com três repetições, sendo dois fatores (lodo e poda), em três
níveis (doses), e 10 espécies arbóreas nativas do Cerrado, num total de 27 parcelas
(Figura 1). Foram testados os efeitos de nove tratamentos (combinações dos três níveis
dos dois fatores) no crescimento inicial de mudas de 10 espécies nativas do Cerrado.
Cada parcela amostral ocupou uma área de 100 m2 (20 x 5).
No preparo das parcelas do experimento foi utilizado lodo base úmida,
disponibilizado pela Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal
(CAESB), e resíduos de poda de árvores (cavacos e folhagens de árvores)
disponibilizados pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital (NOVACAP). Para a
definição das dosagens de biossólido no experimento partiu-se da dose padrão da
CAESB (540 m3/ha de lodo base úmida), utilizada pela Companhia em outros projetos
de recuperação ambiental, aplicando-se o dobro (1080 m3/ha) e a metade da dose
correspondente (270 m3/ha). Para as dosagens de poda foi verificada a capacidade
máxima de incorporação do cavaco no solo da área com os implementos utilizados (245
ton/ha) e a metade desta dose (122,5 ton/ha).
Após o descarregamento com caminhões basculantes das doses de lodo e poda,
dentro das parcelas subdivididas, foi realizado o espalhamento com auxílio de uma
retroescavadeira. A incorporação destes substratos no solo foi realizada com auxílio de
uma grade aradora e de um arado de quatro discos, acoplados em trator. Posteriormente
à fase de incorporação, houve caleação (deposição de cal hidratada no solo) nas parcelas
que receberam lodo. Cada tratamento foi repetido 3 vezes, totalizando 27 parcelas. Os
tratamentos testados foram assim distribuídos: T0: L0P0 - grupo controle; T1: L0P1 -
poda parcial (122,5 Mg/ha); T2: L0P2 - poda total (245 Mg/ha); T3: L1P0 - lodo parcial
(270 m3/ha); T4: L1P1 - lodo parcial + poda parcial; T5: L1P2 - lodo parcial + poda
total; T6: L2P0 - lodo total (1.080 m3/ha); T7: L2P1 - lodo total + poda parcial; e T8:
L2P2 - lodo total + poda total.
275
Figura 1. Representação esquemática de um dos blocos casualizados com os
oito tratamentos testados (T1-T8) e o controle (T0). Adaptado de Fraga
(2016)
Plantio de mudas
Posteriormente à incorporação dos resíduos, foram confeccionadas, em cada
parcela amostral, 03 linhas de plantio utilizando-se um moto-coveador, com 20 covas
em cada linha, em espaçamento 2 x 1 metros. Cada parcela amostral ocupou uma área
de 100 m2 (20 x 5) onde foram plantadas 60 mudas de 10 espécies (06 mudas/espécie).
Do total de mudas plantadas (1620) foram 162 por espécie: Acacia polyphylla
(mojoleiro ou acácia), Alibertia edulis (marmelada) e Alibertia sessilis (marmelada-de-
cachorro), Anadenanthera colubrina (angico), Copaifera langsdorffii (copaíba),
Peltophorum dubium (cambuí), Schinus terebinthifolius (aroeira-pimenteira), Sterculia
striata (chichá), Tabebuia aurea (ipê-amarelo-do-cerrado) e Tabebuia impetiginosa
(ipê-roxo).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
276
Após duas estações chuvosas, algumas árvores alcançaram mais de 3 metros de
altura sendo que as espécies Acacia polyphylla, Schinus terebinthifolius, Peltophorum
dubium e Anadenanthera colubrina apresentaram maior crescimento relativo. O
crescimento das árvores foi maior nos tratamentos com maiores quantidades de lodo,
tendo os tratamentos de poda também favorecido algumas espécies. As espécies da
família Rubiaceae (Alibertia edulis e Alibertia sessilis) e a espécie Copaifera
langsdorffii não demonstraram interação significativa com os resíduos para o
crescimento relativo.
As espécies pioneiras (heliófitas) das famílias Anacardiaceae (Schinus
terebinthifolius), Fabaceae-mimosoideae (Acacia polyphylla e Anadenanthera
colubrina) e Fabaceae-caesalpinioidae (Peltophorum dubium) apresentaram
significativas diferenças de crescimento em altura em todos os tratamentos testados
frente ao grupo controle. A espécie Schinus terebinthifolius apresentou maior índice de
crescimento no tratamento L2P1 (164,56±10,26) e menor índice no tratamento L0P2
(55,69±10,26). Também houve maior crescimento no tratamento L2P1 para as espécies
Acacia polyphylla (134,22±10,26), Anadenanthera colubrina (88,55±10,26) e
Peltophorum dubium (161,62±10,26). Essas espécies apresentaram menor crescimento
no tratamento L0P1 (30,02±10,26/29,24±10,26/36,58±10,26). Todas as espécies
heliófitas das famílias Anacardiaceae e Fabaceae apresentaram interação significativa
nos tratamentos com lodo.
277
A espécie Sterculia striata (Malvaceae) apresentou melhor resultado no
tratamento L2P1 (29,61±10,26). As espécies da família Bignoniaceae (Tabebuia aurea
e Tabebuia impetiginosa) também apresentaram maior crescimento no tratamento L2P1
(44,11±10,26/54,07±10,26). Essas espécies apresentaram bons resultados relativos no
tratamento L1P2 (29,98±10,26/45,13±10,26).
CONCLUSÕES
A maioria das espécies apresentou melhores resultados no crescimento da parte
aérea nos tratamentos L2P1. Espécies pioneiras das famílias Anacardiaceae e Fabaceae
demonstraram maior capacidade de absorção dos nutrientes disponibilizados
(lodo/poda) e, mesmo durante a estação seca, apresentaram bons resultados relativos de
crescimento da parte aérea. As espécies testadas da família Rubiaceae não
demonstraram interação significativa com os nutrientes disponibilizados.
Os dados apresentados apontam que o reuso de biossólido e dos resíduos de
poda constitui uma alternativa viável para a recuperação de áreas de empréstimo além
de evitar impactos ambientais gerados pelo descarte inadequado desses resíduos no
meio ambiente.
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RESUMO
282
Palavras Chave: áreas de empréstimo; fitossociologia; macrófitas aquáticas;
recuperação de áreas degradadas.
Introdução
Apesar dos benefícios de armazenamento de água e de regulação de vazões,
prevenindo enchentes, a construção de reservatórios gera vários impactos ambientais,
como a inundação de grande extensão de áreas com diferentes usos, instalação de
canteiros de obras e a exploração de áreas de empréstimo. As áreas de empréstimo são
utilizadas para exploração de materiais (BRASIL, 2005), por isso, podem ser
consideradas áreas degradadas, visto que sofrem a retirada dos horizontes superficiais
do solo (ALVES et al., 2008).
O comprometimento da cobertura vegetal original e a exposição de horizontes
subsuperficiais, como os horizontes C e Cr, fazem com que o solo original perca suas
características, e torne-se apenas um material mineral pobre de estrutura física, com
pouquíssima ou nenhuma matéria orgânica e nutrientes para a vegetação que restou no
local (LONGO et al., 2010). Assim, essas áreas ficam mais suscetíveis a processos
erosivos, que favorecem a perda de matéria mineral e da matéria orgânica restante
(ALVES et al., 2012). Além disso, o manejo inadequado e tráfego de máquinas podem
promover a compactação do horizonte exposto (SEQUINATO et al., 2014).
A capacidade do ecossistema em se regenerar depende da intensidade e duração
do distúrbio, assim como da diversidade biológica da própria área (BONINI & ALVES,
2011). As áreas de empréstimo apresentam baixa capacidade de se regenerar, visto que
foram eliminados seus meios de regeneração bióticos, como banco de sementes,
plântulas, chuva de sementes e rebrota (ALVES et al., 2012). Ações de recuperação
comumente são necessárias para a estabilização ou inicialização do processo de
regeneração. Um dos principais problemas da recuperação de áreas, é a falta de matéria
orgânica no solo (LONGO et al., 2010). Portanto, a adição desse material tem se
demonstrado efetiva no aumento da qualidade do solo, devido ao beneficiamento de
propriedades físico-químicas (KITAMURA et al., 2008).
Diversos materiais podem ser utilizados como fonte de matéria orgânica. Em
áreas próximas a reservatórios, uma fonte de matéria orgânica de fácil obtenção é a
massa vegetal proveniente de infestações de macrófitas aquáticas. Devido a eutrofização
de ambientes lênticos, fato que causa desequilíbrios populacionais, as plantas aquáticas
podem ser encontradas em grandes quantidades, fato que acarreta prejuízos aos usos
destes sistemas (THOMAZ, 2002). Essas superpopulações de macrófitas podem ser
manejadas e controladas através de diversas técnicas, entretanto, o controle mecânico
costuma ser o mais utilizado (BRAVIN et al., 2005). Esse método tem se demonstrado
eficiente, e como consequência, exporta grande volume de fitomassa (SCHEER et al.,
2016), podendo ser uma significativa opção de insumo para a recuperação de áreas
degradadas. Além de oferecer matéria orgânica, esse material disposto oferece umidade,
nutrientes, microbiota e propágulos de plantas, sejam sementes ou rebrotas de algumas
espécies também tolerantes a solos não hidromórficos, presentes na própria biomassa
incorporada no solo. Além da adição de material orgânico, algumas espécies podem ser
plantadas com o objetivo de promover a adubação verde. O plantio de leguminosas tem
demonstrado efeito significativo na qualidade do solo (ALVES et al., 2007;
EMBRAPA, 2011), devido ao aumento da fertilidade (NASCIMENTO et al., 2003),
283
assim como, para espécies leguminosas (e de gramíneas) de rápido crescimento,
também promovem a proteção do solo devido a formação de uma cobertura vegetal em
um período curto de tempo (LONGO et al., 2011).
Portanto, o presente estudo teve como objetivo avaliar se tratamentos,
principalmente aqueles que tiveram adição de matéria órgânica proveniente de
macrófitas aquáticas incorporadas ao solo, promoveram melhores condições para o
avanço da sucessão ecológica, após um ano da intervenção, em antigas áreas de
empréstimo que apresentavam o processo de regeneração muito lento ou praticamente
estagnado desde o cessamento de seu uso (aproximadamente quatro/cinco anos), assim
como, indicar espécies que aparentemente apresentam potencial para recuperação de
áreas degradadas. Foi possível testar algumas hipóteses: (1) tratamentos com maior dose
incorporada de macrófitas apresentam vegetação com maior riqueza e cobertura e
diversidade após o primeiro ano; (2) propágulos/rebrotas de algumas espécies dessas
macrófitas aquáticas incorporadas tem grande importância na estrutura fitossociológica
durante o primeiro ano de desenvolvimento do processo de restauração e; (3)
significativo número de propágulos do entorno estão presentes desde o primeiro ano do
processo restauração, indicando que as testemunhas degradadas estão estagnadas ou em
lento processo de desenvolvimento.
Material e Métodos
284
Insumo T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7
*Teor de sólidos = 5%
Resultado e Discussão
285
instalação dessas espécies, haja a modificação de características do ambiente, tal como a
promoção do sombreamento da superfície do terreno e a manutenção da umidade,
fatores que possibilitam condições para que espécies mais exigentes colonizem a área
também (RICKLEFS, 2010).
A família Asteraceae apresentou o maior número de espécies quando comparada
as demais, totalizando 41 espécies (32%) de 25 gêneros, seguida por Poaceae com 36
espécies (28%) de 20 gêneros, e Fabaceae com 13 espécies (10%) de 11 gêneros.
Apenas Rubiaceae apresentou quatro espécies (3%) de três gêneros, e foi seguida por
Lythraceae, Malvaceae e Solanaceae, todas com três espécies cada (2%) pertencentes a
dois gêneros das suas respectivas famílias. Já Amaranthaceae, Convolvulaceae,
Cyperaceae e Onagraceae apresentaram apenas duas espécies cada (1%) de dois
gêneros, com exceção de Onagraceae a qual só foi representada por espécies do gênero
Ludwigia, e as demais famílias tiveram apenas uma espécie cada (0,7%) encontrada na
área (Figura 1 A).
Figura 1. Número de espécies identificadas para cada família na área de estudo (A) e
famílias em ordem decrescente de porcentagem de importância fitossociológica (PI) nos
tratamentos amostrados (B).
286
(testemunha), provavelmente por contaminação por propágulo durante a operação de
incorporação pelo trator agrícola.
Outras espécies de Poaceae que se destacaram nos tratamentos foram:
Andropogon bicornis, Axonopus affinis, Cortaderia selloana, Dichanthelium
sabulorum, Paspalum compressifolium e Piptochaetium montevidense (Tabela 1). A.
bicornis, C. selloana e P. montevidense só ficaram entre as cinco espécies dominantes
em T7 (testemunha). Isso corrobora com o esperado de que essas espécies estão aptas a
sobreviver em condições adversas e de baixos teores de matéria orgânica, visto que nos
tratamentos com incorporação de matéria vegetal, outras espécies dominaram. A.
bicornis representa uma das espécies herbáceas mais importantes no início do
desenvolvimento da vegetação secundária, desaparecendo nos estágios mais avançados
(CITADINI-ZANETTE, 1992, p.25). Apesar de não ter sido predominante, a espécie
também apareceu em T4, T5 e T6, todos tratamentos que receberam doses de cal.
Entretanto, não foram encontrados estudos que relacionem a espécie a solos mais
alcalinos. Neri et al. (2011) indicaram a espécie como de interesse na recuperação de
áreas degradadas por mineração no município de Paracatu/MG, devido a abundância e
possível maior adaptabilidade a condições ambientais adversas.
A. affinis esteve em segundo lugar em T1 e em primeiro em T2. Já D. sabulorum
foi dominante em T1 e ficou em segundo em T6, ambos tratamentos sem aplicação das
macrófitas aquáticas. Ambas as espécies apresentam curto tempo de duração das folhas
e altas taxas de crescimento (DURU et al., 2008), indicando alta capacidade de absorção
de nutrientes (AERST & CHAPIN, 2000), fato que pode ter contribuído para a
dominância das espécies em ambientes sem tratos culturais.
P. compressifolium foi a espécie de Poaceae que mais apareceu entre as
primeiras espécies mais importantes em vários tratamentos, ficando em terceiro lugar
em T1, T4 e T6, quarto lugar em T2, e quinto lugar em T5 (Tabela 1). A espécie se
apresentou dominante tanto em áreas com a incorporação de macrófitas, como em áreas
sem, demonstrando aptidão para sobreviver em ambientes bem variados. P.
compressifolium é endêmico do Brasil e apresenta distribuição no sul, sudeste e centro-
oeste do país (FLORA DO BRASIL, 2017), podendo ser uma espécie potencial para a
recuperação de áreas degradadas nessas regiões.
De modo geral, para a recuperação de áreas degradadas, as espécies de Poaceae
são benéficas, pois contribuem para o melhoramento de condições edafoclimáticas
locais, e devido ao seu rápido desenvolvimento, fazem a cobertura do solo
(CARMONA et al., 1998 apud GIOTOO, 2010), contribuindo para a diminuição da
erosão, comum em áreas degradadas. A ocupação da área por gramíneas também tem
grande importância ecológica, visto que estas podem ser utilizadas como fonte de
alimentação para herbívoros, aves, roedores e insetos, além de servirem de fonte
material para confecção de ninhos e abrigos quando secas (FILGUEIRAS, 2008 apud
GIOTTO, 2010), fatores que contribuem para a atração e manutenção da fauna local.
Tabela 1. Cinco espécies mais importantes em cada tratamento após um ano. T1:
Tratamento sem adição de cal e macrófitas; T2 – Tratamento sem cal e com 50 t/ha de
macrófitas (base seca); T3 – Tratamento sem cal e com 125 t/ha de macrófitas (base
seca); T4 – Tratamento com 5 t/ha de cal e 125 t/ha de macrófitas (base seca); T5 –
287
Tratamento com 5 t/ha de cal e 50 t/ha de macrófitas (base seca); T6 – Tratamento com
5 t/ha de cal e sem adição de macrófitas; T7 – Testemunha (área estagnada).
288
289
Figura 2. As 128 espécies mais importantes da estrutura fitossociológica encontradas
nos tratamentos da área degradada as margens do Reservatório Piraquara II, Paraná.
290
Tabela 2. Parâmetros para cada tratamento. S: riqueza de espécies; Co: cobertura
absoluta em % ou m2/100m²; spp/UA: número médio de espécies por unidade amostral
de 1 m2; H’: índice de Shannon-Wiener; e: índice de equabilidade; n = 12.
* T1: Tratamento sem adição de cal e macrófitas; T2 – Tratamento sem cal e com 50
t/ha de macrófitas (base seca); T3 – Tratamento sem cal e com 125 t/ha de macrófitas
(base seca); T4 – Tratamento com 5 t/ha de cal e 125 t/ha de macrófitas (base seca); T5
– Tratamento com 5 t/ha de cal e 50 t/ha de macrófitas (base seca); T6 – Tratamento
com 5 t/ha de cal e sem adição de macrófitas; T7 – Testemunha (área estagnada).
Médias seguidas pela mesma letra na vertical não diferem estatisticamente pelo Teste de
Tukey, com 5% de probabilidade de erro.
291
uma consequência das melhores condições estabelecidas no solo. Embora esse
parâmetro tenha algumas limitações, como por exemplo, a não contabilização das
inúmeras possíveis sobreposições de uma mesma espécie sobre a parcela avaliada, ele é
de fácil medição, sendo além de um indicador da biomassa desenvolvida, também um
importante descritor da ocupação do espaço pelas espécies. Dentre os tratamentos com
macrófitas aquáticas, apesar de não diferirem estatisticamente, T4 apresentou maior
cobertura, seguido por T3, T2 e T5, indicando assim que a incorporação de macrófitas
aquáticas, principalmente nas maiores doses, refletiu diretamente sobre a cobertura e
riqueza. O incremento dos teores de matéria orgânica no solo, seja via adição de
resíduos ou pelo crescimento e decomposição de biomassa no próprio local, talvez seja
o passo mais importante a ser seguido na recuperação das propriedades físico-químicas,
biológicas e hídricas do solo. Essa matéria orgânica, juntamente com a ação do sistema
radicial das plantas, da biota do solo e dos óxidos de ferro e alumínio, são responsáveis
pela formação dos agregados, melhorando a estrutura, aeração, densidade,
condutividade hidráulica e retenção de água do solo (BAVER, 1972; ELTZ et al., 1989
apud MOTTA NETO, 1995). Já o valor para de equabilidade não sofreu grandes
variações entre os tratamentos, indicando que, de modo geral, nos tratamentos a
uniformidade de distribuição dos indivíduos entre as espécies existentes se manteve.
Esses resultados indicam que a incorporação de biomassa proveniente de macrófitas
aquáticas possivelmente ocasionou um melhoramento de características do solo, fato
que possibilitou aproximadamente o dobro do valor de cobertura e um número maior de
espécies.
Conclusões
Referências Bibliográficas
292
AERST, R.; CHAPIN, F. S. The mineral nutrition of wild plantas revisited: a re-
evaluation of processes and patterns. Advances in ecological research, v. 30, p. 1-67,
2000.
BAVER, L. D.; GARDNER, W. H.; GARDNER, W. R. Soil Physics. 4ª ed. New York,
Jhon Wiley, 498p. 1972.
293
CITADINI-ZANETTE, V.; BOFF, V. P. Levantamento Florístico em Áreas
Mineradas a Céu Aberto na Região Carbonífera de Santa Catarina, Brasil.
Secretaria de Estado da Tecnologia, Energia e Meio Ambiente. Florianópolis. 160p.
1992
294
NERI, A. V.; SOARES, M. P.; MEIRA NETO, J. A. A.; DIAS, L. E. Espécies de
Cerrado com potencial para recuperação de áreas degradadas por mineração de ouro,
Paracatu-MG. Revista Árvore, v. 35, n. 4, p. 907-918, 2011.
295
R.M. Déda1; M.F.O TORRES2; A.S. Silva3; R.A. Ferreira4;
1
Bióloga, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Agricultura e Biodiversidade,
Universidade Federal de Sergipe, Cidade Universitária Prof. José Aloísio de Campos,
Av. Marechal Rondon, s/n Jardim Rosa Elze - CEP 49100-000 São Cristóvão, Brasil.
[email protected]
2
Engenheira Florestal, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Agricultura e
Biodiversidade, Universidade Federal de Sergipe, Cidade Universitária Prof. José
Aloísio de Campos, Av. Marechal Rondon, s/n Jardim Rosa Elze - CEP 49100-000 São
Cristóvão, Brasil.
[email protected]
3
Graduando em Engenharia Florestal, Universidade Federal de Sergipe, Cidade
Universitária Prof. José Aloísio de Campos, Av. Marechal Rondon, s/n Jardim Rosa
Elze - CEP 49100-000 São Cristóvão, [email protected]
4
Engenheiro Florestal, Prof. Doutor da Universidade Federal de Sergipe, Cidade
Universitária Prof. José Aloísio de Campos, Av. Marechal Rondon, s/n Jardim Rosa
Elze - CEP 49100-000 São Cristóvão, Brasil. [email protected]
RESUMO
INTRODUÇÃO
296
A Mata Atlântica, um dos ecossistemas mais devastados e seriamente ameaçados
do planeta, desde a sua colonização, foi marcada pelo uso intensivo da terra, seja para
exploração de produtos como o pau-brasil, a cana-de-açúcar, café e cacau, ou pelo uso
para atividades pecuárias (GALINDO-LEAL & CÂMARA, 2005). Como consequência
do seu histórico de degradação, a Mata Atlântica encontra-se altamente fragmentada e
um grande número de espécies endêmicas estão ameaçadas de extinção (METZGER,
2009).
Diante disso, esse estudo foi realizado com o objetivo de conhecer a respeito da
composição florística do componente herbáceo e arbustivo-arbóreo após 13 anos de
implantação do projeto de restauração, bem como analisar se as espécies arbóreas
utilizadas no plantio obtiveram sucesso em seu desenvolvimento, além de avaliar se
ocorreu incremento de espécies na área por meio da dispersão.
MATERIAL E MÉTODOS
297
A área de estudo localiza-se próximo ao povoado Machado, no município de
Laranjeiras, Sergipe e conta com aproximadamente 46 hectares (Figura 1). Constitui
parte de um projeto de restauração florestal da Empresa Votorantim Cimentos – S/A
(CIMESA) iniciado em 2004.
298
precipitação média anual é de 1.279,3 mm e o período chuvoso concentra-se entre os
meses de março e agosto (BONFIM et al., 2002).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 25. Lista das famílias e espécies botânicas encontradas na área de Mata
Atlântica implantada por meio de reflorestamento misto, localizada no município de
Laranjeiras, Sergipe.
300
e
Sp.1 Her N Nc An
e
Sp.2 Her N Nc An
e
301
o
302
*Libidibia ferrea var. leiostachya (Benth.) Arv N Si Aut
L.P.Queiroz
303
e
304
o
305
Figura 25. Distribuição percentual em origem (N: nativa; E: exótica), grupo
ecológico (P: pioneira; Si: secundária inicial; secundária tardia; Nc: não classificada),
síndrome de dispersão (Ane: anemocórica; Aut: autocórica; zoo: zoocórica) e hábito
(Hb: herbáceo; Sb: subarbusto; Ab: arbusto; Av: árvore; Tr: trepadeira.
Das espécies registradas, 88% são nativas, porém, apesar de terem sido
utilizadas apenas espécies arbóreas nativas na época do plantio, foram catalogadas na
área, espécies exóticas como a Mangifera indica L. (mangueira), Terminalia catappa L.
(amendoeira), Clitoria fairchildiana R.A.Howard (sombreiro), Gliricidia sepium (Jacq.)
Kunth ex Walp. (gliricídia), Pithecellobium dulce (Roxb.) Benth. (mata-fome),
Gossypium hirsutum L. (algodoeiro), Syzygium cumini (L.) Skeels (jamelão), dentre
outras, o que indica que foram trazidas por mecanismos de dispersão e se estabeleceram
na área.
Quanto aos grupos sucessionais, das espécies arbustivas-arbóreas classificadas,
observou-se a ocorrência de 14 espécies secundárias iniciais (cerca de 54%), o que
pode-se a princípio inferir que a área encontra-se em estádio inicial de sucessão. Essas
espécies ocorrem em condições de sombreamento médio ou pouca luminosidade,
conforme definição de Gandolfi et al. (1995). Além disso, registrou-se a ocorrência de 5
espécies pioneiras e 7 espécies secundárias tardias. Dezenove espécies arbustiva-
arbóreas não foram classificadas em função da carência de informações ou por serem
espécies exóticas.
Em relação à síndrome de dispersão, foi registrada a predominância de espécies
zoocóricas (37%), seguidas da autocoria (34%) e anemocoria (24%). No entanto,
quando considerada apenas as espécies arbustivo-arbóreas, a síndrome de dispersão
zoocórica apresenta uma representatividade ainda maior com 56% das espécies,
seguidas de 24% de espécies autocóricas e 20% das espécies anemocóricas. Dentre as
famílias arbustivo-arbóreas, Rubiaceae (5 spp.), Anacardiaceae (4 spp.) e Fabaceae (3
spp.) foram as que apresentaram maior destaque por terem sua dispersão realizada por
animais.
306
A alta representatividade de espécies zoocóricas no componente arbustivo-
arbóreo também foi observada nas análises realizadas por Silva et al., (2016) a respeito
dos mecanismos da síndrome de dispersão na Floresta Atlântica em Sergipe. Das 426
espécies analisadas, cerca de 75,35% (321 spp.) apresentam esse tipo dispersão.
Quanto ao hábito, observou-se que o componente herbáceo correspondeu a 26%
das espécies encontradas, distribuídas em 26 gêneros e 16 famílias, tendo sido
encontradas predominantemente nas bordas da mata ou nas áreas de clareiras no interior
da mata. As espécies arbustivas compreenderam cerca de 20%, seguida de 13% de
indivíduos subarbustivos e 10% de espécies trepadeiras. Já o componente arbóreo foi o
que apresentou maior ocorrência com 31 espécies pertencentes a essa forma de vida
(31% das espécies registradas).
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
APG III - Angiosperm Phylogeny Group III. 2009. An update of the Angiosperm
Phylogeny Group Classification for the Orders and Families of Flowering Plants: APG
III. Botanical Journal of the Linnean Society 161: 105-121.
307
FREIRE, G.; SANTANA, J.P.; ROCHA, P.A.; RIBEIRO, A.S.; PRATA, A.P.N.
Padrões dassíndrome de dispersão da vegetação arbustiva-arbórea da Floresta Atlântica
e da Caatinga do estado de Sergipe. Agroforestalis News, Aracaju, v.1, n.1, julho,
2016.
MARTINS, S.V.; MIRANDA NETO, A. & RIBEIRO, T.M. Uma abordagem sobre
diversidade e técnicas de restauração ecológica. 2012. In: MARTINS, S.V. (ed.)
Restauração ecológica de ecossistemas degradados.Viçosa: Editora UFV, 2012.
pp.17-34.
METZGER, J.P. 2009 Conservation issues inthe Brazilian Atlantic forest. Biological
Conservation 142: 1138–1140.
MORI, S.; SILVA, L.; LISBOA, G.; CORADIN, L. Manual de manejo do herbário
fanerogâmico. Ilhéus: CEPLAC, 1989, 104 p.
C. L. Centeno(1); R. L. Peroni(2)
(1)
Departamento Nacional de Produção Mineral
Superintendência de Santa Catarina
R. Álvaro Millen da Silveira, 104
Centro – Florianópolis/SC – Brasil - CEP 88020-180
[email protected]
Tel: (48) 3216-2300
(2)
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
308
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais
Av. Bento Gonçalves, 9500 - Setor 4 - Prédio 74 - Sala 211
Agronomia - Porto Alegre/RS – Brasil – CEP 91501-970
[email protected]
RESUMO
Introdução
O Brasil é um país rico em recursos minerais, além de ser um dos setores básicos da
economia do país, possui cerca de 98% da reserva mundial de nióbio, 50% da reserva de
grafita, 33% da reserva de tântalo e 12% da reserva de ferro. Também possui
significativas reservas de barita, manganês, terras raras, magnesita, níquel, talco e
vermiculita (Sumário Mineral 2015).
De acordo com as estatísticas do Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM,
no ano de 2016 foram outorgadas em todo Brasil 456 concessões de lavra, 1.627
registros de licença, 809 guias de utilização, 196 registros de extração e 146 permissões
de lavra garimpeira. Como pode ser visto, a quantidade de novos títulos de lavra é
bastante grande, o que de certo modo é muito bom, pois significa que novos
empreendimentos estão sendo criados, com possibilidade de novos empregos e geração
de riqueza tanto para comunidade local, como para o país.
Em contrapartida, no Brasil ainda não há uma grande preocupação com a desativação
dos empreendimentos mineiros, apesar de existirem obrigações legais para apresentação
309
de Plano de Fechamento de Mina – PFM (para o DNPM, no caso de Fechamento
Definitivo), Plano de Suspensão temporária (Para o DNPM, no caso de fechamento
temporário), Plano de Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD (para o órgão
ambiental estadual) e Plano Ambiental de Fechamento de Mina - PAFEM (para o órgão
ambiental, caso específico do estado de Minas Gerais). Independente da necessidade e
da existência desses instrumentos, ainda considera-se necessária uma maior
conscientização da importância da recuperação da área impactada pela mineração por
parte de todos agentes envolvidos na atividade mineral (empresa, comunidade e
governo).
Na legislação brasileira estão previstas duas situações relacionadas com a desativação
de empreendimentos mineiros:
- Fechamento temporário de uma mina (suspensão temporária das atividades de lavra),
que obriga o monitoramento e a manutenção do empreendimento e suas instalações
durante o período sem produção;
- Fechamento definitivo da mina com a consequente recuperação das áreas impactadas
pelas atividades mineiras.
No entanto, grande parte dos empreendimentos que solicitam fechamento temporário
das atividades de lavra não retoma as atividades, sendo assim o primeiro passo para o
fechamento prematuro de uma mina. Devido a esse fato, é importante que no
fechamento temporário algumas medidas para mitigação dos impactos sejam tomadas,
para que durante o período sem produção os passivos não sejam agravados. Por outro
lado, a área deve ser deixada de forma que viabilize a retomada das atividades de lavra,
possibilitando o aproveitamento dos recursos e reservas que ainda não foram
explotados.
Levando isso em consideração, esse artigo aborda o tema de fechamento temporário de
empreendimentos de mineração, com proposta de uma metodologia que auxilie tanto os
técnicos do DNPM, quanto as empresas, na tomada de decisões sobre as condições da
área para o fechamento temporário da atividade quando necessário. Essa proposta
pretende identificar, mensurar de forma qualitativa e antecipar os principais impactos da
paralisação das atividades para que sejam identificados ainda durante a fase de operação
com a expectativa de minimização das consequências. O trabalho tem como meta
desenvolver uma proposta estruturada de avaliação e análise de empreendimentos
mineiros que auxilie na determinação da condição do estágio de cumprimento de
recuperação da área e auxilie nos processos de fiscalização para análise de pedidos de
suspensão temporária.
Devido a esse fato viu-se a necessidade de propor uma série de itens os quais o técnico
do DNPM e os responsáveis técnicos da empresa deverão observar (em campo e fora
dele) para verificar se a área está em condições seguras para o fechamento temporário,
ou seja, se do modo que a mina está não dificultará a retomada das atividades no futuro
e, caso haja desistência da retomada das operações, os passivos não tenham se agravado.
Portanto, o objetivo principal do presente trabalho é propor uma metodologia de análise
que garanta que a área que estará com as atividades suspensas fique sob cuidados
permanentes do empreendedor, sem agravamento dos passivos, assim como, possibilite
a retomada das operações de forma segura.
310
Materiais e Métodos
De acordo com o item 20.3 das Normas Reguladoras da Mineração (Aprovada pela
Portaria nº 237 de 18 de outubro de 2001, Brasil, 2001) para solicitar a suspensão
temporária das atividades de lavra a empresa deve, após comunicação prévia, apresentar
pleito ao Ministro de Minas e Energia em requerimento justificativo caracterizando o
período pretendido, devidamente acompanhado de relatório que conste uma série de
itens descritos na legislação. Esse requerimento deve ser analisado tecnicamente no
DNPM, o qual pode solicitar complemento, caso julgue necessário.
Após, a análise técnica da documentação em escritório, e conforme parágrafo 2º do Art.
62 do Regulamento do Código de Mineração, deverá ser realizada vistoria em campo da
área com solicitação de suspensão temporária. É nessa etapa que a metodologia
proposta deverá ser utilizada, com a aplicação do formulário sugerido com análises
técnicas sobre as condições físicas do local onde a mina se encontra, para que haja
segurança, estabilidade e minimização da degradação no período que a mina estiver sem
produção.
Depois de preenchido o formulário com as informações coletadas em campo, e
com informação contidas no RAL e no processo minerário, e de acordo com o porte da
empresa (micro, pequeno, médio e grande), há três situações possíveis, autorizar a
suspensão temporária, negar a suspensão temporária ou elaborar exigência para a
empresa adequar os itens que não estão aceitáveis.
Existe uma grande quantidade de itens que podem ser observados em campo em uma
área de mineração de acordo com o enfoque desejado, para esse trabalho, foram listados
os itens mais importantes, que no entendimento dos autores, de forma alguma devem ser
ignorados. No entanto, a observação desses itens não restringe que outras observações
técnicas sejam feitas, pois cada mina tem suas características e peculiaridades.
A definição dos itens deu-se primeiramente com base experiência em análise de
requerimentos de suspensão temporária de lavra, assim como, fiscalizações em campo e
pesquisas bibliográficas realizadas pelos autores, onde foram pré-definidos dezoito itens
julgados como importantes para serem analisados em uma vistoria de campo.
Posteriormente, foi realizada uma pesquisa consultando outros profissionais, entre eles:
servidores do DNPM, consultores independentes (da área mineral e ambiental), técnicos
de empresas privadas de mineração, docentes, estudantes e associações profissionais.
Em relação à formação acadêmica dos profissionais a maioria participante foi de
engenheiros de minas (63,6%) e geólogos (15,2%), mas houve engenheiros ambientais,
engenheiros florestais, geógrafos, biólogos, entre outros, que também contribuíram com
sugestões. Ao total participaram 65 profissionais, destes, 86% com mais de cinco anos
de experiência profissional (Figura 26). Dentre os participantes 34% foram de
especialistas do DNPM.
311
Figura 26. Tempo de experiência dos profissionais que participaram da
pesquisa.
Uma segunda parte da pesquisa foi estimulada pelo formulário inicial criado e remetido
aos participantes, onde, após o preenchimento do primeiro questionamento, era
solicitado que cada profissional marcasse a relevância dos itens que já haviam sido pré-
determinados anteriormente em uma escala de zero a sete (0 - pouco relevante, 7 -
máxima relevância), conforme pode ser visualizado na Figura 28 . A pesquisa eletrônica
ficou disponível durante 20 dias e foi montada e divulgada através da ferramenta de
Formulários do Google.
312
Figura 28. Segundo questionamento da pesquisa realizada
313
Definição dos pesos de cada item
Após a definição dos itens que deveriam ser observados em campo, surgiu a
necessidade de definir quais os itens eram mais importantes e quais eram menos
relevantes no processo de suspensão temporária das atividades de lavra. Para essa
classificação e atribuição de pesos aos itens, foi aplicado um método de análise
multicritério, definindo ponderadores conforme sua importância. O método escolhido
foi o AHP – Processo Analítico Hierárquico (Analytic Hierarchy Process), que segundo
Saaty (1991), autor do método, baseia-se na decomposição e síntese das relações entre
os critérios até que se chegue a uma priorização dos seus indicadores.
Segundo Steiguer, Duberstein e Lopes (2005), o método possui vários atributos
desejáveis para a realização do estudo proposto como:
É um processo de decisão estruturado e quantitativo que pode ser documentado e
repetido;
É aplicável a situação que envolve múltiplas variáveis;
É aplicável a situações que envolvem julgamentos subjetivos;
Utiliza tanto dados quantitativos como qualitativos;
Provê medidas de consistência das preferências;
Há uma ampla documentação sobre suas aplicações práticas na literatura
acadêmica;
Há softwares de AHP disponíveis contendo suporte técnico e educacional
Seu uso é apropriado para grupos de decisão.
Para aplicação do método de AHP neste trabalho, foi montada uma matriz quadrada
(20x20) com todos os itens definidos anteriormente (conforme mostrado na Tabela 26),
então, cada par foi analisado com a definição de um peso relativo entre eles (onde o
número na linha i e na coluna j dá a importância do critério Ci em relação à Cj), para a
definição desse peso relativo foi utilizada a informação obtida através da pesquisa
314
realizada com os profissionais da área e variou de 1 a 9 (ou o inverso), conforme
determina o método AHP.
Após o preenchimento da matriz, calculou-se o autovetor normalizado da referida
matriz, encontrando assim a hierarquia ou ordem de prioridade dos itens estudados. Para
validação dos dados foi calculado o autovalor, que posteriormente foi utilizado para o
cálculo do índice de consistência (IC) e da razão de consistência (RC). Para a matriz
deste estudo, o valor do IC foi de 0,0132 e de RC foi de 0,008, ou seja, de acordo com
Alonso & Lamata (2003), a matriz é consistente, pois tem sua razão de consistência
abaixo de 0,01. A Tabela 27 mostra todos os itens com seus referidos pesos após a
aplicação do método AHP.
Montagem do formulário
Com a definição dos itens e dos pesos, montou-se um formulário em Excel para
ser utilizado em campo pelos técnicos do DNPM nas fiscalizações de áreas com
solicitação de suspensão temporária. Para cada item, as respostas foram pré-definidas e
podem ser escolhidas através de uma caixa de seleção. Na Figura 29 pode-se visualizar
o formulário proposto neste trabalho.
Na parte superior há instruções para o correto preenchimento, alertando o
técnico que deverá completar todas as informações dos campos em cinza. Em seguida,
há um cabeçalho que deverá ser preenchido com informações básicas da área que esta
solicitando a suspensão, contendo: Empresa titular, nome da mina, substância,
processos minerário, localização, responsável técnico, produção e tempo solicitado de
suspensão. Esse cabeçalho é o mesmo de outros formulários do DNPM.
Posteriormente estão os itens que devem ser observados em campo, no sistema RAL
(Relatório Anual de Lavra) e no processo minerário. Em alguns itens há comentários
315
com dicas de preenchimento, para auxiliar o técnico na hora do preenchimento. De
acordo com a resposta escolhida através da caixa de seleção, um valor (de zero a dez)
será multiplicado pelo peso do item (Tabela 27), quanto maior o valor dessa
multiplicação, mais relevante é a situação e consequentemente pior é a situação da área.
O somatório dos totais de cada item será utilizado juntamente com o porte da mina em
uma matriz de relevância na parte direita do formulário através de um “X” que se
descoca automaticamente dependendo do porte do empreendimento e do somatório
obtido no formulário que resulta do preenchimento dos itens 1 a 20. Para indicar o
procedimento que deverá ser tomado, a cor verde representa que a suspensão temporária
pode ser autorizada, a cor amarela sugere que seja elaborada exigência solicitando
ajuste dos itens que não estão aceitáveis e a cor vermelha indica que a suspensão
temporária deva ser negada.
Na parte inferior do formulário deverão ser preenchidas as informações referentes ao
profissional responsável da empresa que acompanhou a vistoria, assim como, do técnico
do DNPM que estava presente.
316
Figura 29. Imagem do formulário proposto
Resultados e Discussão
Conclusões
Apesar de ainda não ter sido implantando de forma definitiva nos procedimentos
de análises de requerimento de suspensão de lavra do DNPM, quando o formulário for
utilizado trará mudanças benéficas para a sociedade, ajudando na mitigação dos
impactos ambientais e sociais decorrentes do período sem produção. Para o DNPM o
instrumento se configura em uma ferramenta de padronização de análises que se torna
transparente e objetiva, com o intuito de melhorar práticas e procedimentos internos.
Cabe frisar que os indicadores e pesos demonstrados no presente trabalho não tem a
intenção de esgotar o assunto, mas prioritariamente mostrar algumas possibilidades que
podem ser complementadas no futuro. Assim como, estender essa metodologia de
análise para outros tipos de minas e substâncias.
Referências Bibliográficas
317
ALONSO, J. A., LAMATA, M. T.; Consistency in the Analytic Hierarchy Process: A
New Approach. International Journal of Uncertainty, Fuzziness and Knowledge -
Based Systems V.14, N. 4, p. 445–459, 2006.
STEIGUER, J. E.; DUBERSTEIN, J.; LOPES, V.; The Analytic Hierarchy Process as a
Means for Integrated Watershed Management, in Kenneth G Renard, First Interagency
Conference on Research on the watersheds, Benson, Arizona: U.S. Department of
Agriculture, Agricultural Research Service, p. 736-740, 2003.
RESUMO
318
da flora regional. Desta forma, a busca pela melhoria dos índices de circularidade e
criação de corredores pode contribuir para a conservação da biodiversidade. O estudo
visa avaliar a vulnerabilidade de quatro RPPN localizadas no município Toledo - PR,
além de sugerir adequações com potencial de trazer benefícios ao ambiente natural.
1 introdução
319
O decreto nº 1922/1996 define a Reserva Particular do Patrimônio Natural em
seu Artigo 1 como sendo:
Porém, somente a partir de 2000 com a aprovação da Lei Federal nº 9.985, que
institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) que as RPPN
conquistaram o status de Unidade de Conservação, a partir deste fato, o Brasil tornou-se
o primeiro país da América Latina a incluir as reservas privadas em seu sistema oficial
de áreas protegidas (MESQUITA, 2008).
No Brasil, as Unidades de Conservação fazem parte do Sistema Nacional de
Unidades de Conservação, e englobadas na categoria de uso sustentável estão as
Reservas Particulares do Patrimônio Natural, que são áreas privadas que se apresentam
como formas de preservação dos recursos hídricos, biodiversidade como um todo além
de serem uma forma de proteção das espécies em extinção (BRASIL, 2000).
Sabendo-se que as RRPNs são áreas protegidas por lei, entende-se que qualquer
atividade que venha ser planejada e realizada nas proximidades de uma área de
conservação, não poderá de maneira alguma prejudicar o meio em que está inserida,
mas sim deverá promover benefícios ambientais a mesma. (FERREIRA et al., 2004).
1.2.1 Conectividade
320
mas, pela diminuição de pequenos fragmentos formando áreas maiores e com máxima
conexão contribuindo sobremaneira para diminuição do efeito de borda.
Em uma área fragmentada, quanto maior a proximidade entre os fragmentos,
maiores são as chances de dispersão e manutenção de determinadas espécies (SEABRA
et al., 2012). Calegari (2010) observa que em um ambiente fragmentado para melhorar a
conectividade é importante priorizar as áreas de preservação permanente. No entanto
essa relação não é única, uma vez que todos os remanescentes florestais são importantes
e desempenham funções fundamentais.
Para Seabra et al. (2012) as bordas dos fragmentos são áreas mais susceptíveis a
sofrer impactos negativos causados pelas atividades antrópicas. Quanto mais
contrastante for a matriz em relação a floresta, maior será a distância de penetração
desse efeito, assim, na prática, fragmentos vizinhos a reflorestamentos tendem a receber
menores impactos que em áreas abertas (SAMPAIO, 2011).
Segundo Barros (2006) o efeito de borda pode variar em diferentes proporções,
sendo que essa diferença não se deve apenas às ocupações das áreas vizinhas dos
fragmentos florestais, mas também às diferenças de tamanho do fragmento, tipo de solo,
relevo e hidrografia.
De acordo com Fengleret al., (2015) quanto mais compacto for o fragmento
menor sua vulnerabilidade e quanto mais alongado maior será a vulnerabilidade, o que
ocorre devido ao fato que fragmentos com formato circular tendem a ter a porção
central equidistante da borda, relativamente protegida. Este parâmetro tem importância
fundamental para estudos da dinâmica e estrutura dos fragmentos florestais, uma vez
que pode indicar o nível de proteção do interior do fragmento em relação aos seus
efeitos de borda (GREGGIO et al., 2009).
321
2 MATERIAIS E METODOS
O município de Toledo (53º 44’ 35’’ W e 24º 42’ 49” S) situa-se na região Sul
do Brasil, oeste do Paraná, pertence à bacia hidrográfica Paraná III. Possui área
territorial de 1197,00 km², com população estimada em 119.313 habitantes, e densidade
populacional de 99,68 hab/km² (IBGE, 2010).
A área de estudo está compreendida na microbacia São Francisco Verdadeiro
(Figura 1) sobre as coordenadas geográficas 53°47’05” W e 24°38’44” S para RPPN 1,
denominada Augusto Dunke, 53°74’90” W e 24°68’30” S para RPPN 2, denominada
Osvaldo Hoffmann, 53°45’01” W e 24°41’52” S para RPPN 3, denominada Recanto
Verde e 53°45’08”W e 24°41’02” S para RPPN 4, denominada Mitra Diocesano de
Toledo.
322
Figura 2 – Uso e ocupação do solo da Bacia do São Francisco Verdadeiro.
Fonte: SEMA, (2010).
323
O desenvolvimento de ações de manejo com base nos estudos locais das áreas de
interesse visa possibilitar que estas áreas desempenhem a sua função ecológica, além de
poderem ser empregadas na conservação dos recursos naturais, afim de manter a
sustentabilidade da área ao longo do tempo (MELO et al., 2011).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Figura 3 traz a localização das áreas das 4 RPPN de interesse para este
trabalho, sendo utilizadas as imagens do software Google Earth Pro.
324
3 26.632 m² 664 m 0,76
4 199.788 2.433 m 0,42
m²
325
A região de estudo é caracterizada por apresentar pequenos fragmentos isolados
quando não conectados as zonas ripárias, no entanto, apesar de sua pequena área, são
importantes para conectividade dos remanescentes em ambiente fragmentado (IAP,
2002).
Apesar de a Área 3 possuir o maior índice de circularidade, o seu nível de
vulnerabilidade é mais alto quando comparado as outras, devido a sua proximidade com
a extensão urbana e sua área relativamente pequena.
326
3 26.632 m² 664 m 0,76
4 204.259 2.383 m 0,45
m²
O Gráfico 3 mostra o tamanho de cada área em m² afim de facilitar a análise
visual das mudanças sugeridas.
327
próxima da área urbana não sendo possível implementar as técnicas utilizadas nas outras
RPPN. No entanto, é necessário que o cumprimento da legislação seja averiguado, a
afim de preservar a referida área.
4 Conclusões
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei Federal n° 9.985 de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § Iº,
incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades
de Conservação da Natureza e dá outras providências. 2000. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9985.htm>.
328
Hidrográfica do Rio Jundiaí-Mirim entre 1972 e 2013. Revista Brasileira de
Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 19, n. 4, p. 402- 408, 2015.
329
MELO, A. G. C.; CARVALHO, D. A.; CASTRO, G. C.; MACHADO, E. L. M.
Fragmentos florestais urbanos. Revista Cientifícia Eletrônica de Engenharia
Florestal R.C.E.E.F., v. 17, n. 2, p. 58-79. 2011.
SEABRA, V.S.; CRUZ, C.B.M.; SANCHEZ, V.R. Análise da paisagem em apoio aos
estudos de favorabilidade à recuperação florestal na bacia hidrográfica do rio São
João. Rio de Janeiro, UFRJ, 2012.
330
21p. Embrapa Acre. Documentos, 57. 2000.
RESUMO
331
commersoniana apresentaram os maiores valores de densidade absoluta, sobrevivência e
maior número de indivíduos, enquanto que Podocarpus lambertii, Casearia silvestris e
Jacaranda puberula, apresentaram menores índices de sobrevivência. As áreas contendo o
composto vegetal apresentaram menores índices de sobrevivência, porém, as maiores
alturas, quando comparados à área sem composto. Verificou-se desenvolvimento de
espécies gramíneas, principalmente na presença do composto vegetal. Tais fatos permitem
inferir que, apesar da redução na sobrevivência, o composto vegetal permitiu o melhor
desenvolvimento das mudas, demonstrando que aliado à revegetação foi eficaz na
recuperação da área degradada.
INTRODUÇÃO
332
al., 2011). Desse modo ocorrem viabilidade e aceleração no processo de sucessão vegetal,
propiciando a germinação de grande número de sementes logo no início do processo
sucessional (LEAL FILHO et al., 2002; SILVEIRA, MARANHO, 2012).
A revegetação pode contribuir para a reintegração das populações de plantas no
local degradado (BREED et al., 2013). O princípio da técnica é regenerar a floresta natural
(sucessão secundária), com o fundamento de plantio misto de espécies nativas, visando à
recuperação de matas e outras florestas de proteção (DIAS, 2013; MACEDO, 1993).
Dentre os métodos para a recuperação de áreas degradadas, está o plantio de mudas de
espécies regionais, baseando-se em sua classificação ecológica, ocorrência e adaptação ao
local (ARAUJO et al. 2014; DIAS, 2013; MARIANO et al., 2010; MARTINS, 2001).
Caso os plantios sejam bem sucedidos, o processo de recuperação pode contribuir na
dispersão de sementes e recolonização de outras áreas degradadas adjacentes
(KAGEYAMA et al., 1992; MARIANO, 2010). A técnica tem a capacidade de mitigar os
impactos negativos ambientais, permitir o restabelecimento de algumas características do
ambiente em estudo, recomposição da camada superficial do solo, além de contribuir para
a intensificação das interações ecológicas (PEREIRA et al., 2012).
O plantio de mudas para a formação de comunidades arbóreas contribui
principalmente nas condições do solo, devido a maior disponibilidade de matéria orgânica
e aeração, além de proporcionar o sombreamento que permite a germinação de sementes
que precisam de umidade e sombra (REIS et al., 1999). Deste modo, objetivou-se com a
presente pesquisa, avaliar a recuperação de uma área urbana degradada pelo uso da
revegetação aliado ao uso de composto orgânico derivado de resíduos vegetais, assim
como observar as alterações fitofisionômicas locais e das plantas utilizadas, por meio da
comparação entre os tratamentos, contendo ou não o composto vegetal, para possíveis
aplicações em recuperação de áreas degradadas.
METODOLOGIA
Área de estudo
O terreno foi dividido em três parcelas que foram aplicados diferentes tratamentos:
na área 1 (A1) (1090,125m²) foi implantado o composto vegetal na cobertura do solo, com
camada de 15cm de profundidade; na área 2 (A2) (641, 25 m²), não foi aplicado o
composto, sendo o tratamento controle, para a observação da atenuação natural; na área 3
(A3) (822 m²) foi colocado o composto vegetal no fechamento das covas das mudas e na
cobertura da parcela, com camada de profundidade de 15 cm.
333
Para as escolhas das espécies de mudas para o plantio, foi realizado um
levantamento em trabalhos avaliando os maiores valores de importância das espécies que
estavam disponibilizadas pelo Horto Municipal de Curitiba (Tabela 1). Optou-se por
utilizar apenas espécies nativas para a revegetação. A seleção, também, foi dada pelos
diferentes estágios sucessionais existentes, além de espécies típicas da região. Todas as
mudas foram disponibilizadas pelo setor de processamento vegetal do Horto Municipal de
Curitiba.
Tabela 1. Lista das espécies utilizadas na revegetação de uma área degradada, situada na
região do antigo canil municipal de Curitiba-PR, com descrição do seguidas de nome
científico, nome popular e grupo sucessional.
Espécie Nome popular Grupo sucessional
Allophylus edulis A. St.-Hil., A. vacum Pioneira
Juss.
Campomanesia xanthocarpa Mart. guabiroba Secundária
tardia/clímax
Casearia silvestris Sw. guaçatunga-miúda Secundária inicial
Cupania vernalis Cambess. cuvatã Secundária
tardia/clímax
Eugenia uniflora L. pitangueira Secundária
tardia/clímax
Jacaranda puberula Cham caroba Secundária incial
Luehea divaricata Mart. açoita-cavalo Secundária inicial
Matayba elaeagnoides Radlk. miguel-pintado Pioneira
Podocarpus lambertii Klotzsch ex pinheiro-bravo Secundária
tardia/clímax
Prunus sellowii Koehne pessegueiro-bravo Secundária
tardia/clímax
Psidium cattleyanum Sabine araçá Secundária
tardia/clímax
Schinus terebinthifolia Raddi. aroeira Pioneira
Sebastiania commersoniana branquilho Pioneira
(Baill.)
Vitex polygama Cham. tarumã Secundária inicial
Fonte: O autor (2017)
O plantio das mudas foi realizado diretamente nas covas abertas com 0,125 m³ de
profundidade, espaçamento de 3m X 3m entre cada planta, conforme o proposto no Plano
Básico Ambiental da Estrada Parque Visconde de Mauá (2009). A disposição entre as
plantas foi de ziguezague, obedecendo à distância proposta.
Quanto à distribuição do número de plantas em cada área, foi calculada para cada
parcela, a quantidade de quantas mudas seriam suportadas, através do cálculo:
Em que:
334
Após o cálculo do número de plantas por cada área, foi realizada a quantificação de
cada espécie a ser plantada. Priorizou-se maiores quantidades para as espécies pioneiras
que apresentaram os maiores valores de importância nos trabalhos de Dias et al. (1997),
Nóbrega et al. (2007) e Mognon et al., (2012). Foi feita distribuição aleatória entre os
diferentes grupos sucessionais, principalmente entre as secundárias e clímax (Fig. 1).
Após o plantio das mudas em cada área (parcela), foram realizados dois
procedimentos amostrais: a primeira, três meses pós-plantio (dezembro/2013), período
proposto para permitir a estabilização dos indivíduos ao local e; a segunda foi realizada
três anos pós-plantio (dezembro/2016).
Foram avaliados os parâmetros de densidade absoluta (DA), e os parâmetros
biométricos de índice de sobrevivência (IS), altura (H’) e perímetro altura do peito (PAP)
de indivíduos de altura com valores > 50 cm, sendo realizada a comparação entre as três
áreas. Além desses parâmetros, foram observadas as alterações fitofisionômicas de cada
área.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
335
Todas as árvores plantas são de espécies nativas da região de Floresta Ombrófila
Mista. Foram registrados 243 indivíduos, sendo que, dentre eles estão 14 espécies
pertencentes a 10 famílias (Tab. 2).
No processo inicial de revegetação, o grupo ecológico predominante foi de espécies
pioneiras, com 52,67%, seguidas de secundárias tardias/clímax e secundárias iniciais,
25,92% e 21,39%, respectivamente.
Myrtaceae e Sapindaceae apresentaram maiores números de indivíduos, compondo
21% cada uma. Quanto ao maior número de indivíduos, destacam-se as famílias
Euphorbiaceae, Myrtaceae e Anacardiaceae, respectivamente. Conforme o trabalho de Dias
et al. (2013) e Carvalho et al. (2008), as famílias Myrtaceae e Euphorbiaceae, também se
destacaram quanto ao número de indivíduos em fragmentos de Floresta Ombrófila Mista.
Tabela 2. Espécies presentes na área total de estudos, com seus respectivos nomes
populares, grupos ecológicos e número de indivíduos totais (Ni).
Família/espécie Nome popular Grupo ecológico Ni
ANACARDIACEAE
Schinus terebinthifolia Raddi. aroeira pioneira/secundária 44
inicial
BIGNONIACEAE
Jacaranda puberula Cham caroba secundária inicial 3
EUPHORBIACEAE
Sebastiania commersoniana (Baill.) branquilho Pioneira 67
L.B. Sm. & Downs
LAMIACEAE
Vitex polygama Cham. tarumã secundária inicial 12
MALVACEAE
Luehea divaricata Mart. açoita-cavalo pioneira/secundária 7
inicial
MYRTACEAE
Campomanesia xanthocarpa Mart. ex guabiroba secundária 6
O. Berg tardia/clímax
Eugenia uniflora L. pitangueira Clímax 24
Psidium cattleyanum Sabine araçá secundária tardia 17
PODOCARPACEAE
Podocarpus lambertii Klotzsch ex pinheiro-bravo secundária 5
Endl. tardia/clímax
ROSACEAE
Prunus sellowii Koehne pessegueiro- secundária tardia 3
bravo
SALICACEAE
Casearia silvestris Sw. guaçatunga secundária inicial 30
miúda
SAPINDACEAE
Allophylus edulis (A. St.-Hil., A. Juss. vacum Pioneira 12
& Cambess.) Hieron. ex Niederl.
Cupania vernalis Cambess. cuvatã secundária tardia 8
Matayba elaeagnoides Radlk. miguel-pintado pioneira/secundária 5
inicial
Fonte: O autor (2017)
336
A espécie com maior número de indivíduos foi S. commersoniana, seguida por S.
terebinthifolia e C. silvestris. As espécies com menores quantidades de indivíduos foram J.
puberula, P. sellowii e M. elaegnoides.
Dias et al. (2013) obtiveram em seu trabalho que S. commersoniana foi uma das
espécies com maior representatividade, fato que corroborou para a escolha de maiores
quantidades da espécie no processo de revegetação. Valcarcel e Silva (1992) citam que
espécies pioneiras, como S. terebinthifolia, possuem crescimento rápido e alta dispersão,
proporcionando o início da sucessão ecológica. Visto tal potencial, a escolha dessa espécie
para processos de revegetação torna-se relevante.
No primeiro procedimento amostral (dezembro/2013 – três meses pós-plantio) foi
observado sobrevivência de 96,29% dos indivíduos plantados. Considerando as três áreas
em estudo, foi observado na área 1, 94 indivíduos, dentre eles, três mortos. Na área 2
constatou-se 64 indivíduos, dentre eles, dois mortos. Já na área 3, foi registrado a
ocorrência de 82 indivíduos, dentre eles cinco mortos.
Na área total, a densidade absoluta foi de 2137,37 ind haˉ¹, sendo que S.
commersoniana foi a espécie que apresentou a maior taxa, seguido por S. terebinthifolia e
C. silvestris. Constataram-se valores de sobrevivência de 95,9%, sendo que J. puberula,
apresentou o menor índice, seguido por C. silvestris e P. cattleyanum.
Referente às análises realizadas na área 1 foi registrado a densidade absoluta de
889,80 ind.haˉ¹, apresentando maior valor, a espécie S. commersoniana, seguido por P.
cattleianum e S. terebinthifolia. Dos 94 indivíduos presentes, o índice de sobrevivência
apresentado foi de 96,9%. Dentre todas as espécies, E. uniflora apresentou o menor valor,
seguido por C. silvestris. As espécies que apresentaram maiores valores de altura foram
respectivamente, P. cattleyanum, C. silvestris e P. sellowii (Tab. 3).
Na área 2, a densidade absoluta obtida foi de 998,10 ind.haˉ¹, sendo as espécies
com os maiores valores, respectivamente, S. commersoniana, S. terebinthifolia e C.
silvestris. Dos 64 indivíduos, o índice de sobrevivência obtido foi de 96,9%. Os menores
índices foram, respectivamente, das espécies C. silvestris e E. uniflora. As espécies de
maiores valores de altura foram P. sellowii, C. silvestris e P. cattleyanum (Tab. 3).
Na área 3, a densidade absoluta apresentada foi de 997,10 ind.haˉ¹, sendo as
espécies que apresentaram os maiores valores, S. commersoniana, S. terebinthifolia e C.
silvestris, respectivamente. O índice de sobrevivência da área foi de 93,9%. As espécies
com menores valores de sobrevivência foram respectivamente, P. sellowi e C. silvestris,
sendo que todas as outras espécies apresentaram 100% de sobrevivência. As espécies com
maiores valores de altura foram L. divaricata, C. silvestris e P. cattleyanum (Tab. 3).
No segundo procedimento amostral (Dezembro/2016 – três anos pós-plantio) foi
observada densidade absoluta de 1522,76 ind haˉ¹. Dentre as espécies, S. commersoniana
apresentou a maior taxa, seguido por S. terebinthifolia. Foram registrados 68,31% de
sobrevivência das espécies plantas na área total, sendo que, P. lambertii, P. sellowii e V.
polygama apresentaram 100% de mortalidade.
Constatou-se que, houve redução da densidade absoluta para 623,78 ind haˉ¹, e
dentre as espécies, os maiores valores observados foram S. commersoniana, P.
cattleyanum e S. terbinthifolia, respectivamente. Quanto ao índice de sobrevivência,
houve redução para 70,10%. Dentre as espécies, foram verificadas 100% de mortalidade de
J. puberula, V. polygama, P. lamberti e P. sellowii. Quanto aos maiores valores de altura,
as espécies S. terebinthifolia, S. commersoniana e P. cattleyanum (Tab. 4).
Para a área 2, foram observados redução de densidade absoluta para 732,94 10
ind.haˉ¹, sendo que as espécies S. commersoniana, S. terebinthifolia apresentaram os
maiores valores. Houve 73,44 %de sobrevivência das árvores. Foram verificados índice de
337
mortalidade de 100% para V. polygama, P. cattleyanum, P. lambertii e P. sellowii. As
maiores alturas foram das espécies E. uniflora, C. silvestris e S. terebinthifolia (Tab. 4).
Referente a área 3, houve redução da densidade absoluta para 620,49 ind.haˉ¹,
sendo as espécies com maiores valores, S. commersoniana, S. terebinthifolia. Houve
mortalidade de 100% para as espécies J. puberula, V. polygama, C. xanthocarpa, P.
cattleyanum, P. lambertii, P. sellowii e C. vernalis. Houve sobrevivência de 62,20% das
espécies utilizadas. Referente às maiores alturas, L. divaricata, S. commersoniana e S.
terebinthifolia, respectivamente (Tab. 4).
Kageyama et al. (2002) citam que as espécies secundárias iniciais e secundárias
tardias/climax necessitam da sombra proporcionada por pioneiras para melhor
desenvolvimento, podendo interferir na adaptação e sobrevivência dos indivíduos
escolhidos para revegetações. Tal fato foi observado na presente pesquisa, visto que as
espécies pioneiras, principalmente S. commersoniana e S. terebinthifolia apresentaram
maiores índices de sobrevivência, quando comparadas às outras espécies pertencentes a
outros grupos sucessionais.
Dias et al. (1998), Nobrega et al. (2007) e Silveira e Maranho (2012) constataram
em seus trabalhos, maiores valores de densidade absoluta e valores de importância para S.
commersoniana e S. terebinthifolia. Com os resultados obtidos após três anos de
experimento, é possível constatar a importância que essas espécies apresentam,
principalmente referente à contribuição das mesmas para o tipo vegetacional de Floresta
Ombrófila Mista em que estão inseridas, fato que justifica a utilização das mesmas em
processos de revegetação para este tipo de ambiente.
338
Tabela 3. Comparação dos dados fitossociológicos dos indivíduos plantados no processo de revegetação do antigo canil municipal, três meses
pós-plantio. Parâmetros analisados: número de indivíduos (Ni), Altura (H’), Perímetro altura do peito (PAP) Índice de sobrevivência (SI) e DA
(densidade absoluta)
A1 A2 A3
Espécie Ni H’ PAP IS DA Ni H’ PAP IS DA Ni H’ PAP IS DA
(m) (cm) (%) (ind/ha- (m) (cm) (%) (ind/ha- (m) (cm) (%) (ind/ha-
1 1 1
) ) )
ANACARDIACEAE
Schinus terebinthifolia
Raddi 13 1,50 4,19 100,00 119,30 12 1,44 4,63 100,00 187,10 19 1,27 4,72 100 231,10
BIGNONIACEAE
Jacaranda puberula Cham 1 0,81 3,00 100,00 9,20 1 0,98 3,00 100,00 15,60 1 0,90 3,00 100 12,20
EUPHORBIACEAE
Sebastiania
commersoniana (Baill.) 23 1,69 4,92 100,00 211,00 17 1,68 5,20 94,40 265,10 26 1,71 5,54 100 316,20
LAMIACEAE
Vitex polygama Cham. 5 1,05 2,75 100,00 45,90 4 1,15 3,75 100,00 62,40 3 0,92 3,53 100 36,50
MALVACEAE
Luehea divaricata Mart. 3 1,81 5,00 100,00 27,50 2 1,25 4,85 100,00 31,20 2 2,01 5,35 100 24,30
MYRTACEAE
Campomanesia
xanthocarpa Mart. 3 1,17 3,00 100,00 27,50 1 1,18 3,80 100,00 15,60 2 1,10 3,75 100 24,30
Eugenia uniflora L. 10 1,04 2,64 90,00 91,70 5 1,08 3,12 90,00 78,00 9 0.98 3,35 100 109,40
Psidium cattleyanum
Sabine 15 2,10 11,13 100,00 137,60 1 1,83 4,90 100,00 15,60 1 1,63 4,00 100 12,20
PODOCARPACEAE
Podocarpus lambertii
Klotzsch ex 3 1,27 3,5 100,00 27,50 1 1,23 4,10 100,00 15,60 1 1,12 3,00 100 12,20
ROSACEAE
Prunus sellowii Koehne 1 1,93 5,00 100,00 9,20 1 2,06 4,70 87,5,00 15,60 0 - - 0 0
SALICACEAE 12 2,01 4,68 91,70 110,10 8 1,94 5,15 100,00 124,80 10 1,96 5,03 80 121,60
339
Casearia silvestris Sw.
SAPINDACEAE
Allophylus edulis (A. St.-
Hil., A. Juss. 4 1,49 3,87 100,00 36,70 5 1,38 4,18 100,00 78,00 3 1,21 4,23 100 36,50
Cupania vernalis Cambess. 4 1,32 6,17 100,00 36,70 2 1,22 4,00 100,00 31,20 2 1,37 6,50 100 24,30
Matayba elaeagnoides
Radlk. - - - - - 2 1,31 6,33 100,00 46,80 2 1,22 5,90 100 24,30
*Ni= número de indivíduos, H’= altura média, PAP= Perímetro Altura do Peito, IS=índice de sobrevivência, DA= densidade absoluta (ind há-1)
Tabela 4. Comparação dos dados fitossociológicos dos indivíduos plantados no processo de revegetação do antigo canil municipal, três anos pós-
plantio. Parâmetros analisados: número de indivíduos (Ni), Altura (H’), Perímetro altura do peito (PAP) Índice de sobrevivência (SI) e DA
(densidade absoluta).
A1 A2 A3
Nome científico Ni H’ PAP IS DA Ni H’ PAP IS DA Ni H’ PAP IS DA
(m) (cm) (%) (ind (m) (cm) (%) (ind (m) (cm) (%) (ind
ha-1) ha-1) ha-1)
ANACARDIACEAE
Schinus terebinthifolia
Raddi 13 3,59 11,72 100,00 119,30 12 1,95 5,55 100,00 187,10 19 2,79 14,50 100,00 231,10
BIGNONIACEAE
Jacaranda puberula Cham ↓0 - - ↓0 ↓0 1 1,88 5,00 100,00 15,60 ↓0 - - ↓0 ↓0
EUPHORBIACEAE
Sebastiania
commersoniana (Baill.) 23 2,88 11,9 100,00 211,00 17 2,11 13,92 94,40 265,10 26 2,95 10,84 100,00 316,30
LAMIACEAE ↓0 - - ↓0 ↓0 ↓0 - - ↓0 ↓0 ↓0 - - ↓0 ↓0
340
Vitex polygama Cham.
MALVACEAE
Luehea divaricata Mart. ↓2 2,32 13,50 ↓66,70 ↓18,30 2 1,53 5,50 100,00 31,20 ↓1 3,00 17,00 ↓50,00 ↓12,20
MYRTACEAE
Campomanesia
xanthocarpa Mart. ↓2 1,60 5,00 ↓66,70 ↓18,3 1 1,34 7,00 100,00 15,60 ↓0 - - ↓0 ↓0
Eugenia uniflora L. 3 2,72 10,00 30,00 27,50 ↓1 2,95 7,00 ↓20,00 ↓15,60 ↓2 1,29 5,50 ↓22,20 ↓24,30
Psidium cattleyanum
Sabine 15 2,68 17,33 100,0 137,60 ↓0 - - ↓0 ↓0 ↓0 - - ↓0 ↓0
PODOCARPACEAE
Podocarpus lambertii
Klotzsch ex ↓0 - - ↓0 ↓0 ↓0 - - ↓0 ↓0 ↓0 - - ↓0 ↓0
ROSACEAE
Prunus sellowii Koehne ↓0 - - ↓0 ↓0 ↓0 - - ↓0 ↓0 0 - - 0 0
SALICACEAE
Casearia silvestris Sw. ↓4 2,73 8,66 ↓33,30 ↓36,70 ↓3 2,02 5,15 ↓30,00 ↓46,80 ↓3 2,09 5,16 ↓30,00 ↓36,50
SAPINDACEAE
Allophylus edulis (A. St.-
Hil., A. Juss. ↓3 1,70 4,00 ↓75,00 ↓27,50 ↓2 1,55 3,5 ↓60,00 ↓31,20 ↓0 0 0 ↓0 ↓0
Cupania vernalis
Cambess. ↓1 1,32 6,45 ↓25,00 ↓9,20 2 1,26 5,85 100,00 31,20 ↓0 - - ↓0 ↓0
Matayba elaeagnoides
Radlk. - - - - - 2 1,52 6,93 100,00 31.20 2 1,52 6,50 100,00 24,30
*Ni= número de indivíduos, H’= altura média, PAP= Perímetro Altura do Peito, IS=índice de sobrevivência, DA= densidade absoluta (ind há-1).
↓ indica redução quando comparado à primeira avaliação (Dezembro/2013).
341
S. commersoniana e S. terebinthifolia apresentaram maiores valores de altura na
presença do composto, enquanto que as espécies C. silvestris, P. lambertii e J. puberula
encontraram-se em piores condições na presença do composto. Contradizendo trabalhos
de Carvalho et al. (2008), Nobrega et al. (2008), as espécies apresentaram-se com
densidades inferiores, além dos índices de sobrevivência reduzidos, demonstrando uma
contradição com os valores de importância observados nos outros trabalhos.
No segundo procedimento amostral, foi verificada a floração e frutificação de
grande parte dos indivíduos, indiferentemente das áreas que se se encontravam. Além
disso, foi observada, mudança fitofisionômica local, devido à presença e
desenvolvimento de espécies gramíneas e herbáceas (Fig. 2).
342
vegetais, o que possivelmente podem ter alterado à sobrevivência dos indivíduos em
estudo.
Foram constatadas maiores valores de altura de todas as espécies para as áreas
com composto, mesmo ocorrendo menores valores de sobrevivência. Além disso, a
presença do desenvolvimento de espécies pioneiras no local, na presença do composto
vegetal, indica contribuição no processo de recuperações de áreas degradadas,
recolonização vegetal no local e melhor desenvolvimento das plantas no processo de
revegetação.
Kageyama (1989) cita que o plantio de reflorestamento como estímulo à
regeneração natural, propicia a dispersão adequada, além de contribuir no
enriquecimento local, desempenhando papel de estimulação e aceleração do processo de
sucessão florestal. Conforme os resultados obtidos, constata-se a contribuição da
revegetação devido ao uso de mudas nativas, e, consequentemente, nota-se que
recuperação da área degradada, torna-se ainda maior.
Desta forma, constata-se que a aplicação do composto aliado ao processo de
revegetação, contribui no processo de sucessão vegetal, e possibilita que áreas urbanas
degradadas, sejam recuperadas.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
BREED, M. F.; STEAD, M. G.; OTTEWELL, K.. M.; GARDNER, M. G.; LOWE, A.
J. Which provenance and where? Seed sourcing strategies for revegetation in a changing
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343
rio Iapó, na bacia do rio Tibagi, Tibagi, PR. Brazilian Journal of Botany, São Paulo,
v.21, n.2, p.183-195, 1998 .
LEAL FILHO, N.; LEME, R. F.; RODRIGUES, D. S.; BARROS, E.; COUTO, L. B.;
GRIBEL, R. Efeito da cobertura de matéria orgânica sobre o estabelecimento e
desenvolvimento de espécies originadas em bancos de sementes em áreas de
recuperação na Floresta Amazônica Brasileira. In: Simpósio nacional sobre
recuperação de áreas degradadas, p.502-504, 2002.
MOGNON, F.; DALLAGNOL, F.; SANQUETTA, C.; CORTE, A. P.; MAAS, G. Uma
década de dinâmica florística e fitossociológica em floresta ombrófila mista Montana no
Sul do Paraná. Revista de estudos ambientais, v. 14, n.1, p.43-59, 2012.
344
PLANO BÁSICO AMBIENTAL – PBA ESTRADA PARQUE VISCONDE DE
MAUÁ. Programa de Recuperação de áreas Degradadas. 2009.
Society of Ecological Restoration International Science & Policy Working Group. The
SER International Primer on Ecological Restoration. Disponível em:
<http://www.ser.org> e TUCSON: Society for Ecological Resotration International.
Acesso dia 20 de Junho de 2014
RESUMO
345
regeneração natural nas classes 1 (RNC1), 2 (RNC2) e no valor de regeneração natural
total (RNT), com 27,41%, 13,97% e 15,03%, respectivamente. Na classe 3 (RNC3) o
destaque foi para Anadenanthera peregrina (L.) Speg., com 10,69%. Também houve
destaque para cinco espécies do gênero Miconia que estão entre as dez espécies com
maiores valores de RNT. Assim, é possível inferir que Myrcia splendens,
Anadenanthera peregrina e as espécies do gênero Miconia possuem alta capacidade de
regeneração na floresta em processo de restauração.
INTRODUÇÃO
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo
Amostragem
347
RNCij = estimativa da regeneração natural da i-ésima espécie na j-ésima classe de altura
de planta.
Foram calculados também o índice de diversidade de Shannon (H’) (Magurran,
1988) e a equabilidade (J’) (Pielou, 1975) para cada classe de altura.
RESULTADOS
348
Psychotria conjungens Müll.Arg. 1,63 1,97 0,00 1,20
Solanum cernuum Vell. 2,28 1,31 0,00 1,20
Leandra nianga (DC.) Cogn. 0,81 2,63 0,00 1,15
Piper arboreum Aubl. 1,87 1,31 0,00 1,06
Erythroxylum deciduum A.St.-Hil. 1,63 1,31 0,00 0,98
Solanum argenteum Dunal 1,06 0,92 0,93 0,97
Aparisthmium cordatum (A.Juss.) Baill. 0,00 0,00 2,80 0,93
Cecropia glaziovii Snethl. 0,00 0,00 2,80 0,93
Syzygium cumini (L.) Skeels 0,00 0,00 2,80 0,93
Zeyheria tuberculosa (Vell.) Bureau ex Verl. 0,00 0,00 2,80 0,93
Dalbergia nigra (Vell.) Allemão ex Benth. 0,00 0,66 1,87 0,84
Byrsonima sericea DC. 0,00 0,00 2,31 0,77
Asteraceae 0,41 0,00 1,87 0,76
Leandra sericea DC. 0,00 1,31 0,93 0,75
Miconia discolor DC. 0,00 1,31 0,93 0,75
Myrsine coriacea (Sw.) R.Br. ex Roem. & Schult. 1,22 0,66 0,00 0,62
Nectandra rigida (Kunth) Nees 1,22 0,66 0,00 0,62
Astronium concinnum Schott 0,00 0,00 1,87 0,62
Casearia arborea (Rich.) Urb. 0,00 0,00 1,87 0,62
Inga vera Willd. 0,00 0,00 1,87 0,62
Senna multijuga (Rich.) H.S.Irwin & Barneby 0,00 0,00 1,87 0,62
Miconia sellowiana Naudin 1,71 0,00 0,00 0,57
Indeterminada 4 0,00 0,66 0,93 0,53
Tecoma stans (L.) Juss. ex Kunth 0,00 0,66 0,93 0,53
Zanthoxylum rhoifolium Lam. 0,00 0,66 0,93 0,53
Piper mollicomum Kunth 0,00 1,58 0,00 0,53
Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F.Macbr. 0,81 0,66 0,00 0,49
Indeterminada 1 0,81 0,66 0,00 0,49
Lophanthera lactescens Ducke 0,81 0,66 0,00 0,49
Casearia gossypiosperma Briq. 0,00 0,00 1,38 0,46
Lacistema pubescens Mart. 0,41 0,00 0,93 0,45
Machaerium nyctitans (Vell.) Benth. 0,41 0,00 0,93 0,45
Carpotroche brasiliensis (Raddi) A Gray 0,00 1,31 0,00 0,44
Handroanthus heptaphyllus (Vell.) Mattos 0,00 1,31 0,00 0,44
Spondias mombin L. 0,00 1,31 0,00 0,44
Alchornea glandulosa Poepp. & Endl. 1,22 0,00 0,00 0,41
Indeterminada 3 0,00 1,19 0,00 0,40
Leandra sp. 0,53 0,66 0,00 0,39
Ossaea marginata (Desr.) Triana 1,06 0,00 0,00 0,35
Annona neosericea H.Rainer 0,00 0,00 0,93 0,31
Annona sylvatica A.St.-Hil. 0,00 0,00 0,93 0,31
Artocarpus heterophyllus Lam. 0,00 0,00 0,93 0,31
Astronium graveolens Jacq. 0,00 0,00 0,93 0,31
Caesalpinia leiostachya (Benth.) Ducke 0,00 0,00 0,93 0,31
Clitoria fairchildiana R.A.Howard 0,00 0,00 0,93 0,31
Cordia sellowiana Cham. 0,00 0,00 0,93 0,31
349
Inga marginata Willd. 0,00 0,00 0,93 0,31
Matayba elaeagnoides Radlk. 0,00 0,00 0,93 0,31
Caesalpinia peltophoroides Benth. 0,00 0,66 0,00 0,22
Cedrela fissilis Vell. 0,00 0,66 0,00 0,22
Celtis sp. 0,00 0,66 0,00 0,22
Luehea grandiflora Mart. & Zucc. 0,00 0,66 0,00 0,22
Mimosa sp. 0,00 0,66 0,00 0,22
Psychotria nuda Cham. & Schltdl.) Wawra 0,00 0,66 0,00 0,22
Spondias venulosa (Engl.) Engl. 0,00 0,66 0,00 0,22
Vernonanthura divaricata (Spreng.) H.Rob. 0,00 0,66 0,00 0,22
Allophylus edulis (A.St.-Hil. et al.) Hieron. ex
Niederl. 0,41 0,00 0,00 0,14
Amaioua guianensis Aubl. 0,41 0,00 0,00 0,14
Cupania ludowigii Somner & Ferrucci 0,41 0,00 0,00 0,14
Eugenia florida DC. 0,41 0,00 0,00 0,14
Euterpe edulis Mart. 0,41 0,00 0,00 0,14
Piper sp. 0,41 0,00 0,00 0,14
Trichilia pallida Sw. 0,41 0,00 0,00 0,14
Total 100,00 100,00 100,00 100,00
Figura 1. Estimativa da regeneração natural por classe de altura para as dez espécies
com maior valor de regeneração natural total de uma floresta em processo de
restauração. RNC1 = Regeneração Natural na Classe 1 de altura; RNC2 = Regeneração
Natural na Classe 2 de altura; e RNC3 = Regeneração Natural na Classe 3 de altura.
350
Figura 2. Índice de Shannon (H’) e equabilidade (J), por classe de altura, do estrato de
regeneração natural de uma área em processo de restauração.
DISCUSSÃO
351
CONCLUSÃO
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
352
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Colombo: Embrapa Florestas,
2003. 1039p.
HIGUCHI, P.; REIS, M. G. F.; REIS, G. G.; PINHEIRO, A. L.; SILVA, C. T.;
OLIVEIRA, C. H. R. Composição florística da regeneração natural de espécies arbóreas
ao longo de oito anos em um fragmento de Floresta Estacional Semidecidual, em
Viçosa, MG. Revista Árvore, v. 30, n. 6, p. 893-904, 2006.
IBGE. Manual Técnico da Vegetação Brasileira. 2ª ed. Manuais Técnicos em
Geociências. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2012. 275 p.
353
NASCIMENTO, G.; PIFANO, D. S.; LIMA, M.; CALEGARIO, N. Floristic aspects
and diversity of regenerated arboreal species under a stand of Anadenanthera peregrina
Speg. Cerne, v. 15, n. 2, p. 187-195, 2009.
SOUZA, P. B.; SOUZA, A. L.; COSTA, W. S.; DEL PELOSO, R. V.; LANA, J.M.
Florística e diversidade das espécies arbustivo-arbóreas regeneradas no sub-bosque de
Anadenanthera peregrina (L.) Speg. Cerne, v. 18, n. 3, p. 413-421, 2012.
E. M. Moratelli1 e G. M. Carmona2
1
Bióloga, Mestrado em Biologia Vegetal. Goldenbras Consultoria Ambiental Ltda.; Rua
Felipe Schmidt, 657, sala 402, CEP: 88010-001, Florianópolis, SC, Brasil; e-mail:
[email protected]; Telefones: (48) 99638 4481/3025 5056.
2
Engenheiro Civil. Carmona Consultoria Ambiental Ltda., Florianópolis/SC; e-mail:
[email protected], Telefone (48) 99962 0164.
RESUMO
A restauração de áreas degradadas pela atividade minerária além de ser uma
obrigatoriedade estabelecida pela legislação brasileira desperta interesse pela obtenção
de conhecimentos. Nessa pedreira que se encontra em contínua atividade de extração de
minério foram implantadas duas diferentes técnicas de restauração em três bancadas,
que atualmente se encontram em monitoramento. Na “técnica A” e, somente nessa
técnica, foram utilizados diferentes procedimentos e produtos, como a contenção das
bordas com sacas de solo-cimento, sistema de drenagem com britas, mantas de fibras de
coco, tubulações, colocação de solo formando grandes canteiros e o plantio das mudas.
A “técnica B” se diferencia principalmente na formação dos canteiros, constituídos pela
354
colocação do solo em forma de pequenos aglomerados (ilhas) contendo em torno de
1m3 de solo por aglomerado, distantes entre si em torno de 1,5m e, ligados por
caminhos de passagem, também formados por solo argiloso. Em cada aglomerado de
solo foram plantadas duas mudas de espécies nativas arbóreas. Nos paredões rochosos
foram distribuídas redes de pesca descartadas pelas atividades pesqueira da região, as
quais servem como suporte às trepadeiras. Na “técnica A”, implantada há 9 anos com
complemento há 5 anos as mudas possuem de 2 a 7m de altura. Na “técnica B” com 4
anos, as mudas possuem de 1 a 4m de altura. Os objetivos foram atingidos tanto na
colocação das redes quanto em ambas as técnicas aplicados nas bancadas, porém na
“técnica B” houve melhor custo/benefício, em termos de gastos energéticos.
1. INTRODUÇÃO
A pedreira em questão, encontra-se inserida em área com vegetação pertencente a
Floresta Ombrófila Densa Submontana (Bioma Mata Atlântica), entre 30 a 400 m de
altitude (Veloso et al 1991). A cobertura original da região compõe-se de vegetação
nativa deste ecossistema. Apresentando um desenvolvimento de florestas exuberantes,
com diversas sinúsias, ricas em epífitas e lianas, além de uma elevada diversidade
biológica (Klein 1978; Leite & Klein, 1990). Dentre as espécies com maior frequência
encontradas no entorno da pedreira, destacam-se: Ficus cestrifolia, Ficus adhatodifolia,
Cyathea delgadii, Boehmeria macrophylla, Virola bicuhyba, Cecropia glaziovii,
Schizolobium parahyba, entre muitas outras.
A mineração é uma atividade que se diferencia das demais, por ter como particularidade
de ser definida a sua localização em função da existência da jazida, sendo que
geralmente ocorre em encostas montanhosas de preservação permanente (Thomé,
2013). Que, no entanto por ser considerada como atividades de interesse social, a
legislação permite a extração de rochas desses locais, porém da mesma forma, a
Constituição Federal do Brasil estabelece que tais áreas degradadas sejam recuperadas.
A restauração dessas áreas deve ser realizada através da execução de planos de
recuperação de áreas degradadas, que devem conter medidas corretivas específicas
visando a recuperação de natureza física, que contemple primeiramente a estabilização e
a segurança, para posteriormente promover a revegetação através da fixação de espécies
vegetais nativas do entorno ao local afetado, visando com isso o restabelecimento das
funções ecológicas do ambiente natural.
Visando-se, deste modo, restaurar áreas degradadas da pedreira, utilizaram-se diferentes
procedimentos nas bancadas, bem como a tentativa de restauração dos costões rochosos
através da colocação de redes de pesca, descartadas pela atividade pesqueira da região,
que serão detalhadamente descritos a seguir.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
355
A implantação do projeto de restauração na pedreira (Figura 01) ocorreu em dois
momentos distintos, ou seja, a primeira parte foi implantada em 2008 e a
complementação foi realizada em 2012.
Para a restauração das bancadas (bermas) da pedreira, foram utilizadas duas diferentes
formas, chamadas aqui por “técnica A” e “técnica B”, implantadas em diferentes
épocas, conforme segue.
O projeto de restauração através do método chamado de “técnica A”, teve início com
parte da sua implantação em 2008 em duas bancadas, sendo finalizada em 2012.
Portanto, atualmente parte das mudas possuem 9 e parte 5 anos.
Para a recuperação do solo das bancadas, em 2008 foi realizada a contenção nas bordas
das laterais do costão rochoso, através da colocação de sacas de ráfia ou juta contendo
solo-cimento, empilhadas (Figura 02). A mistura contida nas sacas foi composta por
argila e cimento.
Ainda, e somente na “técnica A” realizada em 2008, implantou-se um sistema de
drenagem, através da colocação de pedras-britas, fibras de coco e tubos de PVC (Figura
02).
356
Figura 02: Contenção das bordas e sistema de drenagem da bancada “técnica A”.
Para a formação dos canteiros (das duas bancadas), colocou-se uma camada de mais ou
menos 50 cm de solo argiloso (Figura 03) provindo do entorno, que serviu de substrato
para fixação e crescimento das mudas nativas plantadas. No momento do plantio, em
cada uma das covas, colocou-se adubo orgânico, composto por uma mistura de esterco
de bovinos e aves.
Figura 03: Colocação da camada de solo argiloso nas duas bancadas recuperadas
(“técnica A”).
Em 2008, após a formação dos canteiros, foi feito o plantio das mudas de espécies
nativas arbóreas, mas poucas sobreviveram. Então, em 2012 foi realizado um novo
plantio com covas maiores e adubação orgânica mais intensa (Figura 04).
357
Figura 04: Plantio das mudas arbóreas nativas em 2008 e 2012, respectivamente
“técnica A”.
2.1.2 Técnica B
358
Lembrando que no local onde foram feitos os aglomerados de solo, já existia algum
material (solo) que havia escorrido das bancadas superiores. O material se acomodou
por entre as rochas ou fendas e permitiu que algumas espécies de gramíneas crescessem
durante o verão (Figura 06). Assim, os aglomerados foram construídos por entre as
rochas e a vegetação que permaneceu no local, sendo que no início do outono a
vegetação secou e as rochas ficaram novamente visíveis, conforme pode ser visualizado
na Figura 07.
Figura 06: Formação dos pequenos canteiros (aglomerados de solo argiloso), em meio
às gramíneas pré-existentes “técnica B”, verão de 2013.
Figura 07: Mudas de espécies nativas plantadas nos aglomerados de solo por entre as
rochas semicobertas por vegetação seca “técnica B”, outono de 2013.
As principais espécies nativas arbóreas cultivadas nas bermas (bancadas), em ambos os
sistemas de restauração, foram: Schinus terebinthifolius (aroeira-vermelha), Mimosa
bimucronata (maricá), Inga edulis e Inga sessilis (ingás), Erythroxylum argentinum
(cocão), Citharexylum myrianthum (tucaneira), Trema micranta (grandiúva), Ficus
cestrifolia, Ficus adhatodifolia, Ficus spp. (figueiras), entre outras.
359
Figura 08: Redes de pesca descartadas, dispostas nos paredões rochosos.
3. RESULTADOS
Na imagem da Figura 09 (de 2017), têm-se uma vista geral das três bancadas
recuperadas. Sendo, a primeira debaixo pra cima, a técnica B, com a implantação em
“pequenas ilhas de plantio”. E as duas bancadas acima com plantio sistêmico, através da
técnica A.
Técnica A (9 anos)
Técnica A (9 anos)
Técnica B (4 anos)
360
3.1.1 Técnica A
Figura 10: Vista dos resultados da restauração na “técnica A” após 2 anos (2014).
3.1.2 Técnica B
361
Figura12: Vista dos resultados da restauração na “técnica B” (ilhas de plantio), após 1
ano e meio.
Figura 13: Vista dos resultados da restauração na “técnica B” (ilhas de plantio), após 4
anos.
362
Figura 14: Vegetação do sub-bosque de grande parte das bancadas.
Figura 15: Cipós aderidos às redes de pesca, nos paredões rochosos da pedreira (Foto de
2014).
363
Figura 16: Cipós aderidos às redes de pesca, nos paredões rochosos da pedreira (Foto de
2017).
4. CONCLUSÕES
Até o momento, os objetivos vêm sendo atingidos em ambas as técnicas (A e B) de
restauração implantadas nas bancadas. Pois, as plantas se estabeleceram e estão se
desenvolvendo dentro da normalidade daquele ambiente, tanto que o ambiente formado
permitiu o desenvolvimento de um sub-bosque e, também a presença de fauna,
principalmente aves e insetos. No entanto, analisando-se em termos de custo energético,
a “técnica B” pode ser considerada a mais indicada por ser mais sustentável.
Quanto às redes de pesca descartadas pela atividade pesqueira da região, utilizadas nos
costões rochosos como auxílio para as trepadeiras se aderirem, considera-se uma
medida ambientalmente sustentável, pois foi dado um bom uso para algo considerado
“lixo”. No entanto, o uso dessa técnica deve ser avaliado por um período mais longo de
tempo.
Portanto, para o sucesso da restauração, além da escolha das espécies nativas mais
adequadas ao local, devem ser avaliadas as particularidades de cada ambiente a ser
recuperado para a implantação do método mais apropriado.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ENGEL, V. L. & PARROTTA, J. A. Definindo a restauração ecológica: tendências e
perspectivas mundiais. In: Restauração Ecológica de Ecossistemas Naturais. Páginas:
01-26 em KAGEYAMA, P. Y., OLIVEIRA, R. E., MORAES, L. F. D., ENGEL, V. L.
e GANDARA, F. B., editores. Restauração Ecológica de Ecossistemas Naturais.
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MARTINS, S. V. Recuperação de Áreas Degradadas: ações em áreas de preservação
permanente, voçorocas, taludes rodoviários e de mineração. Editora: Aprenda Fácil.
Viçosa/MG. 268p. 2010.
RODRIGUES, E. Ecologia da Restauração. 1ª edição. Editora: Planta. Londrina/Pr.
300p. 2013.
THOMÉ, R. Manual de Direito Ambiental. Conforme Lei 12.727/2012. Editora Jus
Podivm. 3ª edição. 2013.
VELOSO, H.P.; RANGEL FILHO, A. L. R. R.; LIMA, J. C. A. Classificação da
vegetação brasileira, adaptada a um sistema universal. IBGE, Departamento de
Recursos Naturais e Estudos Ambientais, Rio de Janeiro, 1991. 12 4p.
R. O. Oliveira
RG Bioengenharia Ltda
Rua Marginal, 89 – Bairro Primavera I – Paracatu/MG - Brasil
[email protected]
Telefone: (38) 3672 4899
RESUMO
365
vez que podem ser obtidos com procedimentos de baixo custo, demandam pouco tempo,
não requerem conhecimento especializado e representam satisfatoriamente o estado da
área vegetada. As áreas avaliadas foram Bicas e Paracatu. Os resultados apontam que a
cobertura vegetal obteve sucesso de fechamento em mais de 90% das áreas que
sofreram a intervenção da recuperação ambiental.
1 INTRODUÇÃO
366
2 MATERIAL E MÉTODOS
Proporção Mix
Nome vulgar Nome científico Classificação
(%)
367
Apaga Fogo Alternanthera tenella Leguminosa 10
Aveia Amarela – Aveia Avena spp. Gramínea 10
Preta
Azevém Lolium multiflorum Gramínea 5
Capim Custódio Pennisetum setosum Gramínea 10
Capim Vaqueiro Cynodon dactylon Gramínea 10
Chocalho de Cascavel Crotalaria spp. Leguminosa 5
Ervilhaça Vicia sativa Leguminosa 5
Estilosante Stylosanthes spp. Leguminosa 10
Feijão Guandu Cajanus cajan Leguminosa 7
Feijão de Porco Canavalia ensiformis Leguminosa 5
Grama Batatais Paspalum notatum Gramínea 15
Milheto Pennisetum glaucum Gramínea 20
Nabo Forrageiro Raphanus sativus Leguminosa 10
Soja Perene Glicyne wightii Leguminosa 3
Sorgo Forrageiro Sorghum bicolor Gramínea 3
TOTAL DE MIX UTILIZADO NO PLANTIO 330 KG/HA
Plantio 4 30 10 220
Cobertura 20 0 25 150
Para
construção das paliçadas foram utilizadas as árvores tombadas que estavam no local do
acidente, buscando o aproveitamento do material para contenção e estabilização de
focos erosivos no decorrer do trecho.
368
Os enrocamentos foram realizados com pedras calcárias para conter o transporte e os
processos erosivos junto à calha do curso d´água de modo a evitar o desbarrancamento
das margens.
369
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A área de Bicas apresentou fechamento maior que 85% de cobertura vegetal a olhos
nus. Os resultados dessa área foram bastante promissores a nível de cobertura vegetal
pois a lama tinha baixíssima concentração e disponibilidade de nutrientes necessários
para a fisiologia vegetal manter a planta e seu ciclo de geração de descendentes através
de suas sementes, como mostram as fotos 7, 8, 9, 10, 11 e 12.
370
Foto 10 – Cobertura vegetal da praia: 02/02/2017 Foto 11 – Fechamento
parcial da área
Para a análise quantitativa das espécies podemos afirmar que a ocupação dos indivíduos
se dá de acordo com o comportamento ecológico de cada espécie como, por exemplo, as
espécies de aveias, azevém e milheto, que são gramíneas que geram maior biomassa e
proporcionam a melhorias como: aeração do solo, incorporação de matéria orgânica e
aumento na fertilidade propriamente dita com a decomposição de sua biomassa.
Ao relacionar a quantidade de 0,03 gramas de sementes por m2 chegaremos ao total de
330 kg por hectare demostrado na Tabela 01. Comparando com os dados do Gráfico 01
mostra que a média de cobertura vegetal da área de Bicas foi de 45 plantas adultas por
m2, o que demonstra um número bastante expressivo segundo Scalea 1998, Maciel e
Tabosa 1982 e Pitol et al 1997, que preconizam a quantidade de 15 plantas adultas de
gramíneas como formação ideal para pastagens e cultivo para produção de sementes
para comercialização e plantio. Vale salientar que Scalea 1998, relata que a quantidade
de plantas adultas é para plantio em áreas produtivas em grãos, não para áreas em
recuperação ambiental que, no caso, compomos o mix de acordo com as características
de limitações físicas, químicas e biológicas que a área demonstro desde a identificação
do impacto. Por sua vez as sementes do mix promovem uma competitividade entre as
diferentes espécies determinando a dominância de ocupação de espaço por maior
número de indivíduos. Neste trabalho a espécie que mais se mostrou dominante foi o
Estilosante, que é leguminosa e auxilia na fixação de nitrogênio, além de ser nativa do
continente americano. O Apaga fogo e o Capim Custódio também se mostraram
bastante expressivos pois os dois foram incorporados ao mix buscando a inclusão de
espécies nativas para o plantio e juntos somaram 14 plantas adultas gerando sementes
após 1 anos de plantio.
371
Para o índice de diversidade usamos a equação de Margalef 1956.
S–1 15 – 1 14
D = _________ D = ________ D = _______ D = 8,23
Log N Log 51 1,70
372
Foto 14 – Formação da praia de lama Foto 15 – Formação de
cobertura vegetal
01/03/2016 02/02/2017
Como na área de Bicas, a área de Paracatu teve o maior desenvolvimento por parte das
leguminosas que mostraram dominância em quantidades de indivíduos por m2, como as
espécies de Feijão Guandu, Estilosante e Crotalárias. Entretanto também tivemos menor
mortalidade de espécies no caso de Paracatu somente de duas espécies: Aveias e
Azevém. Temos que afirmar que a geração de sementes nestas plantas adultas é de total
importância para o ciclo biológico do vegetal e para a formação da microbiologia do
solo que está em processo de reconstrução, principalmente da formação de uma
373
superfície edaficamente equilibrada para poder receber as espécies arbóreas que darão
continuidade ao processo de recuperação ambiental das áreas atingidas pela lama de
rejeito.
A espécies consideradas nativas como Estilosante, Grama Batatais, Apaga Fogo e o
Capim Custódio tiveram expressivas evidências de dominância, principalmente pela
forração do solo, com poucas falhas de cobertura vegetal.
A área de Paracatu tem 93% de cobertura vegetal implantada como medida de
contenção de sedimentos por meio de vegetação com gramíneas e leguminosas. A
diversidade de espécie também foi bastante favorável mostrando que a inclusão de
espécies de nativas forrageiras é muito favorável para a recuperação ambiental dos
locais atingidos.
Para o índice de diversidade usamos a equação de Margalef 1956.
S–1 15 – 1 14
D = _________ D = ________ D = _______ D = 7,40
Log N Log 79 1,89
Os números mostrados pela equação, indicam alta diversidade, mais uma vez,
favorecendo a formação de camada fértil devido a matéria orgânica advinda da
biomassa das plantas introduzidas na recuperação ambiental da área do acidente.
374
Gráfico 2: Densidade de Plantas por M2
4 CONCLUSÃO
375
principalmente com acesso de bovinos e equinos, conservando o cercamento das áreas
plantadas, assegurando e garantindo o sucesso germinativo e desenvolvimento foliares
das espécies.
As técnicas de plantio foram realizadas de acordo com as condições que o local
apresentava, sendo que, na maioria das áreas foi realizado o coveamento manual e a
semeadura a lanço, onde obtivemos resultados maiores de 90 % de germinação e cerca
de 89% de pega e desenvolvimento aéreo, ou seja, da parte foliar das espécies.
As áreas afetadas pelo rejeito apresentam características físicas, químicas e biológicas
bem peculiares e heterogêneas, e encontram-se em diferentes graus de degradação. Por
este motivo a taxa de germinação foi comprometida em algumas áreas e o
desenvolvimento do plantio variou ao longo do trecho revegetado.
Nas áreas onde houveram conformação do solo, escarificação do rejeito e
consequentemente mistura com o solo, observou-se maiores efeitos positivos quanto à
germinação e melhor qualidade do plantio. De acordo dom Raij (1981), o manejo é
essencial para qualidade e efetividade do plantio em relação à sua produção de
cobertura vegetal e sementes.
Dentre as diversas funções da cobertura vegetal implantada estão a fixação de elementos
essenciais como macro e micronutrientes no solo, geração de matéria orgânica e
formação de camadas edáficas para suporte da geração descendente das espécies
plantadas, além da proteção do solo contra o impacto das chuvas que promove o efeito
splash¸ o qual desagrega as partículas do solo, deixando-as mais soltas favorecendo
etapas posteriores do processo erosivo.
Vale salientar que é de extrema importância a realização de intervenções de melhoria,
ou seja, a manutenção destas áreas com adubação complementares necessária em cada
local, plantio de enriquecimento em áreas falhas, para melhor homogeneizar o substrato
em relação à fertilidade.
A implantação do projeto de plantio definitivo tem como pré-requisito a formação da
cobertura vegetal por gramíneas e leguminosas, que permitirão a dinâmica edáfica das
áreas para a sucessão das espécies nativas que serão implantadas e irão dinamizar a
ecologia das áreas plantadas e adjacências.
É de suma importância que se faça um mapa de fertilidade das áreas plantadas para
poder mensurar, qualificar e manejar as futuras ações tomadas para o sucesso do plantio
definitivo. Com isso pode se ter dados quantitativos para classificar o status de cada
área, a fim de propor ações planejadas, emergenciais e corretivas que sejam necessárias
para o trato da recuperação ambiental das áreas atingidas pelo acidente.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RESUMO
377
principalmente pela abundância de elementos como Fe, Al e Ni. A fim de desenvolver
técnicas e métodos que demostrem eficiência para a formação da cobertura vegetal,
foram realizados 4 testes com diferentes composições de sementes, insumos agrícolas e
preparo do solo para o plantio de herbáceas e forrageiras, que foram de suma
importância para a escolha e efetivação de procedimentos para recuperação de áreas
degradadas e gestão de paisagens aplicadas às pilhas de estéril e rejeito da mina Cana
Brava e que, além de assegurar o controle dos processos erosivos, agregará fatores
estéticos, geotécnicos e de segurança ambiental a operação da empresa. Neste sentido,
encontramos variações de desenvolvimento vegetal e melhoria na qualidade dos solos
em todos os testes, além dos mesmos promoverem economia operacional da construção
e intervenções nas pilhas, no entanto, teremos fatores limitantes para cada um como
mostrará o trabalho.
Palavras Chave: mina cana brava, pilhas de estéril e rejeito, recuperação de áreas
degradadas
1 INTRODUÇÃO
Para o desenvolvimento dos trabalhos foi realizado inicialmente a divisão entre quatro
testes nomeados 1T, 2T, 3T e 4T que possibilitaram avaliar diferentes tratamentos,
conforme ilustração abaixo (fig. 01).
379
Figura 1 - Layout das pilhas A e B com a localização dos diferentes testes aplicados
Para os referidos testes foram selecionados os solos de cobertura mais férteis das áreas
de decapeamento onde a mina irá desenvolver e se fez necessário a limpeza das áreas.
Para selecioná-los foram realizadas análises de fertilidade. Esses esforços serão muito
importantes para ver a influência do material de cobertura de maior fertilidade edáfica
para suporte ao estabelecimento de plantas na superfície dos taludes.
Para melhor garantir a fixação das sementes e insumos até a germinação nas pilhas de
estéril e rejeito foram executados dois tipos de preparo de solo, coveamento (fig. 02) ou
microcanaletas em nível ao longo de todos os taludes(fig. 03), para a recepção das
sementes aplicadas por hidrossemeadura.
380
Figura 3 - Ilustração esquemática da microcanaleta e imagem de campo.
381
Q/ha Q/ha Q/ha
N.P.K 6 -30 -6 300 kg 400 kg 500 kg
Mulch/Celulose 2.000 kg 3.200 kg 4.500 kg
Sementes 250 kg 350 kg 410 kg
Adesivo 50 litros 70 litros 90 litros
Gesso CaSO4 1.800 kg
Calcário Dolomítico CaCO3 1.800 kg 1.800 kg
Fosfato Decantado Ca3PO4 2.500 kg 2.500 kg
Repasse e Cobertura
R1 R2 R3
Q/ha Q/ha Q/ha
N.P.K 6 -30 -6 N.P.K 6 -30 -6 150 N.P.K 6 -30 -6
100 kg kg 200 kg
Mulch/Celulose Mulch/Celulose 1.700 Mulch/Celulose
1.000 kg kg 2.500 kg
Sementes 150 Sementes 220 Sementes 310
kg kg kg
Adesivo 50 Adesivo 70 Adesivo 90
litros litros litros
N.P.K 20-0-20 N.P.K 20-0-20 N.P.K 20-0-20
200kg 250kg 250kg
382
Preparo de Solo e Aplicações por testes
Área 1T 2T 3T 4T
Método Preparo de Microcanaleta Microcanaleta Coveamento 10cm Coveamento 10cm
Soloda Área
Tamanho 2,711 4,18 x 2,673
10cm - x3,622
10cm
Hidrossemeadura A3 A2 A1 A2
Repasse / Cobertura R3 R1 R3 R2
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Insumos Agrícolas
Área de Teste 1T 2T 3T 4T
Testes 1T 2T 3T 4T
383
Mulch/Celulose (kg) 12.199 13.376 5.340 11.584
Para melhor avaliar os cenários dos testes foi elaborado uma tabela (tab. 7) com as
porcentagens de áreas cobertas por vegetações incorporadas no plantio por
hidrossemeadura por área/teste. O método utilizado para a quantificação da cobertura
vegetal foi o método visual.
1T 100 %
2T 75 %
3T 90 %
4T 85 %
384
Foto 1 - Fechamento total da área após 2 Foto 2 - Fechamento da área
meses
O teste 2T não apresentou um bom sucesso de plantio, pois o fechamento da área foi
comprometido pela qualidade do solo de cobertura. A composição do solo desta área
foi bastante heterogênea, com grande presença de saprólito e esta heterogeneidade
influenciou na germinação e dominância das espécies, tendo os solos similares a
saprólitos pouca fertilidade. As falhas de germinação se mostraram por todo talude com
alta mortalidade das plântulas germinadas e a morte das que proliferaram com
características de amarelamento (fig. 08) das pontas e bordas das folhas, apodrecimento
de raízes e queima das folhas (fig. 09).
Os sintomas de amarelamento indicam carência e falta de nutrição mineral demostrando
que os vegetais não estão tendo absorção dos elementos essenciais para fisiologia. A
relação solo/planta é o principal foco do estudo, ou seja, a falta de fertilidade é o que
precisa ser sanado. Para a área de teste 2T foi aplicada a composição de plantio A2 e a
cobertura/manutenção R1.
O teste 3T apresentou bons resultados, porém o solo de cobertura era composto por
argila e bem estruturado agronomicamente quando aplicado a técnica antiga somente
385
com gesso agrícola CaSO4. O resultado positivo no fechamento na área (fig. 10), foi
testemunha dos plantios antigos onde foi aplicado a composição A1 e a manutenção R3.
Este teste teve um resultado bastante positivo para todo o processo de estudo e
investigação dos solos de cobertura das pilhas, pois foi constatado que a qualidade do
solo de cobertura é fundamental para o sucesso da implantação do vegetal nessas pilhas
que mostram o diferencial entre um material mais grosseiro similar ao saprólitos como
no caso da 2T que demostrou várias deficiências na formação de cobertura vegetal.
Foto 9 - Presença de falhas no plantio. Foto 10 - Germinação > que 70% na área.
386
Foto 11 - Fechamento da área após aplicação Foto 12 - Desenvolvimento radicular
R2
1T 10 – 30 cm 10 -160 cm
2T 5 – 12 cm 10 – 60 cm
3T 8 – 15 cm 10 – 120 cm
4T 5 – 18 cm 10 -40 cm
387
As áreas teste que melhor responderam aos plantios foram: 1T e 4T pois apresentaram
maior variedades de espécies germinadas e estabelecidas. A 3T obteve excelente
resultados mas houve a baixa diversidade de espécies que merece a atenção para os
futuros ciclos de sementes e descendentes. Se for necessário deverá se realizar
manutenções no plantio como enriquecimento de sementes e insumos para garantir a
maior cobertura vegetal dos taludes.
A maior evidencia de melhoria do processo foi em relação aos solos de cobertura, com
melhor qualidade de nutrientes e matéria orgânica, oriundo de decapeamento que
possibilitou o fechamento vegetal das aéreas, promovendo a estabilidade superficial dos
taludes.
A associação fosfato decantado Ca3PO4 e o calcário dolomítico CaCO3 demostrou ser
consideravelmente mais eficiente em relação a correção, do que a área que recebeu
somente gesso CaSO4, pois a diversidade de espécies mostra que o solo se tornou mais
propicio ao recebimento de sementes e novos plantios.
4 CONCLUSÃO
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
388
ANDRADE, Leide Rovênia Miranda de. Relações entre os metais e a biodiversidade no
Cerrado: ferramentas para a conservação ambiental e a recuperação de áreas
degradadas. In: 2° WORKSHOP DO PROJETO RELAÇÕES ENTRE OS METAIS E
A BIODIVERSIDADE NO CERRADO. 226, 2013.
ANDRADE, Leide Rovênia Miranda de. Relações entre os metais e a biodiversidade no
Cerrado: ferramentas para a conservação ambiental e a recuperação de áreas
degradadas. In:
ANDERSEN, A.N. Ants as indicators of restoration success: relationship with soil
microbial biomass in the Autralian Seasonal Tropics. Restoration Ecology, v.5, n.2,
1997, p.109-14.
ART, H.W. (ed.). Dicionário de ecologia e ciências ambientais. São Paulo:
UNESP/Melhoramentos. 2001. 583.
AGROJURIS. Software para recomendação de adubação e calagem profissional.
Agrophytos Solo SAAT. Viçosa, 2013.
CORREA, Rodrigo Studart. Recuperação de Áreas Degradadas pela Mineração no
Cerrado: Manual para revegetação. Brasília: Universa, 2009.
Universidade Federal de Rondônia, Av. Norte Sul, 7300 – Nova Morada, Rolim de
Moura – RO, 78987-000, [email protected]; [email protected];
[email protected]; [email protected]
RESUMO
389
secundárias tardias, apresentando VI de 3,85 e 3,67%. A espécie E. precatoria
caracterizada como pioneira ocorreu distribuída em todos os estratos e apresentou VI de
1,57%. O I. striata é classificado como secundária inicial, esteve presente nos dois
primeiros estrados, o VI foi de 1,24%, por fim a espécie T. subincanum classificada
como clímax ocorreu distribuída nos dois primeiros estratos com VI de 1,04%. As
espécies apresentam potencial para recuperação de áreas degradadas, salienta-se ainda a
importância do uso desses grupos de espécies, uma vez que elas atraem agentes
dispersores que possam auxiliar no avanço dos processos de sucessão na área a ser
recuperada.
Abstract
The objective of this work was to characterize the patterns of occurrence of native fruit
species as a tool to identify the potential for their use in recovery programs in degraded
areas in the state of Rondônia. The work was carried out in the Guaporé Biological
Reserve, based on a floristic and phytosociological survey in a conserved area. The data
were obtained in 10 permanent plots of 2500 m2, identifying the species and analyzing
the horizontal, vertical structure (lower (h < 9 m), medium (9,1 m ≤ h < 19 m), upper (h
≥ 19,1 m)), and ecological group (pioneers, early secondary, late secondary and climax)
of individuals with breast height diameter ≥ 10.0 cm. Subsequently, fruit species with
the highest value of importance were selected from the forest structure (Theobroma
speciosum, Protium robustum, Euterpe precatoria, Inga striata and Theobroma
subincanum). The species T. speciosum, distributed in the lower and middle strata and
P. robustum, distributed in all strata, were classified as late secondary, presenting VI of
3,85 and 3,67%. The E. precatoria species characterized as pioneer occurred in all strata
and presented VI of 1,57%. The I. striata was classified as secondary, was present in the
first two stages, the VI was 1,24%, finally the species T. subincanum classified as
climax occurred distributed in the first two strata with VI of 1,04%. The species present
potential for recovery of degraded areas, it is also important to use these groups of
species, since they attract dispersing agents that can aid in the progression of the
succession processes in the area to be recovered.
Introdução
390
eficientes. Nesse contexto, verifica-se o potencial dos levantamentos florísticos e
fitossociológicos para preservação, conservação e recuperação de áreas degradadas, por
disponibilizar informações sobre a identificação, distribuição geográfica, ecologia e
comportamento das espécies na estrutura das florestas (CHAVES et al., 2013).
Material e Métodos
391
Figura 30 - Localização geográfica da área de estudo na Reserva Biológica do Guaporé,
RO.
392
Figura 31 - Distribuição das parcelas em transectos em Floresta Ombrófila Aberta na
REBIO Guaporé.
(1)
393
(2)
(3)
(4)
Resultados e Discussão
394
De posse dos dados do inventário florestal, foram amostrados na área de estudo
1.354 indivíduos (DA = 541,6 ind.ha-1), destes 1100 foram identificados em 90 espécies
e 31 famílias. As espécies frutíferas Theobroma speciosum Willd. ex Spreng, Protium
robustum (Swart) D. M. Porter, Euterpe precatoria Mart., Inga striata Benth. e
Theobroma subincanum Mart., ocuparam 4º, 6º, 11º, 18º e 27° posição em termos de
valor de importância na floresta em relação ao total de espécies amostradas.
395
1,4 2,7
Euterpe precatoria Mart. 19 7,60 80 0,11 0,55 1,57 0,98
0 6
1,1 2,0
Inga striata Benth. 16 6,40 60 0,10 0,46 1,24 0,82
8 7
0,8 2,0
Theobroma subincanum Mart. 11 4,40 60 0,05 0,24 1,04 0,53
1 7
Nind: número de indivíduos observados na amostra; DA: Densidade absoluta (ind. ha-1);
DR: Densidade Relativa (%); FA: Frequência absoluta (%); FR: Frequência Relativa
(%); DoA: Dominância Absoluta (m².ha-1); DoR: Dominância relativa (%), VI: Valor
de importância (%), VC: Valor de Cobertura (%).
Segundo Nóbrega et al. (2007), citam que o I. striata é uma espécie adaptada a
longos períodos de alagamento (30 dias) e solos de baixa fertilidade (NÓBREGA et al,
2007), é recomendada para recuperação de matas de galeria (PONTARA et al., 2008).
396
Couto et al. (2010) complementa que a espécie apresentar grande densidade e volume
do sistema radicular, que possibilita maior eficiência no ancoramento de partículas do
solo, o que pode favorecer para o uso da espécie em programas de recuperação de áreas
ciliares. Como verificado para a E. precatoria, a baixa densidade e frequência
observada para essa espécie, pode estar associada as características do ambiente
estudado.
397
Protium robustum 5 12,16 24 3,72
E. I. (h < 9 m) 35
E. S. (h ≥ 19,1 m) 0
E. I. (h < 9 m) 10
E. S. (h ≥ 19,1 m) 3
E. I. (h < 9 m) 3
E. S. (h ≥ 19,1 m) 6
E. I. (h < 9 m) 3
E. S. (h ≥ 19,1 m) 0
E. I. (h < 9 m) 3
E. S. (h ≥ 19,1 m) 0
h = altura (m); S = Desvio Padrão (m); nij = Número de indivíduos amostrados em cada
estrato.
398
Nesse sentido, percebe-se que as espécies frutíferas avaliadas nesse estudo
apresentam potencial para recuperação de áreas, em consórcio com espécies pioneiras e
em enriquecimento de áreas em processo de recuperação. Ressaltando, que o I. striata e
T. subincanum poderão apresentar melhores resultados em áreas ciliares.
Conclusões
Agradecimentos
Referências Bibliográficas
399
ATTANASIO, C. M.; RODRIGUES, R. R.; GANDOLFI, S.; NAVE, A. G. Adequação
ambiental de propriedades rurais recuperação de áreas degradadas restauração de matas
ciliares. Piracicaba: ESALQQ-USP/LERF, 63 p. 2006.
COUTO, L.; GONÇALVES, W.; COELHO, A.T.; PAULA, C.C.; GARCIA, R.;
AZEVEDO, R.R.; LOCATELLI, M.V.; ADVINCULA, T.G.L.; BRUNETTA,
J.M.F.C.; COSTA, C.A.B.; GOMIDE, L.C.; MOTTA, P.H. Técnicas de
Bioengenharia para revegetação de taludes no Brasil. Viçosa, MG: CBCN, 2010.
118 p. (Boletim técnico, 1).
400
LORENZI, H. Árvores brasileiras. Vol. III Manual de identificação e cultivo de
plantas arbóreas nativas do Brasil. 1º ed. São Paulo, Nova Odessa: Instituto Plantarum.
2009. 384p.
401
ESTUDO PARA FORMAÇÃO DE COBERTURA VEGETAL DA PILHA DE
GESSO
R. O. Oliveira
RG Bioengenharia Ltda
Rua Marginal, 89 – Bairro Primavera I – Paracatu/MG - Brasil
[email protected]
Telefone: (38) 3672 4899
RESUMO
402
1 INTRODUÇÃO
2 MATERIAL E MÉTODOS
No início dos trabalhos foram feitas as escolhas das áreas e, em sequência, a preparação
do terreno para instalação dos testes, apresentando os tratamentos necessários e
modelagem de terraplanagem e topografiasa serem seguidas de acordo com o projeto da
Side Slope Test Plots and Vale Fertilizantes – Uberaba Facility Minas Gerais,
Brazil, 2011Ardamam & Associates, Inc e Orientadas pelas Seções 1 a 7.
A localização dos canteiros está sob as coordenadas Lat/long19º 59’11.32”S –
47º52’32.21”O.
403
Foto 1 – Localização dos testes na Pilha de Gesso
Foram realizados ostrabalhos mecânicos de conformação e controle de águas
surgenciais,oriundasda própria operação de deposição de gesso vindo do processo de
beneficiamento minerológico do fosfato.A drenagem daságuas pluviais foram de
extrema necessidade para manter todas as áreas de trabalho bem drenadas e secas
durante a construção dos canteiros eproteção contra processos erosivos na superfície do
talude onde estão inseridos os canteiros.
O trabalho de correção de pH do fosfogesso foi norteado pelo projeto Side Slope Test
Plots and Vale Fertilizantes – Uberaba Facility Minas Gerais, Brazil, 2011
Ardamam & Associates, Inc. (Ardamam, 2011)
As áreas selecionadas foram conformadase dimensionadaspara canteiros de 180 m2com
a drenagem necessária eforam nomeadas na seguinte ordem: L1a, L1b, L1c, L2, L3, L4
e L5.
Para a correção do pH, foram realizadas as coletas do material nos locais destinados aos
canteiros obtendo resultados do fosfogesso in loco na pilha de gesso e amostradas na
Tabela 01, que mostramos resultados obtidos para cada canteiro.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1 Plantio
405
Foto 1 – Cenário após 3 replantios Foto2 – Fechamento parcial L -1a
Para base de dados, vale ressaltar que, para atingir o resultado disposto acima, o custo
foi quatro vezes maior e o cenário ainda pode ser melhorado com replantios nas partes
falhas e com erosões, ouseja, o custo e o tempo de fechamento da área tende a aumentar
consideravelmente.
406
Foto 7- Fechamento Total da área Foto 8– Desenvolvimento rápido e
vigoroso
O canteiro L2 teve sucesso satisfatório já no primeiro plantio e se adaptou muito bem ao
cenário das pilhas, tendo visíveis brotamentos de estolões, fechamento e germinação de
100%.
Foto 11– Baixa germinação e pouco domínio Foto 12– Cenário Atual
O canteiro L4 não apresentou o resultado esperado. Podemos afirmar que não houve
sucesso no canteiro por semeadura de bermuda, pouca germinação das sementese com
407
muitas invasoras típicas conhecidas como pé de galinha (Eleusine indica) e outras
espécies.
Obs: Foi o único canteiro que não tivemos sucesso com a grama bermuda.
Foto 13 – Fechamento Total da área Foto 14– Morte parcial após 4 meses de
plantio
No canteiro L5 tivemos sucesso no fechamento e na germinação de seus estolões e no
domínio superficial nos primeiros meses. Logo após 4 meses de plantio a espécie
começou a sentir limitações para sua proliferação e desenvolvimento radicular e aéreo,
sucumbindo de forma total do canteiro.
O teste tem o objetivo de mostrar a propagação radicular das espécies plantadas nos
canteiros e com isso avaliar a eficiência de cada variedade vegetal na adaptação e
assimilação do fosfogesso como substrato para seu desenvolvimento.
O canteiro L1a teve bom desenvolvimento radicular com propagação de raízes maior
que 15 cm de comprimento, que assimila melhor a absorção de nutrientes diretos do
fosfogesso.Esse desenvolvimento radicular não definiu o canteiro como um sucesso,
pois a propagação de estolões e ramificação aéreas se mostrou com várias falhas e o
canteiro totalmente heterogêneo referente a ocupação da cobertura vegetal formada na
superfície que foi de 50 a 60%, ou seja, as sementes não se mostraram eficazes e
eficientes no método utilizado, o que não inviabiliza o uso da espécie, mas mostra a
afinidade da espécie com o fosfogesso. O sistema radicular é uma evidência nítida da
adaptação, mais vamos notar o comportamento da mesma espécie com a utilização de
placas no lugar da sementes.
408
Foto 415- Radículas desenvolvidas Foto 16 - Emissão de radículas >15cm
O Canteiro L1b obteve excelentes resultados de desenvolvimento radicular além de se
mostrar eficiente formando uma trama vegetal, fortalecendo e contendo o arraste de
material e insumos. O uso do tapete da grama esmeralda favoreceu diretamente a
adaptação da espécie formando e estabilizando o fechamento radicular e se
desenvolvendo com comprimentos maiores que 15 cm e mostrando condições de
fechamento da parte aérea com vigor e homogeneidade na cobertura vegetal do canteiro.
409
a espécie teria geotropismo positivo, o que influencia no aprofundamento das raízes,
mostrando suas adaptações ao cenáriocom limites de fertilidade no substrato, no caso, o
fosfogesso.
O plantio do canteiro L5, tambémde grama em placa batatais, mostra a sua falta de
adaptação ao fosfogesso.
410
O canteiro L1c e L5 foram exatamente iguais na sua formação e plantio. A espécie não
desenvolveu radículas no fosfogesso e se mantiveram em condições de
desenvolvimento somente no solo que veio agregado às placas.
As condições para o plantio foram desenvolvidas para elevar o pH das águas infiltradas
na pilha de gesso. Através da revegetação da pilha tentamos desenvolver soluções para
o controle do passivo na geração de águas ácidas.
O gráfico 2 mostra a elevação do pH de cada canteiro, comparando os resultados da
coleta de solo em agosto/2014, setembro/2014 e os resultados de Julho/2015. Ele expõe
que o plantio influenciou diretamente para a elevação do pH e estabilização média do
pH do fosfogesso em 5,3, que, supostamente, foram infiltrados e percolados para o
sistema de drenagem da pilha.
Nos principais solos, a matéria orgânica é responsável por mais de 70% da CTC-
dependente de pH, conforme foi demonstrado por PAVAN et al. (1985).
Ao promover o aumento da CTC-dependente de pH, a matéria orgânica beneficia
a absorção de cátions trocáveis (Ca, Mg, K) mediante trocas com o H+ dos grupos
funcionais orgânicos, aumentando a saturação por bases. Por reduzir a velocidade
de oxidação da matéria orgânica, contribui para o aumento da saturação por bases
no complexo catiônico e a consequente melhoria da fertilidade dos solos
CALEGARI et al. (1992).
411
Monitoramento dos pH
ago/14 set/14 jul/15
6,1
g 5,215,3
5,12
5,015,3 5,195,2 5,5
/ 4,95 5,355,2
2,6 2,8
d 2,8 4,8
2,5 2,6
m 2,8
2,9 3,2
3
L 1a L 1b L1c L2 L3 L4
L5
Canteiros
Gráfico 1 – Níveis de pH
3.8 TISDALL & OADES (1982) mostraram que a matéria orgânica exerce papel
importante na formação e estabilização dos agregados do solo, pelas ligações de
polímeros orgânicos com a superfície inorgânica por meio de cátions polivalentes.
diretamente dos fatores ambientais e bióticos que afetam a dinâmica na matéria orgânica
no sistema solo planta. Biomassas com relação C/N mais ampla possuem maior efeito
solo. Nessa situação, as gramíneas atuam de forma mais eficaz para promover a
formação de agregados, tanto pela ação direta das raízes como pelo suprimento de
412
melhor suporte da vegetação desenvolvidas nos canteiros.
Título do Eixo
ago/14 jul/15
6,5 6,8
3,9
2,7 3,9
4 CONCLUSÃO
Os canteiros mais adaptados até o momento do teste da pilha de gesso da unidade Vale
Uberaba/MG são os L1b, L2 e L3, pois eles estão em contato direto com fosfogesso e
mostraram vigor e homogeneidade em toda a superfície, criando uma estética bastante
valorizada a olhos nus. O canteiro L3 se mostrou bastante adaptável e aqui vale a
observaçãopoiso canteiro é composto por argila que é um cenário ideal para o
desenvolvimento de plantas. Os canteiros de placas, além de fornecerem matéria
orgânica que vem junto ao tapete, oferecem a estética e a homogeneidade imediata aos
canteiros garantindo o sucesso do plantio, exceto nos L1c e L5, onde somente os
canteiros de placas do gênero Paspalum não obtiveram sucesso com o fosfogesso como
substrato primário para sua pega e estabelecimento vegetal.
Como conclusões afirmamos que os canteiros L1b e o L2 são os de maior sucesso de
cobertura vegetal pelos resultados apresentados até aqui, mas será necessário avaliar os
canteiros durante a estação chuvosa e pós-chuva, refazer as avaliações de solo e água e
ainda assegurar critérios que não comprometam os testes, tais como: rotina de adubação,
roçadas e avaliações químicas de solo e água coletados.
Os resultados apresentados neste relatório são preliminares e necessitam de outros
dados para ser complementado com avaliação do infiltrado e outros testes necessários
com fertilidade, matéria orgânica, pH do solo e condições climatológicas de acordo ao
local.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARDAMAM & ASSOCIATES. Side Slope Test Plots and Vale Fertilizantes – Uberaba
Facility Minas Gerais, Brazil, 2011
413
FERREIRA, Alfredo Gui; BORGHETTI, Fabian. Germinação: do básico ao aplicado.
Porto Alegre: Artmed, 2004.
RIBEIRO, José Felipe; FONSECA, Carlos Eduardo Lazarini da; SILVA, José Carlos
Sousa Silva. Cerrado: caracterização e recuperação de matas de galeria. Planaltina:
Embrapa Cerrados, 2001.
414
UTILIZAÇÃO DEVEÍCULO AÉREO NÃO TRIPULADO (VANT) COMO
FERRAMENTA AUXILIAR NA IDENTIFICAÇÃO E QUANTIFICAÇÃODE
ÁREAS DEGRADADAS NA FAIXA DE DOMÍNIO DE RODOVIAS
Jhonatan Tilio Zonta1; Cristhyano Cavali da Luz1; João Vinicius Sachet2; Rodrigo de Castro
Moro2; Nicole Cavali da Luz4; Durval Nascimento Neto2; Eduardo Ratton3
1
Fundação da Universidade Federal do Paraná - FUNPAR, Rua João Negrão, nº 280,
Curitiba - Paraná - Brasil. 2Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná - FUPEF, Av. Prof.
Lothário Meissner, nº 900, Curitiba - Paraná - Brasil. 3Universidade Federal do Paraná -
UFPR, Centro Politécnico, Departamento de Transportes, Av. Cel. Francisco H. dos Santos,
s/n, Curitiba - Paraná - Brasil. 4 Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR, Rua
Imaculada Conceição, nº1155, Curitiba - Paraná - Brasil.
e-mail: [email protected]; [email protected]
RESUMO
Palavras Chave: Veículo aéreo não tripulado, áreas degradadas, passivo ambiental,
rodovias.
Introdução
415
compatibilizar as políticas de desenvolvimento do Governo Federal com um sistema
logístico de transporte que necessita ser competitivo.
Nos termos da gestão ambiental, uma área degradada pode ser compreendida
como locais onde existem processos causadores de danos ao meio ambiente, pelos quais
se perdem ou se reduzem algumas de suas propriedades, tais como a qualidade
produtiva dos recursos naturais (Brasil, 1989).
416
Áreas degradadas em empreendimentos rodoviários
O Ibama (2011) define uma área degradada como área degradada como uma área
impossibilitada de retornar por uma trajetória natural, a um ecossistema que se
assemelhe a um estado conhecido antes, ou para outro estado que poderia ser esperado.
Portanto, uma área degradada dentro da faixa de domínio de uma rodovia é considerado
um passivo ambiental, ou seja, o conjunto de alterações ambientais adversas decorrentes
de (Brasil, 2013):
417
Utilização da plataforma VANT
Objetivos
418
Assim, são elencados os seguintes objetivos específicos:
Material e métodos
419
Figura 2–Sistema VANT utilizado para imageamento e inspeção da área degradada,
modelo DJI Phantom 2 Vision.
420
5.3 Procedimentos metodológicos
421
Figura 2–Realização do voo através de um VANT, tipo multirrotor, para aquisição das
fotografias aéreas.
422
Figura 3–Esquerda: alinhamento aéreo das fotografias obtidas. Direita: vista
longitudinal das tomadas fotográficas obtidas pelo VANT, nas distintas alturas de 40 e
60 metros.
423
Figura 5– Grade triangular irregular – TIN obtida no processamento com o Photoscan.
Resultados e Discussão
424
maiores de imageamento, recomenda-se que se planeje o voo de modo a
se obter um alto índice de sobreposição lateral e longitudinal, superior à
90% em ambas, em razão da instabilidade da plataforma no instante de
tomada de cada fotografia e, também, há necessidade de se adquirir
uma quantidade maior de pontos homólogos durante o processamento,
evitando-se áreas sem recobrimento. Esta é uma importante condição
que deve ser respeitada ao se realizar mapeamento com plataformas
autônomas;
425
respectivos pesos atribuídos. O valor de IP foi de 4,3 e corresponde à necessidade
urgente de recuperação da área, ou seja, indica passivos ambientais de gravidade
intermediária cujas ações de recuperação podem ser de médio prazo.
Conclusões
Agradecimentos
Os autores agradecem ao Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes (DNIT)e o Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura da
Universidade Federal do Paraná (ITTI/UFPR).
Referências bibliográficas
426
AGUERA, F., CARVAJAL, F., PEREZ, M. Measuring sun-flower nitrogen status
from an unmanned aerial vehicle-based system and an on the ground device.
Proceedings of the International Conference on Unmanned Aerial Vehicle in
Geomatics, Vol. 38, Zurich, Switzerland, 2011.
BRASIL. Lei Federal nº 6.938 de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente. Brasília, 1981.
427
FOGLIATTI, M.C; FILIPPO, S; GOUDARD, B. Avaliação de Impactos Ambientais
– Aplicação aos Sistemas de Transporte. Rio de Janeiro: Interciência, 2004. 249 p.
FURUKAWA, Yasutaka & PONCE, Jean (2010) - Accurate, Dense, and Robust
Multi-View Stereopsis. IEEE Transactions on Pattern Analysis and Machine
Intelligence, Vol. 32, No. 8, pp 1362-1376.
LELONG, C. C. D., BURGER, P., JUBELIN, G., ROUX, B., LABBÉ, S., BARET, F.
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wheat crop in small plots. Sensors, V. 8, 2008, p. 3557-3585.
LUZ, C.C; KAPP Jr, C. Validação metodológica da utilização de veículos aéreos não
tripulados no planejamento territorial. X Congresso Brasileiro de
Agroinformática. Out, 2015.
PIMENTA, A.; RATTON, E.; BLASI, G.; SOBANSKI, M.; ALBACH, D. Gestão
para o licenciamento ambiental de obras rodoviárias – conceitos e procedimento.
Curitiba/PR, 2014.
428
11° SIMPÓSIO NACIONAL DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS
10 R. S. S. S. R. França; E. É. V. Miranda;
O. POKREVVIESKI; G. A. MORAIS
11
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Unidade de
Ivinhema, Av. Brasil, 771, Bairro Centro, CEP 79740-000, Ivinhema –
MS, Brasil, [email protected], (67) 3921 1480
B. B. ROSA; A. R. T. NASCIMENTO
429
Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de Biologia, Av. Pará, nº
1720, Campus Umuarama, Uberlândia, Minas Gerais,
[email protected]
14 M. J. A. Silva
430
Rolim de Moura - RO, Brasil, [email protected], (69)
98459-9763
R. F. ; SILVA
33
Faculdade Pitágoras – Unidade Raja Gabaglia – Belo Horizonte (MG)
Endereço: Av. Raja Gabaglia, 1306 – Cidade Jardim - MG – CEP 30160-
041
Fone: (31) 2111-2800
431
[email protected]
² Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC) - Av. Universitária,
1105 - Universitário, Criciúma, SC- Brasil. CEP: 88.806-000. Telefone:
(48) 3431-2500. E-mail: [email protected]
432
E-mail: [email protected]; [email protected];
[email protected]; [email protected]
433
Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais
Avenida Costa e Silva, s/n - Bairro Universitário - Campo Grande/MS
(Brasil)
[email protected]; [email protected] / fone: (67) 3345-
7392
(2)
Instituto Homem Pantaneio - IHP
Ladeira José Bonifácio, 171, Porto Geral - Corumbá/MS (Brasil)
[email protected]; [email protected];
[email protected]
434
J. C. S. ROSA11; B. A. SOUZA12;; C. S. MACHADO13;; M.
GIANNOTTI14; J. A. QUINTANILHA15; L. E. SÁNCHEZ16
1
Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo – FAPESP,
doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mineral,
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Autor para
correspondência. Av. Professor Mello de Moraes 2373. CEP: 05508-900
São Paulo, SP. Brasil. [email protected] (11) 30915188.
1
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mineral,
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
1
Pós-doutoranda no Departamento de Engenharia de Transportes, da
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
1
Professora do Departamento de Engenharia de Transportes, Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo.
1
Professor do Departamento de Engenharia de Transportes, Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo.
1
Professor Titular do Departamento de Engenharia de Minas e de
Petróleo, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
435
Associação Mineira de Defesa do Ambiente - Amda
Rua Costa Pinto, 258, Vila Paris. Belo Horizonte - MG. CEP: 30380-700
www.amda.org.br / [email protected]
Telefax: (31) 3291 0661
436
Avenida 24 A n. 1515, Bela Vista. CEP 13506-900, Rio Claro, São Paulo
Brasil. E-mail: [email protected]; [email protected].
437
DA PEDAGOGIA DE PROJETOS: UM RELATO DE
EXPERIÊNCIA
81
W. de O. Rocha1; R. L. J. S. Villela2; K. D. B. Maas1
1
Professores do Curso de Engenharia Ambiental do Centro Universitário
de Várzea Grande – UNIVAG, Av. Dom Orlando Chaves, 2655, Cristo
Rei, Várzea Grande – MT, CEP 78118-900. E-mail:
[email protected] , Contato: (65) 3688-6215.
2
Professora do Plural Centro Educacional, Rod. Arquiteto Helder Cândia,
101 - Jardim Ubirajara, Cuiabá - MT, e Mestranda em Ensino de Ciências
Naturais – Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, Faculdade de
Agronomia e Medicina Veterinária, Av. Fernando Corrêa da Costa, 2367,
Boa Esperança, Cuiabá – MT, CEP 78060-900. E-mail:
[email protected].
438
CADASTRO AMBIENTAL RURAL: DE POLÍTICA PÚBLICA A
FERRAMENTA DE GESTÃO TERRITORIAL NO ESTADO DE
MINAS GERAIS
Resende; R. U.
88
Bim, O. J. B. - [email protected]
Iniciativa Verde, Rua João Elias Saada, 46, Pinheiros, São Paulo, SP,
Brasil, contato: +55113647-9293
Universidade Nilton Lins - Av. Professor Nilton Lins, 3259. Parque das
Laranjeiras - CEP: 69058-030 - Manaus/AM. Telefone: (92)3643-2000
439
USO DA CHUVA DE SEMENTES COMO INDICADOR DA
RESTAURAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS EM SOROCABA,
SP
Rumo Logística S.A. - Rua Emilio Bertolini, nº 100, Vila das Oficinas,
Curitiba/PR, CEP 82920-030, site: www.pt.rumolog.com; email:
[email protected] – (41) 2141-9754.
Gilderlon dos Santos Soares1; Nayara dos Santos Queiroz1; Jairo Rafael
Machado Dias1; Nilson Reinaldo Fernandes dos Santos Júnior1; Diogo
Arthur Valiati Dantas1; Alessandra Alves Costa1; Wanderson Cleiton
103 Schmidt Cavalheiro1; Jhony Vendrusculo1
440
RECUPERAÇÃO DE ÁREA DEGRADADA POR GARIMPO DE OURO NO
RIO CREPORI-PA
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
O rio Crepori, localizado no estado do Pará (Figura 1), é um dos afluentes do rio Tapajós, onde
há intensa atividade de lavra garimpeira com foco na extração aurífera. A atividade garimpeira,
no conjunto da bacia hidrográfica do rio Tapajós, é uma grande fonte de impactos ambientais
negativos, que vem sendo alvo cada vez mais frequente de fiscalização por parte de Órgãos
governamentais, que buscam coibir tal atividade impactante na região.
441
No contexto do rio Crepori, os garimpeiros formaram cooperativas de garimpo, e por meio
destas, tentar legalizar suas atividades, adequando seus procedimentos extrativos com a
sustentabilidade ambiental, algo que vem sendo muito bem recebido por autoridades e órgão
competentes, que no desejo de cumprir suas funções oficiais, também almejam o
desenvolvimento sustentável regional, sendo o garimpo de ouro, um dos principais geradores de
emprego e renda nos municípios da região.
Assim, com amparo legal, foi realizado no local de interesse de lavra garimpeira, um estudo
ambiental prévio, partindo do qual, foi elaborado um projeto, que abarca as atividades
garimpeiras com a recuperação ambiental.
A situação do local de interesse é de degradação severa do solo das margens, leito do rio
assoreado, intenso processo de erosão e queda de biodiversidade, dentre outros. E partindo
dessa situação ambientalmente negativa, pretende-se extrair o ouro do material depositado no
leito do rio, assumindo o passivo ambiental existente.
Para tanto, foi proposto, uma solução inédita na região, que se resume em extração aurífera do
leito do rio, com recuperação ambiental simultânea. Que consistirá na execução coordenada de
diversas técnicas de recuperação de áreas degradadas, aplicadas a cada tipo de degradação
identificadas no local, com a lavra garimpeira de ouro no leito do rio, de onde será conduzido o
material retirado do leio para as margens, onde será aplicada procedimentos de geotécnica
ambiental e posterior revegetação das margens.
Estes objetivos foram elaborados para se alinhar com métodos de recuperação de áreas
degradadas, que prezam pela mínima interferência possível, e quando esta for inevitável, que
seja realizada de forma precisa, e com baixa intervenção de maquinário pesado ou reagentes
químicos externos, preferencialmente utilizando técnicas e tecnologias de Bioengenharia e
Engenharia Natural.
De forma a ilustrar os objetivos propostos de forma espacial, foi realizada uma análise da
paisagem e o resultado é o mapa temático abaixo (Figura 2) que representa as áreas de interesse
e o conjunto paisagístico atual e o pretendido.
442
Figura 33: Mapa Temático
443
2. MATERIAL E MÉTODOS
A metodologia proposta para executar a recuperação das áreas degradadas do rio Crepori, segue
os princípios expostos nos objetivos, que consiste na utilização reduzida de máquinas pesadas e
reagentes químicos.
A reabilitação ambiental será simultânea a extração aurífera, que utilizando da técnica S.M.G.I.
retirará as partículas de ouro fino do material dragado do leito do rio, operação esta que produz
rejeito (arroto), que será canalizado para a margem, para ser tratado e utilizado na recomposição
do relevo alterado, e por fim será realizada a revegetação do local. O diagrama abaixo ilustra
este procedimento.
Dados Primários:
Levantamento fotográfico – Drone Phanton 3 Standard da DJI, com câmera Full
HD
Levantamento em Vídeo – Drone Phanton 3 Standard da DJI, com câmera Full HD
Verificação dos Equipamentos de Extração, Desmonte, Carga, Transporte e Apoio
Coleta de pontos e coordenadas geográficas por meio de GPS de navegação
Dados Secundários:
Aquisição de imagens de satélite – Landsat 8.
444
Levantamento de dados e informações geográficas em órgãos oficiais (EMBRAPA,
IBGE, INPE, INMET)
Processamento das imagens, dados e informações em Software SIG – Sistema de
Informações Geográfica
Elaboração de mapas temáticos, desenhos e diagramas
O diferencial que este empreendimento terá, será o destino do rejeito (Arroto) da extração,
que no garimpo tradicional e histórico é disposto no próprio rio, e agora o rejeito será
aproveitado para a reabilitação ambiental.
Para tanto, serão realizadas alterações nos equipamentos de extração conforme a Técnica
S.M.G.I - Smart System of Mining and Gold-Digging (PENHA, 2017), desenvolvida e
idealizada pelo Geólogo Antônio Carlos da Penha. Técnica esta, que permite a retirada de
Ouro fino, que no passado foi deixado pela garimpagem rustica que não dispunha das
tecnologias contemporâneas. Além das partículas finas de Ouro, o S.M.G.I permite o
desassoreamento do rio, de forma que o material dragado é levado para a margem para
tratamento geotécnico.
Os equipamentos utilizados para executar a lavra garimpeira e que também serão utilizados
quando cabível para a recomposição ambiental são os listados na Tabela 1, abaixo.
Nas áreas com alteração de relevo serão utilizadas técnicas de (I) Retirada de Material em
áreas com deposição de rejeitos antigos; (II) Aterramento de escavações e cortes, com
material proveniente tanto da dragagem do leito do rio, como da retirada de material com
acréscimos; (III) Retaludamento de escavações e voçorocas, com material remanejado do
445
leito e das margens provenientes das técnicas anteriores; (IV) Revegetação de escavações,
cortes, voçorocas, aterros e pilhas de rejeito estável (ZUQUETE, 2015).
Mas, pensando nas falhas e ineficiência eventual das técnicas acima apresentadas, as
alternativas para sanar essa situação, serão: (I) Medidas de Macrodrenagem; (II) Medidas de
Bioengenharia de contenção, desvio de fluxo, acúmulos e dispersões hidráulicas.
Como medidas de recuperação das áreas com processos erosivos serão aplicadas as técnicas
de caráter Ecológico, Mecânico Estrutural e de bioengenharia, dando preferência para as
técnicas que envolvam uma grande sinergia natural. A lista abaixo, descreve o conjunto
geral de técnicas para contenção de processos erosivos (Adaptado de CALIJURI &
CUNHA, 2013):
O curso de ação pretendido será: (I) Técnicas Ecológicas (II) Técnicas de Bioengenharia.
Como curso de ação alternativa estão: (I) Técnicas Mecânicas, (II) Técnicas Estruturais, que
serão implementadas apenas em caso de falha das técnicas preferenciais.
2.5 Desassoreamento
446
Como medidas de recuperação das áreas assoreadas, passarão por dois caminhos
obrigatórios (I) Controle na fonte do material granular responsável pelo assoreamento e (II)
retirar o material granular das zonas assoreadas. As fontes de material granular
normalmente são oriundas de processos erosivos ou de movimentação de materiais
geológicos, assim as medidas que recaem para esta condição são aquelas citadas para as de
processos erosivos. De forma geral, o material granular/sedimentar do leito do rio Crepori
será dragado para a margem, onde serão aplicadas as técnicas de controle de relevo
(CALIJURI & CUNHA, 2013)
2.6 Revegetação
Para a recuperação da Flora local, foi levada em consideração a proximidade com as Áreas
Preservadas, dos fragmentos florestais e da Floresta Nacional do rio Crepori, para
determinação da técnica principal de recuperação da vegetação. Esta consistirá em uma
mescla de (I) regeneração natural com (II) transposição de solo e serrapilheira, (III)
transposição de galharia e (IV) criação de poleiros naturais e artificiais (SOARES, 2009). A
alternativa a essa técnica será o plantio heterogêneo com mudas ou semeadura e o
enriquecimento com espécies nativas.
I. Regeneração Natural
Esta técnica consiste em retirar porções do solo junto com serrapilheira, das áreas
preservadas e fragmentos vegetais próximos, e coloca-las em fileiras, faixas ou ilhas
com espaçamento uniforme, nas áreas degradadas.
Como medida de recuperação da fauna, tanto aquática como as terrestres e aves, serão
aplicadas as seguintes técnicas: (I) proibição da caça e pesca ilegal, (II) recuperação da
qualidade do ecossistema aquático, (III) Implementação de corredores ecológicos. Essas são
as medidas diretas para recuperação, mas deve-se levar em consideração as inter-relações
com as demais medidas de recuperação, que também afetarão a fauna de forma positiva
(SOARES, 2009).
447
Como medida de recuperação da fauna, a proibição da caça e da pesca ilegal, na
área do empreendimento, será de fundamental importância, para o retorno da fauna
ao local, para a propagação de sementes e propágulos, para a restruturação dos
serviços ecossistêmicos, para um retorno a zona de equilíbrio populacional das
espécies, dentre outros. Ressalta-se o termo caça e pesca ilegal, pois a caça e pesca
de subsistência das populações humanas, fogem ao escopo e autoridade da
cooperativa que irá implementar o empreendimento proposto.
Os corredores ecológicos, serão áreas de acesso restrito, onde sua função será a de
proteger a fauna e proporcionar sua livre circulação entre as áreas florestais, as áreas
preservadas, as áreas recuperadas e as áreas em recuperação, ou seja, sua função
será de vital importância para que ocorra uma recuperação ambiental de forma
natural e sustentável, já que para se aplicar essa técnica exigisse pouquíssimo aporte
de recursos.
Assim para melhor esclarecer qual a metodologia de amostragem foi desenvolvida a Tabela
2, que descreve os dados a serem coletados, os indicadores e o método amostral.
448
Tabela 33: Dados, Indicadores e Métodos
UNIDADE DE
ASPECTO AMBIENTAL INDICADOR MÉTODO
MEDIDA
Registro de movimentos de massa,
Retirada de Material Volume de material removido medição in loco de volume m³
removido
Registro de movimentos de massa,
Acréscimo de Material Volume de material acrescido medição in loco de volume m³
acrescido
Registro de movimentos de massa,
Dragagem do Leito do Rio Volume de material dragado medição in loco de volume m³
despejado
Revegetação Área Reflorestada Medição via GPS das áreas Hectares/Mês
Consumo de recursos não
renováveis (óleos e Volume mensal consumido Registros de compra e consumo l/Mês
combustíveis)
Geração de resíduos
Quantidade gerada Registros de geração de resíduos Kg/Mês
sólidos
Extração de recursos Quantidade de minério extraída
Registos de minério extraído Kg/Mês
naturais não renováveis (Ouro)
71dB(A) a 20 m
Emissão de ruídos Nível máximo de pressão sonora Medições com decibelimetro
da operação
Carreamento de Volume de partículas por unidade de Medição de partículas e
t/Ano
partículas sólidas tempo sedimentação
Aumento ou redução das Superfície afetada, taxa de perda de
Medições e estimativas in loco T/Ha.ano
taxas de erosão solo
Criação de postos de Número de postos criado (Ep) por Registros de contratações e
Ep/Semestre
trabalho unidade de tempo dispensas
Incremento nas
Massa salarial por unidade de tempo Registros contábeis de pagamento Ms/Semestre
atividades comerciais
Aumento da arrecadação Massa tributaria por unidade de
Registros tributários Tributos/Ano
tributaria tempo
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Muitos dos danos ambientais causados pelos processos de degradação remontam a décadas
atrás, quando houve exploração aurífera do leito e margens do rio Crepori, de forma intensa e
sem preocupação com as variáveis ambientais. Estes impactos ainda se mostram presentes
atualmente, mesmo que uma pequena parcela tenha sido recuperada naturalmente, há locais
erodidos, assoreados, desmatados e contaminados pela exploração garimpeira do passado.
Somando-se os danos do passado com os da atual exploração garimpeira, foi possível a
449
elaboração da Tabela 3 que descreve os danos ambientais e seus processos causadores no rio
Crepori.
Em levantamento ambiental prévio, com uso da Tecnologia Drone de asa rotativa, foi possível
registrar o estado de degradação do solo das margens do rio Crepori como pode ser observado
abaixo, nas Figuras 4 e 5.
450
Figura 5: Área de Garimpo
abandonada, na margem
Oeste do rio Crepori, dentro
da FLONA do Crepori.
Espera-se com este Projeto, recuperar e reabilitar o meio ambiente degradado pela atividade
garimpeira, sem que com isso, seja necessário a proibição de tal atividade na região, já que
mediante os resultados de uma exploração aurífera racional, pode ser possível a alcunha de
Garimpo Sustentável, levando em consideração, os aspectos, econômicos, ambientais e
políticos.
4. CONCLUSÕES
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
451
DESENVOLVIMENTO DE APLICATIVO PARA AUXÍLIO NA DECISÃO DA
REVEGETAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS NO BIOMA CERRADO
R. S. S. S. R. França; E. É. V. Miranda;
RESUMO
1.0 INTRODUÇÃO
452
destruídas, perda da camada fértil do solo, alteração na qualidade e vazão do sistema hídrico
(MINTER/IBAMA, 1990) por ações como intervenções de mineração, efeitos de processos
erosivos acentuados, movimentação de máquinas pesadas, terraplanagem, construção civil e
deposição de lixo, entre outras.
Como a degradação pode ter sido ocasionada por impactos de várias ordens e magnitudes deve-se
proceder analisando cada caso separadamente, várias estratégias para a recuperação podem ser
propostas e o primeiro passo a ser dado é identificar o fator degradante da área. Uma vez
identificado, esse fator deve ser eliminado. E deve-se ainda, evitar sua reincidência (BARBOSA,
2006).
A recuperação de áreas degradadas por revegetação consiste na cobertura vegetal do solo, a fim
de reduzir a ação das chuvas e do vento evitando, o desenvolvimento de processos erosivos que
favorecem o carreamento de partículas e a degradação do ambiente (SANTOS et al., 2011;
NOGUEIRA et al., 2012). A recuperação dessas áreas pode ser realizada utilizando-se diversas
espécies vegetais, incluindo leguminosas arbóreas e herbáceas que atuam em simbiose com fungos
micorrízicos e bactérias fixadoras de nitrogênio atmosférico (NOGUEIRA et al., 2012).
Os grandes ecossistemas terrestres caracterizados por tipos fisionômicos semelhantes de
vegetação são denominados biomas. A palavra bioma é utilizada para indicar as unidades
fundamentais que compõe os maiores sistemas ecológicos (HAVEN, 2001).
O Cerrado é um dos principais biomas do Brasil e o segundo mais rico em biodiversidade e
também o berço de muitas espécies endêmicas de vegetais e animais. E este importante ecossistema
está ameaçado. A agricultura e a pecuária de alta tecnologia são atividades que contribuíram para a
redução deste bioma (DURIGAN et al., 2011).
A contribuição do Cerrado para o equilíbrio ambiental é indiscutível. Esse bioma está incluído
entre os hotspots globais para a conservação devido a sua alta diversidade biológica e rapidez com
que está sendo destruído (GANEM, 2007). Os hotspots são habitats naturais que correspondem a
apenas 1,4% da superfície do planeta, onde se concentram cerca de 60% do patrimônio biológico
do mundo. Esta lista inclui o Cerrado brasileiro e a Mata Atlântica (DURIGAN et al., 2011).
RIBEIRO et al., 2008 com base na fisionomia (forma), definida pela estrutura, pelas formas de
crescimento dominantes e por possíveis mudanças estacionais diferencia os tipos fitofisionômicos.
São descritos onze tipos principais de vegetação para o bioma, enquadrados em formações
florestais (Mata Ciliar, Mata de Galeria, Mata Seca e Cerradão) Savânicas (Cerrado sentido restrito,
Parque de Cerrado, Palmeiral e Vereda) e Campestres (Campo Sujo, Campo Limpo, Campo
Rupestre).
Nem todos os estados possuem uma legislação específica sobre a conservação do Cerrado, mas
há vários trabalhos acadêmicos disponíveis nos mecanismos de pesquisa em fontes científicas e
acadêmicas da web que ressaltam sua importância e, propõem mapas georreferenciados das áreas
que o abrangem para melhor gestão, entre outros trabalhos relevantes que priorizam a conservação.
Mas o uso de tecnologias de rede para gestão desse bioma, ainda é um recurso pouco difundido.
Aplicativos na área ambiental, ainda são ferramentas recentes. Alguns que estão disponíveis na
Google Play Store (loja oficial de apps do Google) podem ser citados com uma boa avaliação dos
usuários, como por exemplo: Plant. ai, EcoGuia, Monitor de Meio Ambiente, Defesa vegetal e
Solum, cada um deles com objetivos distintos voltados a área ambiental.
A criação de um software de auxílio na tomada de decisão para recuperar uma área degradada
parte da necessidade que técnicos, profissionais e até mesmo produtores rurais, aptos a realizar um
plano de recuperação de áreas degradadas, tem de obter informações importantes e claras.
São imprescindíveis ações para auxiliar na recuperação, através do uso de tecnologias. Este
trabalho visou o desenvolvimento de um aplicativo para celulares de fácil utilização online. O
usuário terá acesso a uma chave de decisão com as alternativas possíveis para recuperação de
vegetação, de acordo com as informações fornecidas por ele sobre o estado de degradação da área.
Além de fornecer uma lista de espécies mais frequentes nas fitofisionomias do Bioma Cerrado,
fornecida através de uma extensão do aplicativo (site da WIX).
453
2.0 MATERIAIS E MÉTODOS
O MIT App Inventor é uma plataforma para criação de aplicativos Android baseada na web,
que provê uma interface visual com o objetivo de permitir que qualquer pessoa, mesmo sem um
profundo conhecimento de codificação, possa construir aplicativos Android. O App Inventor é um
exemplo do conceito PaaS (Platform as a Service/ Plataforma como serviço) da Computação
Distribuída, pois a plataforma é oferecida como um serviço e está disponível para uso, bastando
apenas que o usuário tenha um computador conectado à internet e um browser. Foi traduzida para o
português, para popularizar o uso no Brasil. Como MIT App inventor é uma plataforma gratuita,
possui um número máximo (10) de telas usual, e uma capacidade máxima de uso de informações.
A plataforma é dividida em duas partes: App Inventor Designer, para a construção da interface
gráfica da aplicação, e o App Inventor Block Editor, para associar ações aos componentes da
interface.
Para iniciar o desenvolvimento do Aplicativo:
1° Passo: Para criação do aplicativo primeiramente deve-se entrar no site da plataforma
<http://ai2.appinventor.mit.edu/> e seguir o tutorial de como fazer a instalação do pacote de
software para configuração do App Inventor como é mostrado no site.
Após configurar o pacote no computador, é necessário logar com uma conta do google, (conta do
Gmail), para criar o aplicativo
2° Passo:
Figura 1 – Página da plataforma.
A seta indica onde deve ser clicado para iniciar um novo projeto ou as novas telas do App.
2.1 Projeções de Tela
A projeção de tela trata-se de como cada dela do App será feita, a figura 3, apresenta o ambiente
de criação inicial.
Figura 3 – Interface gráfica - Ambiente de criação inicial.
454
2.2 Criando a interface gráfica
A criação da interface gráfica é a primeira parte do desenvolvimento com o App Inventor. Para
tanto temos o ambiente de Design [Figura 3]. A seta indica na parte esquerda da tela está a Paleta
de componentes, que contém componentes visuais (botões, caixas de texto, etc) e não visuais
(elementos para arranjo de tela, sensores, etc). Para adicionar componentes à interface basta
arrastá-los da paleta para dentro do Visualizador, que possui uma tela central imitando a tela de um
dispositivo Android. À medida que elementos vão sendo inseridos na tela, eles aparecem na seção
Componentes. Para alterar as propriedades de um componente basta selecioná-lo na lista de
componentes e suas propriedades são habilitadas na parte direita da tela, na seção Propriedades.
Figura 4 – Tela 1 - interface gráfica (design)
455
Uma vez que o design foi montado, foram colocadas as funções a cada um dos componentes
selecionados. Para isso é preciso clicar no botão “Blocks” (Blocos), que levará para uma nova tela.
A programação no App Inventor é baseada em blocos [Figura 5], que são combinados entre si.
Para usá-los basta arrastar do menu esquerdo (que possui três abas de componentes) para o centro
da tela, onde a montagem foi feita. Os Blocos são associados aos elementos definidos nesta
aplicação que representam ações relacionadas a botões, como Click.
O menu na lateral esquerda fornece duas abas de comandos: “Built-in”(Internos) que está em
destaque na Figura 5 (quadrado vermelho), e “Any component” (qualquer componente). Todos os
objetos inseridos no programa têm comandos de início na aba “Screen1” (referente a tela que está
sendo desenvolvida), ao passo que os comandos de execução estão localizados na aba “Built-In”
construídas em: controle, lógica, matemática, texto, listas, cores, variáveis e procedimentos. A
combinação de um ou mais comando de “Blocks” e comandos “Built-In” forma uma ação
completa. E para facilitar a construção das ações, os comandos são estruturados como peças de
quebra-cabeças. Apenas funções compatíveis se encaixam. Os blocos utilizados em comandos
“built-In” na tela 1 (Figura 5) foram: controle e texto.
A tela 2 (Figura 6) possui componentes como o logo do RAD Cerrado (imagem), legendas e os
botões (componentes - da Paleta a esquerda) onde são colocadas imagens escritas “sim” e “não”. A
programação de blocos (figura 7 abaixo) em comandos “built-In” na tela 2 foram adicionados:
controle (do botão) e texto (para redirecionamento a tela 3).
456
Figura 8 - Tela 3 – Design.
A tela que mais possui perguntas e respostas (Figura 8 - tela 3 do App), com um design
composto do logo do App, perguntas (componente - legendas da Paleta a esquerda) e os botões
(componentes - da Paleta a esquerda) onde foram colocadas imagens escritas “sim” e “não”. A
figura (9) a seguir mostra a programação feita em blocos, onde foram colocados os comandos
“built-In” de controle (indicando ou controlando a função dos botões conforme o click do usuário)
e texto (para indicar as telas a serem redirecionadas)
Figura 9 – Tela 3 – Programação em blocos.
A tela 4 (figura 10, a seguir), possui apenas uma pergunta, e utiliza dos mesmos comandos
“built-In” de controle (indicando ou controlando a função dos botões conforme o click do usuário)
e texto (para indicar as telas a serem redirecionadas).
Figura 10 – Tela 4 – Design.
457
As telas 5, 6, 7, 8 e 9 são telas que possuem apenas a interface gráfica ou design, pois se tratam
de telas que apresentam ao usuário as respostas ou ações possíveis a serem possivelmente
realizadas, mas são interligadas às telas iniciais tornando-se interdependentes.
458
A chave de recuperação busca contemplar as diversas situações que possam ser encontradas
diante do processo de recuperação, principalmente de mata ciliar, apresenta-se uma chave que
considera inúmeras possibilidades de aplicação dos modelos já estabelecidos por instituições
(Instituto de Botânica de São Paulo, por exemplo), a respeito da recuperação (FAPESP, 2006).
A tela 1, possui um design simples, mas com a uma programação importante: tem a função
principal de redirecionar o usuário ao site da WIX que possui informações a respeito de cada uma
das fitofisionomias descritas na tela, as listas de espécies, entre outras informações.
A tela 2, que inicia com a primeira pergunta da chave de recuperação, (Se a área possui ou não
remanescente florestal isolado) ao clicar no botão "sim" o usuário terá como ações possíveis as
ações possíveis na própria tela, ao clicar no botão "não" o usuário será redirecionado a tela 3.
459
A tela 3 (Tela só de perguntas) conforme cada pergunta é respondida com "sim" ou "não"
há o redirecionamento para outras telas, a pergunta 1 é dependente da pergunta 2 sendo a resposta
"sim" ou "não". Apenas a pergunta 2 ao ser respondida com "sim" irá redirecionar o usuário para
tela 8 (onde terá as possíveis ações a serem realizadas) e se a resposta for "não, o usuário deve
responder a pergunta abaixo. A pergunta 3 , ao ser respondida com "sim" irá redirecionar a tela 4,
e ao clicar em "não" a pergunta a abaixo deve ser respondida. A pergunta 4 ao ser respondida com
"sim" o usuário será redirecionado a tela 5, e ao clicar em "não" o usuário será redirecionado a tela
6 do aplicativo.
A tela 4 apresenta uma pergunta que ao ser respondida, ou ao clicar em "não" o usuário será
redirecionado a tela 9, se a resposta for "sim", as ações possíveis estará na própria tela.
460
Apesar da plataforma MIT App Inventor disponibilizar até 10 telas para o desenvolvimento do
aplicativo, todos os testes inicias desconfiguraram com uso da quantidade máxima, fazendo com
que fossem utilizadas 9 telas.
A capacidade máxima de telas e a quantidade limite de informações para cada uma delas fez com
que o aplicativo tivesse algumas limitações no desenvolvimento ou no conteúdo das informações,
como por exemplo o caso da tela 4, que possui uma pergunta e logo abaixo as "respostas" ou ações
possíveis.
A internet já é uma ferramenta que disponibiliza informações e vários manuais e até mesmo
listas que auxiliam qualquer pessoa física ou mesmo jurídica a recuperar uma área ou sítio
degradado. Assim, este trabalho é apenas um recurso a mais que traz a importância do bioma
Cerrado e suas fitofisionomia.
461
Figura 23 -Tela 9
4.0 CONCLUSÕES
O principal público do App Inventor, está dentro de universidades, para que alunos e
professores possam entender o básico, criando programas para fins educacionais e ajudando a
desenvolver um cenário de programação que não irá precisar de conhecimento de programação
para funcionar (GUIS, 2016).
As aplicações criadas não possui uma estética tão apresentável quanto as aplicações atuais, que
são criadas em plataformas mais complexas, e não possuem tantas limitações como a plataforma
usada, no entanto, são funcionais.
O site já é uma ferramenta disponível, podendo contribuir nas pesquisas sobre as
fitofisionomias e as espécies do Cerrado. O app foi testado no emulador, apresentando um
funcionamento normal, ao realizar o teste final em um celular com as configurações recomendadas,
e pagar a taxa de disponibilidade na rede, o app estará pronto para contribuir na recuperação de
uma área degradada.
O uso do App não implica no total êxito na recuperação ou revegetação de áreas, deve ser
levado em conta, que é uma ferramenta no auxílio dessas ações.
462
5.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA L. M. Manual para recuperação de áreas degradadas em matas ciliares do estado
de São Paulo. FAPESP nº 03/06423-9 – Instituto de Botânica de São Paulo, 2006.
BARBOSA, L.M. (coord.). Recuperação de áreas degradadas da Serra do Mar e formações
florestais litorâneas. São Paulo: SMA/CEAM/CINP, 2000. 138 p.
BROWN, S.; LUGO, A.E. Rehabilitation of tropical lands: a key to susteining developing.
Restoration Ecology, v.2, p.97-111, 1994.
DURIGAN G. et al. Manual para recuperação da vegetação de cerrado. [recurso eletrônico].
3.ed.rev. e atual. São Paulo : SMA, 2011. 19 p.
FAPESP nº 03/06423-9 – Instituto de Botânica de São Paulo. Manual para recuperação de áreas
degradadas do estado de São Paulo. 2006. Disponível
em:<http://www.ambiente.sp.gov.br/municipioverdeazul/files/2011/11/ManualRecupAreas%20De
gradadas.pdf > Acesso em 02/03/2016.
GANEM R. S.; Conservação da biodiversidade no bioma Cerrado: ameaças e oportunidades.
(Tese de Doutorado) – Centro de Desenvolvimento da Universidade de Brasília, Brasília. 2007. p.
335-365.
GUIS, A. Google App Inventor: o criador de apps para Android para quem não sabe programar.
Disponível em: <https://www.tecmundo.com.br/google/11458-google-app-inventor-o-criador-de-
apps-para-android-para-quem-nao-sabe-programar.htm> Acesso em: 12/11/2016.
HAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S.E. Biologia vegetal. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan. 2001. 906p.
MINTER/IBAMA. Manual de recuperação de áreas degradadas pela mineração: técnicas de
revegetação. Brasília: IBAMA, 1990. 96p.
MIT App Inventor. Disponível em: < http://appinventor.mit.edu/explore/about-us.html > Acesso
em: Acesso em 15 de Outubro de 2016.
NOGUEIRA, N. O.; OLIVEIRA, O. M.; MARTINS, C. A. S; BERNARDES, C. O. Utilização de
leguminosas para recuperação de áreas degradadas. Enciclopédia Biosfera, Goiânia.v.8, n.14; p. 21-
22, 2012.
RIBEIRO, J. F.; SANO, S. M.; ALMEIDA, S. P. Cerrado: Ecologia e Flora. 1° ed. Brasília, DF:
EMBRAPA: Informação Tecnológica. 876p. 2008.
RODRIGUES, R. R.; GANDOLFI, S. Conceitos, Tendências e ações para a recuperação de
florestas ciliares. In: RODRIGUES, R. R.; LEITÃO FILHO, H. F. Matas Ciliares: conservação e
recuperação. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Fapesp, 2000. p. 235-247.
RODRIGUES, R. R.; GANDOLFI, S. Recomposição de florestas nativas: princípios gerais e
subsídios para uma definição metodológica. Revista Brasileira de Horticultura Ornamental,
Campinas, v. 2, n. 1, p. 4-15. 1996.
SANTOS, A. M.; TARGA, M. S.; BATISTA, G. T.; DIAS, N. W. Florestamento compensatório
com vistas à retenção de água no solo em bacias hidrográficas do município de Campos do Jordão,
SP, Brasil. Ambiente e Água, Taubaté. v. 6, n. 3, p. 110- 126, 2011.
WIX – Visão Geral. Disponível em: <https://pt.wix.com/support/html5/article/wix-vis%C3%A3o-
geral> Acesso em 15 de Outubro de 2016.
463
A IMPLANTAÇÃO DO CADASTRO AMBIENTAL RURAL EM IVINHEMA-
MS
O. POKREVVIESKI; G. A. MORAIS
RESUMO
Em Mato Grosso do Sul, o Cadastro Ambiental Rural (CAR-MS) foi implantado por
meio da Resolução SEMAC nº 11 de 15 de julho de 2014 como um módulo de
cadastramento disponível no SIRIEMA (Sistema IMASUL de Registros e Informações
Estratégicas de Meio Ambiente), destinado à inscrição, bem como à consulta e
acompanhamento da situação de regularização ambiental dos imóveis rurais. Caso os
produtores rurais não façam o CAR, isto implicará na restrição ao recebimento de
recurso financeiro junto às instituições bancárias. O objetivo deste trabalho foi verificar
a situação das propriedades rurais do município de Ivinhema quanto à inscrição no CAR
e o conhecimento dos proprietários sobre a sua importância ambiental. Foram
levantadas informações entrevistando diretamente 51 proprietários rurais do município e
junto a representantes de diferentes instâncias (estaduais e nacional). A maioria dos
entrevistados foi composta de pequenos proprietários que efetivaram sua inscrição no
CAR via AGRAER, que ficou responsável pelo apoio técnico e tem convocado os
proprietários para o cadastro de suas propriedades; a maioria conhece o tema em estudo,
mas não os motivos para sua criação. Nas instâncias municipais não há informações
centralizadas sobre o número, tamanho e regularização ambiental das propriedades
rurais de Ivinhema-MS. A pendência mais frequente acusada pelo sistema do CAR,
constatada até o final deste estudo, relacionava-se à sobreposição de áreas das
propriedades e não a pendências ambientais, provavelmente em função do caráter
declaratório do cadastro. O aspecto mais preocupante é o desconhecimento dos
proprietários sobre a importância ambiental do CAR, havendo necessidade de ações de
esclarecimento e sensibilização aos proprietários de áreas que precisam ser recuperadas
e/ou preservadas.
Introdução
464
No sentido de sistematizar as informações sobre a situação das propriedades rurais
quanto ao atendimento à legislação ambiental foi criado o Cadastro Ambiental Rural - CAR. De
acordo com o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul - IMASUL (2015), o CAR é
um registro eletrônico, obrigatório para todos os imóveis rurais, que tem por finalidade integrar
as informações ambientais referentes à situação das Áreas de Preservação Permanente - APP,
das áreas de Reserva Legal, dos remanescentes de vegetação nativa, das áreas de uso restrito e
das áreas consolidadas das propriedades e posses rurais do país.
Criado pela Lei 12.651/2012 no âmbito do Sistema Nacional de Informação sobre Meio
Ambiente - SINIMA, a expectativa é que o CAR se constitua em base de dados estratégica para
o controle, monitoramento e combate ao desmatamento das florestas e demais formas de
vegetação nativa do Brasil, bem como para o planejamento ambiental e econômico dos imóveis
rurais (IMASUL, 2015).
Em Mato Grosso do Sul, o CAR (CAR-MS) foi implantado por meio da Resolução
SEMAC nº 11, de 15 de julho de 2014, como um módulo de cadastramento disponível no
SIRIEMA (Sistema IMASUL de Registros e Informações Estratégicas de Meio Ambiente),
destinado à inscrição, bem como à consulta e acompanhamento da situação de regularização
ambiental dos imóveis rurais. É importante destacar que o procedimento completo do CAR-MS
é realizado por meio eletrônico, não sendo necessária a entrega de documentos no IMASUL
(IMASUL, 2015).
O CAR tornou-se pré-requisito para acesso à emissão das Cotas de Reserva Ambiental e
aos benefícios previstos nos Programas de Regularização Ambiental – PRA e de Apoio e
Incentivo à Preservação e Recuperação do Meio Ambiente (Lei 12.651/12). Dentre os
benefícios desses programas, segundo o Ministério do Meio Ambiente (SICAR, 2016), podem
ser citados: a possibilidade de regularização das APP e/ou Reserva Legal cuja vegetação natural
tenha sido suprimida ou alterada até 22/07/2008 no imóvel rural, sem autuação por infração
administrativa ou crime ambiental; a suspensão de sanções por infrações administrativas
relacionadas ao desmatamento nestas mesmas áreas cometidas até 22/07/2008; a obtenção de
crédito agrícola, com taxas de juros menores e limites e prazos maiores que os praticados no
mercado; a contratação do seguro agrícola em condições melhores que as praticadas no
mercado; a dedução das Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito
no cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural-ITR, gerando créditos tributários; o
acesso a linhas de financiamento voltadas para iniciativas de preservação voluntária de
vegetação nativa ou recuperação de áreas degradadas, entre outros; e isenção de impostos para
os principais insumos e equipamentos utilizados para os processos de recuperação e manutenção
das Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito (fio de arame, postes
de madeira tratada, dentre outros).
Além das vantagens aos produtores rurais, Moura (2013) destacou algumas vantagens
da implantação do CAR aos órgãos ambientais, sendo: o auxílio na distinção entre
desmatamento legal e ilegal e no monitoramento e combate ao desmatamento; o apoio ao
licenciamento; o uso da ferramenta como instrumento para o planejamento de políticas; e a
melhora da gestão ambiental no âmbito rural.
Caso os produtores rurais não regularizem a propriedade perante o CAR, isto implicará
na restrição ao recebimento de recurso financeiro junto às instituições bancárias, ou seja,
restrição aos financiamentos destinados a produtores rurais (data limite prorrogada até 31 de
465
dezembro de 2017 pela Lei 13.295, de 14 de junho de 2016). O produtor passa a ficar irregular
junto aos órgãos ambientais federal e estadual e fica impossibilitado de vender e transferir a
terceiros sua propriedade.
Por outro lado, a lei que instituiu o crédito rural (Lei 4829, de 5 de novembro de 1965;
BRASIL,1965), até hoje um dos principais instrumentos da política agrícola, dizia
explicitamente em seu artigo 37 que não haveria qualquer objeção a sua concessão a um
produtor que tivesse infringido a legislação de proteção a florestas, desde que ele comprovasse
fundos suficientes para quitar as multas e o empréstimo (ARAÚJO; VALLE, 2013).
Material e Métodos
Caracterização do município
O município de Ivinhema está situado no sul da região Centro Oeste do Brasil, no
Sudoeste de Mato Grosso do Sul, na Microrregião de Iguatemi, sob as coordenadas 22º18’17”
de latitude sul e 53º48’55” de longitude oeste (GYORFI; MOLINA NETO, 2012). Verifica-se
predominância de Latossolos, portanto com baixa fertilidade natural, os quais se apresentam
tanto com textura argilosa quanto média. Junto a algumas drenagens, há ocorrência de
nitossolos de textura arenoso-média e arenoso-argilosa, apresentando ainda planossolo álico.
Com uma altitude de 362 m, divide-se em duas unidades geomorfológicas: Sub-Bacias
Meridionais e Vale do Paraná (GYORFI; MOLINA NETO, 2012).
Está sob influência do clima tropical, sendo que ao norte e noroeste do município,
inclusive na sede municipal, o clima é úmido. No restante do município o clima é considerado
de úmido a sub-úmido (GYORFI; MOLINA NETO, 2012). O município encontra-se incluso no
Bioma Mata Atlântica e possui uma área total de 2.010,168 km2 (IBGE-CIDADES, 2016)
Segundo dados do Censo Agropecuário de 2006 (IBGE-CIDADES, 2016), o município
de Ivinhema conta com 1.475 estabelecimentos agropecuários (propriedades rurais), que
ocupam uma área de 195.915 hectares. Da vegetação original, representada pela Floresta
Estacional Semidecidual, restam poucos fragmentos, em geral de pequeno porte, sendo a
paisagem atual altamente antropizada, dominada por áreas de pastagem ou agrícolas (MATO
GROSSO DO SUL, 2006).
Coleta de dados
A coleta de dados para este estudo foi baseada em entrevistas a proprietários rurais de
Ivinhema, realizadas de fevereiro de 2015 a outubro de 2016, e a representantes de diferentes
instituições: da Agência de desenvolvimento Agrário e Extensão Rural – AGRAER,
Departamento de Tributação, do Cartório de Registro de Imóveis e do Ministério Público do
município de Ivinhema; do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA; da
Ambiental Consultoria, empresa contratada pela AGRAER para o cadastramento dos pequenos
proprietários do município; e do IMASUL.
Os proprietários foram abordados em diferentes locais e ocasiões, visando a obtenção de
uma amostra representativa dos diferentes tamanhos de propriedades. Assim, foram contatados
466
proprietários rurais que se dirigiram à AGRAER, tanto para assessorias técnicas ou quando
convocados para o (pré)cadastramento (27 proprietários), feirantes (6), participantes de eventos
promovidos pelo Sindicato Rural (3) e em visitas em domicílio (15).
Foi elaborado um instrumento para as entrevistas junto a estes proprietários, contendo
questões abertas e fechadas para verificar o conhecimento sobre o significado do CAR, os
motivos de sua criação, se a propriedade já estava cadastrada e por quê, além de coletar dados
sobre a propriedade.
Aos demais entrevistados, foram encaminhados ofícios ou e-mails com solicitações/
questionamentos que visaram à obtenção de dados sobre o quantitativo de propriedades rurais
no Estado e no município, sobre o andamento dos cadastros e sobre as formas de fiscalização,
sobre os motivos do adiamento do prazo, sobre o cadastramento em áreas de assentamento,
entre outros.
Os dados obtidos junto aos proprietários foram convertidos em porcentagem, analisados
e utilizados para a construção de gráficos. As questões abertas foram categorizadas e analisadas
quantitativamente. As informações prestadas pelos demais entrevistados foram utilizadas para
embasar as discussões referentes ao tema e encontram-se adequadamente identificadas no texto.
Todos os informantes foram convidados a participar da pesquisa e concordaram em
colaborar, assinando um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (proprietários e
engenheiro da Consultoria Ambiental) ou retornaram os questionamentos por escrito, estando
todo este material de posse do autor do trabalho.
Resultados e Discussão
45
40
35,29
35 33,33
31,37
% de entrevistados
30
25
20
15
10
0
sim não já ouviu falar
Resposta
467
45
40 39,22
37,25
35
30
% de entrevistados
25 23,53
20
15
10
0
sim sim, pré-cadastro não
Resposta
Figura 2. Situação das propriedades rurais em relação à inclusão no CAR, de acordo com os
entrevistados.
auto-denúncia 1,96
0 10 20 30 40 50 60 70
% de entrevistados
Além dos entrevistados que não realizaram o cadastro por não estarem informados
sobre o tema, os demais alegaram, como motivos para o não cadastramento, estar a espera da
iniciativa/auxílio do governo e/ou dificuldades financeiras (Figura 4). Considerando a questão
do custo para a contratação de um responsável técnico para a elaboração do CAR, inicialmente
não havia confirmação sobre a gratuidade do cadastramento para os pequenos proprietários e os
entrevistados que arcaram com esta despesa, relataram valores que variaram de R$ 500,00
(pequenos) a R$ 2.500,00 (grandes) /4.000,00 (médios proprietários).
468
Figura 4. Motivos apresentados pelos entrevistados para não terem efetivado o cadastramento de
suas propriedades.
469
35 33,33 33,33
31,37
30
25
% de propriedades
20
15
10
5
1,96
0
agricultura pecuária agropecuária agrofloresta
atividade principal
Baseado na Lei 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, que leva em conta o módulo fiscal e não
apenas a área da propriedade, o INCRA (2016), classifica os imóveis rurais em:
470
Considerando a diferença de área ocupada por cada categoria do imóvel rural no
município e as informações obtidas junto ao Ministério Público (Ofício n° 77/2ª PJIv/2016) de
que a inexistência de reserva legal nas propriedades rurais têm sido o principal objeto de ações
ambientais em Ivinhema, pode-se afirmar que os médios e grandes proprietários são os
principais responsáveis pelo quadro de degradação observado, devendo ser o foco das ações de
recuperação.
75; 3% 2; 0%
4; 0%
125; 4%
430; 16%
Minifúndio
Pequena
média
Grande
Não Classificada
sem informação
2110; 77%
2.500; 0%
155; 0%
25077; 10%
24469; 9%
Minifúndio
Pequena
27247; 10% média
Grande
Não Classificada
sem informação
188575; 71%
Figura 8. Distribuição da área (ha) dos imóveis rurais em Ivinhema, segundo a categoria do
imóvel. Fonte dos dados: INCRA/MS.
471
maioria, 68% neste caso (Figura 9). A diferença entre o valor do módulo fiscal por município
certamente influenciou neste resultado. Quando a área de cada categoria de propriedade é
considerada para o estado, há uma inversão total no resultado, com as grandes propriedades
novamente apresentando a maior ocupação (como ocorreu com o município de Ivinhema),
seguida pelas médias, pequenas e minifúndios (Figura 10).
272; 0% 648; 1%
12760; 13%
Minifúndio
16915; 18% 42003; 45% Pequena
Média
Grande
Não Classificada
sem informação
21522; 23%
6425722;
17%
Minifúndio
Pequena
Média
Grande
Não Classificada
sem informação
29593216;
76%
472
Figura 10. Distribuição da área (ha) dos imóveis rurais em Mato Grosso do Sul, segundo a
categoria do imóvel. Fonte dos dados: INCRA/MS.
Em entrevista, o Eng°. Agrônomo Willian Valdez Mangoni (CREA 15405), que está
responsável pelo cadastramento das pequenas propriedades do município de Ivinhema no
sistema SIRIEMA, informou que o IMASUL ficou responsável por prestar assessoria técnica
gratuita a todos os pequenos proprietários (propriedades ≤ 120 ha ou 4 módulos fiscais em MS)
por intermédio da AGRAER. Informou também que a elaboração do CAR exige a emissão de
uma ART (Anotação de Responsabilidade Técnica), o que inviabiliza a sua efetivação pelo
“leigo”. Na opinião do engenheiro, foi uma forma do governo amarrar a execução do cadastro à
contratação de um profissional. Diante do atraso do governo no cumprimento do apoio previsto
aos pequenos proprietários, o prazo do CAR foi prorrogado até dezembro de 2017, relatou o Sr.
Willian. Também em função disso, os bancos e demais agências financiadoras têm orientado,
mas ainda não têm barrado a liberação de financiamentos.
Questionado ainda sobre como está sendo o procedimento agora com o apoio do
governo, o engenheiro relatou que a empresa de consultoria para a qual trabalha ganhou a
licitação (no procedimento aberto pela AGRAER) para prestar o serviço de cadastramento em
Ivinhema e que a AGRAER convocou os pequenos proprietários e realizou um pré-cadastro,
recolhendo os documentos necessários ao CAR. Agora os proprietários estão sendo novamente
contatados para comparecerem na sede da AGRAER em Ivinhema e, na presença do
engenheiro, realizarem a localização da propriedade via satélite utilizando o programa Google
Earth Pro. Neste momento, o engenheiro delimita a área e retira as suas coordenadas para serem
lançadas no sistema posteriormente, após a geração de um arquivo de dados em linguagem
apropriada.
A obtenção das coordenadas via Google Earth Pro, solicitado no CAR nacional, não era
o procedimento aceito inicialmente em Mato Grosso do Sul, que exigia o georreferenciamento
de fato, informou o engenheiro. Esta ação mais criteriosa também se mostrou financeiramente
inviável quando o governo teve que arcar com o cadastramento das pequenas propriedades,
continuou ele. Se há sobreposição de cadastros, o sistema acusa e os confrontantes são avisados
para procederem à correção.
Por outro lado, em contato com o IMASUL, a Sra. Évelyn Camila Casadias Pinheiro,
membro da Equipe SIRIEMA/IMASUL (Comunicação Pessoal, 04/11/2016), informou que
para o órgão ambiental do Estado, georreferenciar a propriedade significa simplesmente tornar
suas coordenadas conhecidas num dado sistema de referência, independente da forma como o
levantamento será feito, através do Google Earth, levantamento com GPS de navegação, GPS de
precisão ou outro software de SIG (sistemas de informações geográficas) utilizando-se imagens
georreferenciadas. Portanto, segundo ela, não é necessário que o imóvel tenha o perímetro
georreferenciado nos parâmetros do INCRA. Mas, nos casos em que o conflito de perímetros
acontece entre um imóvel já certificado pelo INCRA e outro não certificado, o imóvel
certificado tem prioridade e por isso não fica com pendência de conflito, e neste caso o imóvel
não certificado deve corrigir seu perímetro em relação ao imóvel certificado.
Além disso, o Decreto no. 7.620/2011 (BRASIL, 2011) prorrogou o prazo para o
georreferenciamento previsto na Lei de Registros Públicos (Lei n. 10267/2001), estendendo-o
de 10 a 20 anos, dependendo do tamanho da propriedade.
O Sr. Willian relatou que, em Mato Grosso do Sul, serão cerca de 80 mil CAR, mas o
número de propriedades rurais deve ser maior, visto que o IMASUL considera que propriedades
com várias matrículas, mas contínuas e de mesmo dono terão um CAR somente. Embora não
haja uma forma de acompanhar o número de propriedades já cadastradas, o engenheiro relatou
que a cada lançamento no sistema, um número sequencial é gerado e, até 30/09/2016 havia
33.067 cadastros lançados.
Entretanto, em abril deste ano, o MMA já informava que 70,3% da área prevista (2,6
milhões de imóveis rurais) já estavam cadastradas no sistema (PORTAL BRASIL, 2016). Em
maio, o Ministério divulgou dados mais expressivos ainda, visto que, levando em conta apenas
473
o Censo Agropecuário de 2006, feito pelo IBGE, 97% da área passível de cadastro estava
registrada, mas considerando as atualizações dos Estados e unidades de conservação de uso
sustentável, o registro era de 82,87% da área e de 67,9% a região Centro-Oeste (ALVES;
GIRARDI, 2016).
De acordo com a Sra. Évelyn Pinheiro, existem 1069 imóveis cadastrados no CAR no
município de Ivinhema, contando cadastros Inscritos, Pendentes e Incompletos, o que significa
que o município estaria, no momento, com o número de registros um pouco próximo desta
média do Estado, considerando os dados do Censo (72,5%).
Considerando os dados do INCRA, fornecidos pelo Sr. Celso Menezes de Souza, da
Superintendência Regional em Mato Grosso do Sul (Comunicação pessoal, 07/10/2016), o
cadastramento estaria concluído somente para 38,9% das propriedades, visto que consta para o
município um total de 2746 propriedades.
Questionado se haverá uma fiscalização posterior para verificar se o que foi declarado
no cadastro é correto ou se ainda há irregularidades e como isto seria verificado, a Sra. Évelyn
Pinheiro informou que o módulo de análise do CAR, que é a versão do sistema SIRIEMA, já
permite a fiscalização pelos técnicos do IMASUL que estão analisando os CARs Inscritos e
gerando pendências. O Sr. Willian Mangoni esclareceu que, havendo irregularidades, o
proprietário terá que apresentar um PRADA (Projeto de Recuperação de Área Degradada e
Alterada) em 3 meses. Por outro lado, a propriedade com excedente de reserva pode
disponibilizar cotas de reserva a outros proprietários.
Sobre as propriedades em área de assentamento, o Sr. Celso Menezes de Souza (INCRA
SR-16/MS) informou que a Superintendência Regional do INCRA lançou todos os projetos de
assentamento que ainda não foram titulados, enquanto que os projetos de assentamento já
titulados, serão lançados pela AGRAER, uma vez que são entendidos como pequenos
produtores, não sendo mais considerados como assentados.
Embora o prazo para a conclusão dos cadastros tenha sido novamente prorrogado,
Cristiano Vilardo, da CI-Brasil já havia previsto que seria um grande desafio completar o
cadastramento até maio de 2016 (primeira data final estabelecida), além de mencionar a
existência de focos de resistência, de setores inteiros que não se reconheciam no CAR e não
estavam apostando na existência do cadastro como ferramenta (VERDÉLIO, 2015).
No Estado do Amazonas, estudos demonstraram que a dificuldade está no fato de que
não foram estabelecidos os mecanismos necessários para o cumprimento das exigências da nova
legislação, como a instituição dos programas de regularização ambiental (PRA), o
funcionamento das cotas de reservas ambientais e os incentivos econômico para apoiar na
implementação do CAR (CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL, 2015). Embora alguns
estados já tenham desenvolvido sistemas próprios para cadastrar os imóveis, outros estão
definindo estratégias de mobilização e outros mais focados na obtenção de recursos para
estruturar os órgãos ambientais, sem nenhuma estratégia articulada e coordenada no âmbito
regional, revelam os estudos (CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL, 2015).
Apesar de pequenas, todas as propriedades podem contribuir com a melhoria da
qualidade ambiental do município, sendo importante a implementação de medidas neste sentido,
mas é preciso ter em mente que o CAR “não é capaz de alterar sozinho a realidade ambiental do
espaço rural e se não vier acompanhado da aplicação dos demais instrumentos da política
ambiental, como fiscalização, responsabilização e transparência, corre-se o risco de apenas
legitimar desmatamentos ilegais”, de forma que o registro no CAR deve ser visto apenas como a
porta de entrada para o longo processo de adequação ambiental, a exigir apoio aos produtores, o
monitoramento e a fiscalização dos compromissos pactuados (CONSERVAÇÃO
INTERNACIONAL, 2015).
Conclusões
474
Para a realização do trabalho foram encontradas dificuldades na obtenção das
informações no município, não havendo um setor, órgão ou secretaria que concentre dados
sobre o número, tamanho e regularização ambiental das propriedades rurais, nem mesmo a
própria Fundação Municipal de Meio Ambiente e Turismo (FUMATUR). O cartório de registro
de imóveis possui apenas o número total de matrículas na Comarca, que abrange Ivinhema e
Novo Horizonte do Sul e inclui imóveis rurais e urbanos. Assim, as informações foram obtidas
somente em órgãos estaduais e junto ao INCRA, revelando esta deficiência no município.
Apesar de regulamentado desde 2012, a adesão ao CAR somente tornou-se significativa
este ano (2016), com a atuação da AGRAER junto aos pequenos proprietários, recolhendo a
documentação necessária e convocando-os para a efetivação do cadastro na Unidade da Agência
no município.
Como há divergência no número de imóveis rurais no município (IBGE x INCRA), o
percentual de cadastros oscila entre um valor compatível com o andamento da implantação em
Mato Grosso do Sul e um valor que ainda é bem inferior.
Apesar das pendências mais frequentes estarem relacionadas à sobreposição de áreas
das propriedades, acredita-se que o caráter declaratório do CAR pode comprometer o sucesso de
sua implantação como uma ferramenta para a regularização ambiental das propriedades, sem
que haja uma adequada fiscalização e orientação aos proprietários.
Finalmente, destaca-se que o aspecto mais preocupante é o desconhecimento dos
proprietários sobre a importância ambiental do CAR, havendo, para além dos objetivos do
cadastramento, necessidade de ações de esclarecimento e sensibilização a estes cidadãos que
efetivamente serão responsáveis pela recuperação e manutenção das áreas de vegetação nativa.
Referências
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afirma ministra. O Estado de S. Paulo, 06/05/2016. Disponível em:
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em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Decreto/D7620. htm> Acesso
em: 03 nov. 2016
BRASIL. Decreto nº 7.830, de 17 de outubro de 2012. Dispõe sobre o Sistema de Cadastro
Ambiental Rural, o Cadastro Ambiental Rural, estabelece normas de caráter geral aos
Programas de Regularização Ambiental, de que trata a Lei no 12.651, de 25 de maio de 2012, e
dá outras providências. Disponível em: < http://www.car.gov.br/leis/DECRETO7830.pdf>
Acesso em: 01 nov. 2016
475
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Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/leis/L4829.htm> Acesso em: 20 set
2015.
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Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Disponível
em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm> Acesso em:
05 set. 2015
BRASIL. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa;
altera as Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428,
de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nos 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de
14 de abril de 1989, e a Medida Provisória no 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras
providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2012/lei/l12651.htm> Acesso em: 28 Ago. 2015
BRASIL. Lei nº 13.295, de 14 de junho de 2016. Altera a Lei no 12.096, de 24 de novembro de
2009, a Lei no 12.844, de 19 de julho de 2013, a Lei no 12.651, de 25 de maio de 2012, e a Lei
no 10.177, de 12 de janeiro de 2001. Disponível em: <
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florestal-ainda-e-desafio-dizem-ongs> Acesso em 15 Nov 2015.
RESUMO
477
feitos em FOM. A produção de serapilheira mostrou se sensível aos diferentes estágios
de recuperação entre as áreas analisadas, podendo ser utilizada como indicador
ambiental, quando comparada a áreas de mesmo ecótono.
Introdução
Material e Métodos
478
encontra-se em ecótono entre a Floresta Ombrófila Mista (FOM) e Floresta Estacional
Semidecidual (FES).
As áreas de estudo compreendem matas ciliares, cada uma com diferente tempo
de recuperação, que foram definidas como Área A (doze anos em recuperação),B (seis
anos),C ( quatro anos),D (10 meses) e E, mata secundária conservada e em fase clímax
de sucessão. Será considerada a área testemunho.
Resultados e Discussão
A avaliação da umidade das amostras mostrou que a área que atingiu maior
retenção hídrica (RH) foi a E, com 21,69% de água em relação à média geral de
produção (70,20 g/m²), seguido da área A, com 16,02%; da B, com 14,34%; da C com
8,58% e da área D, com 6,43% em relação à media .Estatisticamente, as áreas A, B e E
não diferem entre si, assim como não diferem entre si as áreas B, C e D. Para a RH, os
resultados mostraram que a produção de serapilheira é diretamente proporcional à
retenção de água, quanto maior o tempo em recuperação, maior quantidade de retenção
479
não há nenhuma segurança de que as variáveis realmente têm relacionamento, e o pouco
que tem, é provavelmente em função do acaso, assim demonstrando que a precipitação
não interfere no aumento da produção de serapilheira.
Conclusões
Não houve diferença de retenção hídrica entre as áreas com mais de 6 anos de
recuperação, que, por sua vez, retêm maior quantidade de água que as áreas de menor
tempo.
Referências
B. B. ROSA; A. R. T. NASCIMENTO
480
Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de Biologia, Av. Pará, nº 1720, Campus
Umuarama, Uberlândia, Minas Gerais, [email protected]
RESUMO
Matas de galeria são de grande importância devido aos recursos que oferece à fauna
durante a estação seca, pela regulação do microclima, por ser fonte de matéria prima e
pela regulação de recursos hídricos (Saueressig, 2014). Estas, devido à alta umidade e
ao ambiente heterogêneo, são hábitat para diversas espécies arbóreas responsáveis pelo
fornecimento de recursos e ciclagem de nutrientes (Silva Júnior et al, 2001). Entretanto,
devido a atividades humanas como desmatamento e poluição, esta fitofisionomia tem
sido muito degradada, afetando sua biodiversidade (Martins, 2007). Em vista disso, o
objetivo desse trabalho foi avaliar os principais impactos ambientais e inventaria flore
arbórea e m uma mata de galeria do ribeirão Mogi, Uberlândia, Minas Gerais. O
ribeirão Mogi é um curso de água de 3 km de extensão, localizado na região sul da
cidade de Uberlândia, entre dois bairros residenciais e constantemente afetado pelo
descarte de resíduos e pela erosão. O levantamento florístico foi feito através do
caminhamento livre (Filgueiras et al, 1994) e pela identificação de material fértil ou
estéril no Laboratório de Ecologia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) ou
comparando com amostras do acervo do Herbarium Uberlandense (HUFU). Foram
identificadas 74 espécies nativas distribuídas em 30 famílias taxonômicas, e 18 espécies
exóticas de 12 famílias. A mata de galeria apresenta um número considerável de
espécies nativas, muitas de interesse econômico e com um bom potencial regenerativo.
Contudo, foi observada a presença de espécies exóticas competindo com as espécies
nativas e dificultado a regeneração local. Entre os principais impactos avaliados (N=10)
a erosão do solo, presença de lixo e espécies invasoras foram os mais significativos e
comprometem a recuperação da área. Assim, além da contenção dos processos erosivos
e plantios de enriquecimento nas áreas desmatadas, deve-se controlar as espécies
invasoras para o retorno do processo de sucessão natural.
M. J. A. Silva
RESUMO
481
áreas degradadas pela extração do carvão. A Bacia Carbonífera abrange
aproximadamente 1.625 km², dos quais cerca de 490 km² estão degradados: o solo, a
fauna e a água. (MOREIRA et al, 2008). Apesar da relevância dessas questões, o
principal desafio que a região carbonífera enfrenta é a contaminação dos recursos
hídricos. Por essa razão, o Projeto de Recuperação na Bacia Carbonífera está voltado
para mitigar a contaminação das águas que drenam aquela região. Para nortear a análise
deste trabalho e ponderar a sua complexidade, optou-se por considerar os agentes
envolvidos na implementação e desenvolvimento do projeto, estabelecendo os
contrapontos e debates pertinentes à degradação ambiental na bacia carbonífera.
Introdução
482
Catarinense”. Desde então, o projeto tem sido monitorado e anualmente têm sido
elaborados relatórios de indicadores ambientais pelo Grupo Técnico de Assessoramento
à Execução da Sentença - GTA.
Para aprofundar o entendimento nesse assunto, propõe-se caracterizar a questão
ambiental da bacia carbonífera e analisar o “Projeto de Recuperação Ambiental da
Bacia Carbonífera Sul Catarinense”, o que envolve considerar os agentes envolvidos na
elaboração e implementação do projeto, o seu desenvolvimento e os resultados
alcançados até o momento. Para isso, recorrer-se-á aos dados emitidos nos relatórios
pelo GTA, que compreendem o resultado dos indicadores, quanto à qualidade dos
recursos hídricos superficiais e subterrâneos, da cobertura do solo e do meio biótico.
De igual importância, são os trabalhos de campo e a consulta de bibliografia existente
sobre o assunto, consulta a Leis, Decretos, e a utilização de mapas, tabelas e imagens.
483
Bacia carbonífera
484
Boca de mina subterrânea
486
A implementação do Projeto Ambiental no Sul de Santa Catarina foi em
cumprimento do Processo de Sentença nº. 2000.72.04.002543-9 (Ação Civil Pública
n°.93.8000.533-4). Em linhas gerais, essa Sentença condenatória exigiu que os réus
apresentassem um projeto de recuperação ambiental que abrangesse os seguintes
aspectos:
Logo que os réus foram julgados, iniciaram a elaboração dos projetos, com
vistas a mitigar os danos ambientais decorrentes da extração do carvão. Para isso, as
mineradoras buscaram apoio do Sindicato da Indústria de Extração de Carvão do Estado
de Santa Catarina-SIECESC, como seu representante, para coordenar o trabalho de
elaboração do projeto de recuperação ambiental que, por sua vez, contratou o Centro de
Tecnologia Mineral- CETEM, que contou com o apoio do CANMET - Recursos
Naturais do Canadá. Em setembro de 2000, a CETEM entregou um projeto preliminar,
em que constava o levantamento das informações disponíveis, a caracterização e
descrição do problema e proposta de uma metodologia de gestão. As empresas
mineradoras elaboraram projetos concernentes às áreas ambientais degradas, que foram
anexados ao Projeto Conceitual e entregues à justiça Federal em 08 de setembro de
2000.
O detalhamento das informações do projeto continuou sendo trabalhado, tendo
sido concluído em março de 2001. Nele foram inclusos mapas (escala I:50.000) de áreas
degradadas pela mineração que foram elaborados pela JJCA, em 1998, e dados
ambientais que haviam sido levantados pelo DNPM, em 1999, que mostravam a
degradação ambiental, especificamente, na bacia do rio Araranguá, e o beneficiamento
de carvão das empresas associadas do SIECESC.
Nesse ínterim, outro avanço importante foi a criação de um Comitê Gestor, que
foi instalado em 17 de abril de 2001 em Florianópolis. Esse comitê objetivava
coordenar, priorizar e incentivar os recursos para a recuperação ambiental da bacia
carbonífera. (Decreto Federal17 em 14 de dezembro de 2000).
O Comitê Gestor foi composto por dezessete representantes dos segmentos do
Governo Federal: o Ministério do Meio Ambiente - MMA, Ministério de Minas e
Energia - MME, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis- lBAMA; representantes do Estado de Santa Catarina: Ministério Público
Estadual – MPE, Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT. Representantes da
sociedade civil: Comitê da bacia do Rio Araranguá- CBHRA, Comitê da Bacia do Rio
Tubarão e Complexo Lagunar – CBHRTCL. Demais segmentos: Associação dos
Municípios do Extremo Sul de Santa Catarina - AMESC, Associação dos Municípios da
Região Carbonífera - AMREC, Associação dos Municípios da Região de Laguna -
AMUREL, Sindicato da Indústria de Extração de Carvão do Estado de Santa Catarina –
SIECESC - e Universidade do Extremo Sul de Santa Catarina - UNESC. A partir de
17
A criação de um sistema de gestão para o projeto das áreas degradadas no sul de Santa Catarina foi
proposta no IV Simpósio Nacional de Recuperação de Áreas Degradadas de Blumenau- SC no ano 2000.
487
Junho de 2003 foi proposta a inclusão formal da Fundação de Ciência e Tecnologia do
Estado de Santa Catarina - FUNCITEC, da Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais
- CPRM, da Federação dos Sindicatos de Trabalhadores na Extração de Carvão e de
uma ONG ambientalista a ser indicada pelo CONSEMA. (CETEM, 2000).
Desde sua implementação, o “Projeto de Recuperação Ambiental da Bacia
Carbonífera Sul Catarinense”, tem sido monitorado pelo Grupo Técnico de
Assessoramento à Sentença- GTA, composto por uma equipe de 21 instituições e inclui
os réus, a União e demais empresas carboníferas; o Departamento Nacional de
Produção Mineral -DNPM, a Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais – Serviço
Geológico do Brasil-CPRM e os comitês das bacias hidrográficas do Araranguá,
Urussanga e Tubarão, o Sindicato da Indústria da Extração de Carvão do Estado de
Santa Catarina –SIECESC, a Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa
Catarina, o Ministério Público Federal e a Fundação do Meio Ambiente de Santa
Catarina – FATMA. Para o melhor acompanhamento do projeto, o monitoramento tem
sido subdividido entre integrantes do GTA:
O monitoramento da cobertura do solo é realizado pelo GTA e o Centro Técnico
do Carvão Limpo-CTCL, por meio de convênio firmado com o Sindicato da Indústria
de Extração de Carvão do Estado de Santa Catarina -SIECESC, com a Companhia
Siderúrgica Nacional-CSN e com a CPRM. O trabalho é realizado por meio de
aquisição de fotos e/ou imagens orbitais de alta resolução, com georreferenciamento e
retificação da base cartográfica. A partir das fotos, é feita a interpretação preliminar e a
validação de campo, para obtenção de informações qualitativas e quantitativas, de
acordo com as metas traçadas pelo GTA. Enquanto o monitoramento das águas
subterrâneas é executado por meio de convênio estabelecido entre a Companhia de
Pesquisa e Recursos Minerais -CPRM, a Associação Beneficente da Indústria
Carbonífera de Santa Catarina-SATC e a Secretaria de Mudanças Climáticas e
Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente –MMA. O MMA é a instituição
provedora dos recursos para a instalação dos poços monitores e a aquisição de imagens
para o monitoramento da cobertura do solo. Atualmente a rede monitorada é constituída
por 26 poços instalados, 2 poços integrados à rede e 9 poços a serem instalados.
Quanto aos recursos hídricos superficiais, são monitorados de forma sistemática,
de acordo com o plano desenvolvido pelo GTA, por meio de análises físico-químicas
das amostras de água coletadas nos rios e de medidas de vazão em 140 pontos situados
nas bacias hidrográficas do Araranguá, Urussanga e Tubarão, pontos que são
distribuídos a montante e a jusante das áreas impactadas pela mineração de carvão. (10º
Relatório de Monitoramento dos Indicadores Ambientais Novembro/2016).
Em geral, o GTA integra geograficamente os dados necessários para a
caracterização da situação ambiental da região carbonífera, por meio de um banco de
dados geográfico e do desenvolvimento de um Sistema de Informação Geográfica –SIG.
Desse banco, constam todos os dados sobre o andamento do Projeto, que incluem mapas
das áreas degradas, gráficos, resultados das análises, fotos, comparação de dados desde
a implementação do projeto.
O SATC, é o setor responsável pela administração, gerenciamento de segurança
e a estruturação do servidor e do banco de dados geográfico. Em novembro de 2016, o
GTA chega a sua 10ª edição de relatório, em que consta o resultado dos indicadores
ambientais de qualidade que compreendem o monitoramento dos recursos hídricos
superficiais e subterrâneos, da cobertura do solo e do meio biótico. Os relatórios são
elaborados anualmente e apresentados para o poder Público Federal, para a sociedade e
ao juízo. (10º Relatório de Monitoramento dos Indicadores Ambientais
Novembro/2016).
488
O “Projeto de Recuperação Ambiental da Bacia Carbonífera Sul Catarinense”,
em 2016, completou seu 16º ano desde sua implementação. Segundo os dados do GTA
(2016), de um total de 6.503,74 ha que correspondem às áreas impactadas, 4.436.54 ha
têm responsabilidade ambiental assumida. Desse total, cerca de 2.000 ha foram
restaurados, o que equivale a um percentual de 30% de áreas recuperadas. Isso denota
que a problemática ambiental na bacia carbonífera ainda é uma realidade.
De acordo com os dados do GTA (2016), as 30 minas abandonadas que são
monitoradas apresentaram valores elevados de condutividade elétrica, acidez, sulfato e
Fe dos efluentes monitorados. De forma similar, as minas a céu aberto contribuem para
contaminação dos recursos hídricos. Esse fato foi constatado durante o trabalho de
campo que realizamos na Bacia carbonífera em janeiro de 2017, conforme pode ser
observado na figura 3.
489
Rio Mãe Luzia Rio Sangão
490
Num quadro geral, a qualidade das bacias hidrográficas dos rios Turbarão,
Araranguá, Urussanga apresenta-se conforme a tabela 2.
Esse quadro dá-se devido ao contato da pirita com o ar e com a água, sofrendo
consequentemente o processo de oxidação, ocasionando a alteração das características
da água e do solo, como redução do pH e influenciando no aumento de diversos metais
que auxiliam na acidez dos recursos hídricos.
No que diz respeito à vegetação, grande parte dela foi removida para a extração
do carvão. Porém, devido à contaminação que o solo sofre com os rejeitos de carvão, a
vegetação, que foi removida, perdeu seu poder de resiliência, ou seja, de o solo
recuperar-se sozinho, sendo consideradas como áreas degradas. Segundo Kageama et al,
(1992), “áreas degradadas, e, que após distúrbios teve eliminados seus meios de
regeneração natural apresentando baixo poder de recuperação”.
Dessa forma, a revegetação nas áreas degradadas pela mineração tem sido
realizada como parte do projeto de recuperação ambiental que foi implementado na
bacia carbonífera.
Nas áreas onde estão depositadas pilhas de rejeitos estéril e áreas mineradas em
geral, a revegetação é realizada após a recuperação da morfologia do terreno, precedida
da compactação adequada do substrato de camada de solo de cobertura e plantio de
espécies vegetais (gramíneas, leguminosas e arbustivas), como está ilustrado na figura
7.
5. Considerações finais
6. Bibliografia
492
BITAR, Omar Yazbek. Avaliação da recuperação de áreas degradadas por
mineração na região metropolitana de São Paulo. Tese (doutorado) –1997. Escola
Politécnica em Engenharia da Universidade de São Paulo, 1997.
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494
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http://www.cetem.gov.br. Acesso em: 18 Nov.2014.
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Disponível em: http://arquivos.ana.gov.br.pdf. Acesso em: 10 de dezembro de 2015.
495
(2)
Engenheiro Sanitarista e Ambiental - Centro Universitário de Patos de Minas –
UNIPAM.
(3)
Acadêmico do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária do Centro Universitário de
Patos de Minas – [email protected]. Rua Major Gote, 808, Patos de
Minas - MG, CEP 38700-000.
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
Segundo o IBRAM - Instituto Brasília Ambiental (2007) o bioma Cerrado
abrange 13 estados brasileiros, em uma área de cerca de 200 milhões de hectares, sendo
a savana mais rica em diversidade do mundo e o segundo maior bioma do país.
Entretanto, esse bioma sofre processos acelerados de degradação ambiental em grande
parte sua área.
Dentre as maiores causas de degradação ambiental do Cerrado, está o efeito da
expansão da agricultura e pecuária, nas quais degradam o ecossistema utilizando
técnicas para aumentar as áreas de lavouras e formar pastagens, isto é, quando não
utilizam técnicas de manejo de solo adequadas, intensificam ainda mais o processo de
degradação, pois o solo fica desprotegido durante os períodos chuvosos ocasionando
erosões.
O aumento da degradação ambiental se dá, pelas falhas na fiscalização por meio
das autoridades, pois a maioria o exploram o bioma desobedecendo às leis previstas de
utilização. Em contrapartida, poucas são as ações legislativas quanto à proteção do
Cerrado, que pela sua grande extensão é o bioma que possui menor porcentagem de
áreas naturais sob proteção integral.
No entanto nem todos exploram os recursos naturais do bioma, ao contrário,
muitos se preocupam em recuperar a área degradada possibilitando a reconstituição do
ecossistema diferente das condições originais da área. São inúmeras as formas de
496
recuperação dessas áreas e cada modelo descrevem os vários objetivos a serem
desenvolvidos para elaboração de projetos a fim de mitigarem os danos ambientais.
Identificar o local e o tipo de ecossistema a ser recuperado, o agente causador da
degradação, a necessidade de intervenções diretas para a recuperação, são atividades a
serem realizadas para elaboração de um bom e exequível projeto de recuperação de
áreas (CAMPOS et al., 2006).
Nos dias de hoje existem várias metodologias de recuperação do bioma Cerrado
e segundo o CONAMA, as mais indicadas e utilizadas são: a condução da regeneração
natural - recuperação de áreas em que os processos ecológicos ainda estão presentes e
são capazes de manter a condição de regeneração natural da área; o plantio por
sementes: as mesmas são lançadas diretamente no lugar a ser recuperado e tem um
prazo para que ocorra a germinação das sementes, possibilitando que as mudas se
adaptem e desenvolvam; outro método utilizado é o plantio de mudas (metodologia
utilizada no presente trabalho).
O plantio de mudas é um procedimento considerado mais oneroso, quando
comparado aos demais métodos, pelo fato das mudas serem produzidas em viveiros.
Estas são adaptadas as diferentes condições climáticas do local que irá realizar a
recuperação. Assim, o crescimento das mudas endêmicas do bioma é rápido e apresenta
alta eficácia na recuperação, pois são mais resistentes as pragas, doenças e as variações
do clima durante o ano (SILVA et al., 2004).
Visando cumprir os objetivos e alcançar bons resultados em um projeto de
recuperação, o mesmo deve ser avaliado por meio de indicadores de recuperação,
escolhidos em função das metas e dos objetivos desejados. Segundo o Ministério do
Meio Ambiente (2013), indicadores são informações quantificadas, de cunho científico,
de fácil compreensão usada nos processos de decisão em todos os níveis da sociedade;
são úteis como ferramentas de avaliação de determinados fenômenos, apresentando suas
tendências e progressos que se alteram ao longo do tempo.
Diante deste contexto, o presente trabalho tem por objetivo iniciar o processo de
recuperação de uma área degradada do bioma Cerrado em propriedade rural agrícola nas
proximidades de Patos de Minas - MG, por meio do plantio de enriquecimento com
espécies nativas do Cerrado.
2 MATERIAL E MÉTODOS
497
Figura 36 - Mapa de localização da Fazenda Pântano, situada a 46 km da cidade da
cidade de Patos de Minas/MG.
498
adequada para a tipologia de solo, realizado o combate de formigas e aplicação de
herbicidas evitando a matocompetição com mudas. Após essa etapa foi realizado
adubação.
Posteriormente foram feitas oito linhas de plantio com profundidade de setenta
centímetros e com espaçamento entre linhas de quatro metros, sendo cada linha com
aproximadamente cem metros de comprimento. As linhas de plantio foram feitas por
um sulcador, acoplado a um trator, a uma profundidade de 70 cm. A Figura 3 apresenta
a abertura das linhas e aplicação da adubação.
499
do café como os grãos ruins e a casca do café. MANEJO 3 (M3): Adubo Orgânico.
MANEJO 4 (M4): Testemunha.
As linhas foram enumeradas de 1 a 8 a fim de avaliar os diferentes manejos. Em
cada linha foram plantadas três mudas de cada espécie aleatoriamente, somando um
total de vinte e quatro mudas por linha e para cada manejo foi empregado duas linhas de
plantio (Tabela 2).
Para que não houvesse danos as mudas em relação aos ataques de formigas, após
o plantio, constitui-se o controle das mesmas percorrendo toda a área de plantio e áreas
adjacentes diariamente durante o primeiro mês de avaliação. Verificando-se a presenças
das formigas e quando encontradas foi utilizada a isca formicida na forma de peletes à
base de Fipronil 0,016%. Já os demais controles foram feitos juntamente a coleta de
dados sendo nos dias 40°, 80°, 107°, 135°, 157°, 209 dias após o plantio.
O controle da matocompetição foi controlado aproximadamente a cada 45 dias
utilizando herbicida e pelo método manual (capina/roçada). O controle das plantas
daninhas visa à eliminação da competição por espaço, nutrientes e água; tais fatores
quando limitados, pode atrapalhar o desenvolvimento das espécies de interesse e muitas
vezes levá-la a morte. Esses procedimento utilizou o herbicida glifosato em
concentração de 300ml.20L-1 d'água, colocado em pulverizador costal manual. Já o
coroamento for realizado manualmente com auxílio de uma enxada.
O período de avaliação teve sete fases sendo a primeira iniciada aos primeiros
30° dia após o plantio no intuito de verificar o fator sobrevivência (S%), incremento da
altura (IncH), diâmetro (IncD) e regeneração natural, já as outras fases foram avaliados
nos dias 40°, 80°, 107°, 135°, 157°, 209 após o plantio, avaliando os mesmos dados.
Os dados de diâmetro e altura foram mensurados com a utilização de uma fita
métrica e paquímetro, o resultado das análises foram planilhados e posteriormente
obtidos suas medias de desenvolvimento inicial e final de todas as espécies nos
diferentes manejos. A Figura 4 demonstra alguns dos procedimentos supracitados.
500
Figura 4 - Mensuração dos indivíduos altura e diâmetro
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
502
há ausência da mesma e em contato com a planta, o produto pode retirar água do
material vegetal, levando-o à morte.
Dentre as espécies utilizadas neste projeto, a Aroeira do Sertão foi a que obteve
maior média de desenvolvimento final dentre as espécies plantadas, atingindo uma
altura final de 77,73 cm e diâmetro final de 6,18 mm, enquanto a espécie Guabiroba
obteve o menor desenvolvimento com 11,44 cm em sua altura e 1,80 mm de diâmetro
(Tabela 5).
Tabela 5 - Média do desenvolvimento final das espécies em altura (H) e diâmetro (D).
Espécie H (cm) D (mm)
M. urundeuva 77,73 6,18
M. peruiferum 48,49 6,43
P. foliolosa 47,13 6,01
H. courbaril 33,08 6,2
G. americana 35,1 6,51
C. xanthocarpa 11,44 1,8
C. fissilis 54,12 6,39
A. falcata 32,22 4,66
Fonte: Autores, (2015)
Tabela 6 - Média do desenvolvimento das espécies em altura (H) e diâmetro (D) por
manejo.
Manejos* Média por desenvolvimento Média geral
M M M M P N
1 2 3 4
Espécies H D H D H D
(cm) (mm) (cm) (mm) (cm) (mm)
M. P N 6,58 49,44 6,50 77,73 6,18
urundeuva
M. P N 7,49 40,96 5,81 48,49 6,43
peruiferum
P. P N 6,76 37,51 6,23 47,13 6,01
foliolosa
H. P 6,62 31,14 6,07 33,08 6,20
courbaril
G. N N P 6,25 31,80 6,22 35,1 6,51
americana
503
C. N* P 3,82 0,00 0,00 11,44 1,80
xanthocar
pa
C. fissilis P N 6,41 38,93 5,23 54,12 6,39
Como discutido acima, a Aroeira do Sertão foi a espécie que apresentou maior
média de crescimento, principalmente quando plantada nas linhas que receberam o
Manejo Adubo Orgânico, obtendo média final de altura de 90,93 cm e diâmetro médio
final de 6,58 mm, enquanto no Manejo Testemunha, a mesma apresentou o
desenvolvimento mais baixo, 49,44 cm e 6,50 mm, de altura e diâmetro,
respectivamente. Isso significa que a utilização do adubo orgânico para a presente
espécie foi positiva o que pode ser explicado pelo fato do adubo orgânico utilizado ser é
um resíduo rico em nutrientes como nitrogênio e potássio, que são essenciais ao
desenvolvimento destas espécies. Aplicação de resíduos vegetais no solo tem efeitos
benéficos sobre os nutrientes, sobre as suas condições físicas, sobre a atividade
biológica e sobre o desempenho das culturas (KANG et al., 1981; WADE; SANCHEZ,
1983, HULUGALLE et al., 2006).
Para a Guabiroba, o melhor desenvolvimento ocorreu no Manejo Testemunha,
com 25,50 cm em altura e 3,82 mm em diâmetro (Tabela 5). Vale ressaltar que a
Guabiroba não apresentou desenvolvimento nos Manejo Hidrogel e Hidrogel + Adubo
Orgânico, uma vez que houve a mortalidade de 100% das mudas (Tabela 4).
504
crescendo por cada fase de avaliação uma média de aproximadamente 2,48 cm, 0,19
mm de altura e de diâmetro, respectivamente.
De acordo com Lorenzi (1992), o desenvolvimento dos indivíduos da espécie
vinhático no campo é lento e dificilmente ultrapassa 2,5m aos 2 anos e segundo Felfili
(2000), o desenvolvimento do incremento ao diâmetro da espécie P. foliolosa pode ser
classificado como muito lento (0 mm – 1,5 mm). Cabe ressaltar que o tempo de
avaliação entre as mensurações ainda é curto, visto que se trata de um experimento em
estágio inicial.
Pelo fato da área estar em processo inicial de recuperação, as espécies utilizadas
no plantio serem nativas (que já possuem crescimento lento), o fato de não haver
adubação de cobertura após o plantio e o tempo de avaliação de apenas 8 meses,
influencia nessa baixa taxa de incremento avaliado. Assim, mais avaliações devem ser
realizadas para poder quantificar a dinâmica da área.
A espécie Guabiroba foi a que apresentou a menor média de incremento durante
o período avaliado, sendo 3,44 cm de altura e 0,55 mm de diâmetro, conforme Tabela 7.
A espécie é considerada de crescimento rápido, os efeitos citado acima e as más
condições das mudas (mudas com presença de ferrugem e folhas necrosadas) no
momento do plantio, podem ter afetado seu desenvolvimento.
Na Tabela 8 são mostrados os valores da maior e menor média para o
incremento em altura (IncH) e diâmetro (IncD) das espécies por manejo.
7 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
506
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508
ROCHA, F. E. C., Leal, B. N., Castro, A. O. Necessidade de treinamento e
planejamento instrucional: uma experiência na Embrapa Cerrados. Documento
Embrapa Cerrados, p.76, Planaltina, DF, 2002.
RESUMO
A crescente urbanização dos espaços causa uma grande perda da biodiversidade local.
Para atenuar esse efeito são construídos os parques urbanos, esses parques muitas vezes
apesar de possuírem faixas de vegetação nativa, necessitam ainda de medidas de
recuperação, com isso esse trabalho avaliou a efetividade de duas técnicas nucleadoras
(transposição e poleiro) em termos de acelerar o processo de recolonização em parques
públicos. Foram escolhidos três parques urbanos no município de Sorocaba - SP, nos
quais foram instaladas 54 unidades amostrais, sendo 32 poleiros, 09 transposições e 09
controles distribuídos uniformemente entre os parques. Por se tratar de áreas urbanas, o
fator antrópico tem sido muito relevante para as unidades amostrais na área do Parque
Chico Mendes. Houve grande depredação de alguns poleiros e áreas de transposição,
porém entende-se que, apesar de influenciar nos resultados, este seja um fator de analise
nas áreas urbanas. Apesar de haver indicio de crescimento de plântulas nas UAs não foi
verificada a presença de espécies zoocóricas e o crescimento de gramíneas foi bastante
relevante para a inibição das plântulas. A área do Parque Corredores da Biodiversidade
localiza-se em um local com maior presença de vegetação nativa no entorno, fator que
acredita-se ter inibido a utilização dos alimentos ofertados. Apesar de não ser constatada
509
grande efetividade para a recolonização da área com espécies da flora nativa, observou-
se que os poleiros são importantes mecanismos de alimentação e locais de pausa para
espécies da avifauna urbana as quais não tem áreas de fragmento para utilizarem de
pousio.
Introdução.
510
oferece o conjunto de espécies necessário para o re-estabelecimento ecológico da área
urbana.
Por outro lado, pesquisadores e técnicos que investigam e/ou trabalham na linha de
recomposição florestal em áreas degradadas, citam que técnicas de nucleação são
técnicas que priorizam aspectos ecológicos do processo de sucessão florestal, são de
baixo custo e vem sendo usados com relativo sucesso ao invés da técnica do plantio de
mudas (CORBIN e HOLL, 2012).
Entretanto as técnicas nucleadoras ainda não foram testadas em áreas urbanas com a
possibilidade de incrementar a biodiversidade local de forma a garantir à dispersão de
espécies que possam servir de abrigo à fauna urbana ou circundantes no meio urbano.
Promovendo assim a esses espaços status de ilhas de conectividade.
Neste projeto parte-se da hipótese de que técnicas nucleadoras podem ser também
efetivas em praças urbanas no sentido de alavancar o processo de recolonização local.
Trata-se de uma proposta inovadora em termos de aplicação (isto é, uso de técnicas de
nucleação em áreas urbanas). A efetiva recomendação de uso deste modelo em outras
regiões será feita após análise da eficiência do modelo e ajuste de eventuais
imperfeições. No contexto da Engenharia Ambiental, a importância deste projeto é
sobre a característica da reconstrução de novos ecossistemas com características
ecológicas mais próximas daqueles originalmente ocorrentes nas áreas hoje urbanizadas.
Dessa forma, neste trabalho buscou-se analisar a efetividade de duas técnicas
nucleadoras (transposição e poleiro) em termos de acelerar o processo de recolonização
em praças, parques e jardins públicos.
Materiais e Métodos
511
Parque Natural Chico Mendes: está localizado próximo a prefeitura da cidade,
com altitude de 600 metros. O parque apresenta áreas de entretenimento contendo
parque infantil, quiosques para churrasqueiras, mesas de piquenique, pista de
caminhada, vegetação nativa e lagos. Apresenta uma vegetação característica da
Mata Atlântica com predomínio da Floresta Estacional Semidecidual e áreas
contendo Eucaliptos. O parque é caracterizado como uma Unidade de
Conservação de uso direto, por isso permite a interferência da população em
determinados espaços para fins recreativos, lazer, educaciona (MOTTA et al,
2013).
Parque Jardim Botânico Irmãos Vilas Boas: foi inaugurado em março de 2014,
abrangendo uma área de sete hectares, com o objetivo de ser um centro de
conservação da biodiversidade e auxiliar na conscientização ambiental da
população por meios das atividades desenvolvidas no local. Apresenta vegetação
de transição entre Cerrado e Mata atlântica estacional Semi-decidual.
Parque municipal Corredores da Biodiversidade: Inaugurado em 2013 é o único
parque caracterizado como unidade de Conservação, tem o objetivo de proteção
integral da fauna e flora específicos da região, aumentando as áreas de proteção
permanente dos afluentes do Rio Sorocaba (principal rio do município), assim
como, ampliar e conservar os corredores de biodiversidade na Zona Norte do
município, garantindo a conectividade e o fluxo gênico. O parque é uma unidade
de proteção integral, na categoria Parque Municipal, definida pela lei Federal nº
9.985/2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza (SNUC) por isso é permitido apenas o uso indireto dos recursos e
atividades como ecoturismo, lazer, educação ambiental e pesquisa cientifica
Procedimentos
Foram instaladas cinquenta e quatro amostras (UA) nos três parques municipais. As
unidades amostrais são círculos de um metro de diâmetro, onde foi removida a grama
existente com o auxílio de uma enxada e o solo descompactado com um rastelo, visando
remover eventuais diferenças na questão de compactação do solo entre as UAs. Os
círculos foram instalados distantes ao menos 05 metros entre si, assim como também ao
menos cinco metros distantes de calçamentos.
Para as UAs de transposição, foram coletadas amostras de serapilheira num fragmento
adjacente e cuja vegetação apresenta as melhores condições ecológicas possíveis. A
razão do critério da máxima proximidade é para que o banco de sementes contido no
material seja o mais próximo em termos de similaridade genética.
Em campo, as amostras foram coletadas usando uma armação plástica de um metro de
diâmetro. Foi coletado todo o material do horizonte “O” do solo (serapilheira) que
estivava dentro da armação, acondicionado num saco plástico e transportado para a área
escolhida. Numa UA previamente preparada, todo o material foi depositado e
manualmente espalhado.
A análise comparativa desta modalidade de técnica de nucleação com a técnica do
poleiro é importante, pois no banco de sementes há a possibilidade de haver sementes
de espécies anemocóricas, enquanto que nas UAs submetidas à técnica do poleiro, ao
menos em princípio, espera-se o aparecimento de espécies zoocóricas (Tabela 1)
Tabela 34
512
Tabela 34. Descrição das técnicas, variações e objetivos de cada opção.
Foram instalados poleiros de cerca de 1,5 metros cada, confeccionados com troncos de
eucalipto de aproximadamente 10 cm de diâmetro, divididos em três modalidades de
combinação: Poleiros naturais, poleiros pintados de vermelho e poleiros com trepadeiras
Os poleiros possuem designs idênticos entre si. Para os poleiros onde foram instalados
comedouros, estes possuem formato circular e ali e a cada campanha é depositado cerca
de 200 gramas de quirera.
513
As instalações foram realizadas nos Parque Chico Mendes, Parque da Biodiversidade e
Jardim Botânico, em cada local foram instalados doze poleiros (quatro vermelhos dos
quais: dois com brita e dois sem brita, dois com alimento e dois sem alimento; Quatro
naturais com a mesma distribuição dos vermelhos e quatro com trepadeiras distribuídos
da mesma forma), três controles e três transposições.
O monitoramento foi efetuado durante o período de seis meses em frequência quinzenal.
Para cada dia de visita em cada UA, foi feita uma inspeção para verificar a presença de
vestígios de animais (para o caso das UAs de poleiros). Entende-se como vestígios de
animais: fezes, pegadas, rastros, penas, pêlos, cadáveres ou mesmo animais que
estiverem, por coincidência, presentes justamente no momento da visita (por exemplo,
aves sobre algum poleiro).
A presença de sementes na superfície do solo também foi inspecionada e verificado se
está ou não eventualmente inserido nas fezes ocasionalmente presentes no local. Foi
também observado o nascimento de plântulas dentro da área da UA e também
observado a evolução da muda.
Em área de instalação das UAs foram também avaliados os atributos microclimáticos no
momento da inspeção através de uma estação microclimatológica. Os atributos medidos
são: temperatura do ar, umidade relativa do ar, velocidade do vento e luminosidade,
além de ser anotado também ausência ou ocorrência de chuva. É também medida, com o
auxílio de um equipamento decibelímetro, o volume de som/ruídos na UA no momento
da inspeção.
Analisou-se também o uso do solo no entorno dos parques objeto do estudo, através do
software Qgis versão 2.4. Foram demarcados os pontos centrais dos parques e projetado
um raio de um quilómetro de distância de cada parque, depois utilizando como base
fotos aéreas do software google Earth, foram demarcadas as categorias de uso do solo
em cada local.
514
Resultados e Discussões
Constatou-se que nas áreas urbanas as intervenções antrópicas são fatores relevantes ao
bom andamento das atividades de recuperação fato esse que no parque Chico Mendes
(Ch) houve diversas depredações do poleiro e também das unidades de transposição de
serapilheira e controle.
Em diversos poleiros foram retiradas as plataformas de pouso e em alguns as
plataformas foram quebradas dificultando sua reposição, nas áreas de controle e
transposição foram depositadas folhas mortas, galhos e outros materiais de limpeza do
parque.
No parque corredores da Biodiversidade (Bio) não há nenhum vestígio de depredação,
porém é o único parque onde não foi registrado consumo do alimento ofertado pela
avifauna local.
Apesar de ser verificada a presença de vestígios de visitação aos poleiros, as espécies
vegetais presentes nas UAs não foram espécies zoocóricas, as espécies registradas
foram prioritariamente anemocóricas, como Brachiaria spp. e Leucaena sp.
Nas unidades de transposição observou-se o crescimento de algumas plântulas nas UAs,
porém após aproximadamente um mês do aparecimento essas estavam mortas, acredita-
se que se deve ao fato do alto índice de luminosidade o qual em todas as áreas foram
maiores que vinte mil lux, fato que pode ocasionar tanto a desidratação das mudas,
quanto sua queima.
No que se relaciona as análises microclimáticas, os mais altos valores de temperatura
foram registrados no Jardim Botânico (Bot) com valores de 45,2ºC no dia 03 de
setembro e os menores valores foram verificados no ponto 01 do Parque da
Biodiversidade (Bio) 15,3ºC (Figura 40).
515
Figura 40. Variação da Temperatura ao longo das coletas.
516
Quanto aos níveis de ruídos os valores médios encontrados estão na faixa dos 45
decibéis (DBS), com pico de 60Dbs no Bio no dia 16 de novembro. É importante
ressaltar que os valores de ruídos sempre foram medidos aguardando a passagem de
carros e caminhões na área durante a coleta (Figura 4).
A análise das áreas de entorno das áreas de estudo é importante para a avaliação do
potencial de dispersão de sementes pela comunidade de avifauna local.
O parque Bio é o parque com a maior mancha de vegetação arbórea no seu entorno
aproximadamente 30% da área é de vegetação desse tipo, não incide sobre a área
manchas urbanas o que é um fator importante para a manutenção da fauna local. A
presença de grandes fragmentos de vegetação no entorno da área pode ter sido fator
determinante para o baixo índice de consumo de alimentos no poleiro (Figura 5).
517
Figura 43. Imagem do Buffer de 1000 m a partir do Parque da biodiversidade.
Figura 44.Buffer de 1Km das áreas dos parques Chico Mendes e Jardim Botânico.
518
Conclusões
Apesar de não ter sido eficiente para a recuperação das áreas urbanas no que tange o
repovoamento com espécies zoocóricas, percebe-se que os poleiros são bastante
visitados pela avifauna local, o que propicia uma área de pouso entre os fragmentos
vegetais urbanos, cumprindo o papel trampolim ecológico para a avifauna urbana e
ainda o oferecimento de alimento serviu também como uma alternativa aos períodos
com menos oferta de alimento nas áreas.
Quanto as transposições apesar do alto crescimento de plântulas, acredita-se que dois
fatores foram importantes ao insucesso da técnica nas áreas urbanas, o primeiro se deve
a alta luminosidade de temperatura nesses locais, o que prejudicou o estabelecimento
das mudas principalmente nos períodos mais secos e o segundo pela falta de
recobrimento no entorno, o que propicia um alto índice de vento no local o que
dispersou boa parte da serapilheira nas UAs.
Embora tenha-se verificado inicialmente um sucesso abaixo do esperado, ressalta-se que
esta foi a primeira tentativa de aplicação destas técnicas em áreas urbanas. No sentido
de se gerar uma ecotecnologia potencialmente utilizável para restauração ecológica de
ambientes urbanos, avalia-se que o potencial não é desprezível, mas que alguns detalhes
técnicos podem ser modificados no sentido de consolidar o potencial de uso destas
técnicas, pois são técnicas baratas, com potencial de envolvimento da população local
(há também um apelo social) e está sempre buscando usar o próprio potencial natural
ainda existente na região (sementes de plantas nativas e avifauna local) para restaurar a
vegetação dentro de um contexto de biodiversidade local.
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Universidade Federal de Rondônia, Av. Norte Sul, 7300 - Nova Morada, Rolim de
Moura - RO, Brasil, [email protected], (69) 98459-9763
520
RESUMO
Introdução
As riquezas naturais do Brasil são de caráter único. Isto porque esse país possui o
maior bioma de floresta úmida do mundo, a Amazônia, que contém, de forma disparada, a
maior parcela das florestas úmidas remanescentes. A Amazônia Legal cobre cerca de 60% do
território brasileiro e abriga 21 milhões de habitantes, 12% da população total, dos quais 70%
vivem em cidades e vilarejos. O Brasil também tem o maior manancial de água doce do mundo,
sendo que a região amazônica sozinha responde por quase um quinto das reservas mundiais
(MARGULIS, 2003). Embora essa região brasileira abrigue aproximadamente 10% de toda a
biodiversidade do planeta, atualmente muitas espécies da fauna e flora encontram-se ameaçadas
de extinção devido aos efeitos das atividades antrópicas (MMA, 2015). Inclusive, estudos
indicam que a maior ameaça à biodiversidade amazônica é o intenso desmatamento
desencadeado principalmente pelo recente processo migratório da região Norte do país.
A população da Amazônia brasileira apresentou aumento de 19 milhões de habitantes
nos últimos 50 anos, consequência dos planos de ocupação do governo, entre outros fatores.
Atrelado a esse crescimento, houve supressão de aproximadamente 80% de toda sua cobertura
florestal original nesse mesmo período (DAVIDSON et al., 2012). As maiores oscilações na
taxa de desmatamento estão fortemente ligadas a fatores econômicos, como a disponibilidade de
capital e o índice de inflação, se tornando um forte indicador de que a prática do desmatamento
é realizada em maiores proporções por médios e grandes fazendeiros. De acordo com o Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE (2015), no período de 2004 o estado de Rondônia
apresentou aumento considerável no índice de desmatamento em relação ao último registro da
década anterior, chegando a 3.858 km²/ano, que pode ser parcialmente responsabilizado pelo
aumento da globalização, incentivado pelo marco crescimento do mercado internacional de soja
e, também a carne bovina (ALENCAR et al., 2004; KAIMOWITZ et al., 2004). Para tanto,
adotar ações de restauração florestal em áreas degradadas por esses processos se torna
fundamental.
Indo de encontro a esse pensamento, a restauração florestal vem ocorrendo em
diferentes regiões do estado, a partir de projetos promovidos em conjunto pelos órgãos públicos,
instituições privadas, movimentos sociais e organizações não governamentais. Essas são
iniciativas que buscam reverter o cenário de degradação em que se encontram os mananciais e
possuem metodologias que se diferenciam em alguns aspectos, pois procuram envolver as
comunidades e atores sociais das localidades em que as ações ocorrem (FERRONATO et al.,
2015).
521
Nesse sentido, as compreensões de como os atores sociais diretamente envolvidos
percebem o processo de restauração florestal se torna fundamental, haja vista que visto que os
resultados ocorrem a médio e longo prazo, com o desenvolvimento da vegetação,
estabelecimento da floresta, reprodução da biodiversidade local e melhoria da quantidade e
qualidade dos recursos hídricos (GONÇALVES; GOMES, 2014). Desta maneira, o indivíduo,
em sua particularidade, percebe, reage e responde de maneira diversa às ações sobre o ambiente
em que se encontra. Sendo que, as revelações daí conseguinte são resultados das percepções
individuais e coletivas, de processos cognitivos, julgamentos e expectativas (FERNANDES et
al., 2004). De acordo com Pacheco e Silva (2006), tratar conceitos de percepção ambiental não
se restringe apenas em dizer quais das ideias norteiam melhor a realidade, mas sim, que possam
esclarecer as perspectivas científicas, sociais ou políticas difundidas por meio da utilização
desse conceito. Entende-se ainda que, a internalização da percepção da população na gestão
ambiental municipal possibilita um apoio aos seus instrumentos, e serve de subsídio para o ciclo
político no que tange à formulação, implementação e avaliação das políticas públicas ambientais
locais (RODRIGUES et al., 2012). Aliado a percepção ambiental, está a etnobotânica, que é o
estudo das inter-relações direta entre pessoas, em suas culturas e as plantas do seu meio,
aliando-se a fatores culturais e ambientais, bem como as concepções desenvolvidas por esses
indivíduos a respeito das espécies vegetais e o aproveitamento que fazem destas
(ALBUQUERQUE, 2005).
Nesse sentido, o conhecimento sobre a percepção ambiental e a etnobotânica pode
trazer maiores informações sobre a composição florística das áreas restauradas, permitindo uma
compreensão maior sobre a razão de tal diversidade, do uso madeireiro e não madeireiro das
espécies, da relação que o proprietário tem com a área, do seu processo de instalação e outras
informações pertinentes.
Assim, objetivou-se com este trabalho verificar a percepção ambiental do proprietário
e a etnobotânica de uma área de preservação permanente restaurada na Amazônia Ocidental.
Material e Métodos
Resultados e Discussão
522
“isso aqui ó [apontando para uma espécie nativa não identificada] não foi plantado,
isso é nativo, né, mas essas aroeira e essas de pinho foi tudo plantado”.
“o José faz o viveiro, né, e repassa as muda. Agora quem plantou mesmo, acho que
era o Seu J., né, que ele era o dono. Então, aí o José faz o viveiro e reparte as mudas pras
pessoa. Isso aqui foi o começo do reflorestamento”.
“é uma obrigação que as pessoa tem que reflorestar as beira dos córregos, e aí,
vamos supor, muita gente não pensava que era assim, mas isso é uma boa coisa que tem que
fazer... esse pedacinho de terra num atrapaia perder, né, o importante é a água, uma água
boa”.
Ao ser indagado se ele executaria o projeto de recuperação caso não tivesse sido feito
pelo proprietário anterior, Seu B. afirmou
“Eu acho que eu fazia. [...] Porque l não no s tio que eu tinha l embaixo na 21, eu
já tinha um córrego lá pra mim reflorestar. Tinha três áreas, duas ainda tava em mata virgem,
da eu at falei que não ia roçar aquele mato porque eu j ia ficar reflorestado aquele mato”.
“porque cada um pensa de um jeito, né? Aí a gente não pode obrigar a pessoa a
fazer...”.
“os bicho do mato, eles sofre muito, né, pra gente pensar assim que eles não é que
nem nois que tem o alimento. Eles têm que sair procurando o alimento, e tem tempo que às
vezes é difícil de achar uma fruta ou uma comida, se as arvore nenhuma tem fruto (...) eles
saem de lá (se referindo a macacos) e entra aqui, chega aqui e passa ali para aqueles pés de
manga ali ó, quando tem manga ou quando não têm eles dá uma visitada ali assim, por ali tudo,
aquele cordão de bicho assim”.
523
A importância da percepção é destacada em função do bom andamento do projeto,
pois foi possível verificar, visualmente, árvores com copas bem desenvolvidas, diferentes
estratos de dossel sendo formados, serapilheira sendo depositada e não se verificou presença de
erosões.
O conhecimento sobre o potencial de uso madeireiro foi predominante entre as 11
etnoespécies registradas durante a caminhada transversal, embora o uso alimentício e medicinal
também tenha sido descrito (TABELA 01).
524
consumidos por diversas espécies de pássaros. O mogno, considerada uma árvore muito
ornamental, tem sua madeira indicada para confecção de mobiliário de luxo. O ipê é excelente
para uso paisagístico e sua madeira é utilizada em construções pesadas e estruturas externas,
tanto civis como navais. O jenipapo possui uso madeireiro, mas num projeto de recuperação,
sua utilização é decorrente do fornecimento de alimentação para a fauna, sendo que este fruto
também pode ser utilizado como corante e na alimentação humana. A bandara é ornamental,
indicada para plantios mistos e sua madeira é muito utilizada na fabricação de laminados. A teca
é uma espécie exótica, pioneira de rápido crescimento, e sua madeira é utilizada na construção
de pisos, móveis de uso externo, decoração de interior e exterior e na construção naval
(CACERES FLORESTAL, 2006).
Constata-se que os conhecimentos de uso expostos pelo produtor vão de encontro aos
usos citados na literatura. Assim, estudos nesse sentido são de suma importância para valorizar
o conhecimento tradicional, trazendo-o para o meio cientifico. Além disso, observa-se a
importância da percepção ambiental do produtor para o sucesso dos projetos de restauração
aliado ao conhecimento das espécies para seu uso, tanto madeireiro como não madeireiro.
Conclusões
Referências Bibliográficas
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RESUMO
18
Mestrando do curso de Ciência e Tecnologia Ambiental da Universidade Tecnológica Federal do
Paraná. E-mail: [email protected].
19
Professores adjuntos do Departamento de Química e Biologia e do Mestrado em Ciência e Tecnologia
Ambiental da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. E-mail: [email protected];
[email protected]
526
Microcysiys aeruginosa é uma das espécies de cianobactérias mais frequentes em
florações mundiais e que degradam os corpos hídricos. Tratamentos físicos e químicos
são eficazes, porém apresentam elevado custo e/ou resultam em efeitos nocivos para a
biota. Espécies de macrófitas aquáticas, em especial as submersas, apresentam
estratégias alelopáticas para controle do fitoplâncton, o que pode estar relacionada a
uma potencial atividade algicida. Estudos com espécies do gênero Myriophyllum têm
demonstrado potencial de inibição de cianobactérias. Deste modo, avaliou-se o efeito
de extrato hidroetanólico obtido a partir de biomassa seca de Myriophyllum aquaticum
sobre a inibição de crescimento de M. aeruginosa. Amostras vegetais foram coletadas
no reservatório do Rio Verde (Araucária-PR), lavadas em água potável, secas e
pulverizadas. Os extratos foram obtidos utilizando solução hidroetanólica 80% (v/v)
como líquido extrator e submetidos a ciclos de ultrassom. Para obtenção do extrato
seco, o líquido extrator foi rotaevaporado e liofilizado, sendo mantido sob refrigeração.
Para os experimentos, foram preparadas soluções do extrato (0,01; 0,1; 1; 10; 50; 100 e
250 mg L-1), diluídas em meio ASM-1 e tratamento controle, sendo realizados inóculos
de M. aeruginosa com concentração de 106 células mL-1. A averiguação do
crescimento celular foi realizada por contagem ao microscópio, a cada 48 horas, durante
nove dias. Alterações no aparato fotossintético foram verificadas por determinação de
clorofila-a, ao término do período de exposição. Observou-se efeito inibitório do extrato
de M. aquaticum sobre o crescimento de M. aeruginosa, ocorrendo diferença
significativa para todos os tratamentos, em relação ao controle, com valores de inibição
de até 86,79%. Houve redução de clorofila-a nas concentrações experimentais. Tais
resultados indicam que o extrato hidroetanólico de M. aquaticum apresenta potencial de
inibir o crescimento de M. aeruginosa, ratificando o potencial alelopático da espécie
que pode ser explorado como alternativa no controle de florações de cianobactérias.
INTRODUÇÃO
527
XU, 2015), pois estão associadas a casos de intoxicação aguda e ocorrência de tumores
hepáticos decorrentes de exposição crônica (KUDELA et al., 2015).
Destaca-se como incidentes no Brasil, o caso ocorrido na cidade de Caruaru,
em 1996, no qual 52 pacientes de tratamento de hemodiálise morreram devido à
contaminação da água com microcistinas, que foi utilizada na aplicação do tratamento.
O caso foi conhecido principalmente pela verificação da ação direta das cianotoxinas no
organismo (PEKAR et al., 2016). Além disso, casos de florações têm sido registrados
como potenciais problemas em abastecimento público de água.
Tendo em vista os impactos nocivos dos eventos de florações de
cianobactérias, diferentes estratégias têm sido adotadas para seu controle, desde a
aplicação de algicidas (ex.: sulfato de cobre) ou por tratamentos físicos e químicos que
proporcionem a remoção e/ou degradação das cianotoxinas, tais como diferentes
processos de coagulação (ex.: eletrocoagulação, sistemas de floculação, entre outros),
adsorção e filtração, além de métodos oxidativos (ozonização, uso de peróxido de
hidrogênio ou processos avançados de oxidação) (BARRINGTON; REICHWALDT;
GHADOUANI, 2013; BARROS et al., 2011;HE et al., 2015; QIAN et al., 2010;
PANTELIC et al., 2013; XU et al., 2007). Entretanto, esses tratamentos, apesar de
eficazes, apresentam custo elevado, eficácia insuficiente e podem resultar em efeitos
nocivos para a biota, principalmente pela geração de poluentes secundários e/ou
acumulação de metais nos ecossistemas (BARRINGTON; REICHWALDT;
GHADOUANI, 2013; HUANG et al., 2016; MENG et al., 2015).
Por isso, o uso de tratamentos biológicos torna-se de interesse, devido ao baixo
custo, quando comparadas aos tratamentos físicos e químicos, além de promover
menores impactos nos ecossistemas (BARROS et al., 2011; LI et al., 2016). Dentre
estes tratamentos, estudos têm sido desenvolvidos na aplicação de subprodutos do
metabolismo secundário de macrófitas aquáticas produzidos em função de sua atividade
alelopática, como forma de inibição de cianobactérias (LI et al., 2016; MENG et al.,
2015; PAKDEL et al., 2013; WANG et al., 2016; ZHANG et al., 2014; ZHOU et al.,
2014). A alelopatia consiste no efeito positivo ou negativo que um organismo exerce
sobre outros pela liberação de compostos no ambiente, denominados de aleloquímicos
(HUANG et al., 2016; PAKDEL et al., 2013). Tal técnica é vantajosa, visto à
biodegradabilidade dos compostos e, dependendo da concentração aplicada, não é
observada geração de toxicidade aos organismos que compõe o ambiente (HUANG et
al., 2016; MENG et al., 2015).
Sabe-se que as macrófitas aquáticas submersas corroboram para a manutenção
dos corpos hídricos, dentre vários outros serviços ecossistêmicos, por meio da
oxigenação local, mas principalmente no controle do fitoplâncton, devido à liberação de
aleloquímicos no ambiente aquático, como forma de reduzir a competição por luz,
carbono e nutrientes (HUANG et al., 2016; PAKDEL et al., 2013; QIMING et al., 2006;
WANG et al., 2016; ZHANG et al., 2014; ZHOU et al., 2014).
O gênero Myriophyllum tem sido estudado devido à sua capacidade alelopática
sobre cianobactérias. Como principais aleloquímicos responsáveis pela inibição de
cianobactérias estão os compostos fenólicos (NAKAI et al., 1996; NAKAI et al., 2000;
ZHU et al., 2010). Dentro desse gênero, a espécie Myriophyllum aquaticum (Vell.)
Verdc. demonstrou efeito inibitório sobre M. aeruginosa conforme Cheng et al. (2008)
em experimentos in vivo. Entretanto, visa-se a necessidade de realizar a bioprospecção
de extratos das macrófitas aquáticas submersas, como M. aquaticum, para a inibição e
controle de cianobactérias, de modo a contribuir para o desenvolvimento de outros
métodos preventivos e de redução de florações. Deste modo, objetivou-se na presente
pesquisa, avaliar o efeito do extrato hidroetanólico obtido da biomassa seca de
528
Myriophyllum aquaticum (Vell.) Verdc. sobre a inibição de crescimento de Microcystis
aeruginosa.
METODOLOGIA
Testes de inibição
529
M. aeruginosa. Todos os testes foram mantidos sob as mesmas condições do cultivo
inicial e feita a distribuição aleatória dos experimentos sobre a bancada para reduzir
possíveis tendências. Para cada concentração-teste, o procedimento foi realizado em
triplicata.
O acompanhamento do realizado inibitório dos extratos sobre o crescimento
celular foi feita a partir da retirada de amostras a cada 48 horas durante nove dias, de
cada frasco teste, para verificar o crescimento celular por meio da contagem em Câmara
de Neubauer.
Após o período proposto, foi calculada a taxa de inibição conforme a equação
1, proposta por Cheng et al. (2008) para a verificação da eficácia dos extratos sobre a
cianobactéria.
TI = [1 – (N.N˳-1). 100
(1)
Em que:
TI= Taxa de inibição
N= Concentração celular (célula.mL-1) após 09 dias de exposição aos extratos
N˳= Concentração celular (célula.mL-1) após 09 dias sem a exposição aos extratos
(Controle).
530
Análise dos dados
RESULTADOS E DISCUSSÃO
6,00
Concentração celular (cél mL/1. 106)
5,00
Controle
4,00 250 mg L
100 mg L
3,00
50 mg L
2,00 10 mg L
1 mg L
1,00
0,1 mg L
0,00 0,01 mg L
0 2 4 6 8 10
Dias
Ghobrial, Nassr e Camil (2015) e Gross, Erhard e Ivanyi (2003) citam que a
utilização de agentes extratores com propriedades lipofílicas intermediárias, como a
solução hidroetanólica e acetona, permite a extração de compostos que permitem a
atividade inibitória de cianobactérias, como M. aeruginosa.
531
Nota-se que quanto maior a concentração de extrato de M. aquaticum, maiores
as inibições. A taxa de inibição observada entre as diferentes concentrações variou de
34,31a 86,79% no nono dia de experimento (Fig. 2).
*
Letras diferentes indicam diferença significativa (p<0,05) pelo Teste ANOVA, seguido
pelo teste de Dunn.
Fonte: O autor (2017)
532
Os extratos apresentaram efeitos no potencial fotossintético de M. aeruginosa,
devido às menores quantidades de clorofila-a, quando comparados ao Controle. Os
extratos em que foram observados maiores interferências foram em 10 mg L-1, 1 mg L e
10 mg L-1, respectivamente (Fig. 3). Os valores elevados da concentração de 250 e 100
mg L-1, podem estar associados com a clorofila pertencente à M. aquaticum, pois o uso
da solução hidroetanólica pode ter contribuído para tal extração, sendo uma possível
explicação para a não-correlação com os valores de inibição celular para essas
concentrações.
*
Letras diferentes indicam diferença significativa (p<0,05) pelo Teste ANOVA, seguido
pelo teste de Dunn.
Fonte: O autor (2017)
533
Avaliação do efeito algicida/algistático sobre M. aeruginosa
Foi verificado significativo efeito algistático dos extratos, visto que houve
crescimento após a reinoculação dos cultivos. Porém, é possível observar que nas
concentrações em que houve maiores índices de inibição, a concentração celular foi
inferior quando comparadas ao controle (Fig. 4).
*
Letras diferentes indicam diferença significativa (p<0,05) pelo Teste ANOVA, seguido
pelo teste de Dunn.
Fonte: O autor (2017)
534
CONCLUSÕES
AGRADECIMENTOS
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538
DIAGNÓSTICO DE UM REFLORESTAMENTO SOB A INFLUÊNCIA DA
Dodonaea viscosa, ARAÇOIABA DA SERRA/SP
RESUMO
Dodonaea viscosa é uma espécie vegetal pioneira com 4 a 8 metros de altura que forma
populações de alta densidade com potencial alelopático, denominadas dodoneitos. Por ser
uma espécie pioneira, tem sido indicada para a recuperação de áreas degradadas, entretanto
é importante esclarecer se o seu efeito inibitório observado na germinação de espécies
também ocorre em condições de campo. O objetivo desse estudo foi diagnosticar a
influência da D. viscosa no desenvolvimento de espécies arbóreas nativas em uma área de
reflorestamento. Conhecendo o histórico e a metodologia de um plantio de mudas arbóreas
em um reflorestamento feito em 2012, foram feitas, após quatro anos, coletas de atributos
de estrutura do reflorestamento. Para subsidiar a avalição, foram comparadas a composição
florística, taxa de sobrevivência, diâmetro do caule e da copa, altura do dossel, presença de
regenerantes, análise da cobertura do solo e biomassa de gramíneas nas 03 áreas
reflorestadas, sendo elas: Parcela1 – mudas plantadas em área sem indivíduos de D.
viscosa; Parcela 2 – mudas plantadas em área com indivíduos de D. viscosa; Parcela 3 –
observação de regeneração natural em área com indivíduos de D. viscosa. Resultados: Não
houve diferença significativa entre a taxa de sobrevivência e nos parâmetros estruturais das
mudas plantadas. Na parcela 1 a espécie Baccharis dracunculifolia passou a dominar.
Como não houve fechamento do dossel nas 03 parcelas a entrada de luz permitiu
crescimento maciço de gramíneas.
INTRODUÇÃO
2
Outras características que conferem rusticidade a espécie indicando-a para
utilização na recuperação de áreas degradadas, apesar de proporcionar pouca sombra, é sua
alta reprodução vegetativa, heliófila e seletiva xerófita, alta produção de flores que atraem
abelhas, sementes viáveis e dispersão do tipo anemocórica. Já em 1992, KAGEYAMA,
REIS e CARPANEZZI afirmaram que a espécie apresenta bom potencial de uso na
recuperação de áreas degradadas, principalmente por meio da condução e regeneração
natural, podendo também ser empregada em plantios com mudas ou sementes para
recuperar solos muito pobres em nutrientes e degradados. Por outro lado, a principal
característica contrária a sua utilização seria a capacidade da espécie para invadir áreas
degradadas com tendência ao desequilíbrio ecológico. Os mesmos autores mencionam que
a D. viscosa possui toxidade nas folhas, o que diminui a herbivoria, concluindo que áreas
com grandes agrupamentos de indivíduos dessa planta podem causar desequilíbrio na
comunidade, aumentando a sua população e, consequentemente, diminuindo as populações
nativas, o que a caracterizaria como espécie invasora causadora de infestação biológica.
Em condições laboratoriais o efeito inibidor na germinação de alface foi demonstrado
(MARIN et al., 2012). Em condições naturais foi provada a influência de indivíduos
adultos de D. viscosa na comunidade de plântulas de algumas espécies arbóreas (PARIS et
al., 2010), mas a influência destes populações com alta densidade de vasourão-vermelho
em plantios em áreas degradadas ainda não foi testada.
Espécies vegetais dominantes, isto é, presentes em alta densidade e que formam
comunidades homogêneas, influenciam nas condições do solo e da vegetação sob o dossel.
Tendo em vista que a Dodonaea viscosa apresenta a capacidade de formar populações
densas e dominantes, formando os conhecidos dodoneitos, torna-se necessária a
investigação da alelopatia dessa espécie, já que este fenômeno pode ser uma das estratégias
que contribui no estabelecimento dessas populações. (MARASCHIN-SILVA; ÁQUILA,
2005).
O presente trabalho teve por objetivo avaliar o reflorestamento implantado por
SANTOS e ALMEIDA (2012), através da observação da influência da Dodonaea viscosa
sobre a regeneração de uma área degradada da Divisão de Produção Rural do Zoológico de
São Paulo, conhecida como Fazenda do Zoo, a qual recebeu plantio de mudas de espécies
nativas em áreas distintas.
MATERIAIS E MÉTODOS
A área de estudo está dentro dos limites da Fazenda do Zoo, mantida pela Fundação
Parque Zoológico de São Paulo desde 1982, em uma área de 574 hectares, localizada no
interior de São Paulo, entre os municípios de Sorocaba, Araçoiaba da Serra e Salto de
Pirapora.
Foram utilizadas as 03 (três) parcelas definidas no projeto de revegetação de 2012,
de 20,0 m x 10,0 m, totalizando 200 m² cada parcela. Como há o histórico de implantação
do projeto de reflorestamento, foram observadas às interferências da Dodonaea viscosa na
regeneração do local, além de analisar a biomassa de gramíneas e presença de serrapilheira
nas 03 (três) parcelas, sendo elas: Parcela 1 – 49 mudas de 24 espécies plantadas em área
sem indivíduos de D. viscosa; Parcela 2 – 49 mudas de 22 espécies plantadas em área com
indivíduos de D. viscosa; Parcela 3 – observação de regeneração natural em área com
indivíduos de D. viscosa. Sendo este diagnóstico de grande importância para averiguar se a
D. viscosa influenciou positiva ou negativamente o processo de recuperação da área
degradada.
Para avaliação das 03 parcelas na área de estudo foram comparados os dados de
2012, quanto à composição florística. Para a caracterização estrutural dos indivíduos
3
arbóreos foram obtidas as medidas de altura total dos indivíduos (Ht) e a circunferência à
altura do peito (CAP). Para avaliação dos atributos de função ecológica foi medido o
percentual de solo exposto ou coberto por serrapilheira e gramínea, a cobertura de copa e
cobertura de gramíneas. Também foram verificadas a presença de regenerantes. O
levantamento florístico relacionou todas as espécies arbóreas dos indivíduos que
apresentam CAP maior ou igual a 5 cm a 1,30 m do solo. As coletas foram feitas mediante
a utilização de tesoura de poda no interior da área amostral. A identificação taxonômica foi
efetuada mediante consultas a especialistas e por meio da literatura.
A CAP foi mensurada diretamente em campo, por meio da utilização de trena
centimétrica, o que possibilitou a obtenção de um dado mais confiável. A medição da
circunferência da árvore foi feita a uma altura de 1,30 m do solo (FRANCEZ et al., 2010).
A Ht foi feita por meio de avaliação visual, com auxílio de uma vara de bambu de 3 m.
A partir da composição florística de cada parcela foi feita uma matriz dos índices de
similaridade de Sorensen (BROWER; ZAR, 1984). Para o cálculo desse índice foi
utilizado a equação (1):
IS=2C/(S1+S2) (1)
Sendo: C = número de espécies em comum entre as parcelas comparadas; S1 = número de
espécies da parcela “X” e S2 = número de espécies da parcela “Y”.
Para avaliar a espessura da camada de serrapilheira foram realizadas medições com
o auxílio de uma régua de 30 cm, em 05 (cinco) pontos distintos de cada parcela.
As análises de cobertura do solo foram realizadas a partir de avaliação visual em 5
(cinco) quadrantes de 0,5 m x 0,5 m em cada parcela.
Para a coleta de gramíneas, foi utilizado um quadro de 0,5 m x 0,5 m colocado em
05 (cinco) pontos distintos de cada parcela separados igualmente entre si. Toda gramínea
delimitada pelo quadro foi cortada a 5 cm do solo. Para determinar a biomassa, o material
colhido foi colocado em estufa até atingir peso constante (GUEDES, 2012).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
4
FELFILI e VENTUROLI (2000), quando o valor do Índice de Sorensen for superior a 0,5
ou 50% é que existe elevada similaridade entre os comparativos, reforçando que as
parcelas com dodoneito e sem dodoneito onde foram feitos o plantio de mudas são
similares, após 4 anos.
Na análise da cobertura do solo (Tabela 3) pode-se verificar que a Parcela 2
apresentou a maior espessura de serrapilheira e a menor biomassa de gramíneas, podendo
ser uma indicação do efeito inibitório de D. viscosa sobre o crescimento da braquiária ou
por alelopatia. Enquanto a Parcela 1, onde se encontra o menor número de indivíduos de
espécies arbóreas em relação as demais parcelas, apresentou a maior biomassa de
gramíneas.
A influência de D. viscosa sobre outras espécies pode ser mais complexa do que
uma simples inibição. PARIS et. al, (2010) em seu estudo sobre as implicações da D.
viscosa na estrutura e composição de um fragmento florestal, apresenta resultados que
reforçam seu potencial como espécie pioneira facilitadora, sua pesquisa feita no campo
com banco de plântulas mostrou que indivíduos das espécies Gochnatia polymorpha,
Rapanea ferruginea e Clethra scraba tiveram a maior frequência ao redor dos indivíduos
de D. viscosa o que sugere que estas espécies tenham desenvolvido certa tolerância aos
aleloquímicos liberados pela espécie. Essa característica é definida por ALVES et. al
(2004), como específica-específica, explicando a maior frequência desses indivíduos no
entorno da D. viscosa.
Outros estudos também abordam o potencial alelopático da D. viscosa, um deles
avaliou o efeito sob espécies florestais, cujos resultados mostraram que os extratos em
diferentes concentrações não inibiram a germinação das espécies estudadas e, em sementes
de alface o que se observou foi apenas atraso na germinação (BARBÉRIO & ALMEIDA,
2008). Acerca deste estudo, D. viscosa não influenciaria no desenvolvimento de espécies
florestais, o que pôde ser comprovado por ALVES et. al (2004). Esses estudos mostram a
amplitude de variantes a serem estudadas até que se chegue a um consenso.
5
Tabela 35 - Caracterização estrutural dos indivíduos arbóreos nas Parcelas 1, 2 e 3.
Classe Síndrome de
Família Espécie Nome popular Origem P1 P2 P3
Sucessional Dispersão
Anacardiaceae Schinus terebinthifolia Raddi Aroeira-pimenteira Pioneira Nativa Zoocórica 3 1 0
Anacardiaceae Tapirira guianensis Aubl. Peito-de-pombo Pioneira Nativa Zoocórica 0 0 3
Asteraceae Baccharis dracunculifolia DC. Alecrim-do-campo Pioneira Nativa Anemocórica 53 24 5
Asteraceae Gochnatia polymorpha (Less.) Cabrera Cambará Pioneira Nativa Anemocórica 0 1 1
Asteraceae Vernonia diffusa Less. Cambará-açu Pioneira Nativa Anemocórica 1 0 0
Fabaceae Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan Angico-branco Pioneira Nativa Autocórica 1 2 0
Enterolobium contortisiliquum (Vell.)
Fabaceae Orelha-de-negro Pioneira Nativa Autocórica 3 1 0
Morong
Fabaceae Erythrina speciosa Andrews Mulungu Pioneira Nativa Autocórica 0 1 0
Fabaceae Erythrina verna Vell. Mulungu Pioneira Nativa Autocórica 1 1 1
Fabaceae Mimosa bimucronata (DC.) Kuntze Espinho-de-maricá Pioneira Nativa Autocórica 1 3 0
Fabaceae Myrocarpus frondosus Allemão Cabreúva Não pioneira Nativa Anemocórica 0 1 0
Senna pendula (Willd.) H. S. Irwin &
Fabaceae Canudo-de-pito Pioneira Nativa Autocórica 2 0 0
Barneby
Lythraceae Lafoensia pacari A. St.-Hil. Dedaleiro Não pioneira Nativa Anemocórica 2 0 0
Meliaceae Cedrela odorata L. Cedro-rosa Não pioneira Nativa Anemocórica 0 1 0
Meliaceae Melia azedarach L. Cinamomo Pioneira Exótica Zoocórica 0 1 0
Myrsinaceae Rapanea ferruginea (Ruiz & Pav.) Mez Capororoca Pioneira Nativa Zoocórica 1 0 0
Capororoca-de-folha-
Myrsinaceae Rapanea lancifolia (Mart.) Mez Pioneira Nativa Zoocórica 0 1 0
miúda
Pinaceae Pinus elliottii Engler. Pinheiro Pioneira Exótica Anemocórica 0 1 0
Sapindaceae Dodonaea viscosa Jacq. Vassoura-vermelha Pioneira Nativa Anemocórica 6 51 88
Urticaceae Cecropia pachystachya Loefl. Embaúba Pioneira Nativa Zoocórica 0 1 0
Verbenaceae Citharexylum myrianthum Cham. Pau-viola Pioneira Nativa Zoocórica 2 1 0
Total 76 92 98
Tabela 36 - Sobreviventes e regenerantes nas Parcelas 1, 2 e 3.
2012 2016 Sobrev. Regenerante
Família Espécie
P1 P2 P1 P2 P3 P1 P2 P1 P2 P3
Schinus
Anacardiaceae 3 1 3 1 0 3 1 0 0 0
terebinthifolia
Tapirira
Anacardiaceae 0 0 0 0 3 0 0 0 0 3
guianensis
Annona
Annonaceae 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0
coriacea
Aspidosperma
Apocynaceae 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
parvifolium
Dendropanax
Araliaceae 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
cuneatus
Arecaceae Euterpe edulis 1 2 0 0 0 0 0 0 0 0
Baccharis
Asteraceae 0 0 53 24 5 0 0 53 24 5
dracunculifolia
Gochnatia
Asteraceae 0 1 0 1 1 0 1 0 0 1
polymorpha
Asteraceae Vernonia diffusa 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0
Tabebuia
Bignoniaceae 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
chrysotricha
Boraginaceae Cordia glabrata 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Cordia
Boraginaceae 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0
rufescens
Terminalia
Combretaceae 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0
catappa
Croton
Euphorbiaceae 2 2 0 0 0 0 0 0 0 0
urucurana
Mabea
Euphorbiaceae 1 2 0 0 0 0 0 0 0 0
fistulifera
Anadenanthera
Fabaceae 2 1 1 2 0 1 1 0 1 0
colubrina
Centrolobium
Fabaceae 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
tomentosum
Enterolobium
Fabaceae 0 0 3 1 0 0 0 3 1 0
contortisiliquum
Fabaceae Erythrina sp 3 3 1 2 1 1 2 0 0 1
Fabaceae Inga alba 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0
Mimosa
Fabaceae 1 4 1 3 0 1 3 0 0 0
bimucronata
Myrocarpus
Fabaceae 3 1 0 1 0 0 1 0 0 0
frondosus
Platymiscium
Fabaceae 4 1 0 0 0 0 0 0 0 0
pubescens
Fabaceae Senna multijuga 3 3 0 0 0 0 0 0 0 0
Fabaceae Senna pendula 0 0 2 0 0 0 0 2 0 0
Lafoensia
Lythraceae 3 0 2 0 0 2 0 0 0 0
pacari
Ochroma
Malvaceae 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0
pyramidale
Malvaceae Ceiba speciosa 4 1 0 0 0 0 0 0 0 0
2
Meliaceae Cedrela odorata 0 3 0 1 0 0 1 0 0 0
Meliaceae Melia azedarach 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0
Rapanea
Myrsinaceae 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0
ferruginea
Rapanea
Myrsinaceae 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0
lancifolia
Eugenia
Myrtaceae 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
uniflora
Hexachlamys
Myrtaceae 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0
edulis
Pinaceae Pinus elliottii 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0
Prunus
Rosaceae 1 3 0 0 0 0 0 0 0 0
brasiliensis
Dodonaea
Sapindaceae 0 0 6 51 88 0 0 6 - -
viscosa
Symploaceae Symplocos sp 1 2 0 0 0 0 0 0 0 0
Urticaceae Cecropia sp 0 3 0 1 0 0 1 0 0 0
Citharexylum
Verbenaceae 7 9 2 1 0 2 1 0 0 0
myrianthum
Total 49 49 76 92 98 10 12 66 29 10
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
4
AVALIAÇÃO DOS RISCOS AMBIENTAIS NO USO DOS MÉTODOS NÃO
DESTRUTIVOS PARA INSTALAÇÃO DE GASODUTOS – Estudo de Caso:
GASMIG – MINAS GERAIS
R. F. ; SILVA
RESUMO
ABSTRACT
The Environmental Risk Assessment is a tool for more rational and effective decision
making in the environmental field. The Environmental Risk Assessment (ARA)
attempts to quantify the risks to human health, economic goods and ecosystems,
generated from human activities and natural phenomena that cause disruption to the
environment. One of the key aspects of ARA is associated with determining the
transport and destination of chemicals in surface and groundwater, air and soil. Another
key aspect, according to the authors, is related to the determination of the effects of
these chemicals that are released in nature. A natural gas transportation infrastructure is
5
the pipeline network that transports dry natural gas to the delivery points. This
infrastructure is composed of sections of interconnected pipelines and often has
compressor stations located at intervals that depend on the pressure conditions of the
pipeline. The so-called Non-Destructive Methods (MND) use special machines that drill
the subsoil horizontally, between two access wells, through which the pipes will be
passed. In this way, it is not necessary to tear the entire length of the floor under which
the installation will pass. This method is extremely useful when crossing high traffic
lanes, since vehicle traffic will not be hampered by works. The execution by this
process also avoids the replacement of the floor by opening of trenches, a replacement
that is not always the same as the original situation of the floor. Corrosion and other
associated processes indicate the possibility that these installations and constructive
specifications, given the composition of the mechanical and chemical elements that
surround the buried pipelines, produce relevant interactions with the soil.
1. INTRODUÇÃO
Para CANTER e KNOX (1990), um dos aspectos chave da ARA está associado
à determinação do transporte e destino de produtos químicos nas águas de superfície e
subterrâneas, ar e solo. Outro aspecto chave, segundo os autores, está relacionado à
determinação dos efeitos desses químicos que são liberados na natureza.
6
De acordo com MASSARA (2007), os chamados Métodos Não Destrutivos
(MND) utilizam máquinas especiais que perfuram o subsolo horizontalmente, entre dois
poços de acesso, por onde serão passadas as tubulações. Desta forma, não é necessário
rasgar toda a extensão do piso por sob o qual passará a instalação. Esse método é
extremamente útil quando da travessia de vias de grande tráfego, uma vez que o trânsito
de veículos não será prejudicado pelas obras. A execução por este processo também
evita a reposição do pavimento por abertura de valas, reposição esta que nem sempre é
igual à situação original do pavimento. Sua aplicabilidade é destinada à execução de
serviços em tubulações de polietileno e aço para trabalhos até 2 metros de profundidade
que podem ser: transmissão e distribuição de energia elétrica; telecomunicações;
transmissão e distribuição de televisão, via cabo; distribuição de derivados de petróleo
e gás; travessia de avenidas, rodovias, rios e ferrovias; sistemas de drenagem de
subsolo; instalações industriais; substituição de tubulações, etc. (Figura 01).
7
2. HIPÓTESE
2.1. Segundo BUENO (2012), durante a instalação e operação dos dutos enterrados
através de Métodos Não Destrutivos não há riscos ambientais e eles podem ser
empregados para o transporte do petróleo e gás natural. No entanto, processos de
corrosão e outros associados, indicam a possibilidade de que estas instalações e
especificações construtivas, diante da composição dos elementos mecânicos e
químicos que envolvem os gasodutos enterrados produzem interações relevantes
com o solo.
2.2. Assim, a hipótese desta pesquisa é a de que a instalação e operação dos dutos
enterrados oferecem riscos ambientais nas áreas imediatamente próximas.
3 OBJETIVOS
8
► Avaliar os procedimentos legais de implantação dos processos de expansão de
gasodutos sob responsabilidade da GASMIG (Companhia de Gás de Minas Gerais)
frente às particularidades da legislação ambiental brasileira.
9
- Ampliação da infraestrutura de distribuição (malha de gasodutos no país).
Por ser avaliação dos riscos ambientais, no âmbito das instalações de gasodutos,
os empreendedores como os próprios órgãos ambientais devem se voltar para essa
importante atividade, pois é por meio dos riscos ambientais analisados de forma clara e
objetiva que se possibilitará melhor gerenciamento ambiental do empreendimento. Os
EIAs/RIMAs (Estudos de Impactos Ambientais/Relatórios de Impactos Ambientais)
deveriam apresentar explicitamente a eficácia das medidas mitigadoras dos riscos
ambientais propostas para o empreendimento, bem como os resultados ambientais
esperados com a implantação de tais proposições. Dessa forma, a indicação de medidas
mitigadoras de riscos formuladas de maneira genérica seria suprimida de tais estudos
ambientais, tornando-os os mais objetivos e sintéticos.
5. ORIGINALIDADE DA PESQUISA
10
A malha de gasodutos de mais de 6.900 km tem capacidade de movimentar
milhões de metros cúbicos do produto por dia, por intermédio das distribuidoras,
abastecer residências, estabelecimentos comerciais, indústrias, posto de gás natural
veicular (GNV) e usinas de geração termelétrica. Devido às vantagens econômicas, o
consumo de gás natural foi ampliado significativamente nos últimos anos. E crescerá
ainda mais. Estima-se que o aumento médio anual entre 2009 e 2013 será de 6%. A
participação do gás natural na matriz energética nacional deverá atingir 12% até 2012.
Naquele ano, a expectativa é de que o fornecimento do produto chegue a 134 milhões de
m³/dia.
Ainda nesse enfoque, no que tange à expansão acelerada dos gasodutos, bem
como as ameaças passíveis às redes de gás referentes à falha nos materiais, às
movimentações de terra, erosões, corrosão, sendo as de maior relevância quando da
utilização de dutos enterrados quando concentrados em áreas urbanas saturadas podem
causar graves acidentes (VALLE, 2003):
CAUSA Percentual
11
Interferências de Terceiros 49,6%
Corrosão 15,4%
Outros 11,3%
6. METODOLOGIA
12
O instrumento metodológico indicado à condução da ARA (Avaliação de Riscos
Ambientais) para expansão dos riscos ambientais de gasodutos é aquele utilizado em
auditorias ambientais, amplamente denominado AIA (Avaliação de Impacto Ambiental)
ou análises pós-projeto, desenvolvidas após a etapa de aprovação e implementação de
um empreendimento como cita SANCHEZ (2005) A presente proposta de pesquisa irá
conduzir uma análise da eficiência da Análise dos Riscos Ambientais em termos de
gestão ambiental utilizando-se das seguintes atividades: 1) revisão dos EIA (Estudo de
Impacto Ambiental) e RIMA (Relatório de Impacto Ambiental) no que tange a
identificação de riscos, à indicação de monitoramento de indicadores de riscos
biológicos, físicos e químicos; 2) análise de boletins de monitoramento e outros
documentos referente ao empreendimento arquivados no órgão ambiental; 3) visitas aos
empreendimentos licenciados com o objetivo de verificar a execução mas medidas
preventivas e de mitigação dos riscos.A contextualização do empreendimento a ser
estudado, quanto às condicionantes de interesse, e a compreensão dos fatores
intervenientes mais importantes orientarão a aquisição e compilação de dados. A base
conceitual, advinda por meio da revisão bibliográfica, fornecerá o arcabouço teórico à
pesquisa em todas as etapas. No tocante a contextualização do empreendimento de
expansão de gasodutos, quanto às condicionantes de interesse, e a compreensão dos
fatores intervenientes mais importantes orientarão a aquisição e compilação de dados. À
luz do cenário estabelecido, os dados resultantes de observações sistemáticas serão
analisados e confrontados aos de monitoramento periódico dos riscos ambientais que
envolvem o empreendimento de expansão de gasodutos no âmbito do equilíbrio
ecológico, promoção da inovação tecnológica e das políticas públicas que envolvem a
distribuição do gás natural.
14
software SPSS 11.5 for Windows, da SSPSS Inc. licenciado para o
CEDEPLAR/FACE/UFMG para a criação de banco de dados e análises descritivas
(figura 02).
15
Revisão dos EIAs/RIMAs
GASMIG
Visitas aos
empreendimentos
(gasodutos) licenciados
Estudo dos PCAs
Observação da norma
ISO 14001
Consolidação e tratamento
de dados
empreendimentos
16
7. RECURSOS NECESSÁRIOS PARA O DESENVOLVIMENTO DO
TRABALHO
8. CONCLUSOES
17
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PHILIPPI JÚNIOR et al. Curso de Gestão Ambiental. Barueri, SP: Manole, 2004.
SANTOS, Edmilson M. dos. et al. Gás Natural – estratégias para uma energia nova
no Brasil. São Paulo – SP. Ed. Annablume, 2002.
SAUER, Ildo Luis. Proposta de estrutura para a indústria do gás natural no Brasil.
São
Paulo, 2004.
SOUZA, Marcelo Lopes de. Planejamento urbano e ativismos sociais. São Paulo:
UNESP, 2004.
VALLE, Cyro Eyer do. Meio ambiente: lições, soluções. São Paulo: SENAC, 2003.
19
VON SPERLING, Marcos. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de
esgotos. Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental;
Universidade Federal de Minas Gerais, 2005.
RESUMO
INTRODUÇÃO
20
O litoral brasileiro possui mais de 9.000km de extensão, destes,
aproximadamente 5.000km são ocupados por restingas (FURLAN et al., 1990), que são
ambientes associados ao Bioma Mata Atlântica (TEIXEIRA et al.,1986). Este tipo de
formação compreende diferentes tipos de vegetação, ocupando todo o litoral leste do
Brasil e, às vezes, estendendo-se em sentido oeste para o interior do país
(FALKENBERG, 1999).
As restingas são de origem sedimentar do início do Quaternário e são
ocupadas por comunidades vegetais bastante diversificadas, que sofrem intervenção
direta da topografia e condições ambientais, incluindo influências marítimas e
continentais (ARAÚJO et al., 2004). A ação de fatores físicos como alta salinidade,
frequência do vento, excesso de calor e luminosidade, falta ou excesso de água,
soterramento pela areia e pobreza de nutrientes no solo caracterizam os ecossistemas de
restinga como frágeis (BRESOLIN, 1979; WAECHTER, 1985; HESP, 1991). Nesse
sentido, a vegetação de restinga se torna fundamental para estabilização dos sedimentos
e manutenção da drenagem natural, além de disponibilizar alimentos e locais seguros
para nidificação e proteção da fauna residente e migratória (BRASIL, 1999).
Apesar de apresentar tal importância, a restinga é um dos ecossistemas com
maior perda de biodiversidade (ZAMITH e SCARANO, 2006), principalmente devido à
expansão das áreas de agropecuária, especulação imobiliária e invasão de espécies
exóticas (SCHERER et al., 2005). O uso inadequado dos recursos naturais acarreta na
degradação do ecossistema, causando enchentes e aceleração dos processos erosivos
(VALCARCEL e SILVA, 2004).
Para restauração de ambientes perturbados, os estudos fitossociológicos têm
se mostrado eficazes, não somente na escolha das espécies, mas também na utilização
eficiente em projetos de recuperação (CORRÊA; MELO, 1998).
Na região sul do Brasil foram realizados diversos estudos sobre as
comunidades de restinga tanto herbácea como arbórea, que contribuíram para o
conhecimento florístico ou da estrutura comunitária deste ambiente, entre eles cita-se:
Reitz (1954 e 1961), Pfadenhauer e Ramos (1979), Klein (1984), Waechter (1985, 1990
e 1992), Souza et al. (1986), Danilevicz et al. (1990), Rossoni e Baptista (1994),
Falkenberg (1999), Citadini-Zanette et al. (2001), Scherer et al. (2005) e Guimarães
(2006).
Dessa forma, este estudo avaliou a composição florística de duas diferentes
áreas (degradada e não-degradada), objetivando mensurar o impacto causado pela ação
antrópica na vegetação de restinga, da localidade de Balneário Campo Bom, município
de Jaguaruna, Santa Catarina.
MATERIAL E MÉTODOS
21
A área do estudo foi dividida em dois ambientes: Ambiente 1 (A1),
coordenadas 28°42'34,5"S e 49°02'26,7"W e Ambiente 2 (A2), coordenadas
28°43'01,3"S e 49°03'10,9"W (Figura 1). Ambos apresentam o mesmo tipo
vegetacional, no entanto, o Ambiente 2 (A2) sofre forte interferência humana com
grande quantidade de residências próximas as dunas e saneamento básico precário, com
efluentes domésticos desembocando direto no mar passando pelas dunas, e,
consequentemente, desestruturando e impedindo o desenvolvimento da vegetação, e
ocasionando grande erosão no local, isso é observado em uma diversidade de locais na
costa brasileira (ROCHA; ESTEVES; SCARANO, 2004).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1. Lista florística e áreas onde as espécies foram identificadas na restinga do Balneário Campo
Bom, Jaguaruna-SC.; A1= área não-degradada; A2= área degradada
FAMÍLIA
NOME POPULAR ÁREA
Espécie
AMARANTHACEAE
Blutaparon portulacoides(A.St.-Hil.) Mears. Bredo-da-praia A1/A2
APOCYNACEAE
Oxypetalum tomentosum Wight ex Hook. & Arn. Cipó-de-leite A1
ARALIACEAE
Hydrocotyle bonariensis Lam. Erva-capitão A1/A2
ASTERACEAE
Baccharis radicans DC. Vassourinha-da-praia A1
Conyza blakei (Cabrera) Cabrera. A1
Gamochaeta americana (Mill.) Wedd. A1
Noticastrum psammophilum (Klatt) Cuatrec. A1
Senecio crassiflorus (Poir.) DC. Margarida-da-praia A1
BORAGINACEAE
Varronia curassavica Jacq. Erva-baleeira A1
CALYCERACEAE
Acycarpha spathulata R. Br. Roseta A1
CONVOLVULACEAE
Ipomoea pes-caprae (L.) R.Br. Batata-da-praia A1
Ipomoea imperati (Vahl) Griseb. Campainha-branca A2
CYPERACEAE
Androtrichum trigynum (Spreng.) H.Pfeiff. Junco-da-praia A1/A2
POACEAE
Panicum racemosum (P. Beauv.) Spreng. Capim das dunas A1/A2
23
Spartina alterniflora Loisel. Capim-marinho A2
Sporobolus virginicus (L.) Kunth. Grama-da-praia A1/A2
POLYGALACEAE
Polygala cyparissias A.St.-Hil. & Moq. Gelol-da-praia A1
SOLANACEAE
Petunia littoralis L.B.Sm. & Downs. A1
Solanum capsicoides All. Melância-da-praia A1/A2
Figura 2. Distribuição das espécies por família levantadas na restinga da localidade Balneário Campo
Bom, Jaguaruna, Santa Catarina.
ESPÉCIE Npi CA CR FA FR VI
Panicum racemosum 8 17 16,50 80 16 32,50
Sporobolus virginicus 5 21 20,39 50 10 30,39
Oxypetalum tomentosum 5 16 15,53 50 10 25,53
25
Androtrichum trigynum 5 7 6,80 50 10 16,80
Noticastrum psammophilum 4 9 8,74 40 8 16,74
Blutaparon portulacoides 4 5 4,85 40 8 12,85
Gamochaeta americana 3 4 3,88 30 6 9,88
Hydrocotyle bonariensis 3 3 2,91 30 6 8,91
Acycarpha spathulata 2 4 3,88 20 4 7,88
Ipomoea pes- caprae 2 4 3,88 20 4 7,88
Varronia curassavica 2 3 2,91 20 4 6,91
Polygala cyparissias 2 2 1,94 20 4 5,94
Baccharis radicans 1 2 1,94 10 2 3,94
Senecio crassiflorus 1 2 1,94 10 2 3,94
Solanum capsicoides 1 2 1,94 10 2 3,94
Conyza blakei 1 1 0,97 10 2 2,97
Petunia littoralis 1 1 0,97 10 2 2,97
26
Altura máxima observada para a espécie; CA= Cobertura absoluta; CR= Cobertura Relativa; FA=
Frequência absoluta; FR= Frequência relativa; VI= Valor de importância.
ESPÉCIE Npi CA CR FA FR VI
27
Figura 4- Curva de acumulação de espécies, intervalos de confiança 95%, para Ambiente 2, da
restinga da localidade de Balneário Campo Bom-SC.
CONCLUSÃO
28
Já na área degradada (ambiente 2), foi possível identificar uma espécie bem
adaptada a áreas lacustre e encontrada somente nesta área, como a Spartina alterniflora.
Considerando que a ação antrópica sofrida no local está alterando de forma drástica não
só o ambiente, mas também a sua composição florística, explicada pela baixa cobertura
vegetal encontrada neste local.
A amostragem de 10 parcelas em cada ambiente foi suficiente para
representar a comunidade vegetal do local. Estudos florísticos e fitossociológicos em
áreas pertencentes ao ecossistema de restinga são de suma importância para que se
possa compreender o seu funcionamento, objetivando futuras propostas para sua
conservação e definição de critérios para o uso sustentável.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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(Ed.) Coastal plant communities of Latin America. San Diego: Academic Press. 392p.
1992.
BROWER, J. E.; ZAR, J. H. Field and laboratory methods for general ecology.
Iowa: Brown, 1977. 194 p.
BYNG, J. W.; CHASE, M. W.; CHRISTENHUSZ, M. J. M.; FAY, M.F.; JUDD, W. S.;
MABBERLEY, D. J.; SENNIKOV, A. N.; SOLTIS, D. E.; SOLTIS, P. S.; STEVENS,
29
P. F.; BRIGGS, B.; BROCKINGTON, S.; CHAUTEMS, A.; CLARK, J. C.; CONRAN,
J.; HASTON, E.; MOLLER, M.; MOORE, M.; OLMSTEAD, R.; PERRET, M.; SKOG,
L.; SMITH, J.; TANK, D.; VORONTSOVA, M.; WEBER, A. An update of the
Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering
plants: APG IV. Botanical Journal of the Linnean Society, v. 181, n. 1, p. 1–20, 2016.
30
Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível
em: < http://floradobrasil.jbrj.gov.br/>. Acesso em: 16 jan. 2017.
FURLAN, A.; MONTEIRO, R.; CESAR, O. Estudos florísticos das matas de restinga
de Pinciguaba, SP. In: SIMPÓSIO DE ECOSSISTEMAS DA COSTA SUL E
SUDESTE BRASILEIRA, 2., 1990, São Paulo. Anais... Águas de Lindóia, 1990. p.
220-227.
31
RANGEL, E. S.; NASCIMENTO, M. T. Ocorrência de Calotropis procera (Ait.) R. Br.
(Apocynaceae) como espécie invasora de restinga. Acta Botânica Brasílica, v. 25, n. 3,
p. 657-663, 2011.
REITZ, R. Vegetação da zona marítima de Santa Catarina. Sellowia, v. 13, n. 13, p. 17-
111, 1961.
32
WAECHTER, J. L. Comunidades vegetais das restingas do Rio Grande do Sul. II
Simpósio de Ecossistemas da Costa Sul e Sudeste Brasileira: estrutura, função e
manejo, Aciesp, v.3, Águas de Lindóia, Brasil, p. 228-248, 1990.
YAMAGATA, A. A.; BRITO, R.; COSTA, G. V.; AIHARA, A. S.; DIAS, C. V.;
RAMIRES, C. C.; NUNES, T.; FLYNN, M. N. Estruturação da comunidade
macrobêntica de marisma nas formas baixa e alta de Spartina alterniflora. Caxambu:
Anais do VIII Congresso de Ecologia do Brasil, 2007.
B. C. Boschetti; J. A. Mazon;
RESUMO
No Código Florestal o termo “mata ciliar” é definida como “área protegida, coberta ou
não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a
paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e
flora e assegurar o bem-estar das populações humanas” (Art. 3.º, II, lei 12.651/2012).
Sabendo-se da sua importância, o objetivo deste estudo foi apresentar as espécies
arbóreas e arbustivas utilizadas para o reflorestamento de corpos d’água no município
de Reserva do Iguaçu, Paraná, Brasil em 2014. Os dados são oriundos de documentos
concedidos pela COPEL, onde a mesma autorizou o uso. Em 2014, o município de
Reserva do Iguaçu reflorestou 08 ha de mata ciliar, com o plantio de 7.451 mudas
arbóreas e arbustivas nativas em 10 propriedades do município, com o Projeto
Cooperação Florestal. Dentre as 24 famílias representadas por 52 espécies, destacam-se:
Fabaceae, com plantio de 1.809 indivíduos de 14 espécies distintas, Euphorbiaceae com
1.197 mudas e 02 espécies e Myrtaceae, com 1.000 mudas plantadas e 06 espécies. O
Sarandi (Gymnanthes schotiana Müll.Arg.) representante da família Euphorbiaceae foi
a espécie mais utilizada (1.007 mudas), pois é adaptada as condições de reofilia, sendo a
mais indicada para auxiliar no controle de deslizamentos, prevenindo erosões. Observa-
se alta gama de espécies. As famílias amostradas figuram entre as mais utilizadas e
inventariadas em levantamentos realizados em faixas ciliares do estado do Paraná.
33
Palavras Chave: floresta ciliar, reflorestamento, código florestal, recursos hídricos,
nascentes
1. Introdução
As matas ciliares atuam como barreira física, regulando os processos de troca
entre os ecossistemas terrestres e aquáticos e desenvolvendo condições propícias à
infiltração (FERREIRA e DIAS, 2004). Sendo protegida pelo Código Florestal,
conforme a lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012 é definida como “área protegida,
coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos
hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo
gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações
humanas”, conforme é exposto no Art. 3.º, II, da lei 12.651/2012.
O Termo “mata ciliar” aplica-se aos tipos vegetacionais formados ao longo dos
corpos hídricos supracitados (PASDIORA, 2003), e que são definidas na referida lei
como área de preservação permanente (APP), cujas limitações são definidas e
delimitadas por meio do ato jurídico do Conselho Nacional do Meio Ambiente.
Protetoras da água, flora e fauna, as matas ciliares preservam a manutenção dos
meios de produção (GARCIA et al., 2009). A incidência de nascentes e córregos é
maior nas pequenas propriedades rurais, sendo os produtores protagonistas no processo
de proteção e recuperação das matas ciliares.
Grandes empresas privadas e estatais do setor energético têm contribuído com o
desenvolvimento de metodologias de recuperação de matas ciliares, principalmente
através de projetos de revegetação das margens dos reservatórios de suas usinas
hidrelétricas e também proteção de nascentes e olhos d'água (VALENTIM, 2014).
A implantação de matas ciliares às margens dos reservatórios das usinas tem
sido uma preocupação das empresas ligadas ao setor de geração de energia, com o
objetivo de minimizar a erosão e os impactos ambientais causados pela criação dos
reservatórios, como a submersão de matas nativas (DAVIDE et al., 2005).
Universidades e centros de pesquisas também desenvolvem ótimos trabalhos, gerando
diferentes tipos de modelos de recuperação de matas ciliares.
Segundo Neri et al. (2011) escolher corretamente a comunidade de plantas que
irá iniciar o processo de sucessão em uma área degradada é um dos pontos críticos do
processo de recuperação. Estudos fitossociológicos de ambientes naturais preservados e
alterados têm como propósito não apenas a escolha de espécies, mas também descobrir
34
como empregá-las eficientemente nos projetos de recomposição e recuperação
(FERRETTI, 2002; ATTANASI, 2008; NERI et al., 2011).
Tendo em vista a importância da mata ciliar como APP, é objetivo deste estudo
apresentar as espécies da flora arbórea e arbustivas mais utilizadas e em potenciais para
a recuperação e reflorestamento de corpos hídricos no município de Reserva do Iguaçu,
Paraná, Brasil, por meio de um levantamento de número de mudas plantadas e revisão
bibliográfica, a fim de contribuir para a formação de uma base de dados florístico
estruturais de ambientes inseridos no centro-sul paranaense.
2. Materiais e métodos
2.1. Área de Estudo
O município de Reserva do Iguaçu está localizado na Região Centro-Sul
Paranaense, pertencente ao núcleo de Guarapuava (Figura 01), com Latitude -
25.8418958m, Longitude -51.9791849m (datum WGS84) e elevação de 966 m. Sua
população estimada em é de 7.038 habitantes (IBGE, 2004). O município possui áreas
de agricultura, pecuária e madeira. É nele que está localizada a Usina Hidrelétrica
Governador Ney Aminthas de Barros Braga (Usina Hidrelétrica de Segredo).
35
O município em questão está inserido na bacia do Rio Iguaçu. O Rio Iguaçu é,
entre os rios paranaenses, o de maior bacia hidrográfica, abrangendo uma área de
aproximadamente 72.000 km², da qual 79% pertencem ao Estado do Paraná, 19% ao
Estado de Santa Catarina e 2% à Argentina (ELETROSUL, 1978). Devido a sua
dimensão no estado é de suma importância a preservação das nascentes e olhos d'água
que deságuam neste grande rio.
3. Resultados e Discussão
Na análise documental observou-se grande diversidade florística, foram
amostrados 7436 indivíduos, uma variedade de 24 famílias botânicas e 51 espécies
identificadas conforme expresso na Tabela 01.
Tabela 01. Quadro florístico dos indivíduos amostrados no levantamento.
FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME POPULAR Ni
Anacardiaceae
Schinus terebinthifola Engl. Aroeira-vermelha 170
36
FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME POPULAR Ni
Annonaceae
Annona cacans Warm Areticum-cagão 25
Annona sylvatica A.St.-Hil. Areticum 150
Aquifoliaceae
Ilex brevicuspis Reissek Voadeira 75
Araucariaceae
Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze Pinheiro-do-paraná 385
Asteraceae
Moquiniastrum polymorphum (Less.) G. Sancho. Cambará 140
Boraginaceae
Cordia americana (L.) Gottschling & J.S.Mill. Guajuvira 205
Cordia ecalyculataVell. Café-de-bugre 160
Cordia trichotoma(Vell.) Arráb. ex Steud. Louro-pardo 150
Cannabaceae
Celtis ehrenbergiana (Klotzsch) Liebm. Esporão-de-galo 20
Ebenaceae
Diospyros obovata Jacq. Maria-preta 30
Erythroxylaceae
Erythroxylum deciduum A.St.-Hil. Fruta-de-pombo 150
Euphorbiaceae
Gymnanthes klotzschiana Müll. Arg. Branquilho 190
Gymnanthes schottiana Müll. Arg. Sarandi 1007
Fabaceae
Albizia niopoides (Spruce ex Benth.) Burkat Farinha-seca 110
Anadenanthera colubrina (Griseb.) Altschul Angico-vermelho 140
Calliandra tweedii Benth. Caliandra 457
Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong Timbaúva 90
Inga marginata Willd. Ingá 100
Mimosa scabrella Benth. Bracatinga 35
Senegalia tenuifolia (L.) Britton & Rose Unha-de-gato 412
Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F. Macbr. Grápia 30
Clethra scabra Pers. Carne-de-vaca 20
Holocalyx balansae Micheli Alecrim-de-campina 15
Peltophorum dubium (Spreng.) Taub. Canafístula 160
Erythrina falcata Benth. Corticeira 60
Myrocarpus frondosus Allemão Cabreúva 155
Dahlstedtia muehlbergiana (Hassl.) M.J. Silva &
25
A.M.G. Azevedo Rabo-de-bugio
Lamiaceae
Vitex megapotamica (Spreng.) Moldenke Tarumã 40
Lauraceae
Nectandra lanceolata Ness Canela-amarela 230
Ocotea odorífera (Vell.) Rohwer Canela-sassafrás 110
Ocotea puberula (Rich.) Ness Canela-guaicá 115
37
FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME POPULAR Ni
Laxmanniaceae
Cordyline spectabilis Kunth & Bouché Varaneira 50
Loganiaceae
Strychnos brasiliensis Mart. Pula-pula 115
Lythraceae
Lafoensia pacari A.St.-Hil. Dedaleiro 205
Malvaceae
Ceiba speciosa (A.St.-Sil.) Ravenna Paineira 110
Luehea divaricata Mart. &Zucc. Açoita-cavalo 80
Meliaceae
Cedrela fissilisVell. Cedro 85
Moraceae
Ficus L. Figueira 155
Myrtaceae
Campomanesia guazumifolia (Cambess.) O. Berg Sete-capotes 20
Campomanesia xanthocarpa (Mart.) O. Berg Guabiroba 150
Eugenia involucrata D. C. Cereja 285
Eugenia pyriformis Cambess. Uvaia 150
Eugenia uniflora L. Pitanga 170
Myrciaria trunciflora Cambess. Jabuticaba 225
Primulaceae
Myrsine coriacea (Sw.) R.Br. ex Roem. & Schult. Capororoca 120
Rosaceae
Prunus brasiliensis (Cham. & Schltdl.) D. Dietr Pessegueiro-bravo 95
Rutaceae
Balfourodendron riedelianum (Engl.) Engl. Pau-marfim 20
Metrodorea stipularis Mart. Laranajeira-do-mato 150
Sapindaceae
Allophylus edulis (A.St.-Sil. et al) Hieron. ex
Vacum 60
Niederl
38
Figura 02. Abundância de espécies por família
39
prevenindo erosões., suportando a força da água nas enchentes, tornando-se de grande
utilidade ecológica, auxiliando na recuperação de áreas degradadas e no controle de
deslizamentos prevenindo erosões.
40
Fonte: SIDOL - Sistema de Identificação Dendrológica Online - Floresta Ombrófila
Mista, 2017
O plantio desta espécie é de suma importância uma vez que as florestas com
araucária encontram-se altamente reduzidas entre 1 a 2% de sua área original, devido à
intensa exploração no primeiro ciclo econômico ocorrido no Sul do Brasil, e atualmente
seus remanescentes são protegidos por lei devido à importância ambiental e científica
desta formação (RODE et al., 2011).
Gymnanthes klotzshiana Müll.Arg. é mencionada como espécie característica do
estrato arbóreo de florestas ciliares (GIBSS e LEITÃO-FILHO, 1978) e ocorre quase
exclusivamente nas planícies aluviais, onde, não raramente, se torna a espécie
dominante (CORDEIRO e RODRIGUES, 2007), formando 60 a 80% do estrato
contínuo das florestas de galeria (REITZ, 1988).
Enterolobium contortisiliqumm (Vell.) Morong popularmente conhecida como
timbaúva, é uma planta decídua no inverno, heliófita, seletiva higrófita, pioneira,
dispersa em várias formações vegetais (LORENZI, 2002). Considerada uma espécie
adaptada a condições de inundação temporária (REBRAF, 2006) por esse motivo é
interessante o plantio desta espécie em torno das nascentes, olhos d'água, lagos e
reservatórios.
Projetos de restauração de florestas ciliares como o apresentado neste estudo,
mostram-se de importantes para a proteção dos recursos hídricos e da biodiversidade e,
por isso muitos esforços têm sido destinados à sua restauração.
4. Conclusões
Araucaria angustifolia, Gymnanthes schottianae Strychnos brasiliensis são
espécies pioneiras, características de Floresta Ombrófila Mista, que detêm caráter de
rusticidade, conferindo-lhes assim atributos potenciais para que sejam utilizadas na fase
inicial de programas de recuperação de áreas degradadas.
Gymnanthes klotzschiana, Ocotea puberula, Luehea divaricata, Cedrela fissilis
e Allophylus edulis pertencentes ao grupo das secundárias iniciais, apresentam
adaptabilidade às condições ambientais inerentes as Áreas de Preservação Permanente
associadas a cursos d’água, viabilizadoras, dessa forma, em programas de
enriquecimento.
41
Campomanesia xanthocarpha representa o grupo das secundárias tardias nas
formações de Floresta Ombrófila Mista, podendo compor as etapas finais de programas
de enriquecimento, em ambientes ondas espécies pioneiras e secundárias iniciais já
estão estabelecidas. Tais espécies podem contribuir para a interação com a fauna,
auxiliando o restabelecimento da dinâmica e do equilíbrio dos ecossistemas.
Pode-se constatar que as espécies amostradas no estudo figuram geralmente
entre as mais utilizadas e inventariadas em levantamentos realizados em faixas ciliares
do estado do Paraná é de grande importância a preservação desses ambientes, pois os
mesmo surgem como alternativa para o resgate e a manutenção da biodiversidade.
5. Referências Bibliográficas
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Ciliar e da Reserva Legal para a Certificação Agrícola – Conservação da
Biodiversidade na Cafeicultura. Piracicaba: IMAFLORA; 2008.
42
GIBBS, P. E.; LEITÃO-FILHO, H. F.; Floristic composition of an area of gallery forest
near Moji-Guaçu, State of São Paulo, SP, Brazil.Revista Brasileira de Botânica, São
Paulo, v. 01, n. 01, p. 151-156, 1978.
REITZ, R.; KLEIN, R. M.; REIS, A. Projeto Madeira do Rio Grande do Sul. Sellowia,
n. 34-35, p. 1-525, 1983.
6. Agradecimentos
A Divisão de Biodiversidade para Operação (VBOP) da Companhia Paranaense
de Energia (COPEL).
43
1
Engenheiro Florestal, Prof. Doutor da Universidade Federal de Sergipe, Cidade
Universitária Prof. José Aloísio de Campos, Av. Marechal Rondon, s/n Jardim Rosa
Elze - CEP 49100-000 São Cristóvão, Brasil. [email protected]
²Engenheira Florestal, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Agricultura e
Biodiversidade, Universidade Federal de Sergipe, Cidade Universitária Prof. José
Aloísio de Campos, Av. Marechal Rondon, s/n Jardim Rosa Elze - CEP 49100-000 São
Cristóvão, Brasil.
[email protected]
3
Engenheiro Florestal, Mestrado em Agroecossistemas pela Universidade Federal de
Sergipe, Cidade Universitária Prof. José Aloísio de Campos, Av. Marechal Rondon, s/n
Jardim Rosa Elze - CEP 49100-000 São Cristóvão, Brasil. [email protected]
4
Engenheiro Florestal, Mestrado em Ecologia da Conservação pela Universidade
Federal, Sergipe, Cidade Universitária Prof. José Aloísio de Campos, Av. Marechal
Rondon, s/n Jardim Rosa Elze - CEP 49100-000 São Cristóvão, Brasil.
[email protected]
RESUMO
As matas ciliares atuam como principal ferramenta no processo de recarga das bacias
hidrográficas. Neste sentido, as áreas ciliares da Sub-Bacia Hidrográfica do Rio
Piauitinga desempenham um papel importante para o Estado de Sergipe, uma vez que
abastece uma parcela considerável da população. Visto isso, este trabalho foi realizado
com o objetivo de avaliar o estado de conservação e o uso e ocupação do solo de áreas
do entorno de nascentes da Sub–Bacia Hidrográfica do Rio Piautinga, localizadas no
município de Salgado, Sergipe, visando dar suporte às ações de recuperação e
preservação destas. As nascentes foram avaliadas de acordo com seu tipo de área de
recarga, estado de conservação, possíveis indicadores de perturbação ambiental e uso e
ocupação do solo. Observou-se que 97% das áreas de entorno das nascentes encontram-
se degradas, e que a presença de animais, plantas daninhas e supressão por meio de
corte raso da vegetação caracterizam–se como os principais agentes perturbadores. As
atividades de uso e ocupação do solo mais frequentes consistem de pastagem e plantios
de culturas temporárias e perenes. Percebe-se quem a atividade agropecuária exerce
uma forte influência sobre a vegetação ciliar nas áreas de entorno das nascentes, nesta
região, agindo como um promotor de degradação ambiental.
INTRODUÇÃO
A água é um bem comum a todos e assegurada por lei. Entende-se como água
potável, todo liquido incolor, inodoro e insípido que se bebe ou se utilize para
necessidades básicas ao homem (REBOUÇAS, 2004). Este recurso, quando do tipo
doce, apresenta-se como o mais precioso, até mesmo quando comparado ao petróleo, já
que a inexistência deste ultimo não afetaria tanto a vida humana quando comparada com
a inexistência da água (SUGUI, 2006; BELLUTA, 2008).
A importância dos recursos hídricos está relacionada ao abastecimento público,
ao uso agropastoril, comercial, industrial e aos serviços, os quais atuam no processo de
crescimento e desenvolvimento de uma nação (SOUZA & RODRIGUES, 2016) .
A produção de água dá-se a partir da existência de um corpo hídrico, cujo início
é denominado de nascente, que consiste no afloramento da água subterrânea para a
44
superfície o solo (PALIVODA & POVALUK, 2016). Por sua vez, as nascentes
assumem papel de grande importância para as bacias hidrográficas e para as
comunidades humanas, pois são responsáveis pelo seu abastecimento. Por isto, são
protegidas por lei e denominadas de áreas de preservação permanente (APP’s), segundo
a Lei no 12.651, do novo código florestal brasileiro, o qual estabelece que se preserve
uma faixa limite de 50 metros de vegetação ciliar no entorno destas (BRASIL, 2012).
Mesmo apresentando grande importância ambiental e sendo protegidas por lei,
essas áreas ainda são devastadas de maneira desordenada em diversos locais do país, o
que acarreta malefícios à produção de água. Ao diminuir a área de vegetação nativa,
consequentemente, ocorre um aumento significativo dos processos de erosão dos solos,
com prejuízos à hidrologia regional, diminuição da vazão e da qualidade da água nas
bacias hidrográficas, diminuição e perda da biodiversidade de flora e fauna e
degradação de áreas anteriormente preservadas (OLIVEIRA, et al., 2012).
A retirada das matas ciliares provocam erosão nos leitos dos cursos d’água e o
assoreamento dos mesmos , elevam a turbidez da água e transportam substâncias
poluidoras como defensivos e fertilizantes agrícolas, ou seja, uma vez alterada a área de
recarga de uma bacia hidrográfica, se altera também a qualidade da mesma (
NOWATZKI et al., 2010; SOARES et al., 2013).
A má ou ausência de administração e de um manejo inadequado de bacias
hidrográficas gera sérios problemas ambientais, sociais e econômicos, ocasionados por
fatores como uso desordenado do solo para agricultura, pecuária e urbanização e, ainda,
a permanência de extrativismo florestal predatório, que são capazes de desregular todo o
sistema hidrológico de uma bacia hidrográfica, além causar prejuízos a todo um ciclo
ecológico, desde as vidas aquáticas até às terrestres (SANTOS, 2009).
A Sub–Bacia Hidrográfica do Rio Piautinga consiste na principal unidade que
abastece a Bacia Hidrográfica do Rio Piauí. Porém, atualmente, encontra-se com grande
parte dos seus mananciais em avançado estado de degradação, gerado pela expansão
agrícola irracional e pela criação de animais bovinos nas áreas ciliares (OLIVEIRA et
al., 2012). Esta ainda, assume grande importância socioeconômica para a região Centro-
Sul do Estado de Sergipe, pois é responsável pelo abastecimento de parte da população
dos municípios de Estância, Salgado, Lagarto, Boquim, Simão Dias, Riachão do Dantas
e Poço Verde (MOREIRA, 2008)
Santos (2009), constatou que 95,38% das áreas de recarga de uma das
microbacias desta região (Riacho Grilo) já se encontra em avançado estado de
degradação, o que apenas nos alerta para a importância dos estudos sobre a vegetação e
uso do solo das áreas de entorno das nascentes. Estes trabalhos quando associados aos
de fitossociologia, fornecem informações importantes para se elaborar projetos que
visem recuperar e/ou restaurar a vegetação ciliar, pois auxiliam no entendimento da
dinâmica dos cursos d’água (OLIVEIRA et al, 2012).
MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Diagnóstico e classificação das nascentes
A área de estudo encontra-se localizada na região Centro-Sul do Estado de
Sergipe, mais precisamente no município de Salgado inserida na Sub-Bacia
45
Hidrográfica do Rio Piauitinga, um dos rios que compõem a Bacia Hidrográfica do Rio
Piauí, que compreende a área total de 411,98km2 (Figura 1).
46
em quatro raios: acima (R1), abaixo (R2), direita (R3) e esquerda (R4), sendo as
margens direita e esquerda orientadas pelo sentido do escoamento do leito principal do
rio.
As nascentes foram classificadas em três categorias, quanto ao seu estado de
conservação (PINTO et al., 2004):
Preservadas, quando apresentaram pelo menos 50 metros de vegetação natural
no seu entorno, medidas a partir do olho d’água em nascentes pontuais, ou a
partir do olho d’água principal em nascentes difusas;
Perturbadas, quando não apresentaram 50 metros de vegetação natural no seu
entorno, mas com bom estado de conservação;
Degradadas, quando apresentaram um alto grau de perturbação, muito pouco
vegetada, solo compactado, presença de gado, com erosões, assoreamento e
voçorocas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na área de estudo foram diagnosticadas trinta e três nascentes, consideradas as
principais contribuintes para a produção de água na Sub-Bacia Hidrográfica do Rio
Piauitinga. Destas, vinte e três foram classificadas em relação a sua área de recarga
47
como pontual e dez como difusas (Tabela 1). Pode-se inferir que o maior número de
nascentes pontuais está relacionado ao fato das nascentes estarem situadas nas partes
mais altas (cabeceira) desta unidade de planejamento, possuindo assim, maior número
de nascentes em áreas com maior declividade (SANTOS, 2009).
Tabela 1. Classificação de nascentes da Sub-Bacia Hidrográfica do Rio Piauitinga, no
município de Salgado-SE, quanto as áreas de recarga, estado de conservação e tipos de
indicadores de perturbação ambiental. C.R – corte raso; C.S – corte seletivo; Q – queimada; A –
presença de animais domésticos; P.I – presença de plantas invasoras; L – lixo.
Recarga Estado de Conservação Indicadores de Perturbação Ambiental
Degradada Preservada C.R C.S Q A P.I L
Difusa 10 0 2 0 0 4 5 2
Pontual 22 1 16 4 2 14 17 7
Total 32 1 18 4 2 18 22 9
48
Oliveira et al. (2010), em seu trabalho de diagnóstico do estado de conservação
de nascentes do Rio Gongogi, na Bahia, observaram que a atividade agropecuária é o
principal fator que contribui para o desmatamento das áreas de entorno das nascentes
neste curso d’água, baseada ainda na utilização excessiva do solo e direcionada à
atividade extensiva e com tecnologia primária.
Comprovadamente, o pastoreio de animais de grande porte em áreas de
nascentes acarreta sérios problemas tais como, compactação do solo, eliminação da
regeneração natural e erosão do solo, contaminação dos lençóis freáticos por meio de
fezes e urina (SOARES et al., 2016). Nestes casos, o resultado desta atividade nas áreas
de entorno de nascentes culmina inevitavelmente na sua degradação, prejudicando de
maneira significativa a saúde da bacia hidrográfica e reduzindo a biodiversidade de flora
e fauna, local e regional.
Uma vez compactado, o solo perde ou diminui a sua capacidade de escoamento
de água entre seus poros capilares alterando assim a sua qualidade (maior quantidade de
sedimentos na água ocasionado por assoreamento) e quantidade de água capturada nos
lenções freáticos, o que altera a vazão das nascentes (SANTOS, 2009; CASTRO et al.,
2007). Quanto maior a descarga de água da superfície para o solo, maior será a vazão
das nascentes. Vazão nada mais é que o volume de água que atravessa um perfil (seção
no rio) do manancial por unidade de tempo (L/s; m3/dia). A quantidade e a qualidade da
água está diretamente relacionada com essa característica (IPA - INSTITUTO
PROJETOS AMBIENTAIS, 2011)
Segundo a resolução CONAMA 357/05 (BRASIL, 2005), a qualidade da água
está relacionada com a sua finalidade diante dos requisitos exigidos para cada tipo de
aplicação, mediante suporte legal. Contudo, essa qualidade é definida em função dos
seus parâmetros físicos e químicos (QUEIROZ et al., 2010). No entanto, é de suma
importância ressaltar que a relação qualidade versos uso/finalidade dos recursos hídricos
deve levar em consideração o conceito de sustentabilidade, fatores econômicos,
viabilidade técnica e as políticas ambientais (COSTA, 2007).
A perda da capacidade quantitativa e qualitativa das nascentes ocorre devido a
alterações, provocadas pelo homem, em seus ambientes de contribuição de recarga
natural, ou seja, alterações na sua área de entorno, o que compromete a produção e o
reabastecimento futuro de água (RODRIGUES, 2006). Este fato pode ser corroborado
neste trabalho, uma vez que as atividades antrópicas realizadas no entorno das nascentes
foram responsáveis diretamente pelo acentuado processo de degradação das nascentes
diagnosticadas.
As matas ciliares ou APP’S além de funcionarem como áreas de descargas para
captação de água no solo, atuam como barreira física, pois são capazes de regular os
processos de troca entre os ecossistemas terrestre e aquático, auxiliam o processo de
infiltração, sendo responsáveis pela redução da contaminação dos rios por sedimentos,
por resíduos de adubos e por defensivos agrícolas, que são incorporados ao solo através
do escoamento superficial da água no terreno (SANTOS, 2009).
Diante disto, observa-se que se faz necessário a recuperação das áreas de entorno
das nascentes situadas na Bacia Hidrográfica do Rio Piauitinga, no município de
Saldgado-SE, já que mediante os resultados expostos pode-se constatar que 97% das
nascentes encontram-se degradadas, o que coloca em risco a produção de água com
qualidade nesta unidade de planejamento e, também, pelo dano causado à
biodiversidade de flora e fauna (supressão e perda). Enfatiza-se que se estas nascentes
não forem recuperadas/restauradas rapidamente, tais danos podem ser irreversíveis.
49
CONCLUSÃO
A Sub-Bacia Hidrográfica do Rio Piautinga apresenta maior número de áreas de
recarga do tipo pontual, o que comprova que estas estão situadas na região denominada
de cabeceira.
Os fatores de perturbação ambiental como presença de animais domésticos e
plantas daninhas são, de forma direta, os maiores causadores do desequilíbrio ecológico
nas nascentes estudadas. As atividades agropecuárias promovem perda da qualidade da
água nas nascentes, pois trazem consigo fortes danos ao ambiente.
As nascentes estudadas na Sub-Bacia Hidrográfica do Rio Piautinga encontram-
se em avançado processo de degradação, sendo de suma importância atentar-se para
essa situação, a fim de solucionar esse problema mediante a aplicação de politicas
publicas e gestão ambiental, de modo a promoverem a recuperação/restauração destas,
antes que possam ocorrer colapsos no abastecimento de água para as populações
humanas e para as atividades agropecuárias desenvolvidas na região
AGRADECIMENTOS:
A toda equipe do Projeto Adote um Manancial que através do Grupo Restauração,
um dos grupos de pesquisa assistido pela Universidade Federal de Sergipe sob a
coordenação do Prof. Dr° Robério Anastácio Ferreira em parceria com a Sociedade
Semear e Governo do Estado de Sergipe, fez possível a realização deste.
1. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
50
IPA - INSTITUTO PROJETOS AMBIENTAIS, 2011. Em revistas. <
http://projetosambientais.blogspot.com.br/2011/02/gestao-da-qualidade-das-aguas-em-
bacias.html> Acessado em 22/02/2017.
PINTO, L.V.A. et al. Estudo das nascentes da bacia hidrográfica do Ribeirão Santa
Cruz, Lavras, MG. Revista Scientia Forestalis, Piracicaba, n. 65, 197-206p., 2004.
51
RODRIGUES, V.A. Recuperação de nascentes em microbacias da cuesta de Botucatu.
In: Rodrigues VA, Bucci LA, organizadores. Manejo de microbacias hidrográficas:
experiências nacionais e internacionais. Botucatu: FEPAF; 2006.
Universidade Regional de Blumenau, Rua São Paulo, 3.250 - Itoupava Seca - CEP
89030 - 0000 - Blumenau - Santa Catarina - Brasil.
E-mail: [email protected]; [email protected];
[email protected]; [email protected]
RESUMO
INTRODUÇÃO
A mobilidade do homem tem papel fundamental na evolução da sociedade. A
construção de rodovias foi e é um dos métodos encontrados e, largamente disseminado
e usado no Brasil, visando o desenvolvimento e progresso a qualquer custo e
manifestando pouco interesse na preservação ambiental, como se os recursos naturais
fossem inesgotáveis, sem haver sensibilidade e responsabilidade coerentes com os
princípios que regem o funcionamento dos sistemas naturais. Em obras como a
52
construção ou ampliação de rodovias deve ser contemplada a existência de riscos, sejam
eles derivados de origem natural ou antrópica, como erosões, movimentos de massa,
deslizamentos de terra ou outros eventos que geram ameaças à estabilidade das obras e
segurança de seus usuários, evitando, assim, consequências socioambientais,
econômicas e à própria vida.
De acordo com a United Nations Office for Disaster Risk Reduction (Estratégia
Internacional das Nações Unidas para a Redução de Desastres), na última década tem
aumentado, em larga escala, a ocorrência de desastres, ampliando o interesse e a
participação dos cidadãos nas questões ambientais de modo a exigir a aplicação de
medidas efetivas para reduzir os impactos negativos causados em atividades de
construção, melhorias e ampliações de rodovias (UNISDR, 2015). O aumento das
ocorrências de desastres e das áreas de risco traz grandes preocupações sobre suas
causas e consequências (RIFFEL et al., 2016). Como exemplo disto, na BR 470 no vale
do Itajaí, em Santa Catarina, tem sido observado a ocorrência de riscos e desastres no
entorno e nas obras de pavimentação, demandando a implantação de medidas
preventivas aos riscos e desastres, bem como na recuperação e restauração de áreas
degradadas ou que apresentam riscos de degradação com prejuízos materiais, bióticos e
abióticos, inclusive de perda de vidas, sob pena de lei.
Os eventos de precipitação e escoamento, tanto superficiais quanto subterrâneos,
podem afetar e prejudicar obras em andamento e rodovias concluídas, pois,
normalmente, demandam grandes movimentações de terra, sendo elas de terraplenagem
ou de cortes de morro resultando na necessidade de (re)taludamento. Estas práticas
quando bem executadas, cumprem seu papel perfeitamente, porém, quando a execução
não é bem-sucedida, acabam por ocasionar movimentos de massa - fenômenos de
ordem geológica - que podem ser desencadeados por condições meteorológicas
extremas. Os movimentos de massa constituem, juntamente com as enchentes, um dos
desastres que apresenta o maior grau de recorrência em todo o mundo e, portanto, são
causadores de danos e prejuízos às sociedades, particularmente em cidades densamente
povoadas em zonas de relevo acidentado (RIFFEL et al., 2016). As formas em que esses
movimentos de massa ocorrem incluem, a movimentação de material inconsolidado
encosta abaixo sob a ação da força da gravidade, quedas/tombamento (falls),
escorregamentos, corridas de massa (de solo ou detritos) e escoamento/rastejo (creep),
entre outros. Tais fenômenos são observados em diversas condições geomorfológicas e
climáticas em diversas partes do globo (PIAZZA et al., 2015).
Um deslizamento é um movimento de descida de rocha, solo, ou ambos, em
declive, que ocorre na ruptura de uma superfície — ruptura curva (escorregamento
rotacional) ou ruptura plana (escorregamento translacional) — na qual a maior parte do
material move-se como uma massa coerente ou semi coerente, com pequena
deformação interna. Deve-se observar que, em alguns casos, os deslizamentos podem
envolver outros tipos de movimentos, tanto no desencadeamento da ruptura ou posterior
a ele, se as propriedades são alteradas durante o movimento do material (HIGHLAND;
BOBROWSKY, 2008).
Alguns fenômenos meteorológicos, como as precipitações prolongadas e as
precipitações intensas de curta duração, propiciam a ocorrência de movimentos de
massa. As encostas situadas na Serra do Mar são as mais vulneráveis a tais fenômenos,
pois, geralmente, encontram-se sem cobertura florestal e/ou com solo exposto, além de
não possuírem estruturas de apoio à estabilização (ou quando existentes não satisfazem
o propósito) (PIAZZA, et al., 2015).
A ocupação ou utilização inadequada do solo é outro fator que compromete a
estabilização física das encostas. Com efeito, muitas cidades brasileiras apresentam um
53
histórico de ocorrência de movimentos de massa (AUGUSTO FILHO, 1997;
AUMOND; SEVEGNANI, 2009, KOBIYAMA et al., 2015). Mesmo os pequenos
deslizamentos podem causar enormes transtornos, principalmente em áreas urbanas – o
bloqueio de vias de circulação e o soterramento de casas e veículos causam prejuízos
tanto nas esferas sociais, como nas econômicas (SIEBERT, 2012).
Deslizamentos podem ser classificados em diferentes tipos com base na
categoria de movimento e no tipo de material envolvido. Resumidamente, o material em
uma massa deslizante é rocha ou solo (ou ambos); o solo é descrito como terra, se
composto principalmente de partículas granuladas como areia, ou mais finas, e detritos,
se composto de partes mais graúdas. O tipo de movimento descreve a mecânica interna
de como a massa é deslocada: queda, envergamento, escorregamento, espalhamento ou
escoamento. Assim, os deslizamentos são descritos pelo uso de dois termos que se
referem respectivamente, ao tipo de movimento e ao material (ou seja, queda de rocha,
de detritos, etc.), que também podem formar uma ruptura complexa, que pode incluir
mais de um tipo de movimento, ou seja, deslizamento de rocha e fluxo de detritos
(HIGHLAND; BOBROWSKY, 2008).
As rodovias são classificadas como obras lineares, pois possuem uma de suas
dimensões significativamente maior que as demais. Devido à grande extensão dessas
obras, principalmente em um país continental como o Brasil, elas atravessam diversas
condições de relevo, solo e hidrologia. Essas condições têm que ser estudadas e
consideradas no projeto de cada trecho de um empreendimento (TONUS, 2009). Ainda
de acordo com esse autor, os gastos financeiros gerados a partir de um deslizamento de
terra incluem desde o custo da tentativa de resgate de eventuais sobreviventes soterrados
até os altos investimentos em obras emergenciais para refrear novos escorregamentos e
posterior recuperação e estabilização da encosta. Assim sendo, é primordial que seja
feito um estudo do talude rodoviário antes mesmo de sua implantação e de qualquer
projeto relacionado a obras rodoviárias. A estabilidade e a segurança da rodovia são de
grande importância e na maioria dos casos só são estudadas depois que algum
deslizamento acontece (TONUS, 2009).
54
Em relação a obras da Engenharia Civil, a contenção de encostas e estabilização
de taludes é uma atividade essencial em Engenharia que garante a preservação de
muitos empreendimentos e evita acidentes muitas vezes catastróficos (ALMEIDA et al.,
2016). Isto é fundamental considerando que o Brasil encontra-se em uma situação de
acentuada degradação no sistema rodoviário, no sistema de necessitar reparos em sua
atual infraestrutura (SIMONETTI, 2010). Em estudo prévio realizado em Santa Catarina
acerca da estabilidade de talude rodoviário Malko et al., (2014) reconhecem a
importância de conhecimentos técnicos provenientes de estudos sobre a geologia e solo,
sondagem, levantamentos topográficos, utilização de imagens de satélite para o
desenvolvimento de trabalhos geotécnicos.
Embora a prática de gestão de riscos tenha sido desenvolvida ao longo do tempo
e em muitos setores a fim de atender às necessidades diversas, a adoção de processos
consistentes em uma estrutura abrangente pode ajudar a assegurar que o risco seja
gerenciado de forma eficaz, eficiente e coerentemente (ABNT, 2009).
55
contexto local e o conhecimento local e global de especialistas e partes interessadas,
pois, avaliar riscos consiste em produzir entendimento sobre o processo de
identificação, análise e mitigação (ABNT, 2009), pois o risco pode ser tangível ou
intangível.
Materiais e Métodos
O método de abordagem deste trabalho pauta-se na metodologia sistêmica que
envolve as principais variáveis e suas interações em cada estudo de caso. A pesquisa
possui caráter qualitativo e de acordo com o objetivo é de tipo exploratório e descritivo.
O trabalho aborda pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo, realizadas a partir do
levantamento de dados in loco, ou seja, nos próprios taludes existentes no trecho da
referida obra de duplicação da BR 470, além de base no conhecimento empírico dos
autores.
Geologia da região
De acordo com Silva (1984), esta área possui formação rochosa denominada de
Grupo Itajaí, a qual ocorre desde a BR-101, situada a margem esquerda do rio Itajaí, até
o município de Ibirama - SC, formando uma antiga bacia sedimentar que possui largura
na ordem de 15 quilômetros e comprimento de 70 quilômetros, com direção geral
nordeste e sua idade provável varia de 546 a 588 milhões de anos. Este grupo de rochas
é constituído por dois pacotes de rochosos, denominados de Formação Campo Alegre e
Formação Gaspar – este último corresponde ao foco deste trabalho.
A Formação Gaspar, inclui sedimentos clásticos formados por cascalheiras,
arenitos (metaconglomerados e metarenitos) e ardósias. O topo desta sequência, mais
recente em idade, é formado por sedimentos mais finos e coloração verde a cinza-
escuro, apresentando alternância rítmica de arenitos finos a sílticos e argilitos que
constituem os metarenitos, metassiltitos e ardósias. Estes conglomerados ocorrem nas
áreas correspondentes a Navegantes, Ilhota, Gaspar e Blumenau, município em que sua
exposição pode ser observada na área urbana central. O material destes conglomerados
e utilizado com frequência pelas secretarias de obras dos referidos municípios para
macadamização de vias (estradas) municipais.
De acordo com o Mapa Geológico de Santa Catarina, produzido pelo Serviço
Geológico do Brasil (CPRM) no ano de 2014, em escala 1:500.000, a área de estudo
conforme a Figura 1, apresenta depósitos Colúvio-Aluvionares com conglomerados,
arenitos conglomeráticos, cascalheiras e sedimentos síltico-argilosos, recobrindo
vertentes e encostas, calhas de rio e planícies de inundação. Inclui os depósitos
56
aluvionares recentes, de expressão restrita, com grande variação granulométrica e
estratificação incipiente ou ausente.
57
taludes concluídos, mesmo apresentando algum tipo de deficiência, estava ocorrendo
qualquer tipo de intervenção de correção.
26°54'45.28"S 15 26°50'18.00"S 1
48°57'38.93"O 48°45'52.30"O
26°54'46.50"S 16 26°50'18.80"S 2
48°57'45.95"O 48°46'2.61"O
26°54'48.79"S 17 26°50'13.13"S 3
48°58'0.14"O 48°46'20.93"O
26°54'16.98"S 18 26°50'15.02"S 4
48°58'46.28"O 48°46'31.92"O
26°54'0.27"S 19 26°50'21.92"S 5
48°59'2.53"O 48°47'4.51"O
26°53'26.49"S 20 26°50'22.80"S 6
48°59'21.09"O 48°47'10.20"O
26°53'13.50"S 21 26°50'23.43"S 7
48°59'33.00"O 48°47'26.30"O
26°53'1.90"S 22 26°53'27.30"S 8
48°59'42.93"O 48°53'3.70"O
26°52'55.09"S 23 26°53'35.89"S 9
48°59'49.18"O 48°53'49.80"O
26°52'50.41"S 24 26°53'36.90"S 10
48°59'53.43"O 48°54'9.20"O
26°52'45.46"S 25 26°53'33.20"S 11
48°59'59.51"O 48°54'38.21"O
26°52'34.79"S 26 26°53'35.75"S 12
26°52'16.81"S 27 26°54'11.20"S 13
26°52'15.90"S 28 26°54'45.20"S 14
58
Figura 3 - Taludes na BR 470, trecho entre quilômetros 13 a 46
A B
C D
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após o levantamento dos dados foram realizadas as análises e conforme a figura
1, podemos observar a frequência da ocorrência das variáveis levantadas em campo
como a existência de drenagem, vegetação, vegetação no topo, fraturas, deslizamento,
erosão e outros.
Destacamos a presença de fraturas na maioria dos taludes e algum tipo de erosão
em mais da metade das amostras levantadas. Pode ser observado na Figura 4, uma
frequência considerável de deslizamentos. A vegetação no topo somente foi observada
em menos da metade das obras existentes.
Nas visitas in loco é possível verificar que intervenções como drenagem foram
registradas em menos de 60% dos taludes, considerando que a inexistência ou obstrução
de drenagem, propicia o acúmulo de água no local do movimento de massa. Relevante
destacar que essas variáveis interagem entre si, podendo amplificar as forças de
cisalhamento dos taludes, dependendo das condições locais, como ângulo do talude,
comprimento do pendente, grau de alteração do substrato rochoso, entre outros.
Eventos de ocorrências de movimentos de massa às margens de rodoviárias têm
sido relatados constantemente no Brasil. Um estudo publicado em 2013 relaciona os
movimentos de massa à deficiência e manutenção das formas de drenagem, associadas à
ação intempérica, numa região de média suscetibilidade à erosão, nas margens da BR
101, no município de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro (DIAS FILHO et al.,
59
2013). Estes autores enfatizam a importância dos levantamentos de campo e o grande
desafio brasileiro para oferecer manutenção adequada às suas obras públicas.
CONCLUSÕES
Os requerimentos de intervenções como sistema de drenagem profunda e outras
medidas geotécnicas devem basear-se em investigações de campo, incluindo um estudo
sistemático da topografia, geologia, pedologia e cobertura vegetal, assim como um
conhecimento da pluviometria da região. Todas estas variáveis estão interligadas entre
si, e eventos meteorológicos intensos podem desencadear efeitos multiplicadores que
diminuem a resistência ao cisalhamento dos taludes. Nos casos analisados nesta
pesquisa, não foram considerados ou não foram analisados com a profundidade e
detalhes necessários.
Mesmo apresentando uma frequência baixa de deslizamentos, essa variável é
muito importante pois representa grande perda econômica no empreendimento, onde
diante dos projetos e planejamentos propostos, a ocorrência dos mesmos deveria ser
nula. Enfatiza-se assim a relevância da elaboração de estudos geotécnicos aprofundados
antes mesmo da implantação e de qualquer projeto relacionado a obras rodoviárias e da
participação de profissionais tecnicamente preparados na equipe de trabalho.
Por outro lado, ressalta-se a obrigação de se realizar estudos acerca da percepção
de risco de desastre ambiental das comunidades dos municípios afetados para poder
trabalhar no estabelecimento de medidas de precaução e pressão em forma conjunta
com órgãos públicos. É de grande importância que as empresas que realizam trabalhos
de construção, recuperação, ampliação de rodoviárias sejam conscientes dos riscos
associados às obras que estão sob sua responsabilidade, já que estas não somente são
realizadas com dinheiro público, representando elevados custos para os cofres
nacionais, senão também pelos eminentes riscos associados. A falta de informações para
os usuários sobre as condições da infraestrutura rodoviária assim como a falta de
intervenção de correção devem ser remediadas com urgência, revertendo esta situação
para segurança de todos os usuários que trafegam na área de estudo.
REFERÊNCIAS
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 31000:2009. Gestão de
riscos - Princípios e diretrizes. 24 p.
61
COUTINHO, R. Q. Módulo 9: Ações Estruturais para Redução de Riscos. In:
Ministério das Cidades; UFPE. Livro do Curso de Capacitação de Gestão de
Mapeamento de Riscos Socioambientais. Recife, v. 1, p. 130-155, 2008.
PIAZZA, G. A.; GEBIEN, G.; ORTIZ, M.; GROSCH, B.; AGUIDA, L. M.; FAUSTO,
M. L.; ALVES, T. C.; OLIVEIRA, L. Z.; MIRANDA, N. B.; AUMOND, J. J.;
SEVEGNANI, L. Modelo de avaliação de obras de contenção de pequenos
movimentos de massa. Sustentabilidade em Debate, Brasília, v. 6, n. 1, p. 101-118,
2015.
62
TONUS, B. P. A. Estabilidade de taludes: Avaliação dos métodos de equilíbrio
limite aplicados a uma encosta coluvionar e residual da serra do mar paranaense.
2009. 147 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) - Curso de Engenharia Civil,
UFPR, Curitiba, 2009.
RESUMO
O trabalho tem como objetivo demonstrar que é possível revegetar uma área com
declividade acentuada e formação de lajes, através da aplicação de medidas físico-
biológicas para sua restauração. A localidade denominada Mina 3 (RAD 397/09), está
localizada na mina Morro Santa Cruz, da Mineração Corumbaense Reunida/VALE,
município de Corumbá-MS. As medidas físico-biológicas para restauração dessa área
contemplou duas etapas metodológicas. A primeira etapa consistiu na deposição de
camadas de 20 cm de espessura de topsoil, e a segunda, no enchimento de sacos de
algodão com solo coletado em área com Autorização de Supressão de Vegetação. Após o
enchimento, as almofadas com mudas nativas foram alocadas em pontos estratégicos,
com acentuada declividade, enfileirados e direcionados de forma a garantir a contenção
da água da chuva. Ainda, houve alocação onde se formavam as “lajes”, áreas inférteis
onde o desenvolvimento vegetacional é baixo. Em 0,31 hectares foram plantadas 7.004
mudas, pertencentes a 12 espécies, 11 gêneros e seis famílias botânicas. As mudas
foram analisadas quanto à forma de vida, resultando em 65,19% (4.566) de espécies
herbáceas, 32,67% (2.288) arbustivas e 2,14% (150) arbóreas. As famílias mais
representativas foram Poaceae (cinco espécies) e Asteraceae (três espécies). Dos táxons
envolvidos no plantio, apresentaram maior número de mudas plantadas Axonopus
63
pellitus (Nees ex Trin.) Hitchc. & Chase com 3.336 (47,63%), Schizachyrium
sanguineum (Retz.) Alston com 859 (12,26%) e Chromolaena laevigata (Lam.)
R.M.King & H.Rob. com 818 (11,68%). O restante dos táxons (nove) contribuiu com
1.991 (28,43%) mudas plantadas. A técnica de plantio em almofadas orgânicas
apresentou uma série de benefícios, tais como, maior retenção e infiltração da água no
solo contido dentro do saco, redução da perda de nutrientes por lixiviação. Conclusão
depois de 6 meses de plantio que não houve mortalidade, o que significa dizer que o
percentual de estabelecimento das mudas foi de 100%.
Palavras Chave: medidas para restauração, áreas degradadas, mineração a céu aberto,
lajedos, almofadas orgânicas
1. Introdução
2. Material e Métodos
64
A área de implantação das almofadas orgânicas abrange 0,310 hectares, denominada
operacionalmente Mina 3 (RAD 397/09), Mineração Corumbaense Reunida/VALE,
empreendimento localizado no Morro Santa Cruz, município de Corumbá, estado de
Mato Grosso do Sul.
As áreas de lavra da mina Morro Santa Cruz se concentram nas partes altas do
Pantanal Sul Mato-grossense, na unidade geomorfológica Planalto Residual do
Urucum. O Morro Santa Cruz especificamente apresenta uma morfologia residual e
estrutural com topos planos e encostas íngremes.
As altitudes variam entre 640 a 1.000 m, atingindo seu ápice no extremo noroeste do
anfiteatro (Morro das Antenas), com elevações de 1.065 m de altitude, declividades
entre 20% e 40% e graus fracos a moderados de dissecação. O relevo na área é
composto por formas estruturais e formas de dissecação. O empreendimento da mina
Morro Santa Cruz está inserido numa região caracterizada pelas elevadas altitudes em
relação aquelas do Pantanal do Mato Grosso, e as quais consistem nas áreas alagáveis
em função do transbordamento do Rio Paraguai nos períodos chuvosos na região do
Pantanal (ANJOS e OKIDA, 2000).
2.2. Métodos
As espécies nativas produzidas no viveiro florestal da mina Morro Santa Cruz foram
selecionadas com base no tipo de vegetação de ocorrência no local (Cerrado campo
limpo e campo sujo). A identificação das espécies foi realizada por meio de consulta à
literatura especializada. A circunscrição das famílias está de acordo com o sistema de
classificação da APG IV (2016). A validade da nomenclatura das espécies em
conformidade com a Lista de Espécies da Flora do Brasil (FORZZA et. al., 2017).
3. Resultados e Discussão
65
Entre os meses se junho e julho de 2016, foi plantado nas almofadas orgânicas um total
de 7.004 mudas nativas pertencentes a 12 táxons, 11 gêneros e seis famílias botânicas
(Tabela 1), acrescida do grau de ameaça à extinção, raridade e endemismo..
Tabela 1. Lista com respectivas quantidades de mudas plantadas em almofadas na área da Mina
3 (RAD 397/09), classificada por família, táxon e nome comum; táxons analisados
quanto ao grau de ameaça à extinção, raridade e endemismo, mina Morro Santa
Cruz, Corumbá-MS, entre junho e julho de 2016.
Melastomatace
Miconia albicans (Sw.) Triana pixirica - - - 380
ae
66
Nome Rar End Quant
Família Táxon MMA
comum . . .
raposa
capim-
Axonopus pellitus (Nees ex Trin.) Hitchc. &
Poaceae barba-de- - - - 3336
Chase
bode
capim-
Poaceae Axonopus pressus (Nees ex Steud.) Parodi - - - 89
bananeira
capim-
Poaceae Paspalum foliiforme S.Denham - - - 12
macegão
capim-
Poaceae Schizachyrium sanguineum (Retz.) Alston - - - 859
vermelho
pau-terra-
Vochysiaceae Qualea cryptantha (Spreng.) Warm. - - FA 120
da-areia
Total 7.004
Legenda: MMA = Lista Oficial das Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção – Portaria
nº 443, de 17 de dezembro de 2014; Rar. = Raridade (GIULLIETI et al., 2009); End. = Endemismo
(CNCFlora, 2016); EN = Em perigo; MS = Mato Grosso do Sul; BR = Brasil; FA = Floresta Atlântica.
Figura 1. Porcentagem de mudas introduzidas com maior índice na área plana da Mina 3 (RAD
397/09), mina Morro Santa Cruz, Corumbá-MS, entre junho e julho de 2016.
67
As gramíneas (Poaceae) representam o grupo de maior importância econômica e
ecológica. Características morfológicas, tais como, meristemas intercalares, bainhas
protetoras nas folhas, e colmos conferem tolerância a herbivoria, fogo e alagamento. A
grande distribuição espacial, produção massiva de sementes e investimento em
reprodução assexuada são fatores preponderantes para seu estabelecimento nos mais
diversificados habitats (WATSON, 1990), predominando na fitofisionomia terrestre.
Constituem, portanto, as gramíneas recursos essenciais para restauração da vegetação de
Cerrado.
4. Conclusões
5. Referências bibliográficas
APG IV. 2016. - Angiosperm Phylogeny Group III. 2016. An update of the Angiosperm
Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG IV.
Botanical Journal of the Linnean Society.
ANJOS, C.E.; OKIDA, R. 2000. Geologia. In: Silva, j.s.v. (org.) Zoneamento
Ambiental da Borda Oeste do Pantanal: Maciço do Urucum e Adjacência. Brasília:
Embrapa Comunicação para transferência de Tecnologia, Multimídia.
<http://www.cpap.embrapa.br/agencia/borda_oeste/paginas/geo_texto.htm>. Acesso
em: 14 de abril de 2013.
FORZZA, R.C.; LEITMAN, P.M.; COSTA, A.F.; CARVALHO Jr., A.A.; PEIXOTO,
A.L.; WALTER, B.M.T.; BICUDO, C.; ZAPPI, D.; COSTA, D.P.; LLERAS, E.;
MARTINELLI, G.; LIMA, H.C.; PRADO, J.; STEHMANN, J.R.; BAUMGRATZ,
68
J.F.A.; PIRANI, J.R.; SYLVESTRE, L.; MAIA, L.C.; LOHMANN, L.G.; QUEIROZ,
L.P.; SILVEIRA, M.; COELHO, M.N.; MAMEDE, M.C.; BASTOS, M.N.C.; MORIM,
M.P.; BARBOSA, M.R.; MENEZES, M.; HOPKINS, M.; SECCO, R.;
CAVALCANTI, T.B.; SOUZA, V.C. Introdução. in Lista de Espécies da Flora do
Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://floradobrasil.jbrj.gov.br/htm> (Acesso em 10/02/2017).
ZHANG, Z.Q.; SHU, W.S.; WONG, M.H. 2001. Soil seed bank as input of seed source
in revegetation of lead zinc mine tailings. Restouration Ecology, 9: 378-385
SILVA, W.R. da. 2012. Utilização de topsoil ferruginoso de campo rupestre para
recuperação de áreas antropizadas na mina de Fazendão: Complexo Minerador de
Mariana/Vale. Monografia, Faculdade Redentor, Ponte Nova, 48p.
VENTUROLI, F.; VENTUROLI S.; BORGES, J. D.; CASTRO, D. S.; SOUZA, D. M.;
MONTEIRO, M. M.; CALIL, F. N. 2013. Incremento de espécies arbóreas em plantio
de recuperação de área degradada em solo de cerrado no Distrito Federal. Bioscience
Journal, 29:143-151.
WATSON, L. 1990. The grass family Poaceae, In: Chapman, G.P. (ed.) Reproductive
versality in the grass, pp. 1-31. Melbourne: Cambridge Press.
69
ANÁLISE DAS ESTRATÉGIAS DE RESTAURAÇÃO EM ÁREA DEGRADADA
POR MINERAÇÃO DE ARGILA NO MUNICÍPIO DE DOUTOR
PEDRINHO/SC
Universidade Regional de Blumenau, Rua São Paulo, 3.250 - Itoupava Seca - CEP
89030 - 0000 - Blumenau - Santa Catarina - Brasil.
E-mail: [email protected]; [email protected];
[email protected].
Fone para contato: 047999290221; 047999180454; 048999895387.
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo realizar uma análise comparativa das estratégias
de restauração aplicadas em área degradada por atividades de mineração de argila no
município de Doutor Pedrinho - SC. Apesar de estar historicamente associada ao
desenvolvimento socioeconômico e a qualidade de vida das pessoas, a mineração
representa exploração de recursos naturais não renováveis com consequências
negativas na qualidade das áreas exploradas. Embora exista legislação específica para a
recuperação de área degradada pela mineração percebem-se dificuldades, devido,
principalmente, a falhas técnicas e procedimentais. As ações de recuperação podem ser
realizadas por meio de medidas edáficas (sistematização de terreno) e vegetativas
(restabelecimento da cobertura vegetal).
INTRODUÇÃO
A utilização de recursos naturais pelo homem historicamente sempre ocorreu e,
por vezes, de maneira abusiva, gerando impactos negativos e irreversíveis ao meio
ambiente como é muitas vezes o caso da mineração. Esta atividade tem beneficiado o
desenvolvimento socioeconômico e a qualidade de vida das pessoas, mas, também
aumentou o consumo e exploração de recursos naturais não renováveis. Como toda
exploração de recurso natural, a mineração provoca impactos ao ambiente, na
paisagem, assim como pela geração de resíduos. O solo que foi danificado pela
mineração é normalmente instável, sujeito à erosão e desprovido de vegetação
(BEGON et al, 2007). Com respeito à degradação resultante da exploração de áreas
para mineração, alguns aspectos podem ser reduzidos e controlados com o emprego de
métodos e técnicas adequadas de extração e posterior restauração das áreas (SCALCO
e FERREIRA, 2013).
Por outro lado, é importante destacar a dificuldade em realizar a restauração
ecológica que, em geral, não ocorre de forma a contemplar um processo eficiente e
eficaz de recuperação ambiental. Considerando a base legal existente no Brasil, a
recuperação de áreas degradadas encontra respaldo na Constituição Federal de 1988,
em seu art. 225:
70
Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito,
incumbe ao Poder Público: I - preservar e
restaurar os processos ecológicos essenciais e
prover o manejo ecológico das espécies e
ecossistemas;
[...]
§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica
obrigado a recuperar o meio ambiente
degradado, de acordo com solução técnica
exigida pelo órgão público competente, na forma
da lei. (grifo nosso) (BRASIL, 1988).
71
A exploração de argila no Brasil consiste em um segmento significativo na
atividade industrial da mineração, com reservas espalhadas em todo o território
nacional.
O setor de cerâmica vermelha para construção utiliza basicamente como
matéria-prima a argila. O Ministério de Minas e Energia prevê para 2030 valores
superiores a 400 milhões de toneladas de argila para cerâmica vermelha (MME, 2011
apud DNPM, 2016). Por outro lado, as exportações de caulim e argila, ultrapassaram os
90 milhões de dólares, de acordo com dados de comércio exterior das substâncias
minerais no Brasil, publicados em 2016 (DNPM, 2016).
No Estado de Santa Catarina, a mineração de argila é uma atividade comum,
sendo esta matéria prima, utilizada para a produção de telhas, tijolos e cerâmicas
diversas (AUMOND, 2003), de forma que a recuperação de áreas degradadas por esta
atividade é fundamental. Visando a recuperação de áreas degradadas por mineração, há
a necessidade de preparo do terreno para a readequação topográfica e a construção de
superfícies irregulares com rugosidades que aceleram a restauração devido ao processo
de internalização dos fatores ecológicos no sistema degradado, como água, nutrientes e
solo, além de amenizar a temperatura (AUMOND, 2003).
Considerando a importância de se avaliar a eficiência das técnicas utilizadas
para recuperação de áreas degradadas, este trabalho objetiva uma análise comparativa
de estratégias de restauração em área degradada por mineração de argila no município
de Doutor Pedrinho – SC, inserida no bioma mata atlântica, onde foram aplicados dois
tratamentos distintos, o processo convencional de regularização do terreno e o de
irregularização do solo com implantação das rugosidades.
METODOLOGIA
Local de estudo
A área escolhida para este trabalho foi implantada em janeiro de 2004 e está
situada na localidade de Campo Formoso (26º39’15,0’’ S e 49º29’15,2 W), distante 13
quilômetros do centro do município de Doutor Pedrinho - SC, a 904 m de altitude, em
mina de argila refratária desativada da empresa Mineração Portobello Ltda. O clima da
região é mesotérmico úmido (Cfb), sem estação seca, com variações quentes,
apresentando temperatura média anual de 19,7ºC e precipitação total anual entre
1.600mm a 1.700mm (GAPLAN, 1986).
72
As dimensões da área na qual foram escolhidas quatro parcelas aleatórias de
100cm x 100cm (1m2) e retirados os dados da pesquisa, é de aproximadamente 70m X
100m, com aplicação de tratamento de regularização do terreno e o outro com
implantação das rugosidades, técnica que consiste na abertura de cavas com
aproximadamente 100 centímetros de largura, 150 centímetros de comprimento e 50
cm de profundidade (FIGUEREDO et al., 2007). A escolha das parcelas de 1m2 para a
coleta da cobertura vegetal foi aleatória, sendo duas parcelas na área que recebeu
tratamento convencional de regularização da superfície e duas parcelas na área com
rugosidades, conforme descrito por Aumond (2003) na literatura.
O trabalho de campo consistiu na identificação das áreas de lavra desativadas
com diferentes estratégias de recuperação após a interrupção da atividade de exploração
de argila. Os locais foram demarcados com uso de GPS (Global Position System) e os
dados de abundância e riqueza de plantas foram anotados em tabela de campo.
Análise da vegetação
O levantamento florístico da regeneração natural nos dois locais sob diferentes
abordagem de recuperação foi realizado a partir de duas (2) parcelas com tamanho de 1
x 1 m (1 m2). O levantamento foi realizado em dezembro de 2016. Os indivíduos foram
identificados quanto à espécie, e medidas as alturas dos exemplares.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os gráficos a seguir mostram os dados de riqueza e abundância nas parcelas
estudadas, discriminando as faixas de alturas preponderantes da sucessão vegetação
após a recuperação de área degradada com o uso de rugosidade. O levantamento dos
dados nos permite verificar que a sucessão ecológica está ocorrendo e que após a
recuperação primária da vegetação a área está efetivamente em regeneração. Nos
gráficos correspondentes a coleta dos dados em quatro áreas escolhidas aleatoriamente,
é possível identificar a ocorrência da sucessão autônoma da vegetação após 12 anos da
aplicação das rugosidades para recuperação da área degradada.
O gráfico 1 correspondente a coleta de dados da parcela 1, onde ocorreu a
implantação das rugosidades e é possível identificar os diferentes estágios da sucessão
vegetal na área recuperada de mineração de argila. Esta parcela apresentou o menor
índice de indivíduos de todas as parcelas levantadas, sendo 41 exemplares com
distribuição de três espécies de cobertura vegetal, composta por diferentes estágios de
Brachiaria sp., Tibouchina sp., e “coqueiros” com alturas entre 20 e 160 cm. Oportuno
salientar que a Brachiaria sp. destacou-se em número de indivíduos comparadas às
demais espécies.
73
Fonte: Autores (2017)
Os dados da segunda parcela de coleta (gráfico 2) apresentou 51 indivíduos na
área com rugosidades, distribuídos em quatro espécies sendo elas, Aroeira, Tanheiro
sp., (espécies arbustivas) e Tibourchina sp. e Brachiaria sp. (gramíneas) diferenciando-
se em duas espécies se comparado a primeira parcela. Em relação ao tamanho das
alturas, os dados são semelhantes e permanecem entre 20 e 160 cm. Novamente
observamos o destaque da Brachiaria sp., quando se refere ao número de indivíduos,
comparadas às demais espécies presentes na parcela 2.
74
Gráfico 3. Número de indivíduos presente na parcela 3 de área de regeneração vegetal.
75
diferentes estágios sucessionais e com maior número de espécies, o que caracteriza a
ocorrência de melhores condições ambientais para a sucessão e regeneração, quando há
o tratamento de irregularização do solo com rugosidades da área em recuperação.
Dentre os aspectos positivos associados à irregularização do terreno podemos
destacar a formação de nichos ecológicos diversificados, diminuição dos extremos de
temperatura, retenção de nutrientes, água e solo nas concavidades dentro do sistema,
entre outros (AUMOND, 2003), realidade presente na área em análise na mina de argila
da empresa Mineração Portobello Ltda, município de Doutor Pedrinho - SC. Conforme
descrito por Ferreira et al., (2007) a presença de capim Brachiaria sp. proporciona alta
competição à regeneração natural e a necessidade de tratamentos adequados para o seu
controle para o estabelecimento dos indivíduos regenerantes, fato comprovado na mina
de argila do município de Doutor Pedrinho - SC.
É importante destacar que no mesmo município, encontra-se localizada a gleba
maior (3.868 hectares) da Reserva Biológica Estadual do Sassafrás, criada em 1977
pelo Decreto nº 2.221, com característica de representar uma zona de transição entre as
Florestas Ombrófilas Densa e Mista (SANTA CATARINA, 1977), razão pela qual os
estudos referentes à restauração vegetal de áreas próximas são de grande significância.
CONCLUSÃO
A densidade de indivíduos encontrados na área de tratamento com rugosidade
apresentou a média de 51 exemplares por parcela aos 12 anos após a implantação da
recuperação da área degradada (RAD) com tratamento de rugosidade e pode ser
considerada promissora frente aos dados levantados e apresentados nos gráficos. A
presença de Brachiara sp. como espécie dominante tem sido mencionada em trabalhos
prévios, com destaque para a competição que a mesma representa para o
estabelecimento da vegetação nativa.
Baseado na recuperação da mina de argila desativada no município de Doutor
Pedrinho – SC, como exemplo de RAD, é possível afirmar que houve evolução nas
técnicas empregadas ao longo dos tempos, pois, além de restabelecer as condições
originais do sítio, o uso da técnica de rugosidades possibilita mitigar as situações de
impactos ambientais e efetivamente corrigir e estabilizar o ambiente, de modo a
assegurar a sustentabilidade do ambiente com condições seguras e estáveis. Portanto,
concluímos que a RAD por mineração possibilita a estabilidade do meio ambiente com
possibilidade de planejar o uso produtivo do solo.
REFERÊNCIAS
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13030: elaboração e
apresentação de projeto de reabilitação de áreas degradadas pela mineração. Rio de
Janeiro: ABNT, 1999. 5 p.
76
BITAR, Y. O. Avaliação da recuperação de áreas degradadas por mineração na região
metropolitana de São Paulo. 1997, 184f. Tese (Doutorado em Engenharia Mineral) -
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. São Paulo.
77
SCALCO, J. P., FERREIRA, G. C. Impactos ambientais da mineração de argila para
cerâmica vermelha na Sub-Bacia do Ribeirão Jacutinga – Rio Claro e Corumbataí (SP).
São Paulo, UNESP, Geociências, v. 32, n. 4, p. 760-769, 2013.
J. F. da S PERES1; A. C. R. da SILVA2
1
Mestrando em Geografia/Universidade Federal Fluminense
[email protected]
2
Professor EBTT Instituto Federal Fluminense
[email protected]
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
Na atual conjuntura, marcada pelo consumo desenfreado e por práticas altamente
degradantes no ponto de vista ambiental, a importância da disseminação de uma cultura
ambientalmente ativa se torna necessária, ao passo que os recursos naturais se colocam
de maneira finita no planeta em que se vive.
Nessa esteira, as instituições de ensino, em especial os Institutos Federais de
educação, tidas como organizações cujo princípio é formar o cidadão em sua
integralidade, não devem ficar alheias ao uso de técnicas, ferramentas e novas
abordagens de ensino atreladas a essa necessidade social.
78
Dentro dessa perspectiva, as práticas pedagógicas devem ter sempre como elemento
integrante o caráter omnilateral, entendido como aquela que liberta o indivíduo da mera
reprodução do trabalho, uma vez que forma pessoas conscientes de sua realidade e
capazes de promover mudanças.
Nesse sentido, o projeto político pedagógico implementado no Campus Santo
Antônio de Pádua, do Instituto Federal Fluminense, no ano de 2015, se preocupou em
dar ao seu corpo discente, não só a visão da realidade, mas também quis despertar nos
alunos sua capacidade de promover mudanças sociais.
O Projeto “Rio de Saberes - as muitas margens do rio Pomba” teve o objetivo de
promover um novo modelo pedagógico, ao passo que adotou um projeto integrador que
nortearia todas as atividades docentes ligadas ao conhecimento tradicional, que
passaram a atuar ao lado das práticas ligadas a realidade social, com vistas na mudança
do contexto do rio no município de Santo Antônio de Pádua.
O referido projeto não só foi capaz de oferecer aos alunos os conhecimentos que se
espera das séries iniciais do ensino médio, mas também foi capaz de dar uma visão
crítica da realidade do município de Santo Antônio de Pádua, tendo como mote o rio
Pomba, mostrando aos alunos que eles são capazes não só de identificar sua realidade,
mas também de promover mudanças nessa realidade a que estão inseridos.
Assim, em um nível latu, pretende-se conscientizar a população sobre o uso racional
dos recursos naturais e da necessidade de práticas sustentáveis e de recuperação
ambiental, haja vista sua escassez, disseminando, assim, uma cultura sustentável com o
condão de formar novos cidadãos ambientalmente ativos.
Pretende-se, ainda, analisar a percepção dos alunos em relação ao desenvolvimento
de um projeto político pedagógico diferenciado, tendo o trabalho como princípio
educativo, e como pano de fundo, ações sustentáveis desenvolvidas no projeto
institucional realizado no ano de 2015.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O planeta terra tem cerca de 71% de sua superfície coberta por água em estado
líquido. Não obstante isso, nem todo esse volume pode ser utilizado para consumo
imediato, sendo que essa parcela passível de uso está se tornando cada vez mais escassa
e contaminada pelas ações do homem (BOUDOU, 2001).
Nesse contexto, medidas sustentáveis que visam conscientizar a população, assim
como adotar novas práticas de conservação são de extrema importância para a
manutenção da vida em nosso planeta, devendo o ambiente escolar ser o pioneiro dado
seu caráter formador do ser humano em seu aspecto integral (CARVALHO, 2004).
As práticas sustentáveis ligadas a preservação das águas não é algo novo, os gregos
já conheciam técnicas para reaproveitar os esgotos nas irrigações de plantações. De
medidas simples e caseiras às técnicas mais sofisticas, a água pode ser reutilizada de
diversas maneiras (BROWN, 2010).
A partir dessa problemática, o trabalho em comento tem como proposição
primordial o desenvolvimento de um projeto, atrelado aos conhecimentos tradicionais e
79
formais, com vistas em uma prática sustentável, haja vista a posição atual do Campus
Santo Antônio de Pádua no noroeste fluminense.
Assim, em sendo uma referência em educação no noroeste fluminense, o Campus
Santo Antônio de Pádua tem o ônus de promover, não só uma educação de excelência,
mas também ser tida como instituição formadora de cidadãos em sua integralidade, em
especial no que tange a atitudes sustentáveis.
O desenvolvimento sustentável, assim definido como desenvolvimento capaz de
suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a necessidade das futuras
gerações, deve nortear todas as práticas pedagógicas, não só da instituição em estudo,
mas também de todo o ambiente escolar, dado o seu potencial de preservação da vida na
terra, e de promotor de mudança no individual (BARONI).
Dentro dessa perspectiva, a utilização racional da água, em especial dentro de uma
instituição formadora do pleno cidadão, deve ser encarada como uma boa prática que
propicia uma melhor eficiência de seu uso, dada sua escassez latente, não podendo,
todavia, a instituição ficar voltada para o seu espaço interno, devendo essa, a instituição
promotora de ensino, adotar práticas extramuros, o que no caso do Campus Santo
Antônio de Pádua se deu através do projeto Rio de Saberes, onde, além de promover o
intercâmbio com o ensino tradicional que se espera de uma escola, quebrou-se o
paradigma ao integrá-los a práticas pedagógicas no mundo real e social, no contexto a
que se inseria o referido projeto, promovendo, assim, não só o ensino formal, mas
também a preservação local da mata ciliar do município.
80
elevando, assim, a questão ambiental ao maior status da legislação pátria, por se tratar
de norma originária superior aos outros elementos normativos (OLIVEIRA, 2013).
A mata ciliar pode ser entendida como área de preservação permanente, nos termos
Código Florestal Brasileiro, consistindo em uma faixa de vegetação estabelecida ao
longo dos cursos d’águas, nascentes, reservatórios, destinados à manutenção da
qualidade das águas, que deverão ser preservadas ao longo do território nacional
(BRASIL, 2012).
81
mais direta no modo como a educação vem sendo trabalhada nesses últimos tempos,
sendo a prática da concepção filosófica da Politecnia um caminho escolhido pelo
Campus como forma de pensar a educação.
Á partir dessa filosofia norteadora, uma das práticas adotadas pelo Campus foi à
abordagem pragmática de conceitos institucionalizados, atrelados a uma dinâmica
social, onde os conteúdos tradicionalmente trabalhados em sala de aula gravitaram em
torno de um projeto social tendente a realizar mudanças no contexto espacial onde a
instituição se insere, tendo como pano de fundo o rio Pomba (Plano de Ensino, 2015)
O rio Pomba nasce na Serra Conceição, pertencente à cadeia da Mantiqueira, em
Barbacena, a 1.100m de altitude,passando pelo município de Santo Antônio de Pádua a
90 m, sendo o mesmo importante para a economia local, tendo o mesmo como
principais afluentes os rios Novo, Piau, Xopotó, Formoso e Pardo (JACOVINE, 2007).
82
Por fim, a última etapa cuidou da mobilização do aluno em trabalhar os
conhecimentos construídos ao longo do ano, a fim de alterar a realidade de degradação
consolidada, através de ação direta em uma determinada área do rio, sendo realizado o
plantio de mudas em uma relação dialética do IF Fluminense Campus Santo Antônio de
Pádua com a comunidade local (Projeto Político Pedagógico, 2015).
Após a realização deste trabalho, que envolveu a atuação dos alunos matriculados no
Campus Santo Antônio de Pádua, do Instituto Federal Fluminense, o que se pretende
neste momento, é mensurar a percepção desses alunos ao trabalho desenvolvido durante
toda a etapa do projeto, e a contribuição desse ao seu aprendizado, sendo realizada uma
pesquisa junto aos mesmos, para aferir os resultados obtidos.
2.4. Metodologia
Pretende-se avaliar a percepção acerca do projeto desenvolvido no âmbito de uma
instituição de ensino através da utilização de uma ferramenta denominada questionário,
tendente a mesurar o grau de qualidade auferido pelos membros participantes do projeto
e sua relevância para formação acadêmica dos mesmos.
Para tanto, com vistas em avaliar tal percepção, o referido questionário fora aplicada
a uma amostra dos alunos do Instituto Federal Fluminense, Campus Santo Antônio de
Pádua, os quais compuseram a proposta metodológica aplicada durante o ano letivo de
2015, início de 2016.
De acordo com Pasquali (1999), a amostra inicial de itens deve ser realizada a partir
do levantamento dos itens constantes em diferentes instrumentos de medida de
construto semelhante, sendo que no caso do estudo em questão a seleção da amostra se
deu em uma margem de erro amostral de 10%, a um índice de confiança na ordem de
95%, obtidos através do seguinte cálculo (SANTOS, 2017):
Onde:
n - amostra calculada
83
N – população
e - erro amostral
O segundo bloco, por sua vez, foi estruturado com questões fechadas, sendo essas
graduadas de acordo com a percepção dos alunos, obedecida a escala de Likert, onde o
fator determinante da satisfação dos alunos se dá através da gradação dos
questionamentos analisados.
0 – Indiferente
1 - Insatisfeito
2- Pouco Satisfeito
3-Satisfeito
4- Muito Satisfeito
5- Plenamente Satisfeito
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
O Campus Santo Antônio de Pádua do Instituto Federal Fluminense fica situado no
Noroeste Fluminense e atende uma clientela que está difundida por diversos municípios
da região banhados, na sua maioria, pela bacia do rio Pomba, um afluente do rio Paraíba
do Sul. O rio Pomba apresenta, assim como diversas outras bacias, problemas
84
relacionados à preservação da Mata Ciliar. O próprio município de Santo Antônio de
Pádua sofre periodicamente com as consequências da má administração dos recursos
hídricos como enchentes e altos níveis de poluição.
Município de residência:
9%
13%
Santo Antônio de Pádua
Aperibé
Itaocara
18% Miracema
63% Outro
0%
85
Gráfico2: Participação em projeto de preservação ambiental.
60%
50%
40%
30%
20% 15%
10%
0%
Sim Não
86
Gráfico3: Contribuição do projeto para a formação do aluno.
87
Avaliou-se, também, à interação entre o projeto e os conteúdos trabalhados pelas
diversas disciplinas do currículo básico. Nesse caso mais de 70% dos entrevistados
deram uma avaliação de satisfatória à plenamente satisfatória, indicando que na visão
dos discentes, houve uma preocupação constante em manter uma indissociabilidade
entre as diversas práticas do projeto e os conteúdos das disciplinas, conforme gráfico
abaixo:
Nesse aspecto pode-se observar que mais de 70% dos entrevistados deram uma
avaliação positiva entre satisfatório e plenamente satisfatório para as ações práticas,
conforme descrito no gráfico abaixo:
88
Gráfico6: Quanto às ações do projeto.
Satisfeito 28%
Insatisfeito 5%
Indiferente 0%
89
4. CONCLUSÃO
O fracasso na aprendizagem, característico do sistema educacional brasileiro é um
dos aspectos que reforçam o aumento do abismo econômico e social, atingindo,
sobretudo as classes populares.Uma das consequências são os baixos índices atingidos
pelos alunos brasileiros nas diversas formas de avaliação institucionais.
A educação escolástica, com lápis, papel e borracha de um lado, quadro negro e giz
de outro, ou seja, a educação tradicional é confrontada com a obsolescência do conteúdo
programático e a dificuldade em manter a atenção do aluno em uma aula clássica.
Diante disso fica cada vez mais claro que a educação é na sua totalidade, uma
prática interdisciplinar, já que envolve a difusão do conhecimento que em geral se
apresenta além das matérias compartimentadas. Pela prática já observada em sala de
aula, a curiosidade e o prazer são fatores determinantes para a boa compreensão da
matéria pelo aluno. Sendo assim, qualquer prática que saia da rotina, sendo em
atividades divertidas ou em conteúdos estimulantes e não tradicionais, envolve a todos
no desenvolvimento do conhecimento.
90
transversais, através de eventos que permitam a ampla participação do aluno
promovendo o conhecimento reflexivo e a intervenção na realidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BROWN, G (et al). Os recursos físicos da Terra. Bloco 4 Recursos hídricos. Trad. e
adaptação: Álvaro P. Crosta. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2000.
91
CARVALHO, I. C de. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico. São
PAULO: Cortez, 2004.
92
STRECK, E. V. Educação ambiental para a conservação e recuperação do meio
ambiente. Porto Alegre: EMATER/R. Disponível em:
<http://www.ana.gov.br/Produagua/LinkClick.aspx?fileticket=URAUjIT 1999 >.
Disponível em: < http://www.scielo.br/ pdf/asoc/n5/ n5a09.pdf >. Acesso em 14 fev
2017.
(1)
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS/FAENG/PGRN
Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais
Avenida Costa e Silva, s/n - Bairro Universitário - Campo Grande/MS (Brasil)
[email protected]; [email protected] / fone: (67) 3345-7392
(2)
Instituto Homem Pantaneio - IHP
Ladeira José Bonifácio, 171, Porto Geral - Corumbá/MS (Brasil)
[email protected]; [email protected];
[email protected]
RESUMO
1. Introdução
93
Diante do desafio de conservação dos ecossistemas, as queimadas e incêndios
florestais estão entre os principais problemas. O fogo está associado não somente ao
lançamento de gases do efeito estufa e ao aquecimento global, mas também a inúmeros
prejuízos econômicos, sociais e ambientais, como desertificação e desflorestamento
(IBAMA, 2013). Com relação à biodiversidade, o excesso de queimadas pode causar
impactos na estrutura e composição da vegetação, bem como impactos direto e indiretos
na fauna local (Matos, 2014).
O bioma Pantanal é formado pelo mosaico hídrico de rios que compõem a Bacia
do Rio do Prata, a segunda maior planície inundável e uma das maiores áreas úmidas
contínuas do planeta (ANA, 2014). A área calculada do Pantanal é de 138.183 km², dos
quais 48.865 km² (35,36%) estão no Estado do Mato Grosso (MT) e 89.318 km²
(64,64%) no Estado do Mato Grosso do Sul (MS). Sua importância ecológica é
reconhecido pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura) como Reserva da Biosfera e sítio de Patrimônio Nacional, pela
Constituição Federal Brasileira. Entretanto, os ecossistemas inseridos neste bioma são
frágeis e estão constantemente ameaçados por tendências de desenvolvimento
econômico (SFB, 2014).
94
Bacia do Alto Paraguai (BAP). A BAP tem grande importância, pois divide-se em
207.249 km² pertencentes ao estado de Mato Grosso do Sul e 188.551 km² no Mato
Grosso. A BAP constitui um mosaico hidrológico bem definido, com a ocorrência de
dois grandes ecossistemas: o Planalto, caracterizado pelo bioma Cerrado, e a Planície,
formando o bioma Pantanal (Figura 1).
95
Figura 1 - Bacia do Alto Paraguai (BAP) e os ecossistemas:
2. Materiais e métodos
96
Os dados de focos de calor, utilizados nesta pesquisa, foram provenientes de
sensores a bordo dos satélites NOAA – AQUA – TERRA – GOES – METEOSAT –
NPP – ATRS/ESA, computados e disponibilizados pelo Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE) através do Banco de Dados de Queimadas do Centro de Previsão de
Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC).
A partir da aquisição dos dados, estes foram tratados em ambiente SIG, sendo
modelado e gerado os mapas de densidade de Kernel, feito uma correção de função
bidimensional realizando um contagem de todos os pontos dentro de um área de
influência. Possibilitando assim uma visão qualitativa dos focos na região do Pantanal.
O software utilizado para o processamento dos dados e interpolação dos focos de calor
foi o ArcGIS 10.2 em sua extensão Spatial Analyst.
Para melhor representação e análise dos resultados da interpolação, definiu-se 5
classes de densidade: 1) muito baixa, 2) baixa, 3) média, 4) alta e 5) muito alta.
Para as análises de relação entre número de focos de incêndio e pluviosidade,
foram utilizados dados de pluviosidade mensais para os anos de 2000 a 2013,
fornecidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET,) através da Estação -
Corumbá/MS (83552) e da Estação Nhumirim Nhecolândia/MS (83513) que se
encontram no Pantanal. Apesar da estação apresentar-se como operante, não foram
fornecidos dados completos para os anos de 2014, 2015 e 2016. Portanto, estes anos não
foram utilizados para o cálculo das médias mensais de pluviosidade para o Pantanal.
3. Resultados e discussão
O fogo sempre foi importante para a formação das primeiras sociedades, ainda
mais importante para o pantanal, em que a pecuária é a principal atividade desenvolvida
na região e o fogo é usado para ampliar ou formar áreas de pastagem. Mas antes da
utilização intencional do fogo para manejo de áreas, já haviam queimadas na região da
BAP e no Pantanal, causadas naturalmente e/ou pelos índios (PCBAP, 1997). A
caracterização do padrão de ocorrência de focos proporciona um panorama espacial e
temporal que pode facilitar e priorizar ações de combate aos incêndios, uma vez que,
por conta da sua extensão e dificuldades de acesso, torna-se difícil realizar o trabalho in
loco.
A partir da análise dos dados feito, nos últimos 16 anos, foram quantificados
cerca de 460 mil focos de calor neste bioma, detectados pelos diversos sensores que
monitoram os focos de queimadas em todo o Brasil (Figura 2). Os mapas de distribuição
dos focos (Figura 3), gerados a partir da disponibilização dos dados pelo INPE, revelam
o comportamento espacial destes na área de estudo ao longo da série temporal,
analisando assim a recorrência dos eventos de fogo. A distribuição dos focos no
pantanal, entre os anos analisados seguem o mesmo padrão de distribuição, sendo bem
distribuído na área de estudo, mesmo nos anos com menor quantidade.
97
Figura 2. Quantitativo de focos de incêndio por ano (2000 - 2016).
98
2008 2009 2010 2011
2016
A partir da análise feita dos números de focos por esta estado (Figura 4), fica
evidente que o maioria dos focos se encontram no estado do Mato do Grosso do Sul
(MS), levando em consideração que a área territorial do pantanal é maior que no estado
de Mato Grosso (MT). Somente no ano de 2010 que o número de focos do MT foram
maiores que no MS, por conta de uma anomalia nos eventos climáticos na região.
99
Figura 4. Quantitativo dos focos de incêndios no Estados do Mato Grosso
e Mato Grosso do Sul (2000 - 2016)
101
2004 2005 2006 2007
2016
102
Em geral, queimadas extensas ocorrem no período seco, uma vez que no período
chuvoso grande parte da região encontra-se inundada (PCBAP 1997), o que resulta em
mudanças bem mais significativas na estrutura e composição florística da vegetação do
que as queimadas ocorridas na época chuvosa (Miranda e Sato 2005). Entretanto, o
regime de chuvas tem variado anualmente, o que pode representar variações no período
de maior ocorrência dos focos de incêndio (FIGURA 8). Macedo e colaboradores
(2009) registraram a diminuição do nível do rio Paraguai, devido à diminuição das
precipitações de chuva em sua bacia, o que pode resultar em um conjunto de fatores
favoráveis às queimadas nestas regiões.
103
Embora os impactos de queimadas recorrentes sobre a biodiversidade não
tenham sido suficientemente documentados, a intensificação das queimadas deve ser
considerada um fator de susceptibilidade desse ecossistema. Os impactos das queimadas
sobre o Pantanal são de longo prazo e por isso as consequências sobre sua fauna e flora
são praticamente desconhecidos. A análise da frequência e distribuição dos focos de
incêndio demonstram a necessidade de novas investigações sobre seus padrões de
ocorrência.
4. Conclusões
5. Referência bibliográficas
104
CARDOSO, V. C.; SOUSA, S. A.; BIURDES, M. S.; MACHADO, N. G. Focos de
calor na região centro-oeste no período de 2006 até 2012. IV Congresso Brasileiro de
Gestão Ambiental, Salvador/BA. Anais. 2013
105
PCBAP. Plano de Conservação da Bacia do Alto Paraguai – Pantanal. Brasília:
Diagnóstico do Meio Físico e Biótico. Ministério dos Recursos Hídricos e da
Amazônia Legal, 1349 pp., 1997.
106
ZANI, H.; ASSINE, M.L. Paleocanais no megaleque do rio Taquari: mapeamento
e significado geomorfológico. Revista Brasileira de Geociências, volume 41 (1), p.37-
43, 2011.
RESUMO
INTRODUÇÃO
107
Desta forma, podemos dizer que nas cidades tais alterações se manifestam em
maior ritmo, por serem estes espaços o lócus das atividades humanas, afetando direta e
indiretamente as sociedades que residem nestes locais. As inundações assumiram papel
de destaque entre os problemas ambientais na maioria das cidades brasileiras, pois o
processo de urbanização ocorrido no Brasil nas últimas décadas tem estampado suas
marcas por áreas não adequadas ás edificações humanas. Em processos desta natureza
diminui-se a percolação de água no solo, aceleram o escoamento superficial e
vulnerabiliza os espaços urbanos diante das inundações, as quais se manifestam com
maior severidade, intensidade e magnitude.
Entre os fenômenos catastróficos que se apresentam às cidades, as inundações
merecem destaque especial, pois causam sérios danos e prejuízos aos indivíduos,
principalmente os assentados em área vulneráveis a tais ocorrências.
A partir da problemática em evidência, propôs-se caracterizar o contexto
altimétrico e as áreas susceptíveis as inundações no perímetro urbano de Cáceres-MT,
assentado em planícies inundáveis periodicamente pelo rio Paraguai. Para Silva e
Abdon (1998), a região constitui um complexo sistema, condicionado pela vasta
planície sedimentar com topografia plana, altitudes variando de 90 a 120 metros, sujeita
a inundação anual.
Com base nas evidências do contexto urbano-ambiental, o recorte espacial
estabelecido para a pesquisa, compreendeu o perímetro urbano do município de
Cáceres, situado a sudoeste do Estado de Mato Grosso, na Microrregião do Alto
Pantanal e na Mesorregião do Centro-sul Mato-grossense, com uma área territorial de
24.796,8 km2 (IBGE, 2000). A área de estudos situa-se a margem esquerda do rio
Paraguai, localizada nas coordenadas geográficas a 16º 0’ 44” a 16º 08’ 42” latitude Sul
e 57º 37’ 22” e 57º 43’ 52”, longitude Oeste, com extensão de 75, 238 Km², altitude
média de 118 metros em relação ao nível do mar e distante a 215 km da capital do
Estado (Cuiabá).
A temática é de fundamental relevância por abarcar questões de natureza física e
humana, uma vez que, as inundações deflagram impactos socioeconômicos e ambientais
em diferentes espaços, incluindo-se a área selecionada para a pesquisa. Na atual
conjuntura ambiental sabe-se que o ser humano embora se esforce para conhecer e
controlar as forças naturais se vê vulnerável diante de tais eventos, principalmente os
inesperados como os hidráulicos.
MATERIAIS E MÉTODOS
108
Figura 01: Mapa de localização do perímetro urbano de Cáceres-MT. Fonte: Elaborado a partir da base
hidrográfica do Estado estabelecida pela SEPLAN-MT (2007) e adaptado de acordo com as imagens de
satélite SPOT-5, resolução - 5m (Jul/2007).
Figura 2: Mapa altimétrico do perímetro urbano do Município de Cáceres-MT. Fonte: Base hidrográfica
das cartas topográficas DSG (1:100.000) e SRTM (Resolução-30 m).
110
O mapa acima nos mostra que as terras com altimetria inferior a 120 metros em
relação ao nível do mar se localizam próximas ao leito principal do Rio Paraguai. Por
outro lado, quanto mais distantes deste ponto e mais próximas à Província Serrana,
mais elevada fica a altimetria das terras representadas.
A cidade de Cáceres-MT está localizada em terreno relativamente plano,
cercada por terras elevadas adjacentes, o que lhe permite atuar como um exutório das
águas pluviais que se precipitam nas regiões elevadas do entorno. Esta característica
aumenta a susceptibilidade da área a inundações principalmente no decorrer da estação
das chuvas torrenciais na região.
Os Córregos Fontes, Sangradouro, Lavapés, Renato, Olho-D’água e Junco são
os principais cursos de água que formam a rede hidrográfica urbana de Cáceres-MT.
Desta relação, somente o Córrego do Renato tem suas nascentes localizadas no Bairro
Vila Mariana, próximo ao centro da cidade, em terras com altitudes inferiores a 120
metros. Os demais nascem fora do perímetro urbano, em cotas altimétricas superiores a
140 metros em relação ao nível do mar.
Neste trabalho procuramos estabelecer uma associação entre a concentração
populacional urbana e a disposição real dos córregos que cortam a cidade a fim de
dimensionar o quanto esta configuração contribui para a formação de áreas susceptíveis
a inundação em Cáceres-MT. Na área de estudo foi constatado que o aumento da
concentração populacional é diretamente proporcional à proximidade das áreas em que
se encontram: o médio e baixo curso dos Córregos Fontes, Sangradouro, Lavapés e de
toda extensão do Córrego do Renato. Tal fato não se aplica aos Córregos Olho-D’Água
e Junco, os quais se localizam em regiões com baixo índice de urbanização, como pode
ser observado no mapa da Figura 3.
111
fatores potencializadores de inundações, que atinge ruas, avenidas e casas, causando
transtornos e danos à população cacerense de modo geral.
Quando a cidade de Cáceres-MT é atingida por grandes volumes pluviométricos,
sua dinâmica urbana se torna comprometida, porque muitos dos bairros que a compõe
não só estão em áreas de preservação permanente (APP) inundáveis naturalmente, como
tomados por atividades humanas, principalmente as ligadas à urbanização, o que
contribui para agravar ainda mais o quadro aqui descrito.
No decorrer desta pesquisa, verificou-se que os problemas relativos às
inundações acompanham a história da cidade, estando agravados na atual conjuntura
urbana. A expansão desordenada e o uso inadequado do solo urbano acentuaram e
ultrajaram os impactos ambientais, principalmente os ligados às inundações.
O Córrego do Renato, mesmo não se direcionando para a o centro da cidade de
Cáceres-MT, secciona a leste cinco bairros até desaguar na Baia da Palha (Rio
Paraguai). Os bairros drenados por este curso de água apresentam índice de urbanização
considerável, principalmente os mais antigos como Cohab Velha e Vila Mariana, que se
reduz à medida que o córrego alcança os bairros Maracanãzinho, Santa Cruz, São
Lourenço e Jardim Imperial. O percurso seccionado por este córrego pode ser observado
na Figura 4.
Figura 4: Imagem aérea parcial da malha urbana da cidade de Cáceres, destacando os bairros
seccionados pelo Córrego do Renato. Fonte: (Adaptado de Google Earth, 2012).
112
Figura 5: Vista parcial da área de nascente do Córrego do Renato no Bairro Vila Mariana,
detalhes para o afloramento do lençol freático. Município de Cáceres MT. 16º 04’ 47” S e 57º
40’ 56” W.
Figura 6: Vista parcial do Córrego do Renato, com destaque para urbanização e vegetação em seu leito.
Município de Cáceres-MT. 16º 05’ 02” S e 57º 41’ 23” W.
113
poucas áreas abaixo desta altimetria não são caracterizadas por construções, ruas ou
avenidas; mas por pastagens e pequenas plantações de subsistência, que ajudam a
reduzir o risco de os poucos moradores que habitam o seu entorno sofrerem com
inundações. Segundo Kobyama et al. (2006) “o risco somente é caracterizado quando
há a presença humana”. Durante a realização desta pesquisa não encontramos
informações acerca de alagamentos ou enchentes nesta região.
Figura 7: Vista parcial do Córrego Olho-D’água, destaque para as plantações e poucas residências.
Município de Cáceres-MT. 16º 02’ 39” S e 57º 38’ 55” W.
Figura 8: Vista parcial do Córrego do Junco, pastagem e processo de erosão em suas margens.
Município de Cáceres-MT. 16º 06’ 10” S e 57º 41’ 14” W.
114
ruas, avenidas e construções margeando seu leito. Desde que atinge o perímetro urbano,
o Córrego do Junco se assenta em terras com altitudes inferiores a 130 metros. Em
alguns pontos as cotas altimétricas assumem valores inferiores a 120 metros, o que
potencializa a susceptibilidade da região a inundações.
As informações prestadas ao longo do texto revelaram os problemas e impactos
potencializados pelas inundações que periodicamente atingem a cidade de Cáceres-MT.
Tais Impactos são causadores de onerosos prejuízos e desconfortos, principalmente aos
grupos e indivíduos que ocupam áreas que deveriam ser protegidas, mas, que hoje
abrigam atividades humanas em áreas de mananciais, nascentes e próximas aos
córregos urbanos. De acordo com Assad (2007), a Legislação Ambiental do Estado de
Mato Grosso considera, em seu artigo 58, área de preservação permanente as florestas e
demais formas de vegetação que estiverem ao longo de qualquer curso de água, ou ao
redor de lagoas, lagos, reservatórios naturais, nascentes (mesmo que intermitentes) e
olhos-d’água, num raio mínimo de 100 metros.
Não dispondo de mecanismos de planejamento do uso e ocupação do solo, a cidade de
Cáceres-MT sofre com sérios problemas socioeconômicos e ambientais, decorrentes da
ocupação de áreas de preservação permanente para realização de atividades humanas
diversas.
Com base no mapa altimétrico do perímetro urbano foi possível aferir os índices
de susceptibilidade a inundações na cidade de Cáceres-MT. De um total de 75, 238
Km² mapeados, apurou-se que a área correspondente aos setores de baixa, média e alta
susceptibilidade a inundação equivale a 22,792 Km², 32,012 Km² e 20,434 Km²,
respectivamente. Em termos percentuais, cada uma destas áreas, na devida ordem,
corresponde a 30,3%, 42,5% e 27,2%. Tais informações podem ser analisadas na tabela
a seguir.
Tabela 2: Índice de susceptibilidade a inundação por setor
SETOR ÁREA POR SETOR PORCENTAGEM
Em relação a esse assunto, Pinto e Pinheiro (2006, p. 9) esclarecem que “um dos
efeitos da urbanização são as enchentes lentas ou rápidas (...)” e que “isso se deve à
ocupação desordenada do solo”.
115
O mapa a seguir apresenta o índice de susceptibilidade a inundações para
Cáceres-MT, conforme seja a vocação da localidade para alagamento: alta, média ou
baixa susceptibilidade.
Figura 9: Mapa das áreas com baixo, médio e alto índice de susceptibilidade a inundação. Fonte: Base
hidrográfica das cartas topográficas DSG (1:100.000) e do SRTM (resolução - 30 m).
116
inundáveis. No caso em questão, os problemas se agravaram, pois tais áreas encontram-
se ocupadas por urbanização que se desenvolveu de forma desordenada no tempo e no
espaço, acarretando elevados prejuízos à população e aos aspectos ambientais da área
em evidência. Segundo Tucci e Genz (1995), as enchentes nas cidades são processos
gerados principalmente pela falta de disciplinamento da ocupação urbana.
No processo de expansão urbana cacerense sobre áreas impróprias para tal uso,
desconsideraram-se as margens dos córregos e as áreas de nascentes. Em decorrência
da inobservância aos limites mínimos das áreas de proteção ambiental, os problemas
relativos às inundações se agravaram durante as últimas décadas. Logo, faz-se
necessária a gestão integrada da ocupação das áreas urbanas, meio ambiente e pessoas,
o que requer a adoção de um conjunto de medidas políticas, que precisam ser tratadas
em diferentes escalas, tendo como suporte, o planejamento ou replanejamento
urbanístico que atenda e garanta um ambiente ecologicamente equilibrado para as
atuais e futuras sociedades.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
117
ASSAD, Z. Pedro. Legislação Ambiental de Mato Grosso. Editora de Liz, Cuiabá,
2007.
AYOADE, J. O. Introdução à climatologia para os trópicos. 4. ed. Rio de Janeiro:
Bertrand-Brasil, 1996.
Fernandes, P.R.M.1; Amparo, A. P2; Oliveira, G. B.2; Gomes, R.J.1; Melo, M.F.1
1
Fundação Estadual do Meio Ambiente. End: Cidade Administrativa Presidente
Tancredo Neves, Rodovia Papa João Paulo II, 4143 - Edifício Minas - 1º andar - Bairro
Serra Verde, Belo Horizonte / MG, Brasil, Cep: 31630-900, e-mail:
[email protected], Tel: 3915-1107; 2Instituto Brasileiro de
Meio Ambiente e Recursos Naturais. End: Av. do Contorno, 8121 - Lourdes, Belo
Horizonte/MG, 30110-051, e-mail: [email protected], Tel: (31) 3555-6100.
RESUMO
Este artigo trata das ações desempenhadas pelos órgãos públicos ambientais do Estado
de Minas Gerais, SEMAD, FEAM, IGAM e IEF e; pelo Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, em relação às áreas
118
diretamente afetadas pelo rompimento da barragem de Fundão em Mariana/MG,
ocorrido em novembro de 2015. Ao longo do texto é apresentado um histórico que
contextualiza o evento, as ações executadas pela Samarco e pela Fundação Renova no
âmbito do Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC), que foi assinado
pela Samarco e suas acionistas – Vale S.A e os governos federal, de Minas Gerais e do
Espírito Santo, para nortear todos os programas socioeconômicos e socioambientais
realizados na bacia do rio Doce e algumas iniciativas de acompanhamento e
monitoramento realizadas pelos órgãos ambientais de forma isolada, ou por meio de
parcerias interinstitucionais, em busca da recuperação das áreas impactadas. À medida
que o desastre ambiental trouxe uma gama incontável de impactos socioambientais, ele
tem possibilitado a integração e a busca de soluções conjuntas entre as instituições
públicas que lidam diariamente com o tema, trazendo um novo olhar sobre o
monitoramento e acompanhamento de empreendimentos minerários e sobre a gestão de
barragens de rejeitos, aproximando os órgãos ambientais federal e estaduais, na busca
de soluções integradas, que minimizem os riscos e tragam maiores benefícios a curto e
longo prazo.
1. INTRODUÇÃO
No dia 05 de novembro de 2016, a barragem de Fundão, da empresa Samarco
Mineração S.A, no município de Mariana/MG, se rompeu liberando milhões de metros
cúbicos de rejeito de minério na bacia do rio Doce, afetando diretamente as paisagens
naturais e as práticas econômicas e culturais das populações residentes naquela bacia.
O barramento, classificado como classe III, de alto potencial de dano ambiental,
pela Deliberação Normativa COPAM nº 62 de 17 de dezembro 2002, era destinado a
receber e armazenar o rejeito gerado pela atividade de beneficiamento de minério de
ferro. A barragem continha 56,4 milhões de m³ de rejeitos de mineração de ferro, sendo
que o rompimento liberou inicialmente 32,2 milhões de m³ de rejeitos e ao final de
2016, estimava-se que 43,6 milhões de m³ de rejeitos já estavam dispostos no meio
ambiente.
Inicialmente, o rejeito atingiu a barragem de Santarém logo a jusante, causando
seu galgamento, e seguiu pelas calhas do rio Gualaxo do Norte, rio do Carmo e rio
Piranga até chegar na Usina Hidrelétrica (UHE) de Risoleta Neves, conhecida como
UHE Candonga, que reteve parte do rejeito e reduziu a energia da onda de lama
(Relatório da Força-Tarefa, 2016). Após essa barreira, a parte coloidal do rejeito seguiu
pela calha principal do rio e foi carreada até a foz do rio Doce no Oceano Atlântico. No
total, 663,2 km de corpos hídricos foram diretamente impactados pelo rompimento.
A maior parte do rejeito liberado, aproximadamente 67%, encontra-se entre o
município de Bento Rodrigues e a UHE Candonga. Esta região sofreu os maiores
impactos ambientais e sociais, ocorrendo inclusive perda de vidas (Relatório da Força-
Tarefa, 2016) e, por isso, tem prioridade nas ações de recuperação e é denominada de
Área Ambiental 1. Nesta área, cerca de 1.600 hectares, 120 tributários e 102 km de
calhas de rios foram atingidos pela onda de lama. A degradação dos locais variou muito
de acordo com suas características geomorfológicas e tipo de ocupação, sendo que em
alguns locais a onda de lama carreou completamente a vegetação e o solo, enquanto em
outros ocorreu uma grande deposição de lama sobre o terreno natural.
119
Desde o evento, a Samarco em conjunto com suas acionistas, as empresas Vale
S.A e BHP Billiton Brasil LTDA., vem realizando uma série de intervenções visando
garantir a segurança das estruturas remanescentes, impedir a continuidade da liberação
de rejeitos e recuperar as áreas impactadas, em ações que podem ser classificadas como
emergenciais e a longo prazo.
Estas ações vêm sendo acompanhadas por diversos órgãos
reguladores/fiscalizadores, correlacionados a temática ambiental, da esfera federal e
estadual no âmbito de Minas Gerais e Espirito Santo através de instrumentos
específicos.
Diante do exposto, este artigo tem como objetivo apresentar as medidas que
estão sendo tomadas para recuperar as áreas afetadas pelo romprimento da barragem de
Fundão, em Mariana/MG, bem como as estratégias adotadas pelo IBAMA e pelo
SISEMA para acompanhar e fiscalizar a execução das obras.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi executado a partir de um levantamento das ações de
recuperação ambiental realizadas no trecho denominado Área Ambiental 01,
correspondente aos primeiros cem quilômetros impactados pelo rompimento da
barragem de Fundão até a UHE Candonga, e do acompanhamento dessas intervenções
por parte das instituições públicas ambientais.
Em relação as intervenções realizadas pela Samarco, foram consultados os
documentos apresentados aos órgãos ambientais, o conteúdo e exigências do Termo de
Transação e Ajustamento de Conduta. As ações de acompanhamento e fiscalização
realizadas pelos órgãos ambientais foram levantadas em relatórios técnicos, documentos
de vistorias, autos de fiscalização e de infração e atas de reunião.
Após a análise de todos os documentos, foi realizada uma análise crítica entre o
que vem sendo executado pela empresa e como os órgãos ambientais estão
acompanhando o processo, visando verificar a efetividade de atuação e pontos que
devem ser melhorados.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
121
Federal 12334/2010), a instituição não tem atribuição de fiscalizar a segurança de
barragens de mineração, sendo suas ações apenas complementares aos órgãos de
competência originária.
Dentre algumas das ações realizadas pelo Instituto, destacam-se as análises para
verificar as alterações na qualidade da água; o direcionamento das ações de resgate
preventivo (e destinação) da ictiofauna nas áreas até então não afetadas; a solicitação de
ações para contenção da lama e prevenção de acidentes com as estruturas
remanescentes; a entrega de notificações administrativas com pedidos de providências a
serem executadas pela Samarco e autos de infração por transgressão de diversos
dispositivos da legislação ambiental por parte dessa empresa.
Inicialmente a participação do órgão se deu no âmbito do Posto de Comando
Unificado, desmobilizado em 04/12/2015, para que cada instituição envolvida utilizasse
sua própria estrutura. Ainda no início dos trabalhos relacionados ao rompimento da
barragem, em 26/11/2015, o órgão emitiu o primeiro relatório consolidado sobre o
desastre, Laudo Técnico Preliminar (IBAMA, 2015) em que aponta os danos
ambientais, econômicos e sociais constatados na região, diferenciando-os em: impactos
às áreas de preservação permanente; impactos à ictiofauna; impactos socioeconômicos e
impactos à qualidade da água. Previamente foi indicado que os impactos diagnosticados
não se limitavam a danos diretos, sendo necessário considerar a interação entre os
processos, podendo-se desencadear novos efeitos em toda a área atingida. Além disso,
ressaltou-se o longo tempo necessário para reparação dos danos, quando viáveis.
Em janeiro de 2016, o IBAMA criou o Grupo de Apoio Técnico com o objetivo
de coordenar as ações do órgão relacionadas ao desastre ambiental e suas repercussões
em toda a bacia do rio Doce até a região costeira afetada. Posteriormente, a partir da
Consolidação do Comitê Interfederativo (CIF), a autarquia passa a exercer sua
presidência e coordenar a CTFlor e a CTRejeitos, dividindo espaço e competências com
outras instituições públicas federais e estaduais, sobretudo aquelas que lidam com
assuntos relacionados à questão ambiental. Em relação à recuperação das áreas,
destacam-se os trabalhos desenvolvidos na nas supracitadas Câmaras, espaços cujas
discussões delineiam as estratégias para recuperação das áreas degradadas pela onda de
rejeitos oriunda do rompimento da barragem.
A principal estratégia adotada pelo Ibama e referendada pela CTFlor para
acompanhar a recuperação ambiental da área ambiental 1 é a Operação Áugias. Esta
Operação compreende visitas regulares às áreas afetadas, e se baseia em quatro
principais eixos estratégicos: i) metodologia sistemática de acompanhamento, ii)
transparência, iii) envolvimento de pesquisadores e iv) articulação interinstitucional.
A metodologia sistemática concebida consiste em três passos. Primeiro são
utilizadas imagens de satélite de alta resolução para o levantamento dos pontos a serem
visitados. Neste primeiro momento priorizaram-se os tributários atingidos e os locais
com grande deposição de rejeito nas calhas principais.
Em seguida são visitados os pontos levantados, preenchendo-se um relatório
padronizado. Este relatório compreende 32 itens, que abordam aspectos do diagnóstico
da área, avaliação da resiliência do ecossistema, avaliação das intervenções já realizadas
pelas empresas e recomendações que as equipes de campo consideram necessárias.
Ao voltar de campo, as informações coletadas através do relatório padronizado
são processadas no software estatístico R (R Core Team 2015), gerando-se mapas e
dados estatísticos sobre cada um dos itens avaliados. Assim, esta metodologia permite
um diagnóstico fiel do cenário encontrado pelas equipes de campo. Além disso, o
relatório padronizado é reaplicado a cada visita de campo nos mesmo pontos, o que
permite um acompanhamento temporal de cada aspecto analisado.
122
Todas os relatórios padronizados preenchidos em campo pelas equipes são
integralmente repassados à Fundação Renova, proporcionando total transparência às
ações do Ibama no âmbito da Operação. Desta forma, A Fundação tem acesso à todas as
recomendações e avaliações exaradas pelos técnicos que visitaram as áreas. Ademais, os
relatórios de cada fase da Operação são integralmente disponibilizados no site do
Ibama, com livre acesso a qualquer cidadão.
Desde o princípio procurou-se o envolvimento de pesquisadores nas visitas de
campo e nas discussões sobre possíveis soluções para as áreas. Já foram envolvidos 07
professores e 03 estudantes de cinco instituições de pesquisa. Este envolvimento
confere um forte subsídio científico às decisões, o que é essencial face a complexidade
do tema.
Por fim, a Operação Áugias busca uma sólida articulação interinstitucional entre
os órgãos que fazem parte da gestão pública das ações relacionadas ao desastre.
Destaca-se neste ponto a participação efetiva dos órgãos ambientais de Minas Gerais
nas visitas de campo, o que proporciona o intercâmbio técnico entre os servidores
envolvidos. Este aspecto é fundamental para o alinhamento entre os órgãos, buscando o
consenso interinstitucional na busca de soluções para a recuperação das áreas.
Já foram realizadas quatro vistorias da Operação Áugias, divididas na fase
Hélios (junho/2016), Fase Argos etapa I (agosto/2016), Fase Argos etapa II
(setembro/2016) e Fase Argos etapa III (novembro/2016). Durante estas vistorias foram
visitados 174 pontos e elaborados dois relatórios (IBAMA 2016a e IBAMA 2016b), em
um total de 926 páginas.
De acordo com o relatório da Fase Argos II (Ibama, 2016b), foram vistoriados
78 pontos, sendo verificado que: 75% dos pontos apresentaram camadas de rejeitos
acima de 50cm; 87% dos pontos apresentaram processos de ravinamento e erosão
laminar; 87% dos pontos apresentaram espécies nativas em regeneração; 45% dos
pontos não apresentaram nenhuma ação de reafeiçoamento dos terrenos impactados;
71% dos pontos não apresentaram técnicas de conservação do solo; 53% dos pontos não
apresentaram reconformação da linha de drenagem do curso d’água; 53% dos pontos
não apresentaram obras de contenção; 62% dos pontos não apresentaram intervenções
para melhoria da drenagem; 53% dos pontos não apresentaram ações de bioengenharia
90% dos pontos apresentaram condições péssimas, ruins ou insatisfatórias da semeadura
(feita diretamente sobre o rejeito).
Figura 1: Verificação das ações de recuperação ambiental realizadas, com a colocação de enrocamento nas
margens do tributário.
123
Figura 2: Verificação das ações de recuperação ambiental realizadas nos tributários, com a reconformação dos
taludes e implantação de biomanta.
125
rios tributários. A metodologia aplicada pelo IBAMA na Operação Áugias foi adaptada
pelos órgãos ambientais estaduais, visando manter a mesma análise ambiental.
De maneira geral, a Operação Watu verificou que em todas as 16 áreas houve
uma grande perda de solo e de vegetação, alta deposição de rejeito na calha dos rios e
planícies de inundação, focos erosivos do tipo laminar e de ravinas por rejeitos, árvores
e galhos mortos. As principais intervenções observadas em campo foram contenção de
sedimentos, obras de drenagem, plantio de mix de sementes através de plantio direto e
semeadura e reconformação dos taludes marginais. Em nenhuma das áreas que estavam
sendo recuperadas, houve a retirada de rejeitos, antes da implementação das ações de
bioengenharia.
Figura 5A: Retentores de sedimentos implantados nas Figura 5B: Colocação de enrocamento nas
margens da callha principal. margens do rio.
Figura 6A: Revegetação na planície de inundação em Figura 6B: Reconformação dos taludes para
estágio inicial. implantação de obras de bioengenharia.
126
Figura 7: Comparação entre a recuperação ambiental em trecho do rio Gualaxo do Norte, verificado na
Operação Watu Fase I e Fase II, respectivamente.
127
As operações de fiscalização realizadas pelos órgãos federais e estaduais
verificaram que a Samarco e suas contratadas vem adotando em campo as práticas mais
consagradas de recuperação de áreas degradadas. Entretanto, em diversos casos foi
observado uma baixa eficiência das medidas adotadas, tendo em vista, as peculiaridades
do ambiente degradado, tais como alta espessura de camada de rejeito, ausência de solo
e problemas de drenagem.
O relatório final da Áugias (Ibama, 2016) indica que há grande necessidade de
que sejam feitas avaliações técnicas para o manejo correto do rejeito localizado em
planícies de inundação, tributários e calha principal da região impactada.
A necessidade de se ampliar o conhecimento dos técnicos que vem
acompanhando as ações de recuperação e também solicitar apoio na análise de estudos,
fez com que os órgãos ambientais se aproximassem das Universidades. Um bom
exemplo, foi a realização do I Curso de Capacitação Técnica das Equipes envolvidas na
Operação Áugias, entre os dias 28/11 a 02/12/2016, composto por aulas expositivas em
campo, ministrados por professores de universidades federais de Minas Gerais. As
discussões promovidas ao longo do curso culminaram na elaboração de um Relatório
Técnico Interinstitucional, com o objetivo de orientar as próximas ações dos órgãos
ambientais, bem como uma maior uniformidade nas exigências relacionadas a
recuperação ambiental das áreas afetadas.
Os órgãos ambientais entendem que a Samarco e a Fundação Renova devem
fazer uso do conhecimento acadêmico para nortear as ações e evitar o desperdício de
esforços, ampliando as bases de fundamentação das ações empreendidas e qualificando
os resultados através da ampliação do monitoramento.
4 CONCLUSÕES
A recuperação das áreas afetadas pelo rompimento da Barragem de Fundão se
configura um desafio tanto para a Samarco quanto para os órgãos ambientais e de
controle dada a magnitude dos impactos gerados.
As dificuldades encontradas na tomada de decisão emergencial, por parte de
todos os entes envolvidos, evidenciaram a necessidade de se elaborar procedimentos
específicos que agilizem a tomada de decisão e a definição clara das competências de
cada órgão ambiental frente a eventos desta magnitude.
A elaboração de instrumentos específicos de controle a acompanhamento de
ações, como o TTAC, vem se mostrando essenciais, contudo estes instrumentos devem
estar sempre em consonância com embasamentos técnicos e jurídicos, na busca de
soluções integradas e duradouras.
A comunicação entre os órgãos ambientais da esfera federal e estadual evoluiu
em decorrência do acidente e os frutos gerados no processo evidenciam a necessidade
da manutenção deste diálogo entre os mesmos para outros assuntos.
O acompanhamento das atividades executas em campo pela Samarco/Fundação
Renova, por parte do IBAMA e SISEMA, é fundamental para oferecer transparência ao
processo de recuperação e garantir que as medidas adotadas tragam melhorias para toda
a sociedade.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei
nº 12.334, de 20 de setembro de 2010. Estabelece a Política Nacional de Segurança de
Barragens destinadas à acumulação de água para quaisquer usos, à disposição final ou
temporária de rejeitos e à acumulação de resíduos industriais, cria o Sistema Nacional
128
de Informações sobre Segurança de Barragens e altera a redação do art. 35 da Lei no
9.433, de 8 de janeiro de 1997, e do art. 4o da Lei no 9.984, de 17 de julho de 2000.
Portal da Legislação, Brasília, set. 2010. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12334.htm>. Acesso
em: 16 fev. 2017.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei
Complementar nº 140, de 8 de dezembro de 2011. Fixa normas, nos termos dos incisos
III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal, para a
cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações
administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção
das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição
em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora; e altera a
Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981. Portal da Legislação, Brasília, dez. 2011.
Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp140.htm>. Acesso
em: 16 fev. 2017.
IBAMA. Relatório Fase Hélios - Operação Áugias. Brasília, julho de 2016. Disponível
em:
http://www.ibama.gov.br/phocadownload/barragemdefundao/relatorios/2016-07-
relatorio_opaugias_fase_helios.pdf Acesso em: 09 de fevereiro de 2017.
129
MINAS GERAIS. Decreto nº 46.892, de 20 novembro de 2015. Institui Força-Tarefa
para avaliação dos efeitos e desdobramentos do rompimento das Barragens de Fundão e
Santarém, localizadas no Distrito de Bento Rodrigues, no Município de Mariana.
Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais, Diário do Executivo, Governo do Estado,
Atos e Decretos, Belo Horizonte, MG, 21 nov. 2015. Caderno 1, p. 2. Disponível em: <
http://jornal.iof.mg.gov.br/xmlui/handle/123456789/155239>. Acesso em: 16 fev. 2017.
RESUMO
130
recuperação podem ser identificados com uso de técnicas de sensoriamento remoto,
configurando o primeiro passo para utilização do conceito no processo de
monitoramento de recuperação de áreas degradadas. Especialmente, o foco do trabalho
é demonstrar como o sensoriamento remoto pode ser útil no planejamento da coleta de
dados primários para identificação dos serviços ecossistêmicos, evitando longos e
custosos trabalhos de campo. Como estudo de caso, utiliza-se uma mina de bauxita,
localizada no munícipio de Juruti, Pará, em áreas de floresta amazônica. Os resultados
apresentam as principais etapas para identificar os serviços ecossistêmicos, desde o
mapeamento da cobertura do solo até a identificação de beneficiários e seleção de
serviços com potencial de utilização no monitoramento.
1. Introdução
3. Metodologia
26
Licença adquirida pelo departamento de Engenharia de Minas e Petróleo da EPUSP
Figura 46: Fluxograma da metodologia da pesquisa.
4. Resultados
A partir dos resultados obtidos pela técnica de Análise da Componente Principal
(ACP), geraram-se imagens que mostram a variação das mudanças na cobertura do solo.
A ACP permite o tratamento de imagens com elevado número de bandas espectrais e a
obtenção de informações de dados multitemporais (Crosta, 1992).
A segunda componente principal realçou as formas de relevo, destacando a
borda do platô e as cabaceiras de drenagens. A partir dessa característica, foi possível
concluir que o projeto não afeta diretamente os ecossistemas aquáticos da região, uma
vez que todas as nascentes se encontram fora da área do platô. Tal conclusão conduziu a
pesquisa a excluir os serviços ecossistêmicos fornecidos pelos ecossistemas aquáticos --
como pesca, fornecimento de água etc. Esse resultado foi comprovado a partir de
análise de monitoramento da qualidade da água realizados pelo empreendedor e
entrevistas realizadas nas comunidades. A partir da análise da componente principal e
classificação não supervisionada, foi planejada a coleta de dados para servirem como
referências ou “verdades” de campo, realizada entre os dias 8 e 18 de novembro de
2015. Para cada classe pré-definida, como regiões de interesse, foi coletado pelo menos
um ponto de referência que foi utilizado para testar a classificação supervisionada por
meio da matriz de confusão (Quadro 1).
A classificação supervisionada com todas as bandas foi realizada a partir de uma
cuidadosa coleta de amostras, utilizando o algoritmo “Maximum Likelihood” do
software ENVI. Outra estratégia adotada na classificação supervisionada foi manter o
foco somente na área de interesse da cena, o que diminuiu os conflitos entre as classes.
É possível perceber uma concentração de áreas em processo de recuperação. Essa classe
foi diferenciada tanto da vegetação nativa, quanto da vegetação degradada no entorno
direto do empreendimento e de estradas e acessos (Figura 2).
Classes Coordenadas (UTM) Fotos Ecossistemas
0591689
Solo exposto Não há
9723873
Áreas
0586799 Mosaico de usos pastoris,
antrópicas ou
9729160 agricultura e capoeirinhas
Comunidades
0592549
Rio Ecossistema aquático
9721998
Quadro 1: Classes e pontos de interesse coletados em campo para classificação supervisionada para
Juruti
Figura 2: Mapa de cobertura do solo para Juruti, imagem RapidEye 2014
O índice Kappa da classificação, obtido a partir da matriz de confusão, foi
0,8960 e a acurácia geral foi de 93%. Isto indica um bom resultado, com ampla
diferenciação entre classes. O foco de confusão na classificação se concentrou na classe
vegetação degradada, com a vegetação em recuperação (Quadro 11). Tal fato demonstra
que ainda que a acurácia da classificação tenha obtido um bom resultado, as classes de
interesse para o estudo não foram bem classificadas.
Ainda que o erro de omissão tenha sido alto, ou seja o algoritmo deixou de
classificar 51% dos pixels das classes vegetação em recuperação, poucos pixels de
outras classes foram considerados pertencentes desta classe (erro de comissão). Além
das referências de campo, coletadas durante o trabalho de campo, o empreendedor
forneceu arquivos no formato Shapefile, das áreas que estão sendo recuperadas de
acordo com o ano em que a recuperação foi iniciada (Figura 2).
De posse dessa informação foi possível confirmar que a maior parte da
classificação está correta. Algumas áreas indicadas pelo empreendedor em que a
recuperação foi iniciada em 2014, foram classificadas como solo exposto, porque esse
processo começou depois da captura da imagem. Portanto, considera-se que a
classificação supervisionada foi razoável para diferenciar os diversos estágios da
vegetação na área de estudo. Este resultado preliminar indica que pode ser possível
utilizar imagens de satélite para mapear serviços ofertados pela vegetação em
recuperação.
Ciclagem de nutrientes
Comentários suportes baseados no estudo de impacto
Fornecimento de água
Regulação de doenças
Valores educacionais
Purificação de águas
Alimentos silvestres
Regulação de pestes
Ecossistemas ambiental, trabalho de campo e relatórios de monitoramento.
Recursos genéticos
Criação de animais
Controle de erosão
Produção primária
Culturas agrícolas
Fibras e resinas
Bioquímicos
Polinização
Recreação
Madeira
Habitat
Pesca
Caça
5. Conclusões
6. Agradecimentos
À Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (FAPESP/CAPES 2014/22927-
1) pela concessão de bolsa de estudo à primeira autora. Ao Ministério de Meio
Ambiente (MMA), pelo fornecimento gratuito das imagens de satélite do sensor
RapidEye. À empresa Alcoa do Brasil, pela permissão de acesso a área de estudo,
fornecimento de documentos e acompanhamento durante os trabalhos de campo. Ao
departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo da Escola Politécnica,
Universidade de São Paulo, pela aquisição dos softwares ENVI 5.3 para processamento
das imagens e o pacote Office 2015 para desenvolvimento do trabalho.
7. Referências
ALCAMO, J. et al. Ecosystems And Human Well-Being: A Framework for Assessment.
Washington: Island Press, 2003.
BARBOSA, C. C. A.; ATKINSONA, P. M.; DEARING, J. A. Remote sensing of
ecosystem services: a systematic review. Ecological indicators, 52: 430–443. 2015.
BURKHARD, B.; KROLL, F.; NEDKOV, S.; MULLER, F. Mapping ecosystem
service supply, demand and budgets. Ecological Indicators, 21: 17-29, 2012.
CASTRO, F., SILVA-FORBERG, M. C.; WILSON, W., BRONDIZIO, E. S.,
MORAN, E. F. Uso de sensoriamento remoto em levantamento rápido rural: uma
experiência na Colômbia. In: Batistella, M.; Moran, E. F. (organizadores).
Geoinformação e monitoramento ambiental na América Latina. Editora Senac. São
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CNEC. Estudo de Impacto Ambiental do Projeto Juruti. 2005. : 1991. CROSTA, A. P.
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COMMUNITIES: A CASE IN THE BRAZILIAN AMAZON. THE UNIVERSITY OF
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integração nacional. Folha SA.21-Santarém; geologia, geomorfologia, pedologia,
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actual use of provisioning ecosystem services. Ecosystem Services, 17:75-86. 2016.
ROSA, J. C. S.; GIANNOTTI, M. A.; SÁNCHEZ, L. E. Does mine land rehabilitation
restore ecosystem services? Conference proceedings. In: 24th World Mining Congress:
Mining in a world of innovation. October, Rio de Janeiro, 2016.
RESUMO
Introdução
A identificação das causas e a recuperação de solos degradados são temas sensíveis
enfrentados pela população mundial. Por ser considerado um recurso finito e de extrema
importância para sustentação da humanidade, pesquisas sobre os solos e a recuperação de
áreas degradadas devem ser enfatizadas, de forma que, as causas e consequências da
degradação sejam compreendidas e soluções econômicas, sociais e ambientalmente viáveis
sejam encontradas. A perda de solo fértil é uma das principais causas de insegurança
alimentar, pobreza e instabilidade social e política nos países em desenvolvimento.
Segundo CARVALHO (2006), a ocupação e uso dos solos pelo homem quando
efetuados de maneira desordenada, ocasiona sérias consequências, dentre as quais podem
ser incluídas, a perda de camadas férteis, o assoreamento dos cursos d’água e reservatórios,
consequente redução do volume de água disponível para abastecimento humano rural e
urbano, e também, a produção de energia elétrica, tendo em vista que mais de 95 % da
energia produzida no país provém de hidrelétricas (ANEEL, 2002). Além disso, também
se observa a ocorrência de desastres urbanos, em consequência à degradação dos solos, tais
como deslizamentos de terra em áreas de risco.
De acordo com KOBIYAMA et al (2001), as principais causas da degradação dos solos
tem sido o desmatamento, o manejo inadequado da agricultura, o superpastejo, a
exploração da vegetação para combustível e as atividades industriais de modo geral.
O estudo será realizado no Assentamento Santa Helena, no município de São Carlos/SP,
que contempla lotes com 14 famílias assentadas pelo INCRA (Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária), com área total de 102,5 ha, incluindo áreas comunitárias,
área de preservação permanente e reserva legal.
O Assentamento enquadra-se na Portaria nº 477/99, do INCRA, na modalidade de
assentamentos rurais denominada PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentável). Tal
modalidade preconiza a conciliação de assentamentos humanos de populações não
tradicionais em áreas de interesse ambiental, com o desenvolvimento sustentável dessas
regiões. De acordo com a mesma Portaria, a concessão do uso da terra para exploração
condominial deve obedecer à aptidão agrícola da área, combinada à vocação das famílias
dos agricultores e ao interesse ecológico de recomposição vegetal, atendendo à legislação
ambiental (CANUTO et al, 2013).
Material e Métodos
Por meio de levantamentos bibliográficos, análises em campo e laboratoriais, pretende-
se averiguar os procedimentos mais adequados para os fins de elaboração de um
diagnóstico consistente e um plano adequado para a diminuição do grau de degradação
observado no início da pesquisa. Além disso, a pesquisa tem a intenção de utilizar
metodologia ou modelos capazes de avaliar os critérios relacionados à manutenção da
segurança alimentar na produção dos alimentos dos lotes analisados no Assentamento PDS
Santa Helena.
-Levantamento bibliográfico
Revisão bibliográfica a respeito de métodos de avaliação do grau de degradação dos
solos, bem como, de recuperação desse recurso, de acordo com as condições sociais,
econômicas e ambientais observadas na área de estudo.
Pesquisa aprofundada em metodologias relacionadas à avaliação da segurança alimentar
(Food Security) de modo a garantir que os lotes do Assentamento sejam ainda mais
produtivos, com a utilização de técnicas que propiciem a recuperação e conservação do
solo local, tendo como consequência, maior oferta de alimentos seguros e nutritivos aos
consumidores.
-Análises de campo e laboratoriais
Serão coletadas amostras de solos para avaliação das propriedades físicas
(granulometria e densidade) e químicas (teor de matéria orgânica e fertilidade). As
propriedades iniciais e as respostas após a implantação das técnicas de restauração serão
feitas por meio do desenvolvimento de estruturas e incorporação de matéria orgânica. A
avaliação será feita através das medidas de densidade do solo usando um anel volumétrico,
das observações da matriz em escala microscópica e de análise granulométrica conjunta.
Para a confecção das lâminas, serão coletadas amostras de solo indeformadas para
posterior impregnação com resina araldite confeccionadas seções delgadas de 3 x 5 cm. A
descrição será feita em microscópio petrográfico Zeiss Axioskop 40 (Departamento de
Petrologia e Metalogenia/UNESP). As lâminas serão descritas de acordo com Bullock et
al. (1985).
Resultados e Discussão
-Caracterização Geológico-Geomorfológica
Os lotes encontram-se sobre a Formação Pirambóia, constituída por arenitos de origem
eólica sobre o qual se formam solos extremamente arenosos, frágeis e de baixa fertilidade
(Latossolo Vermelho- Amarelado) com relevo de colinas suaves e baixa declividade.
A área, de acordo com algumas famílias de assentados, era utilizada anteriormente para
o plantio de cana-de-açúcar, com uso de fertilizantes químicos e pesticidas, durante anos.
O histórico de uso do local é de fundamental importância para o conhecimento do grau de
degradação e pode indicar quais práticas devem ser evitadas, visando a recuperação
conservação do recurso, com manejo adequado às condições ambientais e coerentes com as
características físicas, químicas e biológicas do solo trabalhado.
As amostras coletadas em campo foram estrategicamente definidas de montante para a
jusante, em cinco pontos, sendo que o primeiro representa uma área preservada e de
controle para parâmetros posteriores. Nos outros pontos de coleta, foi observado elevado
grau de compactação do solo, pela ocorrência de criação de gado livre e pastagens sem
manejo adequado.
Também foi observado solo exposto em alguns pontos e a ocorrência de “buracos”,
caracterizados, segundo os moradores, por atividades de desmatamento no passado. Tais
aberturas no solo são agravadas por processos erosivos, que acabam por aumentar a
degradação e tornar essas áreas improdutivas para as famílias.
-Etapas de trabalho
Conclusões
A pesquisa ainda se encontra em fase de tratamento de dados e elaboração de um plano
adequado para a recuperação e conservação do solo nos lotes do Assentamento Santa
Helena, no município de São Carlos/SP. Entretanto, já é possível perceber uma série de
estratégias que podem ser tomadas no que diz respeito ao manejo da terra e utilização de
insumos coerentes com a proposta de um Assentamento rural modalidade PDS, destinado
ao desenvolvimento de atividades sustentáveis, como descrito na Portaria nº 477/99, do
INCRA.
Esse trabalho representa um grande laboratório para a reflexão sobre a criação de
políticas públicas no sentido de incentivar a adoção de práticas agrícolas que não
desencadeiem processos de degradação do solo, mas que sejam capazes de fortalecer tal
recurso, bem como as famílias que trabalham com ele e a população de modo geral.
Referências Bibliográficas
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lessons learned. Rome: FAO, 2009.
FAO. The state of food insecurity in the world 2015. Meeting the 2015 international
hunger targets: Taking stock of uneven progress. Rome: FAO, 2015.
INCRA. Portaria nº 477/99. Implantação de Projeto de Desenvolvimento Sustentável. 1999
KOBIYAMA, M.; MINELLA, L. P. G; FABRIS, R. Áreas degradadas e sua recuperação.
Informe agropecuário, Belo Horizonte. v. 22. n. 210, p. 10-17, 2001
RESUMO
1.Introdução
2. Material e Métodos
3. Resultados e Discussão
A medição dos dados teve início em 2012. Em função de incêndio que atingiu a
área do experimento em setembro de 2014, optou-se por aguardar a rebrota, no primeiro
semestre de 2015, para verificação dos dados em campo. Esta coleta permitiu analisar a
resposta das diferentes espécies quanto a rebrota nos tratamentos propostos.
A análise da taxa de mortalidade por espécie para cada tratamento para os anos
de 2012, 2013 e 2015 é apresentada na tabela a seguir (Tab. 3).
Tabela 4: Média de desenvolvimento por espécie por tratamento entre os anos de 2012 e 2013
ESPÉCIE DESENVOLVIMENTO MÉDIO DAS MUDAS (cm)
E+I E C
S. terebinthifolius 66 47 2
P. dubium 13 24 47
E. erythropappus 62 65 78
C. fissilis 19 18 31
C. pachystachya 29 19 10
I. marginata 34 28 24
H. serratifolius 17 8 6
P. gonoacantha 57 20 13
C. langsdorffii 4 9 13
P. foliolosa 80 72 46
Legenda: E+I=esterco+insumos (adubação química e calcário); E=esterco; C=controle
Tabela 5: Média de altura por espécie por tratamento entre os anos de 2012 e 2015
ALTURA MÉDIA (cm)
ESPÉCIE 2012 2013 2015*
E+I E C E+I E C E+I E C
S.
terebinthifolius 84,08 58,58 59,00 139,21 103,96 48,19 51,56 35,55 24,55
P. dubium 25,33 20,17 18,42 40,96 51,50 40,62 14,36 12,20 13,71
E.
erythropappus 50,67 40,83 42,75 90,96 109,78 93,85 31,88 34,74 40,59
C. fissilis 21,83 22,67 18,92 50,22 50,00 45,98 28,33 21,88 18,25
C.
pachystachya 56,55 39,83 40,17 78,96 58,85 51,60 52,97 31,59 25,94
I. marginata 26,33 18,50 15,42 66,23 50,00 36,38 36,96 31,15 17,89
H. serratifolius 29,83 28,00 20,00 34,89 33,92 25,73 36,78 29,89 20,17
P.
gonoacantha 25,75 26,75 25,00 81,86 48,88 39,62 72,68 33,67 46,67
C. langsdorffii 15,25 11,25 13,08 26,30 28,21 30,48 11,29 14,15 12,21
P. foliolosa 46,58 43,75 20,42 127,71 99,27 49,04 72,57 61,73 40,61
* Alteração da medição de dez. de 2014 para abril de 2015 em função de incêndio
florestal que atingiu a área do experimento
Legenda: E+I=esterco+insumos (adubação química e calcário); E=esterco; C=controle
Conclusões
A prática das queimadas, largamente usada nas regiões campestres das serras
mineiras, vem provocando, entre outros efeitos, a retração da vegetação florestal que
originalmente ocupava os fundos de vale e encostas mais úmidas, além de acelerar os
processos erosivos do solo. Entre as consequências mais graves das sucessivas
queimadas praticadas nestes ambientes estão a perda da matéria orgânica do solo e sua
exposição à erosão e ao ressecamento. Estes fatores, combinados com a baixa fertilidade
natural dos solos nos ambientes serranos, tornam difícil a tarefa de recuperação da
vegetação natural nas áreas originalmente ocupadas por florestas, que deve passar,
necessariamente, pela recomposição da fertilidade nestes trechos.
O trabalho desenvolvido no Parque Estadual da Serra do Rola Moça mostrou
que a adubação fosfatada adicionada ao uso de matéria orgânica, combinada com a
correção do solo com calcário dolomítico (tratamento E+I), pode contribuir para o
melhor desenvolvimento de algumas espécies florestais, colaborando para a aceleração
do processo de recuperação da vegetação.
Neste contexto, os resultados do plantio experimental indicam que as espécies
mais promissoras, quanto ao desenvolvimento médio das mudas foram S.
terebinthifolius (aroeirinha), E. erythropappus (candeia), P. gonoacantha (jacaré) e P.
foliolosa (vinhático) para os tratamentos E+I, exceto para a espécie E. erythropappus,
que apresentou maior desenvolvimento para o tratamento Controle (C). A taxa de
crescimento por tratamento é variável de acordo com cada espécie. As espécies S.
terebinthifolius (aroeirinha), C. pachystachya (embaúba), I. marginata (ingá), H.
serratifolius (ipê-amarelo) e P. foliolosa (vinhático) tiveram maior altura média
verificada para o tratamento E+I em todos os anos amostrados. Para as demais espécies
houve variação no tratamento em que houve registro de maior altura média durante os
três anos amostrados.
O uso da adubação química e orgânica mostrou ainda ser eficiente na resiliência
das espécies florestais usadas, em relação aos incêndios florestais, fato que pode estar
relacionado ao melhor desenvolvimento do sistema radicular das mudas florestais
plantadas.
As espécies que apresentaram maior resiliência foram H. serratifolius (ipê-
amarelo), I. marginata (ingá) e S. terebinthifolius (aroeirinha) para o tratamento E+I.
Cabe ressaltar que a espécie C. pachystachya (embaúba) apresentou alta resiliência no
tratamento E. A espécie H. serratifolius (ipê-amarelo) apresentou alta resiliência para os
três tratamentos.
Considerando as baixas taxas de crescimento das espécies florestais em áreas de
solos naturalmente de baixa fertilidade e os grandes riscos de incêndios florestais nestas
regiões serranas de Minas (riscos estes agravados pela invasão de espécies de gramíneas
exóticas), o uso combinado de adubação fosfatada/correção do solo/fornecimento de
matéria orgânica pode contribuir para acelerar o processo de recuperação da vegetação,
aumentando a eficiência de esforços neste sentido. Ao acelerar o processo de
desenvolvimento das mudas plantadas, poderá contribuir também para a aceleração do
processo de sombreamento das gramíneas invasoras, reduzindo desta forma, os riscos de
incêndios florestais severos.
Recomenda-se que trabalhos sejam realizados nesta mesma linha de pesquisa,
envolvendo, além de maior duração, análises estatísticas mais aprofundadas.
Referências Bibliográficas
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Elsevier BV. DOI: 10.1016/0341-8162(93)90033-l. In Costa, Yasmmin Tadeu et all.
2015.
Age, G.S¹; Cavalheiro, N.C.L²; Correia, C.C³; Ribeiro, R.P4; Zawadzki, J.M5
1
Bióloga/Coordenadora de Licença de Operação na RUMO Logística. Email:
[email protected]
2
Geóloga/Auditora Ambiental na RUMO Logística. Email:
[email protected]
3
Geógrafa/ Auditora Ambiental na RUMO Logística. Email:
[email protected]
4
Engenheira Cartógrafa e Agrimensora/Auditora Ambiental na RUMO Logística.
Email: [email protected]
5
Engenheiro Ambiental/Auditor Ambiental na RUMO Logística. Email:
[email protected]
RESUMO
RESUMO
Introdução
Com a utilização de áreas de formas errôneas e seus efeitos antrópicos, houve e
há um aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera que contribui
para a elevação da temperatura média global, provocando o derretimento das calotas
polares, aumento do nível médio dos oceanos, propagação de doenças tropicais,
migração e até extinção de espécies, prejudicando a biodiversidade (NISHI et al., 2005).
Percebe-se, portanto, a necessidade de se buscar medidas mitigadoras para a diminuição
das emissões desses gases de efeito estufa, pois a maior preocupação reside na
acumulação progressiva desses gases na atmosfera (YU, 2004).
Em diferentes fóruns mundiais, desde o início das discussões sobre as mudanças
climáticas, devido ao efeito-estufa, as florestas e o uso adequado dos solos foram
considerados mecanismos importantes para mitigar as mudanças climáticas. No entanto,
esse assunto ainda gera muita polêmica quando se refere às emissões de dióxido de
carbono (CO2) decorrentes de desmatamentos em todo o mundo (PAIXÃO et al., 2006).
Com a emergência dos Mecanismos de Desenvolvimento Limpo no âmbito da
Convenção sobre Mudanças Climáticas, o sequestro de carbono por meio de sistemas
agroflorestais biodiversos (SAFs) poderá representar oportunidades reais de
complemento de renda aos agricultores, além de produzirem outros serviços ambientais
(KITAMURA, 2003). O autor salienta que os SAFs, especialmente aqueles que são
concebidos em bases agroecológicas, são substitutos estratégicos para o sistema de
derruba-e-queima, uma vez que imita os sistemas naturais e, portanto, contribuem
diretamente para a conservação da biodiversidade.
O uso de SAFs biodiversos contribui para o sequestro de carbono, pois a adoção
desses sistemas diminui a pressão sobre florestas naturais (NASCIMENTO, 2016), que
são, segundo Montagnini e Nair (2004), os ecossistemas terrestres mais eficientes na
fixação de carbono. Sharma (2013), Moressi (2014) e Nascimento (2016) sustentam que
sistemas agroflorestais bem manejados, podem contribuir, em curto prazo, para o
armazenamento de grandes quantidades de carbono na biomassa dos arbustos e árvores.
May et al. (2005) enfatizam que os SAFs garantem um volume maior de carbono
fixado em determinado período, quando comparados aos arranjos de produção com
cultura anual ou de pastagens, pelo fato de estocarem carbono por prazo superior à
maioria das práticas florestais comerciais conduzidas na forma de monocultivos, que
visam corte após atingir o crescimento máximo de biomassa.
Além disso, há outros valores proporcionados pelos SAFs, destacando serviços
ambientais como o aumento da biodiversidade, manutenção dos ciclos biogeoquímicos,
manutenção do clima e a reciclagem de nutrientes, recuperando funções essenciais para
a sustentabilidade, além de fornecer renda e produção de subsistência aos agricultores
(ARATO; MARTINS; FERRARI, 2003; SHARMA, 2013; MORESSI, 2014;
NASCIMENTO, 2016).
Nesse contexto, desenvolveu-se um estudo com os objetivos quantificar o
estoque de carbono na biomassa vegetal em SAFs biodiversos e na vegetação nativa, e
identificar as espécies arbóreas que sobressaem em estoque de carbono na parte aérea
das plantas.
Materiais e Métodos
Área de estudo
O estudo foi realizado no ano de 2014, no Município de Amambai, Estado de
Mato Grosso do Sul, região fronteiriça com o Paraguai (coordenadas de 23°006' S e
55°014' W, com altitude média de 480 m). Originalmente, na vegetação nativa dessa
microrregião predomina a transição entre Cerrado e Floresta Estacional Semidecidual,
de clima tropical; apresenta inverno seco e estação chuvosa no verão, devido à ação da
massa tropical atlântica, segundo a classificação de koppen (GALVANI, 2008).
A coleta de dados foi realizada em uma propriedade rural denominada “Sítio da
Mata”. Trata-se de uma propriedade agrícola com proposta de ocupação por diferentes
arranjos de sistemas agroflorestais biodiversos, empreendida pela iniciativa privada,
especificamente pelo antropólogo e agricultor experimentador Paulo Pepe, in memorian,
cujo método de implantação e manejo dos SAFs se baseia no processo de sucessão
natural proposto por Götsch (1995).
Dentre os SAFs biodiversos existentes na propriedade, foram identificados
quatro módulos (arranjos), cultivados concomitantemente com espécies vegetais de usos
múltiplos, compostos por exóticas e nativas. Esses SAFs seguem princípios
agroecológicos, e são formados por diferentes desenhos, arranjos e idade de
implantação, os quais foram tratados conforme a predominância da espécie, sendo: SAF
Bananal (B), implantado em 2008; SAF Pomar (P) e SAF Erval (E), implantados em
1996, e SAF Macaubal (M), (implantado em 1997), bem uma testemunha representada
pela vegetação nativa (MT), adjacente aos SAFs.
De maneira geral, os quatro SAFs estudados foram iniciados a partir de cultivos
agrícolas, onde, gradualmente, foram inseridas mudas e sementes de espécies arbóreas e
arbustivas, tentando-se ocupar os diversos extratos oferecidos pelo ambiente. Na
concepção inicial dos sistemas, privilegiou-se a presença de espécies vegetais que
fornecem rapidamente maiores quantidades de biomassa, através de podas para
cobertura do solo. Com o avanço dos SAFs, o manejo consistiu em podas de abertura e
de sincronia para auxiliar a manutenção de determinados consórcios existentes e manter
a produção agrícola.
Métodos de amostragem
A identificação botânica foi realizada através de comparação com o acervo do
herbário DDMS da Universidade Federal da Grande Dourados e com consulta à
literatura especializada e especialistas. As espécies amostradas foram classificadas
conforme Angiosperm Phylogeny Group (APG, 2009) e a atualização taxonômica foi
realizada mediante consulta a banco de dados “Lista de Espécies da Flora do Brasil”
(LEFB, 2012). O levantamento quantificou o número de plantas (indivíduos), famílias e
espécies vegetais existentes nos SAFs e na área de vegetação nativa.
Para estimar o estoque de carbono na biomassa vegetal, utilizou-se delineamento
experimental de blocos ao acaso, com seis parcelas de 10 m x 10 m (100 m²) em cada
sistema (seis repetições): P, M, B, E e na MT. Em cada sistema, foram avaliados as
árvores e arbustos que apresentaram a circunferência igual ou superior a 10 cm à altura
do peito (1,30 m de altura), e estimados a sua altura total (Ht), conforme descrito por
Arévalo, Alegre e Vilcahuaman (2002).
Cálculos para quantificar o estoque de carbono
O cálculo da biomassa foi realizado para cada indivíduo, através da equação de
Brown et al. (1989). Os valores das circunferências obtidas foram transformados em
diâmetro, através da fórmula:
DAP = CAP/π
Onde:
DAP = diâmetro do caule da planta à altura do peito
CAP = circunferência do caule da planta à altura do peito
π - 3,1414
Resultados e discussão
Foram inventariados 1.004 indivíduos pertencentes a 112 espécies em toda a
área de estudo. No SAF Bananal foram encontrados 142 indivíduos pertencentes a 37
espécies, predominando a Musa paradisiaca L. Também foram identificados 277
indivíduos, os quais estão distribuídos em 57 espécies no SAF Erval, e as espécies Ilex
paraguariensis A.St.-Hil., Musa paradisiaca L., Handroanthus chrysotrichus (Mart. ex
DC.) Mattos, Albizia niopoides (Spruce ex Benth.) Burkart e Guarea guidonia (L.)
Sleumer apresentaram os maiores números de indivíduos. No SAF Macaubal, 250
indivíduos foram inventariados e 52 espécies identificadas, sendo que Acrocomia
aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart., Coffea arabica L., Anadenanthera peregrina (L.) Speg.
e Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong. estão presentes com maior frequência.
Já no SAF Pomar, foram identificados 162 indivíduos distribuídos em 34 espécies,
predominando Coffea arabica L., Musa paradisiaca L., Albizia niopoides (Spruce ex
Benth.) Burkart e Mangifera indica L. Na área de vegetação nativa (MT), 162
indivíduos e 34 espécies foram identificados, com predominância de Guarea guidonia
(L.) Sleumer, Trichilia elegans A. Juss. e Anadenanthera peregrina (L.) Speg. A síntese
desses resultados é apresentada na Tabela 1.
De maneira geral, os quatro SAFs estudados foram iniciados a partir de cultivos
agrícolas, onde, gradualmente, foram inseridas mudas e sementes de espécies arbóreas e
arbustivas, com manejo inicial das espécies que fornecem maiores quantidades de
biomassa rapidamente.
MATA 74,7
0 20 40 60 80 100
tC ha-1
Sabe-se que florestas plantadas, sejam com espécies nativas e/ou exóticas,
apresentam taxas de crescimento mais aceleradas em relação às florestas naturais e,
consequentemente, maiores incrementos de biomassa e carbono, segundo Brianézi
(2012). Esse conhecimento facilita a compreensão de que alguns SAFs se destacam em
relação a áreas de vegetação nativa concernente ao acúmulo de carbono na biomassa das
plantas, pois são manejados por meio de podas e até com desbaste de árvores que se
encontram em densidade excessiva. Assim, favorecem-se processos sucessionais, com o
surgimento de novas espécies nos sistemas. Arbustos e árvores já estabelecidas se
encontram em pleno desenvolvimento vegetativo e, consequentemente, acumulando
boas quantidades de carbono.
No SAF Bananal, foi estimado acúmulo de 81,2 t C ha-1 na biomassa dos
arbustos e árvores, destacando-se em relação à área de vegetação nativa. Já no SAF
Erval, estimou-se o estoque de carbono em 75,5 t C ha-1, semelhante ao SAF Macaúba
(66,8 t C ha-1), os quais não diferiram da área com vegetação nativa, que acumulou 74,7
t C ha-1 (Figura 1).
O carbono estocado na biomassa da parte aérea das plantas constatado neste
estudo (Figura 1) foi muito superior às quantidades estimadas por Nascimento (2016),
utilizando a mesma equação alométrica, em cinco SAFs biodiversos na região Sudoeste
de Mato Grosso do Sul, ou seja, de 4,1 a 28,01 t C ha-1. Entretanto, a autora também
observou significativa diferença de acúmulo de carbono entre os SAFs
Ribeiro et al. (2009) encontraram valor médio de 84 t C ha-1 estocado em um
Floresta Madura da Mata Atlântica, no município de Viçosa-MG. Porém, deve-se
ressaltar a diferença de vegetação em relação às áreas utilizadas nesse estudo.
Entretanto, os resultados obtidos (Tabela 2) indicam a eficiência de SAFs biodiversos
como importantes prestadores desse serviço ambiental, como sistemas com bom
potencial de estocagem de carbono na biomassa vegetal.
Essas diferenças de acúmulo de carbono na parte aérea de arbustos e árvores nos
SAFs (Figura 1) se devem às suas composições florísticas; o número de indivíduos de
cada espécie vegetal, a densidade em que as espécies estão presentes (Tabela 1), bem
como a idade de cada sistema, conforme enfatizam Delitti, Megura e Pausas (2006) e
Carvalho et al. (2014). Outro aspecto que pode ter influenciado nesse resultado é a
forma de ocupação e manejo de cada área antes da implantação dos SAFs. Delitti,
Megura e Pausas (2006) salientam que os diferentes valores de biomassa entre
ecossistemas distintos são atribuídos à variação da própria estrutura, pois são
fisionomias distintas com porte e densidade de árvores diferentes. Quanto às diferenças
de biomassa e estoque de carbono dentro de uma mesma fisionomia, deve-se às
variações edafoclimáticas e às características inerentes à flora local e aos arranjos de
plantas estabelecidos.
Em um estudo realizado no Cerrado, no município de Grão Mogol, em Minas
Gerais, por Rocha et al. (2014), também foram constatados diferentes acúmulos de
carbono em SAFs. No estudo foram envolvidos três SAFs implantados em 2003, e duas
áreas com vegetação nativa. Constatou-se os seguintes acúmulos de carbono pelas
espécies arbustivas e arbóreas: SAF1 (9,98 t C ha-1), SAF 2 (7,87 t C ha-1), SAF 3 (1,67
t C ha-1) e na vegetação nativa 1 (1,94 t C ha-1) e na vegetação nativa 2 (10,54 t C ha-1).
Os estoques de carbono verificados pelos autores, foram muito inferiores aos
constatados neste estudo (Figura 1).
Ao comparar o sequestro de carbono em quatro SAFs em Pium, TO,
Kurzatkowski (2007) estimou valores entre 9,66 e 3,18 t C ha-1, com espécies de grande
porte, como: Cedrela fissilis Vell. (cedro-rosa), Diptery xalata (baru), Syzygium sp.
(jambo) e Tamarindus indica (tamarindo), valores muito inferiores aos constatados
neste estudo, os quais variaram de 92,3 a 66,8 t C ha-1 (Figura 1).
Nair, Kumar e Nair (2004 e 2009) ressaltam que o potencial de estoque de
carbono em sistemas agroflorestais advém da combinação de informações sobre o
carbono da parte aérea e do solo. O autor chama a atenção sobre as dificuldades
metodológicas para estimar a biomassa e o carbono e que, sob condições variáveis,
essas dificuldades se agravam pela ausência de estimativas confiáveis obtidas em áreas
de sistemas agroflorestais, nos impulsionando para novos estudos.
Conclusões
As espécies com maior potencial para sequestrar e estocar carbono na biomassa aérea
no estudo realizado na região fronteiriça do Brasil com o Paraguai foram: Enterolobium
contortisiliquum (Vell.) Morong (tamboril), Ceiba speciosa (A.St.-Hil.) Ravenna
(paineira), Cecropia pachystachya Trécul (embaúba), Peltophorum dubium (Spreng.)
Taub (canafístula) e a Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart (macaúba), podendo
ser recomendadas para a composição de SAFs biodiversos visando a redução de
emissão de CO2 para a atmosfera.
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Desenvolvimento) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR.
RESUMO
Os aterros sanitários são o principal destino dos resíduos sólidos domiciliares coletados
no Brasil. A sua ampla utilização é devida a fatores como: tecnologia relativamente
simples e conhecida; fácil operação; eficiência em termos de disposição; e, quando
construído seguindo parâmetros técnicos, é uma alternativa ambientalmente adequada.
Dentre os parâmetros técnicos, a impermeabilização da base do aterro com
geomembrana é uma das mais importantes, pois essa se comporta como uma barreira
entre o chorume gerado pelos resíduos e o solo/aquífero. Quando o chorume atinge a
água subterrânea este a torna imprópria para diversos usos, como o abastecimento
humano e irrigação. O diagnóstico desse tipo de contaminação pode ser realizado por
meio de métodos geofísicos elétricos como o da eletrorresistividade, que permite
identificar o contaminante nas células de disposição de resíduos, no solo e nas águas
subterrâneas. Esse método foi aplicado no aterro sanitário de Vila Nova do Sul (RS)
com o objetivo de verificar a contaminação do aquífero local pelo chorume. Os
resultados em termos de resistividade elétrica permitiram identificar a resistividade
mínima natural para a área e compará-la com as demais linhas, que apresentaram
valores abaixo do mínimo natural em decorrência da presença de chorume, que
caracteristicamente apresenta baixos valores de resistividade devido a presença de sais
orgânicos dissolvidos. Os dados processados pela interpolação das seções 2D em
modelos de visualização 3D e a apresentação dos dados em camadas de acordo com a
profundidade demonstraram que o chorume está concentrado em profundidade de até 4
metros, coincidente com a profundidade da geomembrana instalada no aterro.
Entretanto, a presença de chorume é também encontrada em alguns pontos específicos
em profundidade de 10 metros, onde se inicia o aquífero local. Dessa forma, os
resultados apontam para a contaminação do aquífero pelo chorume e de zonas
específicas onde ocorre um furo na geomembrana.
INTRODUÇÃO
MATERIAIS E MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
inferiores ao natural para a área. A seção 11, na lateral externa sudeste a jusante da
célula de resíduos também apresenta valores inferiores aos naturais nas posições 40 e 60
metros.
A partir da interpolação das seções 2D, foram gerados modelos de visualização
3D sobre o qual foram posicionadas as linhas de aquisição de dados. Os modelos
permitem definir a abrangência espacial do chorume dentro da célula de resíduos
seguindo o fluxo potenciométrico da área assim como a extrapolação do chorume para
além dos limites da célula (Figura 2).
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
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SELEÇÃO DE PLANTAS PARA OBRAS DE ENGENHARIA NATURAL NO
PARQUE SÃO LOURENÇO EM CURITIBA – PR
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
2 ENGENHARIA NATURAL
Concebido para ser uma importante instalação sanitária da capital paranaense, o lago do
Parque São Lourenço tem como principal função a contenção das cheias na região à
jusante: o centro da cidade. Destaca-se, também, sua importância social em atividades
de lazer e arborização em um grande centro urbano densamente urbanizados. O Parque
São Lourenço encontra-se inserido na bacia hidrográfica do Rio Belém, cuja área de
drenagem à montante do Parque é de 4,61 km². O rio principal encontra-se quase
completamente canalizado em concreto, mas devido à pequena inclinação de seu leito,
as velocidades de fluxo são baixas na região estudada.
Conforme exposto por Castelani et al (2016), são três as principais causas observadas
para a perda de instabilidade das margens: a composição dos solos, os problemas de
drenagem e a presença de lentes de material granular. Há evidências de processos de
movimentação de massa e erosão constante nas margens. As cicatrizes deixadas pelas
movimentações, além dos problemas de acúmulo excessivo de água, diminuem o espaço
destinado ao lazer. A deposição do solo erodido, por sua vez, diminui o volume de
contenção de cheias do lago.
4
1
Figura 50 - Soluções elencadas para os problemas detectados. 1 – trança viva; 2 – plantio em banquetas; 3
– parede Krainer; 4 - enroncamento vegetado; 5 – trincheira drenante viva.
As tranças vivas são constituídas de plantas cujos galhos ou feixes são vergados
com facilidade (DURLO; SUTILI, 2005). Esses ramos vivos são fixados por estacas
vegetativas longitudinalmente a margem. Dentre as técnicas de remodelagem de talude,
no plantio em banquetas é necessário utilizar estacas com capacidade de enraizamento e
brotação. Mudas de crescimento rápido também são indicadas para a proteção
superficial. A parede Krainer é uma estrutura de contenção formada por gavetas nas
quais podem ser locadas estacas, mudas e sementes, as quais estarão protegidas até o
estabelecimento da vegetação. O complemento com feixes vivos deve ser executado
para proteção física. Para o uso do enroncamento vegetado, recomenda-se o plantio de
estacas ou o uso de feixes vivos (DURLO; SUTILI, 2005) pois são necessárias plantas
mais rústicas para crescimento dentre as rochas inertes. As trincheiras com feixes vivos
são confeccionadas com galhos, ramos ou feixes de material com potencial vegetativo e
é necessária a proteção superficial imediata para garantir o crescimento da planta. São
necessárias grandes quantidades de material vegetal, especialmente em forma de feixes
e sementes.
O passo mais essencial para o sucesso do projeto para o Parque São Lourenço é
o levantamento das espécies mais adequadas para os problemas identificados. Essa
escolha leva em conta um criterioso processo de levantamento de informações. Segundo
a metodologia proposta por Sousa (2015), requisitos determinados pelas formas de uso,
pelas exigências técnicas e pelas especificidades do local de implantação resultam no
sucesso da vegetação e, por consequência, da obra como um todo. É possível, nesse
sentido, levantar características que são essenciais às plantas e que dependem do tipo de
aplicação das técnicas de Engenharia Natural. A Tabela 37 apresenta os três principais
problemas que podem ser corrigidos por obras de Engenharia Natural e as
características específicas das plantas para estas soluções (SOUSA, 2015).
Tabela 37 - Propriedades das plantas relacionados aos três principais tipos de obras de Bioengenharia
Problema a
Objetivo Parte aérea Parte subterrânea
solucionar
Prevenir a perda da Copas ramificadas e
Sistemas radiculares
Erosão superficial camada superficial densas; aumento da
laterais
do solo rugosidade
Sistemas radiculares
Correção de
densos e profundos;
Instabilidade problemas de perda Copas densas,
raízes pivotantes
geotécnica de capacidade de ramificadas e baixas
mais longas e
suporte do solo
resistentes
Plantas flexíveis; não Sistemas radiculares
Corrigir problemas
Instabilidade obstrução da seção; densos e laterais;
relacionados com
hidráulica copas ramificadas e alta resistência à
corpos de água
densas; tração
Tabela 38 - Lista de espécies identificadas com ocorrência nas proximidades do Parque São Lourenço
Avaliação
Família Nome científico
preliminar
Asteraceae Conyza canadensis Possível
Fabaceae Bauhinia tomentosa Inapta
Bignoniceae Campsis grandiflora Possível
Asteraceae Bidens rubifolia Possível
Myrtaceae Psidium cattleianum Inapta
Myrtaceae Campomanesia xanthocarpa Possível
Lamiaceae Vitex megapotamica Possível
Lamiaceae Hyptis pectinata Inapta
Polygonaceae Rumex obtusifolius Possível
Lamiaceae Rhaphiodon echinus Possível
Amaranthaceae Alternanthera philoxeroides Inapta
Cyperaceae Cyperus odoratus Inapta
Sapindacea Cupania vernalis Inapta
Buxacea Buxus sempervirens Inapta
Fabaceae Calliandra brevipes Possível
Fabaceae Calliandra tweediei Possível
Liliacea Torenia fournieri Inapta
Amaryllidacea Crinum x powellii Inapta
Balsaminaceae Impatiens walleriana Inapta
Araceae Philodendron bipinnatifidum Inapta
Zingiberaceae Hedychium coronarium Inapta
Oxalidaceae Oxalis corymbosa Inapta
Sapindaceae Koelreuteria paniculata Inapta
Asteraceae Synedrella nodiflora Possível
Solanaceae Brugmansia suaveolon Inapta
Ericaceae Rhododendron thomsonii Inapta
Asteraceae Conyza canadensis Inapta
Onagraceae Ludwigia leptocarpa Possível
Tiphaceae Typha domingensis Inapta
5 RESULTADOS
Tabela 39 - Lista de espécies indicadas para uso na recuperação das margens do lago do Parque São Lourenço
Nome
Nome científico Hábito Propriedades Solução
popular
Raízes radiculares laterais
Calliandra densas, copas densas, Parede Krainer e
Anjiquinho Arbusto
brevipes espécie heliófila, plantio em banquetas
multiplicação por estacas
Raízes radiculares laterais
Calliandra Quebra- densas, copas densas, Parede Krainer e
Arbusto
tweediei foice espécie heliófila, plantio em banquetas
multiplicação por estacas
Raízes profundas, copa Trança viva, plantio
Salix
Salgueiro Árvore densa e ramificada, em banquetas,
humboldtiana
necessidade de poda enroncamento vivo,
parede Krainer,
trincheiras drenantes
Trança viva, plantio
Raízes radiculares laterais,
em banquetas,
Sebastiania copa flexível, adaptável a
Sarandi Arbusto enroncamento vivo,
schottiana variações de umidade,
parede Krainer,
produz feixes
trincheiras drenantes
Trança viva, plantio
Raízes profundas, árvore em banquetas,
Schinus
Aroeira Árvore pioneira e rústica, enroncamento vivo,
terebinthifolius
facilidade de reprodução parede Krainer,
trincheiras drenantes
Raízes profundas, rústica e
Enroncamento vivo,
Sebastiania de margem de rios,
Branquilho Árvore trincheiras drenantes,
commersoniana secundária, heliófita,
planta auxiliar
demanda poda
Enroncamento vivo,
Raízes profundas, assume
trincheiras drenantes,
Tibouchina porte arbustivo e denso,
Quaresmeira Árvore plantio em
granulosa ramos fracos, pioneira e
banquetas, parede
rústica
Krainer
Raízes radiculares, Plantio em
Abutilon Lanterninha reprodução por estaquia, banquetas, parede
Arbusto
megapotamicum chinesa pode ser trepadeira, Krainer, trincheiras
rústica drenantes
Trança viva, plantio
Raízes radiculares, climas
Brinco de em banquetas,
Fuchsia regia Arbusto frios, arbusto ramificado,
princesa parede Krainer,
produz estacas
trincheiras drenantes
6 CONCLUSÃO
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
O município de Breves é um dos mais populosos de Belém-Pará, sendo fundado
em uma região de várzea às margens do Rio Parauaú. A maioria da população de Breves
reside na área urbana (IGBE, 2013). O ambiente urbano é naturalmente recortado por
igarapés e áreas lamosas e ilhas de terra firme formando um ambiente urbano bastante
diversificado.
O município vem vivenciando um acelerado e desordenado crescimento
populacional, principalmente pela grande oferta de emprego na indústria madeireira, tal
aspecto traz consequências drásticas para a saúde coletiva e o planejamento urbano.
A urbanização e desenvolvimento das cidades elevaram a qualidade de vida da
sociedade em muitos aspectos, porém trouxe também alguns problemas, principalmente
em relação ao meio ambiente, mais especificamente, interferências no Sistema de
Recursos hídricos. Com o aumento das áreas urbanizadas, o que acarreta grande
elevação no índice de impermeabilização do solo; a ausência ou ineficiência das
tubulações implantadas; a desordenada ocupação de áreas sujeitas à inundação e de
fundos de vale, onde em muitos casos os cursos d’água foram desconsiderados, existem
vários problemas de drenagem.
A principal função do sistema de Microdrenagem é coletar e conduzir a água
pluvial até o sistema de macrodrenagem, além de retirar a água pluvial dos pavimentos
das vias públicas, evitarem alagamentos, oferecerem segurança aos pedestres e
motoristas e evitar ou reduzir danos.
O saneamento básico é fator necessário para se promover a saúde seja esta
ambiental ou humana. Haja vista, que é algo fundamental, pois todo cidadão deve ter
acesso ao tratamento de água, canalização e tratamento de esgotos, limpeza pública de
ruas e avenidas, coleta e tratamento de resíduos orgânicos em aterros sanitários
regularizados e a reciclagem de materiais. Em Breves há predominância de casas de
madeira suspensas sobre terrenos alagados (palafitas) em que os dejetos domiciliares
(cozinha e banheiro) produzidos nestas moradias são liberados diretamente no meio
ambiente, a maioria embaixo da própria residência. O descaso da população em geral, e
a ocupação desordenada do município compromete os fatores ambientais, que
consequentemente causam transtornos urbanos. É comum o lançamento de resíduos
industriais, esgotos sanitários, e lixos em geral, nos canais que cortam a área.
MATERIAIS E MÉTODOS
ÁREA DE ESTUDO
Município de Breves, no arquipélago do Marajó, localizado no estado do Pará.
Localiza-se ao sudoeste da Ilha de Marajó no estado, a latitude 01° 40' 56" sul e a uma
longitude 50º28'49" oeste, estando a uma altitude de 40 metros sua área de unidade
territorial é 9.562,240 Km2. Sua população em 2015 era de 98.231 habitantes, sendo,
portanto a maior e principal cidade da Ilha de Marajó.
RESULTADOS
De acordo com a pesquisa de campo efetuada, e os dados obtidos, foi possível
constatar a ausência de microdrenagem no bairro Cidade Nova, em Breves, estado do Pará.
Para elucidar essa afirmação, foi efetuado o levantamento fotográfico de três áreas
pertencentes ao bairro Cidade Nova, imagens abaixo, para caracterizar a precariedade do
saneamento básico local.
Figura 2: área alagada e casas de palafita, localizada na rua Portel.
Fonte: Autores, 2016.
O estimador de densidade de Kernel, foi utilizado para obter o mapa das áreas de
risco de contaminação de doenças de veiculação hídrica, de acordo com os pontos de
alagamento georreferenciados, no bairro Cidade Nova de Breves, optou-se pelo
estimador de intensidade Kernel (figura 4), por este ser um método muito útil, de fácil
uso e interpretação para o conhecimento da distribuição de eventos de primeira ordem.
Esse estimador realiza uma contagem de todos os pontos dentro de uma região de
influência, ponderando-os pela distância de cada um á localização de interesse.
GRÁFICOS
Os gráficos abaixo foram efetuados com base nos dados obtidos por meio do
relatório solicitado ao hospital municipal Maria Santana Rocha Franco. Enviado pela
coordenadora Claudia Suely Santos. Os dados abaixo possuem informações sobre o numero
de casos de ocorrências de doenças como a hepatite e diarreia, no hospital da área de
estudo. Essas doenças são caracterizadas pelo contato direto com água contaminada, seja
por ingestão ou contato. Os dados obtidos são referentes ao primeiro semestre do ano de
2015 (gráfico 1) e primeiro semestre do ano de 2016 (gráfico 2).
Figura 8: Gráfico de ocorrência nos casos de diarreia e hepatite doenças, no ano de 2015.
Fonte: Autores, 2016.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Saúde e Sociedade, v.8, n. 1, p.49-61, São Paulo, 1999.
IBGE. Estatística, Instituto Brasileiro Geografia. Disponível em:
cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=150180&search=para|breves.
MANTELLI, L. R. Analise do modelo de elevação do terreno com base em dados SRTM na
região de Breves, sudeste da ilha do Marajó. 2008. 141 p. Dissertação ( mestrado em
sensoriamento remoto) – instituto nacional de pesquisa espaciais, São Jose dos Campos, 2008.
MANTELLI, L. R. Analise do modelo de elevação do terreno com base em dados SRTM na
região de Breves, sudeste da ilha do Marajó. 2008. 141 p. Dissertação ( mestrado em
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SIOLI, H. Amazonia – fundamentos de ecologia da maior região de florestas tropicais
Petrópolis: vozes, 1985.
SILVA, J. N. Urbanização e Saúde em Maceió, AL: o caso dos bairros Vergel do Lago, Jacintinho
e Benedito Bentes. Maceió, AL, 2011. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de
Alagoas, 2011.
As ações de recuperação florestal no Estado de São Paulo são orientadas por diversas
políticas específicas e que quase sempre definem áreas prioritárias para a recuperação
de vegetação nativa. Neste estudo foi realizada uma verificação entre diferentes
diretrizes de âmbito estadual, regional e local, a partir da Resolução SMA 7/2017, dos
Planos de Bacias e Planos Diretores e do Plano Municipal da Mata Atlântica, buscando
entender possíveis limitações das classificações de áreas prioritárias para a recuperação
florestal. Verificou-se que as diversas políticas classificam de formas diferentes um
mesmo território e incentivam que o direcionamento de ações e investimentos sigam
suas respectivas classificações. Conclui-se que, para se alcançar os objetivos da
recuperação florestal é fundamental considerar diversos fatores, para além dos
relacionados aos meio físico e biótico, e integrar as políticas existentes e observar a
motivação do envolvidos.
Introdução
O Brasil tem cerca de 21 milhões de hectares de déficit de vegetação nativa em Áreas de
Preservação Permanente e Reserva Legal, esta é uma estimativa recente apresentada na versão
preliminar do Plano Nacional de Recuperação de Vegetação Nativa, publicado em 2014 pelo
Ministério do Meio Ambiente. Estas áreas representam uma parcela importante das áreas
degradadas dos ecossistemas brasileiro. O país passou por um processo de ocupação de seu
território que desencadeou uma série de degradação aos seus recursos naturais. As florestas, ou
a falta delas, é um forte exemplo desse processo de degradação. Todos os biomas brasileiros
possuem histórico de pressão no uso de seus recursos, o que ao longo dos anos colocou ao
Brasil o desafio da recuperação de áreas degradadas.
De acordo com a definição do Ministério do Meio Ambiente, Recuperação de Área Degradada
está ligada à ciência da restauração ecológica, que consiste no processo de auxílio ao
restabelecimento de um ecossistema que foi degradado, danificado ou destruído. A Amazônia, o
Cerrado e a Mata Atlântica estão entre os biomas que historicamente vivem com a realidade da
perda de vegetação nativa, dando lugar, sobretudo, às atividades agropecuárias que ocupam
cerca de 300 milhões de ha, sendo que 232 milhões de ha correspondem a pasto (MMA, 2014).
No contexto brasileiro, o desmatamento não ficou restrito ao início do processo de ocupação do
território, atualmente é o principal responsável pela contribuição de acréscimo de Gases do
Efeito Estufa na atmosfera, sendo um importante contribuidor para a intensificação do
aquecimento global. A recuperação de áreas degradadas aparece como um dos compromissos
assumidos no Acordo de Paris em 2016.
No estado de São Paulo o padrão de ocupação intensiva do território não foi diferente em
relação ao conjunto do país, ainda que com suas especificidades em relação a algumas
atividades que tomaram o espaço da vegetação. Estima-se que o estado possui um déficit de
vegetação de 600 mil hectares (BARBOSA in MELO, 2005). Conforme Boletim Informativo de
dois anos do CAR, quando o estado estava com 89% de imóveis cadastrados registrava-se um
déficit de vegetação nativa de ao menos 580.765 ha só em Área de Preservação Permanente
(SFB, 2016). Composto por Cerrado e Mata Atlântica, o estado vive a realidade de dois biomas
com características particulares de biodiversidade e com pressão intensa da agropecuária. Assim
foram desenvolvidas ações específicas ao estado de São Paulo, sobre conservação e recuperação
florestal, além das de alcance nacional.
Em 2006, a Lei 11.428, conhecida como Lei da Mata Atlântica que regulamentou o uso e a
exploração de seus remanescentes e recursos naturais, criou o Plano Municipal de Conservação
e Recuperação da Mata Atlântica, com o objetivo de incentivar os munícipios a definirem metas
e estratégias para conservação e recuperação do bioma. No estado de São Paulo sabe-se que
quatro municípios o elaboraram, definindo áreas prioritárias para as ações.
Em maio de 2012 foi assinada a Lei nº 12.651, definindo o Novo Código Florestal. Nela estão
previstas regras para conservação e recuperação das florestas brasileiras. Para além das
mudanças relacionadas às áreas protegidas, definiu uma série de instrumentos visam a
adequação ambiental de imóveis rurais à legislação, com destaque para o Cadastro Ambiental
Rural e o Programa de Regularização Ambiental.
Em 2014, o Ministério do Meio Ambiente divulgou a versão preliminar do Plano Nacional de
Recuperação da Vegetação Nativa – PLANAVEG, no qual define a meta de recuperar 12,5
milhões de hectares nos próximos 20 anos. Em janeiro de 2017 instituiu a Política Nacional de
Vegetação Nativa.
Também com o intuito de recuperação da vegetação nativa, sobretudo nas áreas ciliares, alguns
Comitês das Bacias Hidrográficas do estado apontam em seus planos de bacia esta ação como
uma necessidade para a manutenção da qualidade dos recursos hídricos e disponibilidade para
abastecimento. Alguns Comitês foram mais longe e desenvolveram planos específicos para e
recuperação florestal, indicando áreas prioritárias.
O Estado de São Paulo é reconhecido por seu pioneirismo quando o assunto é a elaboração de
políticas para a recuperação florestal. Especificamente quanto às normas que tratam das
orientações técnicas tem-se uma sequência, iniciada de forma pioneira com a Resolução SMA
21, de 21/11/2001), substituída depois, em um processo de aprimoramento, pelas Resoluções
SMA 47, de 27/11 de 2003, SMA 08, de 07/03/2007 e atualmente pela SMA 32, de 03/04/2014,
que estabelece as orientações, diretrizes e critérios sobre restauração ecológica no Estado. O
debate sobre o efeito destas normas nos processos de restauração é bem exemplificado por
exemplo nos trabalhos de Aronson (2010), Brancalion et ali (2010) e Durigan et ali (2010). O
presente trabalho não busca tratar dos aspectos técnicos das normas, mas dos efeitos destas na
indução ao financiamento e execução de projetos.
Dentre estas destacam-se duas mais recentes: o Programa Nascentes e a Resolução 7/2017. Em
2015 foi lançado o Programa Nascentes, uma ação do Governo do Estado de São Paulo com o
objetivo de ampliar a proteção e conservação dos recursos hídricos e da biodiversidade por meio
de diversas ações, inclusive a conversão de obrigações de compensação florestal no
financiamento de projetos recuperação florestal em áreas prioritárias.
Mais recentemente, em janeiro de 2017, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SMA)
publicou a Resolução 7, definindo “critérios e parâmetros para compensação ambiental de
áreas objeto de pedido de autorização para supressão de vegetação nativa, corte de árvores
isoladas e intervenções em Área de Preservação Permanente no Estado de São Paulo”. A
Resolução definiu classes de prioridade para a realização das compensações.
É comum observa-se questionamentos sobre até que ponto as políticas de restauração
incentivam e implicam em efetivo aumento da vegetação nativa no país (DURIGAN, 2010).
Independentemente da resposta, é dado que elas estão em vigor com objetivos definidos e o que
o que se propõe neste artigo é verificar quais as possíveis limitações das classificações de áreas
prioritárias que estas políticas trazem para a recuperação florestal no estado.
Materiais e Métodos
O estado de São Paulo foi considerado como área de abrangência para este estudo, a partir de
uma escala estadual, regional (Bacias Hidrográficas) e local (municípios).
A Resolução 7 da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, publicada em janeiro de 2017, foi
escolhida como a principal base de dados para a verificação. A escolha se deu devido a
abrangência estadual e por ser uma política recente que definiu classificações com graus de
prioridade, o que direcionará a recuperação florestal por meio de compensações ambientais no
estado de São Paulo.
A partir de pesquisas bibliográficas e em sites, foram levantadas algumas políticas específicas
que definem prioridades para a recuperação florestal, sendo elas:
Planos de Bacia Hidrográfica
Planos de Restauração ou Recomposição Florestal definidos pelos Comitês de Bacias;
Plano Municipal da Mata Atlântica
Após uma avaliação dos resultados obtidos, considerando uma comparação simples, a discussão
procurou abordar as diferentes interferências no processo de recuperação florestal e o papel das
políticas específicas.
Resultados e Discussão
A Resolução 7/2017, definiu áreas prioritárias para a restauração da vegetação nativa no estado
de São Paulo. Seguiu a classificação de Baixa, Média, Alta e Muito Alta. A definição levou em
conta a importância da vegetação nativa para a conservação dos recursos hídricos, para a
conectividade entre fragmentos visando à conservação da biodiversidade, considerou os
mananciais prioritários para abastecimento público e as áreas de vulnerabilidade do aquífero. Os
resultados do Projeto Biota – FAPESP foram base para o mapa.
A aplicação da Resolução direcionará as compensações respeitando determinados critérios de
estágios de regeneração da vegetação e tipo de Bioma. A diretriz destaca as Bacias
Piracicaba/Capivari/Jundiaí (PCJ) e Alto Tietê (AT) como exclusivas para recebimento de
compensações quando a supressão ocorrer em território de uma delas. A grande maioria dos
municípios inseridos nestas bacias foi classificada como “Muito Alta” prioridade. Outra regra
importante da Resolução é a definição de que as Unidades de Conservação de Proteção Integral
correspondem a “Muito Alta” prioridade, deixando as Unidades de Conservação de Uso
Sustentável com prioridades respectivas às atribuídas para seu município.
Para todas as situações foi determinado que a compensação deverá ser realizada em classe de
igual ou maior prioridade para a conservação e restauração de vegetação nativa. Quando ocorrer
a compensação em área de maior prioridade, em relação à área originalmente suprimida, haverá
redução em 20%, 30% ou 50% da área de obrigatoriedade para recuperação. Este “desconto”
visa incentivar que as ações de restauração sejam feitas nas regiões priorizadas.
Ao todo, 138 municípios foram classificados como “Muito Alta”, 98 como “Alta”, 259 como
“Média” e 150 como “Baixa”. Observando o mapa, pode-se notar que a maior parte dos
municípios classificados com “Baixa” e “Média” prioridade estão localizados no Oeste Paulista,
região com histórico de intensa pressão à vegetação nativa ainda existente e substituição das
florestas para culturas agropecuárias ao longo das décadas.
Figura 52 – Áreas prioritárias para restauração da vegetação nativa, Resolução SMA
7/2017
A figura a seguir mostra a cobertura de vegetação para cada estado brasileiro, indicando ativos e
passivos ambientais. Observa-se que o estado de São Paulo apresenta um elevado passivo
ambiental em praticamente todo seu território, e que há uma concentração ainda maior desse
passivo no Oeste Paulista.
Apesar de coincidir com a Região Metropolitana de São Paulo, com as evidentes implicações da
relação agua e floresta, chama a atenção o fato do Plano de Bacia não traçar diretrizes para
recuperação florestal, ressaltando-se que esta Bacia ser uma das duas priorizadas na Resolução
estadual. O documento trouxe a lista de empreendimentos indicados pelo Comitê para
financiamento com recursos FEHIDRO no período de 2010 a 2015 e indicou a ordem de
prioridade das atividades. Para a ação de Recuperação de Áreas Degradadas e Recomposição da
Vegetação foi instituída “Média” prioridade. Neste período não existiu nenhum financiamento
relacionado a recomposição vegetal por parte do Comitê.
Visto que esta é uma região com grande cobertura florestal em seu território, boa parte foi
classificada como média e baixa prioridade, no entanto há áreas de preservação permanente com
ocupações com diferentes usos, gerando prejuízos econômicos e ambientais. (INSTITUTO
SOCIOAMBIENTAL, 2014).
Provavelmente esta condição de alta cobertura vegetal existente induziu que os municípios desta
bacia fossem classificados pela Resolução 7, em sua maioria, como baixa prioridade. Pode-se
identificar certa convergência entre a classificação de prioridade do Plano e da Resolução
estadual, mas pelo fato desta úmtima considerar os municípios como undiade de análise não são
cosideradas situações particulares apontadas noestudo do Comitê.
Figura 58 - Áreas prioritárias para recuperação florestal definidas na Resolução SMA
7/2017
Tietê Jacaré
A UGRHI 13, Tietê/Jacaré classificou suas microbacias quanto ao grau de prioridade
para Restauração Florestal, com o objetivo de conservação e proteção de nascentes e
cursos d’água, assim como de proteção e preservação da biodiversidade (INSTITUTO
PRÓ-TERRA, 2013). A partir desta classificação o Comitê direciona ações estratégicas
para cumprir as metas do plano até 2025. A figura abaixo traz a classificação feita pelo
Plano Diretor de Restauração Florestal.
Figura 59 - Áreas prioritárias para recuperação florestal definidas no Plano Diretor de Recuperação
Florestal do Tietê-Jacaré
Para a mesma UGRHI temos uma classificação de prioridade na Resolução 7 em que a
maioria dos munícipios da bacia são indicados como de “Baixa” e “Média” prioridade.
Figura 60 - Áreas prioritárias para recuperação florestal definidas na Resolução SMA 7/2017
Conclusões
A definição de graus diferentes de prioridade para um mesmo território, a partir de
diferentes políticas, não significa que a busca por priorização de áreas para a
recuperação da vegetação nativa represente um erro, mas coloca a necessidade de
reconhecer as limitações destas definições.
É necessário observar os riscos da exclusão de determinadas áreas, de programas de
recuperação florestal. Observa-se que mesmo com uma classificação de prioridade
baixa, todos os territórios, quando trabalhados em escala local, apresentam áreas
degradadas que merecem atenção. Os critérios de priorização devem apontar mais para
a indução do que a exclusão.
Deve-se reconhecer a contribuição da definição de diretrizes para as ações de
recuperação de áreas degradadas, contudo fica evidente a importância da integração
entre as políticas existentes. Caso continuem caminhando isoladamente, a possibilidade
de que uma prejudique a outra ficará cada vez mais forte, resultando em um desperdício
de esforços e investimentos ao longo das últimas décadas.
Pensar em restauração ecológica, particularmente em recuperação florestal, deve ser
acompanhado de questionamentos em relação à outros critérios para além dos
relacionados aos meio físico e biótico, incluindo os aspectos econômicos, sociais e
institucionais, e de não menor importância, a motivação e interesse do proprietário ou
possuidor de cada área em restaurar. Assim é importante que as políticas públicas não
representem uma barreira para o próprio objetivo definido.
Referências Bibliográficas
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Árvore, v. 34, n.3, p. 451-454, 2010.
BRANCALION, P.H.S et al. Instrumentos legais podem contribuir para a restauração
de florestas tropicais biodiversas. Revista Árvore, v. 34, n.3, p. 455-470, 2010.
BRASIL. Lei nº 11.428, de 22 dezembro de 2006. Dispõe sobre a utilização da
vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, e dá outras providências. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 26 dez. 2006. P. 1.
BRASIL. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação
nativa; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 28 mai. 2012.
P. 1.
COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MOGI GUAÇU. Plano da Bacia
Hidrográfica do Rio Mogi Gaçu 2016-2019. 2015.
COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO TIETÊ BATALHA. Plano Diretor de
Recomposição Florestal visando à conservação dos Recursos Hídricos - Bacia
Hidrográfica do Tietê-Batalha. 2012.
COMITÊ DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DOS RIOS PIRACICABA, CAPIVARI
E JUNDIAÍ. Plano Diretor para Recomposição Florestal visando a produção de
água nas bacias hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. 2005.
DURIGAN, G. et al. Normas jurídicas para a restauração ecológica: uma barreira a mais
a dificultar o êxito das iniciativas? Revista Árvore, v.34, p. 471-485, 2010.
FUNDAÇÃO AGÊNCIA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO ALTO TIETÊ. Plano de
Bacia Hidrográfica do Alto Tietê - UGRHI 06 - Ano base 2016/2035.São
Paulo.2016.
INSTITUTO PRÓ-TERRA. Plano Diretor de Restauração Florestal visando a
produção de água e a preservação da biodiversidade da UGRHI - Tietê-Jacaré.
2010.
INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. Plano Diretor para recomposição florestal
visando à conservação de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio ribeira de
Iguape e litoral sul. 2014.
MELO, A.C.G. A legislação como suporte a programas de recuperação florestal no
Estado de São Paulo. Florestar Estatístico, v.8, n.17, p.9-16, 2005.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Plano Nacional de Recuperação da
Vegetação Nativa. Brasília, DF; 2014.
OBSERVATÓRIO dos Planos Municipais de Mata Atlântica (http://pmma.etc.br/),
acessado em 03/03/2017.
PREFEITURA DE BAURU. Plano Municipal de Conservação e Recuperação da
Mata Atlântica e do Cerrado.2013.
SÃO PAULO. Resolução SMA n. 7, de 18 de janeiro de 2017. Dispõe sobre os critérios
e parâmetros para a compensação ambiental de áreas objeto de pedido de autorização
para supressão de vegetação nativa, corte de árvores isoladas e para intervenções em
Áreas de Preservação Permanente no Estado de São Paulo. Diário Oficial do Estado de
São Paulo, São Paulo, 20 jan. 2017. Seção 1, p. 54/57.
SERVIÇO FLORESTAL BRASILEIRO. Cadastro Ambiental Rural. Boletim
Informativo – 2 anos. Estados. Brasília; 2016. p. 127.
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
A busca por uma melhoria na prática docente deve ser nata no educador.
Participar da formação do educando com compromisso, independente da fase de
escolarização que este se encontra pode libertar o individuo de uma caverna escura,
chamando-o a transformar a sua realidade. Para que o aluno aprenda, são necessárias
diversas condições que estão ligadas não só à estrutura de ensino e dos mestres que os
orientam, mas também do que esse aluno conhece do mundo, como ele se relaciona com
as informações e em que contexto ela tem significância para o mesmo (aspectos
socioculturais).
Sem dúvida, na grande área da educação, os desafios são diversos,
principalmente porque muitos alunos que chegaram ao nível superior passaram por um
ensino mecanizado, onde as informações por vezes foram “armazenadas” na forma de
memorização ou se encontram perdidas e desconectadas, de forma a torná-los passivos e
pouco críticos durante a formação profissional. Quando nos deparamos com essa
realidade, somos chamados a refletir em nosso cotidiano profissional de como
poderíamos remediar essa realidade brasileira em relação ao ensino e ao
desenvolvimento de cidadãos críticos e atuantes, na busca de promover por meio da
educação, as mudanças, as descobertas cientificas e, porque não, a paz?
Pensadores importantes que versam sobre as teorias da aprendizagem
preconizam essa idéia, onde o ambiente ou conteúdos de ensino têm que ser percebidos
pelo aprendiz em termos de problemas, relações e lacunas que ele deve preencher, afim
de que a aprendizagem seja considerada significante e relevante. (MOREIRA, 1999).
Jerome Bruner (1977) disponibilizou um método interessante para
utilizarmos em nossas práticas docentes, chamada por ele de método da descoberta ou
processo das descobertas, através da exploração de alternativas. Percebamos então que
além de instigar o aluno, devemos orientá-los previamente sobre os conceitos básicos
que regem o tema em questão e os objetivos a serem alcançados com a atividade
proposta. E não podemos esquecer que esse aluno tem dentro de si conceitos que lhes
são próprios, que vem sendo elaborados no seu processo de aprendizado ao longo da sua
vida. Usar desses conceitos já existentes pode auxiliar esse aluno a uma aprendizagem
significativa, transformando-lhe em um autor da sua própria historia.
A aprendizagem significativa é, por excelência, o mecanismo humano para
adquirir e reter a vasta quantidade de informações de uma gama de conhecimentos.
Segundo Moreira (1999), a aprendizagem significativa é um processo por meio do qual
uma nova informação relaciona-se com um aspecto especificamente relevante da
estrutura de conhecimento do individuo, ou seja, este processo envolve a interação da
nova informação com uma estrutura de conhecimento específica, a qual é definida por
ele de conceito de subsunçor ou subsunçores existentes na estrutura cognitiva do
indivíduo (RAPOSO, 1995).
Podemos entender como “subsunçor” ou “subsunçores”, um conceito, uma
ideia, uma proposição já existente na estrutura cognitiva, capaz de servir de
“ancoradouro” a uma nova informação de modo que ela adquira assim significado para
o indivíduo: a aprendizagem significativa ocorre quando a nova informação “ancora-se”
em conceitos relevantes preexistentes na estrutura cognitiva (RAPOSO, 1995;
MOREIRA, 1999).
A aprendizagem significativa é conceito comum aos docentes que atuam
com metodologias ativas no processo que envolve o ensino e a aprendizagem. Na ânsia
de mudarmos a nossa estratégia de trabalho para obtermos melhores resultados,
partimos para a busca de propostas que nos auxiliasse a aprendizagem significativa e,
então, nos encontramos com a aprendizagem baseada em projetos, uma metodologia
ativa que avaliamos ser capaz de atender à formação dos acadêmicos que cursam
Engenharia Ambiental nesta instituição de ensino, o Centro Universitário de Várzea
Grande – UNIVAG.
Esta prática pedagógica por projetos alia-se perfeitamente com a
necessidade de habilidades e competências (NOGUEIRA, 2014), que o futuro
engenheiro ambiental deve possuir para o diagnóstico ambiental de áreas degradadas, e
então, projetar e implantar de forma apropriada a recuperação destas.
Assim, a ideia de projeto envolve o sentido da antecipação de possibilidades
factíveis e modificáveis no tempo, intrinsecamente voltadas para o novo, para aquilo
que não se encontra previamente determinado, e que, imprime sentido e direção à
existência humana (BOUTINET, 2002).
Essas características podem ser resumidas da seguinte forma: a metodologia
de pedagogia por projetos para o ensino de Recuperação de Áreas Degradadas tem foco
em uma aprendizagem autêntica, que envolve problemas formulados com base no
mundo real, sendo necessário um trabalho cooperativo, onde os estudantes precisam
planejar em equipe e solucionar os problemas, desenvolver planos de ação e elaborar
um produto final em grupo, que pode ser relatórios, matrizes de interação, planos de
gestão ou artigos técnico-científicos, conforme o solicitado pelos professores das
disciplinas envolvidas.
O objetivo da adoção dessa metodologia foi formar alunos críticos e com a
capacidade de resolver problemas por meio do ensino com base na pedagogia de
projetos, apresentando soluções práticas e aplicáveis a casos reais, de forma a aumentar
as habilidades e competências destes em recuperação de áreas degradadas enquanto
futuros egressos do curso de Engenharia Ambiental do Centro Universitário de Várzea
Grande – UNIVAG.
2 MATERIAL E MÉTODOS
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Perímetro 1 (P1):
Perímetro 2 (P2):
4 CONCLUSÕES
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
NOGUEIRA, N. R. Pedagogia dos Projetos: etapas, papéis e atores. 4. Ed. São Paulo:
Érica, 2014.
RAPOSO, N. A teoria de Jerome Bruner e as suas implicações pedagógicas. In Estudos
de Psicopedagogia. Coimbra: Coimbra Ed., 1995.
RESUMO
O Brasil possui uma das maiores biodiversidades, e grande parte dela encontra-se no
bioma Cerrado. Empreendimentos que envolvem a remoção do solo causam profundas
modificações no equilíbrio ambiental dos ecossistemas, sendo importante o teste de
hipóteses que modifique as características químicas e físicas do subsolo remanescente,
sendo que, a partir da implantação de sistemas de recomposição do extrato orgânico
para a formação de solo com o uso de mecanismos que proporcionem melhorias nas
características químicas e físicas, como a semeadura de gramíneas e leguminosas
(culturas que possuem menor exigência nutricional), capazes de se desenvolverem em
ambiente desfavorável e produzindo biomassa, proporcionando a cobertura orgânica do
subsolo exposto e condições favoráveis ao desenvolvimento de outras espécies (nativas)
mais exigentes nutricionalmente, capazes de se desenvolverem e atingirem seu clímax
na área.
Introdução
O modelo de desenvolvimento econômico adotado pelo sistema Capitalista, em
que se deve consumir cada vez mais para ser necessário produzir mais bens de consumo
duráveis e não duráveis, e que garantam um estilo de vida que promova um modelo de
sociedade humana com base no consumo de luxo, conhecido como o ideal da sociedade
moderna, adotado como um padrão de avaliação do desenvolvimento e estabilidade
econômica do Estado ou, de acordo com Pereira et al. (2015), o desenvolvimento
humano acaba consistindo em alargar as escolhas das pessoas, partilhando os recursos
naturais oferecidos pelo ambiente, o que leva a graves crises, tanto de cunho social e/ou
como ambiental.
Nesse contexto, a produção de energia é essencial para manutenção do sistema
econômico vigente, no caso o capitalista, pois a energia é mercadoria e o seu consumo é
determinado e direcionado por lógicas do mercado, sendo necessária a produção de
energia elétrica, o que leva à necessidade da construção de Usinas Hidrelétricas e/ou
outro modelo de produção, como a energia a parti dos bioenergéticos como a cana-de-
açúcar. Contudo para as construções de barragens para a geração de energia hidrelétrica
é necessário um grande volume de argila, utilizada para sustentar as rochas no processo
de enrocamento do eixo da barragem, que geralmente é extraído de áreas próximas às
futuras instalações da hidrelétrica, com isso surgem as “áreas de empréstimo” que, no
Brasil nas décadas anteriores a 1980, não previam a recuperação destas áreas de
extração de argila, tendo sido estabelecido os processos de recuperação pela Resolução
CONAMA 001/1986, que estabeleceu a elaboração dos Estudo de Impactos Ambientais
e o Relatório de Impactos ao Meio Ambiente - EIA/RIMA.
Nesse contexto de ausência da legislação, geralmente o subsolo remanescente
ficava exposto e sujeito a intensos processos de impactos ambientais, com destaque para
uma maior intensidade de processos erosivos causados pela associação: subsolo exposto
- índice de precipitação - declividade.
Atividades humanas que necessitam da utilização das camadas do solo, a
exemplo da retirada de argila (área de empréstimo) e mineração, devem preservar,
armazenar e retornar o horizonte orgânico superficial do solo, que é chamado de
“topsoil” ou solo superficial (camada superior, mais externa do solo, em geral entre 0 a
20 cm de profundidade), onde é encontrado a mais alta concentração de matéria
orgânica, microrganismos vivos e atividades biológicas diversas (HALL et al., 2010).
Quando esse procedimento não é possível, um novo solo superficial deve ser criado
para servir como substrato para o desenvolvimento da vegetação futura, considerando os
aspectos físico-químicos da área e os demais processos inerentes à formação do solo.
Para construção de barragens de terra é utilizado argila retirada de áreas
próximas aos projetos a serem construídos, o que até os anos 1980 não previam
qualquer projeto para recuperação ambiental dessas áreas após sua exploração. No
entanto após 1980 os projetos de recuperação das áreas de empréstimo tinham como
objetivo cessar os processos erosivos lineares e implantar uma vegetação nativa que
proporcione uma paisagem mais próxima à encontrada no Bioma Cerrado.
Porem, as paisagens encontradas em áreas com projetos de recuperação, não se
aproxima das paisagens encontradas no Bioma Cerrado, pois em um planejamento de
recuperação de áreas degradadas, o grande desafio a ser alcançado é o estabelecimento
de um horizonte A para o solo, para que, a partir daí, o processo de formação do solo
seja catalisado pela biosfera, podendo surgir outros horizontes, conforme o
condicionamento natural. Desse modo, interfere-se em um ou mais fatores de formação
do solo, numa tentativa de acelerar sua gênese, considerando, conforme Jeny (1941
apud MONIZ, 1972) que esse processo é composto pela interação entre o material de
origem, as condições do relevo, a ação dos agentes do clima, a ação biológica dos
organismos vivos e a ação do tempo.
Diante dos fatos, novos processos de intervenção visando o aprimoramento de
técnicas para a estruturação do solo devem ser empregados na recuperação de áreas
utilizadas para retirada de argila que tenha como objetivo uma possível recuperação
paisagística para as mesmas.
O Brasil possui uma das maiores biodiversidades mundial, e grande parte dela
encontra-se no bioma Cerrado. O Cerrado abrange cerca de 200 milhões de hectares
(22% do território nacional), compreendendo uma larga variedade de fisionomias
específicas que dominam o Centro-Oeste Brasileiro, como as Matas de Galerias que se
desenvolvem ao longo dos rios e córregos e Matas Secas que medram sobre solos
quimicamente mais ricos, bem como vegetação de transição nas bordas com outros
biomas. (MENDONÇA et al. 1998; UNESCO, 2001).
Considerações finais
Os estudos referentes ao uso dos adubos verdes com o objetivo de melhorar as
características químicas e físicas do solo tem demonstrado um grande potencial, sendo
que a Crotalária se destaca por sua eficiência na produção de biomassa e como eficiente
fixadora de Nitrogênio nos solos. Contudo plantas com baixa exigência nutricional
como a Brachiaria sp. e Stylosanthes sp. demonstram capacidade de desenvolvimento
em ambiente desfavorável, possuem características como alta produção de biomassa e
quando utilizadas em conjunto, proporcionam diferenças em suas relações C/N, além
disso, podem ser utilizadas como pastagem, o que torna um meio de recuperação de área
degrada com possibilidade de auto manutenção dos custos para a recuperação da área a
ser contemplada.
A fertilização mineral e o uso de material orgânico contribuem para a melhoria
das características químicas, físicas e biológicas do solo, proporcionando melhores
condições para que as espécies possam exercer as funções de produção biológica, e
possível sustentabilidade do ambiente, pois em um ambiente desprovido de vegetação, e
também de material orgânico não decomposto que proporcione a cobertura do solo, é
comum observar a incidência de erosão laminar, sendo que as áreas de empréstimos,
após a extração de suas camadas superficiais, ficam com o subsolo exposto, e assim as
características químicas, físicas e biológicas estarão comprometidas e a interação entre
tais características também.
Com isso, o desenvolvimento da biomassa fica comprometido, afetando o
volume de cobertura vegetal e também o volume de material orgânico não decomposto,
consequentemente será menor o volume de matéria orgânica decomposta, não
proporcionando a proteção do subsolo exposto, aumentando, assim, a erosão laminar
que em uma reação em cadeia será cada vez maior ao longo dos anos.
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2004. CD.
Nayanna de Nazaré Brito Freitas1; Paulo Cezar Gomes Pereira2; Osmar José Romeiro de
Aguiar3.
1
Universidade do Estado do Pará – UEPA, Avenida Nazaré n°659 bairro Vila Nova
CEP: 68660-000, São Miguel do Guamá – PA, Brasil, e-mail:
[email protected]; 2Universidade do Estado do Pará – UEPA, Conjunto
Médici II rua Benfica n°175 bairro Marambaia CEP:66620-090, Belém-PA, Brasil, e-
mail: [email protected]; 3Universidade do Estado do Pará – UEPA, Travessa Lomas
Valentinas n° 645 bairro Pedreira CEP: 66080322, e-mail: [email protected].
RESUMO
As ações antrópicas têm relação direta com impactos do meio ambiente, na Amazônia
as causas que acarretam estes os impactos estão emparelhados por motivos históricos
que sucederam a expansão das atividades produtivas que consequentemente inferiu na
dinâmica do uso e ocupação da terra. Diante disto, o objetivo do trabalho é analisar a
dinâmica de uso e cobertura do solo no município de São Miguel do Guamá - PA,
utilizando os dados do projeto TerraClass referentes aos anos 2004, 2008, 2010, 2012 e
2014, determinar os impactos que as classes temáticas inferem nas áreas de preservação
permanente e sugerir meios de recuperação para as áreas degradadas em torno dos
cursos d’agua. Diante as analise, observou que o uso e cobertura do solo do município
em estudo em maior proporção estão sendo utilizada para atividade pecuarista, esta
também se destacou em ser o principal motivo de degradação em torno de APP de curso
d’agua. Por fim, verificou a necessidade de o município possuir políticas públicas que
venham a preservar a vegetação das matas ciliares e a recuperação das áreas que se
encontram degradadas.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
A área de estudo é o município de São Miguel do Guamá – PA, este abrange
uma área de 1.110, 175 km² e encontra-se a 150 km de Belém, pertence a mesorregião
Nordeste Paraense, possui as seguintes coordenadas geográficas: latitude de 1°37’40”
Sul e longitude de 47°28’55” Oeste (IBGE, 2017). Há como confrontantes os
municípios de Santa Maria do Pará e Bonito (Norte), Ourém (Leste), São Domingos do
Capim e Irituia (Sul), Inhangapi e Castanhal (Oeste).
São Miguel do Guamá apresenta clima equatorial húmido segundo a
classificação climática de Köppen. O município não possui estações do ano definida, o
mesmo apresenta períodos chuvosos (novembro a maio) e menos chuvosos (junho a
outubro) com regime pluviométrico anual geralmente de 2.250 mm. A temperatura
média anual é em torno de 25°C e o solo predominante é o latossolo amarelo
(HUFFNER, 2015).
Referente a hidrografia, o rio Guamá é o que apresenta maior importância para
o município, este serve de limites territorial entre os municípios de Irituia, São
Domingos do Capim e Bujaru, possui também os rios Mururé e Cuxiú que fazem limite
com a região leste de Ourém; apresenta como afluentes os igarapés Cuperé, Muraiteua,
Matupireteua, Ajuaí, Crauteua, Aracuí, Urucuri, Matari, Itaqui- Açu, Menino-Deus e
São João.
Para a realização das análises usou-se os dados do projeto TerraClass dos anos
2004, 2008, 2010, 2012 e 2014, utilizou-se o shapefile do município em estudo onde
este se situa na órbita/ponto 223/61 e fuso 22 S. As análises procederam através das
observações realizadas da ocupação do solo em torno dos limites da hidrografia que
através do Sistema de Informação Geográfica (SIG) Arcgis 10.1 possibilitou a
elaboração das cartas imagens.
O projeto TerraClass está direcionado para a área da Amazônia legal brasileira,
este foi criado visando ampliar a compreensão sobre os acontecimentos e processos que
ocasionam as transformações da paisagem na Amazônia. O projeto promove avanços na
qualificação dos dados produzidos pelo sistema Prodes, possui o objetivo de identificar,
quantificar e caracterizar os diferentes usos do solo em áreas que se encontram
desflorestadas, desta forma, resultou em mapas temáticos apresentando a dinâmica do
uso e ocupação do solo em uma década de monitoramento.
O Programa de Monitoramento do Desflorestamento das Formações Florestais
da Amazônia Legal (Prodes) produz a parti de levantamentos sistemáticos estimativos
sobre a taxa anual e extensão territorial do desmatamento (Coutinho et al. 2013). O
projeto TerraClass para mapear o uso e cobertura da terra utiliza os polígonos de
desflorestamento que são disponibilizados pelo Prodes e para as demais classificações
do uso do solo como pecuária e área urbana, o projeto utilizou como base informações
geradas pelo Inpe.
As classes temáticas de uso e ocupação do solo definidas pelo projeto
TerraClass consideraram as classes já utilizadas pelo programa PRODES que são:
floresta, não floresta e hidrografia, e outras classes definidas a partir da qualificação e
mapeamento das áreas desflorestadas que são: agricultura, pasto limpo, pasto sujo, área
urbana, mineração, área não observada, agricultura anual, vegetação secundária,
desmatamento, pasto com solo exposto e outros (ALMEIDA et al., 2014).
Para elaboração dos mapas temáticos, os dados de pasto limpo, pasto sujo e
pasto com solo exposto foram unidos formando no caso uma única classe que foi
denominada como pastagem, desta forma, para analise deste trabalho considerou as
seguintes classes temáticas: floresta, não floresta, vegetação secundária, pastagem,
hidrografia, área urbana e outras classes.
A hidrografia foi delimitada a partir de dados geomorfométricos ou
representações pictóricas do projeto TOPODATA, que permitem a elaboração de MDE
(Modelo Digital de Elevação) a partir do cruzamento de imagens de satélites da Shuttle
Radar Topography Mission (SRTM).
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para análise da dinâmica de uso e ocupação do solo do município em estudo,
realizou-se uma comparação entre as classes temáticas e os respectivos anos. Assim, de
acordo com os dados gerados observou-se que no município existe a predominância da
classe pastagem.
A área urbana teve aumento relativo em todos os períodos, este como
demonstrado nas figuras 1 a 5 situou-se sempre nas margens dos afluentes e ao redor da
cidade já consolidada, a expansão urbana no ano de 2004 apresentou 6,6 km2, 8,3 km2
em 2008, em 2010 8,8 km2, no ano de 2012 9,0 km2 e em 2014 11,2 km2. Utilizando os
dados do projeto TerraClass para analisar a dinâmica de uso e cobertura do solo no
município de Parauapebas-PA, Andrade et al. (2015), ao contrário do que resultou
neste trabalho, na classe área urbana acarretou em um expressivo aumento da
urbanização no município, justificaram o ocorrido por questões históricas direcionada a
intensa imigração no início da década de 1980, motivada pela exploração mineral, tal
fato ocorreu pelo aumento de 6,37 km² da área de mineração de 2008 para 2010,
acompanhado do aumento de 32,7 km² de área urbana de 2008 para 2010.
Analisando o gráfico da Figura 6, pode-se perceber uma queda considerável na
classe do desflorestamento, onde no ano 2004 apresentou uma área desmatada de 33,80
km2, 4,6 km2 em 2008, 2010 apresentou 0,1 km2, 2012 teve um avanço comparado ao
ano anterior (1,1 km2) e no ano de 2014 teve desmatamento equivalente a 0,2 km2.
A queda considerável no índice do desmatamento pode ser explicada pela
implantação de políticas públicas de comando e controle através de programas do
governo federal e estadual, para prevenção e controle do desmatamento na Amazônia
Legal, que tem como objetivo reduzir de forma contínua e consistente 80 % do
desmatamento até 2020, além da definição do marco regulatório adotado no novo
código florestal (ALENCAR, 2015, CASTELO, 2015).
Em relação ao desflorestamento, este como observado nos mapas,
principalmente no ano de 2004, maior incidência ao redor dos cursos d’água e em locais
que já realizam a prática da pecuária. Entre os anos de 2004 a 2014 o desmatamento
apresentou um total de 39,7 km2, sendo que 10,7 km2 foram convertidos em pastagem,
correspondendo a 3,1% da área total de pastagem de 344,6 km2 apresentada em 2014
(Figura 7).
O aumento do desmatamento na Amazônia está atrelado a questões
econômicas, destacando-se a expansão da oferta de terra para agricultura e/ou pecuária e
extração de madeira. Carvalho et al. (2016) analisando a contribuição da floresta
desmatada para o crescimento econômico e emprego na Amazônia Legal, mostraram
que o desmatamento contribuiu somente com 0,1% do crescimento do Brasil entre 2006
a 2011, a parti deste resultado os mesmos consideraram que além das atividades
apresentadas as áreas desmatadas podem apresentar outras finalidades como construção
de estradas, desta forma, os autores sugeriram que o governo endurecesse as políticas de
combate ao desmatamento, vista que em termos de crescimento econômico, tendo em
vista o histórico de crescimento da produtividade da terra nos últimos anos (3,26% ao
ano entre 2000 e 2005).
A classe de vegetação secundária apresentou aumento de área onde no ano de
2008 possuía 79,3 km2, saltando para 389,9 km2 no ano de 2010. A vegetação
secundária apresenta importante acúmulo de nutrientes no solo, assim, o
desenvolvimento desta vegetação é de ampla valoração para recuperar as áreas
degradadas possibilitando o funcionamento do uso da terra para futuros cultivos
(SOUZA e DENICH, 1996); desta forma, subtende-se que as áreas de pastagens
encontravam-se entre o ano 2004 a 2006 deteriorada, provavelmente pela prática
inadequada de manejo de pastegem ou fatores abióticos como excesso ou falta de chuva,
observou-se que os latifundiários executaram uma forma acessível de recuperar suas
áreas ao realizar no pasto o sistema de pousio, após nos anos 2012 e 2014 verificou-se a
prática de renovação do pasto pelo progresso da classe pastagem nesses respectivos
anos (Figura 7).
Figura 1: Mapa temático de uso e ocupação do solo no ano de 2004 para o município
de São Miguel do Guamá-PA, com base nos dados do Terraclass.
Fonte: Autor.
Figura 2: Mapa temático de uso e ocupação do solo no ano de 2008 para o município de
São Miguel do Guamá-PA, com base nos dados do Terraclass..
Fonte: Autor.
Figura 3: Mapa temático de uso e ocupação do solo no ano de 2010 para o município de
São Miguel do Guamá-PA, com base nos dados do Terraclass..
Fonte: Autor.
Figura 4: Mapa temático de uso e ocupação do solo no ano de 2012 para o município de
São Miguel do Guamá-PA, com base nos dados do Terraclass.
Fonte: Autor.
Figura 5: Mapa temático de uso e ocupação do solo no ano de 2012 para o município de
São Miguel do Guamá-PA, com base nos dados do Terraclass.
Fonte: Autor.
município.
4 CONCLUSÃO
As principais causas de degradação em torno de áreas de preservação
permanente de curso d’água no município de São Miguel do Guamá são ocasionadas
pelo processo de expansão do ciclo produtivo que é pecuária. As análises dos dados
permitem concluir também que existe a necessidade de implantação de políticas
públicas voltadas para a proteção de áreas de preservação permanente, vistas que essas
áreas são de suma importância para a perpetuação dos afluentes e manutenção da
biodiversidade.
5 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
Adami, M., Gomes, A., Coutinho, A., Esquerdo, J., & Venturieri, A. (2015). Dinâmica
do uso e cobertura da terra no estado do Pará entre os anos de 2008 a 2012. João
Pessoa, PB: XVII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, INPE.
Alencar, G. (2015). Novo Código Florestal Brasileiro. Vitória - ES: Suprema Gráfica e
Editora Ltda.
Andrade, Á., Miranda, M., Brandão, V., Braga, T., Pereira, B., & Marques, G. (2015).
AVALIAÇÃO DO USO E COBERTURA DOAVALIAÇÃO DO USO E
AVALIAÇÃO DO USO E COBERTURA DO SOLO NO MUNICÍPIO DE
SOLO NO MUNICÍPIO DE PARAUAPEBAS-PA UTILIZANDO DADOS DO
PROJETO TERRACLASS. Poço de Caldas, Minas Gerais: XII CONGRESSO
NACIONAL DE MEIO AMBIENTE DE POÇOS DE CALDAS.
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escolhido para o ajuste entre as legendas do IBGE e o do TerraClass. NOTA
TÉCNICA. URBISAmazônia.
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(2014). POTENCIAL DE REGENERAÇÃO NATURAL DE FLORESTAS
NATIVAS NAS DIFERENTES REGIÕES DO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO. Vitória, ES: GEDAGRO - Centro do Desenvolvimento do
agronegócio.
RESUMO
INTRODUÇÃO
Nos últimos tempos a questão ambiental vem ganhando, cada vez mais, espaço e
repercussão nos diversos setores da sociedade brasileira preocupados com a alteração
descontrolada da cobertura de vegetação nativa nos biomas do país, ocasionada pela
expansão das fronteiras agrícolas e das zonas urbanas e, mais recentemente, com as
mudanças climáticas globais.
No processo de regulação dos espaços territoriais temos um dos regramentos,
motivador de grandes e acaloradas discussões, que é o Código Florestal Brasileiro,
instituído em 1965 no apogeu da exploração ambiental e impulsionado pelas atividades
agrícolas no país. Revogado em 2012, várias alterações foram incluídas em uma nova
legislação florestal brasileira, a Lei Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012, que após
uma acirrada discussão, com foco de muita atenção da mídia, caracterizou de um lado
os interesses dos ambientalistas e do outro, os interesses econômicos dos ruralistas em
favor do crescimento das fronteiras agrícolas. (CUNHA e MELLO-THERY, 2010).
Em meio as alterações do novo ordenamento ambiental, inovações e adaptações
aos antigos diplomas legais se fizeram necessárias, com o intuito de repassar à
sociedade a questão ambiental de forma que pudesse ser cumprida de maneira menos
burocrática, mas visando o cumprimento de alternativas de recuperação ambiental em
áreas degradadas, e a conservação dos remanescentes existentes, conforme as exigências
da nova legislação ambiental.
Com o objetivo de solucionar as falhas de monitoramento da aplicação do
Código Florestal de 1965, surge um importante instrumento criado pela Lei nº 12.651,
de 25 de maio de 2012, o Cadastro Ambiental Rural (CAR), que visa constituir uma
base de dados estratégica para o controle, o monitoramento e o combate ao
desmatamento das florestas e demais formas de vegetação nativa do Brasil
(LAUDARES e BORGES, 2014).
Essa inovação, trazida pelo novo regramento, foi disciplinada anteriormente pelo
Programa Mais Ambiente e tinha como principal objetivo a regularização ambiental dos
imóveis rurais, de modo a atender as necessidades e criar alternativas necessárias aos
imóveis rurais do país, para que cumprissem com o passivo ambiental. (BRASIL,
2009).
Conforme mencionado anteriormente, a instituição do CAR foi sancionada, em
âmbito nacional, com a publicação da Lei nº 12.651/2012, conforme destacado no artigo
29, tornando-se um instrumento obrigatório para a regularização ambiental dos imóveis
rurais do país.
“Art. 29. É criado o Cadastro Ambiental Rural - CAR, no âmbito do
Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente - SINIMA,
registro público eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos
os imóveis rurais, com a finalidade de integrar as informações
ambientais das propriedades e posses rurais, compondo base de dados
para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e
combate ao desmatamento.”
Esse instrumento passa a configurar como um registro dos imóveis rurais junto
as Organizações Estaduais de Meio Ambiente- OEMAs, para fins de controle,
monitoramento ambiental, facilitação dos processos de licenciamento das atividades
rurais, gestão integrada dos territórios, acompanhamento dos ativos ambientais das
propriedades e maior facilidade na liberação de crédito rural. Assim, finalmente, com a
definição do novo Código Florestal, o CAR foi oficializado no Sistema Nacional de
Informação sobre o Meio Ambiente (SINIMA), que é o instrumento de gestão da
informação ambiental do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA). (TNC,
2015).
O cadastro ambiental da propriedade rural apresenta benefícios tanto para o setor
público, como para o dono do imóvel, no que tange à administração e tomada de
decisão. Para os órgãos públicos gestores, o CAR auxilia no planejamento territorial, na
delimitação de áreas importantes tanto do ponto de vista social como ambiental, na
promoção da recuperação de áreas degradadas, na identificação de passivos e ativos
ambientais, focos de desmatamento, na formação de corredores ecológicos e de forma
geral contribui para a conservação dos demais recursos naturais (CORDEIRO et al,
2013).
Apesar das críticas quanto ao seu processo de implementação, o CAR tem se
configurado como uma ferramenta crucial, pois será um subsídio para o processo de
regularização ambiental dos imóveis rurais, uma vez que, por meio de um sistema
eletrônico, o proprietário ou possuidor delimita as áreas passíveis de serem
regularizadas, como: áreas de preservação permanente (APPs), reservas legais (RLs),
áreas com uso alternativo do solo, áreas consolidadas, de interesse social, de utilidade
pública, de uso restrito e remanescentes de vegetação nativa localizados no interior dos
imóveis (TNC, 2015; MMA, 2015).Considerando que o CAR é uma ferramenta
catalizadora para cumprimento das políticas públicas ambientais vigentes, o presente
trabalho tem como objetivo realizar um panorama da sua implementação e traçar
perspectivas futuras quanto à sua utilização na proposição e planejamento estratégico
para definição de áreas prioritárias para recuperação da vegetação nativa, além de
elencar as potencialidades de utilização dessa ferramenta como instrumento de gestão
territorial para o Estado de Minas Gerais.
MATERIAIS E MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O grande passivo ambiental gerado nos imóveis rurais tem demandado cada vez
mais a intervenção dos órgãos de controle e fiscalização, que passaram a exigir as
medidas corretivas necessárias para o cumprimento dos dispositivos legais estabelecidos
pelo Código Florestal.
As áreas de um imóvel rural, que em função da legislação brasileira, encontram-se
com as situações das Áreas de Preservação Permanente – APPs, Reserva Legal – RL em
desacordo com a legislação florestal deverão proceder com a adequação ambiental do
passivo (IPAM, 2015, MMA, 2011).
A adequação ambiental dos imóveis constitui no cumprimento das exigências
previstas no Código Florestal, que se referem, especialmente, a algumas restrições
relacionadas ao uso de áreas de preservação permanente e reservas legais. A legislação
ambiental visa garantir a continuidade das mais diversas atividades desempenhadas pelo
produtor rural sem negligenciar o uso racional, sustentável e permanente dos recursos
naturais(MMA, 2011)
O novo Código Florestal também trouxe um programa de apoio e incentivo à
preservação e recuperação do meio ambiente que deverá promover a adequação
ambiental, que incentivará a adoção de tecnologias e boas práticas que conciliem a
produtividade agropecuária e florestal com a redução dos impactos ambientais, de forma
a impulsionar o desenvolvimento ecologicamente sustentável (TNC, 2015).
Conforme supracitado, o PRA será o subsídio às diretrizes e metodologias, definidas
e regulamentadas pelo governo federal e posteriormente pelos estados, e voltadas à
estruturação das atividades de restauração dos passivos mapeados em APP e RL,
propostos pelos proprietários (MMA, 2015, TNC, 2015).
Esse importante instrumento de ação visa fortalecer a gestão ambiental por meio
da atuação compartilhada dos órgãos ambientais dos três níveis de governo, propiciando
uma rede de parcerias. Ao reconhecer as atribuições e responsabilidades dos órgãos
estaduais no que tange a gestão florestal, o programa visa prover –se de meios e
recursos técnicos e políticos para que efetivamente gerenciem os processos de
regularização ambiental dos imóveis rurais, ao mesmo tempo em que, de forma
compartilhada, defina estratégias cooperadas para apoiar os produtores rurais nas
atividades de recomposição das áreas de preservação permanente e de reserva legal. O
PRA é visto como um dos mais importantes instrumentos do Código, trazido pelo artigo
59, para a reversão dos passivos ambientais dos produtores rurais. A medida é
fundamental para que os produtores se alinhem ao Código, com a adesão condicionada à
inserção dos seus imóveis rurais no CAR. (TNC, 2015)
Por isso, o PRA deverá incluir mecanismos que permita o acompanhamento de
sua implementação, considerando os objetivos e metas nacionais para florestas como a
implementação dos instrumentos previstos pelo novo Código Florestal; a adesão dos
proprietários e possuidores de imóveis rurais ao CAR; a evolução da regularização das
propriedades e posses rurais; o grau de regularidade do uso de matéria-prima florestal; e
o controle e prevenção de incêndios florestais.
Para que tais instrumentos possam ser efetivamente executados será necessária a
compreensão e o amadurecimento de uma nova gestão florestal no país. O estado e a
sociedade civil devem discutir mais sobre a implementação de um programa de
regularização ambiental que culmine na efetiva conservação dos recursos naturais.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CORDEIRO, Yvens Ely Martins et al. Cadastro ambiental rural como ferramenta de
ordenamento ambiental no Pará. IV Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental.
Salvador-BA. 25 a 28 nov. 2013.
Resende; R. U.
Bim, O. J. B. - [email protected]
Iniciativa Verde, Rua João Elias Saada, 46, Pinheiros, São Paulo, SP, Brasil, contato:
+55113647-9293
RESUMO
A região do Vale do Ribeira e Litoral Sul do Estado de São Paulo concentra os maiores
remanescentes de Mata Atlântica e também grande quantidade de Unidades de
Conservação de Uso Sustentável e de Proteção Integral. Dentre estas o Mosaico de
Unidades de Conservação do Jacupiranga (MOJAC) é um território com grandes
demandas socioambientais, incluindo a restauração ecológica de grandes áreas. A
Iniciativa Verde é uma organização não governamental que tem implantado projetos de
restauração na região com diferentes formatos. Além dos aspectos técnicos é importante
observar pontos como o financiamento dos projetos e as relações com as comunidades e
as implicações na gestão destas Unidades de Conservação. A questão do financiamento
é limitante neste tipo de projetos, e os recursos privados de compensações ambientais
cada vez contribuem para viabilizar tais projetos. Conclui-se pela importância de
parcerias e de arranjos institucionais que permitam a articulação de diversos atores nos
processos de restauração.
Materiais e Métodos
Resultados e Discussão
Conclusões
Considerado as grandes demandas para restauração florestal no Brasil a consolidação de
mecanismos financeiros, normativos e institucionais é fundamental. No atual cenário
político e econômico com grande dificuldade para a obtenção de recursos orçamentários
de entidades públicas e mesmo de doações não reembolsáveis de outras fontes a busca
de novos mecanismos de financiamento é essencial para o desenvolvimento destas
ações.
Os recursos provenientes de compensações, sejam as voluntárias no caso de projetos
relacionados às emissões de gases de feito estufa, sejam principalmente as obrigatórias,
como as decorrentes de licenciamento, representam hoje as melhores oportunidades
neste sentido.
A consolidação e a gestão de Unidades de Conservação, em especial as que apresentam
situações com grande complexidade e que necessitam de ações de restauração, como o
MOJAC, constituem um espaço importante para execução deste tipo de iniciativas.
Para isso a importância de ações em formato de parceiras é evidente, uma vez que é
importante aproveitar a sinergia dos diversos tipos de atores.
As diretrizes e normas pertinentes devem possibilitar a montagem de diversos arranjos,
com múltiplas finalidades e diferentes formatos. A geração de renda, resolução de
conflitos fundiários, a pesquisa e educação são compatíveis com a implantação de
projetos de restauração. Além dos órgãos públicos gestores responsáveis pela gestão
destas áreas protegidas e pelas ações de comando e controle ambientais tem-se as
empresas que podem financiar projetos, de diferentes maneiras. E as organizações da
sociedade civil, que podem contribuir com a flexibilidade para executar projetos
integrando os diversos atores e atividades. E fundamentalmente e a sociedade que
sempre deve participar destes processos, para que estes sejam sustentáveis de fato.
Referências Bibliográficas
RESUMO
Material e Métodos
Área de estudo
A área de estudo será o estado de Roraima, localizado na região Norte do país,
com área de aproximadamente 225.000 km², com população de cerca de 505 mil
habitantes (IBGE, 2015). O estado faz divisa com a Venezuela, a noroeste e norte, com
a Guiana, a leste, com o Pará, a sudeste, e, com o Amazonas, a sul e oeste (Figura 1).
Figura 1. Localização do estado de Roraima.
Resultados e discussões
As medidas mitigadoras e compensatórias e os programas ambientais têm por
objetivo minimizar, compensar e, eventualmente, eliminar os impactos negativos do
empreendimento, uma vez que este já tenha sido instalado (Lima, 2015). Cabe ao órgão
licenciador realizar a analise e posterior aprovação ou não das medidas apresentadas.
O caráter emergencial para construção e operação da usina termoelétrica (UTE)
no estado de Roraima foi determinada pelo decreto do Governo do Estado de Roraima
numero 17276-e de 8 de julho de 2014. Além disso, o decreto instituiu uma equipe
interinstitucional com objetivo de realizar a analise do processo, gerando um relatório
que atendesse as solicitações dos órgãos envolvidos no licenciamento ambiental.
Durante o processo de licenciamento os empreendedores propuseram que a
compensação ambiental para a UTE fosse a instalação de um cinturão verde no entorno
da usina, realização de atividades de sensibilização ambiental com colaboradores e
terceirizados e ainda a utilização de logística reversa. Em seguida foi proposto a
implantação de um viveiro para fornecimento de 10 mil mudas, não especificando em
qual tempo essas seriam produzidas.
No entanto após elaboração do Estudo de Sequestro de Carbono, estudo componente do
processo de licenciamento, foi constatado que o numero de mudas sugerido era
insuficiente. Visto que ao considerar que a principal fonte de emissão atmosféricas
advém do funcionamento de trinta e quatro geradores, com estimativa de 915.256
toneladas de CO2/ano, considerando regime de operação de 24 horas por dia. A
metodologia utilizada para calculo de Incremento Médio Anual (IMA) de carbono foi
proposta por Lacerda et al. (2009). O estudo realizado constatou um IMA de carbono de
7 kg por arvore, correspondente a 140 kg por arvore num ciclo de 20 anos. Os valores
calculados foram mais restritos, podendo haver um índice maior de IMA considerando a
maior biomassa da região amazônica quando comparada a Mata Atlântica. A
justificativa apresentada para utilização da metodologia proposta por Lacerda et al.
(2009) foi a carência de estudos e pesquisas do gênero na região amazônica.
O cálculo realizado constatou a necessidade da produção de 1 milhão de mudas
anuais, muito além do proposto inicialmente, o que ressalta a importância de uma
analise criteriosa do processo de licenciamento ambiental e consequentes revisões e
complementações posteriores.
A inauguração da estrutura do viveiro ocorreu em 2014 com a presença de
funcionários da FEMARH, ELETROBRAS e da empresa empreendedora. Na Figura 2 é
apresentada imagem aérea do viveiro florestal e de uma das estufas do mesmo.
Figura 2. Vista aérea do local de funcionamento do viveiro florestal e uma das estruturas que estão
sendo utilizadas para o cultivo das mudas.
Fotos: Neto Figueredo e Rubem Leite
Figura 3. Número de
mudas de espécies florestais frutíferas e madeireiras produzidas durante o ano de 2016.
Figura 5. Número de mudas de espécies florestais frutíferas e madeireiras que serão distribuídas
durante no primeiro trimestre de 2017.
Conclusões
Referências bibliográficas
BRASIL. Lei n. 9985 de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II,
III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da
BRASIL. Lei n° 12.651, de 15 de maio de 2012. Institui o Novo Código Florestal
Brasileiro. Diário Oficial da União, 15 maio 2012.
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http://cmq.esalq.usp.br/wiki/doku.php?id=publico:metrvm:start.>. Acesso em: 22 de
fevereiro de 2017.
Leis/L9985.htm>. Acesso em: 15 jan. 2017.
LIMA, G. R. Compensação Ambiental de Usinas Hidreletricas: Analise da Gestão
Federal e Propostas de Aplicação. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Planejamento Energético, COPPE, da Universidade Federal do Rio
de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em
Planejamento Energético. Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2015.
Natureza e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
RODRIGUES, R. R.; MARTINS, S. V.; GANDOLFI, S. (Eds.). High diversity forest
restoration in degraded areas: methods and projects in Brazil. New York: Nova Science
Publishers, 2007.
UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS DE GEOPROCESSAMENTO PARA
AVALIAÇÃO DE PASSIVOS AMBIENTAIS DECORRENTES DE
OPERAÇÕES DE MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA EM ZONAS RIPÁRIAS
Universidade Nilton Lins - Av. Professor Nilton Lins, 3259. Parque das Laranjeiras -
CEP: 69058-030 - Manaus/AM. Telefone: (92)3643-2000
RESUMO
INTRODUÇÃO
27
São áreas de saturação hídrica, permanente ou temporária, cuja principal função é a proteção dos
Recursos Hídricos de uma microbacia. (ATTANASIO et al., 2012)
28
Área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os
recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de
fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. (BRASIL, 2012)
29
Obrigações adquiridas em decorrência de transações anteriores ou presentes, que provocou ou
provoca danos ao meio ambiente ou a terceiros de forma voluntária ou involuntária, os quais deverão
ser indenizados através da entrega de benefícios econômicos ou prestação de serviços em um momento
futuro. (GALDINO et. al. 2002)
30
Ramo da ciência que estuda o processamento de informações georreferenciadas utilizando aplicativos
(normalmente SIGs), equipamentos (computadores e periféricos), dados de diversas fontes e
profissionais especializados. Este conjunto deve permitir a manipulação, avaliação e geração de
produtos, relacionados principalmente à localização de informações sobre a superfície da terra. (PIROLI,
2010)
31
Tecnologias para coleta, processamento, análise e oferta de informações com referência geográfica.
(ROSA, 2005)
Informação Geográfica, Sistema de Posicionamento Global, softwares como o Arcgis,
Qgis e Google Earth Pro, entre outros. (CÂMARA & DAVIS, 2001)
Sendo assim, o presente trabalho consiste em utilizar ferramentas do
geoprocessamento para identificar e analisar passivos ambientais decorrentes de
operações de mecanização agrícola em zonas ripárias do município de Autazes. Tendo
assim, o propósito de que essas ferramentas venham a auxiliar na regularização
ambiental dessas áreas, evitando situações que estejam em desacordo com as legislações
ambientais.
METODOLOGIA
Área de Estudo
Instrumentos Metodológicos
Os arquivos referentes as Áreas Mecanizadas foram adquiridos por meio do
Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do
Amazonas – IDAM, sob o protocolo de autorização de uso de dados para fins científicos
nº 0145/2016, órgão responsável por prestar assistência técnica aos produtores rurais,
onde possui um banco de dados de áreas que foram mecanizadas com incentivos
governamentais no município de Autazes, contendo apenas o perímetro de propriedades
e das áreas mecanizadas.
Áreas analizadas
Para o estudo foram analisadas 8 áreas mecanizadas, tendo como critério de escolha a
largura média de curso d´água, e qualidade das imagens, somando um total de 12 ha. Entre as
áreas estão, 3 localizadas na AM 254 entre os km 44 e km 47, e 5 localizadas no Ramal do Jatuá
entre os km 1 e km 5. Todas as áreas mecanizadas têm como atividade de ocupação, a
mandiocultura.
Os dados foram analisados por meio do software Arcgis 10.2.232. Estes foram
convertidos para o Datum33 atual SIRGAS 2000 - Sistema de Referência Geocêntrico
para as Américas, de acordo com metodologia proposta pelo IBGE (2005).
32
Conjunto de aplicativos computacionais de Sistema de Informações Geográficas, desenvolvido pela
empresa norte-americana ESRI, que fornece ferramentas avançadas para a análise espacial,
manipulação de dados e cartografia (SANTOS et al., 2014)
33
Refere-se ao modelo matemático teórico da representação da superfície da Terra ao nível do mar
utilizado pelos cartógrafos numa dada carta ou mapa. O datum providencia o ponto de referência a
partir do qual a representação gráfica dos paralelos e meridianos, e consequentemente do todo o resto
que for desenhado na carta, está relacionado e é proporcionado. (INPE)
34
Área de imóvel rural com ocupação antrópica preexistente a 22.07.2008, com edificações,
benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris, admitida, neste último caso, a adoção do regime de pousio
onde é autorizada, exclusivamente, a continuidade das atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e de
turismo rural. (BRASIL, 2012)
35
Consiste em uma matriz com um valor de elevação em cada célula (pixel), ou seja, são arquivos
estruturados em linhas e colunas georreferenciados, contendo registros altimétricos. Assim, um MDE é
Com base na hidrografia foram delimitadas as Áreas de Preservação Permanente
com a utilização do recurso buffer do software Arcgis. O mapeamento das distâncias
das APP’s foi baseado na Lei nº 12.651/2012, conforme as Tabelas 2 e 3:
36
Tamanho do Módulo Fiscal <1 >1 – 2 >2 – 4 >4
Cursos d’água naturais (qualquer largura) 5m 8m 15 m 30 m
Nascentes e olhos d’água perenes Raio de 15 m
Por fim, foi realizado o levantamento das áreas degradadas, áreas a serem
recompostas, analisando cada caso, e verificando quais proprietários possivelmente
terão complicações no futuro se não atenderem a legislação, dando uma estimativa ao
final de quantas áreas (ha) estão em acordo e quantas estão em desacordo com a
legislação ambiental.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Verificou-se de acordo com imagens do Google Earth Pro que as parcelas das
propriedades 1 a 6 já haviam sido exploradas antes de 22 de julho de 2008, sendo assim
consideradas áreas consolidadas, conforme art. 3º do Capítulo I da Lei nº 12.651/2012.
uma representação tridimensional do relevo, e pode ser usado para extrair variáveis geomorfométricas
do mesmo, como declividade, orientação de vertentes e curvatura do terreno, servindo de suporte para
a análise geomorfológica. (VALERIANO, 2008)
36
Trata-se de uma unidade de medida de área (expressa em hectares) fixada diferentemente para cada
município. (BRASIL, 1964).
Já as parcelas das propriedades 7 e 8 não foram consideradas áreas consolidadas, pelo
fato de terem sido exploradas após 22 de julho de 2008.
Toda essa análise foi realizada porque as regras mudam de acordo com período
de desmatamento das áreas, devido ao Decreto nº 6.514 que dispõe sobre as infrações e
sanções administrativas ao meio ambiente, onde frisa o fim da obrigação de se recuperar
áreas desmatadas ilegalmente até 22 de julho de 2008, incluindo topos de morros,
margens de rios, restingas, manguezais, nascentes, criando assim, a figura da área rural
consolidada. Fazendo com que os Estados criem programas de regularização ambiental.
Suspendendo todas as multas aplicadas antes de julho de 2008. (BRASIL, 2008)
Segundo Lima (2016) todo proprietário da área, sendo ela consolidada ou não,
no ato do Cadastro Ambiental Rural - CAR37, ao aderir o Programa de Regularização
Ambiental - PRA38, poderá regularizar a situação ambiental de sua propriedade ou posse
rural por meio de benefícios, como suspensão de processos criminais e administrativos,
acesso facilitado ao crédito rural e proprietários com passivos ambientais terão mais
facilidades e maiores prazos.
Na propriedade 1 (Figura 7), observou-se a presença de uma barragem na área
vizinha, que possivelmente foi feita para a construção de tanques de piscicultura. Essa
prática trás impactos visíveis ao meio ambiente, um exemplo é a alteração no fluxo da
água e correntes, as malhas e demais estruturas dos tanques promovem redução na
corrente de água, com implicações no transporte de sedimentos, causando
assoreamentos. (AGOSTINHO, 1996)
37
Registro eletrônico de abrangência nacional junto ao órgão ambiental competente, no âmbito do
Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente - SINIMA, obrigatório para todos os imóveis
rurais, com a finalidade de integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais,
compondo base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico, e
combate ao desmatamento. (BRASIL, 2012)
38
Conjunto de regras sobre o processo de regularização perante o novo Código Florestal. Tem como
base o Cadastro Ambiental Rural (CAR), que definirá os passivos de APPs e RLs a regularizar, prevê que o
produtor deverá propor um Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas ou Alteradas (PRADA). (LIMA,
2016)
Figura 7: Propriedade 1. Figura 8: Barragem área vizinha à propriedade 1.
Figura 16: Variação percentual de perda de área mecanizada após recuperação da vegetação
ripária.
3
2,5 Propriedades com áreas
2 consolidadas
1,5
1
Propriedades com áreas
0,5 ha
não consolidadas
0
Quanto recuperar
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RIBEIRO, Carlos Antonio Alves Soares; SOARES, Vicente Paulo; OLIVEIRA, Angelo
Marcos Santos; GLERIANI, José Marinaldo. O desafio da delimitação de áreas de
preservação permanente. Revista Árvore, Viçosa-MG, v.29, n.2, p.203-212, 2005.
ROSA, Roberto. Geotecnologias na Geografia aplicada. Revista do Departamento de
Geografia. Instituto de Geografia, Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia-MG.
2005.
SOS FLORESTAS. Cartilha: Código Florestal: Entenda o que está em jogo com a
reforma da nossa legislação ambiental. Disponível em:
<http://www.jorgeamaro.com.br /cartilha-florestal.pdf> Acesso em: 20 de jul.2016.
TÔSTO, Sérgio Gomes; RODRIGUES, Cristina Aparecida Gonçalves; BOLFE, Édson Luis;
BATISTELLA, Mateus. Geotecnologias e Geoinformação. O produtor pergunta e a
EMBRAPA responde. EMBRAPA. Brasília-DF. 2014.
VALERIANO, Márcio de Morisson. Dados Topográficos. In: FLORENZANO, Teresa Gallotti. (org).
Geomorfologia: conceitos e tecnologias atuais. São Paulo: Oficina de Textos, 2008. Cap. 3,
p.72-103.
1
Mestrando em Planejamento e Uso de Recursos Renováveis, Departamento de Ciências
Ambientais, UFSCar Sorocaba, Rod. João Leme dos Santos, Km 110, 18052-780,
Sorocaba, São Paulo, Brasil.
2
Doutorando em Planejamento e Uso de Recursos Renováveis, Departamento de
Ciências Ambientais, UFSCar Sorocaba, Rod. João Leme dos Santos, Km 110, 18052-
780, Sorocaba, São Paulo, Brasil.
3
Departamento de Ciências Ambientais, Universidade Federal de São Carlos Campus
Sorocaba
RESUMO
J. S. T. Gusso; S. M. Azuma
Rumo Logística S.A. - Rua Emilio Bertolini, nº 100, Vila das Oficinas, Curitiba/PR,
CEP 82920-030, site: www.pt.rumolog.com; email: [email protected] –
(41) 2141-9754.
RESUMO
INTRODUÇÃO
MATERIAIS E MÉTODOS
Área de estudo
O estudo foi realizado no plantio compensatório executado para recuperação das
áreas degradadas em APP situados na zona rural do município de Cravinhos, nas
proximidades da cidade de Ribeirão Preto, nordeste do Estado de São Paulo, local
nominado como Fazenda Santa Ignácia, fazenda que tem como principal atividade o
cultivo de cana-de-açúcar.
A área total selecionada conta com 66 hectares, abrangendo Áreas de
Preservação Permanente em duas modalidades de mata ciliares, sendo matas ciliares de
rios e nascentes. Segundo o Código Florestal, Lei nº12.651/2012, que dispõe
primeiramente no Art.4, alínea I “as faixas marginais de qualquer curso d’água natural
perene e intermitente, excluindo os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular,
em largura mínima de: inciso a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de
10 (dez) metros de largura;” e na alínea IV “as áreas no entorno das nascentes e dos
olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50
(cinquenta) metros.
A vegetação nativa nas áreas de preservação permanente na fazenda foram
degradadas principalmente pela pressão exercida pelas pastagens, vinculado à visitação
de gado de corte, como também a própria cultura extensiva da cana-de-açúcar com o
passar das décadas, onde as áreas não apresentavam cobertura arbórea, apenas por
herbáceas exóticas. O remanescente de vegetação nativa na região é constituída
principalmente por matas estacionais e por cerrado em menor escala. Segundo a
resolução SMA/SP nº 007/2017 o município de Cravinhos consta com a superfície de
31.134 hectares, destes a cobertura vegetal nativa correspondem a 1.797 hectares, que
representa apenas 5,8% de toda a área do município.
Os solos são predominantemente Latossolos, os Latossolos vermelhos estão
associados as formações da Floresta Estacional Semidecidual e a Decidual, já nas áreas
com características de cerrado tem-se a presença de Latossolos vermelho-amarelos e
Latossolos amarelos. O relevo varia entre plano e suava ondulado. O clima segundo a
classificação de Köppen é enquadrado com Cwa, descrito como Tropical de Altitude,
com pluviosidade média de 1.344 mm.
Plantio e Manutenção
O plantio das mudas realizado seguiu o delineamento em linhas de plantio, com
espaçamento de 3 metros entre as linhas de plantio e 2 metros entre mudas na linha de
plantio, resultando em um plantio cartesiano de 6m² por muda plantada. As atividades
de plantio e subsequentemente as atividades de manutenção contempladas nos projetos
ficam listados conforme apresentado abaixo:
Atividades de pré-plantio:
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Ações de Plantio e Manutenção
As atividades de plantio foram realizadas em março e agosto de 2013, e
subsequentemente as de manutenção, com a realização de 5 monitoramentos entre o
pós-plantio e encerramento da demanda de compensação ambiental junto ao órgão
licenciador. O monitoramento com periodicidade semestral nos primeiros 2 anos, que
resultaram em 4 monitoramentos realizados nos meses de dezembro 2013, junho de
2014, dezembro de 2014 e junho de 2015, e 1 monitoramento de conclusão no terceiro
e último ano, este último monitoramento realizado durante os meses de novembro e
dezembro de 2016.
Tabela 41 – Quadro das atividades realizadas durante o plantio compensatório em Cravinhos/SP.
nov/16
ago/13
ago/16
dez/13
dez/14
dez/16
out/13
fev/14
abr/14
jun/14
out/14
fev/15
jun/15
set/16
Atividade s
Preparo do solo X X
Correção do pH X X
Controle de formigas X X
Pré -plantio
Coveamento X X
Adubação pré-plantio X X
Aquisição de mudas X X
Plantio X X
Plantio
Irrigação X X
Controle de plantas competidoras X X X X X X X X X X X
Pós-plantio / Controle de formigas X X X X X X X X X X X
Manute nção Adubação de cobertura X X X X
Replantio X X X X
Avaliação de campo X X X X X X
Monitorame nto Relatório X X X X X X X
Acompanhamento do plantio X X X X X X X X X X X X X X X
Indicadores do Plantio
Os indicadores de plantio são apresentados a seguir, sendo que para cada área
são considerados a média ou soma dos valores das parcelas, ficando dispostos:
Número de mudas vivas (indivíduos na parcela): somatória das mudas vivas
nas parcelas de cada área;
Densidade de mudas vivas (indivíduos/ha): média da densidade das parcelas
de cada área para hectares;
Número de mudas mortas (unidade): somatória das mudas mortas nas
parcelas de cada área;
Taxa de mortalidade (%): porcentagem da relação total de mudas mortas
dividido pelo total de mudas, para cada área;
Classe de altura: média da porcentagem de classe de alturas das parcelas de
cada área;
Altura média e altura máxima do plantio (metros): média das parcelas de
cada área;
Cobertura de gramíneas (%): média da porcentagem de cobertura de
gramíneas das parcelas de cada área;
Área basal (m²): média da área basal das parcelas de cada área em metro
quadrado;
Área basal por hectare (m²/ha): média da área basal por hectare das parcelas
de cada área.
Número de indivíduos regenerantes (unidade): somatória dos indivíduos
regenerantes encontrados nas parcelas de cada área;
Densidade de regenerantes (indivíduos/ha): média da densidade das parcelas
de cada área;
Riqueza de regenerantes (número de espécies): somatório do número de
espécies existentes nas parcelas de cada área.
Os indicadores de plantio para as parcelas avaliadas no último monitoramento
resultam:
Tabela 42 – Tabela de indicadores avaliados nas 43 parcelas divididas nas 7 áreas de “A” a “G”, no 5º e último
monitoramento realizado no plantio compensatório de Cravinhos/SP.
Indicadores A B C D E F G Média
Número de mudas vivas (unidade) 221 258 382 173 67 107 333 220
Densidade (indivíduos/ha) 1833 1834 1728 1721 1667 1774 1841 1771
Número de mudas mortas (unidade) 2 1 10 6 3 3 14 6
Taxa de mortalidade (%) 1% 0% 3% 3% 4% 3% 4% 3%
Classe de altura < 1 m (%) 23% 30% 15% 9% 11% 14% 16% 17%
Classe de altura 1 a 2 m (%) 16% 8% 10% 10% 9% 8% 19% 11%
Classe de altura 2 a 3 m (%) 22% 19% 16% 23% 23% 34% 22% 23%
Classe de altura 3 a 4 m (%) 11% 23% 18% 30% 28% 24% 29% 23%
Classe de altura > 4 m (%) 29% 20% 41% 28% 30% 19% 15% 26%
Altura média plantio (metros) 3,16 2,87 3,74 3,53 3,53 3,21 3,11 3,31
Altura máxima plantio (metros) 7,75 6,79 6,91 6,3 5,75 5,83 7,56 6,7
Taxa de herbivoria (%) 1% 1% 0% 0% 0% 0% 3% 1%
Cobertura de gramíneas(%) 35% 5% 13% 5% 5% 12% 12% 12%
Área basal (m²) 0,98 2,37 1,48 0,83 1,36 1,51 1,48 1,43
Área basal (m²/ha) 48,74 117,77 73,59 41,51 67,76 74,97 73,65 71,14
Número de indivíduos regenerantes (unidade) 75 95 113 65 19 41 997 201
Densidade de regenerantes (indivíduos/ha) 622 675 511 647 473 680 5511 1303
Riqueza (número de espécies) 11 15 23 11 7 12 20 14
A taxa de mortalidade do plantio, taxa de herbivoria e densidade são
apresentadas na tabela a seguir, realizando uma comparação entre os valores obtidos nos
3º, 4º e 5º monitoramento. Os valores obtidos são comparados com valores padrões
estabelecidos pela legislação que dispõe para esses quesitos a Resolução SMA nº
32/2014. Os resultados demonstram boa evolução e recuperação das condições
ambientais em relação às áreas anteriormente degradadas nas APPs da propriedade, que
agora apresentam o reflorestamento de espécies nativas.
Tabela 43 – Quadro de comparação dos indicadores da taxa de Mortalidade (Mort.), taxa de Herbivoria
(Herb.) e Densidade, para os 3 últimos monitoramentos realizado no plantio compensatório de Cravinhos/SP.
Pode-se notar uma pequena queda em alguns dos valores das alturas do 4º para o
5º monitoramento, isso se justifica pela realização da atividade de replantio que teve de
ser executada visto a taxa de mortalidade do 4º monitoramento. Também, devido a
herbivoria e condições climáticas desfavoráveis para algumas espécies utilizadas no
plantio compensatório.
A densidade, riqueza e regeneração natural foram indicadores avaliados nos 5
monitoramentos, os valores obtidos nas avaliações foram a Densidade de Indivíduos
(D.I) e o Número de Espécies (N.E) para todas as áreas e a média geral do
reflorestamento executado. Quando a quantidade de indivíduos regenerantes for nula na
parcela, ou seja, quando não houve o ingresso ou regeneração do banco de sementes,
este indicador será representado pelo número zero (0).
Tabela 45 – Quadro de indicadores de regeneração natural das áreas de plantio nos 5 monitoramentos
realizados no plantio compensatório de Cravinhos/SP.
Gilderlon dos Santos Soares1; Nayara dos Santos Queiroz1; Jairo Rafael Machado Dias1;
Nilson Reinaldo Fernandes dos Santos Júnior1; Diogo Arthur Valiati Dantas1;
Alessandra Alves Costa1; Wanderson Cleiton Schmidt Cavalheiro1; Jhony Vendrusculo1
Universidade Federal de Rondônia, Av. Norte Sul, 7300 – Nova Morada, Rolim de
Moura – RO, 78987-000, [email protected]; [email protected];
[email protected]; nilsonrfs.junior @gmail.com;
[email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected]
RESUMO
INTRODUÇÃO
MATERIAL E MÉTODOS
302
T Substrato
T1 SM
T2 SM + NPK + micro
T3 SM + NPK + micro + calagem
T4 SM + NPK + micro + gessagem
T5 SM + NPK + micro + calagem + gessagem
T6 SM + AF
T7 SM + AF + NPK + micro
T8 SM + AF + NPK + micro + calagem
T9 SM + AF + NPK + micro + gessagem
T10 SM + AF + NPK + micro + calagem + gessagem
T: tratamento; SM: solo de mata; AF: areia fina;* testemunha.
302
303
Químico
pH P K+ Ca2+ Mg2+ Na+ Al3+
água mg dm-3 ------------- cmolc dm-3 -------------
5,40 3,80 0,25 3,70 1,50 0,00 0,11
H+Al SB t T MO V M
--------- cmolc dm-3 --------- g kg-1 ---- % ----
5,00 5,45 5,56 10,46 25,20 52,0 1,97
Físico
Areia Silte Argila Textura
--------------- g kg-1 ---------------
527 76 397 Argila arenosa
SB: soma de bases; t: CTC efetiva; T: CTC potencial; MO: matéria orgânica; V:
saturação por bases; m: saturação por Al3+.
As mudas foram irrigadas diariamente com 250 ml de água por planta. Aos 30 e
60 dias após o transplantio (30/12/2016 e 29/01/2017), foram mensurados os seguintes
parâmetros: diâmetro do colo (paquímetro), altura (trena) e índice de clorofila
(clorofilômetro, folha mediana).
Os dados foram submetidos a análise de variância (ANOVA), e quando
significativo (p < 0,1), as médias foram comparadas pelo teste de Tukey (p < 0,05)
(SAS, 2014).
Resultados e Discussão
Tabela - 3. Resumo da análise de variância para os resultados de diâmetro do colo (DC), altura (H) e
índice de clorofila (IC).
P GL SQ QM F cal Pr > F
30 dias
60 dias
303
304
P: parâmetro; GL: grau de liberdade; SQ: soma dos quadrados; QM: quadrado médio;
ns
: não significativo; ** e °: significativo a 1 e 10 % de probabilidade, respectivamente.
Na primeira avaliação (30 dias), observou-se que o índice de clorofila foi maior
no T4 (44,43 µg cm2) em relação ao T7 (36,99 µg cm2), os demais tratamentos não
apresentaram diferença significativa (Tabela 4).
Tabela 4 - Valores médios para diâmetro do colo (DC), altura (H) e índice de clorofila (IC), após 30 dias
do transplantio.
Tratamento DC H IC
Letras minúsculas iguais na mesma coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.
Na segunda avaliação (60 dias), verificou-se que o T4 (46,28 µg cm2) tem maior
índice de clorofila que os tratamentos T7 (39,23 µg cm2), T8 (39,09 µg cm2) e T9
(38,44 µg cm2), não havendo diferença significativa em relação aos outros tratamentos
(Tabela 5).
304
305
Tabela 5- Valores médios para diâmetro do colo (DC), altura (H) e índice de clorofila (IC), após 60 dias
do transplantio.
Tratamento DC H IC
Letras minúsculas iguais na mesma coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.
305
306
CONCLUSÕES
AGRADECIMENTOS
Ao Viveiro Cidadão, pelo apoio na coleta e preparo das sementes para
germinação, e produção de mudas.
REFERÊNCIAS
ANGELO, H.; BRASIL, A. A.; SANTOS. J. Madeiras tropicais: análise econômica das
principais espécies florestais exportadas. Acta Amazônica, v. 31, n. 2, p. 237-248, 2001.
306
307
HADDAD, C. R. B.; LEMOS, D. P.; MAZZAFERA, P. Leaf life span and nitrogen
content in semideciduous forest tree species (Croton priscus and Hymenaea
courbaril). Scientia Agricola, v. 61, n. 4, p. 462-465, 2004.
SAS INSTITUTE INC.SAS ® university edition: installation guide for Windows. Cary:
SAS Institue, 2014.
307