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PTR 2201 – Informações Espaciais I ( Notas de Aula ) 201

Capítulo 17

MEDIDAS E ERROS

A - RESUMO DA TEORIA

Medida é a comparação de uma grandeza com uma unidade de mesma


natureza, resultando num número.
Erro: em geral, as grandezas físicas (distâncias, ângulos, pesos, etc.) não são
números exatos, existindo uma diferença entre o valor verdadeiro (desconhecido) e o
valor obtido no processo de medição, diferença que se domina erro da medida.

17.1. Instrumentos

Os instrumentos são os dispositivos que permitem a medição, que pode ser:


 direta - faz-se a comparação direta com o padrão (trena);
 indireta - obtidas através de outras, por cálculo (p.ex.: triangulação).

Para um dado instrumento, define-se:

- precisão nominal - corresponde à menor divisão da graduação do


instrumento. Nem sempre é atingida;
- precisão efetiva - é a que vem dada pelo erro médio das medidas que se
fazem. O número que a exprime costuma diminuir com o número de
medições/observações, até o limite fixado pela precisão nominal.

17.2. Erro das medidas

Os erros de medida podem ser de três tipos:

a) erros grosseiros - resultantes da imperícia, descuido do operador ou falha


instrumental. Para evitá-los tomam-se precauções como as seguintes:
- repetir as operações e comparar os resultados;
- criar operações de controle;
- treinar os operadores;
- cuidar o registro dos valores para evitar enganos;

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b) erros sistemáticos - resultantes de causas conhecidas ou detectáveis, como por


exemplo as percepções do operador (acuidade visual, inércia/retardamento para
acionar os instrumentos,...); erros instrumentais (aferição / calibragem defeituosa);
erros devido a fatores naturais (variação de pressão, temperatura, efeito do vento); erro
de método (simplificações ou métodos inadequados). Para evitá-los deve-se:
- treinar operadores;
- empregar métodos que atenuem os fatores pessoais;
- calibrar/aferir corretamente os aparelhos;
- estudar o efeito de fatores ambientais para corrigi-los ou evitá-los;
- estudar e comparar a precisão de diferentes métodos;

c) erros acidentais - resultantes de causas desconhecidas ou incontroláveis, de


ocorrência probabilística. Eliminados os erros grosseiros e sistemáticos, a análise
estatística permite determinar o valor mais provável da grandeza e sua margem de
erro. Baseia-se nos seguintes postulados:
- as medidas tendem a agrupar-se em torno da média;
- a probabilidade de ocorrência é máxima nas proximidades da média;
- existe uma simetria na probabilidade de ocorrência com relação à média;
- a curva de probabilidade é "contínua".

Obs.: A curva de Gauss obedece a esses postulados, e os conceitos seguintes admitem


que os valores medidos obedecem a essa distribuição.

17.3. Média

A média (M) de uma série de medições de uma grandeza (x) é o valor mais
representativo e mais provável dessa grandeza:

x i
M 
n
Os resíduos se calculam: vi = xi - M, sendo  vi = 0.

17.4. Erro médio quadrático

O erro médio quadrático corresponde ao ponto de inflexão da curva de Gauss e


denomina-se desvio-padrão (eq) na distribuição real, calculando-se pela fórmula

v i2
e q 
n1

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Obs.: o erro médio quadrático define, de alguma forma, a precisão da medida. Uma
medida qualquer xa tem p% de probabilidade de estar no intervalo M ± k  eq, de
acordo com a tabela abaixo, equivalente à área sob a curva de Gauss.

M - keq  xa  M + keq
P% K.(eq)
68,3 1,00
90,0 1,65
95,0 1,96
99,0 2,58
99,7 3,00
99,9 3,29

Figura 17.1 - Curva de Gauss

Um critério para realizar uma triagem das medições é abandonar as que tenham um
afastamento da média superior a um erro admissível ead, sendo muito comum
utilizar-se ead = 2,5  eq. Após a triagem recalcula-se a média com os valores restantes.

17.5. Erro da média

Este é o erro do qual está afetada não uma medida simples x mas a média de n
observações. Calcula-se:
eq
em 
n

O valor mais provável de uma grandeza determinada através de uma série de


medições (n), exprime-se então corretamente da forma:

x = M ± em

17.6. Propagação de erros

Dada uma grandeza F, obtida através de uma composição (soma,


multiplicação,...) de outras grandezas x, y, z; pode-se calcular o erro de F (ef), em
função de (ex), (ey) e (ez), como segue:

a) multiplicação por uma constante: F = k  x  ef = k  ex;

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b) soma (subtração): F = x ± y  e f  e 2x  e y2 ;

 
- generalizando: F = a  x + b  y + c  z  e f  a e   b e   c e 
x y ;
2 2 2
z

- no caso de n medições F = x + x + x ...  e f  e x  n ;

 e x 
 e y  
2 2
ef
c) produto (divisão) F = x  y    que também pode ser
   
F  x   y 

generalizada.

17.7. Cálculo de erros




Em muitos casos a diferencial total (df) permite calcular os erros:

F F
df   dx   dy....
x y

Os erros, supostos pequenos, podem ser utilizados em lugar de dx, dy,...


Quando se consegue utilizar a função (1n), a diferenciação conduz diretamente
ao erro relativo:
ln F = ln f(x) + 1n f(y) + ...

17.8. Observações com precisão desigual


É o que acontece, por exemplo, quando se determina o valor de uma grandeza
através de 2 séries diferentes, utilizando aparelhos diversos ou o mesmo aparelho com
um número de observações desigual. Nesses casos, o erro das médias (precisão) é
diferente.

- Costuma-se atribuir pesos de tal forma que:


p1  e1 = p2  e2 = ... = constante
2 2

- A média se calcula:
pi  xi2
M onde, p =  pi
p
- O erro da média fica sendo:
p 1  e12 p 2  e 22
e m   . . .
p p

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B - EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

17.1 O erro médio quadrático de uma série de observações foi eq = 3 mm. Dobrando o
número de observações, qual será o novo erro quadrático? Sendo em1 = 0,8 mm o erro
da média inicial, qual será o erro final (em2)?

1 1
e q 1    e e q 2   
n 2 n
eq 1 3
logo, e q 2    2mm
2 2

eq1 eq 2 eq1 1 e m 1 0,8


em 1  e e m 2       0,4mm
n 2 n 2 2 n 2 2

Obs.: calcule o número aproximado de observações, em cada caso;

17.2 Um ângulo  foi medido através de duas séries de n leituras, resultando:

1 = 62 34' 25,4" com em1 = 1,2"


2 = 62 34' 26,2" com em2 = 0,8"

Qual o valor mais provável de  e seu erro?

a) Cálculo dos pesos

e 
2
 1,2 
2

p 1  e  p 2  e  p 2     p 1     p 1  2,25  p 1
2 2 1
1 2
 e 2   0,8


p 1   1 "p 2   2 " p 1  25,4"2,25 p 1 26,2"
b) "   26,0"
p1  p2 p 1  2,25  p 1

m = 62 34' 26,0"

p1  e1 2  1
c) em    1,2  0,67"  0,7"
3,25  p1 3,25
 em = 0,7 "

* Analise o fato de em ser menor (e não maior) que em1 e em2

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17.3 Através da análise de erros, verifique se a mira horizontal pode ser utilizada com
um teodolito de minutos ou se devemos empregar um aparelho de segundos. Fazer um
gráfico esquemático do erro relativo em função da distância.

A distância d medida pelo processo da mira horizontal é calculada através da fórmula.

 
d  L  cot  2


onde:
L - semi comprimento da mira 2L = 2,0000  0,0001 m;
/2 - metade do ângulo compreendido pelas duas extremidades (horizontais) da
mira.

Aplicando o logarítimo natural tem-se:

ln d = ln L + ln cot (/2)
diferenciando, vem:

d L  cot 2
 

 

L

d    12
d L
cot  2 L
L  cos2  2  


mas, cos2 (/2)  1,00 ...

d L d  
 
d L  2L

L L 0,0001
por outro lado,    5 10 5
L L 2,0000
e:
" = 1" = 1/206265 rd aparelho de segundos;
' = 1/3438 rd aparelho de minutos;
d/d = er = erro relativo;
eabs = erro absoluto = er  d.

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Supondo uma distância de 100 m temos:

a) para o aparelho de minutos

100 1 1
e r  5  10 5    (muito grande)
2 3438 69
1
e abs  100   1,45m (inaceitável)
69

b) para o aparelho de segundos:

5 100 1 1
e r  5  10 (bom !)
  
2 206265 4000

100
e abs   2,5cm (aceitável !)
4000

c) gráfico esquemático:

tg 1 = "
tg 2 = '

Conclusão: deve-se utilizar um aparelho de leitura direta de segundos

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C - EXERCÍCIOS PROPOSTOS

17.4 Uma distância foi medida 10 vezes, encontrando-se os valores indicados abaixo.
Calcular os desvios, a média, o erro médio quadrático, o erro da média em, e esse
mesmo valor expresso em termos relativos.

medida distância (m) vi vi2


1 207, 532
2 531
3 528
4 531
5 537
6 541
7 527
8 536
9 525
10 531
somas

17.5 Na determinação do azimute de uma direção por visada ao sol, uma equipe de
alunos da EPUSP, obteve os valores indicados abaixo. Fazer uma triagem dos
resultados e calcular a média final e o erro da média. A que se deve, provavelmente, o
erro ocorrido na determinação dos azimutes eliminados? Tem sentido falar em erro
relativo para ângulos?

medida Azimutes vi vi2


1 15 56'
2 15 55'
3 15 59'
4 16 08'
5 15 54'
6 15 57'
7 15 41'
8 15 58'
9 15 47'
10 16 18'

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17.6 Um ângulo A é obtido através da subtração de dois outros A = A2-A1 obtidos


através de séries de leitura. Calcular o valor mais provável de A e seu erro, sendo:
A2 = 54o 35' 52", com em = 4"
A1 = 23o 57' 38", com em = 3"

17.7 Os medidores eletrônicos de distância apresentam erros que se comportam de


acordo com a expressão e = a + b.s, onde a e b são constantes e s é a distância. Para a
= 10 mm e b = 10 ppm (partes por milhão), calcular o erro relativo e absoluto nas
distâncias: 100 m, 1 km e 20 km. Podendo optar entre dois aparelhos com diferentes
constantes a e b, qual você escolheria para distâncias curtas e qual para distâncias
longas ? Aparelho 1: a = 3 mm e b = 10 ppm; Aparelho 2: a = 10 mm e b = 5 ppm. Em
que distância os aparelhos são equivalentes em termos de erro absoluto? Fazer um
gráfico.

17.8 Uma grandeza angular foi medida com um teodolito com precisão de segundo,
resultando nos valores indicados na tabela abaixo. Pede-se:
A média aritmética, os desvios em relação à média, o desvio padrão e o erro da média
aritmética.

medida Azimutes vi vi2


1 232 42’ 15”
2 232 42’ 20”
3 232 42’ 18”
4 232 42’ 13”
5 232 42’ 16”
6 232 42’ 17”
7 232 42’ 12”
8 232 42’ 16”
9 232 42’ 16”
10 232 42’ 14”
11 232 42’ 15”
12 232 42’ 19”
13 232 42’ 18”

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17.9 Uma distância foi medida com um distanciômetro eletrônico cuja precisão
nominal é de 5 mm + 5ppm, resultando nos valores da tabela abaixo. Pede-se:
A média aritmética, os desvios em relação à média, o erro da média aritmética e o erro
relativo.

medida distâncias vi vi2


1 1565,230
2 1565,227
3 1565,231
4 1565,229
5 1565,226
6 1565,234
7 1565,232
8 1565,298
9 1565,225
10 1565,224
11 1565,233
12 1565,223
13 1565,238
14 1565,220
15 1565,242

17.10 Calcular a média ponderada e os respectivos desvio padrão da média de três


instrumentos cujas precisões são:

instrumento de micro-ondas Im =  (15 mm + 5 ppm)


instrumento de infra-vermelho Ii =  ( 5 mm + 5 ppm)
instrumento de laser Il =  (10 mm + 2 ppm)

a distância medida para cada instrumento foi:

instrumento de micro-ondas Im = 4 263,190 m


instrumento de infra-vermelho Ii = 4 263,139 m
instrumento de laser Il = 4 263,154 m

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